MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A verdade proibida sobre Cuba - por Selman Vallejo

As 3 Cubas: Cuba de Fidel, dos cubanos e dos turistas


A verdade proibida sobre Cuba


por Selman Vallejo em 14 de outubro de 2004

© 2004 MidiaSemMascara.org

Nota - “Não sou nenhum herói, não quero morrer na prisão. Mas alguém precisa mostrar abertamente essas agressões. Faço isto por minha filhinha e por meu país”, diz o fotógrafo Luis Alberto Pacheco Mendoza. O jornal sueco Dagens Nyheter (http://www.dn.se/), é o primeiro no mundo a publicar estas fotos de um asilo para velhos em Cuba. Fotos que você jamais verá na grande mídia brasileira. A verdade que elas transmitem é auto-evidente: os prisioneiros da fortaleza de Abu-Ghraib receberam de seus inimigos americanos um tratamento muito melhor do que estes cubanos, oficialmente cidadãos livres, recebem de seu próprio governo. O episódio de Abu-Ghraib durou algumas semanas. O massacre físico e moral destes velhos indefesos prolonga-se há décadas, enquanto jornalistas venais, agentes de propaganda comunista e politiqueiros sem vergonha saem pelo mundo alardeando as virtudes da assistência social cubana. Olho estas fotos e me pergunto: Sebastião Salgado seria homem bastante para documentar estes fatos? Fernando Moraes teria fibra para perguntar destes velhinhos ao seu adorado Fidel Castro? O nosso presidente da República teria a hombridade de investigar se os 400 milhões de dólares brasileiros dados de presente à ditadura comunista vão melhorar ou piorar a sorte dessa gente? Deixo ao leitor a conjeturação das respostas. – Olavo de Carvalho.

Segundo a propaganda oficial, a assistência médica cubana é um exemplo para o mundo. A credibilidade desse exemplo baseia-se na impiedosa repressão dos jornalistas independentes, escreve Selman Vallejo, pseudônimo de um cidadão cubano, residente em Havana.

Parece emocionante envelhecer em Cuba. A maioria das pessoas viu o filme “Buena Vista Social Club”, aqueles velhotes alegres e sorridentes na pitoresca pobreza de Havana, cantarolando músicas nostálgicas. Privilegiados do Musikstudion Egrems que são favorecidos pelo regime e podem viajar ao estrangeiro, podem admirar os arranha-céus de Manhattan e receber aplausos em pé nos concertos no Carnegie Hall.

Quem vê o filme começa quase a querer envelhecer em Cuba. Tão romântico, tão meridional, tão macho e no entanto tão gentil.

Adolfo Fernández Sainz entendeu estas fotos. Ele é um ex-tradutor estatal que se tornou jornalista de oposição. Quando o filme surgiu e destacou-se por suas qualidades musicais, ele escreveu em uma reportagem para “Repórteres sem Fronteiras”: O violonista americano Ry Cooder leu e saiu em busca desse círculo, completamente esquecido, de velhos que vivem na pobreza e na fome, limpam sapatos, pedem esmolas e afogam em álcool barato sua nostalgia dos bons tempos.

Pobreza? Fome? São as últimas palavras que o governo cubano escolheria quando se gaba de sua assistência à velhice. O regime nega que existam pobreza e fome em Cuba, e que sejam algo que afete os velhos. Na última primavera foram criados inclusive os “clubes-dos-120-anos”, para promover a crescente longevidade.

Slogan sobre a velhice: “Envelhecer em Cuba é digno e tranqüilo”. Mas o lema mente: não é nem digno nem tranqüilo.

- Durante toda minha vida - diz um homem de 72 anos ao jornalista independente Julio César Galvez - trabalhei no porto de Havana e agora recebo uma pensão miserável. Eu preciso vender café e cigarros do que recebo com meu cartão de racionamento. A polícia nos persegue mas não pode nos impedir, pois somos obrigados a isso, a fome nos leva a isso.

Jorge Olivera, que trabalhou no setor estatal de mídia, viu em 2001 um programa de TV que homenageava casais velhos, e comparou as imagens brilhantes com a realidade cotidiana: “Velhos tristes que são obrigados a vender sua cota de mercadorias do Estado para conseguir comida e poder sobreviver”. José Izquierdo, que pertence ao grupo independente de jornalismo Decoro, escreveu há dois anos que os velhos em sua cidade natal Güines, próxima a Havana, “reclamam de maus tratos nas casas”. Por que então permanecem lá?

Izquierdo explica: “Geralmente eles não voltam para casa simplesmente porque as pensões não são suficientes para suas necessidades básicas”. É bastante sabido que os salários em Cuba são tão baixos que é matematicamente impossível comprar o suficiente para alimentar-se: os salários correspondem a oito dólares por mês, enquanto uma garrafa de óleo ou um litro de leite custam dois dólares e só podem ser encontrados nas dolarbutiques. A propaganda oficial cubana assegura que crianças até sete anos têm direito a comprar leite nas lojas estatais, mas isto não vale para os velhos.

2001 – Escreve um outro repórter: “No centro diurno “Alegria da Vida” (!) para velhos, na rua Enrique Barnet, em Havana, os pacientes não recebem mais leite nos lanches.”

Cerca de 14% dos 11 milhões de habitantes de Cuba têm mais de 60 anos. Eles pertencem ao grupo mais exposto da sociedade, não somente porque têm dificuldade de cuidar de si próprios, mas também porque não têm nenhuma possibilidade de fugir à sua sorte. Crianças, inclusive crianças de peito, têm a alternativa de escapar para a Flórida (por exemplo, Elián González). Mas não os velhos. Eles ficam.

Para sobreviver, eles precisam nutrir-se como puderem – inclusive vendendo o pouco que têm. Muitos perderam os dentes, o que pode ser uma benção, pois podem então vender sua cota de creme dental. E os que têm pressão alta vendem também o seu café.

Muitos tentam ganhar algo permanecendo na fila para os outros (um “fileiro” diante dos escritórios das autoridades pode ganhar 20 pesos, - 0,75 dólar - guardando um lugar), ou comprando um jornal por 0,20 pesos e vendendo-o de novo por um peso. Um destes pequenos empresários, Nestor, que recebe uma pensão de 110 pesos por mês (menos que cinco dólares), foi preso no ano passado por três policiais num terminal de ônibus. Foi maltratado, teve as mãos algemadas com correntes, foi arrastado e depois libertado, mas foi obrigado a pagar 70 pesos por comércio ilegal de mercadorias.

Alguns, muito poucos, beneficiam-se do trabalho social da Igreja Católica, que dirige abrigos para idosos como aquele que se chama em Havana “La Milagrosa”, onde os velhos, desde 1997, podem receber comida, albergue e cuidados médicos básicos. Mas nos últimos anos as autoridades cubanas proibiram essas igrejas de fazer trabalhos sociais. Na igreja Pastora, em Santa Clara, o padre espanhol Fidencio fez uma declaração: “A partir do 1º de junho, fica desativado o departamento de medicina, pois a assembléia não permite mais oferecer tais serviços”. Ele explicou que lhe disseram que Cuba é uma grande potência medicinal e por isso não tem necessidade alguma de distribuir remédios.

Essas medidas parecem ser parte de uma tentativa maior de limitar o trabalho das várias igrejas com prisioneiros, velhos e pobres. Em maio do ano passado, Caridad Diego – responsável por questões religiosas junto ao Comitê Central do Partido Comunista Cubano – explicou que é imoral receber presentes (isto é, divisas fortes) dos turistas. Isso obviamente não é realista, pois as igrejas não poderiam sobreviver sem auxílio do estrangeiro.

A maior parte dos idosos em Cuba não pode contar com nenhuma ajuda de parentes no estrangeiro, e o Estado não pode ter a seu cargo aqueles que agora não podem nem ao menos contar com o apoio da Igreja.

Victor Rolando Arroyo, um ativista de oposição de Pinar del Rio, falou sobre este fenômeno: “Observamos uma inimizade do regime contra certas instituições eclesiásticas que tentam fornecer comida, fazer reformas de casas ou oferecer outros simples serviços para o crescente grupo de idosos da província de Pinar del Rio”.

Ele toma como exemplo uma casa onde existe uma lista de espera: se nenhum idoso morre, ninguém a mais pode alojar-se nela. Ele descreve a cena seguinte: “Olhos tristes, sujos, roupas puídas e sapatos rotos são coisas para não ser exibidas por um governo que, em sua propaganda política em todo o mundo, espalha a imagem de Cuba como exemplo para as outras sociedades.”

Edel José García é jornalista no escritório independente Centro Norte Press. Ele descreve as condições físicas dos idosos na casa Villa Clara: os banheiros são sujos e têm um fedor insuportável, os lençóis não são devidamente lavados, e baratas, ratos, moscas e mosquitos podem ser vistos dia e noite no imóvel.”

Normando Hernández falou com alguns moradores da casa de repouso de Camagüey. “Estou morrendo de fome. É muito pobre aqui. Não existe nem mesmo um pedaço de açúcar para dissolver e beber com água”, disse um deles, de 89 anos. “Os velhos isolados estão sujos e o lugar fede a urina e dejetos”, contou um morador em uma instituição na aldeia de Céspedes para Normando.

Se esta é a verdadeira situação, por que Cuba é sempre vista na opinião internacional como um exemplo luminoso em matéria de assistência aos idosos? Por que este quadro sombrio é tão desconhecido? A resposta é simples. Fidel Castro não quer que isso seja conhecido, e então prende todos os escritores que sabem a respeito e os joga na prisão após processos sumários que nada têm de justos: Adolfo e Julio César receberam quinze anos cada um, Jorge e José dezoito anos, Victor Rolando recebeu 26 anos (ele é jornalista e ativista, de modo que as autoridades cubanas pensaram em puní-lo com uma pena extremamente severa), Edel recebeu quinze e Normando 25.

Mas alguns que ainda estão livres (isto é, relativamente livres), continuam a escrever e juntar documentação fotográfica sobre a situação dos idosos em Cuba. Entre estes corajosos repórteres estão Adela Soto Alvarez e o fotógrafo Luis Alberto Pacheco Mendoza, ambos de Pinar del Rio.

Luiz Alberto, que fez as fotos aqui publicadas, esclarece por que quer ter seu nome publicado: “Alguém precisa fazer isto; alguém precisa mostrar abertamente essas agressões. Eu não sou nenhum herói, não penso em expor-me ao perigo e não quero parar na prisão, mas faço isto por minha família, por minha filha e por meu país”. E acrescenta: “O que acontece nestes lugares é, claramente, puro assassinato. Trata-se dos ângulos escondidos da vida em Cuba, que ninguém, nem mesmo a maioria dos cubanos, conhece. E isto pode ser ainda apenas uma parte; é pena que as fotos não possam mostrar sons e, principalmente, cheiros”.

No último dezembro, sua colega Adela descreveu o estado das instituições que as fotografias mostram. “As casas são mal-construídas, móveis defeituosos, as cobertas sujas agravam as condições sanitárias catastróficas e os maus tratos das pessoas... Os lençóis estão sujos de urina, assoalho, paredes e camas estão sujos de dejetos e ninguém impede os idosos de usá-los... Os pertences dos internos foram empacotados em caixotes de papelão, pois não existem cabides ou gaveteiros. Os deficientes, físicos ou psíquicos, não têm nenhuma cadeira de rodas ou sofás para sentar, muito menos roupas ou sapatos convenientes as suas idades, muito menos velas ou cobertas para o inverno... Os que estão presos a camas deitam diretamente no náilon, o que provoca infecções de pele e escaras”.

Alguns meses mais tarde, em fevereiro deste ano, Adela e Luis Alberto voltaram à mesma instituição e testemunharam que “agressões contra os idosos não são punidas, pois os funcionários não ousam apresentar críticas. Eles têm medo de perder o emprego e expor-se a represálias.”

Sobre a questão, disse outro jornalista em março deste ano: “Um enfermeiro, Carlos Rodríguez, foi submetido a um comitê de disciplina da administração de um asilo de velhos na Rua de la Reina, em Havana, por ter criticado a conservação da casa. Ele protestou contra o salário dos enfermeiros (198 pesos cubanos, ou seja, 7 dólares ao mês), contra a má qualidade da comida servida aos idosos e a falta de uniformes para os enfermeiros. “Além de todos esses problemas – disse Rodríguez – faltavam-nos remédios, material e o equipamento exigido para poder dar cuidados adequados aos idosos”. (É preciso acrescentar que esta é uma queixa recorrente, apesar de os medicamentos e equipamentos, depois de 2001, estarem isentos do embargo comercial dos Estados Unidos).

O filme-homenagem “Comandante”, de Oliver Stone, mostra como Fidel Castro “espontaneamente” é submetido a um electrocardiograma e, “de passagem”, faz saber que ele pode viver até os cem anos. Essa é uma pavorosa visão de futuro para a maioria dos cubanos, que entendem desde há muito que as transformações necessárias a Cuba não acontecerão antes desse “fato biológico”, a morte de Castro, e quanto mais isso demorar, mais sofrimento significa para seus súditos. A maioria dos residentes na ilha espera, por este motivo, que o “fato” aconteça logo.

Mas muitos guardam também um secreto desejo de ver Castro viver muito, muito mais tempo, desde que sem poder e sem favores especiais – se possível em alguma dessas instituições, para que ele possa sentir em sua própria pele o que o conceito de “dignamente e tranqüilamente” chegou a significar sob seu regime

Fonte:



Tradução direta do sueco por Janer Cristaldo. O autor do artigo escreveu sob pseudônimo para evitar represálias do governo cubano.





Cuba, a Tragédia da Utopia

por Da Redação MSM em 20 de outubro de 2004

Resumo: Saiba mais sobre o novo livro do intelectual Percival Puggina "Cuba, a Tragédia da Utopia".

© 2004 MidiaSemMascara.org

“Cuba, a Tragédia da Utopia”, novo livro do arquiteto e escritor Percival Puggina, está sendo lançado em Porto Alegre pela Editora Literalis. A obra contém uma combinação de narrativa histórica com análise política, social e econômica feita pelo autor, suas observações de viagem, relatos de experiências pessoais e conversas com dissidentes cubanos. A apresentação é feita pelo filósofo e professor Denis Rosenfield.

O livro sobre Cuba é o segundo escrito pelo arquiteto, que já lançou “Crônicas Contra o Totalitarismo”, uma coletânea de artigos publicados na imprensa gaúcha.

Resultado de muitas peripécias do autor em Cuba, o novo livro é uma obra polêmica, como não poderia deixar de ser, em se tratando de Percival Puggina, um escritor de posições inequívocas. O Rio Grande do Sul, que o conhece, sabe disso. Mas esta a “Tragédia da utopia” vai mais longe. Para respaldar seus pontos de vista, Puggina reuniu dados concretos e documentos indesmentíveis, muitos deles certamente desconhecidos dos brasileiros.

O filósofo Denis Lerrer Rosenfield, na apresentação da obra, afirma: "Lógico em seu retrato da dominação castrista, o autor mostra como os traços totalitários do regime, que se esboçavam desde o início, terminaram por se consolidar numa ditadura que não poupa nem seus autores-companheiros. Essa antropofagia, aliás, é uma característica de sociedades totalitárias".

Percival Puggina nasceu em Santana do Livramento/RS e tem 59 anos. Casado, é pai e avô. Arquiteto formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez carreira na iniciativa privada atuando em grandes empresas de engenharia do país. Em meados da década de 80 passou a ganhar destaque no cenário político e intelectual gaúcho com a produção de textos requisitados em todo o Estado.

Sua ascensão foi crescente, figurando hoje dentre os nomes mais publicados pela imprensa regional. Ganhou destaque nas demais mídias tevê, rádio e internet por sua condição de polemista e debatedor implacável.

Conferencista com presença habitual em diversos estados brasileiros, tornou-se referência nacional na defesa da Doutrina Social Cristã. Com a chegada do PT ao poder, tanto no Rio Grande do Sul quanto no país, as idéias de Puggina ganharam força e o fizeram um dos mais bem preparados críticos do totalitarismo.

A contracapa do livro contém um texto de um manifesto que Oswaldo Payá Sardinas, conhecido dissidente cubano enviou à última sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU, formulando as seguintes perguntas:

- Por que os cubanos têm que pedir licença para entrar e sair de seu próprio país, e muitas vezes isso não lhes é concedido?

- Por que, se todos somos iguais, há uma classe dirigente enriquecida, enquanto há uma maioria pobre que sequer pode dizer que é pobre?

- Por que a classe privilegiada vive em residências de bairros luxuosos, chamadas legalmente zonas congeladas e os cubanos são perseguidos por tentar construir uma choça ou uma habitação?

- Por que a polícia pede identificação, humilhando negros e pobres nas zonas turísticas?

- Por que há um apartheid humilhante para os cubanos, proibidos de entrar em muitas praias e instalações turísticas?

- Por que tratam de eliminar o nome de Deus, na sociedade e na cultura, impondo o ateísmo a um povo religioso desde a raiz?

- Por que enganaram aos cubanos falando contra o capitalismo selvagem se muitos dos grandes dirigentes comunistas se converteram em novos e únicos capitalistas, enquanto nos seguem dizendo "socialismo ou morte" quando os cubanos querem "liberdade e vida"?

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=33952&cat=Artigos&vinda=S 


Cubanos de Miami, EUA, comemoram a morte de Fidel Castro (25/11/2016)

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