MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

O fardo do homem branco - Por Félix Maier

 


O fardo do homem branco

 

 Félix Maier


O fardo do homem branco, segundo Kipling,

Era carregar o mundo, um peso inusitado.

Hoje não é mais uma missão de civilização,

Mas uma luta pelo ser humano valorizado.

 

Hoje o fardo é bem diferente,

Não é mais o do Império Britânico.

É ser branco, hétero, caucasiano,

E liberal em assunto econômico.

 

Ser branco não é mais um privilégio,

Mas um peso a carregar.

Ser julgado pela cor da pele

E ter que lutar para se firmar.

 

O fardo do homem branco mudou de figura,

Mas ainda é um peso a carregar.

Pois ser branco já não é só tintura,

É carregar um estigma a enfrentar.

 

Ser conservador é enfrentar críticas

Por manter valores antigos.

Ser cristão é ser taxado de hipócrita,

E de preconceituoso, talvez até inimigo.

 

Ser heterossexual, conservador e cristão

Deixou de ser o padrão da normalidade.

É enfrentar a batalha diária para que

Sejam respeitadas as diferenças com humildade.

 

Ser liberal no mercado, na economia,

Não é mais uma escolha de sucesso.

É remar contra a maré da ideologia,

E buscar um caminho de progresso.

 

O fardo do homem branco

É uma luta para a igualdade.

Para que sejam respeitadas as diferenças

E sejam reconhecidas as várias identidades.

 

Ser branco, cristão e conservador

Não é mais um privilégio sem limites.

É ter que enfrentar a opressão do pensamento único,

E lutar pelos valores que formam nossas raízes.

 

O fardo do homem branco

Não é um destino, como queria Kipling.

É uma luta por liberdade,

E por um mundo mais justo e igualitário.

 

O fardo do homem branco

Não é o de uma raça superior,

Mas sim conviver numa sociedade diversa,

Que precisa lutar por justiça e amor.

 

Não existem raças humanas, não somos cães!

Somos Homo Sapiens, filhos de uma só Eva.

Mas, ainda assim, o homem branco

É apontado como pai do ódio e da treva.


***


"Take up the White Man's burden

Send forth the best you breed –

Go bind your sons to exile

To serve your captives’ need;

To wait in heavy harness,

On fluttered folk and wild –

Your new-caught, sullen peoples.

Half-devil and half-child"

Rudyard Kipling, 1899



O Fardo do Homem Branco 

por Rudyard Kipling 

Tomai o fardo do Homem Branco - 
Envia teus melhores filhos 
Vão, condenem seus filhos ao exílio 
Para servirem aos seus cativos; 
Para esperar, com arreios 
Com agitadores e selváticos 
Seus cativos, servos obstinados, 
Metade demônio, metade criança. 

Tomai o fardo do Homem Branco - 
Continua pacientemente 
Encubra-se o terror ameaçador 
E veja o espetáculo do orgulho; 
Pela fala suave e simples 
Explicando centenas de vezes 
Procura outro lucro 
E outro ganho do trabalho. 

Tomai o fardo do Homem Branco - 
As guerras selvagens pela paz - 
Encha a boca dos Famintos, 
E proclama, das doenças, o cessar; 
E quando seu objetivo estiver perto 
(O fim que todos procuram) 
Olha a indolência e loucura pagã 
Levando sua esperança ao chão. 

Tomai o fardo do Homem Branco - 
Sem a mão-de-ferro dos reis, 
Mas, sim, servir e limpar - 
A história dos comuns. 
As portas que não deves entrar 
As estradas que não deves passar 
Vá, construa-as com a sua vida 
E marque-as com a sua morte. 

Tomai o fardo do homem branco - 
E colha sua antiga recompensa - 
A culpa de que farias melhor 
O ódio daqueles que você guarda 
O grito dos reféns que você ouve 
(Ah, devagar!) em direção à luz: 
"Porque nos trouxeste da servidão
 Nossa amada noite no Egito?" 

Tomai o fardo do homem branco - 
Vós, não tenteis impedir -
Não clamem alto pela Liberdade 
Para esconderem sua fadiga 
Porque tudo que desejem ou sussurrem, 
Porque serão levados ou farão, 
Os povos silenciosos e calados 
Seu Deus e tu, medirão. 

Tomai o fardo do Homem Branco! 
Acabaram-se seus dias de criança 
O louro suave e ofertado 
O louvor fácil e glorioso 
Venha agora, procura sua virilidade 
Através de todos os anos ingratos,
Frios, afiados com a sabedoria amada 
O julgamento de sua nobreza.


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