Perdão, Allende foi racista
por Victor Farias (*) em 24 de junho de 2005
Resumo: Um livro que traz à luz textos anti-semitas e homofóbicos da juventude do mito esquerdista.
“Os hebreus se caracterizam por determinadas formas de delito: fraude, falsidade, calúnia e, sobretudo, a usura” [...] “Os ciganos constituem habitualmente agrupamentos delituosos, onde impera a indolência, a ira e o orgulho. Os homicídios são muito freqüentes entre eles” [...] “Steinach, Lipschutz e Pézard conseguiram curar um homossexual [...] injetando-lhe pedaços de testículos no abdômem” [...] “[Entre os árabes] há algumas tribos, honradas e trabalhadoras, as demais são aventureiras, imprudentes, ociosas e com tendência ao furto”
Salvador Allende (in “Higiene mental e delinqüência”)
Há alguns anos recebemos, minha esposa e eu, um bonito convite. Simon Wiesenthal, que sabia de meus livros sobre Heidegger e o nazismo, nos convidava para a cerimônia que o então chanceler Kohl ia lhe fazer, a entrega da mais alta Ordem que concede a República Federal da Alemanha. A cerimônia foi grata e sóbria, porém o que me surpreendeu foi que ao ir cumprimentá-lo, Wiesenthal me disse: “Obrigado, porém queria vê-lo amanhã de qualquer maneira. Irão buscá-lo em sua casa e o levarão ao hotel em que me hospedei. Oxalá o sr. pudesse vir ver-me. Temos o que falar”.
No dia seguinte tive uma das mais interessantes conversas que me presenteou a vida. As primeiras horas da tarde tiveram que separar-nos porque não cessava a longa lista de temas cheios de tensão e enigma: Mengele, os sírios, os militares argentinos, Eichmann, Perón, a Colônia Dignidad do Chile e dúzias mais. Porém, como a fome e os planos domésticos vencem tudo, tivemos que separar-nos. No final, ele me deteve tomando-me do braço e me disse: “Veja, uma das coisas mais importantes que tinha de perguntar-lhe é a seguinte” e me espetou sem rodeios: “Quem era realmente Salvador Allende?” O contestei enrolando, como costumamos os chilenos: “Don Simon, mas isso saiu em todos os jornais!”
“Não”, me replicou, “trata-se de uma história muito lamentável e que me custa aceitar. Há anos, no contexto de um julgamento na Alemanha sobre Walter Rauff, soube-se que este, como lugar-tenente de Eichmann, havia inventado os caminhões para exterminar judeus nos quais o gás se desviava para o interior do veículo. Em que pese isto, e argumentando que tais delitos já estavam prescritos no Chile, o governo direitista de Jorge Alessandri negou-se em 1963 a entregar Rauff, que vivia no país desde os anos 50 e era um riquíssimo empresário. Por isso preferi esperar até que os ventos da política se tornassem mais favoráveis. Acreditei que isso havia sucedido quando Allende chegou ao Governo, em 1970, pois era de se esperar que um socialista e revolucionário como ele fizesse as coisas melhor. Fui à Embaixada do Chile em Viena e entreguei uma carta dirigida ao presidente Salvador Allende e a seu ministro Clodomiro Almeida. A resposta que recebi me deixou tão surpreso quanto aniquilado. Era distante e fria, burocrática: incrível. Por isso, Don Victor, como conheço sua capacidade para buscar e encontrar coisas, lhe conto que perdi de vista ambas as cartas e lhe ficaria muito reconhecido se as encontrasse”.
Me custou mais de três anos porém acabei achando-as. A resposta de Allende era, com efeito, vergonhosa e absolutamente contraditória com a imagem construída ad nauseum das social-democracias e seus adláteres.
Porém constituía, simultaneamente, um documento emblemático para ilustrar a lamentável ambigüidade do Chile frente aos nazistas, uma ambigüidade que não só afeta instituições tradicionais e fundamentais, mas também a diversas personalidades. Como então eu estava publicando o primeiro volume de minha obra “Os nazistas no Chile”, decidi incluir, com um breve comentário introdutório, as duas cartas.
OBSERVÂNCIA ALLENDISTA
No Chile o escândalo foi maiúsculo. Personagens da mais estrita observância allendista, inclusive sua filha, levantaram a voz para acusar-me pouco menos que de um crime. Foi dito que o prócer não podia ir contra o dictamem da Corte Suprema de Justiça, que não podia usar resquícios legais para impor sua vontade e que tratava-se de uma “coisa julgada”, irreversível, portanto. Naquela ocasião, o governo Allende já havia estatizado todos os bancos, imposto uma reforma agrária com muitos fins de despojo e estava a ponto de pôr em questão o conjunto da legalidade chilena.
Mas, além de tudo isso, o que lhe pedia Simon Wiesenthal era outra coisa. Pedia-lhe para fazer uso de uma atribuição que ele tinha como todos os mandatários do mundo: a de expulsar do país todo o cidadão estrangeiro que pusesse em perigo a segurança e o prestígio do país. Wiesenthal pôs sobre o escritório de Allende os protocolos em que descrevia o que ocorria dentro dos caminhões com os judeus presos: como as vítimas morriam violentamente e como Rauff admoestava inclusive as SS porque se causava de tal modo uma “dor desnecessária” às vítimas e “aumentava demasiado o custo de gasolina ao fazer-se uso indiscriminado do acelerador”.
Agora bem, como no Chile a reação foi tão violenta quanto unânime, só cabia a pergunta: onde está a explicação destes fatos aparentemente tão desconcertantes? Existem antecedentes que desmintam ou confirmem as suspeitas? A tormenta assumiu o caráter de um desafio. Para enfrentá-lo recorri, por interesse e por decência, aos métodos que me deu meu trabalho científico.
RACISMO E EUGENESIA
Como os caminhos longos começam pelo primeiro passo, ao cabo de aventuradas buscas e deslocamentos in situ encontrei nos empoeirados arquivos da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile a memória escrita e apresentada por Salvador Allende, em 1933, para graduar-se como médico cirurgião. A surpresa foi gigantesca e me deixou um bom tempo sem dormir. Allende afirmava em sua tese que a delinqüência é de origem genética e que delinqüentes, como por exemplo os homossexuais, devem ser tratados cirurgicamente para serem recuperados. Para “convertê-los em seres morais”, seria conveniente abrir-lhes postigos no ventre com o objetivo de introduzir-lhes pedaços de testículos. Também daria “resultados maravilhosos” usar raios para extirpar o timo dos encarcerados. Desta forma, os homossexuais poderiam recuperar a moralidade. Pior ainda: também esta tese, intitulada “Higiene mental e delinqüência”, afirmava que a raça é uma causa de condutas delitivas constantes: os judeus, afirmava Allende, estão geneticamente predeterminados a delitos como a falsidade, a usura, a mentira. Os espanhóis e os italianos do sul são, por sua permeabilidade ao clima intenso, seres capazes de conseguir um estatuto moral normal. O escrito ainda proporciona mais surpresas. Uma delas me resultou inesquecível: Allende afirma que, embora os revolucionários sejam seres aparentemente normais, trata-se, na realidade, de doentes mentais muito perigosos que podem induzir os povos a revoluções que ele qualifica de “delito coletivo”.
Se há algo que caracteriza o ser humano são os erros de juventude. Por isso quis crer, num primeiro momento, que esta tese constituía algo assim como um escrito tragicômico. Porém a vida é muito obstinada e às vezes a juventude constitui o início de coisas ainda piores, se houver possibilidade. Ocorre que buscando e buscando vim a encontrar-me com uma surpresa maior ainda. Em 1939, ao ascender ao poder no Chile o Governo da Frente Popular, Allende ocupou a pasta de Ministro da Saúde e lançou um inaudito projeto legislativo com medidas de caráter eugenésico.
Tal projeto legislativo não conseguiu chegar ao Parlamento. Porém, Allende chegaria sim, muitos anos depois, à Presidência do Chile, à deste país que tem o direito absoluto de conhecer a verdade histórica. Como é possível que Salvador Allende se negasse a entregar o culpado pela morte de centenas de milhares de judeus e vítimas do terror nazista? Que 3.000 chilenos tenham sido vítimas de mãos assassinas não justifica o mutismo das esquerdas. Oxalá meus leitores espanhóis possam entender melhor sua própria história, compreendendo a do Chile.
(*) Victor Farias é autor de "Salvador Allende: contra os judeus, os homossexuais e outros degenerados".
Tradução: Graça Salgueiro
Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=36902&cat=Artigos&vinda=S
Grupo de Amigos Personales (GAP), a quarda pretoriana de Salvador Allende,
composta por chilenos e agentes cubanos
GAP - 1. Grupos de Amigos Personales: guarda pretoriana
de Salvador Allende, presidente do Chile (1970-1973). Antes de Allende, os
Carabineiros faziam a segurança da guarda do Presidente. Contra todas as leis
do país, os GAP passaram a constituir uma Força Armada, incluindo agentes e
espiões cubanos, que seria a base do “Exército Popular” que os marxistas
estavam formando com as brigadas “Ramona Parra” (do PC), “Elmo Catalán” (do PS)
e o “MCR” (do MIR). “Entre os seguranças
que protegiam as residências de Allende, havia cubanos, argentinos radicais
membros dos montoneros e uruguaios do grupo tupamaro, todos terroristas. Os
treinamentos do GAP ocorriam nas propriedades do presidente com instrutores
cubanos” (NARLOCH, 2011: 267). Sem formação profissional, sem disciplina e
sem responsabilidade, os GAP tinham impunidade para assaltar, tomar reféns e
assassinar - inclusive próprios companheiros. A organização do “Exército
Popular” acelerou-se com a formação dos “Cordões industriais”, organização paramilitar
composta por operários e camponeses marxistas das indústrias estatizadas.
2. Grupo de Ação Patriótica: presidido
por Aristóteles Drummond, era composto por estudantes do RJ, MG e SP, que se
contrapunham aos esquerdistas da UNE e da UEES. “O GAP se integrou a entidades formadas por empresários, mulheres,
militantes católicos, militares da reserva, ex-líderes estudantis, para se opor
à pregação revolucionária das esquerdas, que encontravam acolhida no Governo
Goulart, bem como ao grevismo político que fazia parte do cotidiano do País”
(jornalista Aristóteles Drummond -
HOE/1964, Tomo 9, pg. 144). “Ao ser
fundado em junho de 1962, o GAP firmou convênio com a Aliança Democrática
Brasileira e o Centro José Bonifácio, organizações democráticas de São Paulo,
presididas pelos estudantes Waldo Domingos Claro e Fânio Sandoval, e formou um
núcleo em Juiz de Fora, dirigido pelo universitário Marcos Ventura de Barros.
(...) De nossa carta de Princípios, constava a defesa intransigente do regime
democrático, da família, da Igreja, da propriedade e da iniciativa privada”
(idem, pg. 150-1). “Por algumas vezes,
realizamos transporte de armas de São Paulo para o Rio de Janeiro. Chegamos,
inclusive, a trazer metralhadoras em malas e em ônibus da viação Cometa. Este
transporte e movimentação de armamento foi uma vez estourado pela Polícia do
Exército, mas eu e mais dois companheiros conseguimos escapar na própria
estação rodoviária” (idem, pg 152). “A participação dos rapazes do GAP
estava ligada intimamente ao grupo conspirador liderado pelo Alm. Sílvio Heck.
Por algumas vezes, Aristóteles e alguns companheiros promoveram transporte de
armas de São Paulo para o Rio. Chegaram inclusive a trazer metralhadoras em
malas e em ônibus da Viação Cometa. Este transporte e movimentação de armas foi
uma vez estourado pela Polícia do Exército, mas Aristóteles e mais dois
companheiros conseguiram escapar na própria estação rodoviária. Como
consequência, a sede da Ação dos Vigilantes do Brasil, na rua 1º de Março, no
Rio, foi invadida e interditada, assim como um sítio em Jacarepaguá, onde o
Governo apreendeu as armas. Como conta Aristóteles Drummond, ‘por sorte o IPM
que o Ministro da Guerra instaurou foi confiado ao Gen. Idálio Sardemberg. Como
a imprensa janguista insistisse em citar Heck, o GAP e seu presidente, tomei a
iniciativa de procurar pessoalmente o Gen. Sardemberg, em sua casa, na rua
Sousa Lima. Na conversa com o militar, aleguei que o movimento apenas
distribuía livros, combatia a UNE etc., e que o noticiário dos jornais era
apenas maldoso’.
3. Grupo de Ação
Política: junto com o IPES, CONCLAP e outros órgão, participou do Movimento de
1964, que evitou a comunização do Brasil.
Obs.: Verbete extraído de meu trabalho Arquivos I - Uma história da intolerância, disponível em
Leia ainda:
Salvador
Allende, um agente da KGB - The
Mitrokhin Archive
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