por Olavo de Carvalho (*) em 26 de agosto de 2007
Resumo: Artigo enviado ao site www.vermelho.org.br com pedido de Direito
de Resposta.
© 2007 MidiaSemMascara.org
(João: 23:18).
Em menções espalhadas por meus artigos na imprensa paulista e
carioca, eu disse três verdades bem comprovadas sobre João Carlos Kfouri
Quartim de Moraes: (1) que foi mandante de um homicídio, condenado pela Justiça
em 1977, com sentença transitada em julgado; (2) que tenta obter o apoio dos
militares brasileiros para o comunismo continental, mas sem abdicar de ataques
revanchistas contra eles; e (3) que, usando as fugas de escravos como provas da
crueldade dos proprietários de terras no Brasil-Império, se omite de enxergar
maldade análoga nos regimes comunistas, embora as fugas de lá ocorram em número
incomparavelmente maior do que todas as evasões de escravos já registradas
neste país e no mundo inteiro ao longo de muitos séculos.
Nada tendo a responder a essas afirmações, e por isso
esquivando-se ardilosamente até mesmo de tentar fazê-lo, as organizações
comunistas que dominam as universidades no Brasil apelaram ao velho e bobo
recurso do “manifesto de intelectuais”, buscando suprir pelo número de
assinaturas a sua completa falta de meios intelectualmente válidos para
contestar o incontestável.
Somando à covardia o cinismo, os autores do manifesto
imputaram a “falta de argumentos” a mim, em vez de a si próprios, como se a
raiva que voltam contra a minha pessoa não tivesse sido provocada justamente
pelos três argumentos acima e pela absoluta impossibilidade de refutá-los.
Esquivando-se, pois, à discussão dos fatos apontados nos meus
artigos, preferiram apelar à chantagem emocional corporativa, agitando-se e
contorcendo-se em simulações de escândalo ante a mera possibilidade de que algo
fosse dito contra Quartim de Moraes, como se este fosse mais sacrossanto e
inatacável do que a verdade mesma, incluindo a verdade sobre os atos que
cometeu e as palavras que pronunciou.
Invertendo maliciosamente o sentido do artigo 138 do Código Penal,
acusam-me de “calúnia”, como se calúnia fosse a imputação verdadeira e não
falsa de crime, como aquela que eles praticam contra mim nesse mesmo ato.
Como se isso não bastasse, acrescentam ao cinismo as
fantasias mais rebuscadas sobre a minha vida pessoal, afirmando que fui
“reprovado por uma banca da USP” (onde jamais me apresentei para esse fim ou
para qualquer outro), que sou empresário falido (de empresa da qual me retirei
pelo menos dez anos antes do seu encerramento), e outras coisas pelo gênero,
comprovando acima de qualquer possibilidade de dúvida a intenção caluniosa e
difamatória de um documento cujo tom pomposo de dignidade ofendida é uma das
encenações histriônicas mais grotescas já observadas na cena nacional.
Nem menciono, é claro, as rotulações de “fascista”, “agente
da CIA”, etc., tão usuais nesse gênero de palhaçada que, se faltassem, eu mesmo
protestaria contra esse lapso de redação.
Para culminar, deram interpretação postiça e
desesperadoramente teatralizada ao fato, mais que previsível, de que sua
pantomima fosse respondida por piadistas anônimos com gracejos obscenos mas não
imerecidos. Nessa reação obviamente espontânea e anárquica de um público
cansado das suas mentiras, fingiram ver um complô organizado da “direita” - eventualmente
planejado e dirigido por mim -, homenageando deste modo a si próprios com a
presença ameaçadora, truculenta, de um poderoso e bem treinado exército
inimigo, infelizmente imaginário. E ainda produziram em cima dela diagnósticos
pseudo-sociológicos de um ridículo sem par, apontando como procedimento
característico da “direita fascista” a invasão de mensagens desbocadas, como se
há mais de uma década eles próprios - comunistas - já não tivessem usado e
abusado desse expediente contra mim, estufando não com trezentas, mas com
milhares e milhares de intervenções insultuosas o fórum de debates que eu
mantinha na internet, ao ponto de torná-lo inviável e me obrigar a fechá-lo; e
como se desde então não tivessem repetido centenas de vezes a operação em cada
endereço meu de e-mail e em cada comunidade que abri no site Orkut,
obrigando-me a limpezas diárias do lixo que me enviam às toneladas, acompanhado
aliás, rotineiramente de ameaças de agressão e morte.
Mas não é só a direção de ataque dos invasores contumazes que
é aí falseada. A minha própria identidade pessoal também o é. O aspecto mais
torpe e desprezível desse tratado de hipocrisia é a força que seus autores e
signatários fazem para dar a impressão de que não estão combatendo um
adversário isolado, solitário, sem apoio institucional nem recursos
financeiros, mas forças políticas organizadas e milionárias, concebidas à
imagem e semelhança daquelas que eles próprios representam - o PT, o PC do B, o
governo federal, o diabo a quatro. Se admitissem a realidade da situação, por
um momento que fosse, veriam que a simples desproporção de meios entre eles e o
adversário que buscam destruir já é a prova cabal da injustiça que cometem, da
covardia que os inspira e do vexame colossal a que se expõem com todo esse
fingimento, com toda essa afetação de honradez e coragem. Mas essa visão lhes é
insuportável. Tendo apostado a vida numa farsa, só lhes resta duplicar e
reduplicar o blefe indefinidamente, mesmo à custa de dar visibilidade
involuntária àquilo que mais desejariam ocultar: seu medo de reagir
individualmente, sua necessidade compulsiva de juntar pelo menos seiscentos
para enfrentar um só.
A baixeza indescritível do seu discurso - sem contar a
pletora de solecismos nas mensagens de professores universitários que
acompanham o texto do manifesto - revela a mentalidade depravada, sociopática e
criminosa de seus redatores, signatários e cúmplices em geral, usurpadores que
fizeram da inépcia corporativamente protegida um instrumento de luta pela vida,
logrando não só dominar as instituições de cultura mas conquistar os altos
postos do governo federal, engordar com dinheiro público como nenhuma geração
de políticos corruptos jamais o fizera antes, e ainda chamar a isso “avanços
sociais”, como se o enriquecimento deles fosse um benefício maravilhoso para o
povo inteiro e não merecesse deste último senão gratidão e respeito.
***
JOAO CARLOS KFOURI QUARTIM DE MORAIS ("MANOEL",
"MANÉ", "MANECO")
- Formado em Direito e em Filosofia pela USP, foi militante
da Política Operária (POLOP). Em 1968, após regressar depois de dois anos de
estudos na França, foi um dos fundadores da Vanguarda Popular Revolucionária
(VPR) onde chegou a participar de algumas ações armadas.
- Em Set 68, integrou o “Tribunal Revolucionário” que
condenou à morte o Cap Chandler, “justiçado” em 12 Out 68 (ver
"Justiçamento, O assassinato do Cap Chandler”), (ver "A Grande
Farsa").
- Em Dez 68, por divergências políticas foi expulso da VPR.
Quatro meses depois, com nome falso, fugiu para o Uruguai.
- Em Out 70, foi para Paris onde viveu dez anos, mas também
passou pela Inglaterra, Itália, Iugoslavia e Chile.
- Em Fev 70, no Chile, foi um dos fundadores da revista
“Debate”, posteriormente também editada na Europa e que defendia, basicamente,
a constituição de uma “plataforma para a união dos comunistas brasileiros”.
- Com a anistia de 1979 regressou ao Brasil, onde passou a
atuar na ABI/SP e foi contratado para ser professor da UNICAMP. Em 1983, foi
nomeado Secretário de Imprensa do governo de São Paulo, pelo governador Franco
Montoro.
- Atualmente, é professor titular do Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da UNICAMP.
(*) Olavo de Carvalho é jornalista, escritor, filósofo e
Editor do MÍDIA SEM MÁSCARA.
Obs.: Para saber mais sobre "Onde eles estão", clique em
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