Histórico da Guerrilha do Araguaia
por Carlos I. S. Azambuja (*) em 30 de janeiro de 2004
Resumo: Carlos Azambuja relata com detalhes os acontecimentos ocorridos na região do Araguaia, foco de movimento guerrilheiro comunista inspirado no regime stalinista da Albânia.
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Todos os dados constantes desta matéria representam um resumo do que foi divulgado pela imprensa durante os últimos 30 anos. O trabalho do autor foi apenas de pesquisa e de colocá-los em ordem cronológica.
O conhecimento, pelo governo, do trabalho de campo na região do Araguaia, conduzido pela “Comissão Militar” vinculada à Executiva Nacional do Partido Comunista do Brasil, em abril de 1972, foi obra do acaso. Até que esse conhecimento tivesse sido adquirido, haviam apenas indícios sobre sua existência, ao longo do rio Araguaia, área prenhe de conflitos de terras e de atuação da Igreja Progressista.
O conhecimento acima mencionado deveu-se ao jovem Pedro Albuquerque Neto, detido em Fortaleza, em fevereiro de 1972, pelo Departamento de Polícia Federal do Ceará, ao procurar obter uma cédula de identidade. Pedro já possuía antecedentes, por ter sido detido em outubro de 1968, como integrante do grupo de estudantes que tentou realizar o 30º Congresso da UNE em Ibiúna, São Paulo.
Em suas declarações à Polícia, disse haver sido deslocado pelo PC do B, em 1971, juntamente com sua companheira, do Ceará para São Paulo, e daí para a região do município de Marabá, a um lugarejo chamado Cigana, onde havia um campo de preparação para a guerrilha rural. Nessa área, dirigida por “Paulo”, havia um grupo de cerca de 15 militantes em treinamento.
Pedro Albuquerque disse ter permanecido no referido campo, com sua companheira, por cerca de seis meses, abandonando o local, por iniciativa própria, face à impossibilidade de conciliar a assistência à sua companheira, grávida, com as obrigações revolucionárias, e face à insistência dos dirigentes do partido para que a gravidez fosse interrompida por um aborto.
Depois de constatada, pelos Órgãos de Inteligência, a veracidade das declarações de Pedro Albuquerque Neto, as autoridades competentes acionaram o comando da 8ª Região Militar, em Belém, Pará, responsável pela segurança da área.
Assinale-se que, anteriormente, em janeiro de 1970, haviam sido criados os Destacamentos de Operações e Informações dos Centros de Operações de Defesa Interna (DOI/CODIs) nas áreas dos comandos de Exércitos e comandos militares, com a missão específica de agir, conjuntamente com as outras Forças Singulares, forças auxiliares e órgãos policiais dos Estados, no combate à subversão que então atingira seu ápice.
Posteriormente, em outubro de 1970, a Presidência da República emitiu o documento “Planejamento de Segurança Interna“ e, em seguida, os Ministros Militares, com base nesse documento, baixaram suas diretrizes específicas, conferindo, assim, ao então Sistema Nacional de Informações, a base legal para o combate independente, ou em ações conjuntas, à subversão.
Recorde-se que no início dos anos 70 o Brasil possuía uma população de 70 milhões de pessoas e o efetivo de todos os partidos e organizações marxistas-leninistas-trotskistas-maoistas-castristas-anarquistas então em atividade, em todo o território nacional, com seus aliados, simpatizantes e respectivas bases de apoio, era estimado em cerca de 25 mil, menos de 0,04% da população.
O Partido Comunista Brasileiro, não por acaso conhecido como O Partidão, embora abjurando a luta armada, é o que desempenhava uma atividade mais sutil e deletéria, face ao grande número de seus membros nos meios intelectuais, jornalísticos e nas cátedras escolares - alguns considerados acima de qualquer suspeita -, e muitos deles mantidos ingênuamente pela Revolução de 31 de Março de 1964 em seus cargos federais, estaduais e municipais, todos “fazendo a cabeça” dos sinceramente desavisados e desinformados.
Pela avaliação realizada pelos órgãos competentes do governo no que diz respeito ao trabalho de campo na área do Araguaia, concluiu-se que o Partido Comunista do Brasil jamais conseguiria o apoio da rarefeita população da área, constituída, na quase totalidade, por camponeses oriundos do Norte e Nordeste do país, com quase nenhum grau de instrução, sem condições intelectuais, portanto, de absorver a sofisticada ideologia científica. Nessa avaliação, ficou claro que em abril de 1972 - 6 anos após a chegada dos primeiros militantes à Área Estratégica - os guerrilheiros ainda não se sentiam seguros para iniciar o trabalho de cooptação ideológica dos moradores locais. Buscavam, isto sim, os paulistas - como eram conhecidos os guerrilheiros -, obter o reconhecimento da sofrida população através de precários atendimentos médicos e farmacêuticos e fornecimento de medicamentos.
Registre-se que naquele momento - abril de 1972 - a guerrilha urbana já estava em fase terminal.
Embora o governo Médici fosse notoriamente popular, forte e coeso, isso não incomodava o Sr. João Amazonas e seus companheiros de direção do PC do B que o julgavam, em suas análises, cada vez mais instável e desprovido de base social. O projeto do partido deveria, portanto, ir avante. Afinal, a partir da constituição do partido, em 1962, já se haviam ido cerca de 10 anos de investimentos. E, como justificar o recuo perante os camaradas da China e da Albânia? E, também, eram menos de 100 jovens... Um número insignificante para o partido representante da classe operária.
Sem apoio de Inteligência e da população, sem apoio externo, sem comunicações, sem apoio político, financeiro e militar, e com armamento deficiente, não houve Guerra Revolucionária alguma. No chamado trabalho de campo, no estágio em que foi encontrado, os guerrilheiros ainda não dispunham e, daí em diante, nunca chegaram a dispor da situação considerada ideal para a guerrilha.
A Guerra Revolucionária limitou-se a manobras evasivas dos rebeldes, objetivando desgastar os contra-rebeldes, e à permanente fuga através da selva. Nesse sentido, os guerrilheiros levavam a vantagem do perfeito conhecimento da região. É evidente que os contra-rebeldes só iriam conseguir esse conhecimento após algum tempo.
Para os que não conhecem a Selva Amazônica, a penetração acarreta um alto grau de insegurança, pois a região é inóspita e a mata virgem só mantém a claridade do dia no período das 9 às 15 horas. Nessas condições, os contra-rebeldes, para penetração na selva em trabalhos de busca, necessitavam da colaboração de mateiros nativos da região.
A “Comissão Militar” que dirigia a guerrilha composta, evidentemente, pelo que de melhor havia no partido em matéria de luta armada, não soube fazer uma avaliação de seus fatores de força e de fraqueza, permanecendo em uma área já descoberta e em certo momento determinando o agrupamento dos três Destacamentos sob seu comando, aceitando, portanto, o inevitável confronto, sacrificando os melhores quadros do partido e um grupo de jovens inexperientes, levando-os à morte.
Por outro lado, a Executiva Nacional do PC do B e a “Comissão Militar”, ao que parece, analisaram de forma distorcida a operação levada a efeito, por etapas, pelas Forças Armadas, julgando que o retraimento em cada uma dessas etapas constituía uma vitória da guerrilha, e que, assim, teriam condições de manter-se no local indefinidamente, por falta de competência da tropa contra-rebelde. Não souberam avaliar que nos períodos de tempo em que contingentes das Forças Armadas não se mantinham na área era dedicado a trabalhos de Inteligência, levantando dados sobre os guerrilheiros, os moradores, sobre a tendência ideológica de cada morador, e reconhecendo a região.
Na verdade, seriam o Sr João Amazonas, dirigente máximo do PC do B já falecido, e a Srª Elza de Lima Monerat - até hoje integrante do Comitê Central, cuja tarefa era conduzir os jovens, de São Paulo para o Brasil Central -, quem deveriam ter sido responsabilizados pelos familiares dos jovens mortos na louca empreitada por eles imaginada, abandonados à própria sorte, sem condições mínimas de sobrevivência e de luta. Ambos chegaram à área no início de 1968, mas se retiraram, desertando e voltando para São Paulo em abril de 1972, tão logo os confrontos tiveram início.
O único apoio recebido por esses jovens foi o moral, transmitido através dos programas em português, dirigidos ao Brasil, pela Rádio Tirana, da Albânia. Esse apoio, no entanto, não custava dinheiro e não envolvia riscos para os dirigentes partidários.
Na composição do contingente levado para o Araguaia predominou o número de militantes oriundos da classe média, embora pelos ensinamentos da doutrina científica o proletariado é que seria o coveiro do capitalismo: 44% eram estudantes universitários, 8% secundaristas, 16% profissionais liberais (professores, médicos, advogados) e 12% comerciários, bancários e outros. Isso significa que mais de 70% dos militantes engajados na guerrilha eram procedentes das chamadas camadas médias. Os operários, força motriz da revolução, eram cerca de 6% apenas.
Isso tem um significado: o fraquíssimo enraizamento do PC do B, definido pelos documentos partidários como o partido da classe operária, na dita classe operária, considerada a categoria social básica para o êxito da luta revolucionária. Isso viria a ser reconhecido pelo ex-guerrilheiro José Genoino Neto, em uma avaliação tornada pública em 1979.
Elza Monerat até hoje continua integrando a direção partidária, agora legal perante a Justiça Eleitoral, e desde o seu 8º Congresso, em 1992, transformado em um partido light, após renegar a figura de Stalin que havia sido considerado em 1962, quando o PC do B foi fundado, o “quarto clássico do marxismo-leninismo”.
Após o desmantelamento do socialismo real e da morte do ditador Henver Hodja, guia genial do povo albanês, a Albânia, considerada pelo PC do B como o farol do socialismo, foi também renegada pelo 8º Congresso.
João Amazonas, dirigente supremo do Partido Comunista do Brasil desde 1962, ou seja, desde que o partido passou a existir, ao prestar um depoimento, em 16 de maio de 1996, sobre a Guerrilha do Araguaia, na Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, faltou descaradamente com a verdade, distorcendo os fatos, no afã de justificar o injustificável: a morte dos jovens militantes levados pelo partido para a Selva Amazônica, a fim de desencadearem a luta “em favor dos oprimidos”. Além de traçar um retrato baluartista da guerrilha e atacar os militares “que atuaram como bárbaros, violando a Convenção de Genebra”, o kamarada Amazonas tentou fazer crer que a guerrilha era “uma resposta do povo” ao Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968 e às atividades dos DOI/CODI (constituídos somente em janeiro de 1970). Disse também que “o movimento contou com amplo apoio da população” e que, “para nós, o Araguaia foi uma grande experiência”.
Deve ser consignado que João Amazonas em seu depoimento na Comissão de Direitos Humanos, após uma breve exposição, respondeu “perguntas” formuladas pelos seguintes deputados: Inácio Arruda, Socorro Gomes, Haroldo Lima, Aldo Arantes, Jandira Feghali, Aldo Rebelo, Sérgio Miranda e Lindberg Farias, todos membros do partido por ele dirigido, o PC do B!
Ao afirmar que os militares “atuaram como bárbaros”, João Amazonas esqueceu-se de mencionar ter sido dele a iniciativa da constituição da Área Estratégica nas selvas do Brasil Central, com jovens recrutados nas cidades, futuros membros do Exército Popular de Libertação que imporia ao Brasil uma República Democrática Popular, ou seja, ao pé da letra, nada mais que um pleonasmo: um governo do povo popular...
Esqueceu-se de dizer que as primeiras vítimas na guerrilha foram militares do Exército, muito antes que algum guerrilheiro fosse morto ou desaparecesse.
Esqueceu-se de mencionar, também, que a guerrilha possuía leis próprias, como um Tribunal Revolucionário criado pela “Comissão Militar” e que essa “Comissão”, sem qualquer julgamento, com base nessas leis próprias (eludindo a citada Convenção de Genebra), onde uns poucos podiam tudo, “justiçou” pelo menos dois integrantes da própria guerrilha que ousaram pensar com a própria cabeça e decidiram abandonar a louca empreitada. Os companheiros “justiçados” foram os guerrilheiros “Mundico” e “Paulo”. Este, segundo uma publicação do próprio PC do B e “Mundico” apontado como tendo cometido o suicídio.
Esqueceu-se de recordar que pelo menos três habitantes da região, por suspeita de colaboração com as forças da ordem, considerados, portanto, segundo a cartilha do PC do B, “inimigos do povo”, foram também “justiçados”.
Cabe indagar que parcela do povo conferiu aos ungidos dirigentes do PC do B, ideológica e militarmente formados, primeiro na União Soviética e depois na China, o direito de julgar e assassinar, a título de “justiçamento”, os “inimigos do povo”? Quais os critérios utilizados para definir quem eram os amigos ou inimigos do povo?
É interessante assinalar que os “justiçamentos”, bem como as demais mortes na guerrilha, são abençoados por Frei Betto, que em um livro de sua autoria, “Nos Bastidores do Socialismo”, página 404, escreveu: “Quero deixar claro que admito a pena de morte em uma exceção: no decorrer da guerra de guerrilhas”.
Toda uma série de crimes, ademais, foram cometidos pelos que se aventuraram na violência armada, na cidade e no campo. Livros recentemente escritos por militantes ou ex-militantes de partidos de esquerda e organizações terroristas, revelam esses crimes.
Deve ser reconhecido que na guerra suja contra a subversão armada as Forças Armadas não deixaram de agir com rigor, no cenário escolhido e com as armas propostas pelos inimigos da Pátria, retaliando com violência a violência revolucionária por eles iniciada. Sem dúvida, uma decisão em muito semelhante à adotada por Israel após o massacre de seus atletas na Olimpíada de Munique, em 1972, quando a então 1ª Ministra, Golda Meir, ordenou aos Serviços de Inteligência “matar os que mataram”.
Quando, a partir de 1966, o Partido Comunista do Brasil começou a deslocar um grupo de militantes para a “Área Estratégica”, no Norte de Goiás e Sul do Pará para a estruturação de um “trabalho de campo” visando a formação futura de um “Exército Popular de Libertação”, uma parcela das Forças Armadas brasileiras começava também a receber o treinamento necessário ao conhecimento da Guerra Revolucionária, então desencadeada em diversos países da América Latina e Central por decisão da “OLAS - Organização Latino-Americana de Solidariedade”, constituída nesse ano de 1966, em Havana.
Não tinham ainda, as Forças Armadas, experiência nesse tipo de Guerra, uma vez que nenhuma Academia Militar jamais ensinou como - por exemplo - ganhar a população para a sua causa. Quem faria o papel de população a ser ganha?
É evidente que os contra-rebeldes, ao penetrarem na área escolhida pelos rebeldes - a Área Estratégica - dificilmente poderiam distinguir quem era e quem não era guerrilheiro, já que ele poderá ser de qualquer sexo, qualquer idade e ter qualquer profissão. Ademais, os rebeldes possuíam a iniciativa, uma vantagem decisiva em qualquer tipo de guerra.
Neste sentido, os contra-rebeldes deveriam estar sempre atentos e prontos, com um número sempre muito maior e desproporcional de homens, para contra-atacar a quem ele não conhecia, objetivando manter um mínimo de controle da situação e um mínimo de contato com os rebeldes. Nessa situação era inevitável que algumas ações, como é o desejo dos rebeldes, atingissem a população inocente, criando arestas para os contra-rebeldes.
Recorde-se que, quando o PC do B iniciou aquilo que ele próprio denominou de trabalho de campo, em 1966, ainda não haviam eclodido os distúrbios estudantis - que tiveram seu ápice no Maio francês, no Quartier Latin, em Paris, e no Brasil, em 1968 - e a guerrilha urbana estava, ainda, em seu estágio inicial.
O atentado a bomba perpetrado no Aeroporto dos Guararapes, em Recife, em 25 de julho de 1966, contra o General Costa e Silva, no qual perderam a vida o jornalista Edson Régis de Carvalho e o Almirante Nelson Gomes Fernandes, saindo ferido o hoje General Sylvio Ferreira da Silva, embora, como depois comprovado, tivesse sido uma ação de iniciativa individual de um militante da Ação Popular, pode ser definido como o início da guerrilha urbana.
A chamada pequena-burguesia, intelectuais e estudantes universitários foram os quadros que, em grande parte, constituíram as chamadas Organizações Revolucionárias. Jovens, em sua maioria idealistas, impregnados pelas doutrinas de seus ídolos de então - livremente ensinadas nas cátedras das Universidades -, Marx, Engels, Lênin, Mao, Trotsky, Che Guevara. O Manifesto Comunista, que em 2004 completará 156 anos, foi um dos escritos que fizeram a cabeça dessa juventude. Um outro – que já teve inúmeras reedições, foi “Conceitos Elementares do Materialismo Histórico”, escrito na década de 60 por Marta Harnecker, marxista-leninista chilena que hoje vive em Cuba e transformou-se na principal ideóloga do Foro de São Paulo.
É forçoso reconhecer que ainda hoje, apesar do desmantelamento do socialismo que realmente existiu, do advento da globalização, do surgimento da Internet, e da descrença generalizada nos políticos, existe um grupo de jovens brasileiros – como, ademais, em todos os países - que acredita no socialismo e julga que o mundo só irá melhorar depois de uma revolução liderada pela classe trabalhadora, conduzida pelo partido da classe operária, o Partido Comunista, seja qual for o matiz de seu socialismo. Chamados de dinossauros por seus próprios colegas, por defenderem idéias ultrapassadas, eles dizem ter certeza que o capitalismo irá ruir em pouco tempo e, nesse sentido, vivem uma rotina estafante, dividindo seu tempo entre as aulas nas Universidades e o trabalho político nas fábricas, nas associações de bairro e nas próprias Universidades.
Ser militante, é certo, não é tarefa para qualquer um, sendo quatro, pelo menos, os requisitos básicos imprescindíveis: assistir semanalmente às reuniões do seu núcleo de base; levar a política do partido aos movimentos sociais; divulgar o jornal do partido; e contribuir financeiramente para o partido ou organização.
Um desses dinossauros, com apenas 21 anos, disse recentemente à revista Veja que “não há nada mais excitante do que convencer uma pessoa de que o socialismo não morreu”.
A posição dos jovens guerrilheiros está perfeitamente definida no livro “O Que é Isso, Companheiro?”, de Fernando Gabeira. Segundo o livro, eles sentiam orgulho de ser considerados guerrilheiros.
As organizações comunistas constituídas na década de 60, a partir de inúmeras cisões ocorridas no tradicional Partido Comunista Brasileiro eram, em sua maioria, adeptas da “Teoria do Foco Guerrilheiro”. Recorde-se que, segundo essa teoria, a revolução deveria ser feita e conduzida a partir da proliferação de “focos guerrilheiros”, constituídos independentemente dos partidos, pois “o Foco era o próprio partido em verde; o Foco seria o pequeno motor que poria em ação o grande motor: a revolução”, segundo escreveu o intelectual francês Regis Debray, companheiro de Che nas selvas da Bolívia.
O Foco, todavia, era dependente das expropriações levadas a efeito nas cidades pelos guerrilheiros urbanos, para fazer finanças que tornassem possível a montagem de sua estrutura no interior do país.
No entanto, a guerrilha urbana foi dizimada e, pouco a pouco, tornou-se uma questão de sobrevivência dos próprios guerrilheiros que jamais conseguiram sair do círculo vicioso de assaltar para sobreviver. Isso já foi narrado em vários livros escritos por ex-terroristas, como, por exemplo, Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz (“Clemente”), que foi um dos comandantes da ALN-Ação Libertadora Nacional, após as mortes de Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira.
“Clemente” escreveu em seu livro “Nas Trilhas da ALN”, 1997, editora Bertrand Brasil, no qual faz uma profunda autocrítica, que a ALN: “ao final de cada mês, assaltava a fim de obter dinheiro para pagar os aluguéis dos aparelhos”.
Sobre a ajuda fraternal dos companheiros cubanos à violência armada no Brasil, “Clemente” foi altamente crítico quando se referiu ao tratamento dado pelos membros da Inteligência cubana aos brasileiros que receberam treinamento militar em Cuba: “Eles tentam influenciar na escolha de nossos comandantes; fortalecem uns companheiros em detrimento de outros; isolam alguns para criar uma situação de dependência psicológica que facilite a aproximação, influência e recrutamento; alimentam melhor os que aderem à sua linha e fornecem informações da Organização; concedem status, que vão desde a localização e qualidade da moradia à presença em palanques nos atos oficiais; não respeitam nossas questões políticas e desconsideram nosso direito à autodeterminação”.
Voltando ao Partido Comunista do Brasil: como já vimos, desde que foi constituído, em fevereiro de 1962, passou a defender a violência armada como a principal forma de luta para a tomada do poder. Nesse sentido, em seu Manifesto-Programa afirmava que as classes dominantes tornavam inviável o caminho pacífico da revolução e que as massas operárias e camponesas teriam que recorrer a todas as formas de luta. Isso em 1962, no governo Jango!
A área de floresta densa de cerca de 7 mil quilômetros quadrados em que os militantes do PC do B para ali deslocados começaram a se fixar, abrigava, então, uma população rarefeita de cerca de 20 mil pessoas. Estima-se que aí estivessem, em abril de 1972, quando foram iniciadas as hostilidades, cerca de 70 militantes dirigidos por uma “Comissão Militar” e divididos em três Destacamentos. Isto significa que quando os contingentes das Forças Armadas chegaram à área, os militantes do PC do B já a conheciam bem e nela se movimentavam com facilidade.
Coerente com o modelo revolucionário importado da China, quase todos se estabeleceram na área com diversos tipos de comércio, como farmácias e pequenos armazéns, o que facilitava o contato com a população local. Também foi utilizado um barco, para a compra e venda de artigos junto às populações ribeirinhas do rio Araguaia. Isso permitia os tipos de levantamentos desejados, bem como a instalação de um precário sistema de Inteligência, objetivando o controle e identificação de pessoas estranhas chegadas à região.
Tudo isso foi mantido no mais absoluto sigilo até o início de 1972, buscando preservar as atividades do PC do B na área rural para a implantação da “Área Estratégica”. Sigilo não apenas externo como também dentro do próprio PC do B.
Nesse sentido, as normas da direção do partido para manter a operação sob rigoroso sigilo, definiam:
- o conhecimento da operação por um reduzido número de membros, inclusive aqueles pertencentes ao Comitê Central;
- o recrutamento e o deslocamento para a região eram feitos sem que o militante tomasse, a priori, conhecimento de seu destino;
- aos militantes introduzidos na área não era permitido o afastamento, a não ser em casos excepcionais de doença;
- não realização de trabalho político-revolucionário junto à população local antes da eclosão efetiva da violência armada.
A partir do ano de 1970 o fluxo de militantes do partido enviados para o Sul do Pará aumentou consideravelmente, com o objetivo de tomarem conhecimento detalhado da região, adaptação à vida local e realização de um continuado trabalho de massa junto à população da área, de cunho eminentemente social, sem aparentar conotações políticas, como acima foi escrito.
A quase totalidade desses militantes era composta de jovens, na faixa etária de 20 a 28 anos de idade, quase todos estudantes universitários e secundaristas (mais de 50%) que, nas cidades, participavam do Movimento Estudantil.
A formação desses elementos, ligados às áreas de saúde, educação e agricultura, considerando as atividades desenvolvidas pelo partido na região, facilitavam em muito o acesso ao local e ao precário trabalho de massa desenvolvido, permitindo uma boa aceitação pelos habitantes da área.
Antes do deslocamento para a Selva Amazônica os militantes eram conduzidos a São Paulo, onde, em aparelhos do partido, eram entrevistados por um membro da Comissão Executiva conhecedor da operação. Aos estudantes recrutados era dito que face à impossibilidade de uma atuação política nas cidades em que viviam, dada a iminência de serem presos, por segurança deles próprios e do partido, seriam deslocados para outras áreas de atuação.
Esses jovens – homens e mulheres - eram conduzidos à área estratégica sempre por “Dª Maria” – Elza Monerat, uma velhinha simpática, acima de qualquer suspeita.
É verdade que os primeiros elementos chegados à chamada “Área Estratégica” buscaram e obtiveram uma efetiva integração com os moradores locais, após estudarem seus hábitos e costumes. Em 1970, o PC do B já possuía glebas de terras espalhadas por diversos locais. Elas, no futuro, serviriam de pontos de apoio, onde os guerrilheiros passariam a viver com fachada legal.
A partir de 1971 foi dada prioridade às atividades de treinamento físico e instrução militar. A prioridade para esse tipo de trabalho obedeceu a uma resolução da Executiva Nacional do PC do B, no sentido de que fosse adotada uma estrutura militarizada para o movimento que passou a ser constituído por Destacamentos com o efetivo, cada um, de 23 homens (um comandante, um vice-comandante e 21 membros divididos em três Grupos).
O trabalho de formação política dos guerrilheiros, que consistia na leitura e discussão dos documentos elaborados pelo partido, além da obrigatoriedade de ouvir, diariamente, as transmissões em português da Rádio Tirana, da Albânia, sempre existiu.
Quando foram iniciados os confrontos, em abril de 1972, a “Comissão Militar” decidiu alterar sua tática, passando a fazer propaganda revolucionária ostensivamente, não em nome do Partido Comunista do Brasil, mas de uma pseudo-entidade denominada “União para a Liberdade e pelos Direitos do Povo” (ULDP), com base em um programa político de 27 pontos, elaborado pela direção do partido, voltado para as peculiaridades da região e difundido à população local.
Dentre os documentos básicos do “União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo”, fazia parte um programa de reivindicações mínimas que continha um levantamento dos principais problemas da área, dava sugestões para a solução desses problemas e concitava a população a unir-se à luta pela implantação de um Governo Popular Revolucionário. Ora, para a maioria da população analfabeta da região, isso era latim...
Por outro lado, o “Regulamento da Justiça Militar Revolucionária”, redigido pela “Comissão Militar”, definia as penas para as faltas consideradas graves cometidas pelos guerrilheiros, bem como para os “inimigos do povo” capturados. A Justiça Militar Revolucionária constituía-se de um Tribunal Militar Revolucionário das Forças Guerrilheiras, composto por dois membros do Birô Político da Zona Guerrilheira, um membro da “Comissão Militar”, e o Comandante ou Vice-Comandante do Destacamento a que pertencesse o guerrilheiro a ser julgado.
Com base nesse Regulamento, três moradores da região e pelo menos dois guerrilheiros foram assassinados. Ou melhor, “justiçados”, segundo o linguajar da guerrilha.
O Regulamento Militar definia a estrutura das forças guerrilheiras, pelo menos para a fase inicial das operações. Essa estrutura era composta de uma “Comissão Militar”, sem constituição definida, designada pelo Birô Político da região de guerrilha, e a ele subordinado; pelos Destacamentos que operavam sob a direção da “Comissão Militar”, com uma área determinada de operações; e pelos Grupos que integravam os Destacamentos.
O Destacamento correspondia a uma unidade das Forças Guerrilheiras. Estruturava-se com um Comandante, um Vice-Comandante e três grupos de 7 guerrilheiros cada um, que dispunham de relativa autonomia. Em princípio, não era previsto um número fixo de Destacamentos que aumentariam ou diminuiriam de conformidade com o desenvolvimento da luta guerrilheira.
O Grupo constituía a unidade militar de base das Forças Guerrilheiras. Era composto por um Chefe, um substituto eventual e 5 combatentes.
A mencionada “União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo”, denominação fictícia da guerrilha, foi totalmente dizimada pelos contra-rebeldes, até meados de 1974.
Diversos militantes do partido, recrutados para a aventura do Sul do Pará, ao tomarem conhecimento da área logo manifestaram desejo de abandoná-la, vendo-se impedidos, no entanto, por três razões: as ameaças dos dirigentes locais do partido; o receio de ficarem perdidos na selva; e o receio de serem capturados pelas forças legais.
Dentre esses elementos, além de Pedro de Albuquerque Neto e sua esposa “Ana”- Teresa Cristina de Albuquerque, outros 8 guerrilheiros abandonaram a área e a guerrilha por motivos diversos.
Os dois últimos que conseguiram sair da área, também abandonando a guerrilha, foram “Joaquim” – Ângelo Arroio, membro da “Comissão Militar” e “Zeca” – Micheas Gomes de Almeida (que em 2003 deu diversas entrevistas à imprensa), juntos, no início de 1974, no decorrer da terceira e última fase das hostilidades. Ângelo Arroio viria a ser morto em 1976, em São Paulo, num aparelho do PC do B, onde se realizava uma reunião do Comitê Central.
É de observar-se a diferença de tratamento dado pela direção da guerrilha à Teresa Cristina de Albuquerque, grávida - impondo-lhe a realização de um aborto -, com o dispensado a Criméia Alice Schimidt de Almeida, também grávida, autorizada a voltar para São Paulo. Teresa era uma desconhecida militante de uma base estudantil do Nordeste. Criméia, no entanto, era a mulher de “Zé Carlos”- André Grabois - comandante de um Destacamento – e, portanto, nora do Comandante Militar da guerrilha, Mauricio Grabois.
Segundo a doutrina científica que a guerrilha do PC do B desejava implantar, todos seriam iguais. Uns, todavia, desde o início, eram “mais iguais”, segundo a histórica expressão de George Orwell no livro “A Revolução dos Bichos”.
Quanto ao chamado trabalho de massa desenvolvido junto aos habitantes da área, segundo a publicação “Guerrilha do Araguaia” (sem menção ao nome do autor), da Editora Anita Garibaldi, um empreendimento do PC do B, dos habitantes da região foram incorporados aos Destacamentos guerrilheiros uma pessoa em dezembro de 1972, outra em abril de 1973 e 9 a partir de junho de 1973, num total de 11 pessoas. Índice que pode ser considerado excepcionalmente reduzido, levando-se ainda em consideração que, dessas pessoas, duas desertaram da guerrilha em fins de outubro de 1973, e outras duas em novembro e dezembro de 1973.
Todavia, já foi dito que no período que antecedeu as hostilidades e mesmo depois do seu início, diversos moradores da região foram recrutados para a guerrilha ou simplesmente colaboraram com ela, realizando pequenas tarefas, como, por exemplo, ceder mantimentos aos guerrilheiros.
Considerando as naturais despesas para a instalação inicial de campos de treinamento - aquisição de pontos comerciais e glebas de terras, a distribuição de recursos financeiros entre os Destacamentos, além dos recursos necessários à toda uma sistemática de recrutamento e viagens de militantes para a área, bem como de dirigentes para dentro e fora da área -, as contribuições financeiras de possíveis aliados do partido, em território nacional, seriam insuficientes para atender a todas essas necessidades, sendo lícito especular que os recursos destinados à montagem da “experiência”, iniciada em março de 1964, com a ida de militantes para cursar a Academia Militar de Pequim, e concluída 10 anos depois, pelo seu desmantelamento total, teriam sua origem na China ou até mesmo na Albânia, país mais atrasado e pobre da Europa.
Dentre os militantes do partido que desenvolveram atividades no Sul do Pará e direta e indiretamente participaram da implantação das bases guerrilheiras, os seguintes foram adestrados militarmente na China, segundo matérias publicadas na Folha de São Paulo dos dias 21 e 22 de novembro de 1968:
“Ari” - Arildo Valadão
“Cazuza” – Miguel Pereira dos Santos
“Dª Maria” - Elza de Lima Monerat
“Daniel” - Daniel Ribeiro Callado
“Gil” - Manoel José Nurchis
“Joaquim” - Ângelo Arroio
“Joca” - João Bispo Ferreira Borges
“Juca” – João Carlos Haas Sobrinho
“Nelito” - Nelson Lima Piauhy Dourado
“Nunes” - Divino Ferreira de Souza
“Osvaldão” - Osvaldo Orlando da Costa
“Zé Carlos” - André Grabois
“Zé Fogoió” ou “Zeca” - José Humberto Bronca
”Zeca” ou “Zezinho” - Micheas Gomes de Almeida
Com exceção de “Dª Maria” e de “Zeca” ou “Zezinho”, que desertaram, todos estão mortos.
Além dos “justiçamentos” dos guerrilheiros “Mundico” e “Paulo”, alguns habitantes da região foram também “justiçados” pelos guerrilheiros sob a acusação de colaboração com a repressão. Foram eles Pedro Mineiro, João Pereira e Osmar.
Parece desnecessário discorrer sobre os efeitos altamente negativos sobre o PC do B, junto à esquerda e a seus próprios militantes - estes, quando foram informados - do desfecho da Guerrilha do Araguaia, bem como, paralelamente – visando eliminar um possível apoio, de fora, à guerrilha - do desmantelamento de diversos Comitês Estaduais do partido nas cidades, com a prisão de um grande número de dirigentes e provados militantes, e mortes de alguns.
Sobre tudo isso, a direção do PC do B manteve um completo silêncio. Somente em agosto de 1976, mais de dois anos após o fracasso da experiência (como o PC do B se referia à guerrilha) do Araguaia, é que a Comissão Executiva decidiu divulgar um documento, dirigido às bases do partido, abordando o tema. Esse documento tinha um título extemporâneo: “Gloriosa Jornada de Luta”. Comunicava que a guerrilha havia chegado ao seu fim, não sob a forma de aniquilamento total ou deserção dos militantes nela engajados, mas sob a forma de “um recuo e uma dispersão temporária”. Esse Comunicado definiu a luta no Araguaia como “um conflito regional entre posseiros” e não como um ato projetado pela alta direção partidária desde fevereiro de 1962, quando o partido foi constituído.
Os familiares dos militantes deslocados para a Selva Amazônica que os promotores da guerrilha, desde o primeiro momento, sabiam que estavam mortos ou desaparecidos, NUNCA foram informados de nada pelos dirigentes partidários.
Embora derrotados na Selva Amazônica e politicamente desmantelados nos centros urbanos, os dirigentes do partido não deixaram de considerar válida a “experiência” do Araguaia e, ainda no ano de 1976, elaboraram um planejamento para o prosseguimento da violência armada no campo, em longo prazo, procurando tirar ensinamentos dos erros passados.
Esse planejamento não teve conseqüências, uma vez que em dezembro de 1976, quando ele seria discutido, os Órgãos de Segurança desmantelaram uma reunião da Executiva Nacional e do Comitê Central do PC do B, em São Paulo - operação que o partido passou a denominar “Chacina da Lapa”-. Nessa ocasião, diversos dirigentes foram presos e outros mortos e diversos documentos relativos ao planejamento da pretendida continuidade da experiência do Araguaia foram apreendidos.
Devido a ocultação, pela direção do PC do B, dos fatos relativos ao Araguaia, no início dos anos 80 um grupo de militantes abandonou o partido - inclusive o atual deputado José Genoino Neto - e constituiu o PRC - Partido Revolucionário Comunista, cuja existência foi efêmera.
A direção do PC do B NUNCA fez uma autocrítica da Guerrilha do Araguaia, como se nada houvesse acontecido. Continua insistindo em colocar a culpa pelas mortes, prisões e desaparecimentos, na repressão desencadeada pela ditadura militar “que atuaram como bárbaros”. Em 1982, no 6º Congresso do PC do B – na realidade, o primeiro a ser realizado desde a constituição do partido, em fevereiro de 1962 -, com o partido já depurado dos militantes que o abandonaram, a fragorosa derrota foi, cinicamente, atribuída a “desacertos e insuficiências de natureza militar”. Juntamente a essa explicação, o Congresso voltou a criticar o maoísmo, e a Albânia foi apontada como o único país que permanecia fiel ao socialismo.
Recorde-se que, curiosamente, apenas 6 anos antes, em 1976, o líder chinês, Mao-Tsetung, quando de sua morte, havia sido apontado pela direção do PC do B em artigo publicado pelo jornal do partido “A Classe Operária”, de setembro desse ano, como “a personalidade mais destacada do movimento comunista mundial contemporâneo”.
Dois anos depois, em 1978, no entanto, as análises científicas partidárias passaram a propalar para as bases que o kamarada Mao “nunca havia sido um marxista”; que nunca passara de “um líder nacionalista e democrático pequeno-burguês”.
Antes disso, a VII Conferência Nacional do PC do B, que reuniu o que restava do Comitê Central do partido, realizada em... Tirana, capital da Albânia, em duas partes – outubro de 1978 e janeiro de 1979 – iria decretar “o caráter pernicioso da influência de Mao-Tsetung”, transformando-o, de um dia para o outro, em revisionista, defensor da conciliação com as burguesias nacionais e, portanto, antimarxista-leninista.
Registre-se que os delegados a essa VII Conferência, ao invés de serem eleitos pelos Comitês Regionais, como é de praxe em todos os partidos comunistas do mundo e como, aliás, consta do Estatuto do PC do B, foram selecionados pelo próprio Comitê Central que, dessa forma, preveniu-se contra prováveis posicionamentos políticos antagônicos.
Até então, desde fevereiro de 1962, quando foi criado, o PC do B não havia realizado nenhum Congresso, o que não impedia que o Comitê Central remanescente afirmasse que “o partido é uma organização centralizada. Entre um e outro Congresso, o CC representa o partido. A unidade se faz em torno do CC”. Como o 1º Congresso do PC do B somente foi realizado em janeiro de 1982, 21 anos depois de sua fundação, durante todo esse tempo, o Comitê Central funcionou com dirigentes cooptados pelo próprio Comitê Central.
Ou seja, o Partido Comunista do Brasil, após as demoradas análises científicas de seus dirigentes, deu a entender que o culpado pela catástrofe no Araguaia teria sido Mao-Tsetung, pois, afinal, o partido não havia seguido fielmente os ensinamentos transmitidos a seus militantes na Academia Militar de Pequim?
(*) Carlos I. S. Azambuja é historiador.
Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=65254&cat=Ensaios
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