PAÍS
Publicado: 31/03/14 - 6h 00min
Atualizado: 31/03/15 - 11h 29min
Almirante Aragão impediu O GLOBO
de ir às bancas no dia 1º de abril de 1964
Fuzileiros navais invadiram a sede do jornal, no Centro do Rio, no dia 31 de março de 1964 sob o comando de Aragão, ligado a João Goulart. Só no dia 2 de abril, diário voltou a circular
Na dia 31 de março de 1964, O GLOBO foi invadido por fuzileiros navais comandados pelo almirante Cândido Aragão, que apoiava o presidente João Goulart. O jornal não pôde circular no dia 1º. Sairia no dia seguinte, 2 de abril, uma quinta-feira, com o editorial, publicado na página 3 e impedido de ser impresso pelo almirante, “A Decisão da Pátria”. Na primeira página, um novo editorial: “Ressurge a Democracia!” (fac-símiles da primeira página e da página 3, da edição de 2 de abril de 1964, estão na galeria de páginas e matérias digitalizadas deste Acervo O GLOBO).
Na primeira página do dia 2 de abril, o jornal relatou “A violência contra O GLOBO” e publicou foto mostrando a sua portaria principal interditada por fuzileiros navais. Durante a invasão no dia 31 de março, o comandante dos fuzileiros navais declarou: “Um jornal como O GLOBO só poderá voltar às bancas dos jornaleiros se Kruel vencer esta parada”. O general Amaury Kruel comandava o então II Exército, sediado em São Paulo. Ele estava ao lado de Jango, mas voltou atrás.
Em sua manchete, o jornal do dia 2 de abril estampava: “Empossado Mazzilli na Presidência”. Na foto principal da página, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, aparecia ao lado de populares e soldados fiéis, com tanques do Exército estacionados nas proximidades dos jardins do Palácio Guanabara.
Além das reportagens sobre o dia do golpe que depôs Jango, publicadas na edição de 2 de abril de 1964, este Acervo O GLOBO traz, em sua galeria de páginas, as edições do jornal dos dias 30 e 31 de março.
Em texto publicado na edição de 1 de setembro de 2013, no lançamento do projeto Memória O GLOBO, as Organizações Globo concluíram que, à luz da História, o apoio ao golpe de 1964 foi um erro editorial. Depois de discussões internas, as Organizações Globo reconheceram que esse apoio havia sido um equívoco.
“Os homens e as instituições que viveram 1964 são, há muito, História, e devem ser entendidos nessa perspectiva. O GLOBO não tem dúvidas de que o apoio a 1964 pareceu aos que dirigiam o jornal e viveram aquele momento a atitude certa, visando ao bem do país.
À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”, concluiu o texto, que pode ser acessado por meio do site do jornal no Memória O GLOBO (memoriaoglobo.com.br).
Comentário:
Hoje, as Organizações Globo demonizam o Movimento Cívico-Militar de 31 de Março de 1964, assim como o governo dos cinco generais-presidentes, como se pudessem mudar a História. Caso as forças comunistas e sindicalistas de Jango tivessem sido vencedoras, não haveria o Império Globo. O Almirante Aragão teria metido fogo nas gráficas do jornal O Globo. Graças aos militares, o jornal sobreviveu, assim como foi possível o aparecimento de todo o sistema Globo, como TV aberta e a cabo, revistas etc. Muito mal-agradecidos, esses caras da Globo, né mesmo William Bonner?
Félix Maier
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