MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 8 de março de 2021

MARÇO DE 1964 - LINHA DO TEMPO - Por Félix Maier


MARÇO DE 1964 - LINHA DO TEMPO

Félix Maier
O Movimento Cívico-Militar de 31 de Março de 1964 é História.

Uma História que jamais poderá ser apagada, por mais que queiram os terroristas de ontem e os seus simpatizantes de hoje.
Havia um golpe de Jango em andamento, previsto para ocorrer em 1o. de maio de 1964, decretando Estado de Sítio e fechando o Congresso Nacional e o STF, para a criação de uma República Sindicalista. Isso é fato, que foi denunciado pelo governador de São Paulo, Adhemar de Barros.
Desde 1961, havia infiltração comunista no Brasil, com a presença de agentes cubanos, quando compraram fazendas em vários Estados para treinamento de guerrilha. Confira os fatos em "O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro" – por Denise Rollemberg
Naquele mesmo ano de 1961, começaram também a ser criadas inúmeras entidades civis, para enfrentamento da ameaça comunista, como o IPES, IBAD, CAMDE, GAP etc.
Assim, o Movimento de 1964 não foi um golpe, porém um contragolpe, inicialmente previsto para ocorrer em 4 ou 5 de abril de 1964.
Isso é História e jamais será apagada.
Direito ao Esquecimento?
Espiral do Silêncio?
Cultura do Cancelamento?
Jamais permitiremos que isso aconteça.
Por isso, lembrar é preciso.

Sempre!

***

MARÇO DE 1964 - LINHA DO TEMPO
1) Em 2 de março de 1964, estudantes impediram a aula inaugural do reitor da Universidade Federal da Bahia, Clemente Mariani
2) Comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964
Em 13 de março de 1964, em comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, Jango começou a cavar sua cova política.
O Comício da Central foi realizado estrategicamente no terminal de trens no centro do Rio de Janeiro; com a paralização dos trens feita pelos sindicatos no final do dia, a população não pode voltar para casa e se aglomerou no terminal, próximo ao Ministério da Guerra (Palácio Duque de Caxias); além disso, o governo Goulart disponibilizou dezenas de ônibus, para trazer manifestantes de vários bairros e cidades da Baixada Fluminense, com os custos pagos pela Petrobras. Sempre a Petrobras...
As medidas anunciadas por Jango, nesse Comício, incluíam a reforma agrária, estatização das refinarias de petróleo privadas, direito a voto a analfabetos, cabos e soldados, reforma constitucional, legalização do Partido Comunista.
O que se viu no Comício, entre outras aberrações, foi o presidente do Brasil estar cercado de militares, desde o ministro da Guerra, até o mais simples soldado, quebrando os princípios basilares da hierarquia e da disciplina, coluna dorsal das Forças Armadas. O general Castello Branco, chefe do EME, também foi convidado para o evento, mas declinou do vil convite.
Calcula-se que houve cerca de 300 mil pessoas nesse Comício.
3) “No dia 16 de março, o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) deu um ultimato ao Congresso Nacional, exigindo que fosse votado o regime sindicalista, com vigência a partir do dia 1º. de maio. Esse fato veio a ser confirmado pelo embaixador soviético acreditado no Brasil e por documentos dos arquivos de Moscou, liberados aos pesquisadores” (General-de-Divisão Théo Espindola Basto, Tomo 12, pg. 129).
4) No dia 19 de março de 1964, Dia de São José, padroeiro da família, houve a resposta da população ordeira, que promoveu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo, com mais de 500 mil pessoas, que pediam a Deus e às Forças Armadas que impedissem que o Brasil se transformasse em um país comunista.
5) Circular Reservada, do general Castello Branco, chefe do EME, emitida em 20 de março de 1964
Alertava o País sobre o avanço do comunismo, afirmando que “A insurreição é um recurso legítimo do povo”.
“Quando Castello Branco escreveu, a 20 de março de 1964, a Circular Reservada dirigida ‘aos generais e demais militares do EME e das Organizações subordinadas’, desejou mostrá-la ao General Jair Dantas Ribeiro, Ministro da Guerra, antes de sua distribuição. Infelizmente, o Ministro estava doente, mas redigiu-lhe uma carta, contendo a interpretação de cada trecho da Circular. Todos tinham noção de qual era o seu pensamento. Eu levei a carta até a residência do General Jair, no bairro Riachuelo, subúrbio do Rio, que após lê-la disse-me: ‘Depois eu falarei com o Castello’ ” (Coronel Anysio Alves Negrão, Tomo 15, pg. 340).
Cfr. a “Circular Reservada” do General Castello Branco em https://felixmaier1950.blogspot.com/.../circular...
6) A Revolta dos Marinheiros no Sindicato dos Metalúrgicos, em Benfica, Rio, no dia 25 de março
Marinheiros e fuzileiros rebelados, em passeata, sob liderança do Cabo Anselmo, carregaram nos ombros o Almirante Cândido Aragão
“Poucos dias mais tarde, um grupo de marinheiros, liderados pelo tal cabo Anselmo, revoltou-se e promoveu agitada reunião no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro. Tropas do Exército cercaram o edifício e após horas de confabulação, prenderam os insurretos, mas João Goulart determinou que os mesmos fossem libertados e demitiu o Ministro da Marinha.
A ordem presidencial para a liberação dos marinheiros presos, a presença do comunista Hércules Corrêa e outros, nos quartéis, para verificar o cumprimento da ordem do Presidente, e a passeata vexatória que se seguiu, com marinheiros desuniformizados carregando o Almirante Aragão nos ombros, atingiram violentamente os brios dos militares – oficiais, sargentos e soldados – ferindo a dignidade das Forças Armadas” (General-de-Brigada Niaze Almeida Gerude, Tomo 11, pg. 95-96).
“Não satisfeitos em fazerem o Comício da Central do Brasil, eles promoveram a rebelião dos marinheiros, a revolta dos marinheiros. É interessante assinalar que, naquela época, o filme sobre o Encouraçado Potenkin – onde houve uma revolta de marinheiros em que os oficiais russos foram jogados ao mar por eles – era passado em todos os quartéis da Marinha de Guerra, justamente para servir de exemplo, para que os nossos marinheiros seguissem e fizessem a mesma coisa com os seus oficiais. Inclusive, tínhamos um almirante fuzileiro naval que, na tal revolta, deixou-se carregar nos ombros dos marinheiros: era o Almirante Cândido Aragão, que optara por dar golpes fatais na hierarquia e na disciplina. Isso tudo para nós, tenentes e capitães, era inconcebível. Como é que um almirante fardado se deixava carregar nos ombros por marinheiros em impressionante baderna? Era uma inversão total de tudo que havíamos aprendido na vida militar. Quer dizer, era um chefe populista que estava fazendo o jogo do Governo do Presidente João Goulart” (General-de-Brigada Acrísio Figueira, Tomo 14, pg. 136-137).
7) Em 26 de março, Carlos Marighella declara:
“O Partido [PCB] precisa se preparar, pois está em vias de assumir o Poder” (in “A Verdade Sufocada”, pg. 67).
8) A reunião de sargentos no Automóvel Clube, no Rio de Janeiro, em 30 março
Com a presença do presidente João Goulart, foi a “gota d’água” para o desencadeamento da Revolução de 31 de Março de 1964:
“A quebra de disciplina nas Forças Armadas foi proposta pelo Comandante-em-Chefe, João Goulart, no Automóvel Clube do Brasil, na reunião com os marinheiros, um espetáculo terrível de indisciplina. Foi assistido pela televisão, praças e sargentos jogando gorros para o ar, abraços, e ele, o Presidente, se inflama, sai do roteiro – estava lendo o discurso que defendia aquelas reformas que pretendia – e conclamava à indisciplina: ‘que os graduados se unam ao povo e vamos, todos, impor ao Congresso a nossa vontade’. Isso foi sugerido pelo Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, pelo Presidente da República” (General-de-Divisão Geraldo de Araújo Ferreira Braga, Tomo 2, pg. 103-104).
“No dia 30 [de março de 1964], no Automóvel Clube do Brasil, no Rio de Janeiro, sargentos, cabos e soldados ofereceram um almoço ao Presidente da República e a seus ministros, ocasião em que se repetiram as mesmas exigências do dia 13, com o apoio e reforço do Chefe do Governo. Era a agressão frontal à ordem vigente, comandada pelo próprio Presidente da República, com desrespeito à Constituição e ao Congresso Nacional, com a intenção de desestabilizar as Forças Armadas, quebrando-lhes a disciplina e afrontando-a. Era, sobretudo, uma agressão ao povo e à Nação, cuja tranquilidade deu lugar a uma inquietação indefinida e constrangedora” (General-de-Brigada Manoel Theóphilo Gaspar de Oliveira Neto, Tomo 4, pg. 97).
“É provável que este terceiro fato [reunião no Automóvel Clube do Brasil] tenha feito o General Mourão Filho precipitar os acontecimentos, pois a eclosão do Movimento estava prevista para 2 de abril de 1964, por razões táticas, como já disse. De qualquer forma, essa eclosão tinha que ocorrer antes de 1º. de maio de 1964, Dia do Trabalho, data que vários documentos da cúpula comunista indicavam para a implantação final do comunismo no Brasil” (Coronel Genivaldo Catão Torquato, Tomo 4, pg. 142).
“Vale lembrar que o General Mourão Filho, em Minas Gerais, estava dentro da conspiração com o Cordeiro de Farias e com o Marechal Denys que se deslocou para Juiz de Fora. O Mourão Filho foi dormir cedo no dia 30 de março, ele dormia muito cedo e acordava muito cedo, como bom ‘milico’.
Por volta das 7h, 8h da noite, sua esposa acordou-o e disse: ‘Mourão, você tem que assistir isso aqui’. Era a televisão, mostrando a reunião do Automóvel Clube do Brasil. Muito a contragosto, ele se levantou e sentou diante da televisão.
Quando acabou a reunião do Automóvel Clube do Brasil, ele já estava fardado, 45 na cintura, caminhando para a 4ª Região Militar, em Juiz de Fora, para dar partida no Movimento armado, para acionar a tropa, adotando aquele princípio da surpresa do Sun Tsu, general chinês que sabia tudo sobre guerra. As coisas que aquele homem deixou escrito são impressionantes e o General Mourão as leu e adotou.
Deu partida, portanto, no dia 31 de março, antecipando-se à proposta, ainda meio no ar, de outras lideranças de iniciar a Revolução no dia 3 de abril. Ele se antecipou. E, segundo Sun Tsu, ele tinha razão, porque textualmente ele diz que a precipitação, às vezes, é prejudicial, mas quem não se antecipa aos fatos está fadado à derrota” (Coronel-Aviador Gustavo Eugenio de Oliveira Borges, Tomo 10, pg. 290-291).
9) Em 30 de março, a ECEME estava rebelada
“O Coronel Cesário (Luiz Cesário da Silva), pai do General que hoje chefia o Centro de Comunicação Social do Exército (CComSEx), chegou a nossa sala e suspendeu a aula em curso. Informou que a Escola estava rebelada e que a partir daquele momento só obedeceria às ordens do Chefe do Estado-Maior do Exército, General Castello Branco” (Coronel Hélio Lourenço Ceratti, Tomo 13, pg. 183).
10) Em 30 de março, o General Guedes se declara rebelado
O Comandante da 4ª. Infantaria Divisionária (ID/4), sediada em Belo Horizonte, General Carlos Luís Guedes, reúne os oficiais no quartel e se declara rebelado.
11) 31 DE MARÇO DE 1964: O “GRANDE MUDO”, ENFIM, FALOU!
Em 31 de março, o General Olympio Mourão Filho anuncia a rebelião de Minas Gerais e escolhe o General Muricy para comandar o Destacamento Tiradentes em direção ao Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, cria o Destacamento Caicó, para progredir em direção a Brasília.
“Naquela época, havia um jornalista de muito prestígio aqui no Rio de Janeiro, David Nasser, que fez um artigo que ficou muito conhecido, chamando o Exército de o grande mudo, porque não estava se pronunciando diante do clima de subversão e de desordem implantado de Norte a Sul do País. Até que o Exército se pronunciou e o nosso prestígio era de tal monta que só o fato da tropa sair de Minas e tomar o caminho do Rio de Janeiro, sucessivas adesões de tropas se seguiram, inclusive de Unidades que eram consideradas da confiança do Presidente da República, todas aderindo ao Movimento Revolucionário de 31 de Março de 1964, que uniu a grande maioria dos brasileiros contra o governo do caos” (General-de-Brigada Acrísio Figueira, Tomo 14, pg. 137-138).
A Revolução era para começar no dia 4 ou 5 de abril de 1964
“O Governador Magalhães Pinto e o General Olympio Mourão Filho tinham a convicção de que tudo que era necessário fazer fora realizado. O retardamento só traria dificuldades mais adiante. Mas o que desejava o Presidente Castello Branco? Já comentamos isso: a conversa do Coronel Confúcio Pamplona com o General Adalberto Pereira dos Santos, Comandante da 6ª. Divisão de Infantaria, em Porto Alegre. Castello Branco, no dia 31, enviou o General Alfredo Malan, que levava uma data para o início da Revolução: 4 ou 5 de abril.
O General Alfredo Malan confirmaria ao General Adalberto Pereira dos Santos, em Porto Alegre, Comandante da 6ª. DI, que o início do movimento estava previsto para 4 ou 5...
Primeiro, o Coronel Confúcio Pamplona, que entregou mensagem redigida de próprio punho pelo General Castello.
Mas não houve precipitação. Apenas o Governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, e o Comandante da 4ª. Região Militar, General Olympio Mourão Filho, entenderam que não havia mais o que esperar. E quanto mais cedo melhor, até porque o fator surpresa seria peça importante naquela empreitada” (General-de-Brigada Danilo Venturini, Tomo 15, pg. 154).
BIBLIOGRAFIA:
"HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO - 31 MARÇO 1964"
Em 15 Tomos - Bibliex, 2003

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