Flor amarela do cerrado
Félix Maier
O Sol
inclemente
Enche suas
bochechas
E sopra
bafo escaldante
Que faz
calar toda a vida no cerrado.
Todas
as forças da natureza
Se unem
para torcer as plantas,
Retorcer
os galhos,
Roubar as
folhas,
Humilhar
todas as árvores,
Até que
se curvem ao chão,
Secas,
Vencidas.
Um fogo
inclemente
Lambe o
cerrado com labaredas gulosas,
Queimando
tudo,
Deixando
apenas os troncos
Enegrecidos
pelo carvão.
Mas...
um milagre?
Uma solitária
e indefesa flor amarela
Desabrocha
do chão em cinzas,
Na vastidão
do cerrado devastado,
Insiste
em se abrir para o mundo,
Mostrar
sua beleza ímpar,
Altiva,
Desafiadora,
Esplendorosa,
Desafiando
as forças funestas
Que tentam
lhe tolher o mais elementar direito,
O direito
à vida.
Uma
lição de vida
Nos dá
a natureza
A nós que
desistimos fácil das coisas:
A
planta do cerrado pode até queimar,
Ter o
tronco transformado em carvão,
Mas morrer,
jamais!
A flor
amarela do cerrado
Pode
desaparecer na fogueira,
E mesmo
sem chuva,
Com o
Sol cada vez mais inclemente,
Sempre reaparece,
Altiva,
Desafiadora,
Esplendorosa,
Da cor
do fogo que a fez sumir.
Mas
morrer, jamais!
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