MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Notícias de Jornal Velho: Cuba, foco da subversão continental - por Carlos I. S. Azambuja

Notícias de Jornal Velho: Cuba, foco da subversão continental

por Carlos I. S. Azambuja (*) em 03 de novembro de 2005

Resumo: O regime castrista se propôs, desde os primeiros dias, a exportar sua revolução a toda a América Latina.

© 2005 MidiaSemMascara.org

Muito já se falou e escreveu sobre a subversão continental patrocinada por Cuba, desde os primeiros anos da década de 60 até os dias atuais. Todavia, até hoje a verdade ainda permanece obscura. O artigo abaixo é uma contribuição à busca dessa verdade, baseado no livro “La Subversion”, Montevidéu, com 1.522 páginas, em dois tomos, editado pelas Forças Armadas do Uruguai em 1977.

A introdução do “La Subversion” assinala que a documentação em que se baseia foi obtida pelo esforço feito, muito além do cumprimento do dever, e em muitas páginas existem as impressões digitais do sangue derramado por oficiais, soldados e policiais que caíram defendendo os postulados e valores sobre os quais descansa o sistema jurídico-político do mundo ocidental.

A principal fonte de informação foi constituída pelos próprios guerrilheiros, baseada em seus documentos, apreendidos em inumeráveis procedimentos, bem como em suas idéias, suas opiniões, suas apreciações que, em forma objetiva, permitiram conhecer a natureza das organizações desde o ponto de vista teórico, pois a prática, a realidade se encarregou de mostrar.

Duas circunstâncias tiveram uma incidência decisiva sobre a subversão na América Latina: o êxito da ação guerrilheira iniciada em Cuba em 1953, com o ataque ao Quartel Moncada e o conflito sino-soviético nos anos 60. O triunfo da revolução em Cuba marcou o início de uma etapa revolucionária na América Latina, pois demonstrou – como disse Che Guevara – que não era necessário esperar que se apresentem, juntas, as condições objetivas e subjetivas. O dinamismo da luta faria com elas amadurecessem. Até então, a possível tomada do Poder nunca se havia apresentado como uma possibilidade imediata, mas a revolução cubana deu fim a todo um conjunto de velhas concepções dos partidos marxistas tradicionais e inaugurou o início de uma nova etapa.

Por outro lado, a querela sino-soviética viria agregar-se à tomada de consciência dos setores revolucionários do continente. Opostos à ortodoxia tradicional dos partidos comunistas, os chineses estabeleceram uma posição frente ao “sistema imperialista mundial”, que teve um impacto sobre numerosos setores revolucionários e contribuiu com a tomada de consciência da necessidade de colocar em ação a “luta popular”, buscando novos métodos e formas de trabalho, a partir do cerco das cidades pelo campo.

O regime castrista se propôs, desde os primeiros dias, a exportar sua revolução a toda a América Latina, segundo o figurino de sua própria experiência, baseada em focos guerrilheiros nas áreas rurais, independentes dos tradicionais partidos marxistas-leninistas ortodoxos, como posteriormente escreveu Regis Debray, em seu livro “Revolução na Revolução”. Segundo essa idéia, qualquer grupo organizado e suficientemente audaz teria possibilidade de derrubar um governo, vencer sua polícia e seu Exército e instaurar a “nova sociedade socialista”, que os partidos comunistas tradicionais anunciavam desde o início dos anos 20 do século passado.

Na viagem que, como chefe da revolução triunfante, realizou a Caracas em fins de janeiro de 1959, Fidel Castro propôs a criação de um organismo para impulsionar a subversão a toda a América Latina (esse organismo só seria constituído em 1967: a Organização Latino-Americana de Solidariedade - OLAS). Tal atitude, que teve enorme repercussão e despertou grande expectativa, transformou Havana na Meca aonde seriam formados milhares de revolucionários latino-americanos e da África. A essa insólita proposição seguiram-se, quase de imediato, os desembarques de cubanos armados no Panamá, Nicarágua, República Dominicana e Haiti, que se constituíram em um estrepitoso fracasso. Foi essa a razão que levou Fidel a projetar e planificar um vasto programa de subversão continental de doutrinamento político e treinamento militar de guerrilheiros latino-americanos nas técnicas da guerra de guerrilhas, espionagem, sabotagem e terrorismo em escolas e centros estabelecidos na Ilha.

É comum que se diga até hoje que fulano ou beltrano recebeu treinamento em Cuba, sem deixar claro, todavia, onde teria sido realizado tal treinamento, dando a impressão de que eram realizados em um único local, especialmente capacitado para isso.

Mas não foi assim. Mais de vinte estabelecimentos destinados a adestrar e instruir os agentes revolucionários da América Latina e da África foram instalados em Cuba desde o primeiro momento da revolução. Esses estabelecimentos, verdadeiras academias de subversão, reproduziam no continente americano técnicas da guerra revolucionária utilizadas anteriormente na URSS e China na preparação de experts em conspiração, insurreição e conflitos sociais.

As escolas soviéticas de subversão – como a de Kuchino, instalada no bairro de mesmo nome, em Moscou -, em cujos programas de estudos se incluem cursos de judô, seqüestros, uso de armas especiais para assassinatos, manejo da propaganda, táticas de insurreição armada, fabricação de armas e explosivos, derrubadas de pontes, apoderamento de centrais elétricas e estações de rádio, falsificação de documentos oficiais e penetração ideológica nas Forças Armadas, tiveram uma rápida réplica nas escolas e centros cubanos destinados a ministrar treinamento aos países da América Latina e da África.

Recorde-se que foi em 1911, na escola clandestina do Partido Bolchevique, em Longjumeau, França, que Lênin traçou o desenho de tais centros de subversão, destinados, segundo dizia, a preparar “corpos de trabalhadores revolucionários especialmente adestrados durante um longo período de treinamento”.

Nas Escolas Especiais cubanas, dependentes da Direción General de Informaciones (DGI), receberam treinamento milhares de militantes dos países latino-americanos. Entre tais centros de “ensino” podem ser mencionados os seguintes:

- Escola El Cortijo, para pessoal militar, na cidade de Pinar Del Rio;

- Escola Ciudad Libertad, em Marianao, cidade de Havana, a cargo de instrutores soviéticos;

- Escola Blas Roca, em Los Pinos, cidade de Havana;

- Escola Marcelo Salado, em Luyanó, Havana;

- Centro de Capacitación Juvenil, na Fortaleza Militar de La Cabaña, cidade de Havana;

- Escola Boca Chica, na Praia de Tarará, município de Guanabacoa, cidade de Havana, que funcionou sob a chefia do general comunista espanhol Alberto Bayo Gosgaya, com instrutores russos e checos, segundo narração do militante de esquerda venezuelano Juan de Dios Marin; o texto principal de estudo consistia no livro do próprio Bayo, intitulado “150 Pontos que uma Guerrilha deve saber”;

-Campo de treinamento para Haitianos, centro-americanos e guyaneses, nas proximidades da cidade de Trinidad, ao sul da cidade de Las Villas;

- Escola Julio Antonio Mella, na praia de Marbella, município de Guanabacoa, cidade de Havana;

- Campo de treinamento em problemas agrários e sabotagem rural, em San Pedro, cidade de Camaguey, para bolivianos, peruanos e colombianos;

- Campo de treinamento para equatorianos e bolivianos, nas cercanias da cidade de Nuevitas, ao norte da cidade de Camaguey;

- Campo de treinamento para 300 homens, para venezuelanos, no município de Victoria de las Tunas, cidade de Oriente;

- Centro Especial para Venezuelanos, de adestramento em agitação e luta guerrilheira, no município de Mayari, ao norte da cidade de Oriente;

- Centro Minas de Frio, o mais avançado e o de maior importância na preparação de guerrilheiros, em Sierra Maestra, ao sul da cidade de Oriente;

- Centro Lumumba, para treinamento em luta guerrilheira, na Sierra de Siguanea, na Isla de Pinos;

- Centro de treinamento para Peruanos, incluindo o ensino do idioma quéchua, em 17 y L, bairro de Vedado, cidade de Havana;

- Escola para Bolsistas Latino-americanos, com capacidade para 800 bolsistas, onde era ministrado ensino político e militar em Santa Maria Del Mar, município de Guanabacoa, cidade de Havana;

- Centro de Treinamento para nativos do Congo, no quilômetro 7 da estrada a Bejucal, cidade de Havana;

- Centro de Treinamento para Africanos, na fazenda La Unión, em Bahia Blanca, município de Cabañas, cidade de Pinar Del Rio;

- Centro de Treinamento para Ghaneses, na fazenda Villalba, bairro de El Cano, município de Marianao, cidade de Havana;

- Acampamento do Serviço Militar Obrigatório, para treinamento de jovens cubanos a serem enviados ao então Vietnã do Norte, a cargo de instrutores soviéticos, a 2 quilômetros da povoação Santiago de Las Vegas, cidade de Havana;

- Acampamento para Treinamento de Guerrilheiros, com capacidade para 200 homens, em Jardins de Hershey, município de Santa Cruz do Norte, cidade de Havana;

- Zona de Treinamento em Artilharia de Montanha, para bolivianos, guatemaltecos, peruanos e venezuelanos, na região montanhosa de San Cristóbal, cidade de Pinar Del Rio.

Além dessas escolas e centros existem também os Institutos Tecnológicos Agropecuários, as Escolas do Instituto Nacional de Reforma Agrária, as Universidades e as Escolas de Pesca, onde, além do ensino ideológico, se ministra instrução política e militar.

Outros centros destinados especialmente à preparação subversiva são as Escolas de Instrução Revolucionária, nas quais, já em dezembro de 1966, funcionavam 244, de conformidade com as seguintes divisões: 2 Escolas Superiores de Instrução Revolucionária; 4 Escolas Nacionais de Instrução Revolucionária; 12 Escolas Provinciais de Instrução Revolucionária; 25 Escolas Básicas de Instrução Revolucionária e 201 Escolas Básicas de Instrução Revolucionária (noturnas).

Desde a fundação dessas Escolas de Instrução Revolucionária até dezembro de 1966, passaram por elas 145 mil estudantes. Regis Debray foi instrutor nessa escolas.

No período compreendido entre 1960 a dezembro de 1966, mais de 6 mil jovens latino-americanos receberam treinamento em Cuba, regressando a seus países de origem para atuar na guerra de guerrilhas. Cerca de 250 militantes brasileiros, até meados dos anos 70, receberam esse tipo de treinamento.

Um telegrama das agências internacionais de notícias difundiu mundialmente, em 18 de março de 1962, um informe sobre esses cursos nos seguintes termos: “Uma organização clandestina cubana contrária ao regime descobriu os planos de subversão comunista na América Latina e o intensivo adestramento militar e de doutrinamento a que são submetidos atualmente 1.500 latino-americanos que depois organizarão e dirigirão movimentos guerrilheiros. Cruzada Autêntica Revolucionária, em um informe enviado clandestinamente desde Cuba, assegura que os futuros guerrilheiros recebem o adestramento em vários estabelecimentos militares e que os instrutores são os comunistas espanhóis Enrique Lister, Alberto Bayo e Manuel Monreal, além de outros militares cubanos (...) Os alunos são recrutados em cada país pelos partidos comunistas ou por agrupamentos cripto-comunistas e são enviados a Cuba como convidados pelo Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP) (...)” (citado por Alejandro Rovira, Las Associaciones Ilícitas en la Legislación Uruguaya, Montevidéu, 1963, páginas 312 e seguintes).

Além disso, o minucioso informe produzido em 1964 pela Comissão Investigadora designada pela OEA para apurar as denúncias formuladas pela Venezuela contra Cuba, permitiu comprovar a intromissão deste país nos assuntos internos do outro através de atos tais como: introdução de propaganda subversiva e armamento em território venezuelano; treinamento de guerrilheiros e terroristas venezuelanos nas “academias” cubanas de subversão; financiamento e planejamento das atividades subversivas na Venezuela pelo governo cubano, etc.

Tais evidências permitiram à Comissão concluir que “o conjunto de atos resenhados e especialmente o envio de carregamentos de armas, configura uma política de agressão do atual governo de Cuba contra a integridade territorial, a soberania política e a estabilidade das instituições democráticas da Venezuela”. Três anos depois, e ante denúncias de igual natureza, outra Comissão similar produziu um informe semelhante, com declarações do ex-agente castrista e ex-integrante das milícias nacionais revolucionárias cubanas, de origem venezuelana, Manuel Celestino Marcano Carrasquel (“Subversão na América Latina”, 1967, Miami, publicado pela Federação Ibero-Americana de Editores).

Também funcionaram em Cuba institutos de doutrinamento e preparação subversiva para mulheres, como o Liceo Feminino, instalado nas imediações de Havana, a cargo exclusivamente de instrutores soviéticos, em cursos com duração de 6 a 8 meses, sobre espionagem, sabotagem, enfermaria, psicologia e investigação. Deve ser assinalado que diversas militantes de organizações revolucionárias brasileiras receberam esse tipo de treinamento.

Finalmente, observe-se que algumas dessas Escolas e Institutos, embora o comunismo realmente existente tenha naufragado em todo o mundo e Cuba esteja em estado falimentar, ainda existem e funcionam.

(*) Carlos I. S. Azambuja é historiador.


"Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência se uma milícia bem organizada, não se impedirá o direito do povo de possuir e portar armas" (II Emenda à Constituição dos EUA).

"A urgência em salvar a humanidade quase sempre mascara a urgência em dominá-la" (H.L.Mencken).


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