Foro de São Paulo: o Brasil e a Quinta Internacional do castro-lulismo
09 Julho 2012
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
Um propósito essencial e irrenunciável move o Foro de São Paulo: impedir a queda do regime de Hugo Chávez, com a qual se deslocaria todo seu xadrez imperial.
A Alejandro Peña Esclusa, preso-político do Foro de São Paulo
À destra de Lula da Silva, sentado por sua vez à destra de Fidel Castro, senta-se uma plêiade de velhos trotskistas latino-americanos conduzidos por um velho paulista, sociólogo sem sociologia, cujo atributo existencial, para dar algum nome a seus preconceitos de confrades medievais, é o borgeano, insólito e escatológico convencimento de que a revolução é uma entidade de ordem teológica à qual nos condena o pecado original. Beberam em sua infância do elixir da “revolução permanente” de Leon Davidovich Bronstein, melhor conhecido como Trotsky, e desconhecendo com tenacidade todas as provas da einsteiniana realidade, que com porfia derrubou todos os experimentos marxistas, continuam se prostrando ante Karl Marx e seu carnal Friedrich Engels, apostando suas vidas no assalto ao Poder por bem ou por mal, para tentar demonstrar inutilmente e pela enésima vez que chove de baixo para cima, que a terra é plana e encontra-se no centro do universo, a ditadura do partido e seu caudilho é a melhor democracia imaginável e as privações um destino inexorável de uma humanidade que, se quiser sobreviver, deve voltar aos tempos das cavernas. Tudo em honra do igualitarismo.
A idéia de montar esta confraria de templários tresnoitados, levada a cabo desde os princípios dos anos noventa apesar da prova documental e vivente de que a revolução socialista é um disparate, não teria sido realizável sem a contribuição das viúvas da OLAS, a Organização Latino-Americana de Solidariedade, montada pelo castrismo recém triunfante, e os despojos do esforço imperial da ditadura cubana nos anos sessenta para acampar na Ásia, África e América Latina - a Trikontinental! - mediante a exportação do modelo guerrilheiro, como novo instrumento de assalto e conquista do Poder.
Derrubado o muro de Berlim e desmoronado o império soviético como um castelo de cartas, extraviado o castrismo e a sociedade cubana condenada a morrer de fome o cegar de avitaminose, enquanto se avistava a reconstrução das economias dos países que saíam das ditaduras que provocaram com o guevarismo - Chile, Argentina e sobretudo Brasil, sabiamente presidida pela social-democracia brasileira e Fernando Henrique Cardoso -, nossos trotskistas se prepararam para o assalto ao poder já em fins do século passado, dado a mudança de gerações que subitamente punha os herdeiros do fracasso para conquistar o poder. De fato: todas as crias de Castro alcançaram o poder: desde Kirchner, o montonero, até Pepe Mujica, o tupamaro. Sem falar de Dilma, a guerrilheira urbana. Com um giro copernicano, contribuído pelo reformismo ancestral dos trotskistas, subitamente para a vanguarda do novo projeto: já não pela violência, que uma sociedade moderna não se conquista pelas armas - disse Hitler - senão infiltrando-se nos despenhadeiros da Hegemonia e caindo de pau nas democracias ingênuas, vítimas da decadência de suas elites, como a Venezuela.
Desse modo, a jóia da coroa, principal depositária das maiores reservas de petróleo do Ocidente, voltou a privar o sonho de quem saiu nos sessenta com as tábuas na cabeça da Venezuela depois de duas tentativas invasoras, um gigantesco investimento em armas e dólares, e o compromisso existencial de quem jurou que a Venezuela e o petróleo seriam seus, mesmo que tivesse que subir ao céu engatinhando.
Pode ser que hoje, os então futuros idiotas-úteis da seção venezuelana do Foro de São Paulo que, com absoluta ingenuidade e uma irresponsabilidade limítrofe no crime de Estado estenderam em fevereiro de 1989 o tapete para a visita a Caracas de Fidel, que já trazia no peito tanto a fundação do Foro como devorar de uma só tacada a principal nação do Caribe e se fosse necessário assassinar o seu gentil anfitrião, Carlos Andrés Pérez, sofram seu arrependimento. O certo é que serviram voluntária e decididamente para defenestrá-lo com um grupo de pessoas que arremetem contra alguém indefeso ante o qual fez com que a rasteira ao paraguaio Lugo seja digna de um orfanato. Saberiam nossos golpistas de salão que ontem abriram os portões à conspiração e hoje choram lágrimas de sangue, de quê se trata quando se menciona os templários paulistas que nos visitarão em 4 e 5 de julho próximos?
Trata-se dos que se confabularam à sombra da estupidez das democracias alcoviteiras, começando pela de nossos promotores, destacados midiáticos, militares, editores, juízes, empresários, filósofos e politiqueiros de fins de século, para coroar com a jóia petroleira um tenente-coronel golpista, grosseiro, brutal, assassino e decidido a liquidar nossa República e montar um regime totalitário que lhe garanta governar pelo resto da vida, seguindo o modelo que inspira os foristas que nos visitam: a tirania castrista. Trata-se do ELN e das FARC da Colômbia - esquecer o discurso de Raúl Reyes no sexto encontro do Foro? -, de todos os partidos, grupos e grupelhos da ultra-esquerda latino-americana, e daqueles que à sombra do chavismo e contando com o financiamento do petróleo venezuelano e suculentas valises contrabandeadas nesta última década montaram os governos de Lula, de Kirchner, de Evo Morales, de Rafael Correa, de Daniel Ortega, de Pepe Mujica, de Dilma Rousseff.
Trata-se, em conseqüência, dos que saíram da escuridão das covinhas conspirativas, dos seqüestros, das guerras de guerrilhas e dos assaltos a bancos para adquirir certificados de boa conduta e brilhar ante o mundo como exemplares tribunos democráticos: o PSUV venezuelano, o PT brasileiro, os montoneros e tupamaros rio-platenses, os elenos colombianos, os sandinistas nicaragüenses, entre muitos outros que estarão à espera de assaltar o poder, como os comunistas, os miristas, os socialistas chilenos da ultra. Que já lançam seus novos rostos para a ofensiva desde as universidades chilenas. E que estarão decidindo suas ações futuras desde Caracas, a partir deste 4 de julho.
Trata-se dos charlatães de ofício que, amparados pela idiotice do progressismo europeu, recebem prêmios nobéis e suculentas remunerações em Euros, como Rigoberta Menchú e Adolfo Pérez Esquivel, que maculam a companhia da Madre Teresa de Calcutá e Willy Brandt. Fraudadores da nova esquerda que acompanham a dança com lobos das avós da Praça de Maio, incendiárias de profissão, dignas de um tango de Enrique Santos Discépolo.
A insólita responsabilidade das democracias ocidentais e do Departamento de Estado ao pensar que desaparecida a União Soviética desapareceria a conspiração da esquerda castrista na América Latina, e confiados em que a região rumava pelo caminho da reconstrução das democracias e da modernização de seus sistemas políticos e da globalização de suas economias, terminaram com um trágico saldo: a destruição das bases sócio-políticas e econômicas venezuelanas, um dos principais bastiões da democracia na região, e no assalto ao poder por parte do golpismo de esquerdas em seus países mais importantes.
O primeiro beneficiário deste grave descuido foi o imperialismo brasileiro, que joga com duas cartas: a da consolidação de seu poderio econômico-estratégico - já é a sexta potência do mundo - e a do controle da região com a mão esquerda do Foro. O trotskismo sabe dirigir com perfeição o jogo da conspiração. Compreendeu a nova fase do desenvolvimento capitalista em meio da crise mundial: fortalece sua burguesia nacional - um clássico exemplo da política trotskista de alianças -, se apodera da interlocução da região com o progressismo norte-americano e favorece o desenvolvimento de autocracias dispostas a assumir os despotismos de seus interesses.
Nessa política, o Foro serve à perfeição seus interesses regionais. Daí a pergunta: a que vem a tribo castro-lulista à Venezuela? O que trazem entre as mãos estes querubins da revolução, que têm em Hugo Chávez o grande heresiarca e aos interesses imperialistas da neo-burguesia brasileira seu magno propósito?
Um propósito essencial e irrenunciável move o Foro de São Paulo: impedir a queda do regime de Hugo Chávez, com a qual se deslocaria todo seu xadrez imperial. Impedir que o títere de Castro e do lulismo deixe a cena e as principais reservas petrolíferas voltem para as mãos dos seus legítimos proprietários: nós, os venezuelanos. Fechar a passagem à democratização da América Latina, como pretenderam ontem em Honduras, como pretendem hoje no Paraguai. Pois a abominável e repudiável intervenção do ministro de Relações Exteriores de Hugo Chávez em Assunção, deixa claro o papel de gendarmeria que o Foro designa ao nosso país. Que usa o garrote petroleiro como o Departamento de Estado utilizou no passado a Quinta Frota, os boinas verdes e o sebo financeiro do FMI.
A saída de Chávez constituiria um golpe mortal nas pretensões da esquerda radical do continente de voltar à idade dourada do castrismo. Priva de recursos financeiros os que sem eles estariam abandonados, sem poder e sem glória. Grande parte dos faustosos ingressos petroleiros, escamoteados dos nossos setores mais desvalidos, foram satisfazer a insaciável voracidade do castro-chavismo latino-americano. Alimentando grupelhos de ultra-esquerda, campanhas de governos corruptos, cruzadas dos que não distinguem entre causas e interesses pessoais. Permitiu a sobrevivência dos que, sem o auxílio castro-chavista, viveriam à luz de velas.
Daí meu assombro quando ouço as queixas daqueles setores que respaldam o candidato da democracia venezuelana porque o PT respalda Hugo Chávez. Ainda se fiam do crédito que há cinqüenta anos os Castro tiveram e na natural bonomia do comunismo internacional. São cegos ante o óbvio: Lula, Dilma e sua coorte forosãopulista vão pelos seus. Liquidar as democracias latino-americanas, montar o caudilhismo autocrático castrista e sentar o poderio do neo-imperialismo brasileiro. A isso é que vêm: examinar as condições do campo de batalha em que possivelmente neste 7 de outubro se jogará o destino da América Latina. Escondem o punham com que pretendem enfiar-nos uma punhalada. Não permitamos.
Tradução: Graça Salgueiro
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