MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Lenda Negra contra Pio XII - por Zenit.org, durante o Papado de Bento XVI

Papa Pio XII

Lenda Negra contra Pio XII

Prezados leitores,

Periodicamente, a mídia volta a insistir na mentira do milênio passado, de que o Papa Pio XII foi omisso e insensível frente ao massacre nazista promovido contra os judeus. Há vários livros que tentam difundir essa mentira, como "O Papa de Hitler", do embusteiro John Cornwell, um best-seller de anos atrás. Livros sérios, que desmentem a calúnia contra Pio XII, como "The Myth of the Hitler Pope", do rabino David Dalin, e "The Defamation of Pius XII", do filósofo Ralph McInnerny, continuam inacessíveis ao público em geral e nunca foram mencionados pela mídia ideologicamente comprometida com o anticlericalismo. Também nada se diz sobre o livro "A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945)", de Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma.

Atualmente, com o andamento do processo de beatificação de Pio XII, muitas vozes, inclusive judaicas, continuam a propalar a mentira. O Papa Bento XVI, com a força moral e intelectual de que está investido, está reagindo à altura contra as calúnias, refutando didática e enfaticamente as falsas acusações que pesam contra Pio XII.

Por isso, para reconduzir a verdade para o lugar que ela merece, estou postando, abaixo, uma espécie de "Dossiê Pio XII", com o fim de ajudar a derrubar o mito do século passado, que vem a ser o mito da Lenda Negra contra Pio XII (veja o significado do verbete "Lenda Negra" no final desta postagem).


Atenciosamente,

Félix Maier

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Pio XII é exemplo de abandono nas mãos de Deus, diz Bento XVI

Homilia do Papa no 50° aniversário da morte de Pacelli


CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 9 de outubro de 2008

ZENIT.org

Com ocasião do 50° aniversário da morte de Pio XII, Bento XVI recordou esta quinta-feira o testemunho de Pacelli.

Segundo o Papa, o pontificado de seu antecessor «desenvolveu-se nos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial e no período subsequente, não menos complexo, da reconstrução e das difíceis relações internacionais que passaram à história com o nome significativo de ‘guerra fria’».

A postura cultivada «constantemente» por Pio XII, recordou o Papa durante a homilia da missa celebrada na Basílica vaticana, foi a de «abandonar-se nas mãos misericordiosas de Deus», com a consciência de que «só Cristo é a verdadeira esperança do homem» e «apenas confinado nele, o coração humano pode abrir-se ao amor que vence o ódio».

Esta consciência, acrescentou, «acompanhou Pio XII em seu ministério de Sucessor de Pedro, ministério iniciado precisamente quando pairavam sobre a Europa e o restante do mundo as nuvens ameaçadoras de um novo conflito mundial, o qual ele tentou evitar de toda forma».

Durante a guerra, o Papa Pacelli levou adiante «uma intensa obra de caridade que promoveu em defesa dos perseguidos, sem distinção de religião, de etnia, de nacionalidade de pertença política», observou o pontífice.

Decidido a não abandonar nunca Roma, também quando, ocupada a cidade, lhe foi aconselhado repetidamente deixar o Vaticano para colocar-se a salvo, submeteu-se voluntariamente a «privações quanto à comida, calefação, vestes, comodidades», para compartilhar a condição da população duramente provada pelos bombardeios e pelas consequências da guerra».

Pio XII, declarou Bento XVI, «atuou frequentemente de forma secreta e silenciosa, precisamente porque, à luz das situações concretas daquele momento histórico complexo, intuía que apenas desta forma podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus».

Por estas intervenções, ao término do conflito se dirigiram «muitas vítimas e unânimes reconhecimentos de gratidão», como o da ministra do Exterior de Israel, Golda Meir, que em sua morte afirmou: «Choramos pela perda de um grande servidor da paz».

Em sua homilia, Bento XVI reconheceu que, «infelizmente, o debate histórico sobre a figura do Servo de Deus Pio XII, não sempre sereno, evitou que se colocassem à luz todos os aspectos de seu polivalente pontificado».

Por isso, quis sublinhar alguns documentos importantes do Papa Pacelli, entre eles a encíclica Divino Afflante Spiritu, de 20 de setembro de 1943, que «estabelecia as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, manifestando sua importância e seu papel na vida cristã».

«Como não recordar esta encíclica, enquanto se desenvolvem os trabalhos do Sínodo que tem como tema precisamente ‘A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja’?», perguntou o pontífice.

O Papa recordou também o «impulso notável» imprimido por Pio XII na atividade missionária da Igreja, confirmando o amor pelas missões demonstrado desde o início de seu pontificado, ordenando pessoalmente --em outubro de 1939-- doze bispos de países de missão, entre eles um chinês, um japonês, o primeiro bispo africano e o primeiro bispo de Madagascar.

Também, sublinhou, uma das «constantes preocupações pastorais» do pontífice foi «a promoção do papel dos leigos, para que a comunidade eclesial pudesse valer-se de todas as energias e recursos disponíveis».

«A santidade foi seu ideal, um ideal que não deixou de propor a todos --acrescentou. Por isso, deu impulso às causas de beatificação e canonização de diferentes pessoas, representantes de todos os estados de vida, funções e profissões, reservando amplo espaço às mulheres.»

À propósito disso, durante o Ano Santo 1950, proclamou o dogma da Assunção, indicando à humanidade a Virgem «como sinal de segura esperança».

«Neste nosso mundo que, como então, está assaltado por preocupações e angústias por seu futuro; desta forma, onde, talvez mais que então, o distanciamento de muitos da verdade e da virtude dá lugar a cenários sem esperança, Pio XII nos convida a voltar o olha para Maria assunta em glória celeste», disse Bento XVI.

«Convida-nos a invocá-la com confiança, para que nos faça apreciar cada vez mais o valor da vida na terra e nos ajude a pôr o olhar na meta à qual todos estamos destinados: a da vida eterna, que, como assegura Jesus, quem escuta e segue sua palavra já possui.


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Lenda negra contra Pio XII, segundo cardeal Bertone (I)

Intervenção do secretário de Estado

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 6 de junho de 2007

ZENIT.org

Publicamos as palavras que o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, pronunciou ao apresentar na tarde desta terça-feira o livro do jornalista italiano Andrea Tornielli, «Pio XII, Eugenio Pacelli -- Um homem no trono de Pedro» («Pio XII, Eugenio Pacelli. Um uomo sul trono di Pietro»). Apresentamos a primeira parte da intervenção.


1. Uma «lenda negra»

A figura de Eugenio Pacelli, Papa Pio XII, se encontra já há décadas no centro de agudas polêmicas. O pontífice romano que guiou a Igreja nos terríveis anos da segunda guerra mundial e depois na guerra fria é vítima de um lenda negra que acabou por afirmar-se até o ponto de que é difícil inclusive de esboçar, ainda que os documentos e testemunhos tenham provado sua total inconsistência.

Um dos desagradáveis efeitos «secundários», por chamá-los de algum modo, dessa lenda negra, que apresenta falsamente o Papa Pacelli como indulgente com o nazismo e insensível ante a sorte das vítimas da perseguição, consiste em ter feito esquecer totalmente o extraordinário magistério desse Papa, que foi o precursor do Concílio Vaticano II. Como aconteceu com as figuras de outros dois Papas com o mesmo nome -- o beato Pio IX, do qual só se fala em relação a temas ligados à políticas do Ressurgimento italiano; e São Pio X, recordado com freqüência unicamente por sua valente batalha contra o modernismo --, também se corre o risco de reduzir todo o pontificado de Pacelli à questão dos supostos «silêncios».


2. A atividade pastoral de Pio XII

Estou aqui, portanto, nesta tarde, para oferecer um breve testemunho de um homem de Igreja que, por sua santidade pessoal, resplandece como um luminoso testemunho do sacerdócio católico e do supremo pontificado. Certamente, já havia lido muitos ensaios interessantes sobre a figura e a obra do Papa Pio XII, das sumamente conhecidas «Actes et Documents du Saint Siège», às biografias de Nazareno Padellaro, da Irmã Margherita Marchione, do Pe. Pierre Blet, entre as primeiras que me vêm à mente. Isso sem falar dos «Discursos de guerra» do Papa Pacelli, se o desejam, estão disponíveis em formato eletrônico, e que me resultam totalmente interessantes também hoje por doutrina, por inspiração pastoral, por finura de linguagem literária, por força humana e civil.

Em definitivo, já sabia bastante sobre o «Pastor Angelicus et Defensor Civitatis». Contudo, deve-se dar graças ao senhor Andrea Tornielli, pois nesta volumosa e documentada biografia, recorrendo a muitos escritos inéditos, ele nos restitui a grandeza da figura de Pio XII, nos permite aprofundar em sua humanidade, nos faz redescobrir seu magistério. Ele nos recorda, por exemplo, sua encíclica sobre a liturgia, sobre a reforma dos ritos da Semana Santa, o grande trabalho preparatório que desembocaria na reforma litúrgica conciliar.

Pio XII abre o caminho à aplicação do método histórico-crítico à Sagrada Escritura, e na encíclica «Divino afflante Spiritu» estabelece as normas doutrinais para o estudo da Sagrada Escritura, sublinhando sua importância e papel para a vida cristã. Na Encíclica «Humani generis» leva em consideração, ainda que com cautela, a teoria da evolução. Pio XII imprime também um notável impulso à atividade missionária com as encíclicas «Evangelii Praecones» (1951) e «Fidei donum» (1957), da qual se celebra o qüinquagésimo ano, sublinhando o dever da Igreja de anunciar o Evangelho aos povos, como fará depois o Concílio Vaticano II. O Papa se nega a fazer coincidir o cristianismo com a cultura ocidental, assim como com um determinado sistema político.

Pio XII continua sendo, ainda hoje, o Papa que deu mais espaço às mulheres em suas canonizações e beatificações: 54,4% nas canonizações, e 62,5%%. De fato, em várias ocasiões, esse pontífice havia falado dos direitos femininos, afirmando, por exemplo, na rádio-mensagem ao Congresso CIF de Loreto de outubro de 1957, que a mulher está chamada a desempenhar «uma ação decisiva» também no campo político e jurídico.


3. Acusações injustificadas

Estes não são mais do que exemplos que mostram o que resta ainda por descobrir, e mais ainda, por redescobrir, do magistério do servo de Deus Eugenio Pacelli. Impressionaram-me, também, muitos detalhes do livro de Tornielli dos que emerge tanto a lucidez e sabedoria do futuro pontífice, nos anos que foi núncio apostólico em Munique e em Berlim, como muitos traços de sua humanidade. Graças à correspondência inédita com o irmão Francesco, podemos conhecer alguns juízos firmes sobre o nascente movimento nacionalista, assim como o grave drama interior vivido pelo pontífice durante o tempo da guerra por ocasião da atitude que era preciso adotar ante a perseguição nazista.

Pio XII falou disso em várias ocasiões em sua rádio-mensagem e, portanto, está totalmente fora de cogitação acusá-lo de «silêncios», assumindo contudo um tom prudente. Falando dos silêncios, quero citar um artigo bem documentado do professor Gian Maria Vian publicado no ano 2004, na revista «Archivum historiae pontificiae», que tem como título «O silêncio de Pio XII: às origens da lenda negra» («Il Silenzio di Pio XII: alle origini della leggenda nera»). Entre outras coisas, diz que o primeiro que questionou os «silêncios de Pio XII» foi Emmanuel Mounier, em 1939, poucas semanas depois de sua eleição como sumo pontífice e por ocasião da agressão italiana na Albânia. Sobre estas questões se desencadeará a seguir uma dura polêmica, inclusive de origem soviética e comunista que, como veremos, seria retomada por expoentes da Igreja Ortodoxa russa. Rolf Hocchuth, autor de «O Vigário», a obra teatral que contribuiu a desatar a lenda «negra» contra Pio XII, em dias passados definiu o Papa Pacelli em uma entrevista como «covarde demoníaco», enquanto há historiadores que promovem o pensamento único contra Pio XII e chegam a insultar de «extremista pacelliano» quem não pensa como eles e se atreve a manifestar um ponto de vista diferente sobre estas questões. Portanto, não é possível deixar de denunciar este estrago do senso comum e da razão perpetrado com freqüência desde as páginas dos jornais.

[Tradução realizada por Zenit]


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Lenda negra contra Pio XII, segundo cardeal Bertone (II)

Intervenção do secretário de Estado

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 7 de junho de 2007

ZENIT.org

Publicamos a segunda parte da intervenção do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, ao apresentar na tarde desta terça-feira o livro do jornalista italiano Andréa Tornielli «Pio XII, Eugenio Pacelli – Um homem no trono de Pedro» («Pio XII, Eugenio Pacelli. Un uomo sul trono di Pietro»). A primeira parte foi publicada no serviço de Zenit de 6 de junho de 2007.


4. Uma data histórica muito precisa

Parece-me útil sublinhar como o livro de Tornielli volta a trazer à luz volumes já conhecidos pelos historiadores sérios. É um dos méritos que considero fundamentais da obra da qual hoje estamos falando, levando em conta os tristíssimos tempos nos quais viveu o Papa Pacelli, cuja voz na confusão do segundo conflito mundial e da sucessiva contraposição de blocos não gozava de favor entre os poderes «de fato».

Quantas vezes «faltava eletricidade» à «Rádio Vaticano» para que fizesse escutar a palavra do pontífice; quantas vezes «faltava papel» para reproduzir seus pensamentos e ensinamentos incômodos; quantas vezes algum acidente provocava a «perda» dos exemplares de «L’Osservatore Romano» que referiam intervenções, esclarecimentos, atualizações, notas políticas... Hoje, contudo, graças aos modernos meios, essas fontes são amplamente reproduzidas e disponíveis.

Torielli as buscou e as encontrou; testemunha isso o grande volume de notas que acompanha a publicação. Quero, nesse sentido, chamar a atenção sobre uma data importante. A figura e a obra de Pio XII, elogiada e reconhecida antes, durante e imediatamente depois da segunda guerra mundial, começa a ser analisada desde outro ponto de vista em um período histórico muito preciso, que vai de agosto de 1946 a outubro de 1948.

Era compreensível o desejo do martirizado povo de Israel de ter uma terra própria, um porto seguro próprio, depois das «perseguições de um anti-semitismo fanático, desencadeadas contra o povo judeu» (alocução de 3 de agosto de 1946), mas eram também compreensíveis os direitos daqueles que já viviam na Palestina e que por sua vez mereciam respeito, atenção, justiça e proteção. Os jornais da época referem amplamente o nível de tensão que nessa região se estava manifestando, mas, dado que não quiseram valorizar os raciocínios e propostas de Pio XII, começaram a tomar posição, uns de uma parte e outros de outra, ideologizando assim uma reflexão que se desenvolvia de maneira articulada e que prestava atenção aos critérios de justiça, eqüidade, respeito e legalidade.

Pio XII não foi só o Papa da segunda guerra mundial, mas um pastor que, de 2 de março de 1939 a 9 de outubro de 1958, teve de enfrentar um mundo de paixões violentas e irracionais. Desde então, começou a tomar corpo uma incompreensível acusação contra o Papa por não ter intervindo como devia a favor dos judeus perseguidos.

Neste sentido, parece-me importante reconhecer que de qualquer forma, quem não tem fins ideológicos e ama a verdade está bem disposto a compreender mais a fundo, com plena sinceridade, um papado longo, fecundo, e desde meu ponto de vista, heróico. É um exemplo a recente mudança de atitude, no grande santuário da memória, o Yad Vashem em Jerusalém, para reconsiderar a figura e a obra do Papa Pacelli não desde um ponto de vista polêmico, mas desde uma perspectiva objetivamente histórica. É de desejar profundamente que esta boa vontade manifestada publicamente possa ter um seguimento adequado.


5. O dever da caridade para com todos

Em 2 de junho de 1943, por ocasião da festa de Santo Eugênio, Pio XII expõe publicamente as razões de sua atitude. Antes de tudo, o Papa Pacelli fala novamente dos judeus: «Não esquecem os que regem os povos que quem tem a espada -- usando a linguagem da Sagrada Escritura -- não pode dispor da vida e da morte dos homens dos quais, segundo a lei de Deus, procede toda potestade».

«Nem espereis, segue dizendo Pio XII, que exponhamos aqui tudo o que tentamos fazer para mitigar seus sofrimentos, melhorar suas condições morais e jurídicas, tutelar seus imprescindíveis direitos religiosos, aliviar suas tristezas e necessidades. Toda palavra que dirigimos com este objetivo às autoridades competentes e toda menção pública deveriam ser ponderadas e medidas pelo interesse dos mesmos que sofriam, para não tornar, sem querer, mais grave e insuportável sua situação. Infelizmente, as melhorias visivelmente alcançadas não correspondem à solicitude materna da Igreja a favor destes grupos particulares, submetidos às mais acerbas desventuras... E o Vigário, apesar de pedir só compaixão e respeitar as mais elementares normas do direito e da humanidade, encontrou-se, em ocasiões, ante portas que nenhuma chave era capaz de abrir.»

Encontramos aqui exposta, já a meados do ano 1943, a razão da prudência com a qual Pacelli se move no âmbito das denúncias públicas: «Pelo interesse dos mesmos que sofrem, para não tornar mais grave sua situação». Palavras cujo eco parece ser ouvido no breve discurso pronunciado por Paulo VI em 12 de setembro de 1964, nas Catacumbas de Santa Domitila. Nessa ocasião, o Papa Montini disse: «A Santa Sé se abstém de levantar com mais freqüência e veemência a voz legítima do protesto e da condenação, não porque ignore a realidade ou a desatenda, mas por um pensamento reflexo de cristã paciência e para não provocar males piores.

Paulo VI, a meados dos anos sessenta, referia-se aos países que estavam do outro lado da cortina de ferro, governados pelo comunismo totalitário. Ele, que havia sido um próximo colaborador do cardeal Pacelli e depois do Papa Pio XII, aduz, portanto, aos mesmos motivos.

Os papas não falam pensando em pré-confeccionar uma imagem favorável para a posteridade; sabem que de cada uma de suas palavras pode depender a sorte de milhões de cristãos, levam no coração a sorte dos homens e mulheres de carne e osso, e não o aplauso dos historiadores.

De fato, Robert Kempner, magistrado judeu e fiscal no processo de Nuremberg, escreveu em janeiro de 1964, depois da apresentação de «O Vigário» de Hocchuth: «Qualquer tomada de posição propagandista da Igreja contra o governo de Hitler não só teria sido um suicídio premeditado... mas também teria acelerado o assassinato de um número muito maior de judeus e sacerdotes».

[Tradução realizada por Zenit]


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Lenda negra contra Pio XII, segundo cardeal Bertone (III)

Intervenção do secretário de Estado

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 8 de junho de 2007

ZENIT.org

Publicamos a terceira parte da intervenção do cardeal Tarcísio Bertone, secretário de Estado, ao apresentar em 5 de junho o livro do jornalista italiano Andrea Tornielli, «Pio XII, Eugenio Pacelli -- um homem no trono de Pedro» («Pio XII, Eugenio Pacelli. Un uomo sul trono di Pietro»). A primeira parte foi publicada no serviço de Zenit de 6 de junho de 2007 e a segunda no dia 7 de junho.


6. «Não lamentação, mas ação é o preceito do agora»

Dito isso, depois de ter visto os onze volumes (em doze tomos) das «Actes et Documents du Saint Siège» sobre a segunda guerra mundial; depois de ter lido dezenas de dossiês com centenas de documentos sobre os pensamentos e os atos da Santa Sé durante o segundo conflito mundial; experimentadas as violentas polêmicas partidistas (inumeráveis volumes, cheios de ideologia violenta e falsa), parece-me que a obra das «Actes», impressa por ordem de Paulo VI (substituto da Secretaria de Estado nos anos terríveis de 1939 a 1945), poderia ser utilmente completada pelos documentos do arquivo dos «Estados eclesiásticos», que compreendem documentos sobre a obrigação da Santa Sé e da Igreja Católica de assumir o dever da caridade para com todos.

É um setor de arquivo que não se explorou suficientemente, dado que se trata de milhares de casos pessoais. A cada um deles, o menor Estado do mundo, neutro em sentido absoluto, escutou individualmente, atendendo a cada voz que pedia ajuda ou audiência. Trata-se de uma documentação imensa, infelizmente ainda não disponível, porque não está ordenada. Oxalá fosse possível, com a ajuda de alguma fundação benemérita «ad hoc», catalogar em breve estes documentos custodiados nos arquivos da Santa Sé! Era clara a diretiva dada através da rádio, da imprensa, da diplomacia, pelo Papa Pio XII em 1942. Disse a todos naquele trágico ano de 1942: «Não lamentação, mas ação é o preceito do agora». A sabedoria dessa afirmação fica testemunhada por uma enorme quantidade de documentos: notas diplomáticas, consistórios urgentes, assinalações específicas (por exemplo, o cardeal Bertram, cardeal Innitzer, cardeal, Schuster, etc.) nas quais pedia fazer o possível para salvar as pessoas, mantendo a neutralidade da Sé Apostólica.

Esta situação de neutralidade permitia ao Papa salvar não só europeus, mas também prisioneiros que não pertenciam ao Eixo. Pensemos na tristíssima situação da Polônia ou nas intervenções humanitárias no Sudeste asiático. Pio XII nunca escreveu circulares. Disse com a voz o que precisava ser feito. E bispos, sacerdotes, religiosos e leigos compreenderam muito bem a mente do Papa e o que havia de ser feito urgentemente. Como testemunho, há inumeráveis documentos de audiência do cardeal Maglione e Tardini, com os relativos comentários. Também estavam os protestos ou os «nãos» ante os pedidos humanitário da Santa Sé.


7. Denunciar ou atuar?

Permitam-me contar-lhes um pequeno episódio, ocorrido precisamente no Vaticano em outubro de 1943. Naquela época, além da Gendarmeria (aproximadamente 150 pessoas) e da Guarda Suíça (cerca de 110 pessoas), havia uma Guarda Palatina. Nessa data, para proteger o Vaticano (não mais de 300 pessoas) e os edifícios extra-territoriais [edifícios do Vaticano em território italiano, ndr.] havia 575 membros da Guarda Palatina. Pois bem, a Secretaria de Estado pediu à potência que ocupava a Itália a possibilidade de contratar outras 4.425 pessoas para que pudessem passar a fazer parte da Guarda palatina. O gueto judeu estava a dois passos.

Os redatores dos «Actes et Documents» não podiam imprimir todos os milhares de casos pessoais. O Papa, nessa época, tinha outras prioridades: não podia dar a conhecer seus desejos, mas queria atuar, dentro dos limites que lhe impunham as circunstâncias, segundo um programa claro. Às pessoas honestas, contudo, surgem perguntas legítimas: quando Pio XII encontrou Mussolini? Como cardeal secretário de Estado, em 1932, mas como Papa, nunca! Se isso nunca aconteceu, poderia significar que se os dois Estados não queriam falar com o Papa, o pontífice, o que devia fazer? Fazer declarações de denúncia ou atuar?

Pio XII preferiu a segunda opção, testemunhada por muitos israelenses de toda a Europa. Talvez seria necessário entregar cópias destas abundantes adesões judaicas de agradecimento e de estima pelo ministério humano e espiritual desse grande Papa.

O livro que hoje podemos ler acrescenta novos elementos não só à figura de um grande pontífice, mas também a toda a obra silenciosa, ainda que eficaz, da Igreja através da existência (a de Eugenio Pacelli) de um pastor que passou através das tormentas dos dois conflitos mundiais (foi núncio na Baviera desde 1917) e a trágica edificação da cortina de ferro dentro da qual morreram milhões de filhos de Deus. Herdeira da Igreja dos apóstolos, a Igreja de Pio XII continuou oferecendo não só uma palavra profética, mas sobretudo uma ação profética diária.


8. Nota conclusiva

Quero agradecer a Andrea Tornelli por esta obra, que ajuda a compreender melhor a luminosa ação apostólica e a figura do servo de Deus Pio XII. É um serviço útil à Igreja, um serviço útil à verdade. É justo discutir, aprofundar, debater, confrontar-se. Mas é preciso evitar o erro mais grave para um historiador, o anacronismo, julgando a realidade de então com os olhos e a mentalidade de hoje.

Assim como é profundamente injusto julgar a obra de Pio XII durante a guerra com o véu do preconceito, esquecendo não só o contexto histórico, mas também a enorme obra de caridade que o Papa promoveu, abrindo as portas dos seminários e dos institutos religiosos, acolhendo refugiados e perseguidos, ajudando todos.


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Santa Sé e questão judaica: ressurge debate sobre beatificação de Pio XII

Entrevista ao professor Alessandro Duce, que escreveu sobre o tema


ROMA, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

ZENIT.org

A publicação e apresentação do livro em italiano «A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945)», da editora italiana Studium, fez ressurgir o debate sobre o processo de beatificação do Papa Pio XII.

O livro, escrito pelo professor Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma, pretende oferecer uma reconstrução detalhada da obra diplomática e humanitária desenvolvida pela Santa Sé frente às perseguições sofridas pelas populações judaicas nos anos mais dramáticos da história do século XX, a partir da subida ao poder na Alemanha de Adolf Hitler até o final da Segunda Guerra Mundial.

O livro do professor Duce se distingue pela amplitude das fontes diplomáticas vaticanas e internacionais usadas e consultadas. Graças aos arquivos vaticanos relativos à atividade da Santa Sé nos anos trinta, e às pouco conhecidas fontes diplomáticas italianas, o autor foi capaz de reconstruir momentos cruciais das relações entre a Alemanha e o Vaticano, desvelando inéditas situações de fundo.

Conhecem-se, por exemplo, as inumeráveis iniciativas relativas à questão judaica, empreendidas pela diplomacia vaticana e pelos pontífices nos diversos países europeus. Em particular, destacam-se os esforços vaticanos para facilitar a emigração dos judeus europeus ao continente americano e a ação da Santa Sé para opor-se à emanação de legislações antijudaicas na Europa centro-oriental.

A apresentação do volume, que aconteceu em Roma em 25 de outubro, despertou a atenção também sobre polêmicas relativas à causa de beatificação de Pio XII. Numerosos meios de comunicação deram a notícia de que o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, teria declarado que a causa de Pio XII estaria «parada».

Questionado por Zenit, o apresentador da causa de beatificação de Pio XII, o Pe. Peter Gumpel, revela que o cardeal Saraiva Martins lhe pediu para declarar que ele «não fez nunca uma declaração na qual sustentava que a causa de Pio XII está parada».

O Pe. Gumpel criticou também o artigo do «Corriere della Sera», de 26 de outubro, no qual «se informa de maneira parcial sobre o livro de Duce, apresentando-o como crítico com respeito ao Papa Pio XII, quando, ao contrário, é evidente que há centenas de páginas com muitas provas documentais que demonstram como e quanto os pontífices Pio XI, e sobretudo Pio XII, fizeram a favor dos judeus».

Para ter uma idéia mais ampla e articulada da questão, Zenit entrevistou o professor Alessandro Duce.

--Foram necessários cinco anos de investigação nos Arquivos para escrever este livro. Quais são as razões que o impulsionaram a aprofundar nas relações entre a Santa Sé e a questão judaica?

--Duce: De um exame dos numerosos escritos existentes e dos arquivos disponíveis, cheguei a uma convicção: não havia um trabalho sistemático e integral que examinasse a atuação da Santa sé e de suas estruturas diplomáticas em todo o arco temporal (1933-1945) e geográfico no qual se manifestou a violência nazista e antijudaica. Tentei preencher este vazio; não me corresponde dizer se consegui.

--Quais são as conclusões de sua pesquisa? Como foram as relações dos papas Pio XI e Pio XII com os judeus? Como se comportaram frente às leis raciais e às perseguições do povo judeu?

--Duce: Durante os anos da perseguição, as relações entre os vértices das comunidades judaicas e o Vaticano se tornaram cada vez mais freqüentes e intensas. Os dois pontífices do período não podem ser acusados de indiferença, de instigação, de cumplicidade com os perseguidores.

--Em um artigo publicado em 26 de outubro por «Corriere dela Sera», afirma-se que seu livro sustenta a tese de um Papa Pio XII «dubitativo, isolado» inclusive imóvel, «incapaz de tutelar nem os crentes nem os religiosos da perseguição e do martírio». É este o resultado de suas pesquisas?

--Duce: A observação do jornalista é precisa e pertinente em substância; mas necessita de interpretação, ou seja, de uma leitura específica, situada no contexto dos acontecimentos. A impossibilidade de Pio XII de tutelar da violência nacional socialista aos próprios crentes e ao clero deve fazer refletir. Pode-se pretender de quem não tem a força de tutelar «o próprio rebanho» que salve o dos «vizinhos»? O contexto do período é o de uma dupla perseguição: anticatólica (em geral anti-religiosa) e antijudaica. Creio que é inútil precisar que a segunda é muito mais violenta e cruel que a primeira.

--Por ocasião da apresentação de seu livro em Roma, elevaram-se algumas vozes para deter o processo de beatificação de Pio XII. Qual é sua opinião ao respeito?

--Duce: Minha pesquisa não tinha o objetivo de influir sobre o processo de beatificação de Pio XII. Devo confessar que eu mesmo não conheço os termos precisos deste procedimento, nem em que ponto está hoje. Destaquei centenas de documentos (muitos até agora ignorados); não excluo que alguns deles possam ser úteis ao trabalho da comissão encarregada da beatificação. Para mim, já é muito desgastante o trabalho «histórico»; não tenho nenhuma intenção de encarregar-me também da comissão.

--Ao final de seu livro, há um capítulo titulado «A cruzada da caridade». Pode explicar-nos de que se trata?

--Duce: A «cruzada da caridade» é uma expressão eficaz e feliz usada em várias ocasiões por autorizados representantes vaticanos. Ela pretende destacar a atividade desenvolvida pela Santa Sé durante o conflito a favor de todos os que sofriam (busca de desaparecidos, informações, ajuda aos detidos, apoio às imigrações, assistência econômica às famílias, prisioneiros, deportados, etc.). É evidente um esforço enorme e duradouro sustentado pelas estruturas vaticanas e pelas nunciaturas que, contudo, não estavam constituídas com estes objetivos. A Igreja de Roma quis proporcionar assistência em todas as direções, sem distinção de religião, nacionalidade ou estirpe. Naquela multidão de doentes estão também os judeus.


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Circular de Pio XII para salvar judeus:

http://www.doutrinacatolica.com/modules/news/article.php?storyid=2758

Defesa da Fé : A DATA DA CIRCULAR DO PAPA PIO XII QUE SALVOU MILHARES DE JUDEUS!

Enviado por doutrina em 24/03/2008 07:01:00 (393 leituras)

Autor: Agência Zenit

Fonte: http://www.zenit.org/article-14720?l=portuguese


ROMA, quinta-feira, 19 de abril de 2007 (ZENIT.org)- A circular, citada pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, assinada por Pio XII para salvar os judeus perseguidos pelos nazistas é de 25 de outubro de 1943 não de 1945, como havíamos escrito por um erro de transcrição.

Publicamos a notícia corrigida. Obrigado por sua compreensão.

Pio XII deu indicação de acolher a judeus perseguidos, revela o cardeal Bertone
Em uma circular de 25 de outubro de 1943

ROMA, quarta-feira, 18 de abril de 2007 (ZENIT.org).- O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, revelou nesta terça-feira que Pio XII assinou uma carta na qual pedia a todos os institutos religiosos que abrissem suas portas para acolher os judeus perseguidos pelo nazismo.

O Papa Eugenio Pacelli, em 25 de outubro de 1943, assinou «uma circular da Secretaria de Estado com a qual se dava a orientação de acolher os judeus perseguidos pelos nazistas em todos os institutos religiosos, de abrir os institutos e inclusive as catacumbas», explicou.

Com suas palavras, o purpurado salesiano comentou a crise que surgiu na semana passada por causa da exposição de um painel sobre Pio XII no Yad Vashem, o Mausoléu do Holocausto em Jerusalém, no qual aparece uma explicação que indica Pio XII como responsável do «silêncio» e «da ausência de orientações» para denunciar o Holocausto.

O presidente do Yad Vashem, Avner Shalev, prometeu reconsiderar a maneira na qual se apresenta o Papa.

Ao participar da apresentação do livro de Maria Franca Mellano, «A obra salesiana de Pio XII no Apio Tuscolano de Roma», no Instituto Pio XI de Roma, no qual se documenta a salvação de centenas de judeus nesse centro, o cardeal Bertone definiu aqueles fatos como «uma história luminosa de generosidade».

«Mas esta obra foi possível, não só aqui, mas por toda parte, por uma circular da Secretaria de Estado com a assinatura de Pio XII», acrescentou o cardeal. «É impossível que Pio XII, que assinou aquela circular, não aprovasse esta decisão.»


***

Conheça, no texto abaixo, a origem da expressão "Lenda Negra" (F.Maier).


A “Lenda Negra”

http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=76

Quantos foram mortos ou torturados?

No perverso marketing da Inquisição este número foi aumentado para aterrorizar os dissidentes criando-se com este procedimento o que se chamou de "A Lenda Negra" da Inquisição: uma história um tanto exagerada. Estima-se que, pelo menos, no século 17, 5 ou 6% das centenas de mortes e torturas que foram divulgadas e cujo número chegou até nós, foi exagerado. "Houve um certo exagero neste montante", dizem os historiadores modernos.

AS SEMENTES DA INQUISIÇÃO

A ameaça da Inquisição não foi extirpada da mente dos seres humanos. Todas as vezes as quais se levanta o PODER, seja ele de crenças, político, racial, forma de pensar ou de conduta , etc., que tenta impor-se como autoridade no "motus vivendi" de um povo, organizando-se e ditando normas, tentando banir ou desmascarar os seus opositores, reinventamos a “Sagrada” Inquisição! O Taleban, agora, não jurou a sua “guerra santa” para impor ao Ocidente as suas crenças?

O hábito maléfico da intransigência indica o renascimento do MONSTRO da Inquisição. Há que se tomar cuidado, temos modelos expostos nas guerras religiosas da Irlanda, nas atividades anti-americanas em certa época da história moderna dos Estados Unidos (anos 50) e na advertência contida no livro de George Orwell – "1984".



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Novos documentos provam amizade do Papa Pio XII com judeus

Descobertas recentes da Pave The Way Foundation

NOVA YORK, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ZENIT.org


Documentos descobertos recentemente provam que Pio XII teve gestos de amizade e proteção para com o povo judeu antes, durante e depois da 2ª Guerra Mundial. Assim divulgou ontem, através de um comunicado, a Fundação Pave The Way (PWTF), que se dedica a promover o diálogo entre as religiões.
As descobertas foram realizadas pelo historiador alemão Michael Hesemann, autor da obra The Pope Who Defied Hitler. The Truth About Pius XII («O Papa que desafiou Hitler. A verdade sobre Pio XII»). Hesemann, assessor da PWTF, revela ter encontrado uma série de documentos no Arquivo Secreto Vaticano que acreditam numerosas intervenções do Papa Pacelli a favor dos judeus.

Uma das descobertas é a de uma intervenção do arcebispo Pacelli, então núncio apostólico na Baviera, datada de 1917, através do governo alemão, para pedir que os judeus da Palestina fossem protegidos frente ao Império Otomano da Turquia.

O Dr. Hesemann mostra também que em 1917, o futuro Pio XII utilizou sua influência pessoal para que o então representante da Organização Sionista Mundial, Nachum Sokolov, fosse recebido pessoalmente por Bento XVI para falar sobre uma pátria judaica na Palestina.

Em 1926, Dom Pacelli animou os católicos alemães a apoiarem o Comitê Pró Palestina, que apoiava os assentamentos judaicos na Terra Santa.

Estas descobertas se unem às provas oferecidas pelo próprio presidente da PTWF, Gary Krupp, das quais o congresso sobre Pio XII celebrado em setembro de 2008 em Roma apresentou mais de 300 páginas de documentos originais, que contêm detalhes de como se levou a cabo a ordem do Papa, durante a guerra, de esconder os judeus em Roma.

Estes documentos, que podem ser baixados no site da fundação, recolhem, entre outros, um manuscrito de uma freira, datado de 1943, que detalha as instruções recebidas do Papa, assim como uma lista de judeus protegidos.

Outro dos documentos é um informe do US Foreign Service, do cônsul americano em Colônia, que informa sobre o «novo Papa» em 1939. O diplomata se mostra surpreso pela «extrema aversão» de Pacelli a Hitler e ao regime nazista, e seu apoio aos bispos alemães em sua oposição ao nacional-socialismo, ainda à custa da supressão das Juventudes Católicas alemãs.

Também se oferece um documento de 1938, assinado pelo então Secretário de Estado Eugenio Pacelli, no qual ele se opõe ao projeto de lei polonesa de declarar ilegal o sacrifício kosher, ao entender que esta lei «suporia uma grave perseguição contra o povo judeu».

Já como Papa, durante a guerra, Pio XII escreveu um telegrama ao então regente da Hungria, almirante Miklós Horthy, para que evitasse a deportação dos judeus, e este acedeu, o que se estima que salvou cerca de 80 mil vidas. Ao governo brasileiro pediu que aceitasse a 3 mil «não arianos».

Outro dos documentos que PTWF oferece é uma entrevista com Dom Giovanni Ferrofino, secretário do núncio no Haiti, Dom Maurilio Silvani. O prelado afirma que duas vezes por ano recebia telegrama cifrado da parte de Pio XII que remetia ao general Trujillo, presidente da República Dominicana, para pedir-lhe em nome do Papa 800 vistos para os judeus, com o qual se estima que pelo menos 11 mil judeus foram salvos por esta via.

Também se ofereceram provas de que o Vaticano falsificou secretamente certidões de batismo para permitir que muitos judeus migrassem como «católicos».

Uma descoberta pessoal

O empenho da PWTF obedece à própria determinação de seu presidente, Gary Krupp, judeu americano, que reconhece que cresceu «desprezando Pio XII», até que leu o livro de Dan Kurzman, A Special Mission: Hitler`s Secret Plot to Seize the Vatican and Kidnap Pope Pius the XII. Nele se recolhe o testemunho do general Karl Wolff, que detalha o plano de Hitler de assaltar o Vaticano e raptar o Papa Pio XII. Sabe-se que havia espiões no Vaticano e franco atiradores alemães a menos de 200 jardas das janelas papais.

A mesma restrição das declarações públicas do Papa, que foi fonte de críticas contra ele, explica-se pelo aumento dos castigos nos campos de concentração, testificado por ex-prisioneiros, cada vez que altos cargos eclesiásticos falavam contra o regime nazista.

Outra descoberta que fez Krupp mudar de sentimentos, segundo suas próprias declarações, foi a prova de que «O Vigário», a famosa obra do comunista alemão Rolf Hochhuth, apoiou-se em documentos vaticanos manipulados, como parte de um complô secreto da KGB para desacreditar a Santa Sé. Esta informação foi revelada pelo Tenente General Ion Mihai Pacepa, o agente da KGB de mais alto escalão que desertou.

Gary Krupp assegurou estar «surpreso ao pesquisar pessoalmente artigos do New York Times e do Palestine Post entre 1939 e 1958. Não pude encontrar nem um só artigo negativo sobre Pio XII».

O esclarecimento sobre a figura de Pio XII foi assumido como objetivo pela PWTF para «eliminar um obstáculo que afeta 1 bilhão de pessoas» para o entendimento entre judeus e católicos. «Por justiça, nós, judeus, devemos ser conscientes dos esforços desse homem, em um período em que o resto do mundo havia nos abandonado».

«É o momento de reconhecer Pio XII pelo que fez, não pelo que não disse», acrescenta Krupp, que considera que a causa de que esta «lenda negra» permaneça é, por um lado, «a rejeição dos críticos de Pio XII de consultar e revisar a documentação recentemente desclassificada do Arquivo Secreto Vaticano», e por outro, «a negativa da maior parte dos meios de comunicação de dar cobertura às informações positivas sobre Pio XII».



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13 Declarações de líderes judeus em defesa do Papa Pio XII

O site Fórum Libertas.com – Diário Digital publicou em 16 de abril de 2007, declarações de 13 grandes líderes judeus em defesa do grande Papa Pio XII, acusado injustamente por muitos de ter sido omisso na defesa dos judeus diante de Hitler. Na verdade a Igreja, por orientação do Papa, agindo de maneira diplomática, conseguiu salvar cerca de 800 mil judeus de serem mortos pelos nazistas.

Segundo o site citado, essas declarações desmentem esta calúnia que foi fortemente propagada pelos adversários da Igreja católica. Elas começaram com a propaganda comunista nos anos 60 e se transmitiram pela “nova esquerda” por toda a Europa, junto com a obra financiada pela União Soviética “O Vigário”, de Huchhoth. Nela se baseia o filme “Amém”, de Costa-Gavras.

As declarações a seguir (tradução nossa para o português), são testemunhos desde 1940, desde Einstein até os grandes rabinos de Bucarest, Palestina e Roma. Os historiadores judeus afirmam que Pio XII salvou a vida de muitos judeus.

As declarações dos líderes judeus:

1 – Albert Einstein: “Quando aconteceu a revolução na Alemanha, olhei com confiança as universidades, pois sabia que sempre se orgulharam de sua devoção por causa da verdade. Mas as universidades foram amordaçadas. Então, confiei nos grandes editores dos diários que proclamavam seu amor pela liberdade. Mas, do mesmo modo que as universidades, também eles tiveram que se calar, sufocados em poucas semanas. Somente a Igreja permaneceu firme, em pé, para fechar o caminho às campanhas de Hitler que pretendiam suprimir a verdade. Antes eu nunca havia experimentado um interesse particular pela Igreja, mas agora sinto por ela um grande afeto e admiração, porque a Igreja foi a única que teve a valentia e a constância para defender a verdade intelectual e a liberdade moral.” [Albert Einstein, judeu alemão, Prêmio Nobel de Física, na Revista norte-americana TIME, em 23 de Dezembro de 1940. Einstein teve que fugir da Alemanha nazista e foi acolhido nos EUA na universidade de Princeton].

2 – Isaac Herzog: “O povo de Israel nunca se esquecerá o que Sua Santidade [Pio XII] e seus ilustres delegados, inspirados pelos princípios eternos da religião que formam os fundamentos mesmos da civilização verdadeira, estão fazendo por nossos desafortunados irmãos e irmãs nesta hora, a mais trágica de nossa história, que é a prova viva da divina Providência neste mundo.” [Isaac Herzog, Gran Rabino da Palestina, em 28 de Fevereiro de 1944; “Actes et documents du Saint Siege relatifs a la Seconde Guerre Mondiale”, X, p. 292].

3 – Alexander Shafran: “Não é fácil para nós encontrar as palavras adequadas para expressar o calor e consolo que experimentamos pela preocupação do Sumo Pontífice [Pio XII], que ofereceu uma grande soma para aliviar os sofrimentos dos judeus deportados; os judeus da Romênia nunca esquecerão estes fatos de importância histórica.” [Alexander Shafran, Gran Rabino de Bucarest, em 7 de Abril de 1944; “Actes et documents du Saint Siege relatifs a la Seconde Guerre Mondiale”, X, p. 291-292].

4 – Juez Joseph Proskauer: “Temos ouvido em muitas partes que o Santo Padre [Pio XII] foi omisso na salvação dos refugiados na Itália, e sabemos de fontes que merecem confiança que este grande Papa estendeu suas mãos poderosas e acolhedoras para ajudar aos oprimidos na Hungria.” [Juez Joseph Proskauer, presidente do “American Jewish Committee”, na Marcha de Conscientização de 31 de Julho de 1944 em Nova York].

5 – Giuseppe Nathan: “Dirigimos uma reverente homenagem de reconhecimento ao Sumo Pontífice [Pio XII], aos religiosos e as religiosas que puseram em prática as diretrizes do Santo Padre, viram nos perseguidos a irmãos, e com arrojo e abnegação atuaram de forma inteligente e eficaz para socorrer-nos, sem pensar nos gravíssimos perigos a que se expunham.” [Giuseppe Nathan, Comissário da União de Comunidades Israelitas Italianas, em 7 de Setembro de 1945].

6 – A. Leo Kubowitzki: “Ao Santo Padre [Pio XII], em nome da União das Comunidades Israelitas, o mais sentido agradecimento pela obra levada a cabo pela Igreja Católica em favor do povo judeu em toda a Europa durante a Guerra.” [A. Leo Kubowitzki, Secretario Geral do “World Jewish Congress” (Congresso Judeu Mundial), ao ser recebido pelo Papa em 21 de Setembro de 1945].

7 – William Rosenwald: “Desejaria aproveitar esta oportunidade para render homenagem ao Papa Pio XII por seu esforço em favor das vítimas da Guerra e da opressão. Proveu ajuda aos judeus na Itália e interveio a favor dos refugiados para aliviar sua carga.” [William Rosenwald, presidente de “United Jewish Appeal for Refugees”, 17 de Março de 1946, citado em 18 de março no “New York Times”].

8 – Eugenio Zolli: “Podem ser escritos volumes sobre as multiformes obras de socorro de Pio XII. As regras da severa clausura caíram, todas e cada uma das coisas estão a serviço da caridade. Escolas, oficinas administrativas, igrejas, conventos, todos têm seus hóspedes. Como uma sentinela diante da sagrada herança da dor humana, surge o Pastor Angélico, Pio XII. Ele viu o abismo de desgraça ao qual a humanidade se dirige. Ele mediu e prognosticou a imensidão da tragédia. Ele fez de si mesmo o arauto da voz da justiça e o defensor da verdadeira paz.” [Eugenio Zolli, em seu livro “Before the Dawn” (Antes da Aurora), 1954; seu nome original era Israel Zoller, Gran Rabino de Roma; durante a Segunda Guerra Mundial; convertido ao cristianismo em 1945, foi batizado como “Eugenio” em honra de Eugenio Pacelli, Pio XII].

9 – Golda Meir: “Choramos a um grande servidor da paz que levantou sua voz pelas vítimas quando o terrível martírio se abateu sobre nosso povo.” [Golda Meier, ministra do Exterior de Israel, outubro de 1958, ao morrer Pio XII].

10 – Pinchas E. Lapide: “Em um tempo em que a força armada dominava de forma indiscriminada e o sentido moral havia caído ao nível mais baixo, Pio XII não dispunha de força alguma semelhante e pôde apelar somente à moral; se viu obrigado a contrastar a violência do mal com as mãos desnudas. Poderia ter elevado vibrantes protestos, que pareceriam inclusive insensatos, ou melhor proceder passo a passo, em silêncio. Palavras gritadas ou atos silenciosos. Pio XII escolheu os atos silenciosos e tratou de salvar o que poderia ser salvo.” [Pinchas E. Lapide, historiador hebreu e consul de Israel em Milão, em sua obra “Three Popes and Jews” (Três Papas e os Judeus), Londres 1967; ele calcula que Pio XII e a Igreja salvaram com suas intervenções 850.000 vidas].

11 – Sir Martin Gilbert: “O mesmo Papa foi denunciado por Joseph Goebbels – ministro de Propaganda do governo nazista – por haver tomado a defesa dos judeus na mensagem de Natal de 1942, onde criticou o racismo. Desempenhou também um papel, que descrevo com alguns detalhes, no resgate das três quartas partes dos judeus de Roma.” [Sir Martin Gilbert, historiador judeu inglês, especialista no Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, em uma entrevista em 2 de Fevereiro de 2003 no programa “In Depth”, do canal de televisão C-Span].

12 – Paolo Mieri: “O linchamento contra Pio XII? Um absurdo. Venho de uma família de origem judia e tenho parentes que morreram nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Esse Papa [Pio XII] e a Igreja que tanto dependia dele, fizeram muitíssimo pelos judeus. Seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas e quase um milhão de judeus salvos graças à estrutura da Igreja e deste Pontífice. Se recrimina a Pio XII por não ter dado um grito diante das deportações do gueto de Roma, mas outros historiadores têm observado que nunca viram os antifacistas correndo à estação para tratar de deter o trem dos deportados. Um dos motivos por que este importante Papa foi crucificado se deve ao fato de que tomou parte contra o universo comunista de maneira dura, forte e decidida.” [Paolo Mieri, periodista judeu italiano, ex-diretor do “Corriere della Sera”, apresentando o livro “Pio XII; Il Papa degli ebrei” (Pio XII; O Papa dos hebreus), de Andrea Tornielli, a 6 de Junho de 2001].

13 – David G. Dalin: “Pio XII não foi o Papa de Hitler, mas o defensor maior que já tiveram os judeus, e precisamente no momento em que o necessitávamos. O Papa Pacelli foi um justo entre as nações a quem há de reconhecer haver protegido e salvado a centenas de milhares de judeus. É difícil imaginar que tantos líderes mundiais do judaísmo, em continentes tão diferentes, tenham se equivocado ou confundido a hora de louvar a conduta do Papa durante a Guerra. Sua gratidão a Pio XII permaneceu durante muito tempo, e era genuína e profunda.” [David G. Dalin, rabino de Nova York e historiador, 22 de Agosto de 2004, entrevistado em Rimini, Itália].

Contra essas declarações inequívocas de ilustres judeus, é impossível alguém mais sustentar as antigas calúnias contra o Papa Pio XII; se assim o fizer, será por ignorância histórica ou maldade consumada.

Fonte: Prof. Felipe Aquino – Escola da Fé, 04/04/2008.



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Erro de data na circular de Pio XII para salvar judeus

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ROMA, quinta-feira, 19 de abril de 2007 (ZENIT.org)- A circular, citada pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, assinada por Pio XII para salvar os judeus perseguidos pelos nazistas é de 25 de outubro de 1943 não de 1945, como havíamos escrito por um erro de transcrição.

Publicamos a notícia corrigida. Obrigado por sua compreensão.

Pio XII deu indicação de acolher a judeus perseguidos, revela o cardeal Bertone
Em uma circular de 25 de outubro de 1943

ROMA, quarta-feira, 18 de abril de 2007 (ZENIT.org).- O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, revelou nesta terça-feira que Pio XII assinou uma carta na qual pedia a todos os institutos religiosos que abrissem suas portas para acolher os judeus perseguidos pelo nazismo.

O Papa Eugenio Pacelli, em 25 de outubro de 1943, assinou «uma circular da Secretaria de Estado com a qual se dava a orientação de acolher os judeus perseguidos pelos nazistas em todos os institutos religiosos, de abrir os institutos e inclusive as catacumbas», explicou.

Com suas palavras, o purpurado salesiano comentou a crise que surgiu na semana passada por causa da exposição de um painel sobre Pio XII no Yad Vashem, o Mausoléu do Holocausto em Jerusalém, no qual aparece uma explicação que indica Pio XII como responsável do «silêncio» e «da ausência de orientações» para denunciar o Holocausto.

O presidente do Yad Vashem, Avner Shalev, prometeu reconsiderar a maneira na qual se apresenta o Papa.

Ao participar da apresentação do livro de Maria Franca Mellano, «A obra salesiana de Pio XII no Apio Tuscolano de Roma», no Instituto Pio XI de Roma, no qual se documenta a salvação de centenas de judeus nesse centro, o cardeal Bertone definiu aqueles fatos como «uma história luminosa de generosidade».

«Mas esta obra foi possível, não só aqui, mas por toda parte, por uma circular da Secretaria de Estado com a assinatura de Pio XII», acrescentou o cardeal. «É impossível que Pio XII, que assinou aquela circular, não aprovasse esta decisão.»


Obs.: E tem vagabundo que até hoje chama Pio XII de "o Papa de Hitler" (F. Maier).



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Santa Sé e questão judaica: ressurge debate sobre beatificação de Pio XII

Entrevista ao professor Alessandro Duce, que escreveu sobre o tema

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ROMA, quinta-feira, 16 de novembro de 2006 (ZENIT.org).- A publicação e apresentação do livro em italiano «A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945)», da editora italiana Studium, fez ressurgir o debate sobre o processo de beatificação do Papa Pio XII.

O livro, escrito pelo professor Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma, pretende oferecer uma reconstrução detalhada da obra diplomática e humanitária desenvolvida pela Santa Sé frente às perseguições sofridas pelas populações judaicas nos anos mais dramáticos da história do século XX, a partir da subida ao poder na Alemanha de Adolf Hitler até o final da Segunda Guerra Mundial.

O livro do professor Duce se distingue pela amplitude das fontes diplomáticas vaticanas e internacionais usadas e consultadas. Graças aos arquivos vaticanos relativos à atividade da Santa Sé nos anos trinta, e às pouco conhecidas fontes diplomáticas italianas, o autor foi capaz de reconstruir momentos cruciais das relações entre a Alemanha e o Vaticano, desvelando inéditas situações de fundo.

Conhecem-se, por exemplo, as inumeráveis iniciativas relativas à questão judaica, empreendidas pela diplomacia vaticana e pelos pontífices nos diversos países europeus. Em particular, destacam-se os esforços vaticanos para facilitar a emigração dos judeus europeus ao continente americano e a ação da Santa Sé para opor-se à emanação de legislações antijudaicas na Europa centro-oriental.

A apresentação do volume, que aconteceu em Roma em 25 de outubro, despertou a atenção também sobre polêmicas relativas à causa de beatificação de Pio XII. Numerosos meios de comunicação deram a notícia de que o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, teria declarado que a causa de Pio XII estaria «parada».

Questionado por Zenit, o apresentador da causa de beatificação de Pio XII, o Pe. Peter Gumpel, revela que o cardeal Saraiva Martins lhe pediu para declarar que ele «não fez nunca uma declaração na qual sustentava que a causa de Pio XII está parada».

O Pe. Gumpel criticou também o artigo do «Corriere della Sera», de 26 de outubro, no qual «se informa de maneira parcial sobre o livro de Duce, apresentando-o como crítico com respeito ao Papa Pio XII, quando, ao contrário, é evidente que há centenas de páginas com muitas provas documentais que demonstram como e quanto os pontífices Pio XI, e sobretudo Pio XII, fizeram a favor dos judeus».

Para ter uma idéia mais ampla e articulada da questão, Zenit entrevistou o professor Alessandro Duce.

--Foram necessários cinco anos de investigação nos Arquivos para escrever este livro. Quais são as razões que o impulsionaram a aprofundar nas relações entre a Santa Sé e a questão judaica?

--Duce: De um exame dos numerosos escritos existentes e dos arquivos disponíveis, cheguei a uma convicção: não havia um trabalho sistemático e integral que examinasse a atuação da Santa sé e de suas estruturas diplomáticas em todo o arco temporal (1933-1945) e geográfico no qual se manifestou a violência nazista e antijudaica. Tentei preencher este vazio; não me corresponde dizer se consegui.

--Quais são as conclusões de sua pesquisa? Como foram as relações dos papas Pio XI e Pio XII com os judeus? Como se comportaram frente às leis raciais e às perseguições do povo judeu?

--Duce: Durante os anos da perseguição, as relações entre os vértices das comunidades judaicas e o Vaticano se tornaram cada vez mais freqüentes e intensas. Os dois pontífices do período não podem ser acusados de indiferença, de instigação, de cumplicidade com os perseguidores.

--Em um artigo publicado em 26 de outubro por «Corriere dela Sera», afirma-se que seu livro sustenta a tese de um Papa Pio XII «dubitativo, isolado» inclusive imóvel, «incapaz de tutelar nem os crentes nem os religiosos da perseguição e do martírio». É este o resultado de suas pesquisas?

--Duce: A observação do jornalista é precisa e pertinente em substância; mas necessita de interpretação, ou seja, de uma leitura específica, situada no contexto dos acontecimentos. A impossibilidade de Pio XII de tutelar da violência nacional socialista aos próprios crentes e ao clero deve fazer refletir. Pode-se pretender de quem não tem a força de tutelar «o próprio rebanho» que salve o dos «vizinhos»? O contexto do período é o de uma dupla perseguição: anticatólica (em geral anti-religiosa) e antijudaica. Creio que é inútil precisar que a segunda é muito mais violenta e cruel que a primeira.

--Por ocasião da apresentação de seu livro em Roma, elevaram-se algumas vozes para deter o processo de beatificação de Pio XII. Qual é sua opinião ao respeito?

--Duce: Minha pesquisa não tinha o objetivo de influir sobre o processo de beatificação de Pio XII. Devo confessar que eu mesmo não conheço os termos precisos deste procedimento, nem em que ponto está hoje. Destaquei centenas de documentos (muitos até agora ignorados); não excluo que alguns deles possam ser úteis ao trabalho da comissão encarregada da beatificação. Para mim, já é muito desgastante o trabalho «histórico»; não tenho nenhuma intenção de encarregar-me também da comissão.

--Ao final de seu livro, há um capítulo titulado «A cruzada da caridade». Pode explicar-nos de que se trata?

--Duce: A «cruzada da caridade» é uma expressão eficaz e feliz usada em várias ocasiões por autorizados representantes vaticanos. Ela pretende destacar a atividade desenvolvida pela Santa Sé durante o conflito a favor de todos os que sofriam (busca de desaparecidos, informações, ajuda aos detidos, apoio às imigrações, assistência econômica às famílias, prisioneiros, deportados, etc.). É evidente um esforço enorme e duradouro sustentado pelas estruturas vaticanas e pelas nunciaturas que, contudo, não estavam constituídas com estes objetivos. A Igreja de Roma quis proporcionar assistência em todas as direções, sem distinção de religião, nacionalidade ou estirpe. Naquela multidão de doentes estão também os judeus.



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Novos documentos provam amizade do Papa Pio XII com judeus

Descobertas recentes da Pave The Way Foundation

NOVA YORK, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ZENIT.org


Documentos descobertos recentemente provam que Pio XII teve gestos de amizade e proteção para com o povo judeu antes, durante e depois da 2ª Guerra Mundial. Assim divulgou ontem, através de um comunicado, a Fundação Pave The Way (PWTF), que se dedica a promover o diálogo entre as religiões.
As descobertas foram realizadas pelo historiador alemão Michael Hesemann, autor da obra The Pope Who Defied Hitler. The Truth About Pius XII («O Papa que desafiou Hitler. A verdade sobre Pio XII»). Hesemann, assessor da PWTF, revela ter encontrado uma série de documentos no Arquivo Secreto Vaticano que acreditam numerosas intervenções do Papa Pacelli a favor dos judeus.

Uma das descobertas é a de uma intervenção do arcebispo Pacelli, então núncio apostólico na Baviera, datada de 1917, através do governo alemão, para pedir que os judeus da Palestina fossem protegidos frente ao Império Otomano da Turquia.

O Dr. Hesemann mostra também que em 1917, o futuro Pio XII utilizou sua influência pessoal para que o então representante da Organização Sionista Mundial, Nachum Sokolov, fosse recebido pessoalmente por Bento XVI para falar sobre uma pátria judaica na Palestina.

Em 1926, Dom Pacelli animou os católicos alemães a apoiarem o Comitê Pró Palestina, que apoiava os assentamentos judaicos na Terra Santa.

Estas descobertas se unem às provas oferecidas pelo próprio presidente da PTWF, Gary Krupp, das quais o congresso sobre Pio XII celebrado em setembro de 2008 em Roma apresentou mais de 300 páginas de documentos originais, que contêm detalhes de como se levou a cabo a ordem do Papa, durante a guerra, de esconder os judeus em Roma.

Estes documentos, que podem ser baixados no site da fundação, recolhem, entre outros, um manuscrito de uma freira, datado de 1943, que detalha as instruções recebidas do Papa, assim como uma lista de judeus protegidos.

Outro dos documentos é um informe do US Foreign Service, do cônsul americano em Colônia, que informa sobre o «novo Papa» em 1939. O diplomata se mostra surpreso pela «extrema aversão» de Pacelli a Hitler e ao regime nazista, e seu apoio aos bispos alemães em sua oposição ao nacional-socialismo, ainda à custa da supressão das Juventudes Católicas alemãs.

Também se oferece um documento de 1938, assinado pelo então Secretário de Estado Eugenio Pacelli, no qual ele se opõe ao projeto de lei polonesa de declarar ilegal o sacrifício kosher, ao entender que esta lei «suporia uma grave perseguição contra o povo judeu».

Já como Papa, durante a guerra, Pio XII escreveu um telegrama ao então regente da Hungria, almirante Miklós Horthy, para que evitasse a deportação dos judeus, e este acedeu, o que se estima que salvou cerca de 80 mil vidas. Ao governo brasileiro pediu que aceitasse a 3 mil «não arianos».

Outro dos documentos que PTWF oferece é uma entrevista com Dom Giovanni Ferrofino, secretário do núncio no Haiti, Dom Maurilio Silvani. O prelado afirma que duas vezes por ano recebia telegrama cifrado da parte de Pio XII que remetia ao general Trujillo, presidente da República Dominicana, para pedir-lhe em nome do Papa 800 vistos para os judeus, com o qual se estima que pelo menos 11 mil judeus foram salvos por esta via.

Também se ofereceram provas de que o Vaticano falsificou secretamente certidões de batismo para permitir que muitos judeus migrassem como «católicos».

Uma descoberta pessoal

O empenho da PWTF obedece à própria determinação de seu presidente, Gary Krupp, judeu americano, que reconhece que cresceu «desprezando Pio XII», até que leu o livro de Dan Kurzman, A Special Mission: Hitler`s Secret Plot to Seize the Vatican and Kidnap Pope Pius the XII. Nele se recolhe o testemunho do general Karl Wolff, que detalha o plano de Hitler de assaltar o Vaticano e raptar o Papa Pio XII. Sabe-se que havia espiões no Vaticano e franco atiradores alemães a menos de 200 jardas das janelas papais.

A mesma restrição das declarações públicas do Papa, que foi fonte de críticas contra ele, explica-se pelo aumento dos castigos nos campos de concentração, testificado por ex-prisioneiros, cada vez que altos cargos eclesiásticos falavam contra o regime nazista.

Outra descoberta que fez Krupp mudar de sentimentos, segundo suas próprias declarações, foi a prova de que «O Vigário», a famosa obra do comunista alemão Rolf Hochhuth, apoiou-se em documentos vaticanos manipulados, como parte de um complô secreto da KGB para desacreditar a Santa Sé. Esta informação foi revelada pelo Tenente General Ion Mihai Pacepa, o agente da KGB de mais alto escalão que desertou.

Gary Krupp assegurou estar «surpreso ao pesquisar pessoalmente artigos do New York Times e do Palestine Post entre 1939 e 1958. Não pude encontrar nem um só artigo negativo sobre Pio XII».

O esclarecimento sobre a figura de Pio XII foi assumido como objetivo pela PWTF para «eliminar um obstáculo que afeta 1 bilhão de pessoas» para o entendimento entre judeus e católicos. «Por justiça, nós, judeus, devemos ser conscientes dos esforços desse homem, em um período em que o resto do mundo havia nos abandonado».

«É o momento de reconhecer Pio XII pelo que fez, não pelo que não disse», acrescenta Krupp, que considera que a causa de que esta «lenda negra» permaneça é, por um lado, «a rejeição dos críticos de Pio XII de consultar e revisar a documentação recentemente desclassificada do Arquivo Secreto Vaticano», e por outro, «a negativa da maior parte dos meios de comunicação de dar cobertura às informações positivas sobre Pio XII».



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Perante injustiças contra imagem de Pio XII, reexaminar fatos e documentos

Indicação de historiador brasileiro no contexto dos 50 anos da morte de Pacelli

SÃO PAULO, sexta-feira, 17 de outubro de 2008

ZENIT.org

Um historiador brasileiro considera que uma atitude de justiça com a imagem de Pio XII, um Papa «tão estimado» mas ao mesmo tempo «tão denegrido», seria «reler e reexaminar os fatos e os documentos fundamentais do seu pontificado».
Segundo o professor José Pereira da Silva, da diocese de Taubaté (São Paulo), nos 50 anos do falecimento de Pio XII, que se celebram este mês de outubro, é necessário buscar uma visão «equilibrada e justa» de seu papado.

Eugenio Pacelli nasceu em Roma em 2 de março de 1876, ordenado padre em 1899, tornou-se diplomata do Vaticano. Em 1917 foi núncio para a Alemanha e voltou como secretário de Estado de Pio XI.

Foi nomeado núncio em Berlim, em 1920. Após três semanas da morte do Papa Pio XI, o cardeal Eugenio Pacelli se elegeu Papa, adotando o nome de Pio XII.

«Depois de sua morte (9/10/1958) opositores e mesmo alguns grupos católicos fizeram uma revisão crítica do pontificado de Pio XII, não só com referência à política, mas sobretudo em relação à sua obra dentro da Igreja.»

«Infelizmente houve aqueles que tentaram fazer a destruição histórica do Papa Pio XII», afirma a Zenit o professor José Pereira.

O historiador considera que hoje, 50 anos depois da morte de Pio XII, «a melhor coisa a fazer seria reler e reexaminar os fatos e os documentos fundamentais do seu pontificado, sem nenhum preconceito».

Pereira considera que domina ainda hoje em alguns meios o lugar-comum que a Igreja não teria feito muito pelos judeus, no contexto da perseguição nazista.

«A questão que estava concretamente diante de Pio XII não era se devia falar ou calar, mas: quanto deve ser clara a palavra que o meu ministério de Pontífice me impõe e quanto pode ser clara a minha palavra, se penso nas consequências que ela pode ter diretamente sobre as pessoas ameaçadas?»

O historiador cita o exemplo dos bispos holandeses, que protestaram abertamente contra a perseguição dos judeus em 1942. Isso provocou a deportação de todos os católicos de origem judaica, como Edith Stein.

«Com toda probabilidade os judeus-católicos teriam sobrevivido, como aconteceu com a maioria dos judeus-protestantes holandeses, se os bispos tivessem agido de outra maneira.»

Portanto --prossegue o professor--, «aquilo que o Papa Pio XII fez ou não fez foi ditado por uma responsável ponderação dos bens em questão, ligada não só aos interesses da Igreja mas também aos de toda humanidade».

«Tratava-se de uma situação extrema, na qual ninguém podia saber com certeza qual fosse a decisão melhor.»

Pereira explica que, em silêncio, o Papa Pio XII salvou e abrigou milhares de judeus, criando para tal finalidade uma comissão pontifícia de assistência.

«Atualmente muitas organizações judaicas, como por exemplo a Pave the Way, reconhecem o papel importante de Pio XII em favor dos judeus perseguidos pelo nazismo», afirma.



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"O silêncio do Papa Pio XII durante o Holocausto era sinal de que ele aprovava as atrocidades nazistas. Por isso, merece o título de papa de Hitler": não é raro depararmos com uma afirmação como essa, mesmo em círculos de autoproclamados intelectuais.

As acusações contra o Papa Pio XII volta e meia reaparecem na mídia, na escola, na universidade... O que o rabino norte-americano David G. Dalin demonstra nestas páginas é que essa ideia não passa de um mito grosseiro, propagado por pessoas mais preocupadas em arranhar a imagem da religião do que com a verdade.

Apoiado em farta evidência histórica – documentos contemporâneos, pronunciamentos, testemunhos de colaboradores do papa e de sobreviventes –, o autor, também doutor em História, mostra que Pio XII não poupou esforços nem meios para salvar o maior número de pessoas possível (milhares delas) e que, ao fazê-lo, seguiu uma longa tradição de pontífices que sempre se mostraram amigos do Povo Escolhido, desde Gregório Magno (séc. VI) até os papas mais recentes.


Fonte: https://www.amazon.com.br/Mito-Papa-Hitler-David-Dalin/dp/8554991338


O livro de John Cornwell é fake history


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O FIM DO MITO SOBRE PIO XII - O “PAPA DE HITLER”

 

Por 60 anos, a verdade sobre a batalha do Papa Pio XII contra o nazismo tem sido suprimida. Mas novas evidências tornam inegável o seu heroísmo.

Passou despercebido pela imprensa mundial, mas uma notável reviravolta ocorreu recentemente nos estudos sobre o Holocausto. Quase dois anos atrás, a Fundação Internacional Wallenberg, um instituto de pesquisa histórica, iniciou um "projeto modesto": marcar as "Casas da Vida" — lugares onde judeus eram protegidos durante a guerra — com uma placa memorial. Foram encontradas mais de 500 casas como essas na Itália, França, Hungria, Bélgica e Polônia. Eduardo Eurnekian, presidente da fundação, escreveu que, "para nossa surpresa, descobrimos que a esmagadora maioria das Casas da Vida eram instituições relacionadas à Igreja Católica, incluindo conventos, mosteiros, internatos, hospitais etc".

Em Roma apenas, quase 4.500 pessoas encontraram refúgio em igrejas, conventos, mosteiros e internatos. Em Varsóvia, a Igreja de Todos os Santos protegeu judeus. Isso é notável porque a pena para poloneses que abrigassem judeus era o campo de extermínio ou, mais provavelmente, a execução sumária.

Que uma fundação nomeada após Raoul Wallenberg encontre uma colaboração católica tão ampla para salvar a vida de judeus, é coisa muitíssimo apropriada. Wallenberg foi um diplomata sueco em Budapeste durante a guerra. Ele e Angelo Rotta, o núncio papal, salvaram 120 mil dos 150 mil judeus da cidade. Wallenberg foi preso pela Guarda Vermelha e nunca mais visto.

As notícias sobre as Casas da Vida só são surpreendentes porque a verdade sobre a Igreja e o povo judeu na II Guerra Mundial tem sido escondida. Vários ajudantes do Papa da época da guerra, Pio XII, reconhecem que trabalharam para resgatar judeus sob instruções diretas do pontífice. Eles ainda incluíram dois futuros papas — Mons. Angelo Roncalli (João XXIII) e Mons. Giovanni Battista Montini (Paulo VI). Pio XII mesmo protegeu judeus tanto no próprio Vaticano como em Castel Gandolfo.

Este é um bom momento para marcar o testemunho da Igreja contra o nazismo. Oitenta anos atrás, a 14 de março de 1937, Pio XI publicou Mit Brennender Sorge ("Com grande preocupação), uma encíclica, propositalmente escrita em alemão, condenando o nazismo. "Quem quer que exalte a raça, ou o povo, ou o Estado, e divinize-os a um nível idolátrico, perverte a ordem do mundo criado por Deus", escreveu o Papa.

O secretário de Estado de Pio XI era o Cardeal Pacelli, futuro Pio XII. Ele distribuiu secretamente o texto, que ajudara a redigir, dentro da Alemanha. Quatro anos antes, ele havia negociado uma concordata entre a Santa Sé e a Alemanha, não para apaziguar o nazismo, mas para ter algum meio de conter os nazistas através de um tratado internacional. O regime referia-se a ele como um "amante de judeus". Pacelli fez mais de 50 protestos contra a política nazista, nos dias que antecederam a aprovação da Lei de Concessão, que garantiu a Hitler o poder para decretar leis sem a aprovação do Reichstag. Pacelli foi considerado tão anti-nazista que o III Reich tentou impedir a sua eleição como papa em 1939.

A história pessoal de Pacelli é importante. Ele era um amante da cultura germânica — e, igualmente, da cultura judaica — desde sua juventude. Como núncio na Bavária durante a breve república comunista de 1919, demonstrou sua coragem pessoal, permanecendo em seu posto. Sua simpatia e amizade com judeus, incluindo o grande maestro Bruno Walter, era bem conhecida, e ele concedeu auxílios discretos a muitos. A pedido de Walter, conseguiu a liberdade de um músico, Ossip Babrilowitsch, preso em um massacre (pogrom) enquanto a Bavária estava sob o domínio comunista. Em segurança na América, Gabrilowitsch tornou-se o diretor e fundador musical da Orquestra Sinfônica de Detroit. Walter, por sua vez, tornou-se católico.

Antes da guerra, Pacelli assumiu riscos extraordinários para ajudar a oposição alemã. Ele sabia que os generais estavam planejando um ataque contra Hitler, e fez com que notícias de suas intenções chegassem ao governo britânico.

Em uma situação de grande dificuldade, Pio XII fez o que ninguém mais fez para salvar a vida de judeus durante a guerra. Ele bem sabia o que realmente estava acontecendo ao povo judeu. Naquela época, muitos estavam na defensiva, incluindo um diplomata britânico que escreveu sobre "estes judeus queixosos". Nem o Reino Unido, nem a América facilitaram a fuga de judeus para o exílio — o Kindertransport foi uma abençoada exceção.

Nos anos da guerra, Pio XII atuou diretamente na Itália e por meio de diplomatas papais na Romênia, Hungria, Eslováquia e outros lugares. Não surpreendentemente, dadas as circunstâncias, não há nenhum número exato daqueles que foram salvos pelo Papa ou pela Igreja de um jeito ou de outro. Talvez tenha sido algo entre 500 e 860 mil.

As declarações de Pio XII tanto antes como durante a guerra eram inequivocamente hostis ao nazismo. Os Aliados podiam querer mais, mas o preço seria o fim de todo o bem que o Papa podia fazer. Os nazistas entendiam os pronunciamentos dele muito bem. Um plano para sequestrá-lo em 1944 foi apenas evitado pela improvável intervenção do general da SS Karl Wolff.

O Papa foi também completamente claro sobre os males do comunismo e da viciosa perseguição religiosa dos stalinistas. Mas não disse nada sobre isso durante a guerra. Os diplomatas aliados no Vaticano entenderem isso, pois só preservando a neutralidade da Santa Sé o Papa podia conceder refúgio a milhares de judeus em casas religiosas na Itália e mesmo no Vaticano. Isso também lhe permitiu manter contatos a fim de que informações sobre os prisioneiros de guerra e do Holocausto pudessem chegar aos Aliados.

Tudo isso era conhecido durante e após a guerra, inclusive por judeus. Albert Einstein, que escapou do regime nazista, disse em 1940: "Somente a Igreja permaneceu firmemente do outro lado da campanha de Hitler para suprimir a verdade… Eu sou obrigado, portanto, a confessar que agora louvo sem reservas o que uma vez eu desprezei".

Chaim Weizmann, primeiro presidente de Israel, e Isaac Herzog, líder dos rabinos de Israel, prestaram igualmente generosos tributos a Pacelli. Israel Zolli, chefe dos rabinos de Roma, tornou-se católico e, em homenagem ao Papa, tomou o nome cristão de "Eugênio". Depois da morte de Pio XII em 1958, Golda Meir, então ministra israelita das relações exteriores, escreveu: "Nós choramos um grande servo da paz".

Os nazistas odiavam a Igreja. Milhares de padres católicos foram aprisionados, especialmente em Dachau, o "campo dos padres". É verdade que alguns bispos seguiram uma política de apaziguamento: o Cardeal Adolf Bertram de Breslau supostamente teria ordenado um missa de Requiem para Hitler, em 1945. Alguns católicos traíram judeus e chegaram a massacrá-los, como em Jedwabne, em 1941. Mas outros, notavelmente o bispo Clemens August von Galen, de Münster, e o bispo Konrad von Preysing, de Berlim, fizeram tudo que podiam para resistir ao nazismo. O agente de Preysing e cura da Catedral de Berlim, Bernhard Lichtenberg, foi judicialmente morto e agora é reconhecido como um mártir.

Passados quase 60 anos, no entanto, desde a morte de Pio XII, sua reputação tem sido manchada. Exemplo recente foi uma reportagem da BBC que relacionou a oração silenciosa do Papa Francisco em Auschwitz a um ato de reparação pelo silêncio da Igreja Católica. A corporação estava simplesmente repetindo aquilo que se tornou a visão comum sobre Pio XII e a Igreja durante a guerra.

Deixemos, entretanto, a última palavra para o próprio Papa Pio XII. Em 1943, ele escreveu: "Chegará o momento em que documentos não publicados sobre esta terrível guerra serão tornados públicos. Então, a tolice de todas as acusações se tornarão tão claras como a luz do dia. Sua origem não é a ignorância, mas o desprezo pela Igreja". Naquela época, o Papa estava se referindo à propaganda nazista. Mas suas palavras se aplicam igualmente bem às calúnias maliciosas contra ele lançadas nos últimos 60 anos.

 

Fonte: https://apostoladoracao.wixsite.com/paroquiadecolares/post/2017/03/16/o-fim-do-mito-sobre-pio-xii-o-e2-80-9cpapa-de-hitler-e2-80-9d




   Nota:

Lenda Negra

O mesmo que Legenda Negra, expressão cunhada pelo escritor espanhol Julián Juderías, em 1914. Movimento de diabolização dos conquistadores da América, centra seus ataques principalmente contra a Igreja Católica na América Latina. A Lenda Negra promove o retorno ao pelagianismo e ao paganismo religioso indígena e africano. Personagens influentes do movimento: Frei Beto, diretor da revista America Libre, órgão oficial do Foro de São Paulo (FSP), e Leonardo Boff. Este último empenha-se na implantação de “um cristianismo indo-afro-americano inculturado nos povos, nas peles, nas danças, nos sofrimentos, nas alegrias e nas línguas de nossos povos, como resposta a Deus” (na carta em que renuncia ao sacerdócio, em 29/06/1992). Ou seja, é a pregação do fim da Civilização Ocidental cristã, com a volta do ser humano a seu estado primitivo (canibalismo, magia negra, sacrifício de seres humanos etc.).


Lenda Negra contra Pio XII

Periodicamente, a mídia volta a insistir na mentira do milênio passado, de que o Papa Pio XII foi omisso e insensível frente ao massacre nazista promovido contra os judeus. Há vários livros que tentam difundir essa mentira, como O Papa de Hitler, do embusteiro John Cornwell, um best-seller de anos atrás. Livros sérios, que desmentem a calúnia contra Pio XII, como The Myth of the Hitler Pope, do rabino David Dalin, e The Defamation of Pius XII, do filósofo Ralph McInnerny, continuam inacessíveis ao público em geral e nunca foram mencionados pela mídia ideologicamente comprometida com o anticlericalismo. Também nada se diz sobre o livro A Santa Sé e a questão judaica (1933-1945), de Alessandro Duce, professor extraordinário de História das Relações Internacionais nas Faculdades de Ciências Políticas e de Jurisprudência da Universidade de Parma. Atualmente, com o andamento do processo de beatificação de Pio XII, muitas vozes, inclusive judaicas, continuam a propalar a mentira. O Papa Bento XVI, com a força moral e intelectual de que estava investido, reagiu à altura contra as calúnias, refutando didática e enfaticamente as falsas acusações que pesam contra Pio XII. Por isso, para reconduzir a verdade para o lugar que ela merece, acesse http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/lenda-negra-contra-pio-xii-por-zenitorg.html

F. Maier


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