LIRA
DOS SETENT’ANOS
Poetar
é preciso! Mesmo na idade avançada,
Quando
a memória falha e a teimosia se robustece,
As
musas todas fugiram, mas a chama ainda queima,
E na
solidão de um buraco negro a alma padece.
Com
rimas e versos, a mente é despertada,
E a
poesia se torna ainda uma saída
De
um mundo onde tudo parece sem vida,
Onde
as palavras um dia foram faca afiada.
Mesmo
sem sorte, sem porte, sem norte,
O
poeta temporão segue em frente, delirante.
Com
o teclado à mão, a mente fingindo ser forte,
Às
vezes perdido, mas sempre perseverante.
Na
idade avançada, a memória está fugindo do cérebro,
E se
homiziando no notebook e no pen drive.
Mas
a tecnologia pode ser um extemporâneo aliado
Para
armazenar cada verso, cada artigo, cada tratado.
Mesmo
que as musas tenham desaparecido,
Que
a lira dos vinte anos tenha perdido o garrido,
Ainda
há beleza na lira dos setent’anos,
E na
poesia um lugar para ser acolhido.
Mas,
ainda assim os versos anseiam,
Pelo
chamado de uma alma inquieta.
E
mesmo sem musas, as mãos passeiam
Pelo
teclado, com a mente em voo livre.
Lira
dos setent’anos, onde a memória cansa,
E a
história de uma longa vida descansa.
Poetar
é preciso! É algo que não se mede.
Pois,
para escrever, nenhuma idade impede.
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