MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Família do Coronel Ustra abrigou Tarso Genro em 1964

CORONEL ACUSADO DIZ QUE ABRIGOU TARSO EM 64

Tribuna da Imprensa, 070808

SÃO PAULO - Em documento de 32 páginas enviado à Justiça de São Paulo, onde é réu em duas ações civis por torturas que teria praticado ou ordenado nos anos 70, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra inclui informação que reputa prova importante de que sua índole é boa e, como tal, seria incapaz de agredir semelhantes.

Segundo Ustra, foi sua família quem abrigou nos idos de 64, após a revolução de 31 de março, um jovem estudante gaúcho, de 17 anos, que temia estar na mira da repressão.

Tarso Fernando Herz Genro era o nome daquele rapaz, segundo relata o oficial a quem as entidades de direitos humanos conferem o rótulo de símbolo dos porões. No auge dos anos de chumbo, então major, Ustra comandou o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do antigo II Exército.

Hoje com 61 anos e ministro da Justiça, Tarso sustenta que os atos de arbítrio cometidos durante o período militar não se classificam como crimes políticos e devem ser punidos com base no Código Penal. Segundo o ministro, os agentes públicos que cometeram violências não devem ter privilégio.

As declarações de Tarso sobre o tema deixaram Ustra indignado. Por e-mail a seus advogados de defesa, o coronel narra o episódio que diz ter ocorrido há 44 anos.

"A família que abrigou Tarso Genro foi a minha. Meu irmão José Augusto, advogado, já falecido, na época da Contra-Revolução, em 1964, era colega de colégio ou aluno da faculdade, não me recordo mais, e era muito amigo do Tarso. Tarso fugiu e se refugiou em Rivera, fronteira do Brasil com o Uruguai. Como nunca foi procurado, com medo de voltar ao Brasil e ser preso, pois já era um agitador do Partido Comunista, telefonou ao meu irmão e pediu socorro."

O coronel afirma: "Como meu irmão era noivo da filha do secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, coronel Athos Teixeira Baptista, pediu ao futuro sogro que ninguém fizesse nada com o Tarso, o que aconteceu. Meu irmão foi à Rivera, apanhou Tarso e o apresentou ao coronel Athos, em Porto Alegre. O coronel intercedeu para que Tarso fizesse o NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva) no Regimento Mallet, onde ele foi matriculado e se tornou oficial de Artilharia."

"A descrição do comportamento do réu e seus familiares desborda e afronta a descrição de ser a família de Ustra contumaz transgressora de direitos individuais", argumentam os advogados Paulo Esteves, Sérgio Toledo e Salo Kibrit, defensores de Ustra. Eles incluíram a carta do coronel no documento razões finais que apresentaram à 23ª Vara Cível. "A personalidade de Ustra e seus familiares não se compatibiliza com torturas e violências."



Obs.: 

Sobre os Genro, leia depoimento do General Rui de Paula Couto em "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964":

O pai de Tarso Genro apoiou o Movimento de 1964

“A marcha que fizemos nos moldes da Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi impressionante. Lotou a Avenida Dr. Bozzano. Montamos um palanque ao lado do QG, no fim da avenida, ali em frente ao Sétimo. Nesse palanque estavam todas as autoridades que haviam nos apoiado, inclusive o Prefeito em exercício [de Santa Maria, RS], Adelmo Simas Genro, pai do Tarso Genro – na época um garotão que, por sinal, foi até preso, porque andou fazendo anarquia na cidade. Aquela avenida ficou lotada, de ponta a ponta; nunca houvera, nem haverá, manifestação igual” (General-de-Exército Rui de Paula Couto, Tomo 13, pg. 40).


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