MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

HISTÓRIA DAS COMUNIDADES - JUDEUS DOS PAISES ÁRABES - Por Sérgio Sobreira

HISTÓRIA DAS COMUNIDADES – JUDEUS DOS PAISES ÁRABES

  1. Introdução – A seguir, um pouco da história das comunidades judaicas nos países árabes, desde suas origens até a quase extinção nos dias atuais. Os judeus vivem no Oriente Médio, Norte da África e na região do Golfo há vários séculos. Houve uma presença ininterrupta de grandes comunidades judaicas no Oriente Médio desde os tempos remotos, mais de 2.500 anos antes do nascimento dos estados árabes modernos. Veja a época em que algumas delas surgiram: 

Iraque – século 6 a.E.C.           Líbia – século 3 a.E.C.   Iêmen – século 3 a.E.C.

Líbano – século 1 a.E.C.          Síria – século 1 a.E.C.    Marrocos – século 1 d.E.C.

Argélia – séculos 1 e 2 d.E.C.  Tunísia – século 2 d.E.C. 

Após a conquista da região pelos muçulmanos, sob o domínio islâmico os judeus passaram a ser considerados cidadãos de segunda classe, mas a eles eram permitidas, durante um determinado período, oportunidades religiosas, educacionais, profissionais e empresariais limitadas. Isso mudou no século 20, quando ocorreu um padrão de perseguição consistente e difundido e violações em massa dos direitos humanos das minorias judaicas em países árabes. Decretos e legislações oficiais aprovados pelos regimes árabes negaram direitos humanos e civis aos judeus e às outras minorias; suas propriedades foram desapropriadas; eles foram privados de sua cidadania e de seu sustento. Os judeus eram frequentemente vítimas de assassinato, prisões e detenções arbitrárias, tortura e expulsões. 

Com a declaração do Estado de Israel em 1948, o status dos judeus nos países árabes piorou drasticamente à medida que muitos países árabes declararam ou apoiaram guerra contra Israel. Os judeus foram, então, expulsos dos países onde residiam há anos e tornaram-se reféns políticos dominados do conflito árabe-israelense. Os direitos e a segurança dos judeus residentes em países árabes passaram a ser atacados física e legalmente pelos governos e pela população de um modo geral. Na Síria, por causa das perseguições anti-judaicas em Alepo, em 1947, dos 10 mil judeus da cidade, 7 mil fugiram do terror. No Iraque, o “sionismo” tornou-se um crime capital. Mais de 70 judeus foram assassinados por bombas na região judaica do Cairo, no Egito.

Após os franceses terem desocupado a Argélia, as autoridades emitiram uma variedade de decretos anti-judeus que induziram os quase 160 mil judeus a fugirem prontamente do país. Após a Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas sobre o Plano de Partilha, em 1947, amotinadores muçulmanos deram início a perseguições sanguinárias em Áden e Iêmen que acabaram causando a morte de 82 judeus. Em diversos países os judeus foram expulsos ou tiveram sua cidadania revogada (como, por exemplo, na Líbia). Inúmeros judeus fugiram de 10 países árabes. Eles se tornaram refugiados em uma região predominantemente hostil aos judeus. 

As restrições sancionadas pelo estado, freqüentemente associadas à violência e repressão, forçaram um deslocamento em massa dos judeus. Resultado: mais de 850 mil judeus foram expulsos das terras que eles e seus ancestrais viviam há várias gerações. [1] [2] 

  1. MARROCOS – A. Histórico – Os judeus apareceram pela primeira vez em Marrocos há mais de dois milênios, viajando em parceria com negociantes fenícios. A primeira colonização dos judeus ocorreu em 568 a.E.C. quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém.

 DECRETOS DISCRIMINATÓRIOS E VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS (APENAS ALGUNS EXEMPLOS): POR VOLTA DE 1948, ESSA ANTIGA COMUNIDADE JUDAICA, A MAIOR NA ÁFRICA DO NORTE, CONTAVA 265 MIL. EM JUNHO DE 1948, APÓS A CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL, MANIFESTAÇÕES SANGUINÁRIAS EM OUJDA E DJERADA MATARAM 44 JUDEUS E DEIXARAM OUTROS FERIDOS.NAQUELE MESMO ANO, UM BOICOTE ECONÔMICO NÃO OFICIAL FOI INCITADO CONTRA OS JUDEUS MARROQUINOS. 

A imigração para Israel iniciou com a iniciativa de pequenos grupos que chegaram na época da Independência de Israel. Entretanto, a maior imigração, que trouxe mais de 250 mil judeus marroquinos para Israel, foi induzida por medidas anti-judaicas executadas em resposta a constituição do Estado de Israel. Em 4 de junho de 1949, manifestações apareceram ao norte de Marrocos matando e ferindo dezenas de judeus.Logo após, os judeus começaram a deixar Marrocos. 

Durante os dois anos entre 1955 e 1957, mais de 70 mil judeus marroquinos chegaram em Israel. Em 1956, Marrocos declarou sua independência, e a imigração de judeus para Israel foi suspensa. Em 1959, atividades sionistas tornaram-se ilegais em Marrocos Durante esses anos, mais de 30 mil judeus fugiram para a França e para as Américas. Em 1963, a proibição na emigração para Israel foi revogada trazendo mais 100 mil para a costa. Hoje, a comunidade judaica de Marrocos diminuiu em menos de 10% do seu tamanho original. Dos 17 mil judeus que restam, 2/3 vivem em Casablanca. 

  1. A ‘Pátria’ mais antiga de judeus no Brasil – Muito além de negros, índios e europeus originários da Península Ibérica, o milenar povo judeu encontrou na região Norte do Brasil um bom lugar para se abrigar.

O economista e também judeu Samuel Benchimol afirma em seu livro “Eretz Amazônia: os judeus na Amazônia” que existem quase 300 mil descendentes de judeus espalhados por toda a Amazônia Legal. De acordo com a obra, a região Norte abriga a maior parte dos descendentes de judeus do Brasil. Hoje, de fato, eles fazem parte dos povos amazônicos, mesmo sem perder a ideologia originária de suas tradições. A comunidade ainda continua como uma grande família”, destacou o rabino da Comunidade Israelita do Pará, Moysés Elmescany. 

Se a região Norte abriga a maior descendência de judeus do país, Belém do Pará é praticamente um museu a céu aberto da história desse povo em solos amazônicos. Está na capital paraense a mais antiga sinagoga em funcionamento do Brasil, além do primeiro cemitério israelita construído no país, em 1848. Este ano, a comunidade judaica do Pará vai completar 200 anos. Ininterruptamente, é a comunidade de judeus mais antiga do Brasil. Falo em nível de organização comunitária. Em Recife tinha uma mais antiga, mas a comunidade deixou a cidade depois de um tempo”, destacou a presidente do Centro Israelita do Pará, Iana Pinto. 

A imigração começou no período da Inquisição, bem antes dos episódios de horror do Holocausto. Para fugir dos tribunais católicos que puniam aqueles que não acreditavam na igreja, famílias judaicas vieram para terras amazônicas em busca de proteção. Após o encerramento do tribunal inquisitório, os judeus puderam se organizar em forma de comunidade. 

“Alguns chegaram em 1886, quando nem havia república no Brasil. A maioria dos imigrantes não sentia muito a diferença, pois o Pará prosperava com a época da borracha e parecia um pedaço do continente europeu. A maioria veio do Marrocos e encontrou, além da receptividade, diversidade de peixes e frutas para a alimentação. Os judeus também conseguiram se estabelecer no mercado de trabalho, principalmente no comércio”, afirmou Iana Pinto. (Confira AQUI as imagens desta matéria na fanpage Orgulho do Pará no Facebook.)Não mediram esforços para ajudar a desenvolver social, cultural e economicamente a Amazônia, adotando o Pará como sua nova pátria. “São várias as vantagens que nós tínhamos. Sabíamos ler, escrever, fazer contas, outras línguas…”, explicou o presidente da Sinagoga Essel Abraham (localizada na travessa Campos Sales), Moyses Leão Melul. 

(i) Comunidade judaica tem 450 famílias no Pará – Atualmente, a comunidade judaica no Pará conta com uma média de 450 famílias. Além de Belém, os judeus também fixaram moradia em municípios como Cametá, Alenquer, Óbidos, Santarém, Macapá e Laranjal do Jari, entre outros. “Não sei se atualmente fazemos parte do topo, mas estamos entre os cinco mais populosos do Brasil com certeza”, disse Moysés Elmescany, rabino da Comunidade Israelita do Pará. “Soubemos desenvolver questões naturais do período da borracha”, completou Moysés Leão Meluf (foto acima), presidente da Sinagoga Essel Abraham. 

Porém, apesar de alguns judeus ainda terem espaço no comércio, a maioria atualmente atua em outro ramo. “Perdemos muito esse caráter empresarial, pois os pais mandavam os filhos para fora com o intuito de virarem doutores. Hoje nos destacamos como profissionais liberais”, ressaltou Iana Pinto. Houve, ainda, incorporações dos costumes locais em algumas famílias judaicas. “A culinária foi o que mais se adaptou (ver síntese ao lado). A gente come vatapá com peixe, por exemplo. Também aumentou essa questão da receptividade, que o Pará sempre teve muito e nós acabamos pegando”, garantiu. 

(ii) Judeus que contribuíram para o avanço do Pará: – Jayme Aben-Athar (cientista e antigo diretor da Santa Casa do Pará); – Judah Levy (arquiteto responsável por construir o primeiro prédio vertical e as duas sinagogas de Belém); – Isaac Soares (colunista e ex-prefeito de Belém)

– Clara Pinto (idealizadora da primeira escola de dança do Pará); – Ana Unger (dona de uma das escolas de dança mais modernas da região Norte) 

(iii) Adaptações da culinária judaica com alimentos amazônicos – A necessidade de conservação dos pratos como tradição fez com que o judeu que chegasse ao Pará fosse adaptando os ingredientes da terra à culinária marroquina. 

1 – O tão sonhado couscous, com sua farinha de sêmola, foi substituído por uma mistura de farinha d’agua dos índios, com ovos e óleo.

2- O Grão de bico foi substituído pela mistura de trigo, água e sal. Depois de tostada, passou a se chamar café de massa, e complementava pratos como a Dafina do Shabat.

3- Da farinha para biju, saiu o pão ázimo para a celebração do Pessach.

4- Com cachaça e uva passa torrada em barro fazia-se o vinho para as páscoas.

5- A castanha-do-pará substituiu com louvor as receitas com nozes e amêndoas, dando um sabor mais rústico e marcante às sobremesas matriarcas.

Fonte: Diário do Pará 

III.  Vida Brasileira: Amazônia, terra prometida – A história dos judeus sefarditas que

emigraram para o Pará e o Amazonas –

  1. A família Barcessat – O clã do engenheiro Isaac Barcessat, de 74 anos (no círculo branco da foto acima), foi dos poucos que conseguiram manter as raízes judaicas intactas. Barcessat é neto de sefarditas marroquinos que imigraram para o Pará no século XIX. Seu avô, Fortunato Athias, começou a vida no Brasil em 1880, fabricando cachaça. Depois, tornou-se dono de um seringal e, finalmente, estabeleceu-se na cidade de Breves, no Pará. Lá, nasceu Ana, a mãe de Barcessat…

O Brasil recebeu cinco ondas de imigração judaica. A primeira ocorreu em 1630, quando Pernambuco foi tomado pelos holandeses. Nos 24 anos de dominação holandesa no Nordeste, eles fundaram a primeira colônia hebraica e a primeira sinagoga na América. Sob um governo de tolerância religiosa, os judeus chegaram a constituir 50% da população branca pernambucana nesse período. Com a derrota dos holandeses, os judeus perderam seus negócios.

Expulsos, ajudaram a fundar Nova Amsterdã, hoje Nova York. Dessa fase, sobraram apenas as ruínas da sinagoga pernambucana. A segunda leva deixou marcas mais profundas, embora não aparentes. No início do século XIX, judeus marroquinos emigraram para a Amazônia. Eles foram atraídos pela promessa de liberdade de culto e por uma campanha publicitária internacional feita pelo governo da então província do Grão-Pará. Em 1880, chegaram a Manaus. A assimilação desses sefarditas (como são chamados os judeus do norte da África) foi tamanha que, atualmente, a proporção de descendentes de judeus entre a população branca da Região Norte é a maior do país. 

  1. Um Rabino que virou santo – Em 1908, rabinos marroquinos enviaram um representante, Shalom Emanuel Muyal, para fiscalizar o cumprimento das regras judaicas pelos imigrantes na Amazônia. Muyal morreu dois anos depois. Ninguém sabe o motivo pelo qual ele ganhou fama de milagreiro entre os católicos de Manaus. Seu túmulo é alvo de peregrinações 

Uma investigação genética dos brasileiros feita pela Universidade Federal de Minas Gerais mostra que 16% da população da Amazônia que se declara branca tem algum judeu entre seus antepassados. É uma proporção muito maior do que a exibida por São Paulo, onde vivem 60% dos 120.000 judeus brasileiros, ou por Pernambuco, estado no qual essa cifra não supera 2%. A razão para haver tantos descendentes de judeus na Amazônia se deve a uma peculiaridade. Nos primeiros anos do século XIX, praticamente só entraram no Brasil sefarditas do sexo masculino. Os mais ricos conseguiram abrir lojas de secos e molhados em Belém e outras cidades da região. A maioria, porém, adotou a profissão de regatão, como é conhecido o caixeiro-viajante que troca mercadorias industrializadas por produtos da floresta, como látex e peles de animais. Os regatões sefarditas só traziam a família para o Brasil ou se casavam com judias depois que acumulavam dinheiro. No meio-tempo, faziam como os portugueses: amancebavam-se com índias, caboclas e até mesmo mulheres brancas católicas. 

  1. A sinagoga de Belém – A capital do Pará abriga o templo mais antigo em funcionamento do país. Inaugurado em 1824, só foi precedido pela sinagoga fundada pelos judeus holandeses no Recife no século XVII, cujas ruínas foram descobertas nos anos 90.

 A definição cultural de judeu não segue integralmente a genética. Só é considerado como tal quem tem mãe judia e pratica a religião judaica. Por esse motivo, a maioria dos descendentes dos regatões sefarditas não é reconhecida como parte dessa comunidade. E a própria lógica da miscigenação fez com que os laços com a cultura hebraica fossem completamente perdidos nas gerações seguintes. Muitos nem sequer sabem que descendem de judeus. Outros, ainda, se dizem judeus, mas praticam o cristianismo. Em muitos casos, o ambiente isolado da Amazônia esmoreceu a religiosidade dos imigrantes, que tinham dificuldade para praticar sua fé. A primeira sinagoga de Belém só foi inaugurada em 1824, catorze anos depois da chegada dos primeiros sefarditas. O cemitério judaico de Belém, o primeiro do país, foi inaugurado somente em 1848. 

Para manterem vivas suas tradições, os imigrantes mais fervorosos passaram a copiar a Torá, o livro sagrado dos judeus, e outros textos religiosos a mão em cadernos comuns. Em celebrações religiosas, como a da circuncisão, a cachaça substituía o vinho. Pela tradição, esse ritual deve ser realizado oito dias após o nascimento do menino. Na Amazônia, eles aconteciam com até dez anos de atraso. No início do século XX, um menino foi circuncidado aos 12 anos, porque o pai esperou que nascessem seus irmãos para ir uma vez só da floresta até Belém. O aspecto paradoxal é que, se o isolamento na floresta diluiu a religiosidade de parte dos sefarditas, ele propiciou a preservação de seu idioma, o hakitía. Hoje, a língua subsiste apenas em determinadas localidades da Amazônia e no próprio Marrocos. “A importância da floresta na manuntenção do hakitía é inestimável”, diz o lingüista Mohamed El-Madkouri Maatoui, da Universidade Autônoma de Madri. 

No fim do século XIX, os sefarditas enriqueceram com o ciclo da borracha. Os mais bem-sucedidos mandaram seus filhos estudar no Rio de Janeiro. Em 1890, as notícias da súbita prosperidade do Pará motivaram uma nova onda de imigração judaica. Em boa parte, ela foi financiada pelos que já estavam estabelecidos no país. A população judaica no interior do Pará cresceria, assim, exponencialmente. Para se ter uma idéia, metade dos 14.000 habitantes de Cametá, um entreposto comercial da Amazônia, era constituída por sefarditas. O êxito financeiro dos imigrantes provocou uma onda de anti-semitismo. Há relatos de ataques feitos a residências e lojas de imigrantes entre 1889 e 1901. As agressões começavam com passeatas e terminavam com depredações. Embora tenham sido chamadas de mata-judeus, não há registro de que tenham resultado no assassinato de ninguém. 

  1. Judeus e Cristãos – A professora aposentada Meryam Shimon Benessuly, de 75 anos…, fala hakitía, idioma original dos sefarditas marroquinos, e segue à risca muitos costumes judaicos, mas trocou a religião de seus antepassados pelo catolicismo. “São costumes que adquiri quando criança e que faço questão que minha família mantenha. Não por fé, mas por orgulho de pertencer a uma cultura milenar”, diz ela. 

O isolamento imposto aos sefarditas na Amazônia chamou a atenção de rabinos no Marrocos, no início do século XX. Para fiscalizar o cumprimento das normas religiosas pela comunidade estabelecida na floresta, Shalom Emanuel Muyal foi enviado à região, em 1908. Dois anos depois de chegar a Manaus, Muyal foi vitimado por uma doença tropical, provavelmente febre amarela. E aqui reside um aspecto curiosíssimo do sincretismo brasileiro: depois de sua morte, sabe-se lá o motivo, ele ganhou fama de milagreiro entre os católicos locais. Muyal foi enterrado num canto do principal cemitério de Manaus (não havia cemitérios judaicos na capital amazonense naquele tempo) e sua sepultura tornou-se alvo de peregrinações. A fim de evitar que as velas acesas pelos fiéis danificassem a laje do túmulo, o rabino da sinagoga de Manaus mandou construir um muro ao seu redor. Os católicos não se deram por vencidos: passaram a usar o obstáculo como suporte para placas e quadros em que pedem graças e agradecem pelos pedidos que teriam sido atendidos por Muyal.

“É impressionante: ele se tornou o santo judeu dos católicos da Amazônia”, admite Isaac Dahan, da sinagoga de Manaus. A devoção é tanta que, nos anos 60, uma tentativa de trasladar os restos mortais do rabino milagreiro para Israel foi abortada em virtude das manifestações indignadas dos amazonenses.

Quando o ciclo da borracha terminou, no início do século XX, as famílias judias mais ricas de Belém mudaram-se para o Rio de Janeiro. “Lá, há uma espécie de sucursal da nossa comunidade”, diz o rabino Moyses Elmescany, da capital paraense. Boa parte da influência dos judeus na Amazônia foi apagada. A sinagoga de Cametá, por exemplo, foi engolida pelo Rio Tocantins e não foi reconstruída. Hoje, nenhum dos habitantes da cidade segue o judaísmo. Em localidades como Óbidos, Breves e Muaná, no Pará, e Tefé e Humaitá, no Amazonas, existem apenas sepulturas. Da procura por uma extensão da Terra Prometida na Amazônia, restaram genes escondidos. [3] 

  1. O ÊXODO SILENCIOSO – Dos 848.000 mil judeus que moravam nos países árabes em 1948, restavam apenas 7.800 em 2001.
Países19481958196819762001
Líbano5.0006.0003.000400100
Síria30.0005.0004.0004.500100
Líbia38.0003.750100400
Iêmen55.0003.500500500200
Egito75.00040.0001.000400100
Tunísia105.00080.00010.0007.0001.500
Iraque135.0006.0002.500350100
Argélia140.000130.0001.5001.0000
Marrocos265.000200.00050.00018.0005.700
TOTAL848.000474.25072.60032.1907.800

Este site tem como objetivo contar a história de um dos capítulos mais dramáticos e desconhecidos da História do século 20. Ele pretende também auxiliar os milhares de judeus que, forçados a abandonar seus lares nos países árabes, buscaram refúgio no Brasil e agora têm a oportunidade de participar de um esforço internacional para catalogação dos bens deixados em seus países de origem. [1] [2] 

  1. CAMPANHA INTERNACIONAL POR DIREITOS E REPARAÇÃO: Quando a questão dos refugiados é levantada dentro do contexto do Oriente Médio, as pessoas invariavelmente se referem aos refugiados palestinos, não os judeus expulsos dos países árabes. Nem as violações em massa dos direitos humanos e nem o deslocamento dos judeus dos países árabes foram discutidos de maneira adequada pela comunidade internacional.

Em relação à lei e à igualdade, a História revela que duas populações de refugiados foram criadas em razão da longa disputa ocorrida no Oriente Médio. Seria uma injustiça se a comunidade internacional reconhecesse os direitos de apenas uma das populações que foram vítimas os refugiados palestinos, sem reconhecer direitos iguais a outras vítimas do mesmo conflito no Oriente Médio: os judeus, cristãos e outros refugiados dos países árabes. 

… O Primeiro Ministro canadense, Paul Martin, declarou em uma entrevista a um noticiário judaico-canadense em 3 de junho de 2005 algo que mais tarde ele voltou a afirmar em uma carta datada de 14 de julho de 2005: “Refugiado é refugiado, e é assim que a situação dos refugiados judeus deslocados dos países árabes deve ser vista. Todos os refugiados merecem nossa consideração, uma vez que já perderam bens materiais e laços históricos. Eu não sugeri que as reivindicações dos refugiados judeus são menos legítimas ou merecem menos atenção do que as dos refugiados palestinos.” [4]

 Fontes: 

[1] Congregação Judaica P´Nei Or, Centro de Estudos e Pesquisas, 20 de maio de 2011-16 de Iyar de 5771;

[2] http://www.judeusdospaisesarabes.com.br/

 

[3] Falando Francamente, http://jorgemagalhaes.blogspot.com/2006/03/fwd-fw-vida-brasileira-amaznia-terra.html

[4] http://www.judeusdospaisesarabes.com.br/campanha.htm


Fonte: http://sinagogashaarei.org/historia-das-comunidades-judeus-dos-paises-arabes/


Nenhum comentário:

Postar um comentário