MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Reitor é proibido de proferir aula magna na Universidade Federal da Bahia, em 2 de março de 1964

Seg , 31/03/2014 às 12:03

O movimento estudantil em 64

Pedro Castro | jornalista
Nos 50 anos do Golpe de 64, vale a pena ressaltar fatos curiosos da época em que o país mergulhou na ditadura militar. Na aula inaugural da Universidade Federal da Bahia em 2 de março de 1964, de acordo com a tese de doutorado de Antônio Maurício Freitas Brito, na Faculdade de História da mesma universidade, o convidado para proferir a aula magna foi Clemente Mariani, ministro da Fazenda durante o governo de Jânio Quadros e demitido por Jango.

Encontrava-se em Salvador Carlos Lacerda; um dos principais artífices da ala civil do Golpe de 64. Em entrevista à TV, Lacerda insinuou que compareceria à aula inaugural e chamou os integrantes do movimento estudantil de "filhos de Lee Oswald", o assassino de JFK. Na mesma data da aula, ocorreu um comício na praça da Sé "em apoio às reformas de base de João Goulart e contra Carlos Lacerda", quando cerca de dual mil pessoas ovacionaram os discursos do governador de Goiás, Mauro Borges, e do prefeito Virgildásio de Senna.

A reitoria da Ufba foi então ocupada por manifestantes, com cartazes com dizeres como "Go home Lacerda", alusivo à sua posição de alinhamento com os norte-americanos em plena guerra fria. Lacerda achou mais prudente não comparecer à aula inaugural, que era prestigiada, dentre outras autoridades, pelo então governador Lomanto Júnior.

Com um clima beligerante e procurando arrefecer os ânimos, as autoridades passaram o microfone para Pedro Castro Silva, que vem a ser meu saudoso pai e na época era presidente do Diretório Central dos Estudantes da Ufba, assim como tenente da Polícia Militar. Pode soar estranho o acúmulo destas duas funções, especialmente em 1964. Entretanto, era notória entre os estudantes a posição de oficial de Pedro Castro Silva e isto não provocou contestações à sua liderança no movimento estudantil.

Ele foi enfático e declarou somente que "os líderes estudantis não podem ir contra as manifestações populares". Obviamente esta declaração não minimizou em nada a bagunça generalizada e, sendo assim, em 1964 não houve aula inaugural na Ufba.


Fonte: https://atarde.uol.com.br/opiniao/noticias/o-movimento-estudantil-em-64-1580063

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