MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

O fascismo gay em implantação no Brasil - Por Félix Maier



Símbolo Antifa tem exaltação ao comunismo


O fascismo gay em implantação no Brasil


Félix Maier

(2011)


“Tudo para o Estado, nada contra o Estado, ninguém fora do Estado“ (Benito Mussolini).

Desde o advento da “Nova República”, observa-se um contínuo progresso do Brasil em direção a uma sociedade comunofascista. A estratégia para atingir tal objetivo pauta- se numa revolução silenciosa, não perceptível pela maioria da população brasileira, a qual se encontra dopada pela doutrinação socialista maciça hoje presente em todos os setores da sociedade: ONGs, organizações comunitárias, associações de moradores, organizações religiosas, partidos políticos, sindicatos, associações profissionais, corporações privadas sem finalidades lucrativas, organizações societárias (membros, sócios), e todas as formas de organizações e instituições privadas, como fundações, escolas, universidade, centros de pesquisas e a organização material da cultura (cinema, TV, revistas, jornais, editoras, meios de comunicação de massa etc.), além de empresários que, de repente, se descobriram “socialistas”.

A doutrinação socialista nas escolas e nas universidades brasileiras se dá de forma escancarada. Livros de História e Sociologia tecem elogios às Revoluções Russa e Cubana, e fazem críticas sem fim à economia de mercado, ou seja, ao capitalismo. “Um outro mundo é possível” repetem os opositores da globalização no Fórum Social Mundial, todos eles, paradoxalmente, muito bem inseridos na globalização que marotamente dizem combater. Expoentes da intelligentsia nacional, como os “intelectuais orgânicos” da USP, Unicamp e UnB, louvam Fidel Castro e Che Guevara, que destruíram Cuba, e satanizam Augusto Pinochet, que criou o moderno e pujante Estado chileno. A mesma satanização é dirigida contra os governos militares da América Latina, que impediram a implantação do comunismo. Nas escolas não se ensinam humanidades, nem ciência social, apenas ideologia socialista, como vem alertando o site Escola Sem Partido. Nem por nada que há mais antiamericanos no Brasil do que na islâmica Indonésia.

Quem promove essa eficaz revolução socialista é, principalmente, o Partido dos Trabalhadores (PT), que prepara um suave caminho para a implantação do que poderíamos chamar de “fascismo gay”, um sistema totalitário híbrido, com base nos ensinamentos de Marx e Mussolini, e com o tempero de Antonio Gramsci e sua concepção de “guerra de movimento” ou “revolução permanente”, adotada pelos esquerdistas nos Estados democraticamente fracos, como o Brasil (em oposição à “guerra de posição”, contra Estados democraticamente fortes). Afinal, se alguém entendia de fascismo, essa pessoa era Gramsci. De preferência sem necessidade de (muito) sangue, como ocorreu na Itália dos fasci e dos balillas – ainda que tenhamos os cadáveres insepultos de Celso Daniel  e oito testemunhas, todos assassinados em série, em uma história nebulosa que o PT quer esquecer o mais rápido possível. “Fascismo gay”, aqui, não tem o sentido de “homossexual fascista”, embora eles existam, em movimentos gayzistas heterofóbicos que pretendem aprovar uma lei especial, dita anti-homofóbica, tentando criar mais uma etnia privilegiada (como as privilegiadas etnias indígenas e quilombolas), a etnia pink. “Fascismo gay”, neste texto, significa apenas “fascismo alegre”.

O “fascismo gay” pode ser comprovado com a cooptação de todos os setores da sociedade, os quais, “alegremente”, se deixam seduzir pelo modelo petista, obtendo todo tipo de benesses governamentais, como bolsas variadas – os currais eleitorais para o Partido se perpetuar no poder. Sem oposição no Parlamento e com “militantes” até dentro da Suprema Corte, como os petistas Carlos Ayres Brito e José Antonio Dias Toffoli, o PT se vale de suas falanges totalitárias para transformar o Brasil numa República Socialista: MST (o “braço armado” do PT), CUT, CPT, CNB do B, PC do B, o refundado PCB, PSTU, PSB, UNE, UBES, todos com o apoio irrestrito do Sistema Globo de PTvisão, especialmente na pessoa do âncora “orgânico” Mr. Bibi (Bill Bonner) e nas charges do pelego do humor petista, Chico Caruso. E do apoio de setores do que ainda resta do “capitalismo” no Brasil, como a FIESP de Paulo Skaf (que se candidatou e perdeu as eleições pelo Partido socialista Brasileiro), mais do que representados na figura do ex-vice-presidente de Lula, o falecido José Alencar, cujo Partido doou R$ 10 milhões ao PT para fazer parte do Governo Central. E de Sílvio Santos, que emplacou uma novela chapa-branca maniqueísta no SBT, Amor e Revolução, em agradecimento ao governo pela solução do imbróglio PanAmericano.

O PT, ao chegar ao Poder Central, não se fez de rogado e criou dezenas de milhares de “cargos de confiança” para empregar seus filiados e aliados. Falo em “Poder Central”, porque a República Federativa do Brasil existe apenas no papel e tudo gira em torno da Nossa Grande Guia em Brasília, Dilma Rousseff, que exerce o poder absolutista de His Majesty the President of Brazil, como um gringo já escreveu. Além do Poder Total, a igreja petista transformou-se no partido mais rico do planeta, ao receber religiosamente o pagamento mensal do dízimo de seus “fiéis” instalados em pontos-chave da máquina federal. Não importa se o “aspone” petista conhece ou não o trabalho técnico de sua pasta, como o “avatar” de José Genoino instalado no Ministério da Defesa por Jobim das Selvas. O que importa é o Everest de dinheiro arrecadado para o Partido dos Talibãs.

Logo depois de eleito, Lula foi garoto-propaganda do Banco de Minas Gerais (BMG), enviando 10 milhões de cartas para aposentados e pensionistas de todo o Brasil, para fazerem empréstimos consignados  a juros de pai para filho. Quanto o PT arrecadou com essa “consultoria” do ex-presidente e tirou um baco nanico do anonimato? Segundo o Ministério Público Federal, o Banco Mensalão do Governo (BMG) e o Banco Rural foram avalistas da farsa de dinheiro “emprestado” ao PT via valério-delúbio-duto. Não se sabe quanto o Mensalão Petista arrecadou com essa triangulação heterodoxa, mas todos já sabem que o processo contra os “40 ladrões” no STF terminará em pizza, sõ não se sabe se terá o paladar do queijo minas da terra de José Dirceu ou o sabor de calabresa da máfia italiana. Hoje, muitos times de futebol ostentam o BMG em suas camisas. Vai chegar o dia em que todos os 20 clubes da Primeira Divisão trarão o medalhão petralha no peito...

Apesar da horrenda corrupção que foi o Mensalão Petista, Lula se reelegeu para presidente. Na prática, Lula e os petistas enrolados se tornaram inimputáveis, assim como são inimputáveis as crianças, os índios e os loucos. Assim como é inimputável também Antonio Palocci, chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, que em quatro anos multiplicou por 20 seu patrimônio e acha que não deve explicações à sociedade. Punido foi apenas o caseiro Francenildo, que sofreu quebra de sigilo bancário, por interferência de Palocci, e que está sem emprego até hoje. Mais uma prova de que o “fascismo gay” tudo pode neste País.

Como diz o refrão, “o brasileiro (petista) não desiste nunca” em seu afã de implantar o socialismo no País, está no seu DNA, pois não existe ex-comunista, assim como não existe ex-prostituta. Como exemplo, podemos citar os planos petistas no primeiro governo Lula, como o Conselho do Jornalismo, que pretendia promover a censura nos jornais e revistas, e a famigerada Ancinav, que tinha como meta aperfeiçoar o Estado fascista, com controle absoluto sobre toda a produção audiovisual. Recebendo bordoada de jornalistas e escritores, por enquanto esses atos stalinistas foram guardados no freezer, para serem novamente requentados no micro-ondas mais adiante.

Outra investida fascista do PT foi a apresentação de uma “cartilha”  “politicamente correta”, confeccionada pelos “cabeças-chatas” da Secretaria Especial de Direitos Humanos. A cartilha, verdadeira “língua de pau”, apresentou um dicionário de palavras julgadas ofensivas, que não deveriam ser usadas pela população, um index verborum prohibitorum digno dos tempos da Santa Inquisição. Segundo a cartilha orwelliana, “bicha” e “sapatão” deveriam ser riscados do vocabulário popular para dar lugar a “entendido”.

O Brasil, hoje, é uma China às avessas. O país asiático ainda mantém o tirânico regime político comunista, porém abre-se aos poucos à economia de mercado, com a instalação de inúmeras indústrias em diversas partes de seu território. O Brasil, ao contrário, com um sistema econômico apelidado de “capitalista”, promove a comunização do campo, com a criação de inúmeros assentamentos do MST, cópia fiel dos sovietes instalados na antiga União Soviética. Somente durante o governo FHC, um Paraná inteiro foi doado aos revolucionários do messetê. Quanto mais terras recebe, mas terras exige a “guerrilha desarmada”, não sossegando enquanto não for dona de todas as terras do Brasil. A relativização do direito de propriedade rural havia sido inserida na socialistoide Constituição de 1988 e se aprofundou no governo petista, que apresentou projeto de ainda mais fustigar o produtor rural, ao exigir do agronegócio uma produtividade que fazenda alguma do mundo jamais conseguirá alcançar.

Um projeto de sucesso, elaborado pelas esquerdas, com o PT à frente, foi a virtual liquidação de nossas Forças Armadas. Durante a Constituinte, o bloco canhoto tentou tirar as prerrogativas das Forças Armadas, no que concerne à garantia dos poderes constituídos, da lei e da ordem. Por quê? Simples. As Forças Armadas sempre impediram que os comunistas se apoderassem do poder no Brasil. Foi assim em 1935, quando o agente moscovita-brasileiro Luiz Carlos Prestes detonou a Intentona Comunista. Foi assim em 1964, quando as Forças Armadas deram um basta na dupla baderneira e incendiária Jango-Brizola, e derrotaram grupos terroristas que pretendiam transformar o Brasil numa Cuba continental. E um Castello Branco para comandá-las.

Por isso, é fácil entender por que as Forças Armadas estão sendo sucateadas, vilipendiadas, caluniadas, perseguidas pelo revanchismo esquerdista, como são os casos das indenizações milionárias concedidas a terroristas e familiares de terroristas, e a tentativa de mudar a Lei da Anistia, para apenas processar os militares e agentes de Segurança que combateram os comunistas. O revanchismo mais recente está no projeto de criação da Comissão Nacional da Verdade - o Pravda tupiniquim -, a qual, controlada por esquerdistas, não passará de uma “Comissão da Calúnia”, como muito bem definiu o general Maynard Marques de Santa Rosa. Apenas para lembrar: Pravda, em russo, significa “verdade”.

Por que a Comissão não chama para depor todos os terroristas e guerrilheiros de esquerda, além dos militares? Para começar, por que não chamar também a antiga terrorista da VAR-Palmares, Dilma Rousseff? Ela, com certeza, tem muito o que contar sobre atos terroristas, assassinatos, “justiçamentos” de kamaradas, assaltos a quartéis e casas d’armas, o roubo do cofre de Adhemar de Barros, quando foram “expropriados” mais de US$ 2,5 milhões, enfim, toda a bandidagem cometida por sua organização criminosa. Mesmo que Dilma Rousseff, quando estava escondida como ratazana nos esgotos dos “aparelhos” terroristas, tenha apenas servido cafezinho para os “companheiros d’armas” (apud José Dirceu), ela tem, também, as mãos sujas de sangue e ponto final.

Enquanto isso, líderes petistas são íntimos das FARC, acusadas de terem fornecido cinco milhões de dólares para campanha presidencial de Lula. Faz sentido. Tanto o PT, quanto as FARC (também o IRA irlandês, o ETA basco, o MIR chileno), fazem parte do Foro de São Paulo, organização criada por Fidel Castro e Lula da Silva, para “conquistar na América Latina o que foi perdido no Leste europeu”. Por isso, até hoje, o PT se nega a reconhecer as FARC como grupo terrorista, como pediu o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe em visita a Brasília. E-mails obtidos dos computadores de Raúl Reyes, morto na selva equatoriana, comprovam as relações íntimas das FARC com Hugo Chávez, Rafael Correa e notórios petistas. O “fascismo gay”, como de costume, não deve explicações ao povo brasileiro.

Antes de tomar o poder central, o PT pedia CPI para tudo. O PT, com um golpe espetacular, quando o araponga José Dirceu colocou a serviço dos talibãs petistas todo o seu poder de espionagem que aprendeu em Cuba, por meio do PTPol (Interpol do PT), tirou Collor da presidência, com a ajuda prestimosa das “orgânicas” OAB e ABI, que covardemente se calaram durante o Mensalão Lulano. Claro que foi um golpe, porque Collor foi posteriormente inocentado pelo STF, por falta de provas. Mas aí, Inês já era morta...

Qual o próximo plano a ser lançado pelos petistas, para concluir a implantação do “fascismo gay” no Brasil? Eu aposto que será o controle da internet, para que sites “desaforados” como o Ternuma, A Verdade Sufocada, Heitor de Paola e o Mídia Sem Máscara, e blogs como os de Veja e Notalatina sejam calados e seus articulistas metidos numa “leoneira” cubana.

Uma amostra do projeto bolivariano “Socialismo do Século XXI”, de Hugo Chávez, Fidel Castro e esquerdistas em geral, que norteia as ações estratégicas do Foro de São Paulo, pode ser visto no texto de Viviana Padelin, Las fases del neocomunismo o socialismo de siglo XX, disponível na internet. Dividido em três partes, esse projeto permite sabermos quais etapas já foram “queimadas” pelo “fascismo gay”.


P. S.: O texto acima foi inserido no livro “Bacaba II – Toda a verdade sobre a Guerrilha do Araguaia e a Revolução de 1964”, de autoria do Tenente do Exército José Vargas Jimenez, o “Chico Dólar”, Editora do Autor, 1ª. Edição, 2011, Campo Grande, MS, CAPÍTULO XXII, pg. 196 a 201.

Foram também acrescentados, neste texto publicado no blog “PIRACEMA II”, em 25 de julho de 2022, alguns links, como complemento à dissertação e ampliação do conhecimento sobre alguns assuntos abordados.

Félix Maier

quarta-feira, 20 de julho de 2022

ARNO PREIS E OS IDOS DE MARÇO DE 1964 - Por Félix Maier

ARNO PREIS E OS IDOS DE MARÇO DE 1964

 


1964: O ANO QUE TEIMA EM NÃO TERMINAR


Félix Maier

https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/felix-maier-curriculum-vitae.html


Preâmbulo

O presente trabalho tem por finalidade transcrever passagens do livro “ARNO PREIS - A demanda da família de Arno Preis pelo direito ao luto, à verdade, à reparação pública e à justiça”, dos historiadores Reginaldo Benedito Dias e Elaine Angela Bogo Pavani, ao mesmo tempo em que faço comentários sobre tais passagens, algumas citando meu texto-memória “Tio Arno Preis”, postado na Internet em 2003.

Além desse fichamento-resenha, digamos assim, o trabalho descreve fatos históricos relacionados com os grupos terroristas que infernizaram o Brasil durante as décadas de 1960 e 1970, dentro do contexto da guerra fria da época, especialmente na América Latina.

O trabalho também tem a finalidade de desmascarar a langue de bois (língua de pau) que afeta os trabalhos acadêmicos da atualidade, transformando terroristas sanguinários em seres angelicais, ao mesmo tempo em que se demonizam as Forças Armadas e os Órgãos de Segurança, que combateram os terroristas, como cruéis torturadores. Segundo a língua de pau desses “guerrilheiros da pena”, que é também o caso da dupla de escribas que publicou o livro “ARNO PREIS”, eles creem em “sacramentos” sui generis: terrorista é batizado como “militante político”; roubo é crismado como “expropriação”; incêndio de canaviais no Nordeste casa-se com o “lendário movimento rural”; o objetivo de implantar uma ditadura comunista, com a força das armas, recebe a ordem sacerdotal de “defesa da democracia”; e o assassinato de companheiros do terror recebe a unção dos mortos, o “justiçamento”.

A língua de pau, como é de praxe, foge da argumentação e do silogismo e se utiliza de imagens linguísticas e figuras de retórica para fazer propaganda ideológica, como a alegoria, o eufemismo, a tautologia, a catacrese, o truísmo, o solipsismo, o solilóquio, a ecolalia, a prosopopeia, a logomaquia, a logorreia (diarreia de palavras, no dizer do pensador brasileiro José Osvaldo de Meira Penna), o pleonasmo, a polissemia, a prolixidade, o paradoxo, o circunlóquio, a metonímia, a metalepse, de modo a dizer platitudes, alongar-se em prolegômenos sem fim e realizar refutações sofísticas para causar uma eufonia aos ouvidos.

O politicamente correto de hoje não tem nenhuma vergonha em assumir, não só a novalíngua (new speak) denunciada por George Orwell no livro “1984”, mas também a duplideia (doublethink), que é a crença simultânea em ideias contraditórias, além de tergiversações diversas, como a simplificação, o relativismo, a desconstrução, o revisionismo histórico, a “hagiografia” de terroristas, o assassinato de reputações e o proselitismo ideológico.

Muitos terroristas, que se autodenominavam “militantes políticos”, pegaram o pau-furado, como a presidente Dilma Rousseff, Fernando Gabeira e Arno Preis, para enfrentar o governo dos militares pós-1964, não para defender a democracia, como cinicamente a esquerda repete todo dia. O fato é que esses grupos terroristas, todos eles, tinham como objetivo implantar um regime político cruel e letal, como é todo regime comunista, nos moldes da ditadura cubana. Essa é a mais cristalina verdade.

Este trabalho não é parcial, nem tem a pretensão de “denegrir” a figura de meu tio materno Arno Preis, como já fui acusado por muitos, inclusive por parentes, mas apenas descrever algumas passagens da vida de Arno Preis e as circunstâncias de sua morte, depois de ter pertencido a dois notórios grupos terroristas, a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Movimento de Libertação Popular (Molipo). Além disso, o trabalho aborda o panorama geral do terrorismo de esquerda, que afetou, não só o Brasil, mas toda a América Latina, dentro do contexto da guerra fria. Infelizmente, 1964 é um ano que teima em não terminar.

Assim, convido o leitor a acompanhar a presente obra, com links para muitos assuntos correlatos, de modo a construir os alicerces que darão sustentação à real História recente do Brasil, não à mitologia propalada pela langue de bois de jornalistas e de muitos historiadores, identificados com a extrema esquerda, os quais não têm compromisso com a verdade.

Brasília, julho de 2022.

Félix Maier


Leia o trabalho clicando em

https://drive.google.com/file/d/1qlly7cvMHL0ia6NjXBD9Oqq22Z81Xlm9/view.


P. S.: Trabalho publicado em 20/07/2022 e modificado (com correção e alguns acréscimos) em 25/07/2022 (F. Maier).


***

LEITURA RECOMENDADA:

"Memorial 31 de Março de 1964" - Uma seleção de textos de Félix Maier e de terceiros

http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/memorial-31-de-marco-de-1964-textos.html 


"História Oral do Exército - 31 de Março de 1964" - Fichamento dos 15 livros editados pela Biblioteca do Exército Editora, feito por Félix Maier

http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/historia-oral-do-exercito-31-de-marco.html 

ou

https://drive.google.com/file/d/1fsbc3zFomx0w1xoEDT8MTWew3MT03ggo/view


"A LÍNGUA DE PAU - Uma história da intolerância e da desinformação", de Félix Maier

https://drive.google.com/file/d/1jfaOpIMbwzhlaQxspnA9hBnyHX8KX4_E/view 

ou

http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/05/a-lingua-de-pau-uma-historia-da_10.html 


- "Três em Um - Artigos, humor e alguma poesia", de Félix Maier

https://drive.google.com/file/d/1AVrblAPdxL8NmHCezZUEQKRZ7ab7nGua/view


"MEMORIAL DAS VÍTIMAS DO COMUNISMO - Uma seleção de links para memoriais e historiais, além de textos e imagens que abordam os crimes da mais sangrenta e letal ideologia do século XX - o Comunismo". Organizado por Félix Maier

ou



"AÇÕES ARMADAS COMUNISTAS NA AMÉRICA LATINA: Da Intentona Comunista às ações de Cuba", organizado por Félix Maier


ou

"31 DE MARÇO DE 1964: CRONOLOGIA E TEXTOS HISTÓRICOS", organizado por Félix Maier


ou


sexta-feira, 8 de julho de 2022

Bolsonaro dá mais um tiro no pé - Por Félix Maier

Bolsonaro dá mais um tiro no pé

Félix Maier


Bobagem, o tal decreto assinado pelo Presidente Jair Bolsonaro, para que postos de gasolina coloquem o preço da gasolina quando atingiu o máximo, em junho, junto com o preço atual, em julho, que caiu bastante depois que o governo federal zerou impostos (PIS/Cofins, CIDE) e uma lei aprovada no Congresso Nacional limitou a cobrança de ICMS (Estados) em no máximo 18%.

Claro, nenhum posto será multado se não mostrar os dois preços. Ou seja, trata-se de um decreto que deveria ter nascido na lata de lixo.

Vai que a moda pega nos açougues.

Nos shoppings.

Nos supermercados.

Com os dois preços, de 2019 e 2022, para feijão, arroz, leite, óleo de soja, ovos etc.

Com tanto general e coronel em volta, nenhuma assessoria digna. Será que Bolsonaro ouve alguém?

Eu acho que está faltando um sargentão, daqueles que a gente vê em filmes americanos, como "A força do destino".

***

Conheça alguns filmes americanos com sargentos durões:

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Licio Maciel, o homem que prendeu Genoino

Licio Maciel, o homem que prendeu Genoino


Título: Sessão na Câmara exalta repressão no Araguaia
Autor: Denise Madueno
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/05/2005, Nacional, p. A11

Na solenidade, pedida por Bolsonaro, coronel diz que se arrependeu de não ter agredido Genoino

A Câmara realizou ontem uma sessão solene, a pedido do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), de tributo aos militares que desmontaram a guerrilha do Araguaia, que mais se assemelhou a um filme de horror. Depois de ter chamado o deputado José Dirceu (PT-SP) de terrorista no plenário e ter ofendido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em outra sessão, Bolsonaro organizou ontem um evento de pura provocação aos integrantes de movimentos políticos que combateram a ditadura militar. A realização da sessão foi autorizada pela presidência da Câmara. Bolsonaro levou como principal convidado o coronel Lício Augusto Maciel, chefe do grupo de combate e comandante das operações. Saudado por Bolsonaro como "herói do Araguaia", o coronel Lício ocupou a tribuna por uma hora fazendo um relato frio sobre a morte dos guerrilheiros e demonstrando orgulho da operação. Ele chegou a chorar ao falar de outros militares que também estiveram a repressão da guerrilha.

Bolsonaro, que incluiu na sessão um toque de silêncio e uma canção militar, reclamou da falta de autoridades militares no evento e atacou o comandante do Exército, Francisco Albuquerque. "Lamento a ausência de qualquer representação de integrantes das Forças Armadas. Senhor comandante do Exército, que muito estimo, a homenagem aqui é para homens", discursou Bolsonaro, sendo aplaudido.

O coronel Lício Maciel foi o grande homenageado da sessão. Responsável pela prisão do guerrilheiro José Genoino em 12 de abril de 1972, o coronel acusou o atual presidente do PT de ter entregue seus companheiros. Em tom teatral, o coronel se referia diretamente a Genoino, como se ele estivesse assistindo à sessão, que é transmitida pela TV Câmara. "Genoino, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma bolacha, coisa que me arrependo hoje", disse o coronel, aplaudido pelo plenário, composto de militares e esposas de militares.

Sem assumir que matou os guerrilheiros, o coronel contou que atirou em Lúcia Maria de Souza, conhecida por guerrilheira Sônia, na mata. "Quando ela sacou a arma vi que não tinha jeito e atirei: acertei a perna e ela caiu." Ele disse que, depois disso, ela recuperou a arma e atirou nele e no coronel Curió. "O resto da minha equipe revidou, claro. Encerrada foi a carreira da bandida Sônia, nome da guerrilheira", disse.

Fonte: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/309955/noticia.htm?sequence=1



***


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Data: 24/06/2005

Sem supervisão Sessão: 148.3.52.O
Hora: 15:27
Orador: LÍCIO AUGUSTO


SR. LÍCIO AUGUSTO - Srs. Congressistas, demais autoridades presentes, minhas senhoras, meus senhores, não é preciso dizer da minha emoção por ter encontrado aqui velhos companheiros de luta, que ainda estão levando essa luta à frente.

Como participante dos acontecimentos que passo a relatar, fiz um resumo dos itens mais perguntados; apenas como itens porque a dissertação será a rememoração dos fatos. Para isso,tirei os óculos, a fim de que aqueles que vou citar me olhem bem no fundo dos olhos e tenham a suficiente coragem de afirmar, se for preciso, que tudo aquilo dito aqui é a pura verdade. Se bem que não há necessidade, porque eles próprios já confirmaram em outras ocasiões.

O primeiro item selecionado se refere à razão da minha escolha para a missão de descobrir o local da guerrilha, que hoje se diz Guerrilha do Araguaia.

Em 1969, após a morte do terrorista Mariguella, em São Paulo, em seus documentos, foram feitas várias citações sobre o local da grande área: grande área de treinamento de guerrilha.

Eu estava chegando a Brasília em 1968, já pela segunda vez. Do meu passado, desde 1954, quando fiz o curso de pára-quedista e, em seguida, o curso de Forças Especiais da divisão de pára-quedistas, especializei-me na modalidade guerra na selva. Posteriormente, o curso de operações especiais foi desenvolvido com outras modalidades e, em seguida, foi criado o Centro de Instrução de Guerra na Selva, CIGS.

Detentor do curso de forças especiais e considerado, à época, o elemento com credenciais para desenvolver as operações de selva, eu percorri milhares de vezes a rodovia Belém-Brasília, de Brasília a Belém, estrada pioneira de barro. Eu e minha equipe, de 3 ou 4 homens, chegamos à conclusão, por indícios, de que a Guerrilha do Araguaia estava naquela área, entre o Bico do Papagaio, Xambioá, Marabá, Tocantinópolis e Porto Franco.

O fato, porém, que nos permitiu chegar à área foi a prisão, em Fortaleza, do guerrilheiro Pedro Albuquerque. Naturalmente, ele está olhando para mim, e eu estou olhando para a câmera para ele olhar no fundo dos meus olhos e confirmar que o que eu estou dizendo é verdade. Pedro Albuquerque foi preso quando tentava tirar documentos em Fortaleza. Recolhido ao xadrez, ele tentou suicídio cortando os pulsos. A sentinela, por acaso, passou, viu, deu o alarme e ele foi levado para um hospital da guarnição.

Recuperado o documento de que ele falou, o documento resultante das declarações de Pedro Albuquerque foi enviado diretamente de Fortaleza para Brasília e chegou às mãos do General Bandeira, que imediatamente mandou buscar o preso.

Enquanto eu preparava a equipe, o preso chegou, foi incluído na minha equipe, e partimos, junto com Pedro, para o local onde ele dizia que era o inicial: Xambioá.

Chegamos ao Rio Araguaia, pegamos uma canoa grande, com motor de popa, fomos até ao local de Paradalama. Pedro deve lembrar muito dele: era uma picada ao longo da floresta no sentido do Xingu. Andamos o dia inteiro. Chegamos ao anoitecer na casa do último morador, com o Pedro sendo levado por nós, livre. Não estava algemado, amarrado ou coisa assim. Ele foi acompanhando a nossa equipe. Há várias testemunhas desse episódio aqui presentes, as quais não vou citar, que fizeram parte da minha equipe.

Chegamos à casa de Antônio Pereira, pernoitamos no campo, nos telheiros e, no dia seguinte, às 4h, prosseguimos em direção ao local onde Pedro Albuquerque indicou. Ao chegarmos lá, avistamos 3 homens, isto é, 3 elementos, sendo uma mulher, descansando para almoço, presumo. Aproximamo-nos do local só para conversar com eles, para saber o que eles estavam fazendo lá. Eram 3 e, no nosso grupo, havia 6, então, não tinha problema. Eles fugiram. Chegamos ao local e fiquei inteiramente abismado com o estoque de comida, de material cirúrgico, até oficina de rádio tinha, 60 mochilas de lona, costuradas no local em máquina industrial grande, que tive o prazer de jogar no meio do açude. Tocamos fogo em tudo e voltei sem fazer prisioneiro.

Ora, em qualquer situação, teríamos atirado naqueles homens. Estávamos a 80 metros, um tiro de fuzil os atingiria facilmente. Eles estavam sentados. Mas o nosso objetivo não era matar, não era trucidar.

O nosso objetivo era saber o que eles estavam fazendo lá. De acordo com Pedro Albuquerque, eram guerrilheiros. Estavam na área indicada por Pedro Albuquerque, que viu toda a operação.

Destruímos todo o aparelho deles; metralhamos uma grande quantidade de frutas, melancia, jerimum e muitas outras coisas. Ficamos inteiramente impressionados com a quantidade de comida que havia lá, várias sacas de arroz, até oficina de rádio com equipamentos sofisticados. Era uma oficina rústica, não era como bancada de laboratório da cidade, mas funcionava. O gerador, lá atrás, também funcionava.

Voltamos. Deixamos o pessoal fugir, claro. E o Pedro Albuquerque retornou com dois companheiros nossos e foi recolhido ao xadrez de Xambioá. Nós continuamos na missão. Como os três elementos fugitivos avisaram para o resto do grupo do Destacamento C, mais ao Sul, em frente a São Geraldo do Araguaia, que estávamos indo para lá, ao chegar lá nós os vimos fugindo com muita carga, até violão levavam. Eles estavam se retirando do Destacamento C, do Antônio da Dina e do Pedro Albuquerque.

Pedro Albuquerque nos levou até o Destacamento C, onde havia estado. Ele fugiu porque os bandidos exigiram que ele fizesse um aborto em sua mulher, que estava grávida. Eles não se conformaram com a ordem, principalmente porque outra guerrilheira grávida tinha sido mandada para São Paulo para ter o filho nas mordomias daquela cidade. Ela era casada com o filho do chefe militar da guerrilha, Maurício Grabois.
Pedro, você está me escutando? Você deve-se lembrar de que declarou isso: que você fugiu porque obrigaram sua mulher a fazer um aborto.

Nós estávamos perseguindo esse grupo e estávamos avançando. Embora chovesse bastante, estávamos nos aproximando. Eles resolveram soltar a carga que estavam levando, e o guia, morador da área, me disse: Agora nós não vamos pegar eles porque estão fugindo para a gameleira. E demos uma meia parada, nessa destruição do equipamento deles, quando pressentimos a vinda de alguém na trilha. Nós estávamos andando no meio da mata e esse elemento vinha pela trilha. Nós nos agachamos e, nisso, veio aquele elemento forte, com chapéu de couro, mochila nas costas e facão na cintura. Então, quando ele chegou no meio do nosso grupo, eu dei a ordem: Prendam esse cara!

Não sei, não posso me lembrar, se foi o Cid ou se foi o Cabo Marra que pegou o Genoino. Esse elemento era o Geraldo, posteriormente identificado como Genoino que naturalmente está me olhando agora. E eu tirei os óculos justamente para ele me reconhecer, porque da minha cara ninguém esquece, principalmente com aquela cara que eu estava na mata, depois de vários dias passando fome e sede, sujo, cheio de barba. Mas é a mesma cara. É o mesmo olhar da hora em que eu encarei ele e disse: Seu mentiroso! Confesse! Você não tem mais alternativa.

Por que eu descobri que o Genoino era guerrilheiro? Ele se dizia Geraldo e se dizia morador da área. Claro: elemento na área, suspeito, eu mandei deter. Mesmo algemado e com tudo nas costas, uma mochila pesada e grande, ele fugiu. O Cabo Marra deu três tiros de advertência, e ele parou. Mas não parou por causa da advertência, parou porque se emaranhou no cipoal, e o pessoal foi pegá-lo.

Eu perguntei: Por que você está fugindo? Nós apenas estamos querendo conversar com você. Para você não fugir, vamos ter de algemá-lo. Eu sou morador disse ele.

Eu deixei o pessoal especializado em inquirição conversando com o Genoino, até então Geraldo. O pessoal inclusive está presente um desses companheiros, o Cid conversou bastante tempo com o Genoino, quando o Cid veio a mim e disse: Comandante, não tem nada, não. Está bom respondi. Como eu já estava há muito tempo no mato, já tinha resolvido intimamente a levar o Genoino preso para Xambioá, mas não falei que essa era a minha determinação. Peguei a mochila dele.

Havia um elemento na minha equipe que era especialista em falar com o pessoal da área, já falecido, um elemento excepcionalmente bom. Rendo minhas homenagens a João Pedro do Rêgo. (Palmas.) O João Pedro, apelidado por nós de Jota Peter ou Javali Solitário, onde estiver estará escutando. João Pedro era um homem que falava com o matuto, com o pessoal da área, porque eu, na minha linguagem urbana, não era entendido nem entendia o que eles falavam. O Javali veio a mim e disse: Ele não tem nada. É morador da área. E falou-me o resto que ele tinha falado.

Eu, como homem de selva, peguei a mochila do Geraldo e comecei a abri-la. Tirei pulôver, rede e um bocado de bagulho da mochila do Geraldo, quando encontrei um tubo de remédio no fundo da mochila. Ao pegar aquele tubo e olhar para o Genoino, vi que ele estava lívido, pálido. Eu ainda lhe disse: Companheiro, fique tranqüilo porque nós não vamos fazer nada com você, você é morador da área. E abri o tubo. Lá encontrei material típico de sobrevivência linha de pesca fina, anzóis. Era material típico de sobrevivência. Como eu havia feito um curso e só sabia teoricamente sobre o assunto, aquele exemplo prático, em um local de difícil acesso na selva amazônica, eu me interessei. À medida que eu ia puxando aquelas linhas o Genoíno aliás, o Geraldo ia ficando mais desesperado.

E quando eu tirei o tubo, olhei para ele, e ele estava branco como papel. E lá no fundo eu vi um papel pautado, de caderneta, dessas que todo dono de bodega na área anotava as suas vendas. Cortei uma talisca do meu lado, puxei o papel e lá estava a mensagem do Comandante do Grupamento B da Gameleira, o Osvaldão, para o Comandante do Grupamento C, Antônio da Dina. Estava lá a mensagem que o Genoino transportava para o Antônio da Dina. Era uma mensagem tão curta que ele, como bom escoteiro que era, poderia ter decorado, porque até hoje, mais de 30 anos passados, eu me lembro do que dizia essa mensagem, mas eu quero que ele mesmo diga o que constava nessa mensagem.

Era uma dúzia de palavras em linguajar militar, de próprio punho do Osvaldão, que era o Comandante do Grupamento B da Gameleira, o grupamento mais perigoso da guerrilha, como constatamos no desenrolar das lutas. Foi o grupo que matou o primeiro militar na área. Antes de qualquer pessoa morrer, o grupo do Osvaldão matou o Cabo Rosa, Odílio Cruz Rosa. Depois de esse Odílio Cruz Rosa ser morto, eles mataram mais 2 sargentos e fizeram muito mal aos militares que nada sabiam até então. Só quem sabia era o pessoal de informações. E eu era da área de informações, embora eu operasse à paisana.

Então, o Genoino foi mandado para Xambioá preso. A essa altura ele já deixou de ser detido para ser preso, e falou tudo sobre a área. Quando eu olhei para ele e disse: Você não tem mais alternativa porque aqui está a mensagem. Ele disse: Eu falo. Eu disse: É bom você falar.

Genoíno, olha no meu olho, você está me vendo. Eu te prendi na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não te demos uma facãozada, não te demos uma bolacha, coisa que me arrependo hoje. (Palmas.). Um elemento da minha equipe, fumador inveterado, abriu um pacote de cigarro, aproveitou aquele papel branco do verso, surgiu um toco de lápis não sei de onde, e o João Pedro começou a anotar o que o Genoíno falava fluentemente nervoso como estava, começou a falar. Eu me levantei do chão, fui até o córrego meio próximo para beber um pouco dágua. Voltei, o papel estava cheio, toda composição da guerrilha nomes, locais, Grupo C ao sul, Grupo B da gameleira, perto de Santa Isabel, e Grupo A perto de Marabá. Eram os três grupos efetivos que eles presumiam completar 30 homens por grupamento e mais um grupo militar comandado por Maurício Grabois. Eu peguei aquele papel e ainda comentei com ele: pô, meu amigo, tu é um cara importante desse negócio aí, hein? E mandei o Geraldo para Xambioá. Ele foi recolhido ao xadrez, posteriormente enviado a Brasília em seguida, três, quatro dias, não me lembro. Veio o veredicto da identificação: o guerrilheiro Geraldo é o José Genoíno Neto, presente em frente ao vídeo, olhando para os meus olhos. Eu sempre tive olhos arregalados, não foi só lá na mata, não. Os meus olhos sempre foram arregalados, principalmente em combate. Triste notícia veio depois. O grupo do Genoíno prendeu um filho do Antônio Pereira, aquele senhor humilde, que morava nos confins da picada de Pará da Lama, a 100 Km de São Geraldo.

O filho dele era um garoto de 17 anos, que eu não queria levar como guia, porque ao olhar para ele me lembrei do meu filho que tinha a mesma idade. Então eu disse ao João: Não quero levar o seu filho. Eu sabia das implicações ou já desconfiava.

O pobre coitado do rapaz nos seguiu durante uma manhã, das 5h até o meio-dia, quando encontramos os 3 nos aguardando para almoçar. Pois bem. Depois que nos retiramos, os companheiros do José Genoíno pegaram o rapaz e o esquartejaram. Genoíno, aquele rapaz foi esquartejado, toda Xambioá sabe disso, todos os moradores de Xambioá sabem da vida do pobre coitado do Antonio Pereira, pai do João Pereira, e vocês nunca tiveram a coragem de pedir pelo menos uma desculpa por terem esquartejado o rapaz. Cortaram primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antonio Pereira. Cortaram a segunda orelha, o rapaz urrava de dor, e a mãe desmaiou. Eles continuaram, cortaram os dedos, as mãos e no final deram a facada que matou João Pereira.

Esse relatório está escrito no CIE, porque foi escrito por mim, e eles não abrem para os historiadores com medo que isso apareça.

Pois bem. Eles fizeram isso porque o rapaz nos acompanhou durante 6 horas, a fim de servir de exemplo aos outros moradores para não terem contato com o pessoal do Exército, das Forças Armadas. Foi o crime mais hediondo que soube, nem na guerra da Coréia e do Vietnã fizeram isso. Algo parecido só encontrei quando trucidaram o Tenente Alberto Mendes Júnior. O tenente se apresentou voluntariamente para substituir 2 companheiros que estavam feridos, a turma do Lamarca pegou o rapaz trucidou, castrou e o obrigou a engolir os órgãos genitais.

Então, ao Tenente Alberto Mendes Júnior, foi feito isso, mas o crime contra o João Pereira foi muito mais grave, muito mais horrendo. E eles sabem disso. Peçam desculpa para o Antonio Pereira, se ele estiver vivo. Tenham a coragem de reconhecer que toda Xambioá sabe disso.

Genoíno preso e identificado, a guerrilha prossegue. Depois de matar o João Pereira, eles mataram o Cabo Odílio Cruz Rosa; depois do Rosa, eles mataram dois Sargentos; depois dos dois Sargentos, eles atiraram no Tenente Álvaro, que deve contar a história. Como estou contando a história aqui, Álvaro, conte a sua história. Na minha versão, o Álvaro deu voz de prisão para o bandido, eles atiram. O outro que estava do lado ou atrás atirou nas costas do Álvaro, arrancando-lhe a omoplata. Então, depois desse ferido, houve vários feridos e, finalmente, eu fui ferido e tive que sair da área.

Porém, antes, as tropas do Exército saíram da área, vendo que era um movimento mais grave, mais planejado, planejado em Cuba, com as mentes que todos estamos vendo como funciona a mente de um comunista. Um comunista tranqüilo, sem arma na mão, tudo bem, é o que ele pensa, a nossa democracia permite isso, mas aquele que pega em arma tem que ser trucidado. Um homem que entra numa mata para combater em nome de um regime de Fidel Castro, esse cara tem que ser morto. (Palmas.)

Terminada a Operação Sucuri, que foi uma operação simplesmente de informações: de que se trata, valor do inimigo, onde eles estão. Enfim, todos os itens necessários para que fosse elaborado uma ordem de operações para o combate da guerrilha. Isso durou 5, 6 meses. Já há literatura muito boa a respeito.

Tirado os militares da área, vejam bem, elementos militares descaracterizados, a paisana, foram postos dentro da mata, desarmados, com identidade falsa ao lado dos bandidos. Qualquer um de nós, de sã consciência, reconhece que esses homens são uns heróis. Se me derem a arma eu vou lá caçar eles de novo hoje. Mas, naquela época, tirar-me as armas e botarem-me na mata, não sei não. No ímpeto da juventude talvez eu fosse, e foi como eles foram: eles foram no ímpeto da juventude eram capitães, tenentes e sargentos.

Bom. Tirada a Operação Sucuri, já sabíamos de que se tratava, confirmadas todas ou quase todas as informações que o Genoíno tinha dado. Três grupos, comando militar e a chefia em São Paulo, chefiada por João Amazonas, que fugiu da área ao primeiro tiro. Grande valentia. Herói, João Amazonas. João Amazonas fugiu da área ao primeiro tiro, junto com Elza Monerat. Deixou lá garotos, estudantes e os fanáticos comunistas, tipo Maurício Grabois, que induziu o filho dele André Grabois, que é o personagem central, o principal desse evento que vou falar agora. Foi o combate contra o grupo militar da guerrilha, comandado por André Grabois. E a esposa dele a Criméia, talvez esteja me olhando, diz que foi emboscada. Não foi emboscada. Em relação a esse grupo militar, como o Exército saiu da área para fazer operação de informações, a Operação Sucuri, eles cantaram vitória: seu Exército é de fritar bolinho. Muito bem, fritamos bolinho.

Já estava na área e recebi a seguinte ordem: Vá à região de São Domingos a pé, porque de viatura não chega lá. Eles destruíram uma ponte na Transamazônica.

Eu peguei a minha equipe e fui para São Domingos. Atravessei o rio. A ponte estava destruída, mas atravessei o vau. Cheguei a São Domingos, onde o quartel estava incendiado. Ao alvorecer daquele dia se não me engano, 10 de outubro de 1973 , eles destruíram e incendiaram o quartel. Deixaram todos os militares nus, inclusive o tenente comandante do destacamento, e pegaram todo o armamento, toda a munição, todo o fardamento. Entraram na mata e deixaram um recado: Não ousem nos seguir, porque o pau vai quebrar.

Infelizmente, Criméia, o seu marido morreu por isso.

Pude ver as suas pegadas bem nítidas, porque eles estavam carregados com cunhetes de munição, fuzis da PM, revólveres, e foi fácil seguir o grupo.

No terceiro dia, para resumir, houve um encontro. Eles estavam certos de que o Exército não iria lá e estavam caçando porcos. Às 6 da manhã, eu escutei o primeiro tiro e o grito dos porcos. Às 3 horas da tarde, houve o combate. Vejam bem o espaço de tempo: de 6 da manhã às 15 horas.

Eu estava a menos de 10 metros do primeiro homem, que era o comandante do grupo, André Grabois, filho de Maurício Grabois. Ele estava sentado, com o gorro da PM que tomou do tenente na cabeça, e vi que tinha a arma na mão. Olhei para os meus companheiros, que vinham rastejando, e perguntei: Será que vamos encontrar um bando de PMs aí? Olhei, eles entraram em posição, e eu me levantei. Quase encostei o cano da minha arma em André Grabois: Solte a arma. Ele deu aquele pulo, e a arma já estava na minha direção.

Os meus companheiros, que chegavam, acertaram com o André, caso eu estivesse errado, o que era muito difícil, pois estava a 1 metro e meio, 2 metros dele. Foi destruído o grupo militar da guerrilha. Todos eram formados na China, em Pequim, em Cuba. Não me lembro do nome de todos, mas citarei alguns: André Grabois; o pai, Maurício Grabois que mandou-o fazer curso em Cuba; Calatroni, Nunes. João Araguaia se entrincheirou, atrás de um tronco de árvore e não se mexeu e depois do tiroteio, saiu correndo, sem arma. Ninguém atirou no João Araguaia porque ele estava sem arma. O Nunes estava gravemente ferido, mal falava e quando o fazia, o sangue corria pela boca, mas conseguiu dizer a importância do grupo e citou os nomes não sei se nome ou codinome de todos eles. E o Zequinha disse que aquele era o André Grabois. Não sei. Estava morto.

Esse foi o primeiro combate de valor contra os guerrilheiros, mas foram desmoralizados. Eles diziam para os soldados não entrarem na mata porque os oficiais não entravam. Ora, o próprio acampamento dos militares ficava no meio da selva.

Em seguida, ocorreu o incidente do dia 23 de outubro, 10 dias depois. Continuando na perseguição ao bando, encontramos pegadas nítidas no chão de um grupo numeroso. Esse grupo do Zé Carlos era do grupamento A. Fomos encontrar as batidas, depois, soubemos que era do grupamento B, do Osvaldão.

Então, eu já estava a menos de 100m deste grupo. O guia já estava saindo para retaguarda, porque o guia era morador, ele não tinha nada com a guerra. Ele estava lá auxiliando o Exército a pegar os paulistas, que era como eles chamavam os guerrilheiros. O guia, quando começou a retrair, vi que a coisa estava feia, e continuei. Nisso, um dos guerrilheiros retorna, volta inesperadamente, e deu de cara comigo. Eu agachado, ele olhando para mim. Foi quando dei ordem de prisão para ele: Mãos na cabeça. Ele levantou uma mão, e foi quando vi que era uma mulher. Ela levantou uma mão fazendo sinal de... para eu ficar olhando para a mão enquanto ela desamarrava o coldre. Dei 3 ordens de prisão, mas ela não obedeceu. Quando eu vi que ela estava desamarrando o coldre ainda dei 3 ordens para ela Não faça isso , gritando, porque sempre falei alto, meu tom de voz é esse. Quando ela sacou a arma vi que não tinha jeito e atirei: acertei a perna e ela caiu. E ela caiu feio; não caiu, desmoronou. Ela deu um salto como se tivesse recebido uma patada de elefante. Ela caiu uns 3 metros depois tal o impacto. Eu corri, ela não estava mais com a arma, estava nos estertores da dor, chorando e gritando. Eu disse: Fica calma que vamos te salvar. Olhei a arma, a selva muito cheia de folhas, não achei a arma. Meu erro: não deixei uma sentinela com ela. Éramos poucos, eles eram 20, eu precisava de gente.

Continuamos a perseguição do grupo, e eles atravessaram o córrego. Resolvi voltar, já estava escurecendo. Quando me agachei ela me atirou à queima roupa. Me deu um tiro na mão e acertou na face, que atravessou o véu palatino e se encaixou atrás da coluna, e eu caí. O outro tiro que ela deu acertou o braço do Capitão Curió, Subcomandante da minha equipe. O resto da minha equipe revidou, claro. Encerrada foi a carreira de bandida da Sônia, nome da guerrilheira. Fui carregado, armaram um pau com um rede. Fiquei na rede e estava sendo transportado na mata.

Altas horas da noite, os soldados que estavam me carregando passaram os seus fuzis para os outros do lado e, aqueles que iam levando dois fuzis faziam muito barulho na mata, pois um fuzil batia no outro. E era um barulho que se propagava muito a longa distância. Eles armaram uma emboscada e teria sido o fim. Mas, aquele companheiro, com o qual eu brigava tanto pedindo que ele deixasse de fumar, nos salvou. Ele assumiu o comando da equipe e pediu para parar para dar uma pitada. Isso, a uns cinqüenta metros da emboscada. Paramos e ficou aquele silêncio. Eu fui estendido no chão, dentro da rede e sangrava muito, quase desacordado.

Eles, então, achando que havíamos pressentido a emboscada, aqueles valentes guerrilheiros, fugiram. Claro que eles teriam matado todos nós. Não tenham dúvida. Nós estávamos completamente sem atenção. A minha equipe estava levando o seu comandante quase morto para o primeiro local onde a ambulância poderia alcançar, na localidade de São José, onde pediram uma ambulância para levar um ferido.

De São José a ambulância me levou para Bacaba, de lá para Marabá e de Marabá para Uparaçá e Belém, onde passei uns dias para me restabelecer e ter condições de viajar. Fui, então, levado para Brasília onde fui operado. A operação se revestia de cuidados especiais porque, do contrário, eu ficaria paraplégico para o resto de minha vida. Graças a Deus, as seqüelas foram muito menores e hoje eu estou falando aos senhores aqui, com muita honra.

É muito difícil falarmos em conclusões de uma luta de 4 anos. Citarei apenas 2 itens das conclusões. Permitam-me que os leia. Por isso, coloquei os óculos. Não há mais necessidade de os bandidos me olharem no fundo dos olhos. Estou à disposição deles, a qualquer momento. Quem quiser confirmar comigo o que disse o meu endereço está na Internet. Terei muita satisfação em olhar no fundo dos olhos deles e repetir tudo o que acabei de dizer aos senhores: nada temo, nada tenho a esconder.

Primeira conclusão: tenho imenso orgulho de ter participado desta luta. Por ter agido positivamente para evitar que os guerrilheiros do PCdoB implantasse um regime comunista igual ao de Cuba, com paredão e tudo. E esse risco não acabou.

Segunda conclusão: além de prestar homenagem às bravas esposas dos militares, tanto daquela época da atual, estendo aos membros da minha valorosa equipe a honra de que estou alvo presentemente.

Muito obrigado (Palmas)


Obs.: A equipe comandada pelo atual coronel da reserva Licio Maciel foi quem prendeu o guerrilheiro de festim, José Genoino. O coronel Licio, recentemente, lançou o livro "Guerrilha do Araguaia - Relato de um combatente" (Editora Corifeu, Rio, 2008), onde transcreve as lutas de que participou nas matas do Araguaia. O coronel Curió prometeu lançar um livro sobre o Araguaia em agosto deste ano (F. Maier).


Fonte: 

https://www.usinadeletras.com.br/usina/exibelotexto.php?cod=3512&cat=Discursos&vinda=S

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