MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Orçamento Secreto, uma fake news criada pela mídia - Por Félix Maier

Orçamento Secreto,

uma fake news criada pela mídia


Félix Maier





Em 2020, foi criada a Emenda do Relator, durante a presidência de Rodrigo Maia na Câmara dos Deputados, inimigo declarado do Presidente Jair Bolsonaro. Esse sistema tinha por objetivo tirar poder do Presidente, gatunando na mão grande uma parte do Orçamento da União que deveria ficar a cargo do Presidente, mas que passou a ser de competência do Parlamento, nas mãos do Relator do Orçamento.

A distribuição do Orçamento da União já tinha as jabuticabas de emendas individuais, emendas de bancada e emendas de comissões, dinheiro bilionário destinado legalmente aos senadores e deputados, para distribuição aos seus grotões eleitorais. Com as emendas de relator, ficou ainda mais precária a situação do Presidente da República, a quem cabia agora liberar um orçamento ainda mais restrito, tendo em vista também as liberações orçamentárias que são obrigatoriamente destinadas aos ministérios, pagamento de precatórios etc., por força legal.

Em 2021, o valor estimado dessa pedalada parlamentar, as tais "emendas de relator", foi de R$ 16 bilhões, valor similar projetado para 2022.

Como não existe transparência nesse tipo de liberação do Orçamento, como valor dos repasses e nomes dos parlamentares envolvidos, tal prática passou a ser chamada pela mídia como sendo um "Orçamento Secreto". Pior: passou a ser chamada de "Orçamento Secreto do Bolsonaro", como se tal prática fosse invenção sua. Pior ainda: Bolsonaro passou a ser acusado de favorecer parlamentares do "Centrão" com esse dinheiro "secreto", em nome da "governabilidade", como se estivesse repetindo o Mensalão do PT.

As emendas de relator foram criadas para tirar poder do Presidente da República, isso é fato, não há mais nada a acrescentar.

Se Bolsonaro tem influência sobre o Parlamento, principalmente sobre o Relator do Orçamento, de modo que a maior parte dessas liberações orçamentárias sejam feitas pelos seus aliados - como ele vem sendo acusado pela mídia e pela oposição -, parece ser o célebre caso em que o feitiço virou contra o feiticeiro.

Rodrigo Maia deve estar roendo a unha do dedão do pé de tanta raiva.

Obs.:

Na imagem abaixo, BdF significa "Brasil de fake", não "Brasil de fato".




Parcialidade Escancarada - Por Carlos Ilich Santos Azambuja

"A Parcialidade Escancarada


MÍDIA SEM MÁSCARA, ANO 1, NÚMERO 6, 12 DE DEZEMBRO DE 2002

Carlos Ilich Santos Azambuja (*)

11.12.02


Acabei de ler os dois volumes escritos por Elio Gaspari (A Ditadura Envergonhada e A Ditadura Escancarada) nos quais ele se propôs reconstituir cerca de dez anos da História do Brasil, desde o governo João Goulart até o final da Guerrilha do Araguaia, em 1974. Analisou a área política dos governos militares, a chamada “repressão” e as esquerdas de todos os matizes, dando ênfase à esquerda armada dos “anos de chumbo”, conforme ele diz.

Valeu-se de arquivos pessoais de diversas personalidades, fundamentalmente dos arquivos do general Golbery e de seu secretário, capitão Heitor (1). Entrevistou dezenas de pessoas, da direita, do centro, da esquerda e da extrema esquerda. Quando da Revolução de março de 1964, Elio Gaspari, aluno da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, era membro do PCB, conhecido como “Elio Parmegiani”.

Em seu livro, narra em detalhes a morte do estudante Edson Luiz, no restaurante do Calabouço, ocorrida em 27 de março de 1964. Detalhes tão precisos como se ele estivesse lá, assistindo a tudo. Não estava. Tanto não estava que escreveu que o fato ocorreu “a três quarteirões do hospital da Santa Casa”. Outra inverdade. Do restaurante ao hospital bastava atravessar a rua Santa Luzia. Eu estava lá e vi.

No entanto, na Faculdade Nacional de Filosofia, Rio de Janeiro, de onde era aluno, narra a morte, a tiro de revólver disparado por um seu colega, de um estudante da mesma Faculdade. E só. Por que Gaspari, um historiador, evita dizer o nome desse seu colega, de Faculdade e de partido, que disparou a arma? Esse é um segredo de polichinelo, embora jamais o autor da morte tenha sido processado por esse crime. Seu nome? Apenas as iniciais, pois não desejo prejudicá-lo, onde quer que esteja. Assim, aquilo que ele julga que ninguém sabe, ele vai saber que eu sei: ACFPP.

Essa foi a primeira parcialidade encontrada em seus livros. Mas há outras, tão ou mais graves, pois distorcem a História ou evitam contá-la como ela foi. Na página 146 do segundo de seus livros escreveu que o Cônsul dos EUA em São Paulo, na segunda metade de 1968, dispunha de contatos que lhe permitiram estabelecer a conexão entre Marighela e os dominicanos, mas que na cópia de um documento da época, liberada pelo Departamento de Estado dos EUA, “a identidade desse interlocutor está protegida por um trecho censurado que equivale a vinte batidas de telex”. Não acredito que o autor desconheça que essas vinte batidas de telex escondam o nome de Hans Rudolph Jacob Mans, terrorista da ALN treinado em Cuba e que usava os codinomes de “Flores”, “Juvêncio”, “Osvaldo” e “Suíço”.

Escreveu ele nas fls 286 de “A Ditadura Envergonhada” que, “por ordem do chefe do gabinete do ministro da Aeronáutica - João Paulo Burnier -, três oficiais e oito graduados da 1ª Esquadrilha de Salvamento e Resgate da FAB, o Parasar, foram colocados sob o comando de um general, municiados com armas cuja numeração estava raspada, equipados com documentos falsos e enviados em trajes civis para patrulhas de ruas”.

Duas mentiras em um trecho de três linhas: o brigadeiro João Paulo Burnier não era, ainda, chefe do gabinete do ministro da Aeronáutica (basta consultar os diários oficiais da época, o que seria muito mais fácil que destrinchar os quilos de papéis dos arquivos do general Golbery). Viria a sê-lo, algum tempo depois. E quem colocou os oficiais e graduados à disposição do general Ramiro Tavares foi o comandante da então Terceira Zona Aérea, ao qual o Parasar era subordinado para fins de emprego na Segurança Interna. Apenas operacionalmente subordinava-se à Diretoria de Rotas Aéreas.

Outra parcialidade escancarada, ou melhor, mentira escancarada, ainda sobre o mesmo assunto, está logo a seguir, na página 303. Escreveu ele que “baseado numa sindicância que Burnier mandara fazer Souza e Mello saiu em sua defesa. Mentira. Quem fez a sindicância foi o brigadeiro Sousa e Silva, chefe do gabinete do ministro Souza Mello. Burnier foi, sim, um dos objetos da sindicância.

Elio Gaspari, que por várias vezes citou o site do grupo Terrorismo Nunca Mais para respaldar algumas afirmações, ignorou a matéria “A Verdade sobre o Caso Parasar” que está lá, no Ternuma. Se não o tivesse ignorado saberia que o brigadeiro Burnier nunca teve atrás de si nenhum movimento político, nem a mídia, e muito menos foi candidato a nada, o que não aconteceu com o capitão “Sérgio Macaco”, acolitado por políticos da esquerda do então MDB e da Frente Ampla, com toda a mídia a seu lado e, graças à notoriedade ganha com o escândalo por ele construído, eleito deputado federal.

Julgo que entre as funções mais nobres dos jornalistas e escritores estão as de investigar e procurar atingir a verdade antes de informar. Gaspari não fez isso. Limitou-se a transcrever versões parciais extraídas de notícias de jornais, bem como declarações de pessoas – inclusive militares – que “ouviram dizer”. Exemplos: ordens para explodir o Gasômetro e assassinar políticos. Isso em uma reunião, de portas abertas, com oficiais, cabos e soldados!

O jornalista, tão minucioso em seus relatos do 31 de março, como os tanques que saíram do Laranjeiras e vieram para o Guanabara, evitou dizer que quem organizou a defesa do Palácio Guanabara, onde se encontrava o governador Carlos Lacerda, foi o então major Burnier. Evitou fazer referência a tudo o que foi narrado sobre o Caso Parasar, minudentemente, pelo jornal O Estado de São Paulo nas edições de 5 de outubro de 1968 e 12 de março de 1978, relatos nunca, por ninguém, contestados. Em 6 de outubro de 1968, editorial escrito por Julio de Mesquita Filho assinalava: “Estamos, portanto, diante de um novo episódio da campanha sub-reptícia que os derrotados de março de 1964 desenvolvem na área militar, para quebrar, primeiro a unidade de cada Arma e, depois, a união das três Forças Armadas”.

O jornalista ignorou também os despachos de três sucessivos ministros da Aeronáutica – publicados pela imprensa – aos requerimentos feitos pelo brigadeiro Burnier pedindo a instauração de um Conselho de Justificação para julgar seus atos à vista dessas acusações que lhe vinham sendo feitas por Sérgio Macaco, especialmente através da imprensa. Um desses três ministros proferiu, a respeito, em 19 de maio de 1980, um despacho concluindo que “as acusações relacionadas com o Caso Parasar eram inadmissíveis” e, ademais, contém o seguinte trecho, que transcrevo: “Oficial vibrante, de extrema dedicação à carreira, patriota sobejamente comprovado, de conduta digna, notável responsabilidade no cumprimento do dever e possuidor de elevado conceito entre superiores, pares e subordinados”. Esse é o conceito do brigadeiro Burnier junto a seus chefes, muito diferente do construído pela esquerda de então.

Entre os diagnósticos de Julio Mesquita Filho e de três ministros de Estado e opiniões outras, encampadas irresponsavelmente pelo autor, fico com os fatos e não com as versões escancaradas da parcialidade. Finalmente, uma outra notória parcialidade está nas páginas 392 e 393, onde faz referência à “fase pistoleira dos terroristas”, alinhando os nomes de três militantes “justiçados” por seus próprios companheiros, alguns, como Marcio Leite Toledo, por terem ousado começar a pensar com a própria cabeça...

Não foram três – o que é mais uma parcialidade descarada. Foram nove. Seus nomes estão lá, no site do Ternuma, tão citado por Gaspari: Geraldo Ferreira (Dissidência da Var-Palmares, em 29 de maio de 1970, no Rio), Ari Rocha Miranda (ALN, em 11 de junho de 1970, em São Paulo), Antonio Lourenço (Ação Popular, em fevereiro de 1971, no Maranhão), Carlos Alberto Maciel Cardoso (ALN, em 13 de janeiro de 1971, no Rio), Marcio Leite Toledo (ALN, em 23 de março de 1971, em São Paulo), Amaro Luiz de Carvalho (PCR, em 22 de agosto de 1971, em Pernambuco), Francisco Jacques Moreira de Alvarenga (Resistência Armada Nacionalista, em 28 de junho de 1973, no Rio; assassinado pela ALN), Salatiel Teixeira Rolins (PCBR, em 22 de julho de 1973, no Rio), Rosalino Cruz Souza (“Mundico”), e “Paulo”, não identificado, respectivamente em agosto e setembro de 1973 (ambos do PC do B, durante a Guerrilha do Araguaia, por terem demonstrado o desejo de abandoná-la). "Mundico"” foi assassinado por Dinalva da Conceição Oliveira Teixeira (“Dina”), transformada em quase heroína pelo jornalista. Fico por aqui. É ou não uma Parcialidade Escancarada?


(*) Carlos Ilich Santos Azambuja é historiador e mora em Brasília (DF)

(1) Heitor Ferreira de Aquino (nota de MSM)"


Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=15225&cat=Artigos


Obs.: 

No dia 22/11/2012, por meio de e-mail, Azambuja me confidenciou: “O nome do cara do qual eu escrevi apenas as iniciais é ANTONIO CARLOS FARIA PINTO PEIXOTO, na época militante do PCB. Faleceu em 15 de Julho de 2012”. 

Félix Maier


Carlos Ilich Santos Azambuja e seu livro "A Hidra Vermelha"





quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Bonner e Renata tentam massacrar Bolsonaro durante 39 minutos - Por Félix Maier

Bonner e Renata tentam massacrar Bolsonaro durante 39 minutos

Félix Maier

O deboche do "Gabinete do Ódio"

Dos 40 minutos dispensados a Bolsonaro na "entrevista" ao Jornal Nacional, da TV Globo, dia 22/08/2022, o Presidente só teve 1 minuto para falar sobre seu governo - cfr. em https://www.facebook.com/felixmaier1950/videos/635338087818627.

O restante do tempo foi usado por William Bonner e Renata Vasconcelos para tentar dinamitar seu governo e, principalmente, sua pessoa, como se fosse um monstro.

Não foi uma entrevista com o Presidente, que tenta a reeleição.

Não houve jornalismo.

Não houve profissionalismo dos entrevistadores.

Foi uma demonstração de total desonestidade e falta de respeito por parte da dupla de inquisidores. Torquemada não faria melhor.

Foi uma sessão de suplício, do início ao fim, em que a dupla de farsantes, fantasiados de carrascos, tentaram massacrar o Presidente - exatamente como já haviam feito em 2018. Novamente, os fake jornalistas não conseguiram desestabilizar o candidato, que não perdeu a linha, apesar de ter pavio curto, se é que tem algum pavio. A dupla, sim, estava desestabilizada. Visivelmente, até tremiam e tinham a voz embargada, de tanta tensão.

Uma das passagens mais vergonhosas foi a de Bonner, fazendo uma pergunta seguida por um riso de deboche, não respeitando a figura do Presidente da República, implorando para que Bolsonaro lhe enfiasse um soco nas fuças.

A dupla de farsantes, babando de raiva, apenas conseguiu provar onde fica o tal "Gabinete do Ódio", que tanto repetem por aí: na TV Globo.

#PTNuncaMais

#LulaLadrao teu lugar é na prisão

#STFVergonhaMundial

#7LideresDoPTnoSTF

#BolsonaroReeleito2022 

P.S.: "Apolinho" (Washington Rodrigues ), um dos mais antigos e conhecidos comentaristas esportivos do rádio brasileiro, fez esse excelente comentário hoje (23/08/2022) na Rádio Tupi/RJ sobre a "entrevista" do Bolsonaro ontem (22/08/2022) no Jornal Nacional. "Apolinho", durante muitos anos, trabalhou nas Organizações Globo:

https://mail.google.com/mail/u/0?ui=2&ik=bacae0cc40&attid=0.1&permmsgid=msg-a:r-2718788993897133826&th=182cd924b373bf3f&view=att&disp=safe&realattid=182cd946f09aef4a4141

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Fake History versus True History - Por Félix Maier

 Fake History versus True History

 

Félix Maier

https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/felix-maier-curriculum-vitae.html


 


  

Há um axioma que diz que a História das guerras é sempre contada pelos vencedores, nunca pelos vencidos. E que, devido a isso, a História precisa ser reescrita continuamente, com base em novos documentos e pesquisas, ou fatos que foram deliberadamente sonegados aos historiadores, de modo que a verdade seja restaurada. 

A revisão histórica é benéfica, sem dúvida, desde que os críticos se atenham a critérios científicos tão ou até mais rigorosos do que aqueles que nortearam a história original. 

Antonio Giusti Tavares afirma em seu livro “Totalitarismo Tardio - o caso do PT”, à pg. 194: 

“Juízos de valor acerca de condutas do passado devem ser feitos não a partir de parâmetros éticos do presente, mas da contextualização da conduta na sua própria época, e nela, por comparação com condutas diferentes. Os historiadores e os cientistas sociais devem cumprir pelo menos dois requisitos básicos da epistemologia e da ética das ciências humanas: 1) evitar tanto quanto possível qualquer restrição ou seleção dos fatos brutos e 2) ao apresentá-los, distinguir sempre, tanto quanto possível, entre fatos e interpretações”. 

A História do Brasil, nas últimas décadas, é contada principalmente pelos que foram derrotados pelo Movimento 31 de Março de 1964, ou seja, é contada sob a ótica marxista-gramscista dos terroristas comunistas derrotados e dos “guerrilheiros da pena”, que são os historiadores comprometidos com a ideologia da extrema esquerda, que quis impor ao Brasil um sistema comunista totalitário (me desculpem o pleonasmo), como o que existe em Cuba. Para esses impostores, a “ditadura” brasileira se resume a perseguição política, tortura e assassinatos, em vez de apresentar honestamente os acertos e erros cometidos.

Eis o que afirma o ex-comunista Olavo de Carvalho, em depoimento à “História Oral do Exército - 1964”: 

“Minha satisfação de estar presente, neste momento, deve-se sobretudo à natureza deste projeto, a de uma memória da História do Brasil que está sendo apagada; a memória do que se passou nos últimos quarenta anos está sendo totalmente apagada, caricaturada, recortada, reescrita, safenada, já fizeram ‘o diabo’ com essa história. E é importante lembrar que, ao eclodir a Revolução, eu me encontrava exatamente do lado contrário. Quer dizer, não posso de maneira alguma ser acusado de ter algum preconceito a favor do Movimento de 31 de Março de 1964. Muito aos poucos, revendo o que se passou, de maneira muito gradativa e cuidadosa, fui mudando de opinião” (“História Oral do Exército - 1964”, Tomo 3, pg. 102). 

Não há necessidade de abordar a crença cega de terraplanistas – embora existam aos montes -, como os que acreditam que Lula da Silva é inocente, que Dilma Rousseff sofreu golpe, que o PT não “róba” nem deixa “robá” (apud José Dirceu), que os ministros do STF atual (onde há “7 líderes do PT”) defendem a Constituição Federal, que Jair Bolsonaro é nazifascista etc. A propósito, cerca de 285 anos antes de Cristo, Eratóstenes de Cirene descobriu que a Terra é redonda e até conseguiu medir sua circunferência. 

Do “jornalismo marrom” dos jornais e revistas impressos ou eletrônicos aos fake news das redes sociais, fatos históricos e notícias do dia a dia são constantemente vilipendiados, sem dó, nem piedade. Como saber se um fato que aprendemos nos bancos escolares ou lemos nos livros é fake history (história falsa) ou true history (história verdadeira)? Estudando, pesquisando e lendo muito. 

Vejamos 13 exemplos: 

 

1. “O Brasil não é um país sério”

 

 

A frase Le Brésil n’est pas un pays serieux (O Brasil não é um país sério) é constantemente atribuída ao então Presidente da França, Charles de Gaulle. No entanto, trata-se de uma mentira, de uma fake history. A frase foi dita pelo embaixador brasileiro na França, Carlos Alves de Sousa, não pelo presidente Charles de Gaulle, devido à inabilidade com que o governo João Goulart conduzia a anedótica “guerra da lagosta”. 

Esse confronto pastelão ocorreu entre o Brasil e a França, em 1963, na costa pernambucana, onde havia atividade de lagosteiros bretões na plataforma continental brasileira. 

Essa fake history se mantém forte, provando a máxima de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda na Alemanha nazista (1933-1939): “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”. 


 

2. “Guernica, de Pablo Picasso, retrata o ataque nazista à cidade basca de Guernica”

 

Desde sempre, aprendemos que a obra-prima de Pablo Picasso, a pintura Guernica, retrata o ataque da Legião Condor, de Adolf Hitler, no dia 26/04/1936, quando 43 aviões bombardearam a cidade basca de Guernica, na Espanha, durante a Guerra Civil Espanhola, matando cerca de 1.000 pessoas e destruindo 70% dos edifícios. E que esse ataque foi um “aquecimento” da força aérea nazista, para o início da II Guerra Mundial, ocorrido em 1939. 

O ataque de Hitler contra Guernica é true history, porém dizer que a obra de Picasso foi para lembrar tal episódio é fake history, e serviu para que os crimes dos comunistas e anarquistas na Guerra Civil da Espanha contra padres e freiras fossem esquecidos, como nos ensina um historiador de verdade, Paul Johnson:

 

“Para os propagandistas do Komintern - os melhores do mundo - foi um golpe de sorte surpreendente, e eles transformaram esse episódio no mais celebrado de toda a guerra. Picasso, a quem já tinham encomendado um grande painel para o Pavilhão da Espanha, na Feira Mundial de Paris, se aproveitou do episódio: o resultado, mais tarde, foi levado para o Metropolitan de Nova Iorque. Guernica ajudou a levar todo um segmento da opinião ocidental, inclusive as revistas Time e Newsweek, para o lado dos republicanos. Seguiu-se uma confusão cujos ecos ainda puderam ser ouvidos nos anos 80, mas quando o quadro foi solenemente pendurado no Prado, os sons das chacinas de Barcelona passaram despercebidos. A maneira como usaram Guernica para encobrir a destruição do POUM era típica do brilhantismo da propaganda do Komintern, conduzida por dois inspirados mentirosos profissionais, Willi Muenzenberg e Otto Katz, ambos assassinados, mais tarde, por ordem de Stálin” (JOHNSON, 1994: 281). 

A tragédia serviu de “inspiração” para o comunista Pablo Picasso pintar uma obra-prima já concluída, que retratava apenas cenas de touradas, que seria exposta na Feira Mundial de Paris, mas que se tornou - bingo! - a tela “Guernica”. 

Raras vezes na História houve um símbolo tão bem arquitetado quanto “Guernica”, pintura que originalmente retratava apenas uma tourada em Madri. Essa é a true history, mas, quem se importa com a verdade?


 

3. “Genocício americano: a guerra do Paraguai

 

 

O "historiador" José Chiavenato, em seu livro “Genocídio americano: a guerra do Paraguai”, tenta classificar Caxias e o Conde D'Eu como “genocidas”.


“Historiadores militares de gabarito assinalaram, nessa obra de Chiavenato, mais de 30 erros históricos comprovados e outras tantas distorções da verdade comprovando o relativismo e o absolutismo com que o autor manipulou a história” (PEDROSA: 2008, 69).

 O Brasil, no início de Guerra do Paraguai, era um "império desarmado". A Guerra do Paraguai só tem uma história: o Brasil, com 15.000 homens armados às pressas, teve que se defender da agressão de Solano López, à frente de um exército de 64.000 homens, que aprisionou um navio brasileiro (em que viajava o Presidente da Província de Mato Grosso), invadiu Mato Grosso, ocupando parte desse território por três anos, violou o território da Argentina e chegou a conquistar Uruguaiana. 

Os cambás (pretos, em guarani) foram decisivos para a vitória brasileira:


“Muitas vezes as deserções eram tantas que batalhões inteiros dissolviam-se quando em marcha para o front. Na verdade, como temos notícia em cartas de Osório a Caxias, muitos brancos rio-grandenses também desertavam. Porém, negros da Corte ou de todo o vasto Império lutavam bravamente e eram raríssimos os casos de deserção. O bom, forte e sacrificado sangue africano foi decisivo e insubstituível nas conquistas da guerra e, portanto, para o seu desfecho, com a vitória triunfal do Império” (PERNIDJI, 2010: 55-56). 

Vale lembrar que Caxias levou uma novidade ao campo de batalha contra o Paraguai: o balão aerostático, para reconhecimento das tropas e do número de canhões do inimigo. Para tanto, trouxe o coronel polonês-americano Roberto Adolfo Chodasiewicz, perito no assunto.

  


4. “A esquerda pegou em armas para derrubar a ditadura e restaurar a democracia”

 

 

Essa frase é uma das mais deslavadas mentiras que a esquerda propala há décadas no Brasil, com muito sucesso, de que lutava pela volta da democracia. 

É, de fato, true history dizer que a esquerda pegou em armas para derrubar a ditadura, não só no Brasil, mas em praticamente todos os países da América Latina. Ditaduras que surgiram, vale lembrar, não para benefício de um ditador ou de uma gangue totalitária, mas para combater grupos terroristas marxistas, de modo a evitar que seus países fossem tomados pelos comunistas. Porém, é fake history dizer que os grupos terroristas que infernizaram o Brasil quisessem a volta da democracia. O que de fato os terroristas marxistas queriam era implantar uma ditadura cruel, assassina, totalitária, como a existente em Cuba até hoje. 

Vejamos o que dizem dois antigos terroristas do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), grupo que se notabilizou pelo sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em “frente” com a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella. Tanto Fernando Paulo Nagle Gabeira, quanto Daniel Aarão Reis, sabem do que estão falando:

 

"Todos os principais ex-guerrilheiros que se lançam na luta política costumam dizer que estavam lutando pela democracia. Eu não tenho condições de dizer isso. Eu estava lutando contra a ditadura militar, mas, se você examinar o programa político que nos movia naquele momento, [ele] era voltado para uma ditadura do proletariado. Então, você não pode voltar atrás, corrigir seu passado e dizer que estava lutando pela democracia. Havia muita gente lutando pela democracia no Brasil, mas não os grupos armados, que tinham como programa esse processo de chegar à ditadura do proletariado. A luta armada não estava visando a democracia, pelo menos em seu programa" (in “Gabeira afirma que seu objetivo e o de Dilma eram diferentes na luta contra a ditadura”, Folha de S. Paulo, de 25/08/2010. Acesso em 11/08/2022).

 

“As esquerdas radicais se lançaram na luta contra a ditadura, não porque a gente queria uma democracia, mas para instaurar o socialismo no país por meio de uma ditadura revolucionária, como existia na China e em Cuba. Mas, evidentemente, elas falavam em resistência, palavra muito mais simpática, mobilizadora, aglutinadora. Isso é um ensinamento que vem dos clássicos sobre a guerra. Falava-se em cortar cabeças, essas palavras não eram metáforas. Se as esquerdas tomassem o poder, haveria, provavelmente, a resistência das direitas e poderia acontecer um confronto de grandes proporções no Brasil. Pior, haveria o que há sempre nesses processos e no coroamento deles: fuzilamento e cabeças cortadas”. (Daniel Aarão Reis, antigo terrorista do MR-8, depois professor da UFF - O Globo, 29/03/2004).

 

 

 


5. “Pio XII, o Papa de Hitler”

 

 

Periodicamente, a mídia volta a insistir na mentira do milênio passado, de que o Papa Pio XII foi omisso e insensível frente ao massacre nazista promovido contra os judeus. Há vários livros que tentam difundir essa fake history, como "O Papa de Hitler", do embusteiro John Cornwell, um best-seller de anos atrás. Livros sérios, que desmentem a calúnia contra Pio XII, como "The Myth of the Hitler Pope", do rabino David Dalin, e "The Defamation of Pius XII", do filósofo Ralph McInnerny, continuam inacessíveis ao público em geral e nunca foram mencionados pelos historiadores e a mídia ideologicamente comprometidos com o anticlericalismo. Também nada se diz sobre o livro "A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945)", de Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma, Itália. 

Pesquisas recentes feitas nos Arquivos do Vaticano pelo historiador alemão Michael Feldkamp, que é arquivista-chefe do Bundestag (Parlamento Alemão), comprovam que o Papa Pio XII salvou cerca de 15.000 judeus. 

A foto que aparece na capa do livro de John Cornwell, “O Papa de Hitler”, não é do Papa Pio XII, mas do cardeal Eugenio Pacelli, quando ainda não era Papa. Essa ilação do Papa Pio XII com a ditadura nazista não é apenas uma fake history. É um ato criminoso, feito deliberadamente para denegrir a figura do Papa e tentar dinamitar a Igreja Católica. 

Eugenio Pacelli foi Núncio Apostólico na Baviera (1917-1925) e em Berlim (1925-1929). Encontrou-se, uma vez, com Mussolini, em 1932, como Cardeal Secretário de Estado, mas, como Papa, nunca! Pacelli jamais se encontrou com o Chanceler da Alemanha, Adolf Hitler. 

Essa “lenda negra” contra Pio XII ainda faz muito sucesso, principalmente entre historiadores, anticlericais ou não, que não têm compromisso com a verdade. 

 


 6. “Os pracinhas da FEB foram usados como carne de canhão pelos EUA”

 

 

Sylvio Back, cineasta catarinense de Blumenau radicado em Curitiba, é autor de extensa filmografia, com destaque para “A Guerra dos Pelados”, drama épico envolvendo os caboclos fanáticos da Guerra do Contestado, que ocorreu em Santa Catarina no período de 1912 a 1916. Uma espécie de Canudos barriga-verde, com um saldo de 10.000 a 20.000 mortos em combate ou em consequência de fome e de epidemias.

O documentário “Rádio Auriverde - A FEB na Itália”, de Sylvio Back, é corretamente qualificado por muitos, inclusive por seu autor, como “o filme mais odiado da história”. Esse filme, que pode ser considerado como um “antidocumentário”, trata a campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália com sarcasmo e desprezo, qualificando nossos pracinhas como toscos, mal-vestidos, sem instrução adequada para participar de um conflito que estava praticamente decidido em favor dos Aliados. Ou seja, que foram usados como “bucha de canhão” pelos ianques. Imagens hilárias diversas, como soldados fazendo treinamento de lançamento de dardos e depois correndo como loucos nos vales nevados da Itália, como se fossem baratas tontas, vedetes cantantes diversas, como os sassaricos de Carmen Miranda, discurso de Getúlio Vargas e jingle do Repórter Esso, imagens muitas vezes sem nexo, que são dubladas de modo a achincalhar as ações dos integrantes da FEB. Claro, não podia faltar a canção Lili Marlene, um hit que fez estrondoso sucesso, tanto entre os nazistas, quanto entre os Aliados.

De fato, segundo Joaquim Xavier da Silveira, autor do livro “A FEB POR UM SOLDADO”, os pracinhas não tiveram um treinamento adequado e foram despachados para a Itália com uniformes impróprios para um clima extremamente frio, com neve no inverno. O Governo brasileiro relutava em mandar uma força expedicionária para a Europa, o que ocorreu somente depois que os nazistas afundaram 32 navios na costa brasileira, com 972 mortos. Havia uma frase famosa na época: “É mais fácil a cobra fumar, que a FEB embarcar”. Essa é a origem mais aceita entre historiadores, sobre a criação do emblema da FEB, “a cobra está fumando”.





O Brasil entrou na Guerra com uniforme, enxoval e placas metálicas de identificação dos pracinhas. Os EUA entraram com equipamento bélico, incluindo aviões e viaturas. Os pracinhas foram até vaiados quando a primeira tropa chegou em Nápoles, no dia 16 de julho de 1944, no navio-transporte norte-americano General Mann, devido à cor cinza do uniforme, confundidos com prisioneiros nazistas. Por isso, nas bases militares, os americanos forneceram capotes beges aos brasileiros.

É fato que os brasileiros foram submetidos on the job training, ou seja, ao treinamento durante a operação, devido à urgência de prosseguir nas operações militares contra os nazistas na Itália.

Também é fato que os pracinhas tinham saúde bucal péssima, de modo que houve cerca de 17.000 extrações de dentes durante o período na Itália, uma média de 50 extrações por dia.

Houve também a deserção de um soldado brasileiro, B. L., descendente de alemães, que se entregou ao inimigo. Posteriormente, ele foi reincluído na FEB, mas suicidou-se no Acampamento de Lucky Steik, em Saint-Valéry, França.

Joaquim Xavier da Silveira também relata o caso de 2 soldados brasileiros, do QG de Retaguarda, que foram condenados pela Justiça Militar da FEB a fuzilamento, por estupro de uma moça italiana e morte de um parente que tentou evitar o crime. A execução deveria ser imediata, porém, só depois de ser comunicada ao Presidente Getúlio Vargas. Getúlio comutou a pena para prisão perpétua, atenuada depois para 30 anos, porém os condenados cumpriram apenas 6 anos de prisão. Entrou em cena o tal “sentimentalismo brasileiro”, uma predileção nacional por criminosos que permanece até hoje, como é o caso do ladravaz Lula da Silva, “descondenado” pelo STF para concorrer à Presidência da República, e que está liderando as pesquisas de intenção de voto.

O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) não permitiu que Carlos Lacerda fosse correspondente de guerra na Itália, honra concedida a Rubem Braga (Diário Carioca) e Joel Silveira (Diários Associados).

O comando do corpo expedicionário coube ao general Mascarenhas de Morais. Na Itália, o contingente brasileiro foi incorporado ao V Exército americano, sob o comando do General Mark Clark. O total dos efetivos da FEB chegou a 25.334 pessoas, que, em 239 dias de ação, capturaram 2 generais, 892 oficiais e 19.573 praças. As baixas da FEB foram as seguintes: mortos (13 oficiais, 430 praças e 8 oficiais da FAB); feridos e acidentados (1.577 feridos em ação de combate, 1.145 acidentados - dos quais 487 em ação); prisioneiros (1 oficial e 34 praças); extraviados (23, dos quais 10 enterrados como desconhecidos). As vitórias brasileiras foram: Camaiore, Monte Prano, Monte Castello, Castelnuovo, Montese, Zocca, Collecchio, Fornovo. As cinzas dos heróis brasileiros mortos no conflito foram transladadas de Pistoia, Itália, para o Brasil no dia 05/10/1960 e repousam no Monumento Nacional dos Mortos da II Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.

A operação brasileira de maior destaque ocorreu em Fornovo, com a rendição da 148ª. Divisão alemã, comandada pelo General Otto Fretter Pico, quando foram capturados 14.777 homens, 4.000 cavalos, 80 canhões de diversos calibres e mais de 1.500 viaturas, além de munição e material diverso.

Muitos militares brasileiros foram condecorados pelos americanos com a medalha Bronze Star, por ato de bravura em combate. Uma falha grave cometida pelas autoridades brasileiras, que somente condecoraram os pracinhas depois do término da guerra.

As ações corajosas dos pracinhas contra os alemães, em combates sangrentos, foram reconhecidas pelos generais americanos. Nunca os ianques confiariam operações como a Tomada de Monte Castelo a uma tropa estropiada, sem preparo e sem comando, como sugere o antidocumentário de Back. Dentre os oficiais que lutaram na Itália, teve destaque o futuro Presidente do Brasil, Coronel Humberto de Alencar Castello Branco, Chefe de Operações, que se impôs junto ao comandante, General Mascarenhas de Moraes, em face de seu talento e preparo técnico para a guerra.

Vernon A. Walters, oficial-de-ligação do Exército dos EUA junto à FEB, que além do inglês falava fluentemente alemão, espanhol, francês, holandês, italiano, russo e português, disse o seguinte sobre Castello Branco:

“Dotado de inteligência brilhante, impacientava-se com a incompetência e não tolerava a fraqueza e a mentira. Nunca hesitou em expressar seus pontos de vista, quer aos superiores hierárquicos, quer aos oficiais norte-americanos. Jamais o vi embaraçado, arrogante ou servil” (WALTERS, 1986: 122).

As ações desempenhadas pelos pracinhas na Itália, de vitória em vitória, falam por si só. Não há quem possa manchar essa heroica história da FEB, como nos garante o general Carlos de Meira Mattos, por mais que anarquistas e baderneiros do nitrato de celulose como Sylvio Back tentem: “A nossa FEB brilhou. Não ficou atrás, em operações guerreiras, de nenhuma outra das unidades que combateram ao seu lado.”



7. “Se não têm pão, que comam brioches”

 

Rainha Maria Antonieta

Essa frase muito conhecida, “se não têm pão, que comam brioches”, é atribuída à rainha Maria Antonieta, esposa do Rei Luís XVI, que estaria demonstrando sua grande insensibilidade frente à população pobre da França, que passava fome. Certamente, essa frase foi usada pela Revolução Francesa para decapitá-la na guilhotina, na Praça da Concórdia, onde atualmente há um obelisco de 230 toneladas, originado de Lúxor, no Alto Egito, doado à França pelo vice-rei egípcio Mohammed Ali, em 1831.

Porém, trata-se de mais uma fake history, difícil de ser desfeita, por mais que os séculos se sucedam. Não há, absolutamente, registro algum que tal frase possa ser atribuída à rainha Maria Antonieta.

Na Wikipédia, consta que a biógrafa de Maria Antonieta, Antonia Fraser, escreveu em 2002:

“’Que comam brioche’ foi dita cem anos antes dela, por Maria Teresa, a esposa de Luís XIV. Trata-se de uma frase insensível e ignorante, e Maria Antonieta não era nem uma coisa nem outra.”

 

  

8. “A Guerra dos Mundos”

 

“A Guerra dos Mundos”, uma guerra fake

Em 1938, na véspera do Dia das Bruxas, ocorreu um mal-entendido, que hoje seria denominado como uma fake news histórica. O ator, diretor e produtor norte-americano Orson Welles criou um programa radiofônico, “A Guerra dos Mundos”, onde dramatizava a invasão terrestre sendo feita por alienígenas, com gritos pavorosos ao fundo.

Tudo não passava de uma brincadeira. Porém, muitos nova-iorquinos deixaram suas casas apavorados, fugindo sem direção, ocasionando um colapso na cidade.

Em 1949, a encenação de “A Guerra dos Mundos” em Quito, capital do Equador, terminou com a rádio incendiada e pelo menos 6 mortos.

Em 2005, foi lançado o filme “Guerra dos Mundos”, com Tom Cruise.

 

 

9. “Os Protocolos dos Sábios de Sião”

 

 

Publicado pela primeira vez na Rússia, em 1903, o livro “Os Protocolos dos Sábios de Sião” continha falsas atas sobre uma reunião do fim do século 19, que tratava de uma alegada conspiração dos judeus para dominar o mundo, controlando a economia e a imprensa.

Obra-prima da desinformação, “Os Protocolos dos Sábios de Sião” são uma fake history que ainda faz muito sucesso entre antissemitas, islâmicos e distraídos.

O ex-ministro do STF, Maurício Corrêa, explica como essa fake history foi construída:

“Os séculos XIX e XX podem ser definidos como aqueles em que as atividades antissemitas mais se aprofundaram. Dois episódios se avultam: a acusação de traição de um judeu, no caso o capitão Dreyfus, na França, que notabilizou Émile Zola em Eu acuso, condenado, em seguida, em 14 de outubro de 1894, por um tribunal militar, e posteriormente inocentado, após o cumprimento de parte da pena em Caiena, na Guiana Francesa; e a publicação na Rússia, em 26 de agosto de 1897, no jornal Znamia dos chamados Protocolos dos Sábios de Sião, que seriam uma obra composta por judeus para ‘dominar o mundo e aniquilar a cristandade’ e na qual os seus ideólogos, supostamente, organizam a derrubada da monarquia cristã da Alemanha e a ruína da aristocracia russa, preparando-se para reinar sobre o mundo e para reduzir os não judeus à condição de escravos. Essa publicação foi intensamente explorada em todo o mundo. Em 1921, especialmente por uma carta de um leitor turco remetida ao jornal inglês Times, que declarava a obra autêntica, descobriu-se que tinha sido escrita por um emigrado russo em Paris, Pierre Ratchovsky, colaborador da polícia czarista, que por sua vez havia plagiado um panfleto francês, editado em Bruxelas em 1864, por Maurice Joly, esse, sim, redigido contra Napoleão III, em que, em nenhum momento, menciona algo sobre judeu. Desmascarada a grande farsa, ninguém pôde mais refrear o grande desastre causado! Com esse cenário e diante de todo um quadro peculiar da época, chega-se a 30 de janeiro de 1933, em que von Papen, achando possível controlar o futuro Führer, sugeriu ao presidente Hindenburg que nomeasse Hitler para o cargo de chanceler alemão. Foi o princípio do fim” (Maurício Corrêa, ex-ministro do STF, in “Judeu, Racismo e o Rosh Hashaná”, Correio Braziliense, 19/09/2004).

Durante a ditadura getulista, que flertou com o nazismo, “Os Protocolos” faziam muito sucesso, inclusive entre militares, em edições lançadas por Gustavo Barroso, no período de 1917 a 1936. Para grupos terroristas islâmicos, como o Hamás, “Os Protocolos” são o livro mais importante depois do Corão. 




10. “Os marmiteiros do Brigadeiro Eduardo Gomes”

 

 

Durante a campanha presidencial de 1945, o Brigadeiro Eduardo Gomes ia bem nas pesquisas, contra o General Eurico Gaspar Dutra, até que um boato maldoso, de que “não precisava dos votos dos marmiteiros”, o tirou do páreo.

Tal fake news se referia aos trabalhadores pobres, que levavam a marmita de comida até o local de trabalho. A partir daí, com apoio de Getúlio Vargas, Dutra passou a ser o preferido entre a classe trabalhadora, vencendo o pleito.

Não há um registro histórico sequer que comprove a fala do Brigadeiro contra os “marmiteiros”, uma mentira provavelmente plantada por algum dono de jornal.

Durante sua campanha presidencial, os aliados de Eduardo Gomes vendiam doces, para angariar fundos, que passaram a ser conhecidos como “brigadeiros”.

Eduardo Gomes foi um dos sobreviventes da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e foi o comandante do 1º. Regimento de Aviação contra o levante conhecido como Intentona Comunista.

Em 1950, Eduardo Gomes foi novamente candidato à Presidência da República, perdendo para Getúlio Vargas.

Em 1960, Eduardo Gomes foi promovido a Marechal-do-Ar. É também o patrono da Força Aérea Brasileira (FAB).

 

 

11. “Armas de destruição em massa no Iraque”

 

Supostos laboratórios móveis de armas biológicas no Iraque 

A guerra desenvolvida pelos EUA contra o Iraque, em 2003, a tal “Operação Liberdade Iraquiana”, tinha como motivação uma fake news, de que o regime de Saddam Hussein tinha enorme quantidade de armas de destruição em massa, as quais jamais foram encontradas.

De fato, Saddam Hussein chegou a usar armas químicas contra os curdos, no Norte do Iraque, em 1988, por obra de um primo, Ali Hassan al-Majid, o “Ali Químico”. Também se sabia que Saddam desenvolvia armas biológicas e apostava na construção de arma nuclear, que nunca chegou a ser concretizar.

O thriller desenvolvido no livro “O Punho de Deus” (The Fit of God), de Frederick Forsyth, lançado em 1994, que apresenta interessante jogo de espionagem e avanço tecnológico dos sistemas de comunicações e de armamentos, tendo como pano de fundo o Iraque de Saddam Hussein em busca da fabricação de uma devastadora arma de destruição em massa - “O Punho de Deus” -, fez muito sucesso na época.

Segundo reportagem da BBC, de 19/03/2013, dois espiões iraquianos, repassando informações falsas, ajudaram a provocar a guerra no Iraque, em 2003. O fato é que o MI6 britânico e a CIA americana compraram o “ouro de tolo” de olhos fechados, as supostas “armas de destruição em massa”. Tony Blair e George W. Bush foram enganados. Mas, foram mesmo enganados?

O ex-secretário de Estado do governo George W. Bush, Colin Power, tentando se redimir posteriormente, lamentou profundamente o equívoco que foi a guerra contra o Iraque, dizendo que foi “o maior fracasso de sua carreira”. Porém, jamais uma autoridade americana chegou na TV para pedir desculpas pelo genocídio ocasionado no Iraque - algo entre 150 mil e 500 mil mortes.

A meu ver, havia pelo menos dois grandes motivos para que a guerra contra o Iraque ocorresse, em 2003.

O primeiro motivo foi o lobby dos “senhores da guerra”, dos fabricantes de armas, junto às autoridades americanas, tanto políticas, quanto militares. E aí, a meu ver, entrou com vigor a figura do político e homem de negociatas Donald Rumsfeld, então Secretário de Defesa dos EUA. Afinal, os “senhores das armas” tinham que ser prestigiados, pois havia necessidade de combater o “terrorismo islâmico” em todos os cantos do mundo, e estava em curso uma campanha militar no Afeganistão, depois dos ataques contra as Torres Gêmeas, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, em 2001. E o terrorismo latente das tais “armas de destruição em massa” do Iraque precisava ter uma resposta urgente. Resultado 1: nas guerras no Afeganistão e no Iraque, os EUA gastaram cerca de US$ 8 trilhões. Resultado 2: o Iraque virou terra arrasada, dando origem ao Estado Islâmico; o Afeganistão, depois de 20 anos de campanha americana, foi novamente tomado pelos Talibãs.

O segundo motivo para ocorrer a guerra contra o Iraque, a meu ver, foi de ordem pessoal do presidente George Walker Bush. Ele quis finalizar o trabalho iniciado pelo pai, George Herbert Walker Bush, que ficou incompleto, a letal e espalhafatosa Guerra do Golfo, ocorrida em 1991 para “libertar o Kuwait”, pois o ditador Saddam Hussein continuava no poder, mais forte que nunca.

Acima, eu coloquei terrorismo islâmico entre aspas, porque, antes de você falar em terrorismo islâmico, é preciso que se fale com todas as letras sobre o terrorismo daqueles que arrasaram inteiramente o Iraque, tornando o país terra de ninguém - o terrorismo dos EUA. Ao mesmo tempo, deve-se dizer também que centenas de milhares de iraquianos foram mortos sem necessidade, muitos deles vítimas de câncer, inclusive crianças, devido ao uso criminoso de ogivas com urânio depletado (urânio enfraquecido), com a indiferença da ONU, cuja inocência já foi para o brejo faz tempo.

Armas de destruição em massa? Se houve destruição em massa no Iraque não foi obra de Saddam Hussein, mas dos americanos, que arrasaram completamente o país.

Conheça as reais vítimas das “armas de destruição em massa” no Iraque, especialmente as crianças da “Hiroshima Iraquiana”, clicando aqui.

 


"Hiroshima Iraquiana"


 

12. “A Amazônia é o pulmão do mundo”

 

Rio Amazonas visto do espaço

A Amazônia não é o pulmão do mundo, como até os bispos da CNBB apregoaram, ao anunciarem o “Sínodo sobre a Amazônia”, que foi realizado em 2019 no Vaticano. É uma fake history que se mantém cada vez mais sólida, como afirmar que existem “raças humanas”, um conceito superado pela ciência depois que foi feito o sequenciamento genético do homo sapiens.

A floresta tropical da Amazônia consome praticamente todo o oxigênio que produz, por ser uma floresta antiga. Só árvores novas, em crescimento, produzem mais oxigênio do que consomem. Isso eu aprendi ainda no ginásio, na década de 1960. São as algas dos oceanos, rios e lagos nossa principal fonte de oxigênio e ponto final.

Há trinta anos, no início dos anos de 1990, houve uma campanha internacional pela preservação da Amazônia, como ocorre atualmente durante o Governo de Jair Bolsonaro, muito bem orquestrada por ONGs e governos do Primeiro Mundo, no rastilho de pólvora que foram a morte do seringueiro e "defensor da Amazônia" Chico Mendes, o mentiroso genocídio de índios ianomâmis inventado na época por uma freira e a cena teatral feita em torno da criação da reserva indígena Ianomâmi, uma interferência indevida de estrangeiros em assuntos nacionais. Até Bush father cobrou providências ao presidente Fernando Collor, nos EUA, depois de chamá-lo de Indiana Jones, por voar em jato da FAB e fazer acrobacias em jetsky no Lago Paranoá, em Brasília. 

Na época, o ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves, apresentou uma palestra sobre a Amazônia, que teve boa repercussão, desmentindo que a Floresta Amazônica seja o "pulmão do mundo". 

A Amazônia é importante no contexto climático global. Ninguém em sã consciência é a favor de seu desmatamento total e de queimadas sem controle que, nas últimas décadas, aumentaram consideravelmente. A real preocupação quanto ao oxigênio que respiramos deve ser direcionada à saúde dos rios, lagos, mares e oceanos, hoje verdadeiros despejos de esgotos e materiais que levam centenas de anos para se decomporem, como as garrafas PET. Nesse sentido, é extremamente importante o projeto ecológico Voz dos Oceanos, da família Schürmann. 

Outra fake history repetida todo ano é que o nível dos oceanos vai aumentar dezenas de metros. Bye bye New York, bye bye Rio de Janeiro, bye bye Abu Dhabi, bye bye Balneário Camboriú! 

A propósito, quanto mais falam em aumento do nível dos oceanos, prédios cada vez mais altos são construídos em Abu Dhabi e Camboriú. Pelo visto, os financistas desses empreendimentos não dão a mínima importância para o derretimento das geleiras das calotas polares.

 

Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos

  

 

13. “Atentado terrorista do Riocentro”


Puma com o cadáver do Sargento Guilherme Pereira do Rosário

 Tanto a esquerda, quanto os militares “duros” da época, garantem que foi um “atentado terrorista” que ocorreu no Riocentro, no dia 30 de abril de 1981, véspera do feriado de 1º. de maio, Dia do Trabalho. Trata-se apenas de uma fake history de mão dupla, pois não foi um atentado terrorista, mas apenas um “acidente de serviço” cometido por dois militares do Exército.

“Na noite de 30 de abril de 1981, durante um show de música popular para 20 mil jovens, uma bomba explode dentro de um automóvel que manobrava no estacionamento do Riocentro, na Barra da Tijuca. Morto no seu interior o Sargento Guilherme Pereira do Rosário; gravemente ferido abandona o veículo semidestruído o Capitão Wilson Luís Chaves Machado, ambos do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército sediado no Rio de Janeiro. Minutos depois outra bomba, mais poderosa, é lançada e explode próximo à casa de força do Riocentro. Como não atinge o seu alvo, não provoca a escuridão geral que certamente ocasionaria o pânico no recinto fechado do show, com consequências fáceis de se imaginar” (Major do Exército Dickson Melges Grael, in “Aventura, Corrupção e Terrorismo - à sombra da impunidade”, 2ª. edição, Editora Vozes, Petrópolis, 1985, pg. 81 e 82).

Basicamente, o Inquérito Policial Militar (IPM) aberto na época foi uma farsa. No dia 30 de junho de 1981, o Coronel Job Lorena de Sant’Anna apresentou o resultado de suas investigações à imprensa, afirmando que os militares “foram vítimas de um atentado e a bomba havia sido feita com um quinto de uma lata de 2,5 litros de óleo Havoline e colocada entre a porta e o banco direito do Puma”.

Em 02/05/2005, eu postei um texto no site Usina de Letras, O ‘atentado’ do Riocentro, que foi inicialmente rejeitado pelo site Mídia Sem Máscara, porque eu estaria tentando “denegrir” a imagem do Exército Brasileiro, mas depois foi publicado naquele site, em 2014, com modificações no texto, disponível aqui. Nessa publicação, dei ênfase ao conteúdo publicado no livro do Major Grael acima citado e a uma reportagem da Folha de S. Paulo. O Coronel Dickson Melges Grael, falecido em 1987, é pai dos Grael (Lars, Torben e Axel) e avô de Martine Grael, todos velejadores olímpicos, que já trouxeram inúmeras medalhas ao Brasil.

Em depoimento à “História Oral do Exército - 31 de Março de 1964”, há duas testemunhas importantes sobre o “atentado” do Riocentro, o Coronel Romeu Antonio Ferreira e o General-de-Exército Octávio Aguiar de Medeiros. Pior: o Coronel Ferreira informa que um ano antes, em 1980, ele havia sido convidado para jogar uma bomba no Riocentro. Ainda pior que isso: o General Medeiros, no depoimento, afirma que a cúpula do serviço de Inteligência do Exército sabia do planejamento de um “atentado” no Riocentro, em 1981, e que o General Newton Cruz havia afirmado a ele que os militares, incluindo o Capitão Wilson Machado, foram convencidos a não agir. Porém, agiram. O General Medeiros também informa como os artefatos levados pelo automóvel Puma até o Riocentro foram construídos.

Eis o depoimento do Coronel Ferreira:

“O Riocentro ocorreu em 30 de abril, na véspera do feriado de 1º. de maio. Toda noite de 30 de abril para 1º. de maio havia um show no Riocentro em que a ideia era colher recursos para o Partido Comunista Brasileiro, e a nossa gente gostava, desculpe o termo, de ‘sacanear’ o pessoal do PCB.

Em 1980, eu já era o segundo homem da estrutura do DOI. Dois anos antes, já não mais prendíamos, apenas atuávamos colhendo informações, encaminhando-as. Naquela época, recebi uma proposta de algumas pessoas para jogar uma bomba no Riocentro. Essa bomba era para estourar na caixa de força, com a finalidade de apagar a luz e o show parar. Não era para ser jogada nem lá dentro do Riocentro nem era para matar ninguém. A ideia era acabar com o show do PCB por falta de energia. Discordei daquilo, não gostei da proposta, por achar que era completamente extemporâneo, não tendo mais nada a ver com o clima em que vivíamos naquela época. E proibi a ação; isso foi em abril de 1980 - proibi a ação e ela não foi feita.

Em janeiro de 1981, fui cursar a ECEME, pois tinha ingresso garantido, porque havia conseguido o segundo lugar na EsAO. Logicamente, acredito, é uma suposição, uma especulação, que o que ocorreu lá no Rio Centro tenha sido, talvez, a mesma proposta de jogar uma bomba na caixa de força para acabar a luz. Aquilo que proibi antes, alguém autorizou depois e ocorreu aquele triste episódio do Riocentro no qual morreu um sargento do Exército e ficou ferido um capitão.

Prestei este testemunho no inquérito que foi feito pelo General Sérgio Conforto, da minha turma, meu amigo. Disse exatamente isso nesse inquérito que estou agora repetindo” (Coronel Romeu Antonio Ferreira, “HOE/1964”, Tomo 9, pg. 358-359).

Eis o depoimento do General Medeiros, que foi Chefe do Serviço Nacional de Informações - SNI (1978-1985):

Entrevistador:

“O episódio do Riocentro afetou o General Figueiredo? Atrapalhou a condução do Governo, que estava na fase de instalação da ‘abertura’?”

General Medeiros:

“Nem um pouquinho. Em minha posição, no meu cargo, do lado de dentro do Governo, acompanhava e sentia tudo. Penso que exageraram um pouco, porque sempre fica no ar um vago receio, uma coisa indefinida... Mas, absolutamente, o Governo não balançou, nem um pouquinho, até porque já sabíamos do fato muitos meses antes, um mês e meio antes, mais ou menos. Tratava-se de um oficial do Destacamento de Operações de Informações (DOI), vinculado ao Centro de Operações de Defesa Interna (CODI), no Rio de Janeiro, e de um sargento, auxiliar dele naquela organização. Mais um personagem, um carpinteiro, filho de Minas Gerais, que fabricava bombas.

Bem, outro oficial, que morreu, infelizmente, sujeito formidável, contou para o Chefe da Agência Central que havia isso assim, assim... com o propósito de tumultuar uma reunião que seria realizada no Riocentro. O General Newton Cruz relatou-me o que ouvira e disse: ‘Olha, você fique tranquilo, não precisa nem falar com o Presidente, porque vamos atuar em cima desses dois e impedi-los de agir.’ Poucos dias depois, o Newton voltou a mim e informou: ‘Olha, aquele problema do Riocentro já está resolvido e os rapazes prometeram que não vão fazer nada.’ Respondi: ‘Está bem, vamos esperar. Você acha que a gente pode confiar?’ Newton disse: ‘Penso que sim, porque o oficial que trabalhou a cabeça deles e falou comigo é de toda confiança.’ De qualquer maneira, contei para o João Figueiredo. Informei, ainda, ao Venturini, bem como ao Ministro da Aeronáutica, meu amigo (Brigadeiro Délio Jardim de Matos). Pedi que mantivessem sigilo.

Entretanto, mesmo com as recomendações, o Capitão resolveu fazer a besteira. O Sargento apanhou a bomba que o carpinteiro havia preparado, colocou no carro e o grupo dirigiu-se ao Riocentro. Deixaram o carro no estacionamento principal, depois saíram, foram explorar o local onde iriam colocar a bomba, mas resolveram voltar para casa.”

Entrevistador:

“Sem fazer nada?”

General Medeiros:

“Sem fazer nada. Mas, nesse abrir de porta e sentar, o artefato explodiu.”

Entrevistador:

“A ideia deles seria perturbar a ‘abertura’?”

General Medeiros:

“Tumultuar a festa que se realizava no Riocentro. Não visava a ‘abertura’.”

Entrevistador:

“Agora o interessante, General, é que uma intenção primária dessas gerou tamanha repercussão.”

General Medeiros:

“Ah, o Riocentro estava lotado! No auge da anistia, todos queriam participar da maneira que pudessem: ‘Agora vamos fazer o que queremos e ninguém vai nos prender’.”

Entrevistador:

“E o Presidente Figueiredo? Ficou surpreso? No dia em que o senhor falou sobre a ideia maluca, ele ficou tranquilo? O Presidente se sentiu traído?”

General Medeiros:

“Sentiu-se; as consequências foram imediatas: acabou tirando o Newton Cruz da Agência Central, e aprovou o nome de outro oficial que eu apresentei. No entanto, permaneceu um ambiente irrespirável, desagradável. Não precisava acontecer. No final, o petardo explodiu e matou um sargento, à toa” (General-de-Exército Octávio Aguiar de Medeiros” (HOE/1964”, Tomo 15, pg. 55-56).

Estranho, muito estranho, foi o SNI não ter feito nada para impedir as ações do Capitão Wilson Luís Chaves Machado e do Sargento Guilherme Pereira do Rosário, já que sabia que poderiam colocar uma bomba no Riocentro, na noite de 30 de abril de 1981, véspera do feriado do Dia do Trabalho. No mínimo, a Agência Central deveria tê-los colocado sob rigorosa vigilância, ou melhor, tê-los mantido no quartel ou em casa, à força.

De acordo com o livro de Dickson M. Grael, acima citado, antes e depois do “Caso Riocentro”, nos anos de 1980 e 1981, durante 16 meses, houve cerca de 40 atentados contra bancas de jornais e órgãos que faziam oposição ao governo João Figueiredo, com muitos feridos e pelo menos uma morte, a da secretária da OAB-RJ, Lyda Monteiro da Silva, ocorrida em 27 de agosto de 1980. Nenhum desses atentados foi elucidado.

A true history sobre o “atentado do Riocentro” é que não houve um ato terrorista contra os militares, nem chegou a ser um atentado contra a multidão reunida no local para ouvir canções da MPB, porque ninguém foi atingido pela explosão ocorrida no Puma, exceto os dois militares que estavam dentro do carro.

A true history garante que houve um “acidente de serviço” dos militares em uma ação escabrosa, para tentar desestabilizar o movimento político em direção à abertura democrática.

Os “duros” do Governo Figueiredo não queriam que os militares “desmontassem do tigre”...

***

P.S.: Mensagem recebida por e-mail do Coronel JR Franco, em 12 de agosto de 2022 11:29:

"Parabéns irmão. Você está brilhante, como sempre.

Abração

Franco

No caso Rio Centro houve, como você citou, um acidente de trabalho. Ocasionado pelo uso de uma pulseira sabona pelo Sgt Rosário. Na época muitas pessoas usavam esse tipo de pulseira. Era um arco de cobre com uns dois milímetros por uns 5 milímetros. Era aberta: um arco interrompido. Tinha efeitos medicinais: afirmavam que ela regularia todas as correntes e fluxos do organismo de quem as usasse. Só um modismo.

Mas o cobre é um excelente condutor e fechou o circuito da bomba...

Merda feita!!!!"


FONTES CONSULTADAS:

 

Administrador de https://www.forcesystem.com.br/. Como Eratóstenes descobriu que a terra é redonda há 2200 anos. Disponível em https://www.forcesystem.com.br/como-eratostenes-descobriu-que-a-terra-e-redonda-ha-2200-anos/. Acesso em 11/08/2022.

BACK, Sylvio. Documentário Rádio Auriverde - A FEB na Itália. Vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=ZLVJNeoVaPw. Acesso em 11/08/2022.

BBC NEWS BRASIL. Como dois espiões ajudaram a causar a guerra no Iraque, 20/03/2013. Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/03/130319_iraque_espia_rp#:~:text=O%20principal%20argumento%20que%20levou,divulgadas%20por%20dois%20espi%C3%B5es%20iraquianos. Acesso em 11/08/2022.

BRIGOLINI, Vinícius. Marechal Eduardo Gomes: o Patrono da Força Aérea Brasileira. Disponível em https://militares.estrategia.com/portal/mundo-militar/forcas-armadas/marechal-eduardo-gomes/. Acesso em 11/08/2022.

BUARQUE, Daniel. Saiba quem foi o embaixador autor da frase “o Brasil não é um país sério”. Disponível em https://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2017/10/16/saiba-quem-foi-o-embaixador-autor-da-frase-o-brasil-nao-e-um-pais-serio/. Acesso em 11/08/2022.

CARVALHO, Olavo de. Depoimento à História Oral do Exército/1964 – extrato disponível em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/12/olavo-de-carvalho-na-historia-oral-do.html. Acesso em 11/08/2022.

CORRÊA, Maurício. Judeu, Racismo e o Rosh Hashaná. Correio Braziliense, 19/09/2004.

DAO, James. Crise impulsiona indústria bélica dos EUA. Folha de S. Paulo, 23/09/2001. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u29753.shtml. Acesso em 11/08/2022.

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Obs.: Trabalho também disponível em 

https://drive.google.com/file/d/1-jdWU9V1vDvrZOUZ56ktSK5wFGuVpCbx/view