MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

As Ossadas do Cemitério de Perus - por Félix Maier

terça-feira, 28 de junho de 2016

As Ossadas do Cemitério de Perus


Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Félix Maier

Todos os anos, a grande mídia serve de caixa de ressonância ao embuste e à desinformação esquerdista, requentando matéria antiga sobre ossadas de terroristas que teriam se perdido no Araguaia e em Perus.

As ossadas e as valas comuns de nossos amigos são mais caras aos nossos sentimentos do que a de nossos inimigos, e por isso devem ser pranteadas com rios de lágrimas.

Um exemplo desse maniqueísmo pode ser exemplificado por Dom Paulo Evaristo Arns, que, todos os anos, no dia de Finados, reza uma missa pelas “ossadas de Perus”, em São Paulo, um cemitério que conteria restos mortais clandestinos de terroristas e militantes de esquerda que infernizaram o Brasil nas décadas de 1960 e 70.

Não consta que o distinto cardeal, que é barriga-verde como eu, tenha rezado missa pela alma do soldado Mário Kozel Filho, explodido pelo grupo terrorista de Dilma Rousseff (VAR-Palmares) numa guarita de um quartel do Exército, em São Paulo, em 1968. Nem que tenha rezado pelo tenente da PM paulista, Alberto Mendes Júnior, torturado até a morte, em 1970, com coronhadas de fuzil na cabeça, a mando de Carlos Lamarca.

“A palavra ossadas tem algo de aterrador e foi muito utilizada, embora não signifique mais do que vala comum. (...) O que é importante é que basta mostrar na televisão um pedaço de terra revolvida de fresco e anunciar que talvez ali haja um número arbitrário X de cadáveres para que na cabeça do telespectador fique, em vez do ‘talvez’, o número X, que ele, aliás, tenderá a aumentar quando falar da emissão televisiva com os amigos” (VOLKOFF, 2004: 168). (*)

Durante o II Fórum Social Mundial, em 2002, em Porto Alegre, foi proibida a apresentação de fotos e vídeo das famosas ossadas dos cambojanos assassinados pelo líder do Khmer Vermelho, Pol Pot. Enquanto isso, “procuradores de ossos”, capitaneados pelo advogado petista Eduardo Greenhalgh (que ficou milionário defendendo “perseguidos políticos”), tentam localizar as ossadas de guerrilheiros do PC do B mortos na Guerrilha do Araguaia, não para dar um enterro digno às vítimas, mas apenas para praticar mais um ato de revanchismo contra as Forças Armadas que derrotaram a Peste Vermelha e, assim, manter o assunto ad aeternum na imprensa, pois as "ossadas de ouro" dificilmente poderão ser encontradas na selva, mesmo revolvendo todo o terreno do Pará e do Tocantins.

Todos os anos, a grande mídia serve de caixa de ressonância ao embuste e à desinformação esquerdista, requentando matéria antiga sobre ossadas de terroristas que teriam se perdido no Araguaia e em Perus. Na verdade, muitas das ossadas de Perus pertencem a indigentes, ainda não identificados. Em tese, pode até ocorrer a identificação de algum terrorista enterrado em Perus, não clandestinamente, como mente a esquerda, mas com o nome falso que portava em sua identidade quando foi morto em confronto com a polícia ou simplesmente “justiçado” pelos próprios companheiros. A repetida “terra revolvida de fresco”, tanto no Araguaia, quanto em Perus, faz esquecer as ossadas de Pol Pot (veja Museu do Genocídio Tuol Sleng - http://pt.wikipedia.org/wiki/Tuol_Sleng), o Massacre de Katyn (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=12532&cat=Ensaios) e a Estrada de Ossos da antiga União Soviética (http://textozon.com/conteudo/artigo-4872.html).

“O número de enterrados tem variado de milhares ou de centenas até a umas poucas dezenas de ‘assassinados’. O Correio Braziliense, de 20/12/02, publicou em seu caderno Coisas da vida, que pesquisadores brasileiros e ingleses começarão a examinar os ‘corpos de 1.200 desaparecidos durante a ditadura militar’ que estão sepultados no cemitério de Perus. O Grupo Tortura Nunca Mais diz que são 184 os mortos e 136 os desaparecidos na ‘luta contra a ditadura’. Desses 136 desaparecidos, 53 teriam sido durante a guerrilha do Araguaia, em plena floresta amazônica. Portanto, restariam 83 corpos de desaparecidos para o restante do Brasil, inclusive para o cemitério de Perus que, por sinal, nunca foi clandestino. (...) Quando Luiza Erundina era prefeita de São Paulo iniciou a campanha para encontrar os ‘desaparecidos da ditadura no cemitério clandestino de Perus’. Os jornais da época noticiavam em primeira página e as TV em seus noticiários, o encontro de milhares de ossadas de desaparecidos e mostravam ossadas e mais ossadas sendo desenterradas para serem entregues aos legistas da Unicamp, que iriam identificá-las. Ninguém foi identificado, mas os desmentidos nunca foram feitos. (...) A mídia e os escribas de aluguel, porém, nunca se preocuparam em dizer que o famoso ‘cemitério clandestino’ não passava de valas comuns, onde eram enterrados os indigentes e, também, os corpos daqueles para quem as famílias não renovavam o aluguel das covas ou dos jazigos onde foram sepultados. Essas ossadas, na realidade, são muitas e com o acúmulo dos anos podem ter chegado aos milhares” 

(General-de-Divisão Raymundo Maximiano Negrão Torres - História Oral do Exército, 1964, Tomo 14, pg. 84-5). (**)

Maiores informações sobre o assunto podem ser obtidas acessando o ORVIL(http://www.averdadesufocada.com/images/orvil/orvil_completo.pdf) e o texto de Joseita Ustra, A vala do Cemitério de Perus (http://www.averdadesufocada.com/index.php/revanchismo-especial-98/8380-110413-a-vala-do-cemiterio-de-perus).

Referências:

(*) VOLKOFF, Vladimir. Pequena História da Desinformação - do Cavalo de Troia à Internet. Editora Vila do Príncipe Ltda., Curitiba, 2004

(**) MOTTA, Aricildes de Moraes (Coordenador Geral). História Oral do Exército - 1964 - 31 de Março - O Movimento Revolucionário e sua História. Tomos 1 a 15. Bibliex, Rio, 2003.

P.S.: 

José Luis Sávio Costa é coronel reformado do Exército. Foi Oficial de Inteligência e, por um tempo, articulista do site Mídia Sem Máscara, criado pelo professor, escritor, filósofo e pensador brasileiro Olavo de Carvalho.
Por seu trabalho de desinformação e mentiras, Caco Barcellos recebeu os prêmios Embratel e Líbero Badaró. É assim que a História do Brasil é contada todo dia, principalmente em nossas escolas. É assim que a História do Brasil será deturpada pela Comissão Nacional da Verdade, o Pravda tupiniquim. Pravda, em russo, significa "verdade"...  


Leia "A Grande Farsa de Caco Barcellos", texto completo:

https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/a-grande-farsa-de-caco-barcellos-por.html



31/08/2008 - A vala do Cemitério de Perus

Publicado no site www.averdadesufocada.com

José Dirceu antes da plástica e de mudar de nome. Se tivesse a infelicidade da falecer de qualquer uma das milhares de causas possíveis, não se achariam os parentes, seria enterrado e esquecido. Existem muitas maneiras de se perder a vida, mas se estiver na lista dos desaparecidos, só existirá um culpado.
Os militantes das organizações terroristas, quando entravam na clandestinidade, abandonavam a família, os estudos, os amigos, a profissão e até o próprio nome. Tudo passava a fazer parte do seu passado.

Para viver na clandestinidade, necessitavam de nova história de vida, de novos amigos, de novo nome, de nova identidade. Para isso não hesitavam em fraudar a lei. Nesse sentido, o mais comum era obterem uma nova certidão de nascimento, com o nome que passariam a usar. Com essa certidão compareciam a um serviço de identificação do governo, onde eram identificados e de onde saíam com uma nova carteira de identidade, legítima e válida para todos os efeitos legais. A partir desse momento, por meios criminosos, oficialmente, passavam a ser outra pessoa. Essa situação, em caso de arrependimento, era de longa e difícil reversão. Só poderia ser conseguida através da Justiça.

A exemplo deste fato, o jornal 'O Globo' de 14/01/2007 publicou matéria de Evandro Éboli sob o título: 'A dupla identidade de um clandestino na democracia'. Segundo o publicado, Carlos Augusto Lima Paz recebeu, em1972, do PC do B, uma identidade falsa com o nome de Raimundo Cardoso de Freitas. Em 1985 ele entrou na justiça para retomar sua real identidade, mas não teve sucesso. Somente em dezembro de 2006, a Comissão de Anistia aprovou o direito de Raimundo voltar a ser quem é: Carlos Augusto.
Outro procedimento era receberem do Serviço de Inteligência da organização identidades falsas. As cédulas das carteiras de identidade, em branco, eram conseguidas nos assaltos aos Postos de Identificação do governo e as certidões de nascimento, em branco, também eram obtidas em assaltos aos Cartórios de Registro. Assim agindo, evitavam ser reconhecidos e presos caso procurassem um posto de identificação policial.

Creio que esse foi o caso de José Dirceu. Ao retornar de Cuba, ingressou no Brasil já com uma nova e falsa identidade, o que o permitiu continuar com suas atividades clandestinas. Casou, registrou um filho e fez negócios, usando essa falsa identidade. Creio que não foi fácil para José Dirceu, após a Lei da Anistia, voltar a usar o seu nome de batismo e deve tê-lo conseguido através da Justiça.

Só os Serviços de Informações possuíam fotos, geralmente desatualizadas, dos principais militantes das organizações terroristas.

Caso um militante, usando uma identidade com o nome diferente do seu, morresse num acidente, dificilmente seria reconhecido pelas autoridades policiais que atendessem a ocorrência.

Quando, porém, entre os documentos apreendidos em poder do morto era encontrado material subversivo, armas, bombas, etc, o DOPS ou o DOI (no caso de São Paulo) eram informados.

José Dirceu, se falecesse num acidente ou por doença, em Cruzeiro d`Oeste, nos idos de 1975 a 1979, teria sido sepultado legalmente com o nome de Carlos Henrique Gouveia de Melo. Hoje, seu nome certamente estaria incluído na lista de desaparecidos políticos e os órgãos de segurança acusados de ocultação de cadáver.

Quando um terrorista, usando uma identidade obtida de modo criminoso, morria em combate, tínhamos que seguir os procedimentos normais para sepultá-lo.

Como seu nome não constava na nossa relação de terroristas procurados, ficávamos na dúvida, mas tínhamos a certeza de que, normalmente, por medida de segurança, eles trocavam suas identidades. Começava, então, o nosso trabalho em saber quem ele era na realidade.

Às vezes, pela fotografia, um companheiro de militância o reconhecia. Outras vezes, pesquisando no álbum de fotografias, por semelhança, obtínhamos seu nome verdadeiro.

Obrigatoriamente, eram tiradas as impressões digitais pelas autoridades policiais encarregadas do sepultamento e comparadas com as da carteira de identidade que portava. Confirmado que eram idênticas, o sepultamento era feito com o nome constante na carteira.

Suas impressões digitais eram enviadas aos Serviços de Identificação para que suas fichas datiloscópicas fossem comparadas e o verdadeiro nome oficialmente identificado. Isso demandava tempo.

No inquérito policial, aberto para apurar a morte, essa situação da dupla identidade era declarada, mas só a Justiça poderia fazer o morto voltar à sua primeira identidade.

Normalmente, as famílias nem sabiam de seu falecimento, apesar de noticiados em jornais, pois desconheciam os seus paradeiros. O morto era enterrado numa cova rasa, mas com a exata localização no cemitério. A qualquer momento, a sepultura poderia ser encontrada. Não era, portanto, sepultamento clandestino.

Em São Paulo, a maioria dos terroristas mortos em combate foi sepultada no Cemitério Dom Bosco, no bairro Perus.

Passado o prazo legal, que penso ser de cinco anos, como acontece em todos os cemitérios do País, se a família não retirasse os restos mortais e os colocasse num nicho ou em um jazigo, eles seriam exumados e enterrados numa vala comum, juntamente com as ossadas de outras pessoas que se encontrassem na mesma situação. A esquerda, dentro do quadro de revanchismo a que se impôs, explora essa situação e acusa as autoridades de enterrar os 'presos políticos' em cemitérios clandestinos e com nomes falsos.

Em 1990, Luiza Erundina, então prefeita de São Paulo pelo PT, com a força do seu cargo, ajudou a esquerda nesse processo de 'denúncias', criando a Comissão Especial de Investigações das Ossadas de Perus.

Em 4 de setembro daquele ano, a prefeitura de São Paulo abriu com grande estardalhaço, com manchetes e mais manchetes na mídia, a Vala de Perus, localizada no Cemitério Dom Bosco, na periferia da cidade, onde estavam enterradas 1.049 ossadas de indigentes e, possivelmente, de alguns terroristas.

Ainda em setembro desse ano, no dia 17, instalou-se na Câmara Municipal de São Paulo uma CPI para investigar as 'irregularidades' na Vala de Perus.

De acordo com www.desaparecidospoliticos.org.br: 'em seis meses de atividades da CPI, foram realizadas 42 sessões ordinárias, uma extraordinária, várias diligências ao Sítio 31 de março de 1964, em Parelheiros, três visitas à Secretaria de Segurança Pública, cinco à Prefeitura Municipal, uma ao DHPD, duas ao Departamento de Comunicação Social da Secretaria de Segurança Pública, duas à Polícia Federal, duas ao Cemitério de Perus e duas à UNICAMP.'

O Sitio 31 de Março, de propriedade do senhor Joaquim Rodrigues Fagundes, foi incluído nas investigações por vingança, pois eles não aceitavam que um sítio tivesse esse nome. Inventaram que nele estavam enterrados os corpos de muitos 'desaparecidos'. As máquinas da prefeitura revolveram o solo do sítio, deixando-o em uma situação lastimável. Como já se esperava, nada foi encontrado. Tudo não passou de um teatro, montado para a imprensa que, aliás, 'esqueceu' de publicar o resultado das escavações.

No dia 09/04/2003, o Serviço Funerário do Município de São Paulo publicou no Portal Prefeitura de São Paulo, sob o título: 'SFMSP ajuda a resgatar a história política do Brasil', uma matéria da qual destacamos: 'O Serviço Funerário também participou ativamente da localização das ossadas de mais de mil militantes políticos que foram assassinados e enterrados em vala clandestina do Cemitério de Perus. No dia 4 de setembro de 1990, os corpos foram exumados para análise e identificação.'

Segundo a ONG Tortura Nunca Mais, foram 358 os mortos e desaparecidos em todo o Brasil e no exterior, incluídos os do Araguaia, os que se suicidaram, os que faleceram em acidentes de carro, os mortos em passeatas e arruaças.

Já Nilmário Miranda, em seu livro Dos filhos deste solo, aponta 420 mortos, dos quais 23, segundo ele, não têm motivação política e um dos 'mortos', Wlademiro Jorge Filho, está vivo (página 468 do seu livro). O número portanto cai para 396 mortos.

De onde esse Serviço Funerário da Prefeitura, na época de Marta Suplicy do PT, tirou os mais de mil militantes políticos, enterrados na Vala de Perus?

Por que mentir de forma tão leviana? Por que empregar a teoria de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, de que a mentira, muitas vezes repetida, se torna uma verdade? Qual o interesse da prefeitura e por que a irresponsabilidade em afirmar o que é inverídico?

Segundo a matéria, nenhum terrorista foi morto em combate com os órgãos de segurança, todos foram assassinados, e a vala comum, que sempre existiu, passou a ser clandestina.

Segundo o site www.desaparecidospoliticos.org.br/perus.htm-25k- :

- Em 1973, a família dos irmãos Yuri e Alex de Paula Xavier Pereira descobriu que Yuri estava enterrado no Cemitério de Perus. Procurando o administrador do cemitério, localizou no livro de registros o sepultamento de João Maria Freitas, nome falso usado por Alex.

- Em junho de 1979, alguns familiares foram ao Cemitério de Perus e localizaram outros militantes mortos, sob identidade falsa, como Gelson Reicher, enterrado com o nome de Emiliano Sessa, e Luís Eurico Tejera Lisboa, enterrado como Nelson Bueno.

- Em 1992, foram identificados na Vala de Perus Denis Antônio Casemiro, considerado desaparecido, e Frederico Eduardo Mayr.

- No Cemitério de Perus foram identificados três esqueletos em covas individuais, como sendo de Helber José Gomes Goulart, Antônio Carlos Bicalho, Lana e Sônia Maria de Moraes Angel Jones.

- No mesmo cemitério foram identificados os esqueletos das covas onde estavam enterrados Hiroaki Torigoe e Luís José da Cunha. Seus ossos foram retirados e enviados para o DML/UNICAMP.

A respeito do que está publicado nesse site, podemos acrescentar que:

- Denis Antônio Casemiro não é desaparecido. Segundo o livro de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, foi enterrado com o verdadeiro nome.

- Hiroaki Torigoe faleceu em 05/01/72. Sua morte foi publicada no dia seguinte no jornal O Estado de S. Paulo, onde consta o seu verdadeiro nome.

Apesar de se saber, através de fotografias, o nome de nascimento, foi enterrado com o nome dos documentos que portava ao morrer: Massamiro Nakamura. Torigoe só foi identificado oficialmente depois de prolongada busca nos órgãos de identificação para a comparação das suas impressões digitais.

- Alex de Paula Xavier Pereira e Gelson Reicher morreram no dia 20/01/1972, em tiroteio com uma equipe do DOI, após terem abatido a tiros de metralhadora o cabo Sylas Bispo Feche, desta equipe. As suas mortes foram tornadas públicas dois dias depois, em matéria do jornal O Estado de S. Paulo, onde constam seus nomes verdadeiros. Foram sepultados com os nomes constantes nos documentos que usavam ao morrer, João Maria Freitas (Alex) e Emiliano Sessa (Gerson). Em novembro de 1980, a família de Alex retirou do Cemitério de Perus os restos mortais dos dois irmãos, Yuri e Alex, e os sepultou no Cemitério de Inhaúma, no Rio de Janeiro. A família de Gelson Reicher, após exumar seu corpo no Cemitério de Perus, o sepultou no Cemitério Israelita.

- Frederico Eduardo Mayr, ao morrer no dia 24/02/1972, foi enterrado com o nome que usava: Eugênio Magalhães Sardinha.

- Yuri Xavier Pereira, Ana Maria Nacinovic Corrêa e Marcos Nonato da Fonseca faleceram em 14/06/1972. A noticia de suas mortes foi publicada no dia 18/06/1972 pela imprensa, inclusive pelo Diário Popular, onde aparecem seus nomes verdadeiros.

- Helber José Gomes Goulart faleceu em 16/07/1973. Usava os nomes falsos de Walter Aparecido Santos e Acrísio Ferreira Gomes. Os jornais Folha da Tarde e Jornal do Brasil, do dia 18/07/1973, publicaram sua morte, com sua foto e nome verdadeiro.

- Antônio Carlos Bicalho Lana e Sônia Maria de Moraes Angel Jones faleceram em 30/11/1973. Suas mortes foram publicadas na imprensa, inclusive no jornal O Globo de 01/12/1973.

Recentemente, em 03/09/2005, os jornais do País publicaram matéria a respeito das ossadas de Flávio Carvalho Molina. Segundo o jornal Correio Braziliense: 'Flávio Carvalho Molina foi enterrado com o nome falso de Álvaro Lopes Peralta, no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Posteriormente, seu corpo foi exumado e transferido para uma vala comum, junto com os restos mortais de outros presos políticos, enterrados como indigentes. Em 1990, a vala foi aberta e 1.049 ossadas exumadas, entre elas as de Molina.'

A notícia é tendenciosa. Como já expliquei, Flávio tinha de ser sepultado com o nome que usava ao morrer, isto é Álvaro Lopes Peralta. Assim, o corpo foi encaminhado para autópsia ao Instituto Médico Legal, órgão do governo do Estado de São Paulo, a quem cabia, por força de prescrição legal, a responsabilidade pelo sepultamento. Também, quem lê a noticia é induzido a pensar que as 1.049 ossadas eram de 'presos políticos' e não de indigentes.

A bem da verdade, Flávio Carvalho Molina foi sepultado na cova 14, rua 11, quadra 2, gleba 1, registro 3.054. Isso consta no Inquérito Policial, enviado à 2ª Auditoria Militar, em São Paulo. Se a sua família tivesse lido os jornais da época e se tivesse procurado as autoridades, como o fez em julho de 1979, saberia onde estava enterrado o seu ente querido e poderia, como o fizeram outras, tê-lo exumado, evitando que, após cinco anos, sua ossada fosse sepultada na vala comum, juntamente com indigentes. Que fique bem claro, Flávio Carvalho Molina não foi enterrado clandestinamente nem com nome falso; paradoxalmente, o último nome que usava também era verdadeiro.

Em junho de 2006, a mídia publicou, com grande destaque, a identificação da ossada de Luís José da Cunha, o 'Crioulo', que morreu em combate em meados de 1973 e teria sido enterrado no cemitério de Perus como indigente. Ao final da década de 60, 'Crioulo', após regressar de Cuba, onde fizera curso de treinamento de guerrilha, destacou-se como um militante e terrorista de prestígio na sua organização, sendo escolhido membro do Comando Nacional da ALN em 1973. Com a experiência desse treinamento, desempenhou importante papel na formação de vários jovens que se atiraram na luta armada, levando muitos a morte. Foi segurança e homem de confiança de Marighella, o ideólogo do terror.

No dia 29/06/2006 o Correio Braziliense publicou a seguinte matéria: 'A Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos anunciou ontem a identificação, por amostras de DNA, da ossada do guerrilheiro Luís José da Cunha, mais conhecido como 'Crioulo', da Ação Libertadora Nacional (ALN). Emboscado em Santo Amaro, zona sul de São Paulo, por uma equipe do Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). 'Crioulo' foi morto em junho de 1973 e enterrado como indigente no Cemitério de Perus, na zona oeste da capital paulista. Os autos da autópsia, recuperados pela Comissão de Mortos em 1995 revelaram que ele foi 'brutalmente torturado até a morte e teve a cabeça arrancada para dificultar a identificação, só possível agora com os avanços da medicina legal', segundo o presidente da comissão Marco Antonio Barbosa. Nos arquivos do regime militar, o laudo original, assinado pelo médico Harry Shibata, descreve a morte como conseqüência de um tiro em confronto com a polícia. 'Só a autoria já colocava o laudo sob suspeição e agora fica provado que era mais uma farsa', disse Barbosa, ao lado da viúva de 'Crioulo', a também ex-militante da ALN Amparo Araújo. 'Os ossos foram localizados há 15 anos durante as escavações no cemitério, para onde a Oban, destinada a eliminar inimigos do golpe militar, mandava as vítimas. A maior prova de que 'Crioulo' foi submetido a tortura, como demonstra o segundo laudo determinado pelo governo, é que, na foto cadavérica, aparecem 11 lesões graves, típicas de suplício, só no rosto dele'. Profissionais competentes se fossem comprometidos com a verdade; se tivessem o interesse de resgatar o fato e o comparar com as versões para bem informar; e se explorassem a veia investigativa que estimula e diferencia o profissional da informação dos profissionais de ocasião, por certo pesquisariam nos jornais de São Paulo/SP de julho de 1973 e encontrariam artigos sobre o assunto em questão, o que lhes permitiria informar aos leitores com maior precisão. O bom e competente jornalista dá um colorido especial ao fato e às circunstâncias que o envolvem, estimulando a elaboração de uma matéria que mais se aproxime da verdade, enquanto que o repórter sectário e manipulador constrói e deforma a história, segundo interesses e conveniências políticas e ideológicas.

A respeito da morte de Luís José da Cunha, 'Crioulo', ocorrida em julho de 1973, e não em junho como publicou o Correio Braziliense, os fatos se passaram como a seguir é descrito: Durante uma ronda realizada por uma Turma de Busca e Apreensão do DOI, às 14 horas e 30 minutos do dia 13/07/1973, na altura do nº 2000 da Avenida Santo Amaro, foi observado um indivíduo com as características de Luís José da Cunha. Estabelecido o cerco, o suspeito foi abordado para identificação, reagindo violentamente com sua pistola automática e procurando se evadir. Na tentativa de fuga, o terrorista procurou se apropriar do carro onde estavam as jovens Silvia Maria B. Prata, RG 6.094.658, e Patrícia Maria Ernesta Cennacchi, ferindo-as levemente com sua pistola. As duas foram socorridas no Pronto Socorro Santa Paula. Após intenso tiroteio, o suspeito caiu ferido, vindo a falecer quando transportado para o Pronto Socorro Santa Paula. O morto, confirmadas as suspeitas, era Luís José da Cunha, que, na ocasião, portava documentos falsos com o nome de José Mendonça dos Santos.

Como 'Crioulo' não foi preso e nem interrogado, seu 'aparelho', situado na rua Bom Pastor nº 2326, bairro do Ipiranga, São Paulo/SP, só foi localizado no dia19 de janeiro de 1974. Nele foram encontrados documentos falsos com os nomes de Luís de Oliveira, Oswaldo de Almeida e Antonio Milton de Morais, cinco recibos de entrega de Declaração de Rendimentos e duas vias do CIC nº 413841488, em nome de Luiz de Oliveira. A Receita Federal foi avisada para dar baixa desses nomes falsos, declarados por 'Crioulo'.

Luís José da Cunha foi enterrado no Cemitério de Perus com o nome falso que portava, em uma cova identificada. Sua morte foi publicada com destaque na imprensa. O Jornal da Tarde, de São Paulo/SP, no dia 14 de julho de 1973, um dia após a sua morte, publicou matéria, onde consta o nome verdadeiro de 'Crioulo'. Como a família não procurou os restos mortais desse dirigente nacional da ALN no prazo legal, seu corpo foi exumado e transferido para o ossuário do cemitério.

A exploração política, ideológica e comercial do assunto, o desrespeito ao tema e às pessoas envolvidas, emocionalmente ou não, e as acusações grosseiras e infundadas que não resistem a uma pesquisa séria e cuidadosa, permite refutar com lógica, com equilíbrio, com fatos e com provas, a farsa dessa calúnia. É ridícula e sem nexo a afirmativa do presidente da Comissão de Mortos de Familiares e Desaparecidos, Marco Antonio Barbosa, de que 'Crioulo' teve a cabeça arrancada para dificultar a identificação e ser sepultado como indigente, o que demonstra a má fé da afirmação. Se é verdade que a cabeça foi encontrada separada do corpo, a hipótese provável é que a separação tenha ocorrido no ato da exumação da cova rasa para o sepultamento na cova coletiva.

Como se pode verificar, os corpos de todos esses terroristas não foram enterrados clandestinamente. Foram enterrados oficialmente, com os registros feitos na administração do cemitério. As autoridades do DOPS e do IML que providenciaram os seus sepultamentos jamais ocultaram seus cadáveres. Todos foram sepultados em covas individuais, todas identificadas.

A farsa do Cemitério de Perus, publicada com alguma insistência e de forma irresponsável, sem nenhum cuidado jornalístico de preservação da verdade, nem mesmo pelo denominado jornalismo investigativo, continua até hoje enganando o povo e acusando, de maneira sórdida, as autoridades policiais, daquela época, de ocultação de cadáveres. A repercussão na imprensa dos sepultamentos de Flávio Carvalho Molina e de Luís José da Cunha demonstra do que eles são capazes quando querem mentir.


Retirado do livro ' AVerdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça' - do Coronel Reformado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra.


Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=66101&cat=Ensaios&vinda=S




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