MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

CHILE – Um pouco sobre a verdade histórica – por Carlos Ilich Santos Azambuja

CHILE – Um pouco sobre a verdade histórica – Carlos Ilich Santos Azambuja

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Em um recente artigo, intitulado “Censura e Desinformação”, o brilhante escritor Olavo de Carvalho escreveu : “Existirá censura mais pérfida do que aquela que consegue vetar a divulgação da sua própria existência? Existe. É aquela (…) que bloqueia não apenas o acesso ao presente, mas ao passado. Mas a proibição do passado é, por seu lado, a mais importante notícia – ela também vetada – sobre a vida presente”.
Esse é o caso do governo socialista de Salvador Allende, no Chile, deposto em 11 de setembro de 1973, do qual, hoje, nada se diz. A mídia só se ocupa do governo que o sucedeu, que reergueu o País, tirando-o do atoleiro que se encontrava.
Nada se diz sobre o governo da Unidade Popular, conduzido por Allende, no período de 1970 a setembro de 1973, quando, já então, o grupo terrorista Movimento de Izquierda Revolucionária (MIR), com suas atividades insanas, foi responsável por 96 mortos, 919 feridos, 165 seqüestros e 18 pessoas torturadas, totalizando 1.198 vítimas, decorrentes de 68 “expropriações” a estabelecimentos bancários, 1.598 assaltos, 34 mil tomadas de indústrias e empresas particulares, e 9 mil invasões de terrenos, fazendas e apartamentos.
Cerca de 20 mil estrangeiros indesejáveis, a maioria guerrilheiros em seus países, foram autorizados a ingressar no Chile, passando a integrar, e alguns a instruir, o Exército Guerrilheiro que se preparava para implantar o chamado Poder Popular. Quando Allende foi deposto, o total de membros desse Exército Guerrilheiro foi estimado em 53 mil guerrilheiros, dos quais cerca de 31 mil estrangeiros.
Milhares de chilenos, dos partidos comunista, socialista e do MIR, receberam treinamento militar em Cuba, Argentina, Alemanha Oriental, União Soviética, Argélia, Líbia e outros países, nas formas mais sofisticadas do extremismo e treinamento para matar.
No início dos anos 90, após tudo isso, lá, como aqui, foi também outorgada uma Anistia. Então, os marxistas auto-exilados retornaram ao País, com glória e majestade, passando a integrar os governos que sucederam o governo militar, instalando-se em altos cargos dos Poderes Executivo e Legislativo, bem como em toda a Administração Pública, confiantes na má memória do povo.
Lá como aqui, a mídia absteve-se de narrar à juventude da Nação todas essas vicissitudes, já que os jovens de hoje não conheceram e nem viveram as horas amargas do extremismo marxista-leninista, sua crueldade, sua barbárie, seus crimes e delitos e, por essa razão, encaram com ceticismo um passado que não conhecem, bem como a História real do seu País.
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Não tem lógica e nem é aconselhável e ético que sejam os vencidos de ontem os que devam escrever a História de seus países, com base em seus pontos de vista e em suas ideologias sepultadas sob os escombros do Muro de Berlim. Nesse sentido, aliás, não deve ser esquecido que a União Soviética prestou um inestimável serviço à humanidade: comprovou, na prática, que o socialismo não funciona.
Entre os anos de 1970 e 1972, 4.875 cubanos, todos portando passaportes diplomáticos ou oficiais, ingressaram no Chile, sem contar os que entraram como turistas ou em forma clandestina.
Entre esses cubanos estava o general Patrício de La Guardia Font, do Ministério do Interior de Cuba, tido como Comandante em Chefe das Forças Cubanas no Chile, com passaporte diplomático, que, ao regressar a Cuba, foi condecorado por Fidel Castro. Pois bem, Patrício de La Guardia Font, depois disso, em 1987, foi julgado e condenado a prisão sob a acusação de ser narcotraficante.
O fato de que esses cubanos ingressados no Chile portassem passaportes diplomáticos ou oficiais, praticamente obrigou o governo militar, após a deposição de Allende, a deixá-los sair do País.
Entre os diplomatas cubanos chegados ao Chile estava o Vice-Chefe da Inteligência cubana, Luiz Fernandez da La Oña, que se casou com Beatriz Allende, filha do presidente, e que passou, em meados de 1973, a chefiar a equipe de segurança pessoal de Allende, intitulada GAP ( Grupo de Amigos do Presidente ). Posteriormente, em Cuba, já separada do marido, Beatriz Allende, em outubro de 1977, cometeu o suicídio, atribuído à “depressão por viver longe de seu País”. Esse foi o único caso conhecido, em todo o mundo, de um estrangeiro, da direção de Inteligência de seu País, chefiar a segurança pessoal de um presidente de um outro País.
O próprio Manuel Piñero Losada, chefe da Inteligência de Cuba por cerca de 30 anos, desembarcou no Chile em 30 de julho de 1973, com o passaporte n.º 9.352, no qual constava a sua profissão: jornalista.
O GAP, não estava a cargo das Forças Armadas ou nenhum outro órgão governamental, como ocorre em todos os países do mundo. Era constituído por um grupo de militantes do MIR e do Partido Socialista ( partido do presidente ), portando armamento de alta potência que não poderia ser utilizado por ser armamento de guerra, e todos com instrução militar avançada ministrada pelo exército cubano. Foram vários os casos de membros do GAP comprometidos em assaltos, roubos, assassinatos e outros crimes, que nunca foram julgados. Cerca de 30 viaturas utilizadas pelo MIR em suas “ações” estavam registradas em nome de “La Payta”, como era conhecida a secretária particular de Allende, Miria Contreras. Nos anos 80, “La Payta” vivia em Paris, com o sugestivo cargo de diretora da estatal cubana Havanatur.
O treinamento militar dos membros do GAP era mantido, no Chile, no Centro de Instrução Militar El Canaveral, local onde se encontrava o seu principal depósito de armamento. “El Canaveral” nada mais era do que a casa de campo do presidente Allende.
Durante o governo da Unidade Popular, também uma enorme quantidade de armamento foi infiltrada no Chile, para o dito Exército Guerrilheiro, de forma absolutamente ilegal e clandestina, sem o conhecimento das Forças Armadas, porém autorizado pelo próprio presidente da República.
Estimou-se, após a deposição de Allende, esse armamento em 40 mil armas:
 25.000 fuzis AKA, de origem soviética, chegados de Cuba;
 300 lança-foguetes RPG7, de origem soviética, também chegados de Cuba;
 15.000 revólveres e pistolas soviéticas, alemãs, checoslovacas, norte-americanas, argentinas, etc, de diferentes calibres;
 1.500 metralhadoras checoslovacas, soviéticas e norte-americanas.
Todas essas armas acompanhadas da respectiva munição.
De todo esse armamento, somente foi apreendida uma percentagem correspondente a 40%, sendo desconhecido, até hoje, o destino do restante.
Em 12 de março de 1972, uma carga secreta chegou ao Aeroporto de Puhaduel, em Santiago, procedente de Cuba, em avião de Cubana de Aviación, por volta das 14:30 horas. Após o pouso, o avião deslocou-se até a saída Sul do Aeroporto, onde foi cercado por inúmeras viaturas do Departamento de Investigações. Ali foram desembarcadas enormes caixas de diversos tamanhos. Essa mercadoria não passou pela Aduana e foi levada diretamente à residência do presidente Allende, em Tomás Morus.
Essa carga, conforme foi apurado, constava de 62 metralhadoras, 426 armas curtas e 6 lança-foguetes, com a correspondente munição. Todo esse armamento foi exposto à imprensa, nos jardins do palácio após a deposição de Allende.
Essas armas faziam parte do arsenal do Grupo de Amigos do Presidente (GAP).
Finalmente, após o 11 de setembro de 1973, foi divulgada uma lista contendo os nomes, por nacionalidade, de 20 mil presumíveis guerrilheiros, procedentes de 46 países, que se encontravam no Chile quando Allende foi deposto.
A censura estendeu seu manto sobre esse passado do qual, hoje, não se fala.”
Carlos Ilich Santos Azambuja é historiador. Artigo transcrito da “Revista de Aeronáutica” n.º 228 / 2001 – Publicação do Clube de Aeronáutica.
De Usina de Letras, 16/09/2003.
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