MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

DOM HELDER CÂMARA - Uma retrospectiva de fatos - por Júlio Fleichman


DOM HELDER CÂMARA - Uma retrospectiva de fatos

Júlio Fleichman

Tenho sobre minha mesa 10 pastas cheias de recortes sobre D. Helder Câmara. Cobrem o período que vai de 1964 até 1977. A simples existência dessas pastas, cheias de recortes que nos informaram, aqui no Brasil de TODOS os pronunciamentos de D. Helder Câmara, muitos transcritos na íntegra e em TODOS os jornais, desmentem por si só a alegação de que D. Helder é aqui "totalement censuré", como costuma dizer contra nós o jornal "La Croix" de Paris. Mas, como não pretendo ser democrata nem partidário da liberdade de imprensa (no sentido em que esta expressão é entendida nos Estados Unidos) acrescento que uma coisa D. Helder Câmara tem sido e continua sendo, graças a Deus, impedido de fazer pelo Governo brasileiro. Não que seus pensamentos sejam expressos e publicados mas, sim, que ele faça CAMPANHAS públicas em que mistificaria a opinião pública com sua condição de Arcebispo, fingindo que a Igreja Católica, a que tem 20 séculos e é sempre a mesma, endossa suas atitudes. Isso sim, graças a Deus, lhe é proibido.

Helder Câmara nasceu em 7/12/1909. Tem hoje, portanto, 68 anos. Foi feito bispo auxiliar do Rio de Janeiro em março de 1952. Nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, no nordeste brasileiro, em março de 1964, dias antes que eclodisse o levante militar que depôs seu amigo e companheiro, o Presidente João Goulart, a quem ajudou como pôde.

Durante a década de 1930/40, Helder Câmara, já um padre, era integralista (partido fascista brasileiro, cujo "fuherer" era o escritor Plínio Salgado e cujas camisas, à semelhança dos partidos fascistas europeus, era não negra nem parda mas verde). O jornal "O Estado de São Paulo", de 25 de maio de 1968, publicou uma antiga fotografia do padre Helder Câmara, em 1934, na cidade de Belém, capital do Estado do Pará, norte do Brasil, cercado de "camisas verdes" e em plena arenga política com os mesmos gestos dos braços e as caretas como hoje faz (hoje as caretas de D. Helder Câmara são "bondosas"; naquele tempo eram ameaçadoras). Esta fotografia foi também publicada no "Jornal do Comércio" de Recife, de 23/5/68 e reproduzida na revista francesa "Minute", de 4/10 de fevereiro de 1971, página 5.

Durante cerca de 12 anos, Helder Câmara foi assistente eclesiástico do nosso Centro Dom Vital, a associação de escritores católicos presidida por Alceu Amoroso Lima da qual saíram Gustavo Corção e a maioria dos sócios em 1963, quando Alceu Amoroso Lima, juntamente com Helder Câmara, já mostrava inequívocos sinais de progressismo e esquerdismo.

A partir de 1955, Helder Câmara, já bispo auxiliar do Cardeal D. Jaime Câmara, do Rio de Janeiro, e secretário-geral da CNBB ganhou fama de organizador, por ter sido o responsável (segundo se dizia) pela boa marcha dos trabalhos do Congresso Eucarístico Internacional. Por essa época, o jornal "O Globo", de Roberto Marinho, possivelmente com boa intenção, colocava jornalistas e fotógrafos à disposição de Helder Câmara que não dava um passo sem ser muito fotografado e muito noticiado. Sua paixão pela notoriedade, seu excessivo interesse pela publicidade e auto-promoção, tiveram aí talvez um reforço irresistível e avassalador. Dizem que ao dar comunhão, se pressente o "flash" de um fotógrafo, pára com a hóstia no ar e compõe uma atitude fotogênica.

A notoriedade que alcançou, sua influência junto a donos de jornais e também a empresários que, por meio dele, procuravam, às vezes sem intuitos subalternos, prestar algum auxílio à diocese ou a organizações caritativas, fizeram de Helder Câmara (que não sopitava sua ânsia de prestígio e influência) uma personalidade cada vez mais importante. Cercado de senhoras que o viam como uma espécie de São Vicente de Paulo (mas que também sabiam que ele era um ambicioso político como pude testemunhar pessoalmente) tinha a serviço da promoção de suas campanhas mas também de sua auto-promoção, as esposas de muitos homens influentes e poderosos na política, nos negócios, na alta finança. Durante os anos em que governaram Juscelino Kubistchek e João Goulart (1956 a 1964), foi uma das mais poderosas eminências pardas do mundo político no Brasil, como se pode comprovar, entre outros, pelos seguintes exemplos indiretos:

Em 1958 os jornais publicaram subitamente, com grande destaque, que o presidente de uma organização governamental de âmbito municipal, ocupada em obras públicas do Rio de Janeiro, chamada Sursan, denunciava como ladrão o seu assistente imediato (cujo nome conheço mas deixo de publicar em vista dos anos passados). Esse assistente era um protegido de Helder Câmara, por ele nomeado para aquele posto através da condescendência do Presidente Kubistchek para com o bispo. A acusação do Presidente da Sursan, Sr. Maia Penido, era específica. O acusado roubava pagamentos a serem feitos, para cada caminhão de transporte de terras usado no desmonte do morro de Santo Antônio. O Sr. Maia Penido era, também ele, um homem influente, e ordenara a abertura de um inquérito de apuração dos fatos. No dia seguinte, 24 horas depois, o referido assistente da Sursan foi transferido administrativamente para o Gabinete da Presidência do Brasil, isto é, saíra do âmbito municipal para o federal e além disso, para o gabinete presidencial. Escapava assim ao inquérito e à punição. A prova de poder político de Helder Câmara que todos os jornais disseram, na ocasião, ser o autor da transferência, era evidente. Para nós, desnecessária. Todos, no Brasil, sabiam da influência de D. Helder Câmara.

O que nem todos sabiam porém era até que ponto ia essa influência. Quando houve o levante militar em 1964 e o governo da cidade do Rio de Janeiro ficou livre das pressões do Presidente João Goulart, o novo presidente nomeado pelo Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, para o Banco do Estado da Guanabara, Sr. Dario de Almeida Magalhães, denunciou ao Governador que havia encontrado entre os documentos importantes do Banco, uma nota promissória, vencida e não paga, cujo devedor era o Sr. Dom Helder Câmara. O valor do dinheiro levantado pelo referido bispo, no montante de um bilhão de cruzeiros (cruzeiros de 1962) era igual ao do capital total do Banco. Esse dinheiro foi usado por D. Helder Câmara para suas promoções demagógicas irresponsáveis como, por exemplo, construir prédios de apartamentos para favelados no meio de áreas residenciais mais abastadas como a Praia do Pinto. O fato foi mais tarde tornado público pelo próprio Governador Carlos Lacerda em depoimento publicado no jornal "O Estado de São Paulo", de 17/6/77, já depois de sua morte, depoimento esse em que o conhecido orador e político dizia de Dom Helder Câmara que ele era "a humildade mais bem organizada do Brasil". O que nos lembra (como aliás todas as caretas "bondosas" de Dom Helder) a figura de Uriah Heep de "David Copperfield".

Estes dois exemplos (há outros) são suficientes. Nessa época D. Helder Câmara &
8213; freqüentador de ricaços, banqueiros e membros de "international set" &
8213; influia na eleição da diretoria do Jockey Club, na nomeação de ministros, na composição de arranjos políticos e foi então que algumas das senhoras ricas que o julgavam um São Vicente de Paulo descobriram que Helder Câmara, como dizia o Dr. Zhivago dos comunistas, é um homem que mente. Afirmo isso porque sou testemunha de tais descobertas e de tais decepções.

Nos dias que antecederam o levante militar de 1964, quando a angústia apertava a garganta de todos os homens de bem e pais de família do Brasil; quando João Goulart e os comunistas que o cercavam já tinham dado início a diversas providências para sovietizar o país, inclusive criando "comissariados", ocupando fazendas e fábricas, mantendo um clima de agitação permanente nas ruas, nas universidades e nos jornais e, finalmente, começando a organizar comícios de "protesto" de marinheiros e soldados e comícios "gigantes" como o da Central do Brasil em 13 de março de 1964, Helder Câmara, já nomeado Arcebispo de Olinda e Recife, juntamente com o Cardeal de São Paulo de então, procuravam ajudar a obra de decomposição de João Goulart. No dia 24 de março, dias antes do levante militar, quando já havia começado a reação das senhoras católicas de Minas Gerais e São Paulo e já se programava a primeira "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", Helder Câmara, talvez pela primeira e última vez, vestiu as mais solenes vestes vermelhas que um bispo pode usar e foi, em companhia de Dom Carlos Mota, Cardeal de São Paulo e conhecido simpatizante do Presidente Goulart, fazer a este uma visita no Palácio. Com ele almoçaram. Foram fotografados e, com toda a sua fapela, ambos e mais Goulart saíram nos jornais de esquerda do dia 25/3/64 em grandes fotografias. Na véspera do dia 31 de março, quando eclodiu o levante, as estações de rádio favoráveis a Goulart repetiam o dia inteiro: "O Presidente Goulart não é um comunista. Agora mesmo a Igreja, na pessoa do Cardeal Mota e Arcebispo Helder Câmara foram prestigiá-lo por suas reformas sociais etc".

Derrubado Goulart, Helder Câmara, que era, não o esqueçamos, secretário-geral da CNBB, onde já havia montado;,com o auxílio das senhoras que o cercavam, as que ainda o consideravam um santo; todo um "staff" de gente de sua confiança, procurou entender-se com o Presidente Castelo Branco. Mas este, homem inteligente, que conhecia muito bem quem era Helder Câmara, não se deixou influir e não esqueceu os serviços prestados por Helder Câmara aos presidentes da República que haviam corrompido, desonrado e quase destruído o Brasil. Helder Câmara, segundo se dizia então, compreendeu perfeitamente no encontro que teve, juntamente com outros bispos, com o general Castelo Branco, que as portas dos palácios estavam fechadas para ele enquanto os militares governassem o Brasil. Data dessa época sua "descoberta" da necessidade de empenhar-se em campanhas difamatórias no exterior em que procurava sobretudo estabelecer movimentos de "opinião" que acabassem influindo no país.

Ao longo de todos esses anos, enquanto passamos lentamente, um após outro, os numerosíssimos recortes de jornais, vemos que a trajetória de Helder Câmara foi, evidentemente, facilitada por contatos no Vaticano, em organizações suspeitas tipo "Associação dos Amigos da Democracia no Brasil" com sede em Paris e outras com sede na Alemanha, muitas das quais o próprio Helder Câmara relacionou com uma certa coragem impudente na cínica resposta que deu a uma entrevista do então Governador Abreu Sodré, datada de outubro de 1970, assunto a que faremos alusão mais adiante.

Apesar de todas as aparências, apesar do caráter de muitas de suas declarações francamente marxistas, favoráveis a assassinos subversivos, explicitamente socialistas, etc.; a nosso ver o que temos diante de nós é tão somente um espetáculo em que se misturam um oportunismo que não recua diante de nada, uma insopitável ânsia de notoriedade e um grande desejo de influir politicamente. Sabendo-se definitivamente afastado de qualquer possibilidade de influência política e notoriedade fácil no Brasil, Helder Câmara, como tantos outros homens públicos fizeram, procurou usar o nome que já tinha de um modo que obrigaria os jornais, as agências noticiosas, enfim, os órgãos de comunicação de prestígio a ocupar-se dele. Como se sabe, é o "sensacional", o inusitado, o conflitante, o escandaloso, que realmente interessa aos jornalistas. É por isso que Helder Câmara dedicou-se a estes temas e o fez de um modo que chega a absurdos como veremos mais adiante. Ele explora o que pressente no ar, ele diz o que os tempos corrompidos e perturbados gostariam de ouvir, ele atende aos desejos que, antes de seus pronunciamentos, eram para muitos apenas uma tentação; com tais pronunciamentos passam a ser atos praticados. O caráter moral desses atos tornar-se-á mais claro no dia do seu julgamento pessoal que não nos compete. Mas compete-nos a impossibilidade de crer até mesmo no seu comunismo. Ele não tem suficiente vigor para ser comunista. Quanto aos seus pronunciamentos, são de índole comunista, é indiscutível, como veremos adiante.

Já em junho de 1964 o jornal "La Croix", órgão da Arquidiocese de Paris, em editorial de primeira página transcrito no "Jornal do Brasil" e outros jornais de 6/6/64, examina um Manifesto de Bispos brasileiros, movidos pelo então secretário-geral da CNBB que, embora reconhecendo o perigo comunista que ameaçava o Brasil e que justificava o levante militar, já começavam a se referir a uma inquietação pela depuração e prisão de comunistas, aliados do Presidente Goulart. "La Croix" não hesita em ir mais longe do que os bispos brasileiros, ainda muito tímidos. Nega que os comunistas estivessem a ponto de tomar o poder apesar do que os próprios bispos dizem. E logo aproveita o que os bispos dizem para estender seu sentido: "Com suas fórmulas gerais parece que os bispos visam não só alguns fatos concretos mas também as próprias disposições da lei constitucional provisória promulgada pelo poder revolucionário".

Mais tarde, no seu afã de movimentar "opiniões públicas" fabricadas pela máquina que se montava na Europa, com a ajuda daquelas "Associações", Helder Câmara funda, um atrás do outro, inúmeros movimentos de pressão, esperando, da iniciativa da fundação de cada um (e da repercussão que a fundação tem, habitualmente, nos órgãos de difusão) que o impacto deles exercesse alguma influência aqui. Cito ao acaso: Em 1968, funda o Movimento "Ação, Justiça e Paz"; nesse mesmo ano, outro movimento: "Pressão Moral Libertadora"; em 20/8/69, outro movimento, ainda sem nome, prometido para ser fundado no dia 12/10/1969, data do centenário de nascimento de Gandhi, "para libertação de todos os povos da América Latina e do Terceiro Mundo, de qualquer tipo de imperialismo", como disse em entrevista ao jornal "Avvenire" de Milão. E vários outros. É claro que esses "movimentos" logo desapareciam, para outros serem fundados depois.

D. Helder voa ao redor do mundo. Londres, Paris, Milão, Roma, Nova York, Montreal, Pekin etc. Em Liverpool prega a atividade política para a Igreja: "Todas as igrejas devem mobilizar a força moral que lhes resta (sic) para trabalhar pela libertação do homem, mesmo se para isso devem sair do terreno religioso para entrar no político". Alemanha, Japão, Austrália, Suécia. A toda parte leva ele a difamação contra o governo do seu país alegando que seus pronunciamentos não são publicados em sua pátria. O que é uma mentira, como mostram meus recortes. Mas, como disse, é verdade que não lhe é permitido mistificar um povo humilde, simples e ainda dotado, em grande parte, de uma certa religiosidade católica, enganando-o com sua condição de Arcebispo que pretende misturar (e mistura, no exterior) com suas opiniões (muitas vezes falsas) a respeito de temas políticos, fazendo constar que é a própria Igreja que estaria contra o Governo militar do Brasil.

Em 1968, o Papa Paulo VI dirige-se a Medellin, Colombia. Helder Câmara encarrega um assessor, o padre belga Joseph Comblin, de preparar o que ele (e seus cúmplices da CNBB) chamam "um documento-base". É uma visão marxista da sociedade e uma análise preparatória para a guerra revolucionária que se iria organizar no Brasil.

Cito alguns trechos:

"A Igreja Falha. A Igreja realiza o milagre de ser mais tradicionalista na cultura que transmite do que as próprias classes que controlam o ensino do Estado".

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"A Igreja adotou e continua adotando a mesma atitude dos grandes proprietários: desconhece a existência das massas rurais e seu caráter humano... Nunca a Igreja fez tão pouco por uma categoria social... O clero é formado exclusivamente por pessoas assimiladas às classes altas.

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"A religião que se ensina ao povo é freqüentemente uma religião primitiva, medieval, tipicamente sub-desenvolvida".

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"Quanto à doutrina social o que falta na "Gaudium et Spes" e na encíclica "Populorum Progressio" é a consideração dos problemas relacionados com a "arrancada" do desenvolvimento..."

"Ninguém pode acreditar que as reformas fundamentais que exige o desenvolvimento poderão ser promovidas por uma evolução política normal dentro dos princípios que regem a sociedade ocidental. Esses princípios se aplicam somente em situações de calma e sem problemas. As reformas não se farão pela persuasão nem pelas discussões platônicas em assembléias legislativas, nem por via de eleições segundo os moldes do sistema ocidental moderno".

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"Bastaria a Igreja armar um grupo (ficaria muito mais barato do que os gastos das obras assistenciais) e tudo ficaria resolvido...".

Compreenda-se que quem fala assim (e há muito mais e muito pior no longo documento) é um Padre, sustentado pelo seu bispo, D. Helder Câmara, que levou este documento e o ofereceu à consideração dos demais participantes do Congresso Eucarístico de Medellin, Colombia, na presença do Papa Paulo VI. O Padre Joseph Comblin foi expulso do Brasil (é claro) debaixo da feroz oposição de Helder Câmara e seus companheiros da CNBB o que mostra, para nós evidentemente, que a CNBB não é uma instituição idônea. Resta acrescentar que apesar do caráter francamente subversivo desse documento ele foi publicado em todos os jornais do país, e em vários deles, como no "O Estado de São Paulo", o jornal de maior circulação daquele Estado e um dos mais divulgados do Brasil, foi publicado na íntegra, ocupando páginas inteiras dos dias 14, 15 e 16 de junho de 1968. Como se vê, o jornal "La Croix", que afirma sempre que, no Brasil, esses assuntos são "totalement censurés", é um jornal que não diz a verdade.

Em abril de 1968, na Europa, Helder Câmara começa a incluir nas afirmações com que compõe a figura que quer impor aos jornalistas (o que consegue tendo em vista o que os jornalistas gostam de publicar) a nota do "ameaçado". O "heróico" bispo dos pobres está com sua vida ameaçada pela "camarilha militar" que, com o dedo no gatilho das armas, ocupa-se em pesar sobre os pobres e enriquecer os ricos. No dia 26/4/68 os jornais publicam: "Dom Helder diz que vai ser morto". Diz que vai ter a sorte de Martin Luther King, a quem admira. O "Jornal do Brasil" acrescenta por sua conta, "essa afirmação vem preocupando os fiéis brasileiros porque estes sabem que o Prelado não fala sem ter razões para isso...". Mas o sociólogo e famoso escritor brasileiro Gilberto Freyre, declara aos jornais, quando interrogado a respeito, que o Dom Helder, se corre o risco de morrer, é atropelado porque o trânsito em Recife é realmente infernal ". Os fatos posteriores desmentiram, como tantas outras mentiras, a afirmação do "Prelado que só fala quando tem razões para isso".

No dia 24/5/1970 o jornal "O Estado de São Paulo" publica notas pessoais a respeito de Dom Helder Câmara encontradas entre os papéis privados de um dos mais eminentes e conhecidos escritores católicos brasileiros, um dos mais eminentes e respeitados sacerdotes, recentemente falecido, o Padre Alvaro Negromonte, cuja "verve", ironia, sabor da linguagem, grangearam-lhe fama ainda durante sua vida. Diz que Helder Câmara, que considera inteligente, tem enorme capacidade de trabalho e sabe ser insinuante, fazendo-se estimar "em vista da aparente bondade e tolerância que emprega com excepcional esperteza".

Mas, acrescenta ele:

"... pertenceu a todos os Movimentos que o podiam projetar enquanto tiveram projeção, mas logo os abandonou quando caíram na rotina do trabalho humilde... Como as obras materiais no plano social dão glória fácil, orientou-se para elas. Realiza-as com verbas do governo e com dinheiro tirado dos ricos por processos demagógicos... Daí ser cortejador de todos os governos com um oportunismo exagerado... Para atingir o episcopado insinuou-se na confiança de D. Jaime Câmara... Tornou-se amigo íntimo do núncio Chiarlo e do atual núncio (na época Dom Lombardi) através de régios presentes, logrando assim o cargo de secretário-geral da CNBB... Os seus planos notáveis redundam em fracassos porque é desorganizado e sem perseverança. Desbarata o dinheiro que recebe, do qual jamais prestou contas a ninguém... Não cumpre seus compromissos com notável facilidade... Não tem amigos, tem interesses. Por esse seu mau caráter é que consegue numerosas amizades e dedicação, distribuindo verbas... Chegou a falsificar um documento da Conferência dos Bispos para agradar o governo João Goulart, fato público denunciado pelo Cardeal Silva da Bahia. O Cardeal Silva declarou à imprensa que aquele não era o documento que ele assinara e que não o assinaria naqueles termos... Suas ligações com esquerdistas são públicas... Os que com ele trabalham de perto participam dessas idéias... Seu "vedetismo" não irrita só os católicos...".

No dia 16/8/1968, o jornal "O Globo" publicou cinco perguntas que o Arcebispo de Diamantina, Dom Geraldo Sigaud fez a Dom Helder Câmara a respeito de sua pregação por uma nova sociedade no Brasil.

As perguntas são as seguintes:

Se nessa sociedade ele, Helder Câmara, admitiria a iniciativa particular.

Se admitira a propriedade, por particulares, de meios de produção.

Se o Estado deveria ter uma função supletiva ou a direção e a exclusiva responsabilidade nas questões econômicas e sociais.

Se seria lícita a economia de mercado livre.

Se admitiria a propriedade particular de bens pessoais.

Essas perguntas foram feitas de viva voz a D. Helder Câmara durante a reunião de bispos em que foi lançado um dos movimentos criados por D. Helder para sua promoção pessoal. A resposta dada por D. Helder foi a de que deixaria o assunto para as universidades. Diante da insistência de D. Sigaud, Helder propôs a nomeação de uma comissão de peritos para responder. Diante da insistência repetida, disse que qualquer aluno de sociologia católica sabe qual a posição da Igreja a respeito. Dias depois da publicação de todo esse debate, o "Jornal do Brasil" (de 28/8/1968) publicou a irritação de D. Helder que não conseguiu deixar de se mostrar "touché". O próprio jornal é que informa que ele ficou irritado. O que, somado a sua recusa de responder, é bastante significativo.

Pulando um pouco no tempo (do contrário esse trabalho não acabaria mais), chegamos à famosa entrevista dada por D. Helder Câmara à revista "L´Express", publicada por esta revista no princípio de junho de 1970 e aqui reproduzida em todos os jornais (na íntegra, no "O Estado de São Paulo", de 5 de julho de 1970. Como sempre, tudo "totalement censuré" segundo o jornal "La Croix" de Paris). Essa entrevista é um modelo de impudência em que até sua vida de seminarista é apresentada por D. Helder, provavelmente mentindo, segundo as cores que na época são apreciadas pelos que o ouvem com gosto. É assim que menciona, certamente sem saber o que está dizendo e por isso provavelmente mentindo, que um "grande padre" que não nomeia o livrou do temor de Deus e lhe deu uma "visão muito confiante da vida da qual o pecado está excluído". "Eu não tinha medo de Deus. Eu tinha confiança nele". Diz que "não era obediente" e que não se fez "filho de Maria" porque "eu ria, eu falava, eu zombava, eu era normal". Dá um exemplo: era proibido, no seminário, falar nos corredores, "mas eu não aceitava essa proibição, eu falava". Sozinho? Pergunta o entrevistador. "Não", responde, "eu procurava corromper os outros". Nessa entrevista ele afirma que deixou o integralismo (o fascismo brasileiro) porque o Cardeal do Rio de Janeiro assim lho pedira. Afirma textualmente: "O que eu acatei sem grande dificuldade pois começara a ter dúvidas quanto à ascensão do nazismo e do fascismo". Ele parece não perceber o que, sub-repticiamente, confessa com frases assim.

A entrevista ocupa duas páginas do jornal. Ele confessa que o Governo Kubitschek era "muito simpatizante" com as suas obras. Depois entra na parte política em que afirma que: a "Igreja era uma força alienada, que se alienava a si mesma. "Convencemo-nos de que era preciso conscientizar as massas". Mais adiante explica o que entende por "conscientizar": "É fazer tomar consciência da injustiça e da necessidade de fazer pressão para a libertação". Afirma que "Che Guevara" era um gênio que ele admira:

"Eu respeito todos aqueles que, em consciência, escolhem a violência ativa: Che Guevara ou os jovens que fizeram a mesma opção entre nós. Porque eles se sacrificam pela justiça". O entrevistador do L´Express pergunta: Já não acredita na guerrilha urbana? D. Helder responde: "Já não acredito. Eu não digo isso para desanimar esses jovens que tentam alcançar a libertação de nosso povo. Eu os amo e persigo o mesmo fim. Eles são extraordinários esses guerrilheiros urbanos. Eles têm coragem. Eles assaltam bancos para obter dinheiro, a fim de comprar armas. Mas quando se conhece um pouco o preço das armas sabe-se perfeitamente que eles nunca terão o suficiente... O sr. há de dizer que eles têm êxito com o seqüestro de personalidades. Mas alguns são apanhados. Eles são torturados e por vezes falam. É muito difícil resistir quando eles arrancam as suas unhas e esmagam seus testículos".

Quando nos lembramos que quem assim fala é um Arcebispo que nunca foi punido como devia por Roma; que essas palavras constam de uma publicação francesa muito conhecida e portanto não podem ser postas em dúvida; que o criminoso que ousa dizê-las não tem uma palavra de piedade pelas vítimas inocentes dos "jovens" que ele "ama" os quais lançam bombas em supermercados, escolas e hospitais e seqüestram personalidades que ameaçam de morte e muitas vezes matam, como mataram Dan Mitrione, Pedro Aramburu, Carlo Sacheri, Capitão Chandler e tantos outros, sem falar nos soldados e policiais mortos no cumprimento do dever; que suas alegadas "torturas" se realmente ocorressem, como ele diz, teriam por objetivo não roubar dinheiro de bancos ou adquirir armas para impor o terror comunista a uma sociedade estuprada mas obter informações para prender outros criminosos como esses que ele apóia e cujo fim também ele persegue como diz; quando nos lembramos disso tudo, é difícil manter o equilíbrio. Este homem que ousa falar assim e o Papa que o sustenta, Deus não permitirá que deixem de responder pelo que fizeram e fazem.

Repugnado por tudo isso, em fins de setembro de 1970, o então Governador do Estado de São Paulo concedeu candente entrevista aos jornais em que acusa D. Helder Câmara de estar a serviço da máquina de propaganda do Partido Comunista, chamando-o de "Fidel Castro brasileiro". Essa entrevista, que causou grande repercussão no país, não bastou, juntamente com as declarações do próprio Helder Câmara que acabamos de transcrever, para ao menos reduzir ao silêncio os demais membros do episcopado que, por suas omissões e declarações, antes e depois, assumem a responsabilidade de cúmplices das manobras políticas de baixo nível que Helder Câmara executava e continua executando. Ao contrário, premido pela evidente repercussão causada na opinião pública do país, o então presidente da CNBB, Cardeal Agnelo Rossi, hoje prefeito da Sagrada Congregação para Evangelização dos Povos em Roma, teve a audácia de vir a público pedir "provas" ao Governador Sodré. Possivelmente esperava recibos assinados por Kruschev ou Brejnev. Em carta que entregou a Dom Agnelo e fez publicar na íntegra nos jornais de 24 de outubro de 1970, Sodré responde com argumentos, principalmente com o princípio latino "Cui prodest?", a quem aproveitam suas campanhas?, e mais de 55 documentos e citações, dentre as quais algumas transcritas acima e outras, especialmente um franco elogio ao Partido Comunista, publicado no jornal clandestino do Partido chamado "Missão Operária", no. 4, ano II, pág. 48, bastante comprometedoras.

Depois dessa época, Helder Câmara prossegue seus giros internacionais cujos financiadores reais nunca foram conhecidos. Sua tecla é insistir na idéia de "torturas" no Brasil e durante algum tempo empenha-se, especialmente com parlamentares socialistas alemães e suecos e com membros luteranos do Conselho Mundial de Igrejas, tentando obter o Prêmio Nobel da Paz. A princípio, essa visível intenção de um farsante que se auto-promove, sabendo que os militares católicos brasileiros jamais o molestarão fisicamente, causava-nos enorme indignação. Depois, a verificação de que o Parlamento Norueguês e a Academia Sueca premiaram personalidades indignas como Sean Mac Bride, Jean Paul Sartre e o "pelego" russo Mikkail Cholokov, perseguidor de Boris Pasternak, da mulher de Pasternak quando este morreu e de Soljenitzin, por ser cunhado de Kruschev, conforme denúncia publicada em 21 de novembro de 1970 pelo presidente da Associação Européia de Escritores, o italiano Giancarlo Vigorelli &
8213; tudo isso nos livrou da nossa indignação. Se Dom Helder Câmara não merecia o Prêmio Nobel, a instituição Nobel que àqueles premiou, merece Dom Helder. É de sua laia. Cabe dar-lhe o prêmio, agora.

A repercussão internacional dos giros de Helder Câmara, entretanto, diminuiu. Ele cansa. Apesar das tentativas que se fizeram recentemente no sentido de injetar novo alento nesse "mito" de repugnante contorno, como por exemplo uma entrevista promovida pelo "Jornal do Brasil" que ocupou duas páginas, com várias fotografias do prelado, em 24 de abril de 1977, o interesse por sua pessoa parecia diminuir. Em princípios de outubro de 1977, em Atenas, num simpósio internacional sobre a "democracia", fez o processo e moveu a condenação das "multinacionais" conforme a moda da época, juntamente com outros esquerdistas como o ex-Presidente do México, Echeverria, o economista Galbraith, etc.

Reitero o que disse. Não consigo acreditar no comunismo, nas convicções comunistas de Helder Câmara, coisa que, aliás, foi dita por várias outras pessoas, dentre as quais, citado acima, o falecido Padre Negromonte. O escritor Gustavo Corção, que também não crê nisso, costuma dizer que Helder Câmara não tem nem sequer caráter bastante para ser comunista.

O que é terrível, a nosso ver, é pensar na ousadia com que um sacerdote, arcebispo, visivelmente para obter resultados políticos em manobras com que busca prestígio pessoal, que esse Arcebispo ouse espalhar pelo mundo e sobretudo pelos humildes, que utiliza demagogicamente como massa de manobra, idéias que corrompem as almas, que incitam ao ressentimento, que prestigiam a maldade mais horrenda que nos tempos modernos se expandiu em assassinatos, seqüestros e atentados cruéis, que, em suma, favorecem o Partido Comunista Internacional. Esse Arcebispo envenena os que o escutam, reforça também a crescente e pérfida corrupção do mundo em que vivemos, mundo apóstata, paganizado e ateu que já construiu sombrias câmaras de tortura nos países socialistas e que se prepara para estender o sinistro império que já exerce sobre metade da humanidade, aos restos de uma sociedade que já foi cristã. São Pio X tremia de horror constatando, já no seu tempo, o quanto se afasta o mundo em que vivemos, da fé que o poderia salvar. Que dizer da situação do mundo de hoje que o Concílio Vaticano II pretende ser palco de um "novo humanismo" encorajador e que o Papa Paulo VI vê como um mundo que ama a Paz, porque se multiplicam os congressos pró-paz etc. (ver seus Discurso de 1o. de janeiro de 1975). É possível que esse mundo ame a paz, mas não a paz que vem do Cristo. Amará a paz que dá o mundo, ele mesmo.

Que o Senhor todo-poderoso nos venha socorrer diante da abominação que se instalou em nossa época. Roguemos para que sejam abreviados os dias, como Ele mesmo nos disse. E repitamos, como no Apocalipse: "Vem, Senhor Jesus".

Fonte: Revista Permanência.

Quarta-feira, Julho 20, 2005

http://machogrosso.blogger.com.br/2005_07_01_archive.html





Obs.:

Fichamento que eu fiz de trechos da "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964", em 15 Tomos, publicado pela Bibliex, 2003:

A IGREJA CATÓLICA, OS BISPOS VERMELHOS E OS PADRES DE PASSEATA


D. Hélder Câmara, enquanto denegria o Brasil no exterior, queria receber o Nobel da Paz

“Outra ação violenta da guerrilha em São Paulo foi o assassinato do industrial dinamarquês naturalizado brasileiro, Henning Albert Boilesen, que era o presidente do Grupo Ultra, morto pelos terroristas no dia 15 de abril de 1971. Considerado pelos extremistas da esquerda, como colaborador do Governo. 

Acontecia que, nesta mesma ocasião, elementos que tinham ido para a Europa, alguns exilados, outros exilados voluntários. Organizaram um grupo em Paris [Frente Brasileira de Informações (Front Brésilien de Información)], com a missão de denegrir a imagem brasileira. Não era só criticar o governo revolucionário. Era desacreditar a imagem brasileira. O chefe desse grupo era Dom Helder Câmara, que se transferiu para Paris e chegou a se lançar candidato ao Prêmio Nobel da Paz por indicação de três governos do norte da Europa. 

Diante desse fato, o presidente Médici ligou-se com o Comandante do II Exército e deu a seguinte ordem: fale com o Boilesen, chame-o ao seu quartel-general e dê a missão de levar aos governos nórdicos, inclusive o dinamarquês, onde ele tinha as suas origens, o ‘dossiê’ do Dom Helder Câmara. Mostre quem é esse padre, o que ele está fazendo, o que já fez - ex-integralista, comunista - essa ‘figura impoluta’ da Igreja. Quem chamou o Boilesen fui eu. Levei-o para a reunião. Ajudei-o a preparar o ‘dossiê’ que era trabalho de ajudante-de-ordem. Ele foi para a Europa, apresentou o documento para os três presidentes e os três países retiraram a proposta de Helder Câmara para o prêmio Nobel da paz. 

De imediato, fomos informados no Brasil da ordem dada pelo grupo de Paris: ‘Matar o Boilesen’. Eles deram a ordem se não me engano para o Lamarca. Recebi a missão de chamar o Boilesen, de novo. Nós o ensinamos a atirar, para a sua defesa pessoal. Foi escalado um elemento da Polícia Civil para ser o seu segurança - motorista dele. Ele treinava no estande de tiro da 2a Divisão de Exército, no quartel do Ibirapuera. Foi-lhe recomendado cuidado. Sabia-se que eles, os guerrilheiros, tinham ordem para matá-lo. Um dia, esse homem vai à casa da filha, entra numa rua que era mão única, um quarteirão que, naquele dia, havia uma feira, só dava uma passagem e a emboscada - se não me engano foi à quinta tentativa dos guerrilheiros - foi semelhante àquelas que fizeram para o Comandante do II Exército, nas quais caímos por duas vezes, mas conseguimos sair.

O itinerário do Comandante do II Exército só era conhecido pelo motorista e na hora. Eram sete, oito itinerários diferentes quando ele fazia o seu deslocamento da casa para o quartel e vice-versa. O Boilesen, naquele dia, entra na rua da feira - só tinha uma passagem. Dispensou o motorista e ninguém entendeu o porquê. O motorista pediu uma dispensa e, também, não sabemos por que foi dispensado. Ele foi dirigindo. Entra na residência da filha, tira o paletó e deixa a arma em cima da mesa, fala com a filha veste o paletó e sai sem a arma. Foi emboscado na esquina com a Alameda Casa Branca. Levou dezenove tiros, quinze na cabeça. Duas senhoras que estavam na feira também foram atingidas. Assim, era São Paulo. A guerrilha urbana ali era perversa. Este fato realmente repercutiu e, por isso, nós nos envolvemos bastante nessas operações. 

Os assaltos a bancos se multiplicavam, o dinheiro roubado - desapropriado, como eles diziam - era depositado até em contas particulares como a que o Marighella mantinha no exterior. Jovens sonhadores e ávidos por aventuras eram recrutados para ações noturnas de propaganda, pichando paredes. Escalados para dirigir os carros nessas horas, muitas vezes eram surpreendidos quando percebiam que a missão daquela vez era um assalto a banco. Propositadamente, o líder deixava cair no local do assalto a carteira de identidade do jovem estudante que estava no volante do carro da quadrilha e tinha sido convidado para pichar um muro e não para assaltar um banco. A surpresa maior era na manhã seguinte. Os jornais publicavam a foto do jovem agora assaltante de banco, identificado por ter ‘deixado’ cair a sua identidade. Percebendo a "armação" para envolvê-lo nas ações criminosas e sem saída, o jovem procurava a liderança que dizia: ‘sujou’, você terá que ‘esfriar’ por um tempo, ‘desaparecer’, não se preocupe, vamos levar você para o interior. E, assim, mais um estudante era levado para a guerrilha de Xambioá no sul do Pará. Envolvidos de uma maneira desleal, ardilosamente planejada para ações criminosas contra seu país, por um grupo que pretendia derrubar o governo para implantar um regime totalitário comunista que foi repudiado pelo povo, até na própria União Soviética. Esses jovens, agora com identidade falsa, desconhecida até por seus familiares. Ao enfrentarem as forças da lei nos combates travados em São Paulo e Xambioá, alguns morreram e foram enterrados com a identidade que portavam. É fácil concluir que apenas os chefes das guerrilhas, responsáveis pela troca das identidades dos jovens, hoje considerados desaparecidos, têm condições de informar o verdadeiro nome de cada um para ajudar na identificação do nome "usado na guerrilha", com o qual provavelmente foram enterrados.

Na fase mais crucial da guerrilha de São Paulo, quando cresceram os assaltos a bancos, os sequestros, os assassinatos de pessoas inocentes na rua como o da jovem que o Lamarca escolheu para provar sua condição de ótimo atirador -era instrutor de tiro - e numa atitude covarde matou-a com um tiro, logo após assaltar um banco. Com a intensificação das ações de guerrilha em todo o País, principalmente no Rio e São Paulo as Forças Armadas ficaram em desvantagem, alguns homens foram abatidos, era preciso uma ação mais enérgica nos combates. Isso aconteceu no mesmo dia da morte do Cabo de uma das equipes que, em perseguição ao "Japonês", companheiro de Lamarca no roubo das armas do Hospital Militar de São Paulo e da guerrilha em Registro. O Cabo morreu porque se aproximou para prender o Japonês com a arma abaixada. Foi morto por uma rajada de metralhadora desferida pelo Japonês através da porta do carro. Ato contínuo o comandante do II Exército, General Humberto de Sousa Mello, determinou que eu transmitisse uma ordem ao comandante da Operação Bandeirante (Maj Ustra), para reunir a tropa e, na presença de todos, exigiu mais treinamento, mais atenção nas ações. Disse ainda, "Já estou cansado de enterrar homens sob meu comando. Exijo mais energia na execução das ações. É preciso agir de acordo com as técnicas antiguerrilhas aprendidas. Quando sob a mira das armas dos guerrilheiros, tinham que ser mais rápidos e atirar para matar". Eu ouvi, estava presente. O General Humberto estava angustiado com a morte dos seus subordinados. Era um veterano de 1930. Tinha sido Secretário de Segurança de Pernambuco. Conhecia as técnicas dos comunistas para a tomada do Poder.

Desta maneira e neste contexto, a guerrilha começou a perder terreno até ser totalmente eliminada em São Paulo. É preciso lembrar que nesta fase, ninguém, nenhuma pessoa inocente, morreu de bala perdida nas ruas de São Paulo. A Revolução de 1964 foi vitoriosa, derrotados foram aqueles que pretendiam subjugar o povo brasileiro impondo um regime odioso marxista-leninista. 

Vale lembrar que o General Humberto, cumprida a missão em São Paulo e após uma breve passagem por Brasília, como Ministro Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, passou para a reserva aos 66 anos, retirando-se para sua residência, no Rio. Já na primeira semana, começou a receber ligações ameaçadoras com o seguinte teor: "Já sabemos onde você mora, aproveite que esse é o seu último fim de semana. Cumprimentos da guerrilha". Foram duas semanas de ameaças diárias, para o casal. Tomou uma decisão. Iria se mudar. Seria preciso um empréstimo bancário para a entrada num apartamento. Procurou um banco. Resposta do gerente: "O senhor não tem renda familiar para um empréstimo". Nesta hora, ele se deu conta da situação financeira dos militares, afinal tinha atingido o último posto da carreira. Não desistiu, ao sair em busca de outra solução. Teve seu carro, que era dirigido pelo seu motorista, violentamente fechado por outro, próximo ao Canecão, na saída do Túnel Novo, Zona Sul do Rio de Janeiro. A ação foi visivelmente intencional, pretendiam fazer parar o carro do General Humberto. Seria uma ação terrorista? Um sequestro? Com a freada brusca, o general foi violentamente projetado sobre o painel do carro, batendo com a cabeça. Em ação rápida, o motorista subiu na calçada, tomando a direção contrária, conseguindo assim, fugir do local e retornando à residência. Horas depois, o General Humberto entrava em coma com derrame cerebral vindo a falecer no Hospital Miguel Couto onde fora internado. Era realmente o seu último fim de semana..." (General-de-Brigada Durval Antunes Machado Pereira de Andrade Nery, Tomo 10, pg. 178-181).

Obs.:

Sobre o assunto, leia, de minha autoria, “Frente Brasileira de Informações” - http://resistenciamilitar.blogspot.com/2015/04/frente-brasileira-de-informacoes-front.html

F. M.


Movimento esquerdista na Igreja Católica

“Depois da guerra, entre 1950 a 1960, apareceu um movimento de tendência claramente esquerdista e socializante nos meios católicos.

Essa influência proveio da Universidade de Luvain, na Bélgica. Então, veio para cá grande número de padres dominicanos formados em Luvain, e aqui difundiram o pensamento pseudocrístão, mas de tendências claramente socialistas.

E é preciso reconhecer que eram homens de grande cultura, como todo prestígio de terem vindo do exterior e foram logo apoiados por vários bispos importantes aqui do Brasil, principalmente Dom Hélder Câmara, que naquele momento gozava de um prestígio ímpar; posteriormente foi apoiado pelo Cardeal Mota (Com Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota), aqui em São Paulo.

Esses elementos esquerdistas conseguiram criar, aqui no Brasil, uma novidade, que foi a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Essa CNBB se arrogou o direito de falar em nome da Igreja e como ela era integrada por alguns poucos bispos claramente socialistas, começou a propagar, em nome da Igreja, princípios, ideias e concepções claramente esquerdistas.

Assim, por exemplo, quando se desencadeou o moimento das reformas de base aqui no Brasil, por volta de 1960, todo episcopado representado pela CNBB apoiou essas reformas de base. A maioria dos bispos não se interessava pelos assuntos e às vezes até eram contrários às orientações esquerdistas, mas eles não eram figuras proeminentes e não tinham o apoio da CNBB.

Então, o que é que aconteceu? Os bispos liderados por Dom Hélder Câmara e pelo Cardeal Mota dominaram a CNBB e espalharam pelo Brasil a noção de que a Igreja era a favor da luta dos pobres contra os ricos, que era preciso limitar os direitos de propriedade, que era preciso combater o ‘imperialismo americano’, que a solução cubana era condenável por ser uma revolução ateia, mas do ponto de vista social era muito instrutiva etc. Vários padres, entre eles o Frei Beto, começaram a viajar para Cuba e falar nos sermões: ‘É preciso haver reformas de base no Brasil, é preciso haver uma revolução social no Brasil, é preciso combater o capitalismo, é preciso acabar com o imperialismo americano.’ Enfim, todas essas teses clássicas da esquerda.

Diante desse quadro, nosso movimento, quer dizer, o movimento Tradição, Família e Propriedade (TFP), que foi fundado e dirigido por Plínio Corrêa de Oliveira, chamou a si a tarefa de tentar esclarecer ao público que as reformas da base e todas as medidas de caráter socializante não eram imposições da Igreja. Eram propostas de apenas alguns membros proeminentes do catolicismo, mas que a Igreja como tal, em sua doutrina, era contrária a isso. Ela sempre defendeu os princípios da propriedade privada, da liberdade humana e sempre condenou o regime comunista.

Então, querer transformar o Brasil num regime simpático ao comunismo era uma coisa contrária à doutrina da Igreja. Mas isso o povo não sabia e essa tarefa a TFP decidiu assumir e se dedicou durante mais de dez anos a tentar elucidar a opinião pública a esse respeito.

A principal obra que a TFP publicou, naqueles idos, foi a ‘Reforma Agrária – Questão de Consciência’, uma crítica à primeira Lei de Reforma Agrária que houve aqui no Brasil, apresentada em março de 1960 pelo Governo de Carvalho Pinto” (Doutor Adolpho Lindenberg, Tomo 7, pg. 296-297).

Obs.:

Em 2010, houve o relançamento do livro, comemorando 50 anos de sua publicação original. Pode ser baixado em pdf em https://biblioteca.ipco.org.br/downloads/reforma-agraria-questao-de-consciencia-pdf/

Quando estudei no Seminário Santo Antônio, dos padres franciscanos, em Agudos, SP, de 1965 a 1969, um padre professor se referia à TFP como “Todos Filhos da Puta”, provando que o esquerdismo tinha se infiltrado firme junto aos franciscanos – assim como dentro da Editora Vozes, de Petrópolis, RJ, de propriedade dos franciscanos, onde o expoente da Teologia da Libertação, no Brasil, ex-frei Leonardo Boff, publicou inúmeros livros.

F. M.

Era professor no Liceu Coração de Jesus, na cadeira de Sistemas Econômicos e o Cardeal Mota tomou posse aqui em São Paulo, se não me engano, em julho ou agosto, quase no fim do ano de 1960 ou 1961. O superior do colégio me procurou e disse:

- Dr. Adolpho, os alunos gostam muito do senhor, têm uma verdadeira veneração pelo senhor e lamento muito, mas recebi ordens superiores em que o senhor precisa deixar de ensinar aqui na faculdade.

- Não tem problema – respondi. Estamos em outubro, falta apenas um mês de aulas; dou este mês de aulas que falta para encerrar o ano letivo e no ano que vem não retorno mais à faculdade.

Não comentei com os alunos e na semana seguinte voltei para dar aula. O reitor me procurou, muito envergonhado, e disse:

- Olhe doutro, é um sacrifício para mim, mas tenho que dar uma informação ao senhor: a ordem dada pelo Cardeal é de que o senhor abandone esta faculdade, já. Não pode nem acabar o ano letivo.

Passei pelo vexame de ser afastado de uma cadeira durante o último mês de ensino, o que, sem dúvida, era uma violência. Nós também tínhamos editado um jornal legionário, aqui em São Paulo, e foi a primeira coisa que o Cardeal mandou confiscar; enfim, se seguiram perseguições de todo jeito.

Agora tivemos a sorte de ter dois prelados que nos apoiaram muito, um foi Dom Geraldo de Proença Sigaud, que morava em Belo Horizonte, e o outro Dom Antonio de Castro Mayer, que foi bispo de Campos. Esses dois, o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira e mais o economista Luís Mendonça de Freitas é que escreveram o livro ‘Reforma Agrária – Questão de Consciência’ ” (Doutor Adolpho Lindenberg, Tomo 7, pg. 298).

Obs.:

Dom Geraldo de Proença Sigaud é autor do “Catecismo Anticomunista”, que pode ser acessado em

https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/04/catecismo-anticomunista-dom-geraldo-de.html

F. M.

“Aproveito para lembrar que no dia 7 de setembro, em Pelotas, Dom Chemello – religioso de alta hierarquia da Igreja – não quis rezar a missa da Independência, que normalmente é celebrada, dizendo que ‘o Brasil não era um País independente’. E ele está aí, Dom Chemello.

Essa é a parte da Igreja de passeata, os ‘progressistas’; esses homens são deletérios, mas estão aí” (General-de-Brigada Ruy Leal Campello – Tomo 3, pg. 75-76).

“A Igreja, em 1964, estava do nosso lado, sem nenhuma dúvida, com raras exceções, como a de um padre que foi preso pela Polícia do Exército, por estar à frente de um ‘grupo dos onze’, organização criada pelo Brizola, para atuar em prol da revolução que pretendiam realizar. Mas a Igreja, em peso, estava do nosso lado. Mudou depois, quando para cá vieram padres estrangeiros, a maioria proveniente de um seminário na Bélgica. Essa gente chegou mostrando claramente que se posicionava contra nós militares.

Com eles, aparece Leonardo Boff, com a tal Teologia da Libertação, já conhecida na Bélgica, que se volta contra tudo que a Igreja tradicional – a Igreja Católica Apostólica Romana – ensinara até então” (Coronel Henrique Carlos Guedes, Tomo 3, pg. 255).

“Até que um dia recebemos ordens para construir – eu não, o Erasmo Dias, que era o Secretário de Segurança – uma prisão especial para eles, em São Paulo. Fui procurado até por um bispo, a mando de Dom Evaristo Arns, para examinar as condições da prisão. Juntos, eu e o Erasmo mostramos-lhe a prisão, percorremos todas as dependências, muito boa prisão, de muito respeito à pessoa humana, até que fiz uma pergunta:

- Senhor bispo, nunca vi o senhor ou qualquer outro padre rezando no túmulo do Capitão Mendes, que teve a sua cabeça esmagada pelo Lamarca e seu bando. Por que o senhor não reza pela alma do Capitão Mendes?

- Não, os senhor me entenda, as nossas missas são comunitárias – respondeu.

- E quando é missa ara comunista, é individual? – perguntei.

Ele calou-se. Então, é preciso que a Igreja se posicione em busca de Deus e não das coisas terrenas” (General-de-Divisão Francisco Batista Torres de Melo, Tomo 4, pg. 61-62).

“Verificamos que na própria Igreja, Dom Eugênio Sales, que considero um santo, queria afastar todos os padres da política; mas, do outro lado, havia um Dom Evaristo Arns, que só celebrava missa quando morria um subversivo. Aqui mesmo, em Fortaleza, tivemos um arcebispo que nunca celebrou missa na páscoa dos militares; por fim, havia um padre, em Minas Gerais, cujo carro portava o adesivo OPTEI (o ‘O’ azul e o ‘PT’ vermelho), quer dizer, petista” (Tenente-Coronel Murilo Walderk Menezes de Serpa, Tomo 4, pg. 204).

 

Cursilhos da Igreja Católica

“Na Praia Vermelha, durante o curso [ECEME], passei os anos de 1959 a 1961. Nessa época, a nossa preocupação com o processo de comunização do País permanecia muito grande. Acontecia em todas as áreas, principalmente no âmbito da Igreja Católica. Cito, por exemplo, no caso, os dominicanos, que estavam sendo claramente utilizados. Naqueles tempos em que se tornavam comuns os cursilho e coisas assim. Nas missas, em plena homilia, entrava o programa de reforma agrária do governo, algo desse tipo” (Coronel José Campedelli, Tomo 15, pg. 271).

 “A partir de 1967 e 1968, sofreu a Igreja uma infiltração comunista expressiva, surgindo os radicais da Teologia da Libertação (os Boffs e os Betos), que passaram a atuar intensamente nas tais comunidades eclesiais de base, os ‘padres de passeata’, o ‘Cardeal Vermelho’ – Evaristo Arns, que foi, a meu ver, o principal aliado que os comunistas contaram e contam até hoje, na Igreja, tendo abraçado, com todo empenho, não faz muito tempo, a causa dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, cujos crimes hediondos devem, para ele, ser perdoados porque são de natureza ideológica, isto é, são de natureza comunista, a única ideologia que merece perdão e louvor para Arns e seus asseclas, fanáticos defensores de terroristas-torturadores que gostam muito mais de dinheiro do que da ideologia comunista que alegam defender por meio de seus crimes” (General-de-Brigada Geraldo Luiz Nery da Silva, Tomo 10, pg. 216).

Obs.:

Para conhecer o elo dominicano com o terrorista Carlos Marighella, especialmente a participação de Frei Betto, acesse https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/frei-betto-o-elo-dominicano-com-o.html.

F. M.

“A Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo foi para nós sumamente importante, porque nos deu uma força enorme. Pela primeira vez, vimos que a opinião pública em geral estava a nosso favor.

A própria Igreja participou. [entrevistador]

A Igreja também, depois é que a Igreja virou, depois da Revolução eles sofreram infiltrações, quase todas oriundas do exterior, e mudaram de opinião.

Eles, ao se infiltrarem na Igreja, conseguiram arranjar os padres de passeata e os cardeais, tipo Evaristo Arns, que gosta mais de Cuba e de sequestradores estrangeiros do que do Pai Nosso e dos infelizes sequestrados brasileiros.

Esse tal Evaristo Arns escrevia cartas amorosas até em tom suspeito para o Fidel Castro. Tem uma carta ele publicada nos jornais em que ele faz uma declaração de amor ao Fidel Castro.

Figura irritante, a começar pela voz, fervoroso defensor de sequestradores. [entrevistador]

E o Dom Hélder Câmara era do Partido Integralista, sempre foi politizado, foi integralista primeiro, mas se deu mal, pois o próprio Getúlio destruiu o integralismo; ele pulou, então, para o Partido Comunista e vivia criticando o Lacerda. Era o divertimento desse perigoso e vingativo elemento, sobre o qual há histórias escabrosas” (Coronel-Aviador Gustavo Eugenio de Oliveira Borges, Tomo 10, pg. 293).

Obs.:

A carta de Dom Paulo Evaristo Arns, para Fidel Castro (“Queridíssimo Fidel”) pode ser lida em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/queridissimo-fidel-carta-de-dom-paulo.html.

F. M.

 

Catecismo comunista dos padres salesianos

“As ações no campo militar foram adequadas, mas não surtiram a eficácia desejada. O terrorismo nos demais campos do Poder não foi combatido, ao contrário, os métodos empregados foram totalmente ineficientes. Para que se tenha uma rápida ideia do que afirmo, até catecismo subversivo foi distribuído pelos padres salesianos às crianças católicas” (General-de-Brigada Arlênio Souza da Costa, Tomo 13, pg. 171).

 

PUC de Dom Arns: Templo da Subversão

“O episódio de 22 de setembro de 1977, conhecido como da ‘PUC’ (Pontifícia Universidade Católica), foi a última manifestação de desobediência civil, após cerca de uma dezena de manifestações semelhantes. (...)

(...)

O episódio da PUC, como se disse, após mais de uma dezena de tratativas frustradas pelo Movimento Estudantil, foi planejada dentro de outras características e circunstâncias, sob o resguardo do local bafejado pela ‘proteção magnífica de Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal Arcebispo de São Paulo’. A PUC tornou-se o pretenso bastião intocável e seguro de toda atividade de desobediência civil, que tinha como objetivo capital proporcionar, com sucesso, a realização de Congresso da UNE, que até então não tinham conseguido em outros locais. O próprio Centro Acadêmico da PUC era sede de toda a ‘imprensa’ do movimento, tudo sob a guarda da Pontifícia Universidade Católica, transformada ‘templo da subversão’ sob pretenso manto de ‘templo da religião’ ” (Coronel Antonio Erasmo Dias, Tomo 7, pg. 147).

“Na época da eclosão do movimento que depôs o Jango, diria, que quase toda a Igreja voltara-se contra o processo de comunização do País, conduzido pelo próprio Governo, apoiando e participando das Marchas da Família com Deus pela Liberdade.

Depois, é que a Igreja começou a sofrer influência do movimento comunista internacional, que se infiltrou nos seminários, transformando boa parcela do clero em adversária da Revolução de 1964.

Ficamos com o grupo dos conservadores, que se opunha a tal igreja progressista entre aspas, adepta da teologia da libertação, de Leonardo Boff, ligada ao regime de Cuba, aos terroristas e sequestradores, representada, no Brasil, por Evaristo Arns, ‘Frei Betto’, o próprio Boff e outros.

O Evaristo Arns vem demonstrando, até os dias de hoje, um carinho especial pelos sequestradores, principalmente os estrangeiros, como os do Abílio Diniz, alegando que se tratava de um sequestro político. Chamá-lo de cardeal é até uma ofensa à Igreja!

Essa Igreja, que se intitulava progressista, fez oposição à Revolução, assim como vários intelectuais, pseudo-intelectuais e a maioria dos artistas. Não conseguimos trazê-los para nós. Eles foram absorvidos pelo movimento comunista internacional – o MCI – como o Vandré...” (Coronel Hamilton Otero Sanches, Tomo 9, pg. 341-342).

 

“Nacionalizando os bispos”

“Fui presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, que me ensejou conseguir junto ao Ministro do Exército uma visita de estudos com um grupo de deputados federais à Amazônia.

(...)

Um episódio marcante merece ser relembrado. A existência de ‘religiões’ de vários matizes na Amazônia tem sido discutida, seja no problema indígena, na questão de sua ‘internacionalização’, e no ‘esquerdismo’ do problema da terra.

O General Leônidas, então Comandante da Amazônia, realizou para a comitiva uma palestra reservada sobre esses problemas. Tendo sido, como Coronel, Adido Militar na Colômbia, informou-nos de que naquele país, para evitar a influência religiosa estrangeira, ‘nacionalizaram os bispos da Igreja’, sugerindo que fizéssemos o mesmo. De pronto, encampei a ideia e, quando em Brasília, apresentei uma emenda a Projeto de Lei tramitando na Câmara dos Deputados, ‘nacionalizando os bispos’. Era sabido o falto de que certos bispos naquela área eram estrangeiros, defensores de ‘filosofias do progressismo esquerdista’, outros da ‘doutrina de internacionalização da Amazônia’ e da famigerada tese da ‘ocupação da terra’.

Certo dia, o Presidente Figueiredo me interpelou, demonstrando a situação difícil e indesejável da minha emenda, que já vinha sofrendo críticas severas dos bispos ‘esquerdistas’. Não tive condições de continuar a defender a proposta e, dada a insistência do Presidente, retirei minha emenda” (Coronel Antonio Erasmo Dias, Tomo 7, pg. 152-153).

 

A CNBB em 1964, segundo o New York Times

“No dia 26 de maio de 1964, um grupo de bispos elogiou a Revolução: ‘as Forças Armadas intervieram a tempo de impedir a implantação de um regime bolchevista no País’.

Naturalmente, esse grupo de bispos era uma parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nessa época, segundo o New York Times, dentre os seus duzentos e quarenta membros, havia a seguinte distribuição: cerca de cinquenta conservadores, mais ou menos quarenta radicais de esquerda e mais cento e cinquenta moderados.

Ao mesmo tempo que o Presidente se dava muito bem com o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, vamos dizer assim, a Igreja encontrava-se dividida em três correntes.

Na chamada corrente progressista, despontava Dom Helder Câmara. Os conservadores tinham como figura mais expressiva Dom Geraldo Sigaud, de Diamantina, e entre os moderados destacavam-se Dom Eugênio Salles e o próprio Dom Jaime.

A maioria da Igreja, notadamente a hierarquia, em sua maior expressão, no seu maior contexto, mostrava-se favorável à revolução; os católicos mais jovens mostravam-se perplexos e já começavam a criar uma série de organizações, dentre as quais a Ação Católica Brasileira e a Ação Popular; movimentos de padres.

Daí nasceram dois braços muito conhecidos: Juventude Estudantil Católica (JUC) e Juventude Operária Católica (JOC)” (General-de-Brigada Danilo Venturini, Tomo 15, pg. 158-159).

 

Geisel gostava da companhia de um bispo vermelho...

“Em 1978, como Chefe do Estado-Maior da 23ª. Brigada de Infantaria de Selva, em Marabá/PA, fui proibido de comparecer ao aeroporto para recepcionar o Presidente Geisel. Ele contava com a presença do bispo ‘comunistóide’ da diocese, se não me engano Dom Alano; está esperando por ele até hoje. A 23ª. Brigada era secundária...” (General-de-Divisão Anápio Gomes Filho, Tomo 11, pg. 59).

 

“Em Cima da Hora - A Conquista Sem Guerra”

“Na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que tinha à sua frente padres, freiras, irmãs etc. E depois, por que é que virou? Virou por vários motivos, sendo um deles pelo fato, ocorrido um pouco mais tarde, de ascensão a posições de mando, na cúpula da Igreja, de figuras que foram especialmente preparadas, desde a sua entrada nos seminários, para mudar os rumos ideológicos das religiões. Assim como nos partidos comunistas, orientados pelo PCUS –Partido Comunista da União Soviética. Esta realidade é contada, de maneira maravilhosa,, num grande livro, que para mim ainda é o ‘grande manual’, escrito pela socialista francesa, falecida há alguns anos, Suzane Labin, chamado ‘Em Cima da Hora’, onde ela, com conhecimento de causa, mostra a forma de atuarem os comunistas” (General-de-Exército Jonas de Morais Correia Neto, Tomo 9, pg. 40).

Obs.

Uma resenha do livro “Em Cima da Hora – A Conquista Sem Guerra”, de Suzane Labin, traduzido por Carlos Lacerda, pode ser vista em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/04/livro-em-cima-da-hora-de-suzanne-labin.html.

F. M.

 

O padre Alípio de Freitas

“A agitação comunista era permanente. Inclusive, foi quando ocorreu a visita do célebre Padre Alípio de Freitas, português, comunista violento, que fazia a pregação ostensiva da invasão de terras. A própria área de exercícios do Exército, Sicã [no RS], esteve ameaçada e tivemos que tomar providências para protegê-la” (Coronel José Campedelli, Tomo 15, pg. 275).

“O Comandante do 15º. RI, assim que soube da eclosão do Movimento, em Minas Gerais, comandado pelo General Olympio Mourão Filho, reuniu os oficiais e disse que, a partir daquele momento, o Regimento estava em estado revolucionário e, ainda, perguntou quais os oficiais que aderiam ao Movimento.

Somente dois oficiais ficaram a favor do governo: um capitão comandante de Companhia e o veterinário. O comandante, de imediato, deu ordem de prisão a eles.

Passado o impacto inicial, começaram a aparecer os comícios dirigidos por organizações esquerdistas; para um deles veio o conhecido subversivo Padre Alípio de Freitas, que seria um dos oradores do comício na Praça 1817, em João Pessoa.

Ele era padre mesmo e era português, se não me engano.

O coronel convocou a equipe de segurança para prendê-lo.

Terminado o comício, o Padre Alípio e alguns dirigentes da esquerda foram para um restaurante próximo da praça; o Coronel D’Ávila Mello entrou comigo, com o Tenente R/2 Protásio e dois sargentos da 2ª. Seção e, dirigindo-se à mesa onde estavam os dirigentes esquerdistas, deu voz de prisão ao Padre Alípio.

Os esquerdistas tentaram levantar-se, mas o padre pediu que eles permanecessem quietos.

Ele foi recolhido ao quartel e posteriormente seguiu para o Sul.       

“Em 20 de março [1964], o Comandante da 1ª./23º. RI, de Tubarão – SC, informou a realização de comícios nas cidades de Araranguá e Criciúma, tendo como um dos oradores o Padre Alípio de Freitas, e que tinha havido tiroteio” (General-de-Divisão Raymundo Maximiano Negrão Torres, Tomo 8, pg. 111).

Obs.:

O Padre Alípio é considerado o autor intelectual do atentado terrorista no Aeroporto dos Guararapes, em 1966, quando foram assassinados um almirante e um jornalista, e 15 pessoas ficaram gravemente feridas. Pela sua ação anticristã, foi indenizado em mais de R$ 1 milhão pela comissão dos desaparecidos e aparecidos, criada no  governo FHC.

Veja mais sobre “O Bem-aventurado Alípio” em http://wikiterrorismobrasil.blogspot.com/2012/11/lula-e-fonteles-historia-nas-maos-de-um.html.

F. M.

 

O padre e a menina

“Da parte do clero, observava-se o começo da ideologização, intensificada mais tarde.

Lembro-me até de um fato. Havia um padre, professor da Escola de Filosofia [em Caxias do Sul, RS], que causava grandes problemas por suas tendências esquerdistas. Conseguimos nos livrar dele, simplesmente porque, depois de 1964, se estabeleceu barreiras nas estradas para o Rio de Janeiro. Ali passava a BR-116 e, certo dia, um cabo, com uma metralhadora, mandou parar um fusca que não obedeceu. Felizmente, o cabo não feriu ninguém, mas fez o Fusca parar. Esse padre estava dentro do carro. Desceu do mesmo uma menina, estudante, semidespida. Aí, o cabo, muito vivo, fotografou. Depois, não tomei mais conhecimento, por ser problema do Comando. Parece que essa fotografia foi mostrada para o Bispo, que disse: ‘Tira esse cara daqui’. E acabou o problema (Tenente-Coronel Ivan Pontes Laydner, Tomo 5, pg. 304).

 

Capucho vermelho

“Movimento sindical não havia [em Ijuí, RS], mas existia uma universidade dos padres capuchinhos que, naquela ocasião – comentávamos muito no quartel – atuava como se fosse um sindicato. Defendiam tremendamente a esquerda e o golpe de esquerda. Depois, prestei vestibular para essa Universidade, fiz um período de filosofia, confirmando que era mesmo de esquerda e conduzida pelos padres capuchinhos” (Coronel Antônio Oswaldo de Mello Carneiro Lacerda, Tomo 6, pg. 203).


F. Maier




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