MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

'O GRANADEIRO EMPAREDADO' - por General Marco Antonio Felicio da Silva

'O GRANADEIRO EMPAREDADO'

General Marco Antonio Felicio da Silva (*)

Em 15 de janeiro de 2001, o Embaixador M. Pio Correa, exemplo de uma classe de diplomatas que rareia na atualidade, publicou artigo intitulado “O Granadeiro Emparedado”. É a história de um soldado de Napoleão, encontrado no meio de grossa parede de um solar português, século e meio após a ocorrência do fato. Narra que o soldado, durante a invasão de Portugal pelos franceses, em 1807, introduzira-se no solar para roubar, prática comum nos exércitos napoleônicos. Descoberto, foi morto pelos moradores, em face do ódio que devotavam aos invasores estrangeiros. ‘Para evitar represálias, esconderam o corpo em grossa parede. E, com profunda sabedoria, arremata: “É esse precisamente o destino que certos círculos políticos, e não dos menos influentes, parecem esforçar-se por dar às Forças Armadas (FA) do Brasil: emparedá-las, encapsulá-las, reduzi-las à imobilidade e ao silêncio, separá-las do corpo da cidadania nacional, privá-las do respeito e da consideração de que, através da História, sempre gozaram da parte dos governos e do povo.

“O propósito óbvio é o de negar às FA qualquer presença, muito menos influência, na vida institucional da Nação.” Tal propósito, planejado, obedecendo interesses internacionalistas, foi incrementado durante os últimos 20 anos, principalmente no governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso(FHC) e, para os desavisados, tem tido continuidade no governo Lula, embora, de quando em vez, promessas jamais cumpridas, antagonizadas pela realidade vivida pelas FA: parcos recursos e deficiências de toda ordem. Como exemplo, a falta de investimentos em novos sistemas de armas e a drástica redução de efetivos militares, neste ano de 2009. Desde 1967, parcela da obra literária de FHC, extensa e confusa, sugere o desenvolvimento do Brasil e de outros países latino-americanos sob a dependência da macroeconomia norte-americana (Teoria da Dependência).

Embora considerado por seus pares socialista-marxista, FHC, no seu auto-exílio no Chile, foi admitido na CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), órgão da ONU, recebendo alto salário em cargo de nível diplomático. Tinha direito a privilégios: isenção de impostos, vida abastada, bela casa em bairro nobre e carro Mercedes Benz com motorista. No retorno do seu auto-exílio, em 1978, desembarcou no Brasil com verba de 180 mil dólares, destinada ao CEBRAP, doada pela Fundação FORD.

O Diálogo Interamericano (DI), seminário a que FHC compareceu, e cuja ata de fundação subscreveu no início da década de 80 (1982), juntamente com LUIZ IGNÁCIO LULA da SILVA (pasmem!), é ONG ligada a órgão do Congresso dos EUA, o Centro Acadêmico Woodrow Wilson (CAWW), sendo suas verdadeiras finalidades estatutárias desconhecidas. FHC ocupa, hoje, alta posição na direção do DI.

O governo FHC conduziu o Brasil a uma “dependência subalterna”, de forma deliberada, isto é, fez a inserção subordinada da economia brasileira ao capital internacional, obstando por muitos anos vindouros qualquer possibilidade de um desenvolvimento independente do País. Os principais colaboradores nomeados para o seu primeiro período de governo integravam o grupo partícipe de reunião em Washington, em novembro de 1989, organizada pelo 'Institute for International Economics', patrocinada pelo FMI, Banco Mundial, BID e pelo Governo norte-americano. Nesta, realizou-se estudo de diagnóstico enfocando o Brasil, elaborado por Eliana Cardoso e Daniel Dantas. No mesmo instituto foram estabelecidas as bases teóricas do Consenso de Washington.

Dois anos depois de sua posse na Presidência, FHC teve a sua campanha à reeleição lançada numa reunião do FMI, em Washington, por dois de seus colaboradores: Pedro Malan, ministro da Fazenda e Antônio Kandir, ministro do Planejamento. Desde a sua criação, o DI atuou, difundindo teses como as da globalização, da soberania limitada (ou relativa), do direito de ingerência e da interdependência entre as Nações.

O DI também se dedicou a conscientização de líderes e a outras ações político/ diplomáticas, visando a redução drástica dos efetivos e orçamentos das FA latino-americanas, objetivando enfraquecê-las, porém justificando com a obtenção de maiores recursos para assistência social e para o desenvolvimento. Exerceu pressões para a modificação da destinação constitucional dessas FA, afastando-as das funções de Defesa e tornando-as atuantes contra o terrorismo, narcotráfico, defesa ambiental e nas ações de defesa civil.

Pressionou a criação de ministérios da Defesa e de quadros civis para colocar tais órgãos sob o poder civil, enquadrando os comandos militares. Buscou como meta o rebaixamento do “status” social e político dos militares, afastando os ministros militares, considerados nacionalistas, da cúpula das decisões nacionais, retirando a influência dos mesmos sobre os presidentes dos países respectivos.

Defendeu o Direito de Ingerência para o restabelecimento da democracia, nas graves violações dos direitos humanos, crimes ambientais, desastres ecológicos e para o combate do terrorismo e do narcotráfico. Essas nefastas ações, apoiadas, e algumas delas aqui concretizadas nas últimas duas décadas, por brasileiros com poder de mando, como FHC e Lula, estão “justificadas” no livro, referendado pelo governo norte-americano e publicado, em 1990, pela editora Lexington Books, intitulado 'The Military and Democracy: The Future of Civil-Military Relations in Latin), editado por Louis W. Goodman, Johanna S..R. Mendelson, e Juan Rial, todos eles membros do DI.

O DI e FHC não podem esconder que seguiram as ordens do governo dos EUA, pois, em 1995, durante sua visita ao Brasil, o Secretário de Defesa William Perry declarou ao 'O Globo' (06-05-95) “que o seu governo quer que as Forças Armadas de cada país passem a ser lideradas por um Ministro de Defesa que seja civil. A liderança civil do sistema de defesa fortalece tanto a democracia quanto as próprias Forças Armadas. Nós vamos incentivar isso, assim como a idéia de que haja uma transparência cada vez maior no intercâmbio de informações militares entre as três Américas'.

Em junho de 1999, FHC mostrou claramente a sua subordinação, criando, por inconstitucional Medida Provisória, o Ministério da Defesa, sob direção civil. Os ministros militares, de então, aceitaram a extinção, embora ilegal, de seus ministérios. FHC, nos seus governos, ainda, diminuiu fortemente os orçamentos militares, restringiu aumentos de vencimentos, sucateou as FA, cortou verbas para alimentação, diminuiu efetivos, escasseou recursos para pesquisas militares, paralisou o Programa Calha Norte, assinou o tratado de não-proliferação Nuclear, paralisou o desenvolvimento do submarino nuclear, assinou o vergonhoso acordo 505 e o acordo para o não desenvolvimento de mísseis, afastou as FA do centro das decisões nacionais e privatizou áreas estratégicas para a Defesa. O conjunto da sua obra, sem dúvida, é crime de lesa-Pátria por servir a interesses estrangeiros, prejudicando a Nação.

Ouvimos notícias de que China domina a tecnologia da bomba de nêutrons, que lançou seu satélite tripulado, que seus submarinos atômicos com lançadores de artefatos nucleares singram os mares do planeta ou que a Índia tem FA nuclearizadas e vai lançar ao mar, dentro de 10 dias, seu primeiro submarino atômico, incluso com lançadores de artefatos nucleares. Esses fatos não representam apenas poder militar e capacidade de dissuasão. Significam muito mais do que isso: o domínio de tecnologias de ponta que geram múltiplos benefícios e riquezas para os povos desses países.

Então, nos perguntamos: por qual razão estamos tão atrasados em relação a países com graves problemas internos, quando não os temos com a mesma complexidade e intensidade? A resposta, configurando triste diferença para o que aqui ocorre, encontramos nas palavras de um Ministro das Relações Exteriores da Índia: “Temos uma grave responsabilidade para com o nosso País e para com o nosso Povo. Num mundo pleno de conflitos, desejamos a paz e, sobretudo, a independência para atingirmos os objetivos, em função da Nação, a que o Estado se propõe. Ademais, a capacitação nuclear, civil e militar, confere ao nosso País um outro status perante o mundo e as grandes potências.'

Que grande lição para os nossos desavergonhados governantes!!!

(*) O general Marco Antonio Felicio da Silva é articulista do jornal Inconfidência, Belo Horizonte, MG.

Acesse http://www.grupoinconfidencia.com.br/principal.php

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=66936&cat=Ensaios&vinda=S


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