MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Revanchismo contínuo: Base Aérea de Salvador - por José Luis Sávio Costa

Revanchismo contínuo: Base Aérea de Salvador

por José Luis Sávio Costa (*) em 17 de novembro de 2005

© 2005 MidiaSemMascara.org

A ruptura e o distanciamento dos padrões de conduta da Direção de Jornalismo da TV Globo em relação aos que modelaram as Organizações Globo, das origens em 1925 até as décadas de 1970 e 1980, impõe uma réplica, pela feição anti-militar agora assumida.

As iniciativas da Fundação Roberto Marinho, quando meritórias, não podem ser confundidas com os procedimentos do Departamento de Jornalismo da TV Globo que, por sinal, enodoam o patrimônio sócio cultural da Fundação, por obra e arte da miopia ideológica que não esconde o ar gramsciano de certos membros do Departamento.

Esta é a primeira razão que me constrange a replicar mais uma reportagem difundida pelo Departamento de Jornalismo da TV Globo. O assunto central, já enfadonho, é a repetição de matéria sobre a queima de documentos sigilosos na Base Aérea de Salvador, ato supostamente ilegal, e o veículo da repetida difusão foi o Fantástico, em 06/11/2005. As matérias anteriores foram veiculadas no mesmo programa em 12/12/2004 e 19/12/2004.

A segunda razão é uma questão de consciência, nascida do convívio fraterno e leal com pessoal da Força Aérea Brasileira em atividades profissionais, nas áreas de Inteligência e nas de ensino, nestas como Instrutor da EsCEME (Escola de Comando e Estado Maior de Exército), convidado para colaborar com a ECEMAR (Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica), e como Instrutor da EsNI (Escola Nacional de Inteligência) do extinto SNI e da EsIMEx (Escola de Inteligência Militar do Exército), nos cursos em que haviam oficiais ou graduados da FAB.

A terceira razão nasceu dos erros palmares contidos nas análises narradas no Fantástico, situadas fora do campo de conhecimento dos especialistas envolvidos, analistas de documentos e grafólogos, peritos de institutos de criminalística que demonstram um ínfimo conhecimento das áreas de produção, difusão, arquivamento e destruição de documentos sigilosos em setores sujeitos a administração militar e aos ditames do RSAS (Regulamento de Salvaguarda de Assuntos Sigilosos) e regulamentos semelhantes.

Deu no que deu - uma série de distorções originadas do desconhecimento da especialidade de Inteligência Militar, acrescidas pelo espírito revanchista e a má-fé de certos indivíduos que, infelizmente, mancharam e mancham o nome das Organizações Globo, projetado com sacrifício e zelo pelos seus criadores, desde 1925.

Os senhores Geneton Moraes Neto e Fernando Molica parecem ser alunos exemplares dos mestres do Departamento de Jornalismo da TV Globo, no adentrarem em áreas do conhecimento que não possuem. A ausência de conhecimento das atividades de Inteligência aliada à inexistência ou deficiência de contraditório, torna a matéria uma visão unilateral e desde o início um palmilhar nas trilhas de prováveis biases e conseqüentes erros de interpretação, crescendo a possibilidade de desvirtuar os fatos, calcada, unicamente, nos pontos de vista de neófitos ou mal intencionados.

No passado, entre muitas reportagens, estas características ficaram patentes nas matérias fajutas do Caco Barcelos: “Recontando os Mortos da Repressão”, na atualidade rebatizada com um conveniente novo título “A História Recontada” (sic); e nas do Eumano Silva em vários artigos, abordando supostos aspectos militares do arremedo de guerrilha, ou melhor da “aventura do Araguaia”; todas replicadas e até hoje sem respostas.

A quarta razão é sentimental, motivada pela solidariedade à jornalista Christina Fontenelle, por seu artigo intitulado “Fantástico Ato Falho”, difundido no Mídia Sem Máscara e ao advogado Eduardo Bastos Moreira Lima, pelo artigo difundido no Ternuma, com o título “Fantástico”, ambos veiculados na Internet. Foram protestos singulares que ecoaram na imensidão virtual onde deveria reboar a repulsa institucional dos que por dever profissional respondem pela dignidade das Forças.

A quinta razão nasceu da ardilosa conexão das matérias “História do Brasil Queimada” e “Cavaleiros do Apocalipse”, percebida na montagem do programa e alardeada pelo Pedro Bial, com seu velhaco palavrear, firmando como responsável pela decisão do lançamento das bombas em Hiroshima e Nagasaki, a lógica implacável dos militares. A matéria sobre o ataque atômico, nada tem com os militares brasileiros porém, a conjunção das reportagens atesta a implacável lógica revanchista embutida no programa.

O atual Secretário Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, revanchista de carteirinha e antigo militante do Partido Operário Comunista (POC) e da Organização Comunista Marxista Leninista-Política Operária (OCML-PO), apelidado por alguns de “Numerário Miranda”, por sua influência nas indenizações pagas aos atingidos por ações de garantia da lei e da ordem, teve por certo seus momentos de euforia ao ter seu destaque no programa.

Por sinal, o Fantástico nomeia uma série do programa com o título “Os Filhos Deste Solo”, quase idêntico ao titulo do livro de autoria do Nilmário e do Carlos Tiburcio “Dos Filhos Deste Solo”, referente aos mortos e desaparecidos (380), durante o Movimento Cívico Militar de 1964, por força das ações de garantia da lei e da ordem.

Senhor Pedro Boçal (leia-se Pedro Bial), a decisão do ataque foi política e firmada pelo Presidente dos EUA, Harry S. Truman, ao que se sabe um civil. Por sinal, o “implacável” Gen. Einsenhower achava que os japoneses estavam derrotados, argumentando que a bomba era completamente desnecessária e provocaria a condenação do mundo. O implacável milico estava certo. A 4 de julho de 1945, de Postdan, o Presidente Truman ordenou a entrega da Bomba à Força Aérea. A 16 de julho, a Bomba chegou à Base aérea de Tiniam no Pacífico. A 27 de julho, os japoneses foram informados do ultimato de Postdan, ameaçando-os de “extrema destruição’’, se não houvesse uma “rendição incondicional’’. A dois dias do lançamento definitivo da bomba sobre Hiroshima, meio milhão de folhetos haviam caído dos céus e apenas diziam: “Esta cidade será destruída, a menos que seu governo se renda”.

Não se trata aqui de defender ou desaprovar o ataque atômico, nem a falta de lógica da lerdeza nipônica em responder ao ultimato.

Aqui atacamos regimes totalitários nascidos das Revoluções Comunistas, que certos jornalistas do Departamento de Jornalismo da TV Globo e de O Globo defenderam no passado e ainda parecem defender.

Bial e Glória Maria procurem estudar, ou digam para o pessoal do Departamento de Jornalismo pesquisar sobre a “lógica implacável” dos que ocasionaram os maiores conflitos e genocídios da história; nós, os militares “implacáveis”, perdemos de longe.

Voltemos aos papéis queimados.

Vocês do Departamento de Jornalismo e seus especialistas consultados desde a primeira reportagem, sabiam que:

- a Base Aérea de Salvador, subordinada ao COMAR/2, sediado em Recife-PE, difunde para e recebe do COMAR/2, os documentos de Inteligência;

- nem a B Aérea de Salvador, nem o COMAR/2 podem ser confundidos com um órgão central das atividades de produção, difusão, arquivamento e destruição de documentos sigilosos de Inteligência e Contra-inteligência da Força Aérea Brasileira;

- o CIAER no presente e no passado o CISA e o SECINT, no âmbito do Comando da Aeronáutica, é o órgão central do SINTAER que tem por missão executar a Atividade de Inteligência, com oportunidade e credibilidade, para a eficácia da Força Aérea Brasileira no seu emprego operacional e no seu preparo;

- as atividades de Inteligência envolvem a produção, a difusão, o arquivamento e a destruição dos documentos dos tipos apresentados pelo Fantástico;

- nos documentos apresentados aparecem em alguns deles o órgão de origem e o encaminhamento (difusão), e nenhum identifica de forma clara a Base Aérea de Salvador como órgão produtor. Daí a improbabilidade de produção de tais documentos na Base Aérea de Salvador, o que dá guarita à suspeita de transporte para o local em mala ou de outra forma, “plantando”, queimando o material no local (ermo) ou não, em tempo e hora que o homem da mala entendesse;

- além disto, presume-se que a Base deve ter meio eletro-mecânico de destruição de documentos;

- causa asco a combinação de palavras recortadas e isoladas, só agora surgidas e montadas a capricho que podem pertencer a diferentes documentos, com assuntos diversos, inclusive depoimentos de várias origens e até adversas, para dar a conotação de atos de presumidas torturas (modismo atual da TV Globo).

É preocupante esse suspeito caso dos documentos incinerados em terreno ermo da Base Aérea de Salvador e explorados sucessivamente pela TV Globo, via seu programa dominical de maior repercussão jornalística, o "Fantástico", visando a caracterizar uma suposta ação ilegal das Forças Armadas, diante da campanha do "abrir já" documentos sigilosos.

Reafirmamos ser favoráveis à abertura total e irrestrita, desde que recíproca!

Por sinal, o Poder Executivo, usando de sua melíflua cautela já nomeou uma comissão de "notáveis", ao que parece para beneficiar somente um dos lados: o dos seus militantes e simpatizantes, praticantes de ilícitos, inclusive de natureza hedionda que não são poucos.

Relembramos que os dois historiadores já convidados pelo Fantástico são, segundo o programa: o “especialista” em movimentos que lutaram contra o regime militar, Jacob Gorender, antigo militante do Comitê Central (CC) do PCB e de 1967 a 1979/86 do CC do PCBR, agora no PT; e Maria Aparecida de Aquino, de nítida tendência petista, doutora em História pela USP e sem nenhum, mas nenhum conhecimento mesmo, de Inteligência ou funcionamento sistêmico de agências de inteligência nacionais ou estrangeiras. Por ignorância neste tipo de assunto, ela estranha e questiona a ligação de órgãos sistêmicos, formadores aqui e alhures dos chamados Sistemas Nacionais de Inteligência e Contra-Inteligência.

Julgamos conveniente lembrar que os documentos produzidos na vigência do antigo RSAS (Regulamento de Salvaguarda de Assuntos Sigilosos) estavam sujeitos às suas normas de classificação, tempo de validade e arquivamento, modificação ou perda do grau de sigilo, termo de destruição e incineração.

Não chorem ou blasfemem quanto aos documentos arquivados. Segundo afirmou D. Paulo Evaristo Arns, o principal já é conhecido; o resto é questão de detalhe... Mas, o passado dos nossos adversários de ontem não foi ainda conhecido. A Dona Dilma já argüiu que a abertura deve “preservar o direito a privacidade de cada um”... Ora, ora...

Uma comissão correta seria a encarregada da abertura dos arquivos com documentos de seqüestradores, assassinos, assaltantes de banco das várias organizações da esquerda radical de luta armada (1964-1979).

Quesitos de interesse no caso da Base Aérea de Salvador:

1- Quem contatou com a TV Globo (ah!, sempre ela) e fez a denúncia?

2- Como ele ou eles tiveram acesso ao perímetro interno da base, deslocando-se por locais sujeitos a normas de segurança para gravarem a matéria, correndo até o risco de serem alvejados pela guarda da Infantaria da Aeronáutica?

3- É difícil acreditar que a FAB, caso quisesse, iria destruir tal material assim, a céu aberto, de uma forma tão tosca, estúpida mesmo?

4- Se são documentos militares realmente, qual a origem e destino do percurso da difusão?

5- Por que só a Globo está a alardear aos quatro ventos tais fatos?

6- A quem interessa espalhar a imagem de que os militares têm lógica implacável e fazem tudo "escondido" e de forma "violenta e cruel"? Logo agora!!!

7- Existe a possibilidade de algum militar fazer o jogo da TV Globo, por vingança ou servindo também aos seus interesses, mediante propina? Esta possibilidade, difícil, porém possível, existe lá e alhures? Quanto custaria? Cinco, dez ou vinte mil reais?

Voltaremos enfocando um caso ocorrido no Paraná. Temos tempo e não gostaríamos de fugir ao padrão de sancionar sem ouvir, que sempre usamos, mesmo em épocas difíceis. Respeito ao contraditório. Nunca tivemos pejo de punir, porém...


(*) Cel Ref do Exército Brasileiro, dedicou-se às áreas de: Segurança Nacional e Segurança Interna; Inteligência, Contra Inteligência e Operações de Inteligência; Subversão e Contra-subversão.



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