MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

KGB: Os segredos de um super espião

Os segredos de um super espião

27.11.2005

http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M384566,00.html

Um general russo que já ocupou um posto-chave no serviço de espionagem da União Soviética - mas hoje vive nos Estados Unidos como consultor - revela detalhes de uma operação de chantagem internacional, envolvendo a bilionária Cristina Onassis.

Um simples banho de mar no Rio de Janeiro transformou a bilionária grega Cristina Onassis em personagem involuntário de uma operação de chantagem internacional: um capítulo pouco conhecido da vida da mãe de Athina Onassis. A reportagem é de Geneton Moraes Neto.

Um general russo que já ocupou um posto-chave no serviço de espionagem da União Soviética - mas hoje vive nos Estados Unidos como consultor - revela detalhes da operação. A reportagem é de Geneton Moraes Neto.

O homem que hoje caminha anônimo pelas ruas da capital dos Estados Unidos já foi um super espião, envolvido em intrigas internacionais, falsificação de documentos, atentados políticos e guerra de informação. O russo Oleg Kalugin era general da KGB, o temido serviço de espionagem da União Soviética. O general ocupou um cargo estratégico: diretor do Departamento de Contra-Informação Externa na KGB, em Moscou.

O "OURO DE MOSCOU"

"Por ordem do Partido Comunista da União Soviética, a KGB dava dinheiro a cada Partido Comunista de outros países, inclusive o Brasil. Desde o fim da Segunda Guerra, foram milhões de dólares", revela Oleg Kalugin.

A NOTÍCIA

Um dos casos que o super espião acompanhou teve o Brasil como cenário. "Quando um jornal brasileiro publicou uma pequena notícia sobre a presença de um cidadão russo no Brasil, nós passamos a nos ocupar do caso", lembra Oleg Kalugin.

Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Cristina Onassis, uma das mulheres mais ricas do mundo, toma banho de mar com um namorado russo, Serguei Kauzov, que atuava em Paris como representante da Marinha Mercante soviética. O fotógrafo Alberto Jacob, do jornal "O Globo", documenta tudo. O namorado russo de Cristina Onassis foi imediatamente convocado de volta a Moscou.

A OPERAÇÃO

"O fato de Kauzov estar no Brasil com Cristina Onassis significava uma violação de disciplina, porque ele era informante da KGB. Teria de ser punido. Além de tudo, ele estava envolvido em irregularidades financeiras na Marinha", conta Oleg Kalugin.

A DECISÃO

Numa reunião que contou com a participação de Yuri Andropov, o chefão da KGB, o general fez uma proposta ousada. "Se puníssemos o namorado de Cristina Onassis, nós estaríamos criando um escândalo internacional. Cheguei à conclusão de que ele seria mais útil para nós se ficasse livre, porque o casamento com Cristina Onassis poderia ser uma maneira de levantar dinheiro para a causa comunista. Afinal, se ele tivesse um filho com Cristina Onassis, os bilhões de dólares da família Onassis poderiam passar um dia para um cidadão soviético", explica Oleg Kalugin.

A decisão final foi tomada: Kauzov ficaria livre para se casar com Cristina Onassis, desde que fizesse uma contribuição em dinheiro para o Partido Comunista da União Soviética. Em um livro inédito no Brasil, o general dá os números: diz que Kauzov foi obrigado a entregar US$ 500 mil ao partido. A Operação Onassis foi bem-sucedida.

A GUERRA DA INFORMAÇÃO

O general da KGB teve participação importante na guerra de informação contra os Estados Unidos, o grande inimigo da União Soviética. "Havia notícias que eram inventadas na KGB para atingir a reputação dos Estados Unidos e da CIA, a agência de espionagem americana. A KGB inventou a história de que Lee Oswald, o assassino de John Kennedy, era parte de uma conspiração entre a CIA e os conservadores que dominavam a indústria do petróleo. A verdade é que a KGB falsificou uma carta supostamente escrita por Lee Oswald para um grande empresário da área petrolífera”, revela Oleg Kalugin. “A morte de um secretário-geral da ONU, num acidente aéreo, no início dos anos 60, também foi atribuída à CIA. Igualmente, a morte do ex-primeiro-ministro italiano Aldo Moro, assim como a de Indira Ghandi, na Índia. A KGB atribuía à CIA tudo o que acontecia no século 20. Assim, poderíamos promover a causa soviética", justifica.

Valia tudo na guerra na guerra por corações e mentes. O general, que já esteve no centro do combate entre o capitalismo e o comunismo, se transformou no mais alto oficial da KGB a quebrar os segredos dos bastidores da espionagem.

O "PARAÍSO NA TERRA"

"O comunismo era – e é – uma grande idéia, baseada em bons princípios cristãos. Mas essas grandes idéias ficaram desacreditadas porque não se pode construir um Paraíso na Terra à custa de milhões de vidas humanas", conclui Oleg Kalugin.


Obs.: matéria apresentada no "Fantástico", da TV Globo, 27/11/2005.




Obs:

Verbetres de "Arquivos I - Uma história da intolerância", de minha autoria, disponível em http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/06/arquivos-i-uma-historia-da-intolerancia_78.html:

Ouro de Moscou - Dinheiro remetido pela União Soviética a organizações comunistas e simpatizantes do Brasil, como o PCB e a UNE. Luiz Carlos Prestes era agente do Komintern, recebia salário regular de Moscou, que prestou apoio financeiro a ele e a outros facínoras para deflagrar a Intentona Comunista de 1935, a exemplo do alemão Arthur Ernest Ewert, Olga Benário, Pavel Stuchevski, Jonny de Graaf e do argentino Rodolfo Ghioldi. A UNE, em 1963, recebeu 5.000 dólares da União Internacional de Estudantes (UIE), órgão de fachada do Movimento Comunista Internacional (MCI). O fato foi relatado a Zuleica D’Alambert por um dos vice-presidentes da UIE, o brasileiro Nelson Vanuzzi. O senador Roberto Freire foi o último comunista brasileiro a receber contribuição de Moscou, por ocasião de sua campanha eleitoral à Presidência do Brasil, em 1989. Quem fez esta declaração foi o ex-diplomata da União Soviética no Brasil, Vladimir Novikov, coronel da KGB, que serviu em Brasília sob a fachada de Adido Cultural junto à Embaixada Soviética, nos anos de 1980. Segundo Novikov, o dinheiro remetido pela KGB a brasileiros “era gasto com mulheres, compra de imóveis e festas. Fui eu que parei com essa história de entregar dinheiro para os comunistas do Brasil. Os comunistas brasileiros continuaram recebendo em algum lugar da Europa [Suíça, segundo o historiador Carlos I. S. Azambuja]. Mas minha rede não precisava mais perder tempo com esses inúteis” - cfr. http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=12280&cat=Ensaios&vinda=S.

IUS - International Union of Students (União Internacional de Estudantes - UIE): o onagro tinha sede em Praga, Tchecoslováquia, e remetia o “ouro de Moscou” à UNE de José Dirceu, José Serra, Aldo Rebelo.

Félix Maier


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