MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

The Last of Us: é possível que uma pandemia de fungos crie zumbis na vida real? - Por James Gallagher

A serie The Last of Us imagina como seria uma contaminação 
por fungos Cordyceps em humanos


The Last of Us: é possível que uma pandemia de fungos crie zumbis na vida real?


James Gallagher - Apresentador da BBC Radio 4


A nova série The Last of US, da HBO, apresenta um cenário pós-apocalíptico em que há milhares de pessoas transformadas em zumbis após uma infecção por um fungo se tornar uma pandemia. A série foi a segunda maior estreia deste ano da plataforma HBO MAX e o terceiro episódio fica disponível neste domingo.

O cenário pode ser fantasioso, mas o tipo de fungo representado na série existe de verdade. São fungos dos gêneros Cordyceps e Ophiocordyceps e na vida real eles realmente transformam suas vítimas em zumbis.

Os esporos deste tipo de fungo entram no corpo da vítima, onde o fungo cresce e começa a sequestrar a mente de seu hospedeiro até que ele perca o controle e seja compelido a subir para um terreno mais alto. O fungo parasita devora sua vítima por dentro, extraindo até o último nutriente, enquanto se prepara para seu grande ato final.

Então - em uma cena mais perturbadora do que o filme de terror mais assustador - um tentáculo de morte irrompe da cabeça. Este corpo do fungo espalha esporos em tudo ao seu redor - condenando outras vítimas ao mesmo destino se estiverem próximas para serem infectadas.

Para nossa sorte, os fungos deste gênero são capazes de contaminar apenas formigas - e somente algumas espécies. Outros fungos similares contaminam outras espécies de inseto, de maneira parecida. Este documentário da BBC (em inglês) mostra uma formiga contaminada pelo fungo:

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O funcionamento desses fungos parasitas inspirou o jogo de videogame The Last of US, no qual a série da HBO foi baseada.

Na trama dessas obras de ficção, fungos Cordyceps passam a se tornar capazes de infectar humanos e causam uma pandemia capaz de levar ao colapso da sociedade.

Mas no mundo real, uma pandemia de Cordyceps - ou causada por outro fungo - é algo que realmente poderia acontecer?

"Acho que subestimamos as infecções fúngicas por nossa conta e risco", diz o médico Neil Stone, principal especialista em fungos do Hospital de Doenças Tropicais de Londres. "Já fizemos isso por muito tempo e estamos completamente despreparados para lidar com uma pandemia fúngica."

Lista de fungos perigosos para humanos

No final de outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua primeira lista de fungos com maior risco para a saúde pública.

Os fungos da lista são realmente ameaçadores, mas - pra nosso alívio - não existe na lista nenhum capaz de transformar humanos em zumbis.

Por que não?

A microbióloga Charissa de Bekker, da Universidade de Utrecht, no Reino Unido, estuda como os fungos Cordyceps zumbificam as formigas e diz que não vê como isso poderia acontecer com pessoas.

"A nossa temperatura corporal é simplesmente muito alta para a maioria dos fungos, incluindo o Cordyceps", explica. "O sistema nervoso deles é mais simples do que o nosso, então é muito mais fácil sequestrar o cérebro de um inseto do que o complexo cérebro humano."

Além disso, explica ela, os sistemas imunológicos deles são muito diferentes dos nossos, o que também dificultaria esse "sequestro".

A maior parte das espécies parasitas de Cordyceps evoluiu ao longo de milhares de anos para se especializar em infectar apenas uma espécie de inseto. A maioria não pula de um inseto para o outro.

"Para esse fungo ser capaz de ir de um inseto para nós e conseguir nos infectar da mesma forma, é uma distância muito grande", diz Bekker.

Ameaças mortais

No entanto, a ameaça de uma pandemia fúngica é muito real, embora tenha sido subestimada por um longo tempo. "As pessoas pensam em fungos como algo trivial, superficial ou sem importância", diz o médico Neil Stone.

Apenas algumas das milhões de espécies de fungos causam doenças em seres humanos. No entanto, algumas dessas podem ser muito piores do que uma unha infectada ou uma frieira.

Os fungos matam cerca de 1,7 milhão de pessoas por ano - cerca de três vezes mais que a malária.

A OMS identificou 19 fungos diferentes que considera preocupantes.

Os mais graves são a Candida auris, o Cryptococcus neoformans e o Mucormycetes - que come nossa carne tão rapidamente que leva a graves lesões faciais.

A ameaça global da cândida auris

A Candida auris é uma levedura - e libera o mesmo cheiro de fermentação de uma cervejaria ou de uma massa de pão.

Mas, diferentemente das leveduras benéficas que usamos para a comida, a Candida auris é um parasita terrível.

Ela contamina o sangue, o sistema nervoso e os órgãos internos. A OMS estima que metade das pessoas infectadas por Candida auris morrem.

O primeiro caso documentado foi no ouvido de um paciente do Hospital Geriátrico Metropolitano de Tóquio em 2009, e desde então o fungo tem se espalhado pelo mundo.

A Candida auris é muito difícil de ser combatida - algumas cepas são resistentes a todos os medicamentos antifúngicos que temos. Por isso muitas vezes ela é chamada de "superfungo".

A transmissão ocorre principalmente através de superfícies contaminadas em hospitais - é um fungo realmente difícil de limpar completamente. Muitas vezes, a solução é fechar alas inteiras de hospitais, algo que já aconteceu no Reino Unidos.

Neil Stone diz que a Candida auris é o tipo de fungo mais preocupante e que não podemos ignorá-lo, pois uma pandemia causada por ele poderia levar ao colapso dos sistemas de saúde.

Neil Stone afirma que a Candida auris deve ser nossa principal preocupação

Fungo mortal

Outro fungo mortal - o Cryptococcus neoformans - é capaz de entrar no sistema nervoso das pessoas e causar uma meningite devastadora.

Os britânicos Sid e Ellie tiveram contato com a doença nos primeiros dias de sua lua de mel na Costa Rica. Ellie começou a passar mal e seus sintomas iniciais - dores de cabeça e náuseas - foram atribuídos ao excesso de sol. Mas depois ela começou a ter espasmos e convulsões fortíssimas.

"Nunca vi algo pior, me senti tão impotente", diz Sid à BBC.

Exames feitos mostraram inflamação em seu cérebro e identificaram o Cryptococcus como a causa. Felizmente, Ellie respondeu ao tratamento e saiu do coma após 12 dias em respirador.

"Só me lembro de gritar", diz ela, que tinha delírios quando estava infectada.

Agora ela está se recuperando bem.

Ellie diz que "nunca" pensou que um fungo pudesse fazer isso com uma pessoa. "Você não acha que vai quase morrer na sua lua de mel."

Fungo negro

Outra ameaça à saúde pública é o Mucormycetes, também conhecido como fungo negro. Ele causa uma doença gravíssima chamada mucormicose, que normalmente atinge pessoas com o sistema imunológico comprometido.

Ele se reproduz tão rapidamente que, se estiver sendo cultivado em laboratório, é capaz de fazer a tampa da placa petri pular.

"Quando deixa um pedaço de fruta estragar e no dia seguinte ela virou uma papa, é porque havia um fungo mucormycetes dentro dela", diz a médica Rebecca Gorton, cientista do HSL, o laboratório de serviços de saúde em Londres.

Ela diz que a infecção é rara em humanos, mas pode ser realmente grave quando acontece.

O fungo ataca o rosto, os olhos e o cérebro e pode ser fatal ou deixar as pessoas gravemente desfiguradas. Uma infecção se espalha tão rapidamente no corpo quanto nas frutas ou no laboratório, afirma Gorton.

Durante a pandemia de covid, houve uma explosão de casos de fungo negro na Índia. Mais de 4.000 pessoas morreram. Acredita-se que o enfraquecimento do sistema imunológico das pessoas e os altos níveis de diabetes no país ajudaram na proliferação do fungo. Cerca de 30 casos de contaminação por mucormicose foram registrados no Brasil em 2021, durante a pandemia de covid.

Devemos levar os fungos mais a sério?

Os fungos geram infecções muito diferentes das provocadas por bactérias ou vírus. Quando um fungo nos deixa doentes, ele quase sempre é captado do ambiente, em vez de se espalhar por meio de tosses e espirros.

Estamos todos expostos a fungos o tempo todo, mas eles geralmente precisam de um sistema imunológico enfraquecido para conseguirem se desenvolver.

Stone diz que uma pandemia fúngica provavelmente seria muito diferente da pandemia de covid - tanto na forma como se espalha quanto no tipo de pessoa que infecta.

Ele acha que a ameaça existe por causa "do volume de fungos que existem no meio ambiente" e por causa de "mudanças climáticas, viagens internacionais, número crescente de casos e do profundo descaso que temos em termos de tratamentos".


Esta reportagem foi originalmente publicada em - https://www.bbc.com/portuguese/geral-64442967



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Cinema: os 23 filmes mais esperados de 2023 

https://www.bbc.com/portuguese/geral-64169749


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

AS COVÍADAS - Amor e ódio nos tempos do corona - Por Félix Maier

AS COVÍADAS

Amor e ódio nos tempos do corona

Félix Maier

BRASÍLIA-DF, Janeiro de 2023.


Amigos,

No link abaixo, está disponível meu e-book, que publiquei no Clube de Autores (25/01/2023): AS COVÍADAS - Amor e ódio nos tempos do corona.
Boa leitura!
Félix Maier

Sobre o autor:


Félix Maier nasceu em Luzerna, SC, no dia 03/01/1950. Filho de Hilário Maier e Marina Preis Maier, já falecidos, tem 5 irmãos: Sílvia, Fernando (
in memoriam), Válter, Ivone e Günther.
Casado com Valdenice dos Santos Maier (1979), tem um casal de filhos, Wagner e Cristiane, e cinco netos: Letícia, Lyan, Ana Caroline, Erin e Maria Clara.
Estudou nos seminários franciscanos de Luzerna, Rio Negro-PR e Agudos-SP, de 1961 a 1969.
Fez carreira no Exército, desde soldado (1970) a capitão (2000), se aposentando em 2002. De 1990 a 1992, foi Auxiliar do Adido Militar no Egito, missão que deu origem à publicação do livro “EGITO - Uma viagem ao berço de nossa civilização”, em 1995.
Desde o ano de 2000, passou a publicar textos na internet, inicialmente no site Usina de Letras, depois em outros sites e blogs, a convite, com destaque para Mídia Sem Máscara, criado por Olavo de Carvalho em 2002. Esse trabalho rendeu várias citações em publicações acadêmicas - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/07/citacoes-de-felix-maier-em-trabalhos.html
Outros dados biográficos e memória podem ser consultados em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/felix-maier-curriculum-vitae.html

ou adquira o e-book em

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

O mundo em 2020 - Por Félix Maier

 O mundo em 2020

 Félix Maier

 16/06/2004 

Fotografia revela a nebulosa gigante NGC 2014 e sua vizinha NGC 2020


No início do terceiro milênio, a American Society for Quality (ASQ), maior organização que congrega profissionais ligados à Qualidade Total (1), preparou o estudo Foresight 2020 (Previsão 2020), trabalho de um grande número de especialistas, com o apoio do Institute for Alternative Futures (IAF), em que busca antever cenários para os próximos 20 anos. 

1º Cenário: frutos do conhecimento 

Seria o “futuro oficial”, se for possível expandir o status quo atual, especialmente a ascensão da economia do conhecimento. A qualidade seria como uma “religião”, adotada pelos futuros ganhadores do Prêmio Nobel e por organismos, como o FMI, para estender os sucessos com a qualidade a países pobres, promovendo seu progresso. Pelo conhecimento do mapa genético humano, seria estabelecido um programa preventivo de saúde de maneira personalizada. A inteligência das máquinas não superará a inteligência humana, mas haverá um acréscimo de suas capacidades sensoriais e uma maior interconexão, e o uso de robôs domésticos. 

2º cenário: a volta ao passado 

Criará um mundo cheio de “rachaduras” econômicas e agressões ao meio ambiente, liderança ineficaz tanto nos governos como nas empresas, uma fragmentação social e tudo isso dentro de um círculo vicioso. A qualidade declinará segundo uma exponencial negativa, devido ao corte de custos de instituições desiludidas com os programas de qualidade. Acontecerão diversas recessões econômicas, especialmente nos países emergentes. Aumentará a desigualdade entre um pequeno grupo de pessoas ricas e uma enorme massa de pobres desesperados, provocando a ruptura da cooperação e comunicação dentro dos vários aspectos sociais. Aumentarão o número de pessoas armadas e os protestos, desestabilizando governos em todas as partes do mundo, em particular na América do Sul. A Internet será um ótimo campo para malfeitores de toda espécie, que desenvolverão um mercado negro global, ameaçando a segurança nacional. Empresas ignorarão os programas do tipo ISO 9000 e ISO 14000 (2), pois os clientes irão preferir produtos mais baratos no lugar de cada vez melhores. O vício maior será o tempo diário perdido em jogos e distrações virtuais de todo tipo. 

3º cenário: um espetáculo de sustentabilidade 

Fundamentar-se-á no paradigma de que o progresso sustentável é o princípio organizacional vital para a sociedade. A qualidade é reconhecida como a melhor ferramenta para alcançar a sustentabilidade. Haverá aumento de governos autoritários, pois milhões de cidadãos exigirão o término da anarquia e das agressões ao meio ambiente, assim como o fim das crises financeiras, da violência social e do terrorismo internacional. A ONU começará a agir em muitos casos como um governo legislativo e executivo. Na Internet, surgirão proibições para vários tipos de comércio, taxas, censura e restrições de acesso, havendo um controle central. A China emergirá como uma superpotência. Haverá um “conselho global da qualidade”, cujo papel será o de resolver todos os “conflitos” em nível mundial. A esperança de vida em muitos países ultrapassará 95 anos. Alcançar o “Six Sigma” (3) nas empresas será mandatório e a sustentabilidade ambiental será imposta por uma lei mundial aceita por todos os países. A riqueza nacional não será limitada a seu PIB, mas também a seus recursos naturais e a saúde social. O mercado de ações será completamente reavaliado. A sociedade global será extremamente móvel, permitindo que se possa trabalhar em qualquer parte do mundo. 

4º cenário: o jardim da qualidade 

O mundo será virado de baixo para cima. A evolução seguirá o seguinte roteiro: permitir que a tecnologia dirija os negócios, que os negócios orientem a sociedade, porém sempre submetendo a tecnologia à promoção do bem-estar humano e à conservação da biosfera. As grandes corporações, os governos, as universidades, os sistemas legais etc. estarão centrados nos seres humanos, fundamentados na confiança e benefício mútuo. A qualidade será invisível, pois estará embutida em todo tipo de atividade. As pessoas trabalharão nas comunidades visando uma meta comum: melhoria da qualidade de vida de todas os seres humanos. O planeta se tornará uma aldeia global de alta qualidade; a qualidade se deslocará da cadeia de valor agregado nas operações, ou seja, fazer as coisas certas de forma certa.

Principais áreas de atuação: 

- ambiente: esforço de pesquisa 100 vezes maior do que o feito no projeto genoma humano, para administrar o legado ecológico do século XX;

- tecnologia: será cada vez mais invisível, estará em computadores biológicos ou talvez óticos; a inteligência artificial estará integrada na maior parte dos sistemas;

- organizações: serão desenvolvidas através de técnicas de qualidade, com base nas últimas gerações de ISO 9000, ISO 14000 e Six Sigma etc.;

- indivíduos: nas empresas, precisarão saber trabalhar em equipe, realizar trabalhos comunitários e preocupar-se com o local em que vivem e com o planeta; valorização do indivíduo cada vez maior com a atualização de seus conhecimentos, ponto vital para sua evolução na sociedade;

- sociedade: será cada vez mais pluralista, porém seus diversos grupos e culturas conviverão de forma pacífica; a sociedade estará se movendo para uma unidade com diversidade; e

- governo: as instituições governamentais serão enxutas e ágeis, focadas nos problemas comuns como serviços de transporte, saúde, proteção do meio ambiente, educação, segurança etc.

 

Notas: 

(1) Programa de Qualidade Total ou Programa 5S – A expressão “5S” origina-se de palavras que, em japonês (em sua transliteração), começam com “S”: 1) Seiri (senso de utilização), 2) Seiton (senso de ordenação), 3) Seisou (senso de limpeza), 4) Seiketsu (senso de qualidade de vida) e 5) Shitsuke (senso de autodisciplina). Há 4 sensos adicionais: 6) Shikaki (senso de firmeza), 7) Shitsukoku (senso de dedicação), Seisho (senso do relato com firmeza) e 9) Seido (senso de ação simultânea). O Programa 5S começou no Japão após a II Guerra Mundial, sob influência do professor norte-americano William Edwards Deming e do professor japonês Kaoru Ishikawa. Com os Programas 5S pretende-se criar ambiente disciplinado e motivado, com o objetivo de as pessoas perceberem a importância do ambiente de trabalho. 

(2) ISO - International Standardization Organization (Organização para Padronização Internacional): fundada em 1946 em Genebra, Suíça.

ISO 9000, Série - Lançada em 1987, é um guia de diretrizes para o desenho e a documentação de processo e práticas de qualidade total nas empresas (com abrangência - ISO 9001, 9002 etc.). Certificado que o Brasil passa a conceder a empresas que adotam padrões internacionais de qualidade e produtividade. Processo de certificação:

1) início; 2) implantação de programas de qualidade total na empresa; 3) empresa realiza ações visando a certificação; 4) a empresa solicita a certificação; 5) a empresa passa por auditoria de órgãos nacionais e internacionais; 6) se a auditoria der a aprovação para a certificação, faz-se a emissão do documento; 7) se a auditoria não recomendar a certificação, a empresa, após realizar ações corretivas, passará por nova auditoria; e fim do processo.

ISO 9001 - Modelo para garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados.

ISO 9002 - Modelo para garantia da qualidade em produção, instalação e serviços associados.

ISO 9003 - Modelo para garantia da qualidade em inspeção e ensaios finais.

ISO 9004 - Norma que estabelece como deve ser a gestão da qualidade dentro da empresa.

ISO 14000, Série - Visa estabelecer normas e ferramentas para a gestão ambiental nas empresas, especialmente: sistemas de gerenciamento ambiental corporativo, rotulagem de produto, análise completa do ciclo de vida, e políticas de desenvolvimento sustentável e de proteção ambiental. Certificado da ISO concedido a produtos fabricados segundo normas mundiais de controle ambiental ou “ecologicamente corretas”, como o “selo ecológico” (aprovação: julho de 1996, na reunião da ISO no Rio de Janeiro/RJ). Em alguns casos, a ISO 14000 poderá ser usada como barreira comercial. 

(3) Six Sigma (Seis Sigma) - Programa de qualidade total, em empresas “zero defeito” (um nível de qualidade que significa que se um bilhão de itens foi produzido, entre eles têm-se não mais que 2 defeituosos). Semelhante à série ISO (especialmente ISO 9000 e ISO 14000).


quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Ligação Greenwald-Lula: Corpo de delito - Por Félix Maier

Ligação Greenwald-Lula: Corpo de delito

A foto amistosa de Lula com Glenn Greenwald, saudado nas redes sociais como "Verdevaldo", e as publicações sensacionalistas feitas por ele no IntercePT para tentar destruir Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato, provam que o americano não é um jornalista, que tem o dever ético de ser neutro no trato das reportagens, mas um reles militante do PT, que quer soltar o maior ladravaz da história do Brasil, quiçá do mundo.
Greenwald está usando o trabalho criminoso de espiões (hackers) para atacar as instituições públicas do Brasil, assim como já fez em relação ao seu próprio país, os EUA, publicando no jornal inglês The Guardian dados secretos da NSA (Agência de Segurança Nacional), surrupiados pelo agente americano Edward Snowden, hoje homiziado em Moscou.
Segundo a revista ISTOÉ, de 26/06/2019, a Polícia Federal está à procura dos criminosos que atentam contra Moro e procuradores, como Deltan Dallagnoll, que envolveriam o próprio Snowden, além de conexões no Brasil, na Rússia e até em Dubai, nos Emirados Árabes. Parece que as mensagens do #ShowDoPavao que ferveram nas redes sociais não são necessariamente fake.
Ainda de acordo com a ISTOÉ, os irmãos russos Nikolai e Pavel Durov, donos do Telegram - aplicativo de mensagens usado por Moro e integrantes da Lava Jato -, hoje abrigados em Dubai, podem ter auxiliado no vazamento das mensagens por motivação ideológica, depois de Bolsonaro ter prometido a transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, mas baixando a bola em seguida, informando a abertura apenas de um escritório de negócios naquela cidade: "Adeptos do Islã, eles teriam ficado enfurecidos com a proverbial predileção do presidente Jair Bolsonaro por Israel em detrimento dos árabes" (ISTOÉ, in "CERCO AOS HACKERS", pg. 26).
"A PF investiga também a participação de um hacker internacional na trama, o russo Evgeniy Mikhailovich Bogachev, que recentemente recebeu US$ 308 mil, movimentados via Panamá e Anapa, na Rússia. Ele seria ligado ao esquema Greenwald/Snowden/Durov" (idem, pg. 27).



A ação dos hackers e do petista Greenwald teria por objetivo minar a Lava Jato, enfraquecendo tanto o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da força-tarefa, quanto o presidente Bolsonaro, além de auxiliar a libertação de Lula. As mensagens criminosamente vazadas a conta-gotas tentam, sem nenhum sucesso até agora, provar que havia um conluio Bolsonaro-Moro-Dallagnoll para condenar e prender Lula, tirando-o da campanha presidencial, deixando o caminho livre para Bolsonaro. Uma teoria da conspiração mirabolante, que não tem amparo nos fatos, pois é só observar o calendário para comprovar que não há ligação alguma entre a condenação de Lula, a campanha presidencial de Bolsonaro e a ida de Moro para o ministério da Justiça e Segurança Pública.
Aliando-se a criminosos nacionais e internacionais contra governos e Estados democráticos, Greenwald é também um criminoso, que deveria ser expulso imediatamente do Brasil.


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Hacker diz que Manuela D'Ávila intermediou contato com Glenn Greenwald


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Manuela D'Ávila admite ser intermediária entre Greenwald e hacker do caso Sérgio Moro


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Greenwald agiu como 'garantidor e orientador' do grupo criminosos, diz MPF

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Sérgio Moro não pode falar com procuradores. E Gilmar Mendes, pode falar com réu?



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Em 07/11/2019, em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, Greenwald leva um tapa de Augusto Nunes - cfr. em https://www.youtube.com/watch?v=R9MDvCn8VZ4.



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Quando Greenwald sorveu um pouco do veneno que destilou:

No dia 10/01/2023, o jornalista Glenn Greenwald disparou críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, nas redes sociais. Em sua conta do Twitter, ele escreveu: Existe agora, ou já existiu, uma democracia moderna onde um único juiz exerce o poder que Alexandre de Moraes possui no Brasil? Não consigo pensar em nenhum exemplo sequer próximo” (https://oglobo.globo.com/opiniao/pablo-ortellado/coluna/2023/01/poder-de-alexandre-de-moraes-requer-escrutinio.ghtml).

Sofrendo severas críticas na Web, especialmente de petralhas e seus genéricos, Greenwald passou a sorver um pouco do veneno que destilou no InterciPT contra o juiz Moro e procuradores, especialmente Deltan Dallagnol. Divulgar mensagens sigilosas hackeadas foi um serviço fundamental para enterrar a Lava Jato, "descondenar" o "descondenado" e eleger o "corrupto".



quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

"O DONO DO SUPREMO" - Por J.R.Guzzo

"O DONO DO SUPREMO"

J.R.Guzzo

Revista Oeste - 26/03/2021



Do ponto de vista político, para todos os efeitos, a principal Corte de Justiça do país passou a ser propriedade privada de Lula. Que raio de 'ordem constitucional' é essa?
O Brasil está vivendo numa situação de desordem. De um lado, por conta da pior epidemia de sua história, foi paralisado por governadores e prefeitos que ganharam poderes de ditador — como acontecia na América Central ou em algum fundão da África, onde os golpistas derrubam o governo, ocupam o palácio e tomam a central de energia elétrica. De outro, e aí está o pior da história, todo o sistema de leis entrou em colapso; parou de funcionar como um conjunto organizado, lógico e previsível de direitos e obrigações, e foi substituído por uma junta civil de onze juízes-advogados que aboliu a Constituição, anulou as funções dos Poderes Executivo e Legislativo, e hoje decide o que o cidadão brasileiro pode, não pode e é obrigado a fazer.
O desmanche da economia, das liberdades individuais e da vida social do Brasil, comandado pelas “autoridades locais” e por seus comitês de “cientistas”, deve durar enquanto durar a covid. A baderna instalada na sociedade brasileira pelo Supremo Tribunal Federal já são outros 500. Os ministros governam por default, como se diz. Perceberam que o Legislativo, de um lado, se pôs de joelhos diante deles — mais de um terço dos seus integrantes tem processos penais nas costas e estão no Congresso para se esconder da polícia; só o STF pode lhes causar problemas, e ninguém ali quer problema. Já sabem, de outro lado, que têm diante de si um Executivo frouxo, derrotado, sem músculos, sem energia e sem cérebro — incapaz de reagir às agressões que recebe o tempo todo dos ministros e incapaz, sobretudo, de defender as convicções dos seus próprios eleitores. O STF, assim, não tem nenhum motivo para mandar menos. É óbvio que só vai mandar mais.
O último surto dessa ditadura de Terceiro Mundo com pose de “sociedade civil” e roupa de lorde inglês foi um insulto em duas fases aos cidadãos que cumprem a lei e pagam os seus impostos, e mesmo aos que não pagam nada. Num primeiro momento, o ministro Edson Fachin anulou de uma vez só todas as quatro ações penais que envolvem o ex-presidente Lula, inclusive sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro em terceira e última instância. O ministro não deu um pio sobre provas, culpa, confissões ou qualquer outra coisa que tenha a ver com um processo criminal; apenas disse que Lula tinha de ser processado em outro lugar, e por isso as sentenças de condenação assinadas por nove magistrados não valem mais nada. Mas o STF achou que só isso não bastava: além de premiar o réu, decidiu que também tinha de condenar o juiz. Num segundo momento, então, a ministra Cármen Lúcia acrescentou a avacalhação ao desastre: declarou o juiz Sergio Moro “suspeito” — com base em informações obtidas por meio de crime — de ter sido parcial na primeira das nove sentenças de condenação. Não apenas Lula não tem culpa de nada; agora, o culpado é o juiz que mandou o chefe supremo para o xadrez. Do ponto de vista político, para todos os efeitos, a principal Corte de Justiça do país passou a ser sua propriedade privada.
Que raio de “ordem constitucional” é essa? O STF, tudo de uma vez só, endossa o “toque de recolher” imposto pelos governadores — medida que poderia ser decretada unicamente em estado de sítio. Não existe estado de sítio no Brasil, mesmo porque só o presidente da República, pela Constituição, tem o direito de decretar uma providência assim; mas o STF não toma conhecimento dessa deformidade. Os ministros prendem um deputado, sem ter nenhum direito a isso; ao mesmo tempo, conduzem há mais de um ano um inquérito perfeitamente ilegal contra seus inimigos, com censura à imprensa e prisão de jornalistas. Anulam leis votadas de maneira legítima pelo Congresso. Declaram nulos decretos do presidente da República. Proíbem a polícia de voar de helicóptero sobre as favelas do Rio de Janeiro. Vetam a nomeação de funcionários de primeiro escalão do Executivo. Anulam por motivos políticos, como fizeram neste caso de dupla proteção a Lula, processos que correm legalmente na Justiça. Atendem, de maneira quase automática, a petições de partidos políticos de esquerda que perdem votações no plenário do Congresso.
O STF não está mais funcionando, nem por aproximação, como uma Corte constitucional — o que poderia ter a ver com a Constituição, por exemplo, a alteração de menos de 0,1% na área de um parque nacional, que a Câmara aprovou e o STF anulou? Também não está funcionando como um tribunal de Justiça comum. Está governando — e está governando em favor de uma orientação política e partidária muito bem definida. As mentes civilizadas fazem de conta que o STF é neutro. Como assim, “neutro”? Oito dos seus onze ministros foram escolhidos justamente pelos dois governos mais corruptos da História do Brasil, os de Lula e de Dilma Rousseff — são, ao mesmo tempo, os mais beneficiados pelo “salva ladrão” geral que vem marcando sistematicamente as decisões penais do tribunal. Como seria possível esperar imparcialidade de um órgão composto de nomeações puramente políticas? Isso não sai nunca a preço de custo para o público pagante. Basta ver as decisões de cada um dos onze. Quem está ganhando?
É curioso. O STF diz que Sergio Moro é “suspeito”. E ele mesmo, o STF, não é suspeito de nada? Além de todas as suas outras aberrações, o tribunal vem funcionando, há anos, como um escritório de advocacia para ladrões milionários, sejam eles políticos ou não. E o beneficiado não é apenas o PT, nem de longe — nesse mesmo bonde estão o alto almirantado do PSDB, o centrão mais extremo e tudo aquilo que, de um jeito ou de outro, consegue roubar alguma coisa de algum cofre do governo. A propósito, o ministro Gilmar Mendes, o principal inimigo do juiz Sergio Moro e das investigações antiladroagem da Operação Lava Jato, achou que deveria fazer, sem ninguém lhe pedir, um elogio público aos advogados de defesa de Lula. Ou seja, não ficou contente só em condenar o juiz que condenou Lula — também pisou em cima. Esse é o “garantismo” que existe no STF real; o que se garante, mesmo, é o atendimento dos desejos, ideias e interesses pessoais dos ministros, dos seus amigos e dos amigos dos amigos.
Nesse último episódio, como se sabe, a ministra Cármen tomou a espantosa decisão de mudar o voto que ela própria tinha dado tempos atrás sobre o mesmíssimo assunto; decidira, então, que o juiz Sergio Moro não era suspeito de coisa nenhuma. Mas agora, sem que tenha acontecido rigorosamente nada de novo, e depois de ter “conversado muito com o ministro Gilmar Mendes”, resolveu atender o atual chefe da facção pró-Lula do STF e voltou atrás; disse que o seu primeiro voto não valia mais, e veio com um segundo exatamente ao contrário, este a favor do ex-presidente e contra o juiz que o mandou para a cadeia. Não há sustentação nenhuma para o que Cármen fez, nem do ponto de vista jurídico, nem do ponto de vista lógico, nem do ponto de vista da honradez; na verdade, como lembrou a advogada e deputada estadual Janaina Paschoal, poderia ser enquadrada em crime de responsabilidade — se o STF, é claro, não mantivesse as leis do país, o tempo todo, em estado de morte cerebral. A conduta de Cármen, em todo caso, combina perfeitamente com a atmosfera de anestesia moral permanente em que vivem hoje os ministros do tribunal.
O STF, pelas decisões que tomou nos últimos anos, transformou-se na maior ameaça à segurança jurídica no Brasil em que vivemos; como em qualquer país subdesenvolvido, aqui a mesma lei é diferente a cada vez que é aplicada pelo STF, e vai sempre na direção daquilo que os ministros estão querendo no momento. Tudo serve, nada é previsível. O cidadão, como resultado, está sempre inseguro: nunca sabe o que vão resolver, e nunca consegue se sentir protegido pela lei. A decisão de Cármen levou o STF a novos patamares de insegurança jurídica; é como se tivesse dobrado a aposta. Trata-se de insegurança jurídica direto na veia — o que pode haver de mais inquietante que um ministro do Supremo que muda uma decisão já tomada por ele mesmo? Se nem o próprio voto de um ministro vale mais nada, podendo ser trocado como um boné de praia, então o que está valendo? Se isso não é insegurança, então o que poderia ser?
O fato é que esse tipo de atitude não é novidade, levando-se em conta a qualidade individual dos integrantes do STF. Só é compreensível falar um pouco mais da ministra Cármen, aliás, porque foi ela a última a vir para o noticiário por conta do que fez; normalmente, o mais prático é ignorar que existe. Cármen Lúcia é uma pessoa pequena. Nunca se destacou em nada. Tem a firmeza ética de uma gelatina de segunda linha. Sua contribuição à ciência jurídica é igual a três vezes zero; como ocorre com seus colegas, nunca produziu em sua atividade profissional mais do que uma turva aglomeração de palavras repetidas, copiadas, mal pensadas e mal escritas. Até algum tempo atrás, Cármen tinha posições contrárias a Lula e à corrupção porque tinha medo do que poderiam fazer os militares; havia uns ruídos, aqui e ali, de que eles estariam insatisfeitos com a impunidade dos ladrões. Mas o tempo passou, os militares nunca saíram de onde estiveram e a estática sumiu; quando a ministra perdeu o medo, trocou de voto e de lado. (Essas coisas não acontecem só com ela: a coragem pessoal jamais trouxe algum problema para os atuais ministros do STF.)
Se tudo isso já não fosse mais do que desastroso do ponto de vista da estabilidade legal, ainda sobra uma pergunta: se o STF é tão “garantista” que exige o cumprimento rigorosíssimo da lei nos mínimos detalhes quando se trata dos direitos dos réus, por que esse mesmo STF admite como válidas informações obtidas por meio da prática de crimes? Foi o que aconteceu no processo em que Moro foi condenado. Que raio de “garantia” ao cumprimento da lei existe numa coisa dessas? O tribunal não só admitiu como “provas” contra Moro gravações criminosas de conversas telefônicas; baseou unicamente nelas a sua decisão. E a lei? Não está escrito ali que qualquer elemento obtido de forma ilegal não pode jamais servir de “prova” para coisa nenhuma? Está. Mas a lei, hoje, não é o que está escrito; é apenas aquilo que os ministros querem neste ou naquele momento.
A conduta atual do STF produz um Brasil cada vez mais subdesenvolvido, mais pobre, mais desigual, com menos oportunidades para todos, menos progresso, menos produção e menos esperança. É uma receita acabada de falência.



Policiofobia - Por Filipe Bezerra

 Policiofobia

Por Filipe Bezerra*

05/10/2015



A policiofobia é uma construção cultural que pode ser conceituada como a promoção sistemática do ódio, da aversão, do preconceito, do descrédito e da desmoralização dos profissionais de segurança pública do Brasil.
Ao contrário do que imagina o senso comum, a policiofobia não é consequência da violência policial ante a população de periferia, e tampouco é uma resultante do período do regime militar. A população de periferia historicamente nunca teve voz e a maioria dos policiais de hoje sequer viveram ou tiveram alguma ligação direta com o período dos chamados “anos de chumbo”.
Ela é, na verdade, uma construção artificiosa e ideológica de setores da política, da mídia e da academia, e é propagada, em regra, por indivíduos das classes média e alta que, no alto de suas torres de marfim, nunca sofreram abusos ou violência de policiais.
Não se pode negar, entretanto, que em meio ao efetivo das polícias exista uma minoria de psicopatas, corruptos e demais espécies de bandidos de farda, mas ninguém deseja mais que estes sejam excluídos, processados e presos do que a grande maioria de policiais honestos e de bem que tem a sua reputação profissional maculada pelas transgressões e crimes dos maus policiais. Mas é importante dizer que em nenhum outro grupo profissional o todo é julgado pela parte através de uma maliciosa e sistemática campanha de desmoralização.
Não faz muito tempo em que a mídia brasileira abordava o trabalho policial se não de uma forma positiva, mas, pelo menos, de uma forma neutra que possibilitava ao homem comum fazer um juízo de valor solidário aos homens e mulheres que arriscam a vida nas ruas na nobre missão servir e proteger a sociedade. De uma hora pra outra fatos isolados começaram a ganhar destaque e serem superdimensionados. A grande maioria das ações policiais - legítimas por natureza - passaram a ser solenemente ignoradas, de uma forma que hoje quase toda a cobertura do trabalho policial na grande mídia é em forma de pauta negativa. As séries e filmes policiais que exaltavam a humanidade, o heroísmo e a bravura desses profissionais sumiram e hoje é praticamente impossível encontrar uma produção cultural onde o personagem policial tenha razão.
Como os militares voltaram para os quartéis após a redemocratização, a polícia passou a ser o bode expiatório preferido de pseudointelectuais da academia e da política que, para promoverem a “luta de classes” através de um revanchismo tardio e descabido, fomentam abertamente à tolerância (e o estímulo moral) ao banditismo e, por conseguinte, a criminalização da atividade policial legítima.
O produto cultural destas ações é a grande inversão de valores que produz hoje no país a enorme sensação de impunidade que fez explodir a criminalidade. Essa mentalidade que odeia a polícia “opressora” invadiu também o judiciário já nos bancos universitários, e os policiais foram empurrados assim para uma legalidade que, de tão estreita, virou uma espécie de corda bamba onde se o policial age é acusado de abuso e caso se omita é acusado de prevaricação. Operou-se, assim, um verdadeiro desmonte do arcabouço jurídico de proteção à atividade policial. Hoje no Congresso Nacional, por exemplo, partidos políticos que sobrevivem da promoção do caos patrocinam projetos que querem acabar com auto de resistência e com o crime de desacato o que, se concretizado, sepultaria de vez a polícia e entregaria o Brasil de bandeja ao crime.
Em países de cultura sadia o heroísmo e a bravura da polícia é estimulada. Policiais que trocam tiros com bandidos perigosos são aclamados e valorizados, e não são raras as vezes que são promovidos por bravura pelas autoridades constituídas. No Brasil a mesmas ações resultam sempre numa presunção de culpabilidade de forma que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um policial ter, por exemplo, uma legítima defesa putativa reconhecida pelo judiciário. Ao policial brasileiro é presumido quase sempre o erro, a má fé, o excesso, o abuso e, muitas vezes, o crime.
Abandonados pelo estado e escutando apenas a parte esquizofrênica da sociedade que os condena, os policiais ficaram entregues à própria sorte e, por isso, são jogados à omissão.
O fomento da desmoralização da polícia ante a população menos letrada produziu também um paradoxo: se a polícia é violenta, ela deveria provocar medo e respeito na população e na criminalidade. Não é o que acontece. Se multiplicam as ocorrências em que pessoas desrespeitam a figura dos policiais e avançam sobre eles, o que tem causado mortes e lesões dos dois lados. Num passado recente era inconcebível uma pessoa sã atacar um policial armado.
Ante esse quadro, a desumanização da figura do policial veio a reboque. É possível observar uma certa psicopatia no ar ao ver que a sociedade não demonstra nenhuma empatia com os operadores de segurança pública que tombam assassinados por marginais. É como se o discurso hegemônico de proteção ao banditismo e criminalização da polícia produzisse uma Síndrome de Estocolmo coletiva, onde os indivíduos passaram a ter simpatia por seus algozes e odiar seus protetores, assim como ovelhas que odeiam cães pastores e sorriem simpáticas para os lobos que as devorarão.
Não se combate a criminalidade vestindo camisas brancas e pedindo paz. Nenhum bandido abandonará o crime e se tornará um trabalhador por causa disso. É preciso que a sociedade entenda em sua plenitude o velho adágio romano: si vis pacem, para bellum, que, nos dias de hoje, significaria: se queres paz, apoie a polícia. É preciso sustar o cheque em branco da impunidade e da hipocrisia e valorizar os soldados cidadãos que, ao fazer o enfrentamento direto ao crime, tentam devolver as ruas do país às pessoas de bem.
*Filipe Bezerra é Policial Rodoviário Federal, bacharel em Direito pela UFRN, pós-graduado em Ciências Penais pela Anhaguera-Uniderp, bacharelando em Administração Pública pela UFRN e membro da Ordem dos Policiais do Brasil.

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Artigo: Policiofobia
Filipe Bezerra é Policial Rodoviário Federal, bacharel em Direito pela UFRN, pós-graduado em Ciências Penais pela Anhaguera-Uniderp, bacharelando em Administração Pública pela UFRN e membro da Ordem dos Policiais do Brasil

P.S.: Leia POLICIOFOBIA: Um desastre brasileiro