MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Entrevista com o general Raymundo Negrão Torres - por Paulo Diniz Zamboni


Entrevista com o general Raymundo Negrão Torres

Paulo Diniz Zamboni


Mídia Sem Máscara - 01/04/2004


O general Raymundo Negrão Torres é o autor do livro “O fascínio dos anos de chumbo. O ‘golpe’ de 64 – 40 anos depois”, onde relata os episódios que aconteceram naquele período, inclusive as ações do terror comunista, os erros do governo militar e sobretudo explica como o movimento de 1964, cujos feitos foram inegavelmente positivos em muitas áreas da vida nacional, perdeu a guerra pelos “corações e mentes” das novas gerações.

Abaixo, a entrevista do general Negrão Torres ao MSM, que divulga o prefácio do livro do general – escrito pelo intelectual e ex-ministro Jarbas Passarinho – e o capítulo de introdução. Numa época em que a maioria das publicações e dos meios de comunicação estão dominados por conceitos socialistas, que impedem o público de ter acesso aos fatos, e não apenas à versão dos fatos – invariavelmente pró-esquerdista e favorável às ações do terror – recomenda-se a leitura do livro do general Negrão Torres para se obter uma outra opinião sobre os acontecimentos de 1964.

MSM - Em 1964, qual era o posto que o sr. ocupava nas Forças Armadas?

Negrão Torres - Era major e servia no Quartel-General da 5ª Região Militar - Curitiba.

MSM - Qual era exatamente o clima político na época, e qual foi o motivo que deu a certeza aos militares da necessidade de afastamento de João Goulart da Presidência?

NT - Nas áreas ligadas à esquerda de euforia. De um modo geral, de apreensão com os rumos do país. A motivação decisiva foram as claras tentativas de fomentar a quebra da hierarquia e da disciplina por parte das praças (rebelião de sargentos em Brasília, insubordinação dos marinheiros no Rio e comício com os sargentos no Automóvel Clube no Rio, no dia 30 de março.

MSM - Havia muitos elementos comunistas e esquerdistas nas Forças Armadas?

NT - Mais esquerdistas do que comunistas e um grande número dos que se intitulavam nacionalistas.

MSM - Na época em que o terrorismo agia no país, quais eram as precauções de segurança tomada pelos militares? Em algum momento os militares tiveram noção de que havia apoio externo para os movimentos terroristas?

NT - A preocupação maior era com as autoridades de maior hierarquia (generais) e com os aquartelamentos, especialmente o armamento e os paióis de munição. Em meu nível de conhecimento e informação, não.

MSM - Quais os motivos, na opinião do sr., que permitiram às forças de segurança brasileiras desbaratar o terrorismo a um custo relativamente baixo, enquanto outros países enfrentaram sangrentas campanhas terroristas, como a Argentina, Chile, e mais recentemente, Colômbia e Peru?

NT - O fracionamento pela desunião das organizações terroristas. A falta de mensagem aceitável em vista do bem estar econômico da fase do "milagre". A organização dos Destacamentos de Operações de Informações e a utilização de técnicas e táticas de ação adequadas e eficazes. O profissionalismo e a dedicação do pessoal empregado.

MSM - A que o senhor atribui o sucesso em depor um governo pró-comunista, mas uma virtual derrota na formação da opinião pública atual, que somente dispõe de informações negativas dos governos militares?

NT - A deposição foi facilitada pela quase unanimidade em torno da ameaça comunista. A derrota pela exagerada confiança na eficácia da anistia. A idéia do "esquecimento" levou a querer fazer segredo do que realmente se passara. Erros na execução da distensão - lenta, gradual e segura - que levou à derrota no Colégio Eleitoral e ao "arrombamento" do governo Figueiredo.

MSM - O sr. não acha que a política de crescimento do Estado como gerador do desenvolvimento nacional, sem uma maior participação da iniciativa privada, criou um padrão econômico que acaba favorecendo projetos socialistas?

NT - Como disse Roberto Campos: ficamos entre um capitalismo envergonhado e um socialismo sem objetivos. Castelo cometeu dois erros lamentáveis: ter autolimitado seu mandato e mantido o general Costa e Silva no Ministério da Guerra. Foi obrigado a "engolí-lo" como seu sucessor. Isto resultou na descontinuidade do viés privatista e modernizante da fase Bulhões-Campos nos governos que se seguiram, agravada depois com a ida para a presidência do general Geisel, um aprendiz "keynesiano". A conjuntura internacional desfavorável criada com os dois choques do petróleo e as "reservas de mercado" muito do agrado dos nossos empresários completaram o quadro. Salvo melhor juízo...

MSM - Quais foram os erros e acertos do movimento de 1964?

NT - Os quatro pecados capitais foram: não ter feito as reformas da educação e do judiciário, a absorção pelo Estado de empresas falidas por má administração ou por razões da conjuntura internacional com o resultado de uma estatização inaceitável (a SEST, no governo Figueiredo, chegou a catalogar cerca de 600 empresas estatais) e, finalmente, o fracasso no combate à corrupção. Esses erros de certa forma neutralizaram os inegáveis avanços, decorrentes da modernização do país.

MSM - Por que o sr. resolveu escrever seu livro?

NT - Este livro consolida, aperfeiçoa, atualiza e completa o que escrevi em meus dois livros anteriores (Nos porões da "ditadura" e "1964 - uma revolução perdida) e pretende ser um pálido remendo para o que é citado na pergunta 7 e que mostro de maneira mais ampla na Apresentação do livro.


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PREFÁCIO

O general Raymundo Negrão Torres, escritor pertencente aos quadros da Academia Paranaense de Letras e do Centro de Letras do Paraná, tem contribuído corajosamente para deixar um testemunho útil, comprometido com a verdade, para a análise de historiadores isentos da paixão política brasileira contemporânea. Recentemente, li uma charge em jornal norte-americano, envolvendo dois idosos. Um comentava que a história era escrita pelos vencedores. “ E o que cabe aos vencidos?”, perguntou o outro . “ Pedem desculpas”, foi a resposta.

No Brasil, porém, os vencidos é que reescrevem a história segundo sua conveniência, tentando passar por idealistas libertários, em luta contra a ditadura. Tanto não é verdade que já nos governos Jânio e Jango, militantes comunistas brasileiros treinaram guerrilha na China. Na luta armada, iniciada em 1967, em São Paulo, pela ALN e a VPR e ultimadas no Araguaia, do PC do B, em 1975, todos os guerrilheiros eram militantes de facções comunistas, defensores e financiados pela ditadura de Cuba - ponta de lança de Moscou - ou da China ditatorial de Mao Tse Tung. Todos, pois, adversários das democracias. Além de desencadearem a luta armada, praticaram o terrorismo. Atentados ocorreram, já em 25 de junho de 1966, no aeroporto do Recife, matando e ferindo gravemente, especialmente civis, inclusive mulheres e crianças, que esperavam o marechal Costa e Silva. Outra bomba atingiu a residência do Comandante do IV Exército. Aí está o marco original do terrorismo que Marighella inspirou e defendeu. Talvez por isso, seus dependentes acabem de receber polpuda indenização paga pela União, ou seja por todos nós contribuintes, como “ reconhecimento dos seus feitos heróicos”. Vencidos definitivamente na luta irregular, vencem a batalha da informação. Significativa é, a propósito, a citação que o general Negrão faz do que se contém no prefácio do livro Os Carbonários, do então guerrilheiro Alfredo Sirkis, ao parodiar Marx que em O 18 De Brumário de Luís Napoleão escreve: “ Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. Esqueceu-se de acrescentar : a primeira como tragédia, a segunda como farsa”. Sirkis escreve: “ A história, ela própria, acontece duas vezes. Uma no instantâneo eclodir dos fatos. Outra nas obras literárias, históricas, biográficas, memorialísticas e, hoje, no audiovisual, na TV, no cinema, em CD-ROM. Se na primeira perdemos fragorosamente, na segunda não nos saímos de todo mal”. A declaração é habilmente modesta, pois saíram-se muito bem, no controle dos diversos meios de comunicação de massa, posto que em grande parte deformando a verdade em puro exercício maniqueísta, Eles são o bem contra o mal, assim retratados os que os combateram. Infiltraram as áreas da inteligentsia nacional, as universidades e educandários de 1o e 2o graus, as redações dos jornais, televisões e praticamente todos órgãos de comunicação de massa.. Dominam os governos de 1994 para cá, comandam a opinião pública,. transformaram-na na opinião publicada, distorcendo a verdade simulando fazer história.. A profusa bibliografia surgida desde a anistia, que de boa fé pretendíamos significasse esquecimento e, ao revés, proporcionou o revanchismo odiento, ganha corpo como se fosse o relato da verdade. Alguns deles, como o do jornalista Elio Gaspari, cujo conceito divide a sua geração de profissionais da imprensa, é o que mais se assemelha ao que Churchill disse de Maculay: “que apesar do estilo cativante e de sua inaudita suficiência, deixava-se por vezes empolgar pela imaginação que punha acima da verdade e denegria ou glorificava os homens, coletando documentos segundo as necessidade da narrativa”. Do jornalista, polêmico entre os seus pares da imprensa, tenho uma prova de desonestidade intelectual. Citou-me, falseando a verdade do que escrevi no livro Histórias do Poder sobre o falecido general Álcio Souto, que foi meu comandante da Escola Militar do Realengo, no Rio. Diz que o chamei nazista. Na página referida digo o contrário: “ o general Álcio Souto, como outros generais, tinham simpatia, não pelo nazismo, nem por Hitler, mas pelo exército alemão”. Uma deturpação dessa natureza me permite pôr dúvida sobre muito que consta do que Elio Gaspari escreve usando documentos herdados do general Golbery, na verdade um coronel que passou para a reserva com vencimentos de general. Papéis, de resto, selecionados, impregnados de animosidade que marcou a cizânia entre grupos de militares importantes, conforme a intenção de denegrir ou glorificar os responsáveis pelo regime autoritário.

Contra as inverdades, quer as constantes dos livros de Gaspari, quer as veiculadas pela esquerda vencida na luta armada, se insurge o general Negrão, levando imensa desvantagem. De Elio Gaspari, comprova erros factuais notórios mas isso não terá a mesma divulgação obtida pelo êmulo de Maculay favorecido pelo marketing que o faz autor de “best sellers”. O valor verdade, deturpado, tem um alcance enormemente maior que a restauração dos fatos. Longe, todavia, de esmorecer, persiste o general Negrão escrevendo sucessivos livros fundamentados na verdade. Devotado à missão que se impôs, não se rende à passagem camoniana do Canto X dos Lusíadas: “ No mais, Musa no mais, que a lira tenho/ Destemperada e a voz enrouquecida/ E não do canto, mas de ver que venho/ Cantar a gente surda e endurecida.”. A sua voz, ao contrário de rouca, é clara e límpida, só não entendida pelos que preferem não ouvi-la.

Homem de informações no sentido tradicional dos encarregados das 2as Seções, que estudam as possibilidades do inimigo na guerra, o autor observou o que aos militares brasileiros se ensina nos quartéis, obedientes ao respeito devido à dignidade do preso. Contribuiu para desbaratar as veleidades sediciosas da esquerda radical no Paraná , ainda que admita com invejável sinceridade, no capítulo Reflexões, “ ter-se visto na contingência de dar ordens e autorizar medidas cujo amparo legal decorria de um mandato revolucionário e de uma situação de necessidade, e não o teria feito, fossem outras as circunstâncias. Mas em nenhuma delas desatendi ou permiti que alguém, sob minhas ordens, desatendesse aos princípios de respeito à dignidade humana”. Ai está o retrato digno de quem, intimorato mas intemerato também, assume responsabilidade intrepidamente e arremata : “ Não me arrependo de nada do que fiz e, em iguais circunstâncias, o faria de novo e melhor”. Não é frase de um arrogante, mas decorrente do imperativo das circunstâncias pertinentes a uma guerra não declarada e irregular.

A luta armada que os terroristas e guerrilheiros comunistas pretenderam vencer, ignorando a enorme desvantagem, para eles, da correlação de forças empenhadas nas ações militares, era fadada ao fracasso. Prestes o previu e, baseado na força de Secretário- Geral do PCB , que dominava ainda, recusou aderir ao que chamou de “ aventura militar”. Verdade que também porque, fiel a Krushev, então adepto da coexistência pacífica com os Estados Unidos. Ao julgar o balanço da “ aventura”, declarou : “ A luta armada só teve um resultado: prolongar a duração do regime autoritário”. Os comunistas que pegaram em armas, ao contrário, acham que só foram derrotados porque a contra-insurreição os torturou. Fingem ignorar que o fracasso deles foi causado pela falta de apoio popular, condição essencial para uma guerrilha ser bem sucedida. A única vez que esboçaram obter apoio, foi na guerrilha do PC do B, no Araguaia e isso mesmo em grau mínimo. Souberam escolher o local, onde o governo estadual era totalmente ausente, exceto na cobrança dos impostos e na permissão da exploração dos rurícolas pelos comerciantes que lhes financiavam a coleta de castanha. Cìcero, antes de Cristo, sentenciava: “ Quem não impede o mal o favorece”.

Sobre o mau trato dado aos aprisionados, no livro do general Negrão, há revelações que ensejam comparações edificantes. Uma refere-se ao Comando Revolucionário do Presídio Tiradentes, em São Paulo, onde cumpriam pena os revolucionários comunistas da luta armada. Os dirigentes do Comando Revolucionário exerciam grande influência sobre os companheiros, patrulhando-lhes o comportamento. Também do mesmo modo agiam em presídio em Minas Gerais. A presença desses comandos tolerados nas prisões dos “ anos de chumbo” é um contraste frontal, no Brasil com os tempos do consulado getulista, nas prisão da rua Frei Caneca, na cidade do Rio de Janeiro, ou na Ilha Grande, fluminense, descrita por Graciliano Ramos, nas Memórias do Cárcere. E, ainda pior, nas prisões tenebrosas da União Soviética, descritas por Soljenitsin no Primeiro Círculo e no Gulag, onde os repressores infiltravam agentes policias como se fossem presos também. Ouviam tudo. Delatavam e abortavam todas as tentativas de resistência..

O livro de Negrão Torres espero que seja leitura - não a obrigatória nas escolas, como gente da esquerda sugere sejam lidos os livros de Gaspari - mas de historiadores isentos, que queiram mostrar, como é da natureza da história, o “ facho de luz que ilumina o passado”.

Quanto ao prefácio, dizia a querida e saudosa Rachel de Queiroz , que, se o livro não presta, não há prefácio que o melhore, e se o livro é bom não precisa de prefácio. É precisamente este o caso do livro de Raymundo Negrão Torres: não precisaria de prefácio, pois é muito bom.. O autor honrou a caserna onde chegou por mérito ao generalato e agora honra as letras, profilaticamente limpando-as da lama da mentira que pretende ser história.

Jarbas Passarinho


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APRESENTAÇÃO

“Muitas obras houve e, pelo fascínio - para mim incompreensível - que esse período continua a exercer, muitas ainda haverá” (Alfredo Sirkis - Os Carbonários).

O ex-guerrilheiro urbano Alfredo Hélio Sirkis lançou em 1998 a décima quarta edição de “Os Carbonários”, aproveitado algum tempo antes para uma série de televisão da Globo – Os anos rebeldes. O livro autobiográfico – vindo a público um ano depois da anistia - é um relato das peripécias de um jovem nascido de família burguesa, freqüentador dos melhores colégios da zona sul do Rio de Janeiro, que, engajado no Movimento Estudantil, participa dos protestos e das arruaças com que aqui se procurou imitar o “chienlit” francês. É depois recrutado para a luta armada, na qual teve participação saliente, cooperando no seqüestro de dois embaixadores estrangeiros, como combatente da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), sob o codinome de Felipe, e, em um deles, ao comando do desertor Carlos Lamarca. Mas a grande novidade na reedição do livro é uma autocrítica feita decorridos quase trinta após os episódios narrados. São vinte densas páginas nas quais o amigo e admirador do ex-capitão Lamarca confessa não se orgulhar e nem se envergonhar do que chama de “seus anos de chumbo”.

Uma análise bastante honesta – não o suficiente para não repetir certos chavões esquerdistas que seria desprimoroso agora desprezar - mas que permite uma apreciação mais real e mais próxima sobre os motivos pelos quais aquilo tudo ocorreu e que, passado tanto tempo e com uma anistia no meio, ainda desperta um enorme interesse para a mídia, coisas que o autor - embora tenha concorrido para ambos - confessa não entender bem.

A reflexão contemporânea de Sirkis levanta questão interessante, pois fere um ponto bastante preciso e válido, ao lembrar ele que, apesar de derrotados na “guerra”, conseguiram criar uma outra versão da história “nas obras literárias, memorialísticas, no audiovisual, na TV e em CD-ROM” pela qual - diz ele - “se na primeira perdemos fragorosamente, na segunda não nos saímos de todo mal”.

Daí porque não há razão para a estranheza de Sirkis sobre o permanente fascínio da “mídia” pelos assuntos relacionados com a atuação de guerrilheiros e terroristas e das Forças Armadas nos chamados “anos de chumbo” que não arrefeceu quarenta anos depois do “golpe de 1964”..

Uma das preocupações mais visíveis e explícitas da esquerda brasileira foi escrever, e muito, sobre as circunstâncias de seus sucessivos fracassos nas tentativas de assalto ao Poder, realizadas a partir de 1935. Um longo processo de justificativas e autocrítica extravasou em livros, depoimentos, entrevistas e em toda a sorte de manifestações feitas pelos próprios personagens ou por escribas simpatizantes ou engajados. Ainda no exílio e aproveitando-se do apoio de governos comunistas e da esquerda internacional1, os fracassados de 64 e os derrotados na luta armada do final dos anos 60 e início da década de 70 desfilaram suas versões e suas falácias que ganharam destaque e credibilidade por não ter havido da parte dos governos pós-64 o necessário empenho em apresentar, em sua verdadeira dimensão, os lances e os acontecimentos que marcaram a mais longa e mais séria tentativa de implantar no Brasil uma ditadura de inspiração marxista-leninista. Na vastíssima bibliografia citada no alentado livro “Dos filhos deste solo”, constam cento e quinze publicações de comunistas ou elementos da esquerda, vindas a lume a partir de 1964.2 Ainda hoje, jornalistas ressentidos, como Alberto Dines, Carlos Heitor Cony, Carlos Chagas, Elio Gaspari 3, Vilas Boas Correia e outros, vez por outra, tentam reescrever ao seu talante a história daqueles anos e o fazem confiando na curta memória dos leitores.

Só no final de 1998, veio a público um documento semi-oficial; um livro da Biblioteca do Exército (Bibliex), mandado publicar pelo ministro Zenildo de Lucena sobre a atuação histórica do Exército na contenção das ameaças comunistas, mas limitada aos acontecimentos até 1968 4. Posteriormente, em 2001, a mesma Bibliex publicou o livro A Grande Mentira, do general Agnaldo Del Nero Augusto, bem documentada e vigorosa resposta às invencionices de comunistas e seus arautos.

O esforço da esquerda em seus diversos matizes teve, a partir de 1992, a colaboração de uma equipe da Fundação Getulio Vargas (FGV) que, por intermédio do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDoc) da mesma Fundação, iniciou um projeto sobre o que foi chamado de “a memória militar recente do País”. A intentada pesquisa, segundo seus coordenadores e executores, contou com o apoio financeiro da FINEP ao projeto que recebeu o rótulo de “1964 e o regime militar”, do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), da Universidade da Flórida e de um tal North-South Center. Teriam sido ouvidos “cerca de 20 oficiais que haviam ocupado importantes posições no interior do regime militar, principalmente nos órgãos de informação e repressão” que foram editadas(sic) e publicadas em três livros, em 1994/95: Visões do golpe – a memória militar sobre 1964; Os anos de chumbo: a memória militar sobre a repressão e A volta aos quartéis: a memória militar sobre a abertura. Em 1997, a mesma equipe publicou o depoimento do ex-presidente Ernesto Geisel, colhido entre julho de 1993 e maio de 1995, com a expressa condição de só ser publicado após sua morte, ocorrida em setembro de 1996. O livro foi um grande sucesso editorial figurando por várias semanas entre os mais vendidos. Mais recentemente, em 2002, o mesmo CPDoc deu à luz o Dossiê Geisel, baseado nos arquivos do ex-presidente doados por sua filha à instituição; trata-se, na verdade, de um conjunto de documentos não só pessoais, como funcionais e sigilosos que, indevidamente, tinham sido incorporados ao seu acervo pelo falecido governante do chamado regime militar 5. Era mais uma comprovação do “fascínio dos anos de chumbo”, de que falava Sirkis.

A preocupação de todo historiador sério deve ser coletar e registrar fatos sobre o passado e muitas vezes descobrir fatos novos. Ele sabe que toda informação que ele possui é ora incompleta, ora parcialmente incorreta, muitas vezes preconceituosa e requer cuidadoso escrutínio. A busca do fato histórico tem em vista reunir elementos para uma correta e imparcial interpretação histórica. Esse processo de interpretação engloba todos os aspectos de inquirição histórica, começando pela seleção do objeto de investigação, porque a própria escolha de um evento determinado, de uma sociedade ou instituição, constitui em si mesma um ato de julgamento. Uma vez escolhido esse objeto, essa escolha passa a orientar as linhas mestras da pesquisa histórica. O historiador deve respeitar os fatos, evitar as idéias preconcebidas e preconceituosas, eliminar, na medida do possível, os erros de julgamento pessoais, de forma a criar uma convincente e intelectualmente satisfatória interpretação. Exceto pela circunstância especial e aleatória na qual o historiador registra eventos que ele mesmo presenciou, os fatos históricos somente podem ser conhecidos através de fontes intermediárias. Isto inclui o testemunho de pessoas vivas, registros pessoais, como memórias, correspondência, literatura de ficção, documentos institucionais etc. Todas essas são fontes que fornecem informações e evidências das quais o historiador retira fatos históricos. Todavia a relação entre evidências e fatos raramente é simples e direta. Evidências podem ser deformadas ou defeituosas. Historiadores, por isso, devem examiná-las com olhos críticos e cuidadosos.

Que essas idéias elementares e básicas de historiografia não sejam encontradas nas obras dos militantes encharcados de ideologia e preconceitos e de jornalistas ávidos de ganhar dinheiro com livros resultantes de um chamado “jornalismo investigativo” é compreensível e, em alguns casos, aceitável, mas vê-los totalmente abandonadas pelos “soi-disant” pesquisadores de uma entidade respeitável como a Fundação Getulio Vargas tisna de parcialidade os resultados do projeto que se trai a partir dos próprios títulos das obras que produziu. Em capítulos deste livro analisaremos mais a fundo o resultado do que os tais pesquisadores chamaram “a memória militar recente do país”.

O presidente Castello Branco, segundo os que com ele conviveram de perto, costumava dizer que a Revolução não precisava justificar seus atos e de nenhum DIP 6 getuliano. Mais tarde, no governo Costa e Silva foi criada uma Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP), que viria, já no governo Médici, a ganhar relevo e realizar um bom trabalho de divulgação dos atos do governo. Coincidindo com uma fase de euforia econômica, foi esse o período de maior aceitação dos atos revolucionários e de comprovado apoio popular, apesar de ter sido a fase de maior virulência da luta armada subversiva que fracassou, em grande parte, por falta de mensagens com credibilidade e de aceitação popular. O governo Geisel desmontou a AERP com maus resultados e quando a quis reviver 7, as dificuldades advindas da reversão do quadro econômico tornaram quase inócuos os esforços de difusão dos atos do governo, mesmo os que poderiam ter boa aceitação. A preocupação dominante com a distensão política e o verdadeiro descaso pelo combate à corrupção, completaram o quadro de desacertos que culminou com o desastrado encaminhamento da sucessão de Figueiredo, dando asas ao revanchismo e conferindo desenvoltura às forças de esquerda, anistiadas, realentadas e reagrupadas no partido de oposição.

Ficou, assim, ao gosto dos derrotados na luta armada contar a história de seu malogro e da maneira que melhor servisse aos seus desígnios de enxovalhar o regime que firmemente lhes negara o caminho para o poder, como procuraremos mostrar em muitos trechos deste livro. E, contando com a simpatia da mídia internacional, fortemente influenciada por marxistas e simpatizantes do regime moscovita, por inocentes úteis e gente desinformada sobre o que realmente se passava no Brasil, montaram uma verdadeira central de difamação contra o governo brasileiro, exemplarmente representada pelo Front Brasilienne d’Information (FBI) chefiada por Márcio Moreira Alves e financiada por Miguel Arraes e seus aliados argelinos 8. Contaram, também, internamente, com o apoio da oposição não marxista a quem passou a interessar a desmoralização do regime.

O silêncio dos vencedores justificava-se, ao tempo da guerrilha do Araguaia, pela preocupação de não permitir internacionalizar a guerra interna e o conflito político, como era desejo dos contestadores e subversivos, ávidos do apoio público e do reconhecimento internacional por parte de seus financiadores e mentores de Moscou, Pequim, Argel e Havana para um pretenso governo rebelde em uma área supostamente liberada. Posteriormente, a idéia da anistia - conforme a tradição política brasileira - dentro do esforço de reconciliação nacional e de nova tentativa de redemocratização fez baixar sobre aqueles fatos o silêncio oficial. E esse silêncio foi apresentado pela esquerda revanchista como resultado de um pacto de silêncio, de demonstração de medo ou confissão de culpa, e que serviu para a consolidação de uma verdadeira mitologia a serviço da batalha da propaganda, travada aqui e lá fora e em todos os meios de comunicação social e, até agora, nitidamente vencida pelos derrotados de ontem.

Esse processo ganhou novo impulso com a eleição para a presidência da República de um antigo militante de esquerda. Embora renegando suas antigas idéias e eleito graças a um arranjo político com o partido (PFL) onde se abrigara grande parte da liderança civil de sustentação da “ditadura”, juntamente com Fernando Henrique Cardoso subiu a rampa do Palácio do Planalto uma verdadeira “nomenklatura” de esquerda, onde se misturam marxistas arrependidos e revanchistas notórios. E a bandeira, nunca abaixada, dos desaparecidos e das vítimas inocentes da ditadura passou a contar com o eficiente apoio de gente muito bem situada no governo de FHC. Do próprio gabinete do ministro da Justiça, Sr. Nelson Jobim, passou a vir o incentivo a antigos terroristas e guerrilheiros, hoje possuidores de mandatos eletivos, e a velhos grupos de ativistas do Congresso e das diversas “comissões” e “frentes” que nunca aceitaram a lei da anistia votada pelo Congresso, como ponto de partida daquele grande e necessário acordo de pacificação e reconciliação nacional.

Com o apoio dos remanescentes das “patrulhas ideológicas” e da grande mídia, sempre ávida de novos espaços, novos mercados e de maiores lucros, cresceram os esforços e as atividades dos interessados na eternização das contradições e disputas que marcaram de sangue esse período recente de nossa história. E como sempre, tais esforços são dissimulados e encobertos por engodos altruístas e por uma simulação de busca da verdade, que passou a ser chamada de “resgate da história dos anos de chumbo”, de que é exemplo a tal pesquisa do CPDoc da FGV já mencionada. E os “porões da ditadura”, ficção propagandística muito bem construída e aceita, passam a supostamente ser vasculhados. Uma frenética e suspeita busca a ossadas e a “escondidas” evidências da liquidação física dos dissidentes merece o apoio de um poderoso e hegemônico grupo dos meios de comunicação; o mesmo que, tendo enriquecido à sombra do autoritarismo e dos “desmandos” que agora denuncia, passa a usar, em lugar dos dólares do grupo Time-Life 9 , o dinheiro amealhado no apoio à ditadura, como moeda de troca na conquista dos grandes índices dos “ibopes”. O afrontoso desrespeito à lei da Anistia e as claras provocações e ofensas às Forças Armadas e a seus antigos chefes passam a constituir-se num exercício diário de desenvoltos agentes a serviço agora não se sabe de que interesses. Forja-se uma lei para indenizar familiares de supostos perseguidos e de pretensos desaparecidos, onerando o contribuinte com o pagamento de prêmios a vítimas reais, mas também a espertalhões, traidores e desertores.

Repete-se com o adido militar em Londres a farsa armada contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Com duas significativas diferenças: em 1985, embora no governo dúbio de José Sarney, o ministro Leônidas – condestável da Nova República – viu-se compelido a prestigiar e defender o nosso adido no Uruguai que terminou normalmente sua missão, ao passo que o coronel Avólio ficou desamparado e terminou, melancolicamente, seu tempo de aditança numa sala do “Forte Apache” em Brasília, como se ainda estivesse junto à corte de Saint James. A outra diferença é que o coronel Ustra, após ter seu nome considerado para a promoção, apesar da atitude mesquinha de alguns membros do Alto Comando, e passado à reserva, saiu em campo, viseira erguida e de lança em riste, na defesa de sua dignidade e de seu passado. Publicou, com sacrifício e seus recursos pessoais, um livro desmascarando a farsa e sua principal vedete, a então deputada Bete Mendes, e colocando a nu os lances da luta armada em São Paulo. Reptou sua acusadora a provar as mentiras de que se servira e que apresentara com o largo e costumeiro apoio de jornais, revistas e entrevistadores de televisão. A resposta foi o silêncio e uma pá de cal sobre o livro embaraçoso que nunca foi desmentido ou contestado publicamente. As únicas respostas foram as ameaças anônimas que passaram a fazer ao militar e à sua família.

Aliás essa técnica do silêncio, muito usada pela esquerda em seus esquemas de Agit-prop, repetir-se-ia com o livro “Camaradas”, publicado em 1993 pelo jornalista William Waack, no qual, com base nos arquivos do Comintern e da KGB, recentemente abertos, e da Gestapo alemã, fica demonstrada de forma cabal a sujeição dos comunistas brasileiros - especialmente o “Cavaleiro da Esperança”, Luiz Carlos Prestes - aos agentes moscovitas na montagem e no desencadeamento da fracassada intentona de 1935. É a sórdida estória do uso do “ouro de Moscou” para implantar o comunismo no Brasil, contada com todas as letras e documentada de forma irretorquível. O mesmo manto de silêncio parece ter sido jogado sobre o livro de Luís Mir a que acima me referi, apesar das incoerências e tolices que repete.10 Dos livros da Bibliex, nem falar...

Em muitos de seus capítulos, este livro serve-se de episódios já narrados pelo coronel Ustra em seu corajoso “Rompendo o silêncio”, e que, com o conhecimento e a permissão do autor, utilizei em crônicas que há tempos publiquei nas páginas da Gazeta do Povo, de Curitiba. Foi a maneira que encontrei – contando sempre com o apoio do jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, Diretor-Presidente do jornal - para recordar e difundir aqueles episódios, hoje totalmente falseados, esquecidos ou omitidos capciosamente.

Duas outras contribuições valiosas ao resgate verdadeiro e honesto da memória das últimas décadas de nossa história vieram à luz nos livros “A lanterna na popa” do ex-ministro Roberto Campos e “Um híbrido fértil”, relato autobiográfico do coronel da reserva e também ex-ministro Jarbas Passarinho. É o depoimento corajoso e coerente de dois homens profundamente engajados no esforço de reconstrução nacional empreendido a partir de 1964 e que viveram os bastidores do poder nesses anos que a esquerda insiste em chamar “anos de chumbo” que tornaram-se pesados e dolorosos pela ensandecida atuação de muitos dos que hoje pretendem assumir a posição de juízes. O livro póstumo, publicado pela Fundação Getulio Vargas Editora, contendo o depoimento do ex-presidente Ernesto Geisel é também uma importante contribuição, apesar da forma pela qual o memorialista resolveu deixar seu testemunho. Sobre esses livros teço alguns comentários mais adiante.11

Este livro é também mais um esforço nessa batalha de esclarecimento e de defesa das Forças Armadas e da atuação dos militares na história recente do Brasil. É, ainda, a minha homenagem aos homens e às mulheres da lei e da ordem que lutaram, sacrificaram-se e morreram para defender a democracia e a liberdade ameaçadas por maus brasileiros a serviço de uma ideologia enganadora e perversa, treinados no exterior e a soldo de patrões alienígenas.

O uso de certas expressões merece uma explicação. O ex-presidente Castello Branco, em palestra após a guerra, disse porque a FEB tomou como emblema uma cobra fumando. Contou que, antes da força seguir para os campos de batalha, a maledicência da Quinta Coluna” espalhava que “era mais fácil uma cobra fumar do que a FEB embarcar”. Lá na Itália, vendo gente morrer e matando alemães, os “pracinhas” resolveram, em represália, tomar a cobra fumante como emblema12. Similarmente, a esquerda e a mídia adotaram vários clichês em sua campanha de descrédito contra as Forças Armadas: “anos de chumbo”, “porões da ditadura”, “golpe de 1º de abril” etc. Foram exatamente elas que muitas vezes escolhi para identificar situações que mostram visões ignoradas do “golpe de 64”, dos “anos de chumbo” e dos tais “porões”, expressão esta surpreendentemente encampada, inclusive, por memorialistas com atuação em andares autoritários colocados em níveis muito superiores aos que freqüentei.

A guerrilha rural ou urbana é modalidade de guerra não convencional que fez suas próprias regras, dentro da estratégia comunista da Guerra Revolucionária, com a qual conseguiram apossar-se de muitos países. Um dos alvos dessa guerra - eficientemente utilizada como um dos instrumentos soviéticos da “Guerra Fria”- foi o Brasil, como ficou cabalmente comprovado pela abertura dos arquivos moscovitas da KGB e pelos depoimentos e confissões de seus agentes na farta literatura a que acima me referi. Para combatê-las, as Forças Armadas, especialmente o Exército, tiveram que adotar processos também não convencionais, utilizando instalações não militares, descaracterizando seus homens, infiltrando-se nas organizações subversivas, para poder chegar aos porões da clandestinidade de onde nos moviam sua luta armada sem quartel, proclamada e ensinada por Marighela e seus mentores cubanos. Muitos dos episódios dessa guerra suja, baseada, essencialmente, na informação e na contra-informação, tiveram que ser planejados e comandados de “porões” de sigilo e travados adotando práticas inusitadas. Em tais ambientes, onde necessariamente teria de haver uma grande descentralização e autonomia operacional, a precariedade dos controles e os excessos eram inevitáveis e muitas vezes a violência da resposta, pela própria natureza da luta, subia à altura da violência empregada pelos guerrilheiros, desenvoltos nessa guerra em que eles mesmos faziam as regras. Achar, hoje, que tal guerra poderia ter sido conduzida e vencida com “punhos de renda e luvas de pelica” é uma abstração de quem não viveu o dia-a-dia de tais momentos e não sentiu na pele as agruras de ter que ganhá-la em nome do futuro democrático da Nação. Procurei exemplificar alguns episódios significativos, baseado no depoimento de quem os viveu e em minha própria experiência, embora pequena e obtida em locais onde elas foram de menor intensidade e risco. Ao relatar tais fatos, todos verídicos, ainda utilizei os codinomes daquelas pessoas envolvidas e que até agora não assumiram sua participação na luta armada e no terrorismo, visto que seus atos criminosos, ou não foram assim considerados pela Justiça Militar, ou acham-se cobertos pela lei da Anistia de 1979.

Finalmente, que este livro seja um alerta para relembrar que o Estado de Direito - tão reclamado ao tempo do nosso último ciclo autoritário - funda-se, essencialmente, no cumprimento da Lei. A Anistia - ampla, geral e irrestrita, como exigida ao tempo em que o Congresso a decretou - vem sendo seguidamente desrespeitada com o respaldo de setores dos últimos governos, sob a pressão de grupos políticos revanchistas, interessados em manter abertas as feridas provocadas pela guerra suja que eles mesmos desencadearam e na qual foram vencidos, como impunha a preservação da liberdade ameaçada, muito mais pelos sicários a soldo de potências estrangeiras do que por medidas temporárias de autodefesa dos governos dos generais-presidentes. A normalidade democrática, de que gozam hoje os brasileiros, foi ganha naquela guerra, não importa com que artifícios e sofismas se pretenda hoje enganar os mais jovens e os deslembrados.

A campanha feroz - ao arrepio da Anistia de 1979 - que se desencadeou contra tantos, como mais recentemente contra o general médico Fayad e três oficiais promovidos por FHC, não visava apenas esses militares, mas era contra o próprio Exército, sentinela indormida às investidas dos apátridas desde 1935.

Convém, todavia, nunca esquecer que a volta da maré montante da anarquia com que essa gente pretenda repetir os idos de 1964, levará de roldão não só a Liberdade e a Democracia, mas arrancará dos palácios os governantes que tiverem a veleidade de achar que serão poupados, quando as turbas incendiárias tomarem em suas mãos as leis e a ordem não mais puder ser mantida pelas “legiões”, talvez não apenas porque “encolerizadas” pelas humilhações que vêm sofrendo, em silêncio, mas porque suas velhas baionetas não conseguirão mais ser empunhadas com motivação e brio.

1 - Um exemplo característico é a publicação pela revista francesa Temps Modernes dos documentos de Marighela, por interferência de Sartre, em fins de 1969. In Combate nas trevas de Jacob Gorender, pág 209.

2 - Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio - Boitempo Editorial. Algumas dessas obras são mencionadas nas referências bibliográficas.

3 - Ver os capítulos 23, 24 e 25 deste, sobre os recentes livros publicados por esse jornalista.

4 - A Grande Barreira, do coronel J.F.Maya Pedrosa.

5 - Editora FGV – Rio de Janeiro – RJ.

6 - Departamento de Imprensa e Propaganda.

7 - Primeiro, designando um civil incompetente e depois colocando como Secretário de Imprensa o coronel Toledo Camargo, ex-adjunto da AERP do governo Médici, que, embora um militar muito bem qualificado, viu-se a braços com as dificuldades oriundas da personalidade do presidente e da própria conjuntura.

8 - Luís Mir, Op. Cit. pág 645.

9 - O empréstimo aos Marinho é confirmado por Roberto Campos em A Lanterna na popa, ao refutar a acusação feita por Assis Chateaubriand de ter sido o intermediário do empréstimo, como embaixador do Brasil nos “States” na época.

10 - O livro é tão devastador que a inserção de certas tolices parece ser a maneira de convalidar as aparentes ligações do autor com a esquerda. Gorender o chama de “história marrom”. A Biblioteca do Exército publicou, no início de 1999, uma reedição do livro de William Waack, em co-edição com a Editora Companhia das Letras.

11 - Capítulos 11 e 16..

12 - Segundo trabalho publicado pelo coronel e historiador Francisco Ruas Santos sobre o ex-presidente.


* Os leitores interessados na obtenção do livro podem entrar em contato pelo e-mail negraotorres@uol.com.br, ou diretamente ao Editor que atende também pelo reembolso postal: Livraria do Chain Rua General Carneiro, 441 - 80050 –150 - Curitiba-PR. e-mail: chain@onda.com.br




Obs.:

O general Negrão Torres, em depoimento à "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964", Bibliex, 2003,  discorre sobre o “Pentateuco” de Elio "Parmegiani" Gaspari, 5 livros escritos com base em material surrupiado pelo general Golbery do Couto e Silva e pelo coronel Heitor de Aquino, em que há muita desinformação e mentira em estado puro – cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/general-raimundo-negrao-torres-desanca.html.

F. Maier



Araguaia

Prezada jornalista Miriam Leitão

Estávamos com saudades de você e de suas incursões políticas. E você volta em grande estilo! A militante de outrora!

Será que em um país com tantos problemas de direitos humanos, o Nilmário não teria mais o que fazer do que ir atrás de ossadas perdidas no meio do mato? Deixa isso para o "torturador" Greenalgh ou para o Genoino, que esteve lá e escapou milagrosamente.

E você continua a dizer tolices. Os mortos do Araguaia eram guerrilheiros, voluntários combatentes e foram mortos em uma guerra por eles deflagrada e não executados. Isso já foi escrito pelo jornalista Fernanrdo Portela, no Jornal da Tarde de São Paulo, nas reportagens publicadas entre 13 e 20 de janeiro de 1979. Lá ele conta o que aconteceu com o Oswaldão e com a famigerada Dina. Manda uma de tuas assessoras procurar.

Quem devia estar ajudando a procurar os restos mortais de seus companheiros seriam os dirigentes e militantes do PC do B - Genoino, inclusive.

A dor das famílias dos mortos na aventura do Araguaia foi imposta por dirigentes de uma organização a serviço de uma potência estrangeira - China Comunista - que treinou e financiou combatentes para intervir em uma guerra interna brasileira, em que foram derrotados e pelos quais o Povo Brasileiro já está pagando polpudas indenizações.

Dona Miriam, na Base da Gameleira/PA, em Xambioá, foram fuzilados por elementos das forças guerrilheiras do PC do B, por desejarem abandonar a área da guerrilha, Rosalino Cruz Souza (Mundico) e “Paulo” (não identificado). Mundico foi morto pela célebre “Dina”, Dinalma da Conceição Oliveira Teixeira. A senhora sabia? Será que as famílias dessas vitimas foram indenizadas e já receberam seus restos mortais?

Essas estórias são levantadas não por amor aos que perderam seus entes nessa aventura estúpida, mas para encher a "burra" dos teus patrões da revista Época, herdeiros do império do Roberto Marinho, feito à sombra da ditadura.

Abre os olhos Miriam.

Raymundo Negrão Torres


Obs.:

O esporte predileto da antiga e eterna "militante" do PCdoB Míriam Leitão, codinome "Amélia", é tentar emporcalhar o Exército.

Jamais conseguirá!

F. Maier





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