MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

17 fatos e curiosidades sobre a vida do Alan Turing - Redação Galileu

17 fatos e curiosidades sobre a vida do Alan Turing

Décadas após sua morte, o legado do homem que ajudou a pôr fim na Segunda Guerra segue presente

  • REDAÇÃO GALILEU
 ATUALIZADO EM 



 

alan turing (Foto: Divulgação)


Seu legado não se limita aí. Hoje ele dá nome a uma lei inglesa, criou o teste usado para testar a qualidade da 
inteligência artificial e até já foi tema de uma versão comemorativa do jogo Monopoly. Listamos abaixo esses e outros fatos importantes — ou curiosos — sobre uma das mentes mais brilhantes do século 20.Em 1954, uma dose de cianeto pôs fim à vida daquele que é considerado o pai da computação: o inglês Alan Turing. Em seus 41 anos, o matemático acumulou diversos feitos. Ele foi um dos responsáveis por descobrir o local exato onde as tropas nazistas estariam em 6 de junho de 1944, que culminou no desembarque de 155 mil soldados aliados na Normandia, fato que entrou para a história como Dia D.

1. Criança prodígio
Alan Mathison Turing nasceu em 23 de junho de 1912 em Londres, Inglaterra. Ainda na infância, já dava sinais de ser mais inteligente que a média. Aos 13 anos, teve a oportunidade de estudar na Sherborne School, em uma prestigiada escola da capital inglesa, mas tinha um problema: ficava a quase 100 quilômetros de onde morava.

No primeiro dia de aula, uma greve impediu que os trens circulassem. Nada que impedisse Turing, que pedalou a distância para não perder a aula.

2. A leitura do jovem cientista
lista de livros retirados por Turing na biblioteca da escola, entre 1928 e 1930, veio a público recentemente e revela que, já naquela época, matemática e física eram seus assuntos favoritos. O único romance na lista era uma história real. No livro The Escaping Club, o autor,  A. J. Evans, conta suas experiências durante a Primeira Guerra Mundial.


Ele chegou a participar das eliminatórias para representar seu país nas Olimpíadas em 1948, completando a maratona em 2 horas e 46 minutos. Onze minutos depois do campeão olímpico daquele ano. Uma lesão na perna, porém, acabou com sua carreira de atleta.
3. Turing atleta
Desde a infância a corrida era o esporte favorito do matemático. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele corria mais de 60 km entre uma instalação militar secreta do governo britânico, Bletchley Park, e Londres, para atender à reuniões.

4. Ódio aos EUA
descoberta de 148 cartas escritas por Turing revelou uma característica bem peculiar. Entre manuscritos e rascunhos de suas teorias, diversos convites para que palestrasse em universidade. Ao receber uma vinda dos Estados Unidos, respondeu categoricamente: “Não gostaria da viagem, e eu detesto a América."

5. Gênio incompreendido
As peculiaridades de Turing não param por aí. Em suas pedaladas, ele costumava utilizar uma máscara de gás alegando que era para combater suas alergias. A corrente de sua bicicleta sempre caia.

No lugar de consertar, aprendeu a reconhecer o momento exato que ia escapar e descia da bike, impedindo que a corrente saísse. Em Bletchley Park, sua caneca de chá era famosa por estar sempre acorrentada ao aquecedor, isso quando não estava usando. Era para impedir que fosse usada por seus colegas de trabalho.

6. Biólogo Turing
Em seu único paper publicado na área, em 1952, buscou explicar como padrões repetidos se desenvolveram em organismos vivos. É como a sequência de Fibonacci, vista em flores e caracóis. Para Turing, muitos desses padrões vinham da atuação de um tipo específico de hormônios, denominados morfogênicos, sobre as células.

Essas substâncias secretadas pelas células promovem ou inibem as influências de cada uma sobre várias funções biológicas, seja a produção de um pigmento ou a regulação do seu crescimento. A difusão desses morfogênicos pelos tecidos do organismo seguiriam padrões matemáticos, o que explicaria a repetição de formas, cores e texturas entre os seres vivos. Sua teoria, no entanto, nunca foi comprovada pela ciência.

7. Computador teórico
Em um de seus artigos, sobre números computáveis, defendeu que existem problemas que não têm solução e que nem toda afirmação lógica está apta a ser comprovada a partir de qualquer sistema formal da matemática. A conclusão contradiz a teoria do matemático David Hilbert, que acreditava ser impossível existir na matemática algo cuja verdade nunca pudesse ser descoberta. Idealizou um processo mecânico que conseguisse dizer quando um procedimento lógico poderia ser comprovado ou não.

Foi assim que nasceu a Máquina de Turing, um aparelho hipotético que mudaria de função conforme a necessidade, baseando todo seu funcionamento em um grande número de cálculos em sistema binário permitindo definir e, quando possível, resolver problemas por meio de uma sequência de etapas. Vem daí a lógica do algoritmo e de toda a computação moderna.

Máquina de Turing foi construída de verdade no início de 2018. 

(Foto: Reprodução)

8. O visionário
Muitas décadas antes da Inteligência Artificial chegar aos smartphones, Turing criou um teste que a Siri ainda está longe de passar. Em 1950, ele já antevia que um dia o processamento das máquinas alcançaria o desempenho do cérebro humano. No artigo Maquinaria Computacional e Inteligência introduziu o conceito de “jogo da imitação”. Assim, uma máquina passaria em um teste de Turing ao conversar com um ser humano sem que esse perceba se tratar de uma inteligência artificial. 

9. Agente Secreto
Em uma mansão vitoriana na cidade de Bletchley, um grupo de gênios contratados pelo serviço de inteligência britânico foi reunido durante a Segunda Guerra Mundial para desvendar o código militar alemão gerado pela Enigma, máquina de criptografia supostamente impenetrável.

Com a equipe, o matemático começou a trabalhar na produção de uma máquina chamada “a bomba”. O instrumento identificava pontos fracos da codificação e foi responsável por revelar a posição das tropas alemãs, o que ajudou a encurtar muito a guerra.

10. Xadrez para PC
Um dos gênios contratados para decifrar os códigos alemães era um campeão de xadrez. Ele então desenvolveu, com lápis e papel, o programa Turochamp, idealizado para antever as possibilidades de movimentos de peças nas duas próximas jogadas, e escolher o melhor.

Embora nenhum computador existisse para colocar em prática aquele algoritmo, isso aconteceu em 2012. O mestre do xadrez Garry Kasparov jogou contra o programa de Turing, e ganhou fácil, em apenas 16 jogadas. “Eu compararia com um dos primeiros carros — hoje você pode rir deles, mas ainda assim são um grande feito”, disse o campeão na época.

11. Homofobia mata
Turing quase se casou com sua colega de equipe Joan Clarke, mas, quando ele lhe confidenciou que era gay, ela preferiu não manter o compromisso. O matemático se envolveu com um jovem chamado Arnold Murray e, depois de ter sua casa arrombada por um amigo do amante, denunciou o caso à polícia.

Acabou sendo preso por “indecência” após declarar ingenuamente às autoridades sua orientação sexual, considerada então ilegal. Talvez por sua importância para o governo, ofereceram liberdade a Turing sob a condição de que se submetesse a um “tratamento” com injeções de estrogênio sintético. Uma castração química com hormônio feminino.

12. Maçã envenenada
No dia 7 de junho de 1954 Turing morreu por ingestão de cianeto. O matemático teria envenenado uma maçã e comido para pôr fim à própria vida. Afinal, sua vida não estava muito fácil. Perseguido por ser gay, perdeu seu emprego e estava falido. Os hormônios femininos, além de ter o tornado impotente, fez com que crescesse seios.

13. Mas há controvérsias
Jack Copeland, um estudioso sobre a vida de Alan Turing defende que não existem evidências que comprovem que ele tenha realmente se suicidado. A maçã nunca foi testada para comprovar a presença de cianeto, ele deixou uma lista de afazeres para o dia seguinte, algo incomum para quem pretende se suicidar, e seus amigos contavam que ele andava tranquilo antes de sua morte. A mãe de Turing defende que ele provavelmente tenha se envenenado acidentalmente enquanto testava com produtos químicos no laboratório de sua casa.

14. Reconhecimento póstumo
Apesar de seu papel fundamental no desfecho da Segunda Guerra Mundial, o mundo demorou para conhecer essa história. As informações foram mantidas confidenciais até a década de 70. As técnicas que Turing usou para decodificar as mensagens nazistas só foi levada à público em 2013.

15. Perdão Real
Somente em 2009, o primeiro ministro do Reino Unido, Gordon Brown, pediu desculpas publicamente em nome do governo britânico. “Alan e muitos outros milhares de homens gays que foram condenados por leis homofóbicas foram tratados terrivelmente”, disse Brown.

“Em nome do governo britânico e de todos aqueles que vivem em liberdade graças ao trabalho de Alan, eu estou muito orgulhoso de dizer: me desculpe, você merecia coisas muito melhores.” Sua condenação, porém, só foi perdoada em 2013, emitido pela realeza britânica.

16. Lei de Turing
Somente no ano de 1967, as leis do Reino Unido deixaram de considerar a homossexualidade crime. Entretanto, somente em 2017 uma lei cancelou a condenação de todos aqueles homens que foram injustamente perseguidos antes do fim da legislação homofóbica. Cerca de 15 mil dos 65 mil condenados naquele tempo ainda estão vivos. A lei foi batizada com o nome da mais famosa vítima da homofobia institucionalizada na Inglaterra.

17. O jogo de Turing
Quando não estava decifrando códigos nazistas em Bletchley Park, Turing costumava jogar Monopoly - mais conhecido no Brasil por sua versão Banco Imobiliário - com o filho de um outro matemático, Max Newman. O jovem William Newman, no entanto, havia adaptado o jogo, utilizando as ruas da cidade de Bletchley. Em 2012, para celebrar o centenário de seu nascimento uma versão do jogo foi produzida com seu nome e as alterações de William, até hoje está à venda no museu instalado na antiga instalação militar secreta.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/06/17-fatos-e-curiosidades-sobre-vida-do-alan-turing.html


***


ANN MITCHELL, A MATEMÁTICA QUE AJUDOU A DECIFRAR MENSAGENS NAZISTAS

A britânica, que morreu esse ano por Covid-19, esteve presente no grupo liderado por Alan Turing, o pai da computação

INGREDI BRUNATO PUBLICADO EM 28/11/2020, ÀS 09H00

Foto de Ann Mitchell em 2014
Foto de Ann Mitchell em 2014 - Divulgação Jane Barlow

Ann Mitchell foi uma matemática em uma época em que a sociedade acreditava que matemática não era para garotas. Foi o que a diretora de seu colégio, inclusive, disse a seus pais quando ela demonstrou interesse na disciplina. Felizmente, eles não deram ouvidos, estimulando a filha a buscar seus sonhos. 

Por conta disso, quando a Segunda Guerra Mundial veio, a britânica foi recrutada para o projeto governamental ultrassecreto em que as mensagens alemãs eram decodificadas. Para tanto, é claro, não se pode descartar a presença da Enigma, a máquina idealizada por Alan Turing, considerado até hoje o pai da computação. 

Embora a Enigma tenha tido um papel muito importante na Vitória dos Aliados, todavia, não teria funcionado se não fosse pelo trabalho de dezenas de outras pessoas, entre essas Ann, que era responsável por desenvolver muitas das fórmulas que eram inseridas na máquina. 

Fotografia de Ann Mitchell já senhora / Crédito: Divulgação/ Andy Mitchell

 

Como ela acabou em um projeto ultrassecreto 

A trajetória de Ann Mitchell, cujo sobrenome de solteira era Williamson, inegavelmente começa com seus pais recusando o conselho de uma diretora com uma visão limitada pelo preconceito de seu tempo. 

"Ela mesma ensinava química, o que certamente era ainda menos elegante. No entanto, meus pais a rejeitaram e eu segui o caminho que escolhi", relembrava a britânica, segundo divulgado pela BBC em maio desse ano, quando entrevistou os familiares dela em homenagem à sua morte. 

Williamson acabou sendo uma entre as cinco mulheres que foram aprovadas para entrar no curso de matemática da Universidade de Oxford, e logo depois de formada já foi chamada para a vaga de emprego que colocaria seu nome na História. “Ela não tinha ideia do tipo de trabalho que estava aceitando", revelou seu filho Andy, de 61 anos, ao site. 

Fotografia de Ann Mitchell após se formar / Crédito: Divulgação/ Andy Mitchell 

 

O Ministério de Relações Exteriores da Inglaterra direcionou a recém-formada matemática para a célebre Bletchley Park, a mansão onde ficou escondida a sede de decodificação de mensagens durante o conflito. 

Não foi fácil: Ann ficava na mansão durante 9 horas por dia, e 6 dias por semana, além de precisar manter seu ofício um segredo para todas as pessoas de sua vida. A inglesa só começou a falar a respeito de seu serviço na guerra na década de 1970 — quinze anos depois de seu fim. 

1970 para cá 

De acordo com seus parentes, Mitchell teria ficado “maravilhada” ao descobrir que as pessoas estavam falando dessa parte da guerra que havia sido mantida confidencial por tanto tempo, como o lançamento de livros explicando sobre a Enigma. O que também significou que pôde afinal contar ao marido, Angus, a respeito de seu passado. 

Fotografia de Ann e seu marido Angus Mitchell, que faleceu em 2018 / Crédito: Divulgação/ Andy Mitchell 

 

Foi nessa época, ainda, que conheceu a historiadora Tessa Dunlop, que escreveu o livro “The Bletchley Girls” (Ou “As garotas de Bletchley”, em tradução livre), que conta a perspectiva das mulheres que trabalhavam na famosa mansão — que, na verdade, tinha três quartos de seu pessoal sendo feminino. A grande maioria dessas, todavia, tinha um trabalho de caráter mais fabril, operando a Enigma, diferente de Ann, que tinha acesso às mensagens em si.  

Por conta de seu cargo alto, a senhora passou a ser chamada para dar palestras sobre o cotidiano em Bletchley Park, o que ela fazia com prazer. "Foi um impulso ter de repente ganhado importância no fim da minha vida, passar de ninguém a alguém. Todo um passado em que ninguém estava interessado e de repente muitas pessoas estão. É muito estranho", declarou a matemática, de acordo com a BBC. 

Ann Mitchell morreu em maio desse ano em decorrência da covid-19, aos 97 anos, na casa de repouso em que vivia. “Estou satisfeito por ela ter recebido o reconhecimento por uma vida bem vivida”, afirmou seu filho. 


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Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/ann-mitchell-matematica-que-ajudou-decifrar-mensagens-nazistas.phtml

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