MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Memórias Reveladas - O que falta no Arquivo Nacional


Usina de Letras - Cartas-->Memórias Reveladas: que memórias? -- 18/05/2009 - 15:39 (Félix Maier)

À Coordenação de Memórias Reveladas,
Arquivo Nacional:

Observei que entre as fontes de referência de Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, estão a Fundação Perseu Abramo e o Movimento Tortura Nunca Mais. Seria ótimo e, principalmente, mais objetivo, se os Srs. também incluíssem o Movimento Terrorismo Nunca Mais (Ternuma) e A Verdade Sufocada, para que os brasileiros obtivessem informações mais amplas e, em consequência, mais confiáveis. Postar informações provenientes apenas de organizações esquerdistas e ignorar solenemente o sério trabalho realizado pelo Ternuma e A Verdade Sufocada provam que o objetivo maior desse site governamental não é prestar informação correta, mas apenas realizar propaganda ideológica de antigos terroristas. O que é uma vergonha atroz, pois não há o mínimo de respeito pela História recente do País.

Como essa iniciativa partiu de antigos terroristas, como Tarso Genro e Paulo Vanucchi, que querem reformular a Lei da Anistia, de modo a processar apenas militares tidos como "torturadores", deixando de fora os "terroristas", não era de se esperar outra coisa. Terrorista uma vez, terrorista sempre!

Terrorismo Nunca Mais,

Félix Maier


Contato:

Memórias Reveladas - Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985)

Arquivo Nacional - Coordenação
Praça da República, 173 - Centro - Rio de Janeiro
20211-350
E-mail: memoriasreveladas@arquivonacional.gov.br
Tel. (21) 2179-1360

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=26565&cat=Cartas




A Verdade Sufocada

22/05/2009

MEMÓRIAS REVELADAS

www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br

O Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, denominado 'Memórias Reveladas', foi institucionalizado pela Casa Civil da Presidência da República e implantado no Arquivo Nacional com a finalidade de reunir informações sobre os fatos da história política recente do País. Dando continuidade a iniciativas dos últimos governos democráticos, em novembro de 2005, o Presidente Lula assinou decreto regulamentando a transferência para o Arquivo Nacional dos acervos dos extintos Conselho de Segurança Nacional, Comissão Geral de Investigações e Serviço Nacional de Informações, até então sob custódia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e passou à Casa Civil a coordenação do recolhimento dos arquivos.

O Centro constitui um marco na democratização do acesso à informação e se insere no contexto das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um pedaço de nossa história estava nos porões. O 'Memórias Reveladas' coloca à disposição de todos os brasileiros os arquivos sobre o período entre as décadas de 1960 e 1980 e das lutas de resistência à ditadura militar, quando imperaram no País censura, violação dos direitos políticos, prisões, torturas e mortes. Trata-se de fazer valer o direito à verdade e à memória.(...)

(...)Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as condições para aprimorarmos a democratização do Estado e da sociedade. Possibilitando o acesso às informações sobre os fatos políticos do País reencontramos nossa história, formamos nossa identidade e damos mais um passo para construir a nação que sonhamos: democrática, plural, mais justa e livre.

Dilma Vana Rousseff
Ministra-Chefe da Casa Civil


'Planalto ordenará entrega dos arquivos da ditadura

Documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal, antigo Conselho de Segurança Nacional (CSN) e extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) serão entregues ao governo federal nesta quarta-feira (13 de maio). A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, assinará portaria do Executivo que prevê o repasse de todos os arquivos da ditadura militar (1964-1985), sob pena de punições.' ( O grifo é deste site)

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090512/not_imp369388,0.php


'Governo planeja campanha com mães de vítimas da ditadura

Campanha é pedido para donos de arquivos particulares transferirem documentos para os arquivos públicos

Alexandre Rodrigues, de O Estado de S. Paulo

RIO - O ministro-chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi , disse nesta sexta-feira, 27, que o governo planeja uma campanha publicitária para divulgar, até maio, o sistema de acesso a informações oficiais que poderá trazer à tona documentos importantes do regime militar. Segundo ele, o Projeto Memórias Reveladas será lançado em breve pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação). '


Parte do EDITAL DE CHAMAMENTO PÚBLICO Nº 1/2009

O DIRETOR-GERAL DO ARQUIVO NACIONAL, com base na Portaria Interministerial no 205, de 13 maio de 2009, torna pública chamada para a apresentação de documentos e informações sobre o período de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985, que estejam sob posse de pessoas físicas ou jurídicas, servidores públicos e militares.

1. Do Objeto:

Este Edital tem por objeto a entrega de documentos e o registro de informações produzidos ou acumulados sobre o período de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985, e cujo conteúdo:

I – diga respeito a toda e qualquer investigação, perseguição, prisão, interrogatório, cassação de direitos políticos, operação militar ou policial, infiltração, estratégia e outras ações levadas a efeito com o intuito de apurar ou punir supostos ilícitos ou envolvimento político oposicionista de cidadãos brasileiros e estrangeiros;

II – seja referente a atos de repressão a opositores ao regime que vigorou no período de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985; ou

III – inclua informação relacionada a falecimentos ou localização de corpos de desaparecidos políticos.

2. Dos Documentos e Informações

2.1. Os documentos referidos neste Edital poderão ser originais ou reproduções em qualquer meio e formato.(...)


COMENTÁRIO DA EDITORIA DO SITE

www.averdadesufocada.com

Este é o desejo de todos os que foram designados, oficialmente, para lutar contra os que vinham tentando implantar um regime marxista-leninista no Brasil, desde muito antes de 1964.

Este Portal do governo seria de grande valia para todos e, principalmente, para a juventude se não houvesse censura nos documentos apresentados.

O texto de apresentação já é distorcido quando diz que um pedaço de nossa história estava nos porões. Não estava, ela continua nos porões. Os ex-terroristas continuam sendo apresentados no trecho inicial do Portal como vítimas, como opositores do regime militar, como perseguidos políticos. Suas fichas são censuradas por eles mesmos. Ocultam os crimes hediondos praticados por organizações terroristas, que assaltaram, sabotaram, sequestraram, assassinaram e praticaram atentados a bombas, entre outras barbáries... Referem-se a si próprios como 'perseguidos por supostos ilícitos'. A suposição é de quem? NÃO EXISTE SUPOSIÇÃO DIANTE DE FATOS E DE CRIMES SOBEJAMENTE DE DOMÍNIO PÚBLICO, COMPROVADOS PELA PRÓPRIA MÍDIA QUE HOJE OS APOIA, POIS A MANCHA COM QUE TINGIRAM O PAÍS É INDELÉVEL.

Pretendemos colaborar com o Portal Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, e esperamos que em nossa contribuição para a História recente do Brasil seja mantido o direito à verdade e à memória e que a referência aos atos de repressão aos opositores do regime militar contenham os crimes pelos quais esses opositores eram 'procurados pelos órgãos de segurança'. Entre as datas dessa “memória” ninguém inventou nada e o que tem que ser revelado é que terrorismo é crime contra a humanidade e, por essa razão, imprescritível, sejam quais forem as correntes políticas eventualmente no poder..

Observa o leitor Felix Maier, que entre as fontes de referência de Memórias Reveladas, do Arquivo Nacional, estão a Fundação Perseu Abramo e o Movimento Tortura Nunca Mais.

Seria mais imparcial se os coordenadores desse projeto também incluíssem, na íntegra, os documentos a respeito, que foram arquivados no STF, no STM, nos Órgãos de Segurança, nas Auditorias Militares, no DOPS, no CENIMAR, no CISA e no CIEx .

Também, de grande utilidade seria a publicação das diretrizes contidas nos documentos dos dirigentes comunistas que, desde 1961, enviavam militantes para treinar técnicas de guerrilhas em países comunistas.

Daria credibilidade ao Portal se nas fichas dos militantes constassem, 'sem limpezas de arquivos', suas atividades na luta armada; que os depoimentos dos supostos 'perseguidos políticos' fossem publicados; que não houvesse sigilo de informações de ordem pessoal que, pretensa ou convenientemente, “prejudicassem” a segurança nacional.

Com fichas desse tipo, completas, os brasileiros obteriam informações mais amplas e confiáveis.

Postar informações provenientes, apenas, de organizações esquerdistas e de familiares de militantes, ignorando, solenemente, o sério trabalho realizado por sites e blogs que se dedicam ao assunto, é uma prova cabal de que o objetivo maior desse site governamental não é prestar informações corretas, mas apenas realizar propaganda ideológica de militantes revanchistas. Atitudes desse tipo desmoralizam o Portal sob a ótica da isenção.

Há que se ter um mínimo de respeito pela História recente do País, revelando o que fizeram os militantes de organizações subversivo-terroristas, muitos dos quais ocupam cargos em vários escalões do atual governo. Para começar, a Ministra - Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; o Ministro da Comunicação Social, Franklin Martins; o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc; o Ministro da Cultura, Juca Ferreira; e muitos outros do 2º escalão. Eles poderiam contar a verdadeira história de suas organizações e os crimes praticados por seus militantes.

Temos muito o que contar para contribuir com o resgate da História recente do Brasil.

À coordenadoria do Portal Memórias Reveladas sugerimos:

a) comecem narrando a verdadeira motivação para o início da luta armada;

b) publiquem as fichas criminais com os 'supostos ilícitos' dos 'opositores do regime';

c) citem as organizações terroristas a que pertenciam os militantes e porque eram 'perseguidos políticos'

Nossa colaboração será, frequentemente, apresentada no site www.averdadesufocada.com e esperamos que, depois de conferidas com documentos constantes nos processos sejam utilizadas pelo portal do governo.

Nossa primeira colaboração ao Portal: Atentado ao Aeroporto Guararapes - Recife/PE, considerado o marco inicial da luta armada no Brasil.

As sete bombas que abalaram Recife

Aeroporto de Guararapes

25/07/1966

A Contra-Revolução completava dois anos. Solenidades eram realizadas em todos os rincões do País.

Em Recife, desde oito horas desse 31/03/1966, o povo se deslocava para o Parque Treze de Maio para o início das comemorações. Milhares de pessoas estavam reunidas naquele parque quando, às 8h47, foram surpreendidas por uma violenta explosão, seguida de espessa nuvem de fumaça que envolveu o prédio dos Correios e Telégrafos de Recife.

Quando a fumaça desapareceu, o povo, atônito, viu os estragos. Manchas negras e buracos nas paredes, a vidraça no sexto andar estilhaçada. A curiosidade era geral.

O povo não imaginava que esse seria o primeiro ato terrorista na capital pernambucana.

Ao mesmo tempo, outra bomba explodia na residência do comandante do IV Exército. Ainda naquele dia, outra bomba, que falhara, foi encontrada em um vaso de

flores da Câmara Municipal de Recife, onde havia sido realizada uma sessão solene em comemoração ao segundo aniversário da Contra-Revolução.

Cinqüenta dias após, em vinte de maio, foram arremessados dois coquetéis “molotov” e uma banana de dinamite contra os portões da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Por sorte, até então, as bombas não haviam provocado vítimas.

No entanto, antes de completarem quatro meses da explosão da primeira bomba, outras três vieram abalar a tranqüilidade de Recife. Como as anteriores não provocaram vítimas, desta vez os terroristas capricharam e se esmeraram para haver mortos e feridos. A justificativa para essas ações era protestar contra a visita a Recife do marechal Costa e Silva, candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) à Presidência da República. O alvo principal era o próprio Costa e Silva e sua comitiva.

No dia marcado para a chegada do candidato, 25 de julho de 1966, explode a primeira bomba na União dos Estudantes de Pernambuco, ferindo com escoriações e queimaduras, no rosto e nas mãos, o civil José Leite.

A segunda bomba, detonada nos escritórios do Serviço de Informações dos Estados Unidos, causou apenas danos materiais. A terceira, mais potente, preparada para vitimar o marechal Costa e Silva, atingiu um grande número de pessoas. Ela foi colocada no saguão do Aeroporto de Guararapes, onde a comitiva do candidato seria recebida por trezentas pessoas.

Eram 8h30 deste mesmo dia, 25/07/1966, quando os alto-falantes anunciaram que, em virtude de pane no avião que traria o general, ele estava se deslocando por via terrestre, de João Pessoa até Recife, indo diretamente para o prédio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Com o anúncio, o público, felizmente, começou a se retirar.

O guarda-civil Sebastião Thomaz de Aquino, o “Paraíba”, que fora um grande jogador de futebol do Santa Cruz, viu uma maleta escura junto à livraria Sodiler.

Pensando que alguém a esquecera, pegou-a para entregá-la no balcão do Departamento de Aviação Civil (DAC).

Ocorreu no momento uma grande explosão. A seguir pânico, gemidos e dor. Mais um ato terrorista acabara de acontecer, com um saldo de quinze vítimas.

Morreu o jornalista Edson Régis de Carvalho, casado e pai de cinco filhos. Teve seu abdômen dilacerado.

Também faleceu o almirante reformado Nelson Gomes Fernandes, com o crânio esfacelado, deixando viúva e um filho menor.

“Paraíba” foi atingido no frontal, no maxilar, na perna esquerda e na coxa direita com exposição óssea, o que resultou na amputação da perna direita.

O tenente-coronel Sylvio Ferreira da Silva, hoje general, sofreu amputação traumática dos dedos da mão esquerda, lesões graves na coxa esquerda e queimaduras. de primeiro e segundo graus. Hoje, 43 anos depois, ainda sofre com as seqüelas provocadas.

Ficaram gravemente feridos o inspetor de polícia Haroldo Collares da Cunha Barreto e Antônio Pedro Morais da Cunha; os funcionários públicos Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro; os estudantes José Oliveira Silvestre e Amaro Duarte Dias; a professora Anita Ferreira de Carvalho; a comerciária Idalina Maia; o guarda-civil José Severino Barreto; além de Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de apenas seis anos de idade.

O acaso, transferindo o local da chegada de Costa e Silva, evitou que a tragédia fosse maior.

As autoridades, atônitas, procuravam os autores desses atentados. Não obtinham nenhuma resposta. Não tínhamos, até então, nenhum órgão para combater com eficiência o terrorismo.

Muitos anos depois, foi um comunista, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que teve a hombridade de denunciar esse crime: Jacob Gorender, em seu livro Combate nas Trevas - edição revista e ampliada - Editora Ática - 1998, escreve sobre o assunto:

“Membro da comissão militar e dirigente nacional da AP, Alípio de Freitas encontrava-se em Recife em meados de 1966, quando se anunciou a visita do general Costa e Silva, em campanha farsesca de candidato presidencial pelo partido governista Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Por conta própria Alípio decidiu promover uma aplicação realista dos ensinamentos sobre a técnica de atentados.”

“Em entrevista concedida a Sérgio Buarque de Gusmão e editada pelo Jornal da República, logo depois da anistia de 1979, Jair Ferreira de Sá revelou a autoria do atentado do Aeroporto de Guararapes por militantes da AP. Entrevista posterior, ao semanário Em Tempo, referiu-se a Raimundinho como um dos participantes da ação. Certamente, trata-se de Raimundo Gonçalves Figueiredo, que se transferiu para a VAR-Palmares (onde usava o nome de guerra Chico) e morreu, a vinte sete de abril de 1971, num tiroteio com policiais do Recife.”

Ficou, portanto, esclarecida a autoria do atentado ao Aeroporto de Gararapes:

- Organização responsável: Ação Popular (AP).

- Mentor intelectual: ex-padre Alípio de Freitas - que já atuava nas Ligas Camponesas na década de 50-, membro da comissão militar e dirigente nacional da AP;

· - Executor: Raimundo Gonçalves Figueiredo, militante da AP.

- Raimundo Gonçalves Figueiredo, codinome Chico, que viria, mais tarde a ser morto pela polícia de Recife em 27 de abril de 1971, já como integrante da VAR-Palmares e utilizando o nome falso de José Francisco Severo Ferreira, com o qual foi autopsiado e enterrado. Esse terrorista é um dos radicais que hoje são apontados como tendo agido em defesa da democracia e cujos “feitos” estão sendo recompensados pelo governo, às custas do contribuinte brasileiro, com indenizações, recompensa obtida graças ao trabalho faccioso e revanchista da Comissão de Mortos e Desaparecidos, instituída pela lei nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995. É um dos nomes glorificados no livro Dos filhos desse solo, página 443, e no livro Direito à Memória e à Verdade editado com dinheiro dos trabalhadores pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República, livro que faz a apologia do terrorismo e da luta armada. A prefeitura de Belo Horizonte, também, homenageou este terrorista assassido dando o seu nome a uma rua da capiral mineira

- Em 25/12/2004, Cláudio Humberto, em sua coluna, no Jornal de Brasília, publicou a concessão da indenização fixada pela Comissão de Anistia, que beneficia o ex-padre Alípio de Freitas, hoje residente em Lisboa. Ele terá direito a R$ 1,09 milhão.

Fontes:

- Combate nas Trevas.

- Projeto Orvil.

- A Verdade Sufocada - A História que a esquerda não quer que o Brasil Conheça.

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=66755&cat=Ensaios




BAIXADO DE www.ternuma.com.br em 290609

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A GUERRILHA DO ARAGUAIA

PRODUZIDO POR TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA

1 - Introdução e Capítulo I : A guerra popular prolongada do PC do B

2 - Capítulo II: As campanhas das forças legais

3 - Capítulo III: Os ressentimentos e a guerrilha das redações

4 - Capítulo IV: Conclusões

INTRODUÇÃO

PRODUZIDO POR TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA

As freqüentes reportagens sobre a “Guerrilha do Araguaia”, de autoria de uma parcela da imprensa autodenominada de investigativa, vêm alimentando ressentimentos e ódios represados que o passar de mais de três décadas ainda não conjurou.
A abordagem do assunto, quase sempre unilateral por falta de profundidade ou por facciosismo, privilegia uma esquerda melindrada e revanchista, não contemplando as forças legais com a isenção que deveria cercar a análise de um momento político importante da História recente do País. Por outro lado, o silêncio que o Exército Brasileiro insiste em manter sobre o tema reforça o peso do relato de vertente única e estimula a crença no assentimento de culpa por acusações de desmandos e crueldades.
O Grupo Terrorismo Nunca Mais (TERNUMA), com base nos princípios programáticos pelos quais existe e julgando-se apto a discutir o assunto com objetividade, propõe apresentar a sua visão, de forma a contribuir para o estabelecimento definitivo da verdade, apontando para o público leitor as veleidades e paixões que turvam a realidade histórica.
Assim, o TERNUMA analisará a matéria em três capítulos, enfocando a atuação dos contendores com base nas premissas político-doutrinárias que nortearam as ações, comentando alguns desvios sobre o conflito e concluirá no quarto capítulo com uma interpretação crítica.
Cabe ressaltar que todo o trabalho baseou-se na pesquisa de documentos e publicações da Internet, em depoimentos e artigos jornalísticos e na experiência pessoal de integrantes do Grupo, sem o apoio oficial ou consentido das partes litigantes.
Os nomes e fatos relatados são de domínio geral e, portanto, não se encontram protegidos por nenhuma legislação sobre assuntos sigilosos, nem se restringem ao conhecimento exclusivo de personalidades ou entidades públicas ou privadas.


CAPÍTULO I A Guerra Popular Prolongada do Partido Comunista do Brasil (PC do B)

Em 1956, o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) traçou novos rumos para o movimento comunista internacional, propondo a coexistência amistosa entre os blocos antagônicos da “guerra fria” e pregando a transição pacífica - via eleitoral, principalmente – para a chegada ao socialismo. No Brasil, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), inteiramente alinhado à matriz soviética, resolveu também abrandar as formas de agir, decisão tomada no seu V Congresso, em 1960, quando foram expulsos dos seus quadros Maurício Grabois e João Amazonas, entre outros, que teimavam em postular a priorização da luta armada. Os comunistas do “Partidão”, assim, passaram a adotar a defesa da “via democrática” para a chegada ao poder e a conseqüente implantação da ditadura do proletariado, dentro da concepção leninista de que “a Democracia não é mais do que uma tática descartável como todas as táticas”.
Em 1962, enquanto o Brasil vivia a plenitude do exercício de um regime político inteiramente democrático, o PC do B, surgido do cisma ideológico do PCB, passou à defesa intransigente da tomada do poder pela “violência revolucionária”, para a imposição de um “governo popular e revolucionário”. A expressão “violência” não era mero instrumento de retórica para caracterizar um eventual incremento no ardor da revolução, mas, sim, um conceito doutrinário pelo qual não aceitavam nenhuma transição que não passasse pelo caminho das armas, como ensinava Mao Tse-tung, maior ideólogo da revolução chinesa: “não é possível transformar o mundo a não ser com o fuzil”. Dessa maneira, rompido com o centro irradiador tradicional, o PC do B foi buscar na China o exemplo a seguir, encontrando a fórmula da “Guerra Popular Prolongada”, pela qual atuaria o “Exército Popular”, a surgir da mobilização e organização das massas camponesas e “capaz de travar a guerra regular e empreender batalhas decisivas”. Para realizar toda essa intrincada estratégia revolucionária, urgia um começo, logo imaginado com a tentativa de organizar um movimento guerrilheiro, definido como: “a forma principal de luta na fase inicial da guerra popular, através da qual é que se poderá iniciar a ação armada contra os inimigos da Nação e começar a estruturar as Forças Armadas Populares”.
A formação de quadros do PC do B para a constituição do emergente núcleo guerrilheiro teve origem com o envio à China, em 1964 e ainda durante o governo João Goulart, do primeiro de um total de três grupos de militantes para treinamento na Academia Militar de Pequim.
A área escolhida para a implantação da guerrilha foi o “Bico do Papagaio”, no Estado de Tocantins, limitado, ao sul, pelo paralelo que passa pelo município de Araguanã; pelo rio Araguaia, a oeste; e pelo rio Tocantins, ao norte e leste. Genericamente chamado de Araguaia pelas partes conflitantes, o palco de operações, forrado por exuberante floresta equatorial, reunia excelentes condições para o esforço do PC do B na conquista do apoio da rarefeita população de cerca de 20 mil habitantes, em aproximados 7000 km2, historicamente esquecida por todas as esferas governamentais e vítima de graves carências sócio-econômicas. Os conflitos de terra e a pobreza eram motes valiosos para o trabalho de massas, assim como qualquer paliativo que viesse trazer alívio aos efeitos das deploráveis condições médico-sanitárias existentes.
Desde 1966 o PC do B passou a infiltrar militantes para o Araguaia, os quais logo tentaram conquistar a simpatia dos locais, por meio de alguma assistência social e de noções de organização comunitária, tudo acompanhado de crescente proselitismo político. Enquanto isso, os infiltrados passaram a familiarizar-se com o terreno hostil e apurar o adestramento militar, com a prática de: tiro; sobrevivência, orientação e deslocamento em área de selva; e técnicas de incursões armadas, fustigamentos e emboscadas. Os primeiros elementos chegados à região eram eminentes membros do Partido e quadros com o curso de capacitação militar realizado na China. Dentre os pioneiros citam-se: Osvaldo Orlando da Costa, Maurício Grabois, Líbero Giancarlo Castiglia, Elza Monerat, Ângelo Arroyo, João Amazonas, João Carlos Haas Sobrinho e Nélson Piauhy Dourado. Desses, não morreram na luta João Amazonas, Elza Monerat e Ângelo Arroyo, que desertaram em fases diferentes do conflito.
As “Forças Guerrilheiras do Araguaia” (FOGUERA) surgiam como o embrião de um movimento guerrilheiro com o qual o PC do B pretendia a sua Guerra Popular Prolongada. Premente se tornava dar-lhes forma para passar às operações de combate, sobretudo pela inevitável presença do oponente, ainda em pleno processo de organização delas. Para esse mister debruçou-se a Comissão Executiva do Partido, integrada por elementos do Comitê Central e única responsável pelos contatos das Forças com o mundo exterior. Subordinada, então, à Comissão Executiva estruturou-se a Comissão Militar (CM), encarregada de estabelecer, segundo estritas diretrizes recebidas: a estratégia de atuação guerrilheira; o treinamento militar dos destacamentos subordinados; e, entre outras, a atuação dos destacamentos junto às massas. Finalmente, à CM enquadravam-se três Destacamentos, constituídos de Grupos de sete elementos cada, assim nomeados: o “A”, com atuação na região da Transamazônica; o “B”, atuante no vale do Gameleira; e o “C”, com ações a sudoeste da serra das Andorinhas. Ao todo e até o final das operações o efetivo das FOGUERA beirou os setenta integrantes.
A organização das Forças era celular e obedecia a rigorosa “compartimentação”, com vistas à proteção do sigilo das operações e a preservar a identidade dos componentes. Assim, apenas o comandante o subcomandante de Destacamento conheciam as áreas de atuação de seus Grupos e de outros Destacamentos, bem como somente os comandantes de Destacamentos conheciam os locais de encontro com os integrantes da Comissão militar.
Pelo pretexto de não dispor de uma estrutura administrativa que lhes permitisse isolar desertores, elementos não-colaboradores ou militares eventualmente caídos prisioneiros ou feridos, as FOGUERA constituíam os “Tribunais Revolucionários” para “julgar” e “justiçar” indesejáveis. A esse poder supremo são creditadas as mortes de Rosalino Cruz Souza, militante desertor, e dos moradores locais Osmar, Pedro “Mineiro” e João “Mateiro”. A eliminação fria de inimigos foi tacitamente admitida no chamado Relatório de Ângelo Arroyo (Editora Anita Garibaldi – 1996), de autoria de um dos dirigentes da Comissão Militar, que assinalava como erro de “certa importância” para a derrota no Araguaia: “Não se ter justiçado determinados inimigos. É o caso dos bate-paus como Pernambuco, Antônio e o irmão, e talvez os elementos que haviam chegado de fora, suspeitos de pertencerem ao Exército”. Tais “órgãos de justiça” eram motivo de intensa propaganda, objetivando desestimular delações e constituir elemento de pressão psicológica. Irracional e vítima da “racionalidade guerrilheira”, a cadelinha “Diana”, mascote do Destacamento “A”, foi justiçada a facadas, pelo militante Micheas Gomes de Almeida, o “Zezinho”, acusada de denunciar a posição do Destacamento, por deslocar-se, levada pelo instinto materno, do ponto onde se encontrassem os seus amigos homens até o lugar onde estavam os seus filhotes, para, simplesmente, dar-lhes de mamar.
Quase oito anos se passaram na tentativa do PC do B de formar um movimento guerrilheiro que viesse empolgar as massas para a Guerra Popular Prolongada. O Relatório Arroyo exagerou e muito no “sucesso” obtido junto à população, contabilizando o apoio de 90% dela. Admite-se que, no máximo, cerca de 180 (cento e oitenta) habitantes locais, direta ou indiretamente, tenham aderido como combatentes ou colaboradores.
Durante tempo considerável, as FOGUERA ficaram isoladas do restante do País e sujeitas à sobrevivência pelos meios próprios e pelo que pudessem amealhar na selva onde se embrenharam. A caça e a pesca, apesar de abundantes, eram as únicas fontes de alimentos disponíveis. Por essa razão, o prosaico jabuti tornou-se verdadeiro símbolo da sobrevivência, merecendo a folclórica promessa da CM de eternizá-lo em estátua, “quando viesse a vitória do movimento”. Essa desesperadora situação de 1973 e o total abandono a que foram relegadas pelo Partido mereceram a crítica de Pedro Pomar, integrante do Comitê Central, que em 1976 admitiu ter o Exército conseguido, na ofensiva final, em menos de três meses dispersar os destacamentos guerrilheiros e até mesmo atingir e desmantelar a Comissão Militar. Segundo ele, a direção do Partido nas cidades perdeu o contato com os camaradas do sul do Pará, e não sabia quantos deles sobreviveram ou se sobreviveram. Ainda segundo Pomar, por dois anos o Comitê Central e o Partido ficaram em compasso de espera, confiando que alguma coisa ou informação desfizesse as dúvidas sobre o destino dos camaradas que se encontravam no Araguaia e sobre o fim ou não da luta guerrilheira.
A autocrítica é ainda mais ácida no Relatório Arroyo que apontou, dentre os inúmeros erros da Comissão Militar, o pequeno número de ações provocadas de moto próprio em dois anos de luta, o que ele constatou pelo fato de que a imensa maioria das baixas decorreu do fator surpresa, em decorrência do Exército ter mantido sempre a iniciativa das ações.
O PC do B também não dedicou nenhuma atenção ao restante dos militantes de base, que até 1976 desconheciam o fracasso no Araguaia e durante todo o tempo mantiveram-se iludidos pela propaganda ufanista provinda da Rádio Tirana da Albânia.
O fanatismo, a cega devoção à causa, e o entorpecimento de valores éticos e morais transformaram alguns integrantes das FOGUERA em lendas vivas aos olhos de humildes moradores locais, que, crédulos, chegavam a considerá-los verdadeiros totens e senhores da imortalidade, como Osvaldo Orlando da Costa, o “Osvaldão”, e Dinalva Conceição Teixeira, a ' Dina'.
A “saga” dos combatentes das FOGUERA e os seus decantados “heróis” não foram suficientes para levar a aventura a nenhum resultado prático, sobretudo pela falta de efetivo apoio político externo, já que a China, fonte inspiradora inicial, já buscava estabelecer relações diplomáticas com a “ditadura fascista brasileira”. Curiosamente, hoje a esquerda brasileira, malgrado críticas do próprio PC do B, dá ares de vitória ao movimento, ao qual rotula de “guerrilheiro” e, por conseguinte, merecedor do amparo das leis da guerra, especialmente da Convenção de Genebra. Desmemoriada por interesse, não considera que a violência revolucionária era um princípio ilegal, de uma entidade clandestina, que não contemplava a Democracia como um fim e nem mesmo como etapa política, e que transgredia o ordenamento jurídico de uma Nação soberana e legalmente reconhecida no concerto das Nações. Tudo, em suma, denota simplesmente o esforço em sacralizar um bando fora-da-lei, banalizando o crime em nome de uma finada ideologia.


CAPÍTULO II - As campanhas das Forças Legais

PRODUZIDO POR TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA

Desde 1969, os órgãos de inteligência, particularmente os das Forças Armadas, possuíam indícios de atividades do ilegal PC do B na região do Bico do Papagaio.
A suspeita ensejou, em novembro de 1970, a realização de um exercício militar – a Operação Carajás -, manobra que coroava o ano de instrução e que se constituía em excelente oportunidade de adestramento para os recrutas incorporados naquele mesmo ano, dentro de um quadro tático de contra-guerrilha em ambiente de selva. A manobra também envolveu efetivos das outras Forças Singulares, realizando-se com objetivo dissuasório e de levantamento de informes. A iniciativa, todavia, não confirmou nenhuma evidência sobre atividade guerrilheira, mas reforçou a necessidade de urgente ação governamental na área considerada verdadeira terra-de-ninguém, por situar-se em confluência de três Estados da União, sem precisa definição de responsabilidade para nenhum deles.
A presença do PC do B no Bico do Papagaio ficou finalmente assinalada com a prisão, no Ceará, no início de 1972, do casal Pedro Albuquerque Neto e Tereza Cristina Albuquerque, militantes evadidos do Araguaia pelo fato de que Tereza engravidara e lhe fora determinado, pela Comissão Militar das FOGUERA, realizar o aborto, no que se insubordinaram.
No início de abril de 1972, a região recebeu equipes especializadas em inteligência, que da busca do conhecimento sobre a atividade clandestina logo efetuaram as primeiras prisões, a saber: a 13 de abril, o morador local Francisco Amaro Lins; a 14 de abril, Eduardo José Monteiro Teixeira, nas proximidades de Araguatins, quando tentava incorporar-se ao movimento; a 15 de abril, Rioco Kayano, em um hotel de Marabá, abandonada por Elza Monerat que fugiu na iminência da prisão de ambas; e, a 18 de abril, uma das mais importantes prisões, a de José Genoíno Neto.
Em 08 de maio de 1972, o Exército sofreu as suas primeiras baixas, ao ter uma equipe de busca de informes emboscada por elementos liderados por “Osvaldão”. Na refrega morreu um Cabo, Odílio Cruz Rosa, e foi ferido um Sargento. O episódio marcou o surgimento da lenda em torno do militante, que desafiou o Exército a ir resgatar no local da emboscada o corpo que ele, de propósito, deixara insepulto como “isca”. O resgate, no entanto, foi normalmente realizado, embora sem o apoio de guias mateiros, amedrontados com as bravatas de Osvaldão.
Derrubado o sigilo de parte a parte, o Exército retraiu a maioria das equipes de inteligência e passou a empregar tropa convencional, enquadrada por um Destacamento formado por três Pelotões de Selva e cinco Pelotões de Infantaria Motorizados (PELOTARES), além de efetivos de apoio, particularmente da Aeronáutica. O Destacamento, na verdade, não realizou ações de combate, limitando-se a operações de vigilância e à execução de Ações Cívico-Sociais, estas para neutralizar qualquer apoio da população aos sediciosos.
Em vista dos resultados obtidos até então, e consoante diretriz baixada pelo Estado-Maior do Exército, a partir de 18 de setembro de 1972 executou-se nova manobra de adestramento de recrutas, por doze dias, com cerca de 2500 (dois mil e quinhentos) homens reunidos em cinco Batalhões de efetivos reduzidos, três Companhias e cinco PELOTARES, e reforçados por elementos dos Fuzileiros Navais, frações de Operações Especiais e da Aeronáutica.
As autoridades imaginaram que a expressiva presença militar e a resultante demonstração de força estimulariam o PC do B a abandonar a região. Ao contrário, a saída da tropa foi interpretada pela Comissão Militar como mostra de fraqueza ou de impotência, o que estimulou a continuação da aventura guerrilheira e atiçou a propaganda do PC do B, notadamente a veiculada pela Rádio Tirana da Albânia.
Terminada a manobra, permaneceram na área tropas da Polícia Militar de Goiás, historicamente estigmatizadas pela prática de arbitrariedades e por um estreito alinhamento aos senhores da terra, resultando latente o clima de tensão social, fato que motivou ainda mais a disposição dos comunistas ao trabalho de massas.
Mantido o cenário, o Governo convenceu-se do fracasso na tentativa de resolver o problema sem confronto. Assim, o Exército planejou e conduziu nova operação de inteligência – a Operação Sucuri -, dessa feita com base em muito bem elaborada infiltração de agentes na região, todos eles experimentados profissionais adaptados às rotinas e características da área, tudo com o eficiente apoio do INCRA e SUCAM. Ao longo de mais de quatro meses, a operação foi cercada de êxito e colheu preciosos resultados, graças a uma inédita manutenção do sigilo, considerando-se o vulto dos recursos humanos empregados, o tempo decorrido e a gama de “estórias-coberturas” desenvolvidas. O PC do B, por outro lado, descurou-se da segurança, superestimando a solidez de sua presença e subestimando a capacitação da inteligência militar. Além disso, a CM das FOGUERA demonstrou excesso de confiança e inteiro desleixo no tratamento de informes, desprezando significativos indícios sobre atividades de agentes militares.
Com os dados colhidos pela Operação Sucuri, o Exército foi suprido de farto material acerca dos rebeldes, de seus contatos, da rede de apoio, das direções gerais de concentração e homizio e, fundamentalmente, da sua provável composição e poder de combate. Logo que reunido todo esse conhecimento, e com a surpresa assegurada, procedeu-se ao cerco estratégico da área com o emprego das Polícias Militares de Goiás e do Pará no bloqueio das estradas e caminhos de saída, retirando completamente das FOGUERA qualquer apoio do mundo exterior e o contato com o Partido. De pronto, os insurretos também foram privados da sua rede de apoio, pela prisão e o isolamento de cerca de 160 (cento e sessenta) colaboradores ou suspeitos de colaboração, logo evacuados com seus familiares para acampamentos sob o resguardo da autoridade militar. Tais colaboradores, então conscientizados sobre a ilegalidade das peripécias com que compactuavam, tiveram atendidas importantes necessidades básicas, como a expedição de certidões, registros de identidade e titulação de terras, o que neutralizou a doutrinação político-ideológica a que estiveram submetidos por longo período. A privação da rede de apoio foi severo revés infligido às FOGUERA, uma vez que se constituíam na mais importante base de informes e na única fonte de suprimentos, como o simples e imprescindível sal de cozinha.
Concomitantemente, desencadeou-se o emprego da tropa de combate, compostas por frações constituídas de profissionais especializados em operações de selva, com o seguro apoio dos agentes da Operação Sucuri transformados em guias, pela perfeita familiaridade com as trilhas e picadas que tinham levantado no trabalho anterior. O efetivo empregado foi de 750 (setecentos e cinqüenta) , na maioria provindos da própria região amazônica e perfeitamente adaptados ao ambiente operacional. A utilização de trajes descaracterizados e de equipamento não convencional, bem como o uso de codinomes e a ausência de insígnias de postos e graduações, aumentaram o conforto, a segurança e a operacionalidade da tropa. O armamento era o de dotação para Unidades de selva, fato que propiciava considerável poder de fogo e desequilibraria o combate em favor da tropa legal. O planejamento de emprego considerava também o prolongamento das operações por tempo indeterminado, o que indicou o revezamento do efetivo total entre três grupos de 250 (duzentos e cinqüenta) homens, resultando em preciosa recomposição no moral e estado físico dos combatentes.
Iludidas com o “modus operandi” do Exército nas etapas anteriores, pelo qual não recebeu engajamento decisivo, as FOGUERA foram surpreendidas pela determinação com que a tropa lhes dava combate e firmemente adentrava pela selva sob as difíceis condições impostas pelo período chuvoso. A falta de apoio e a penúria dos meios de subsistência também lhes limitavam o ânimo, a mobilidade e a capacidade de reação. Em tais circunstâncias, as suas baixas naturalmente surgiriam pesadas, o que, sem dúvida, daria por encerrada a suicida tentativa de preparo e desencadeamento de um movimento guerrilheiro. Tragicamente, finava o delírio que embalava o sonho do PC do B de transformar o Brasil, pela violência revolucionária, na sua ditadura do proletariado.
Se o PC do B não quis ou não soube contar os seus mortos e desaparecidos, não é culpa das Forças Legais.
Pelo que registra a História, as Forças Armadas do Brasil nunca tiveram o hábito de esquecer os seus, mesmo no desatino de um conflito provocado por essa insanidade política que lhe resultou dois mortos e seis feridos.


CAPÍTULO III – Os ressentimentos e a guerrilha das redações

PRODUZIDO POR TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA

“A sociedade brasileira merece e exige ser esclarecida sobre os fatos da Guerrilha do Araguaia”.
É o argumento justo e irrefutável de todos os que têm cobrado resposta a indagações sobre esse pesadelo político. Alguns na busca honesta de realmente aclarar um passado nebuloso. Outros, infelizmente, na ânsia de tingir de marrom uma parte da mídia ávida só por vender notícia. Outros ainda que, na abstinência do modismo revolucionário, insistem em remoer ressentimentos pela derrota nos campos da luta armada e das idéias.
Aos primeiros, dedicamos o esforço sincero de preencher o vazio deixado pela palavra oficial, pois entendemos que Forças Armadas cumpriram o papel que a lei lhes determinava, não havendo, portanto, justificativa para a opção pelo silêncio. A eles os dois capítulos anteriores já bastam para conformar uma opinião desapaixonada.
Aos demais, impomo-nos a tarefa de prosseguir, com o fim de apontar distorções e denunciar preconceitos. A mentira e a desavergonhada maquinação da notícia não raras vezes são instrumentos de maus profissionais, renomados ou não, mais preocupados com o próprio nome associado às “denúncias” do que propriamente com a veracidade e o conteúdo do que denunciam.
Dessa maneira, temos lido com freqüência “primorosas” reportagens, algumas flagrantes ridicularias, que chegam ao disparate de dar crédito a sandices como a exumação de uma cabeça humana, sangrando, após três meses de enterrada dentro de um saco. Da mesma forma, alguns jornalistas expõem-se ao escárnio por dar crédito a “insuspeitos” testemunhos, como o de um caboclo do Araguaia, que disse ter visto um morador ficar pendurado pelos testículos, que, ao final da tortura, tinham meio metro de comprimento. A qualidade das provas apresentadas também beira o grotesco, como o “reconhecimento” de sua ex-companheira “Valquíria” por “Zequinha” – o já citado matador da cadelinha Diana –, pelo formato do crânio e pelos dentes, em restos mortais desenterrados, após quase trinta anos de sepultados.
Uma ruidosa expedição, enviada ao Araguaia às expensas do contribuinte, aliás, sobrevoou, exaustivamente, a Serra das Andorinhas, em um helicóptero da FAB, guiada por um “arrependido” Coronel da reserva e ex-piloto das Forças Legais, com o objetivo de localizar sepulturas clandestinas na mata densa que recobre a região. O inevitável insucesso do mirabolante intento os decepcionados expedicionários creditaram ao “branco” que turvou os sentidos paranormais do militar. O histriônico episódio teve seu “grand finale” no desembarque em Brasília dos briosos integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, liderados pelo Deputado Luiz Eduardo Greenhalg, que, pessoalmente, fazia questão de ser documentado pelas luzes da mídia conduzindo ossadas humanas que trazia de humildes jazigos do Araguaia, associando-as espetaculosamente a guerrilheiros. Toda essa pantomima ocorreu em outubro de 2001, e, até agora, os despojos jazem esquecidos em alguma gaveta médico-legal. Estão à espera da mágica que os faça adquirir identidade política ou da comiseração cristã de alguém desapaixonado que lhes traga respeito, restituindo-os aos túmulos violados.
De algumas redações têm saído verdadeiros cultores de mitos, que alçam o negro Osvaldão como o Zumbi da Guerra Popular. Dão-lhe destaque até por ser presumido gerador de herdeiros sem paternidade, nascidos de românticas incursões noturnas para serem depois afastados dos pais naturais pelos cruéis militares. Delas também pontuou um açodado cronista político que se deu o exagero de equiparar a vida de João Amazonas de Souza Pedroso ao resumo da história do Brasil.
João Amazonas, fundador do PC do B e um dos pais da aventura da Araguaia, dela desertou para deixar as FOGUERA entregues à própria sorte. Anos depois - precisamente a 16 de maio de 1996, em depoimento à “justa” Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados -, esgrimiu a mentira, sem nenhum respeito à sua condição de homem provecto, ou a menor reverência à memória política do País, declarando com desfaçatez:

“As greves foram proibidas. Os sindicatos interditados. Enfim, com o chamado Ato Institucional n° 5, impôs-se um regime de terror contra o povo, isso sem falar nos planos terroristas do Rio-Centro e das maquinações monstruosas do brigadeiro Burnier, denunciadas pelo capitão Sérgio, conhecido como Macaco.
É nesse ambiente que surge o Araguaia, organizado e dirigido na clandestinidade pelo Partido Comunista do Brasil. Araguaia não era um movimento subversivo, como costuma dizer a repressão, não visava implantar o socialismo no Brasil. Destinava-se a organizar a resistência armada contra a ditadura, já que outras formas de luta não havia espaço para se concretizar nas cidades.
O objetivo político da Guerrilha do Araguaia estava expresso em um documento largamente distribuído entre a população do sul do Pará, intitulado União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo. Esse era de fato o objetivo da luta guerrilheira do Araguaia, um movimento intimamente ligado à população camponesa pobre e sofrida da região”.

A mentira atropelou épocas e objetivos. Amazonas nem de leve se corou ao falar de um movimento com berço programático em 1962, em plena vigência da normalidade democrática, embevecendo os atentos comissários dos direitos humanos com alusões a fatos políticos de uma “ditadura” posterior ao início da tentativa de implantação da sua Guerra Popular Prolongada. A “União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo” nada mais foi do que o nome de fantasia das suas Foguera, já quando o movimento estava em seus estertores, assim denominado em erudito panfleto totalmente fora da compreensão da gente simples e sem instrução da área. Enlouquecido em sua impostura, Amazonas delirou, ao avaliar o efetivo do Exército que seus comandados enfrentaram, citando a presença de vinte mil soldados. Ora, esse número, se verdadeiro, representaria o mesmo que população nativa, o que é um grande absurdo. Ademais, seria inimaginável para o Governo sustentar vinte mil homens em operações, durante três anos, sem despertar nenhuma atenção da opinião pública. Manter essa balela é lamentável, por representar uma ridícula estultice, que ofende o bom senso do povo brasileiro.


CAPÍTULO IV Conclusões

PRODUZIDO POR TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA

A Guerrilha do Araguaia não passou de uma aventura de um grupo verdadeiramente pequeno e residual, sejam quais forem os ângulos por quais ela possa ser analisada.
Pelo enfoque político não passou do desvario de um Partido ilegal e clandestino em engendrar a incoerência de uma guerra popular sem apoio do povo, para impor-lhe o socialismo. Do ponto de vista militar, foi ação de um bando quixotesco a infligir mais prejuízos a si mesmo, perdido na selva e no emaranhado dos próprios erros. Nem os seus ideólogos resistiram a tanta bisonhice político-militar, como está claro na acidez das críticas de Ângelo Arroyo e Pedro Pomar, plenamente de domínio público. Aliás, o relatório de Arroyo é verdadeira confissão coletiva de culpa por tantas mazelas.
Exigir autocrítica de João Amazonas de Souza Pedroso é o mesmo que pedir a um ateu a contrição e o acolhimento de que a sua vida foi um longo suceder-se de pecados capitais. Cobrar-lhe a responsabilidade penal e moral, porém, deveria ser a obrigação da sociedade e das famílias que tiveram seus filhos levados ao infortúnio por ele, que se esconde na mentira para encobrir vários crimes, em que despontam o assassínio e a formação da quadrilha da qual desertou.
Eminentes guerrilheiros de redações queixam-se de que as Forças Armadas teriam infringido as leis da guerra e a Convenção de Genebra, assacando fantasiosos e lúgubres “testemunhos” de cuja idoneidade já se tratou. Omitem, entretanto, que se tratava de reprimir um bando fora-da-lei, que se conduzia por um procedimento que negava aos oponentes quaisquer sentidos éticos ou de justiça que não viessem de seus “tribunais revolucionários”. Deixar cadáveres insepultos e “justiçar”, como faziam os “mitológicos” Osvaldão e companhia, certamente, não estão listados como comportamentos de combatentes a merecer amparo por qualquer código legítimo. Ademais, argumentar com a falácia de que combatiam uma “ditadura militar” é coonestar atividade criminosa, pois, à época, aceitem ou não os senhores das redações, havia no Brasil um Governo legal. Usar oposição criminosa como reação a um momento político é o cínico argumento dos que consideram mero detalhe o fato de a sociedade brasileira nunca ter autorizado usar em seu nome a violência revolucionária.
Finalmente, Sr João Amazonas de Souza Pedroso, para pôr término a tanto mal e dar definitivo esclarecimento aos fatos, mostre ao Brasil onde estão os jovens mortos e os desaparecidos que o seguiam em tantos desatinos. Liberte-se, senhor da guerra popular, de todo o seu ódio, de tanta culpa e de toda essa maldade.

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=66857&cat=Ensaios


MEMÓRIAS DO ARAGUAIA
Por Aloísio Rodrigues dos Santos
Não me surpreendi com a Portaria do Ministério da Defesa, que trata do resgate de ossadas de integrantes do Partido Comunista do Brasil (P C do B) mortos no Araguaia nos anos de 1972/73/74, nem com as suas repercussões na imprensa, nem com as declarações de seus militantes, particularmente Criméia Alice Schmidt de Almeida, sobre a qual farei considerações a respeito da sua saída da área de guerrilha no sudeste do Pará, no segundo semestre de 1972.
Já fiz inúmeras observações sobre a guerrilha, onde destaco as características físicas da área; o aliciamento, a doutrinação e o recrutamento de jovens; o tratamento às vítimas; a realização de cursos no exterior; os combates de encontro; o apoio político e o apoio financeiro do exterior; a transferência do foco para o P C do B; e outras, todas citadas em textos publicados na internet. Algumas dessas considerações constarão, parcialmente, deste texto para sua melhor compreensão.
No início da década de 60, provavelmente após o congresso de fundação do P C do B (11 a 18 de fevereiro de 1962), bem antes da contrarrevolução de 31/03/1964, militantes do partido foram designados para a realização de cursos de guerrilha rural na Academia Militar de Pequim, sob os auspícios do Partido Comunista Chinês.
Ao mesmo tempo, o comitê central do partido já sistematizava diretrizes, procedimentos e ações, visando ao reconhecimento de áreas no interior do Brasil propícias ao desenvolvimento da guerra de guerrilhas. Essas áreas deveriam estar distantes das regiões mais desenvolvidas e dos grandes centros urbanos, do poder político e dos órgãos de segurança do Estado; ser de difícil acesso, com uma população rarefeita e abandonada pelo poder central e com amplos vazios demográficos; e outras características que favorecessem a implantação, o crescimento e o desenvolvimento da guerrilha rural, que seria o instrumento e o estímulo visando a criação de um “Exército Popular de Libertação”.
Dentre as áreas que possam ter sido alvos de interesse por parte do partido, destaco uma no sudeste do Pará; outra no norte de Goiás (hoje Tocantins), na região conhecida como Bico do Papagaio; uma terceira em Mato Grosso; e por último uma localizada na divisa de Goiás com Mato Grosso. Outras foram descartadas por inúmeras razões.
Definido o sudeste do Pará como área prioritária, em 1966 os primeiros militantes já se homiziavam na região, reconheciam detalhadamente o terreno e se aproximavam da humilde população rural e urbana dos pequenos núcleos habitacionais, para definir e propor ao comitê central os locais mais adequados para receber os futuros “guerrilheiros”, recrutados e aprovados pela direção do partido.
Assim, concluída a primeira fase para a futura ocupação da área, em 24/12/1967 os primeiros jovens aliciados chegavam ao seu destino final. Duas rotas de acesso à região foram definidas pelos “estrategistas” do partido. Uma pelo nordeste, considerada secundária, passava por Imperatriz (MA).
A principal iniciava-se por São Paulo(SP), passava por Anápolis e Araguaína em Goiás e chegava em Xambioá no Pará, com suas variantes. A grande maioria dos aliciados foi conduzida por essa rota pelos integrantes do comitê central, considerada também a principal rota de saída.
De dezembro de 1967 a março de 1972 - 4 anos e 4 meses- aproximadamente 60 jovens foram levados e incorporados ao grupo que lá havia se instalado desde 1966. Efetivo muito reduzido para quem se propõe a criar um exército de libertação. Um sonho. Uma irresponsabilidade de homens e mulheres idosos, comunistas fanáticos, experientes e inescrupulosos, que não titubearam em tirar jovens do seio de suas famílias, conduzi-los ao Araguaia e induzi-los a resistir até à morte.
Identificada a área pelos órgãos de segurança, praticamente todos os “guerrilheiros” foram abandonados à própria sorte pelos seus dirigentes, que não mais lá retornaram nos anos subsequentes. O simples reconhecimento da região permitiu a prisão dos primeiros militantes, alguns subnutridos, que se entregaram pacificamente, sem esboçar qualquer reação.
Foram bem tratados. Mudaram de partido.
De certa forma julgo emblemática a prisão da militante Rioko Kayano, que mais tarde se casaria com José Genoíno.
Elza de Lima Monnerat, dirigente que, clandestinamente, a conduzia para se integrar a área, abandonou-a e a delatou aos agentes que revistavam o ônibus em que viajavam, retornando de imediato a São Paulo.
Mas, a comissão militar da guerrilha e o núcleo mais importante dos dirigentes do comitê central, esses a mais de 2.000 Km de distância da área, exigiam o cumprimento espartano das decisões e a aceitação indiscutível de procedimentos, tudo imposto pela comissão militar. Dentre essas normas, destaco pela relevância uma decisão com os seus desdobramentos e um procedimento imposto, apenas, às “militantes comuns”.
A decisão refere-se à segurança da área, que assim pode ser objetiva e sinteticamente resumida: “quem entrar na área não pode dela sair, qualquer que seja o motivo, pois a saída poderá comprometer a segurança da área e do partido”. As exceções eram prerrogativas dos dirigentes de maior nível.
Para fazer cumprir essa decisão, algumas ameaças, veladas ou não, foram transmitidas ao conjunto como orientações importantes para a segurança da guerrilha e do partido, estimulando o cumprimento das normas e inibindo os que se propusessem a abandonar a área.
-Primeira: “se você for preso pelo Exército, você será torturado até a morte”, o que levou a grande maioria dos militantes a resistir até à morte no decorrer das operações.
-Segunda: “se você abandonar o seu ponto de apoio (como eram chamados os locais de moradia) e o seu destacamento, você não sobreviverá no interior da selva”.
-Terceira: “quem entrar na área não poderá dela se ausentar, mesmo temporariamente, ou sair sem autorização da comissão militar ou do comitê central”.
Nessa última ameaça poderíamos enquadrar o destino do militante ”Mundico”, Rosalindo de SouzaDisposto a abandonar a área, foi “justiçado” por decisão da comissão militar, episódio acobertado e, até hoje, não explicado de forma conveniente e convincente pelos dirigentes partidários.
Quanto ao procedimento específico para as mulheres, a gravidez exigia a realização de um aborto, pois a saída da área, para a segurança do recém nascido e para o sucesso do parto, poria em risco a segurança do partido e da guerrilha. Tal circunstância levou uma gestante e seu companheiro, ameaçados pela direção que exigia o aborto, a se evadirem da área, ambos retornando à sua cidade de origem, onde permaneceram na clandestinidade.
Em contrapartida, a militante Criméia Alice Schmidt de Almeida foi autorizada a sair da área em condições semelhantes, ao final de 1972, pois mantinha relacionamento familiar com um dirigente do P C do B (Criméia era companheira de André Grabois, filho de Maurício Grabois membro da comissão militar).
 Dois pesos, duas medidas.
Essa mesma militante, em reportagem ao jornal “Estado de São Paulo” de 24/06/2009, “representante da comissão dos familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura militar(1964-1985)”, afirmou que a presença do Exército na região “é uma estupidez”, ao mesmo tempo em que exigia, praticamente, que a comissão nomeada pelo Ministério da Defesa( MD) fosse transferida para outro órgão, retirando do Exército as responsabilidades que a sua coordenação impunha. Com a divulgação deste artigo, Criméia saiu dos noticiários em 2009 e evita fazer qualquer "marolinha".
Finalizando, pergunto: Que autoridade tem essa senhora para exigir do MD, pela imprensa, que o Exército deva ser um mero coadjuvante na busca das “ossadas” e não o ator principal?
Por que reprisar a farsa anterior da comissão de anistia, onde o representante do Exército se constituiu em um mero legitimador dos trabalhos e das decisões dessa comissão?
Já se esqueceram ou ainda se lembram (?) de uma integrante da comissão, que dela se demitiu, em caráter irrevogável, em razão da parcialidade das votações sempre aprovadas por uma maioria injusta, partidária, ideológica e comprometida?
A senhora Criméia se julga melhor ou superior à militante do Ceará (Cristina) que fugiu da área de guerrilha, com o seu companheiro (Pedro), para concluir a gravidez e se tornar mãe?
Não sente vergonha de ter sido privilegiada e de ter tido apoio para se afastar da área, enquanto a outra e seu companheiro tiveram de fugir e enfrentar os desafios e os perigos que a selva impõe aos inexperientes?

Aloísio Rodrigues dos Santos é General da Reserva do EB
Doc. nº 2 – 2011

REPASSE E  AJUDE A  VERDADE!




A Verdade Sufocada - 12/07/2009

http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2113&Itemid=78

Vasculhando o Orvil - capítulo XIV

Carlos Marighela

Transcrito do Orvil - Ainda a Ação Libertadora Nacional - ALN

Tentativa de implantação da Guerrilha Rural
Na tentativa de implantaçào da 'Área Estratégica' da ALN no início de 1968, Carlos Augusto da Silva Sampaio, líder estudantil em Belém, foi contatado e convencido a ligar-se com Carlos Marighela. Aproveitando-se das férias do início daquele ano, Carlos Augusto deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde fez contato e estabeleceu um esquema de comunicação com Marighela , através da militante Maria Cerqueira, moradora na Av N.Senhora de Copacabana/RJ, e do casal João Batista e Zilda de Paula Xavier Pereira, coordenadores, naquela ocasião, da ALN na Guanabara.

Em setembro de 1968, Carlos Augusto foi procurado, em Belém, por João Batista, com a orientação para o início da estruturação da ALN no Estado do Pará . Com o início do trabalho de aliciamento, o grupo foi reforçado com a adesão de João Alberto Rodrigues Capiberibe, João Moacir Santiago Mendonça, Pedro Alcântara Carneiro e Flávio Augusto Neves Leão de Sales.

Em junho de 1969, Carlos Augusto, ,juntamente com João Alberto Capiberibe, em nova viagem ao Rio de Janeiro, recebeu a missão de iniciar o trabalho de implantação de uma área rural, na região do Rio Araguaia, até a cidade de Imperatriz no Maranhão. No Rio de Janeiro, Carlos Augusto encontrou-se com os frades dominicanos Ivo e Fernando e com Nestor Mota, elementos que haviam vasculhado a região escolhida, em reconhecimentos realizados, em l968, seguindo ordens de Marighela. Na volta a Belém, fizeram-se acompanhar de Nestor Mota, que se dirigiu a Conceição do Araguaia para fazer contato com João Carlos Ramalho, que trabalhava no Movimento de Educação de Base (MEB). Após acertos e dentro do esquema de iniciar o trabalho de doutrinação no campo, João Moacir Santiago Mendonça passou a morar com João Ramalho em Conceição do Araguaia.

Em.17 de agosto de 1969, Flávio Augusto Neves Leão de Sales realizou, por iniciativa própria, um assalto à firma Gelar em Belém.

Flávio Augusto provocaria, em 25 de agosto, a morte de sua madrinha e irmã de criação, Sulamita Campos Leite, estraçalhada por uma bomba de alto teor explosivo, que ele enterrara no quintal da residência dos Sales, na Travessa Curuzu, nº 2235, em Belém.

A intensificação da atividade policial em Belém, provocou, por questões de segurança, a viagem apressada de Carlos Augusto e João Moacir Santiago Mendonça ao Rio de Janeiro, onde se homiziaram no apartamento de Maria Cerqueira. Flávio Augusto, também ameaçado, deslocou-se para São Paulo, onde integrou-se ao GTA, passando a participar ativamenté de ações armadas.

Ao retornarem a Belém, Carlos Augusto e João Moacir foram informados de que Capiberibe já tinha conseguido um local apropriado na área do Tocantins. Após o retorno de Carlos Augusto do Rio de Janeiro, um grupo da ALN em Belém tentou um assalto a um carro de um oficial da Marinha. Este fato levou as autorídades a desenvolverem um trabalho específico, visando a detectar e identificar o grupo, que iniciava uma atuação sistemática e organizada em Belém.

Com a morte de Marighela, em novembro de 1969, o grupo perdeu a ligação com a Coordenação Nacional da ALN, que se encontrava em São Paulo. Somente em abril de 1970, Carlos Augusto, já formado em advocacia, retomou a ligação com a Coordenação Nacional, sendo colocado em contato com Joaquim Câmara Ferreira - 'Toledo'-, em São Paulo. 'Toledo' informou que seria enviado para Belém, afim de ser colocado na área rural escolhida, um militante que regressara de Cuba depois de fazer curso de guerrilha.

Em junho de 1970, José Silva Tavares, antigo militante da Corrente, chegou de Cuba e recebeu orientação de 'Toledo' para dirigir-se a Belém, com a finalidade de dar continuidade aos trabalhos de implantação da área estratégica. 'Toledo' insistiu para que.as atividades fossem alicerçadas no trabalho de doutrinação da·massa rural. Em julho foi providenciada a compra de uma área proxima a Imperatriz, no Maranhão, que seria a base para o desenvolvimento do trabalho estratégico. Em setembro de 1970, José Tavares foi deslocado para Belém. O planejamento constava da ida antecipada de Capiberibe para a área de Imperatriz, onde receberia Tavares

Enquanto a ALN tramava a articulação de sua área estratégica, as forças de segurança, centradas na 8ª Região Militar, coroando diligências que vinham realizando desde abril, desmantelaram inúmeros 'aparelhos' da organização. No dia 7 de setembro, quando aguardavam o ônibus para ·se deslocar para Imperatriz, foram presos Capiberibe, sua esposa, Janete Del Castilho Capiberbe e sua cunhada, Eliane Lúcia Del Castilho Goes. No mesmo dia,caiu Carlos Augusto. José Tavares foi preso na manhã do dia 8 de setembro, no interior do ônibus que o conduzia a Imperatriz.

No desenrolar da operação, foram presos, na base da área estratégica - onde já existia uma construção rústica para acolher os militantes -, o estudante do 3º ano de Medicina, Pedro Alcântara Carneiro e Wanderley Gomes Camorim. Na área já se iniciara o trabalho de massa, através do atendimento à população local, realizado por Pedro Alcântara. Com eles foi apreendido um mosquetão 7mm com a respectiva munição.

Durante a ação policial que se abateu sobre a ALN no Pará, foi detectada a existência de um grupo na Faculdade de Ciências Econômicas de Belém, com a participação de Roberto Ribeiro Correia, responsável pela Publicação do panfleto 'Luta Revolucionária'. O grupo tinha ligação direta com Capiberibe e distribuía a 'Luta Revolucionária' na área universitária e nos pontos mais carentes da cidade de Belém. Desta forma, teve fim a tentativa organizada da ALN de implantar uma 'área estratégica' na convulsionada área do Noroeste do Maranhão/Norte de Goiás, conhecida como 'Bico do Papagaio'. Também frustrada foi a sua intenção de estender-se ao Rio Grande do Norte. A organização sofreria, nesse ano, uma série de reveses no NE e nas duas principais Coordenadoria Regionais de São Paulo e Guanabara, mas seus GTA estavam sendo reforçados pelos militantes treinados em Cuba ('cubanos') , do chamado 'II Exército da ALN'.

A ALN, todavia, ao contrário do que preconizava 'Toledo', cada vez afastava-se mais das massas e tornava-se mais violenta e sanguinária!

As atividades da Cordenação Regional - CR/SP da ALN

Em são Paulo, Yuri Xavier Pereira e Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz - ' Clemente ', membros da Coordenação Nacional Provisória, acumulavam as funções da Coordenação Regional (CR), compondo-a junto com a militante Lídia Guerlenda, que substituira Márcio Leite Toledo, que estava em 'crise ideológica' , insatisfeito com a atuação da ALN. Enquanto a CN aguardava o desfecho da luta interna provocada pelo pessoal do 'III Exército', que fazia curso de guerrilha em Cuba, a CR/SP enfrentava problema idêntico, representado pelo conflito entre o Grupo Tático Armado ( GTA) e a Frente de Massas (FM).

No inicio de 1971, a CR/SP acionou o GTA numa série de ações em 'frente' com outras organizações, inclusive o assassinato do industriul Hening Albert Boilesen, realizado com o Movimento Revolucionário Tiradentes -MRT -, em 15 de abril.

A Vanguarda Popular Revolucionária - VPR -, com o relacionamento estremecido na 'frente' pela realizaçao, sem consulta, do sequestro do embaixador suíço, participou apenas do assalto ao carro transportador do Banco Andrade Arnaud, na Rua Lavapés, no bairro Cambuci, em 22 de janeiro. As demais ações foram realizadas em colaboração com o MRT e com o incipiente Movimento Revolucionário Marxista - MRM - , até abril; quando as duas organizações foram desmanteladas .

Relação de algumas das ações realizadas em 'frente' pela ALN com o MRT (algumas, também com o MRN), em São Paulo, em 1971:

- em 18 de janeiro, roubo de carros e placas no estacionamento da Avenida Água Branca, 337, com lançamento de 'coquetel Molotov' e ferimento em um motorista;.

-em 31de janeiro, assalto ao supermercado 'Pão de Açúcar', na Rua Maestro Elias Lobo;

-em 4 de fevereiro, assalto ao supemercado 'Pão de Açúcar``, na Rua São Gabriel;

-em 6 de fevereiro, assalto ao supermercado Fioreto, na Rua Sil va Bueno;

-em 10 de feveiro, assalto à firma 'Mangels do Brasil', no Ipiranga;

-em 10 de março, assalto. ao Banco Comércio e Indústria localizado no interior da Indústria Villares, em Rudge Ramos, e a tentativa de demolição de uma ponte sobre o Rio Tietê, no bairro do Jaguaré (a demolição fracassou por falha do dispositivo de acionamento da carga explosiva);

-em 29 de março, assalto às joalherias 'Divina' e 'Milton Botura e Miranda', nas ruas Amália Noronha e Oscar Freire, respectivamente, no Bairro Sumaré.

No início de 1971, a FM da CR/SP começou a.participar de açoes armadas, quebrando a exclusividade do GTA como instrumento de violência e intimidação. O esquema consistia da presença de um elemento do GTA, como cobertura, e da ação dos militantes da FM integrados em grupos de fogo. A FM limitara-se, até então, a ceder militantes para o GTA, quando solicitada. A realização de ações por parte dela fez crescer a rivalidade entre os dois organismos.

Nesse ano, a ALN renovou os esforços para restabelecer o setor de imprensa, prejudicado desde a 'queda' dos dominicanos, em outubro de 1969. Em 1970, o esquema gráfico da ALN estava para ser montado por Rafael de Falco Neto. Os contatos estavam adiantados e Jorge Fidelino Galvão de Figueiredo, estudante de Jornalismo da PUC, aceitou tornar-se responsável pela gráfica, desde que não fosse clandestina. O aspecto legal da gráfica serviria de 'cobertura' para a edição clandestina da imprensa da ALN e amenizaria os custos, através de serviços prestados a terceiros. A prisão de Rafael, em meados de 1970, adiou o projeto. Jorge Fidelino foi recontatado, no final de 1970, por Monir Tahan Sab, e reiniciaram-se os planejamentos para a montagem do 'aparelho de.imprensa '.

.Em março de 1971, com dinheiro fornecido por Monir, Fidelino instalou a gráfica na Rua Domingos de Moraes. Auxiliado por Ladislau Crispim de Oliveira, imprimiu cinco números do jornal 'Venceremos' e o nº 3 do jornal '0 Guerrilheiro', órgão central da ALN, datado de setembro de 1971. Fidelino escrevia para as duas publicações, tornando-se o redator-chefe da imprensa da ALN. O esquema gráfico da ALN, em São Paulo, realizava, também, a falsificação de documentos, tudo sob a orientação de Jorge FideIino. Além do dinheiro empregado na montagem desse esquema, a ALN realizou 7 (sete) assaIt6s a escolas, firmas, cartórios, posto de identificação e delegacia do trabalho, para roubo de impressoras 'Off set', máquinas de escrever, máquinas e materiaI de pIastificação, mimeógrafos, estênceis, certidões de nascimento e casamento e carteiras profissionais. Nesse ano, as atividades revolucionárias em São Paulo cresceram muito, principalmente se comparadas ao descenso do ano anterior. O GTA, sob a coordemação geral de 'Clemente' Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz:-, possuía diversos grupos de fogo, orientados por José Milton Barbosa, Antonio Carlos Bicalho Lana, Antonio Sérgio de Matos e Manoel José Mendes de Abreu .

A intensa movimentação do GTA foi acrescida a da FM, preocupada em mostrar sua eficiência em ações armadas. Em 10 de maio, a ALN realizou um assalto a Frota de Táxis

Bandeirante, nas proximidades do Museu do Ipiranga, liderado po Flávio Augusto Neves Leão Sales e Antonio Eduardo da Fonseca do qual resultou a morte do vigia da firma., Manoel Silva Neto.

Além das ações narradas no texto e de incontáveis roubos de carros, placas, etc, a ALN realizou, nesse ano 25 (vinte e cinco) panfletagens e 15 (quinze) assaltos.a bancos, supermercados e empresas, para roubo de dinheiro. Realizou, ainda, algumas ações insólitas, como o assaIto ao caminhão frigorífico da Swift, em 17 de maio, seguido da distribuição de frios aos favelados da Av. Palmares, em Santo André.

Com objetivo especifico, realizou uma série de ações que visavam a alvos militares, para aumentar sua potência de fogo e desmoralizar as Forças Armadas e a força policial.

-no dia 19 de julho, durante uma partida de futebol de um pelotão do Exército, no Parque da Aclimaçao, o soldado de guarda ao caminhão foi rendido e teve sua metralhadora roubada.

-no dia 17 de agosto, o soldado do Exército João Guedes Nogueira, realizando trabalho de estafeta, foi rendido na Rua Aspicuelta, em Pinheiros e teve sua pistola .45 roubada. - no13 de setembro, a escalada teve sequência com o assalto a uma viatura do Exército estacionada na Avenida Gualter, em Pinheiros, f icando o motorista privado de sua pistola .45.

Além dessas ações, o GTA havia assaltado e incendiado cinco viaturas policiais, roubando o armamento de suas guarnições.

Com o intuito de dar um paradeiro a essas ações de desmoralização e desassossego, foi montada uma operação, colocando-se viaturas do Exército, simulando pane, guarnecidas apenas com um motorista, nas áreas de maior atuação terrorista em São Paulo.

As 15.00 horas do dia 23 de setembro, a viatura estacionada desde cedo na Rua João Moura, bairro do Sumarezinho, foi abordada por um Volkswagen que estacionou à sua frente com cinco elementos fortemente armados. Três homens e uma mulher saltaram do veiculo e, enquanto a mulher, identificada como Ana Maria Nacinovic Correia, imobilizava o soldado, os três terroristas dirigam-se para a viatura a fim de se apoderarem da metralhadora deixada sobre o banco. Naquele momento, uma equipe de segurança surgiu e deu voz de prisao aos terroristas recebendo, como imedita resposta, uma saraivada de balas. Durante o entrevero, morreram os terroristas Antonio Sérgio de Matos, Manoel José Mendes Nunes de Abreu e Eduardo Antonio da Fonseca. Ana Maria, correndo, conseguiu evadir-se por uma rua lateral.

Uma outra série de ações foi planejada para comemorar o que ficou conhecido como a 'quinzena Marighela -Toledo' . Para marcar a ocasião, a CR/SP executou a intensificação das ações terroristas de propaganda armada:

- em 26 de outubro, assalto à agência da Light, na Rua Silva Bueno, no Ipiranga;

-em 27 de outubro, atentado a bomba, seguido de incêndio, e panfletagem na Indústria Supergel, no Jaguaré;

-em 29 de outubro, assalto e panfletagem na indústria Vulcan, no bairro de Socorro;

-em 01 de novembro, o incêndio de um ônibus da empresa Tusa , no bairro operário de Vila Ema , quando foi assassinado o Cabo Nelson Martinez Ponce , da Polícia Militar do Estado de São Paulo;

- no ínício de novembro incêndio de duas viaturas de transporte e distruibuição do Jornal Folha de São Paulo;

- em 03 de novemhro, incêndio do carro do cônsul americano;

-.em 03 de novembro, atentado a bomba e pichação nas casa do diretor´presidente da Sears e do diretor da Companhia Chicago Bridge; e

- ainda no início de novembro panfletagem no centro de São Paulo

Dentro de um esquema normal de treinamento da organização, no dia 4 de dezembro, após atirarem com suas armas, um grupo de terroristas resolveu testar suas granadas. Lídia Guerlenda acionou a primeira granada que não funcionou. Acionou o segundo petardo e este explodiu em sua mão direita, destruindo-a quase totalmente. O grupo retornou a São Paulo, onde Lídia foi tratada por Linda Tayah.

No dia seguinte, quando se deslocavam de carro para tratar do problema da mão de Lídia, o trio José Milton Barbosa, Linda Tayah e Gelson Reicher foi surpreendido por uma 'operação arrastão', na Avenida Sumaré. Abandonaram o carro, mas, avistados pelos policiais, foram perseguidos. Após tentarem entrar em várias residências, os terroristas buscaram fugir pulando cercas e atravessando quintais. Utilizando este expediente, atingiram a Rua Verissimo onde surpreenderam o soldado da PMSP Waldomiro Trombettas, rendendo-o.

Waldomiro foi obrigado a parar um Galaxie que passava pelo local conduzindo um casal. Linda Tayah entrou rapidamente no carro, enquanto o casal, ao sair do carro, lançou-se, por precaução, ao solo. Aproeveitando-se da surpresa dos terroristas com a precavida iniciativa do casal, Waldomiro atracou-se com José Milton Barbosa, conseguindo tirar-lhe a metralhadora. Nesse instante Linda atirou, ferindo Waldomiro na mão. Alertados pelo t!ro, os demais soldados acorreram ao local, tendo início um tiroteio, ao final do qual José Milton estava morto e Linda Tayah ferida com um tiro na cabeça.

Quando os policiais se aproximaram para socorrer Linda, Gelson Reicher atirou nos policiais, ferindo o soldado PMSP Alcides Rodrigues Souza. Perseguido, Gelson conseguiu evadir-se do local.

Após recuperada do ferimento, respondendo a uma pergunta das autoridades policiais, declarou que 'um militante do GTA, quando instado a se identificar pela polícia, 'manda bala e tenta fugir', o que não poderia acontecer era 'cair vivo', como ocorreu com ela, desacordada com um tiro na cabeça.

O ano de 1971, apesar da intensa atividade, terminava com o CR/SP e o GTA desfalcados pela atividade dos órgãos de segurança.

Muitos militantes, que começavam a questionar o tipo de atução da ALN, foram desestimulados a desistir pelo, exemplo do que ocorreu com Márcio Leite Toledo, que ao questionar as ações da ALN , foi executado pelos companheiros. Para os militantes só restava um caminho: a permanência na organização até a 'queda', por morte ou prisão.




A Verdade Sufocada - 20/08/2009

http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2232&Itemid=78


Vasculhando o Orvil

Capítulo XV

A falta de liderança na ALN

'Justiçamento' de Márcio Toledo Leite

Pela editoria do site www.averdadesufocada.com

Após a morte de Joaquim Cãmara Ferreira - 'Toledo' -, a ALN, sem liderança, tentou recompor-se através de uma Coordenação Nacional Provisória ( CNP) , reunindo alguns coordenadores regionais da ALN. Passaram a compor a CNP, Yuri Xavier Pereira, Marcio Leite Toledo e Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz - ' Clemente' - representando São Paulo , Arnaldo Cardoso Rocha, Minas Gerais e Hélcio Pereira Fortes, a Guanabara.

Texto completo

Em janeiro a Coordenação Nacional Provisória expediu o documento ' Balanço dos três anos' no qual, através de uma auto crítica, esforçava-se para aproximar-se das posições do 'Grupo dos 28' , ( grupo que, na ocasião , fazia curso de guerrilha em Cuba e divergia das atitudes da ALN no Brasil ). A CNP, procurando solução para o impasse, por meio de Carlos Figueiredo de Sá, que se deslocou de Montevidéu para Santiago, recontatou os militantes que haviam sido banidos em troca do embaixador suíço e novas normas de ação foram traçadas. Porém, a falta de liderança continuava e ainda nesse mês, houve problemas no nordeste. A subordinação dos trabalhos daquela área a uma coordenação no sul não era aceita. O grupo que lá atuava foi transformado, à revelia da organização, na Frente de Libertação Norte-Nordeste (FLNN). O problema, no entanto, foi contornado com a liberdade de atuação tática da FLNN, mas, se mantendo estrategicamente ligada à ALN. A CNP tudo fazia no sentido de manter a unidade da organização .

O amadurecimento das dívergências sobre o 'desvio esquerdista' da organização, iniciadas com as contestações do 'IlI Exército da ALN ' em Cuba - 'Grupo dos 28',

refletiu no desencanto de Márcio Leite Toledo, que foi destituído da CNP e rebaixado para um grupo de fogo do GTA.

O Assassinato de Márcio Leite Toledo

As posições de Márcio Leite Toledo, contestando a orientação da Coordenação Nacional, teriam consequências trágicas. Ao tentar se desligar da organização, ele seria 'justiçado' por um` comando da ALN A manhã de 23 de março de 1971 encontrou o jovem advogado de 26 anos, Sérgio Moura Barbosa, escrevendo uma carta, em seu quarto de pensâo no bairro de Indianópolis, na capital de São Paulo. Os bigodes bem aparados e as longas suíças contrastavam com o aspecto conturbado de seu rosto, que nao conseguia esconder a crise pela qual estava passando.

Três frases foram colocadas em destaque na primeira folha da carta: 'A Revolução não tem prazo e nem pressa'; 'Não pedimos licença a ninguém para praticar atos revolucionários'; e 'Não devemos ter medo de errar. É preferível errar fazendo do que nada fazer'. Em torno de cada frase, todas de Carlos Marighela, o jovem tecia ilações próprias tiradas de sua experiência revolucionária como ativo militante da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Ao mesmo tempo, lembrava-se das profundas transformações que ocorreram em sua vida e em seu pensamento, desde 1967, quando era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e estudante de Sociologia Política da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Pensava casar-se com Maria Inês e já estava iniciando a montagem de um apartamento na Rua da Consolação.

Naquela época, as concepções militaristas exportadas por Fidel Castro e Che Guevara empolgavam os jovens, e Marighela surgia como o líder comunista que os levaria à tomada do poder através da luta armada.

Impetuoso, desprendido e idealista, largou o PCB e integrou- se ao agrupamento de Marighela, que, no início ,de 1968, daria origem à ALN.

Naquela manhã, a carta servia como repositório de suas dúvidas: 'Faço esse comentário a propósito da situação em que nos encontramos, completa defensiva e absoluta falta de imaginação para sairmos dela. O desafio que se nos apresenta no atual momento é dos mais sérios, na medida em que se está em jogo a própria confiança no método de luta que adotamos. O impasse em que nos encontramos ameaça comprometer o movimento revolucionãrio brasileiro, levando-o, no mínimo, à estagnação e , no maximo à extinção.'

Esse tom pessimista estava muito longe das esperanças que depositara nos métodos revolucionários cubanos. Lembrava-se de sua prisão, em fins de julho de 1968, quando fora denunciado por estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba.

Conseguindo esconder suas ligaçôes com a ALN, em poucos dias foi liberado. Lembrava-se, também, da sua primeira tentativa para ir a Havana, através de Roma, quando foi detido, em 6 de agosto de 1968, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Conduzido à Policia do Exército, foi liberado três dias depois. Finalmente, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos em Cuba usando o codinome de 'Carlos'. Aprendeu a lidar com armamentos e explosivos, a executar sabotagens, a realizar assaltos e familiarizou-se com as técnicas de guerrilhas urbana e rural. Em junho de 1970, voltou ao Brasil, clandestinamente, retornando suas ligações com a ALN.

Em face de sua inteligência aguda e dos conhecimentos que trazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, passando a trabalhar a nível de sua Coordenação Nacional. Foi quando, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramente a ALN, com a morte de seu líder Joaquim Câmara Ferreira, o 'Velho' ou 'Toledo', quase um ano após a morte de Marighella, em novembro de 1969.

Lembrava-se que, durante 4 meses, ficou sem ligações com a organização. Premido pela insegurança, não compareceu a vários pontos, sendo destituído da Coordenação Nacional.

Nâo estava concordando com a direçâo empreendida à ALN e escreveu na carta que havia entrado 'em entendimentos com outros companheiros igualmente em desacordo com a conducão dada ao nosso movimento.'

No início de fevereiro de 1971 foi chamado para uma discussâo com a Coordenação Nacional e, na carta, assim descreveu a reunião: 'Ao tomarem conhecimento de meu contato paralelo, os companheiros de comando chamaram-me para uma discussão a qual transcorreu num clima pouco amistoso, inclusive como o emprego pelas duas partes de palavras inconvenientes para uma discussão política. Confesso que fiquei surpreso com a reação dos companheiros por não denotarem qualquer senso de auto crítica e somente entenderem a minha conduta como um simples ato de indisciplina.'

Não sabia, o jovem, que a ALN suspeitava de que houvesse traído o 'Velho'.

Com o crescimento de suas indecisões, não aceitou, de pronto, a função que lhe foi oferecida de ser o coordenador da ALN na Guanabara. Ao aceitá-la, após um período de reflexão, a proposta já fora cancelada. Foi, então, integrado a um 'Grupo de Fogo' da ALN em São Paulo, no qual participara de diversos assaltos, até aquela manhã. Seu descontentamento, entretanto, era visível: 'Fui integrado nesse grupo, esperando que, finalmente pudesse trabalhar dentro de uma certa faixa de autonomia e aplicar meus conhecimentos e técnicas em prol do movimento. Aí permaneci por quase dois meses, e qual não foi minha decepção que aí também estava anulado.... Tive a sensação de castração política'.

Não sabia o jovem que a ALN estava considerando o seu trabalho no 'Grupo de Fogo como desgastante e 'ainda somado à vacilação diante do inimigo'.

No final da carta, Sérgio, mantendo a ilusão revolucionária, teceu comentários acerca de sua saída da ALN :'Assim, já não há nenhuma possibilidade de continuar tolerando os erros e omissões políticas de uma direção que já teve a oportunidade de se corrigir e não o fez.'

Em sã consciência, jamais poderei ser acusado de arrivista, oportunista ou derrotista.

Não vacilo e nao tenho dúvidas quanto às minhas convicções. Continuarei trabalhando pela Revolução, pois ela é o meu único compromisso.'.

'Procurarei onde possa ser efetivamente útil ao movimento e sobre isso conversaremos pessoalmente.'

Ao final, assinava 'Vicente', o codinome que havia passado a usar depois de.seu regresso de Cuba.

Terminada a redação, pegou o seu revólver calibre .38 e uma lata cheia de balas com um pavio à guisa de bomba caseira e saiu para 'cobrir um ponto' com um militante da ALN. Não sabia que seria traído. Não sabia, inclusive, que o descontentamento da ALN era tanto que ele já havia sido submetido a julgamento, e condenado por um 'Tribunal Revolucionário'.

No final da tarde circulava, pelas ruas do Jardim Europa, tradicional bairro paulistano, procedendo aos costumeiros desvios para despistar possiveis agentes dos órgãos de seguranças.

Na altura do número 405 da Rua Caçapava aproximou-se um Volkswagen grená com dois ocupantes que dispararam mais de 10 tiros de revólver .38 e pistola 9mm. Um Gálaxie, com 3 elementos, dava cobertura à ação. Apesar da reação do jovem, que chegou a descarregar sua arma, foi atingido por 8 disparos. Morto na calçada seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresa de ter reconhecido seus assassinos. Da ação faziam parte seus companheiros da direção nacional da organização subversiva Yuri Xavier Pereira e Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, 'Clemente', este último o autor dos disparos fatais. Participaram, ainda, da ação, dando-lhes cobertura,: Antonio Sérgio de Matos, Paulo de Tarso Celestino da Silva e José Milton Barbosa.

Havia sido condenado pelo 'Tribunal Revolucionário' e excutado sem direito a defesa. Ao lado do corpo, foram jogados panfletos, nos quais a ALN assumia a autoria do 'justíçamento' com o seguinte comunicado:

'A Acão Libertadora Nacional (ALN) executou , no dia 23 de março de 1971, Márcio Leite Toledo. Esta execução teve o fim de resguardar a organização

Uma organização revolucionária , em guerra declarada, não pode permitir a quem tenha uma série de informações como as que possuía, vacilações dessa espécie, muito menos uma defecção deste grau em suas fileiras

Tolerância e conciliação tiveram funestas consequências na revolução brasileira.

Tempera-nos saber compreender o momento que passa a guerra revolucionária e nossa responsabilidade diante dela é nossa palavra de ordem revolucionária.

Ao assumir responsabilidade na organização cada quadro deve analisar sua capacidade e seu preparo. Depois disso não se permite recuo.

A Revolução não admitirá recuos.'

O jovem não era 'advogado' e nem se chamava 'Sérgio Moura Barbosa', 'Carlos' ou 'Vicente'. Seu nome verdadeiro era Márcio Leite Toledo

Enterrado dias depois em Bauru, seu irmão mais velho, então Deputado Federal por São Paulo, declarou saber que ele havia sido morto pelos próprios companheiros comunistas.

O assassinato de Márcio Leite Toledo gerou uma onda de protestos dentro da organização. A CNP, desgastada, foi modificada com a substituição de Yuri e 'Clemente'.

Em uma tentativa de apaziguação da CNP com o 'III Exército da ALN' , que se preparava para voltar ao Barsil, Yuri Xavier Pereira foi a Havana , em maio, para tentar manter a união da ALN com o chamado 'Gupo dos 28,' que ameaçava se separar da ALN, o que acabou ocorrendo, ocasionando o surgimento do Movimento de Libertação Popular - MOLIPO, em meados de maio de 1971. Além do grupo , a ALN ainda perdeu a maior parte da Frente De Massa da Coordenação Regional/ SP.

Com o 'racha' do 'III Exército da ALN ' e da Frente de Massas da CR/SP, não se justificava mais o afastamento de Yuri e ' Clemente ' da Coordenação Nacional, ficando Yuri como responsável pelas ligações da organização com o exterior.

Enquanto os elementos do 'Grupo dos 28' que voltavam ao Brasil aglutinavam-se em torno do Molipo, os que permaneceram no exterior, sob a liderança de Rolando Fratti, Argonauta Pacheco da Silva e Ricardo Zarattni - que ainda em Cuba se afastara do 'Grupo dos 28'-, propunham reformulaçõesa na linha polltica da organização. Esta facção intitulou-se Tendência Leninista da ALN (TL/ALN) e, sem se afastar da organização, ganharia praticamente todo o esquema da organização no exterior.

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=66954&cat=Ensaios



Honoráveis terroristas

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  2. O Direito à Memória e à Verdade TERRORISMO NO BRASIL
  3. honoráveis terroristas
  4. O Direito à Memória e à Verdade Prevalece hoje no País uma versão ideologizada “roubaram, assaltaram bancos, supermercados, dos acontecimentos da vida republicana carros fortes, trens, seqüestraram aviões, brasileira entre 1961 (início do processo de realizaram atentados a bomba contra radicalização das esquerdas) e 1985, consulados, quartéis e aeroportos, destruíram difundida pela esquerda radical que tentou a prédios públicos, seqüestraram embaixadores, tomada do poder nas décadas de 60 e 70, para mataram militares e civis a sangue frio, implantar no país uma Ditadura Comunista. executaram prisioneiros, mutilaram inocentes, julgaram e condenaram pessoas à morte, criaram É preciso se opor à versão distorcida dos células terroristas para implantar a guerrilha fatos, em que guerrilheiros e terroristas de urbana nas grandes cidades brasileiras, levaram a ontem pretendem exibir-se hoje travestidos de guerrilha para o campo, criando bases de defensores da democracia. E há quem se treinamento em Registro e bases de operações oponha. em Xambioá.” Em verdade, esses falsos heróis foram não mais que extremistas integrantes de organizações radicais de esquerda, como ALN, Perderam a luta, para o bem dos brasileiros. Mas MR-8, COLINA, VPR, PCR, PCBR, Val-Palmares, não desistiram do poder. Beneficiados pela Lei da entre outras, de que poucos se lembram. Anistia, de 1979, terroristas e criminosos se Financiados por Cuba e pela ex-União Soviética, reintegraram à vida política do País, solidários, eles levaram o País à desordem, à insegurança e articulados, astutos como somente os bandos e ao caos. Fizeram quase tudo de criminoso que é as quadrilhas sabem ser, logrando se instalar possível ser feito: confortavelmente em setores estratégicos do Governo.
  5. O Direito à Memória e à Verdade Os fatos reais, a esquerda brasileira Ousados e impunes, esses radicais se pretende esconder. utilizam do aparato governamental para Porém, o direito à Memória e à Verdade disseminar versões distorcidas de deve ser garantido ao povo brasileiro, para acontecimentos históricos. Avançam, desmistificar esses oportunistas sem qualquer constrangimento, sobre inescrupulosos que mergulharam o pais no recursos públicos para recompensar os lodaçal do terrorismo e da luta fratricida, a seus falsos heróis com indenizações serviço de ambições pessoais. milionárias. Ter sido um terrorista na década de 60 e 70 é uma credencial para Eles já tiveram os seus fugazes quinze um cargo no Governo e o enriquecimento minutos de prestígio e fama, que agora se fácil às custas do Estado. esgotam, pois o tempo é o senhor da verdade. Permitir, inerte, que ex-terroristas contem a História recente do País é Vamos a breves relatos da História que a calar-se para a desonestidade, o esquerda radical brasileira não quer ver revanchismo, a infâmia e a calúnia. divulgada.
  6. O que fizeram nos anos de luta armada os falsos heróis que hoje intitulam a si próprios de “Resistência Democrática”?
  7. Assassinatos ( justiçamentos)
  8. Capitão Charles Chandler O Capitão americano Charles Chandler foi “Quando o primeiro companheiro deixou de julgado por um tribunal revolucionário e disparar, o outro aproximou-se com a condenado à morte. Motivo? Apenas matar um metralhadora INA e desferiu uma rajada. Foram yankee imperialista para lembrar a morte de Che catorze tiros. A décima quinta bala não deflagrou Guevara ocorrida na Bolívia, em 08 de outubro de e o mecanismo automático da metralhadora 67. Chandler seria executado em 08 de outubro deixou de funcionar. Não havia necessidade de de 68, no aniversário de um ano da morte de continuar disparando. Chandler estava morto. Guevara, na frente de familiares, para causar mais Quando recebeu a rajada de metralhadora, emitiu impacto. uma espécie de ronco, um estertor, e então demo-nos conta de que estava morto“. Quem Nesse dia, Chandler não saiu de casa e a ação portava a metralhadora era Marco Antônio Braz fracassou. Em 12 de outubro de 1968, às de Carvalho. A esposa e o filho de Chandler 0815h, Chandler dirigiu-se para a garagem e gritaram. Diógenes apontou o revólver para o retirou o seu carro, em marcha a ré, enquanto seu menino, que correu apavorado para a casa da filho de 4 anos abria o portão e sua esposa vizinha. Os três terroristas deixaram no local do aguardava na porta da casa. Os terroristas crime cinco panfletos com os dizeres: avançaram com um Volks roubado dias antes e bloquearam o caminho do carro de Chandler. No relato de Pedro Lobo (que dirigia o Volks). "nesse A Justiça Revolucionária executa o instante, um dos meus companheiros saltou do criminoso de guerra do Vietname, Chandler, e Volks, revólver na mão, e disparou contra adverte os seus seguidores que, mais dia Chandler". Era Diógenes José Carvalho de Oliveira, menos dia, ajustarão as suas contas com o que descarregou, à queima roupa, os seis tiros de TRIBUNAL REVOLUCIONÁRIO. seu Taurus 38. E prossegue Pedro Lobo:
  9. Diógenes de Oliveira Capitão Charles Chandler
  10. Execução de prisioneiro a sangue frio
  11. Tenente Mendes Cercado, o Tenente Mendes decidiu se entregar como refém, desde que seus subordinados, feridos, pudessem receber auxílio médico. No dia seguinte, os 7 guerrilheiros ficaram reduzidos a 5, pois 2 haviam se extraviado na refrega da noite anterior. Conduzindo o Ten Mendes como refém, prosseguiram na rota de fuga. Depois de andarem um dia e meio, os 5 guerrilheiros pararam para um descanso, no início da tarde de 10 A Vanguarda Popular Revolucionária de maio de 1970. Lamarca disse que o Ten Mendes (VPR) estabeleceu um centro de os havia traído, causando a morte de dois treinamento de guerrilheiros no Vale da companheiros (não sabia que eles estavam Ribeira, entre o Paraná e São Paulo, apenas desgarrados) e, por isso, teria que ser comandado pelo ex-capitão Carlos executado. Lamarca. O Exército cercou a área e, em 08 Nesse momento, enquanto Ariston Oliveira de maio de 1970, depois de mais de duas Lucena e Gilberto Faria Lima vigiavam o semanas de cerco, Lamarca e mais 6 prisioneiro, Carlos Lamarca, Yoshitane Fujimore e militantes emboscaram 20 homens da Diógenes Sobrosa de Souza afastaram-se e, Polícia Militar de São Paulo, comandados articulando-se em um “tribunal revolucionário”, pelo Tenente Alberto Mendes Junior. Condenaram o Ten Mendes à morte.
  12. Carlos Lamarca Tenente Mendes Tenente Mendes Poucos minutos depois, Yoshitane Cerca de 4 meses mais tarde, em 08 de setembro de Fujimori, acercando-se por trás do 1970, Ariston Oliveira Lucena, que havia sido preso, Tenente, desferiu-lhe, com a coronha apontou o local onde o Tenente Mendes estava enterrado. . do fuzil, violentos golpes na cabeça. As fotografias tiradas de seu crânio atestaram o Caído e sangrando, o Ten Mendes se horrendo crime. Ainda no mês de setembro, após a contorcia em dores. Então, Diógenes divulgação do assassinato do tenente Mendes, a VPR Sobrosa de Souza desferiu-lhe outros emitiu um comunicado “Ao Povo Brasileiro”, justificando a golpes na cabeça, esfacelando-a. ação de Lamarca, no qual aparece o seguinte trecho: Lamarca, perante os 4 terroristas, responsabilizou-se pelo assassinato. “A sentença de morte de um Tribunal Revolucionário Ali mesmo, numa pequena vala e com deve ser cumprida por fuzilamento. No entanto, nos seus coturnos ao lado da cabeça encontrávamos próximos ao inimigo, dentro de um ensangüentada, o Ten Mendes foi cerco que pôde ser executado em virtude da existência enterrado. de muitas estradas na região. O Tenente Mendes foi condenado e morreu a coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado.”
  13. Mutilação de civis
  14. Diógenes de Oliveira Orlando Lovecchio na frente da mulher e filhos da vítima, foi co- No início da madrugada de 20 Mar 68, Diógenes autor da morte do soldado Mário Kozel Filho, de Oliveira (Diógenes do PT), da Vanguarda Popular no ataque ao QG do II Exército, em São Revolucionária, auxiliado pelos arquitetos Sérgio Paulo, e co-autor da morte do soldado Carlos Ferro e Rodrigo Lefèvre, e por Dulce Maia, fez explodir Jeffery, no ataque ao quartel do Barro Branco. uma bomba-relógio na biblioteca da USIS, no Além disso, vitimou dezenas de pessoas em consulado dos EUA, na Avenida Paulista. O jovem atentados a bomba. Orlando Lovecchio Filho, de 22 anos, que caminhava Em 24 de janeiro de 2007, Diógenes pelo local, perdeu o terço inferior da perna esquerda recebeu do Governo Federal uma na explosão. aposentadoria vitalícia de R$1.627,00 Diógenes fez especialização em explosivos em mensais e uma indenização de R$ 400 Cuba. Em menos de um ano, foi autor de quatro mil, por ser considerado um perseguido crimes: Mutilou Orlando lovecchio, abateu com cinco político. tiros do seu revolver 38 o Capitão Charles Chandler,
  15. Orlando Lovecchio Lovecchio não conseguiu ser indenizado pelo Governo, como Diógenes. Teve o seu requerimento indeferido, por não ser um perseguido político, de acordo com a Comissão de Anistia, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, de Paulo Vannucci. Foi obrigado a reorganizar sua vida. Encerrou o sonho de ser piloto comercial, caminha com uma prótese, é corretor de imóveis e mora em Santos, com a mãe e um filho.
  16. Assassinatos ( justiçamentos”) de civis
  17. Albert Boilesen Henning Albert Boilesen era um dinamarquês de 55 anos, formado em Administração de Empresas. Veio para São Paulo em 1942, como contador da Firestone, naturalizando-se brasileiro em 1959. Tornou- se o presidente do Grupo Ultragás, que englobava várias empresas ligadas à produção do gás liqüefeito de petróleo. Era casado. Tinha 3 filhos e 4 netos. Em janeiro de 1971, Carlos Lamarca condenou Boilesen a morrer. Ele foi escolhido para ser “justiçado”, como forma de intimidação e demonstração de poder da ALN. A ordem foi dada à ALN e ao No carro da ação, um Volks, três MRT. Os terroristas iniciaram os militantes da ALN: Antônio Sérgio de levantamentos dos hábitos de Boilesen, Matos, como motorista, Yuri Xavier descobrindo que ele residia no Morumbi e que, Pereira, com Fuzil Mauser 7 mm, e José freqüentemente, às 0900 horas, antes de ir Milton Barbosa, com uma metralhadora para o trabalho, passava para ver um de seus INA. No carro de cobertura, outro Volks, filhos do primeiro casamento, na Rua Estados três militantes: Dimas Antônio Unidos, 1.030. Casemiro, como motorista, Joaquim Alencar de Seixas, com Winchester 44, e Em 15 de abril de 1971, o Comando Gilberto Faria Lima, com uma Revolucionário montou o seu dispositivo. metralhadora INA.
  18. Haviam decidido que, como no caso do capitão Chandler, a execução seria em frente da casa do filho de Boilesen, na Rua Estados Unidos, a fim de causar maior impacto na opinião pública. Estacionaram os dois carros na Alameda Casa Branca e Yuri e José Milton montaram guarda na esquina para esperar a sua saída. Boilesen saiu da casa de seu filho às 0910 horas e os terroristas não conseguiram interceptá-lo, saindo então em perseguição ao seu carro. Na esquina da Alameda Casa Branca, Boilesen parou para entrar à esquerda. Nesse momento, os dois carros emparelharam com o dele. Pela esquerda, Yuri, colocando o fuzil para fora da janela, disparou um tiro que raspou a cabeça de Boilesen. Este saiu do Gálaxie e tentou correr em direção contrária aos carros. Foi inútil. José Milton descarregou a metralhadora em suas costas e Yuri desfechou-lhe mais três tiros de fuzil. Cambaleando, Boilesen arrastou-se por mais alguns metros, indo cair na sarjeta, junto de um outro Volkswagen. Aproximando-se, Yuri disparou mais um tiro, que arrancou-lhe a maior parte da face esquerda. Os terrorista subiram em seus carros e fugiram em direção à Avenida Paulista. Sobre o cadáver de Boilesen, mutilado com 19 tiros, deixaram panfletos da ALN e do MRT, dirigidos ao “Povo Brasileiro”: . “Como ele, existem muitos outros e sabemos quem são. Todos terão o mesmo fim, não importa quanto tempo demore; o que importa é que todos eles sentirão o peso da JUSTIÇA REVOLUCIONÁRIA.
  19. Atentados contra unidades militares
  20. O soldado Mário Kosel Filho servia no Quartel General do II Exército, em São Paulo/SP, no Ibirapuera. Em 26/06/68, estava no seu posto de sentinela, em uma madrugada fria e de pouca visibilidade. Às 0430h, um tiro é disparado por uma sentinela contra uma camioneta chevrolet que segue desgovernada em direção ao quartel. Seu motorista saltara dela em movimento, após acelerá-la e direcioná-la ao portão do QG. O soldado Rufino, também sentinela, dispara 6 tiros contra o veículo que finalmente bate na parede externa do quartel. Kozel sai do seu posto e corre em direção ao carro para ver se há alguém no seu interior. Nesse momento, uma carga de 50 quilos de dinamite colocada dentro do veículo explode, espalhando Mário Kosel Filho destruição e morte em um raio de 100 metros. Mário Kosel tem o corpo dilacerado. Seis militares ficaram feridos. Era mais um ato terrorista da organização chefiada por Carlos Lamarca, a VPR. Participaram deste crime onze terroristas: Waldir Carlos Sarapu , Wilson Egídio Fava , Onofre Pinto, Eduardo Collen Leite, Diógenes José Carvalho de Oliveira, José Araújo de Nóbrega, Oswaldo Antônio dos Santos, Dulce de Souza Maia, Renata Ferraz Guerra de Andrade, José Ronaldo Tavares de Lira e Silva, e Pedro Lobo de Oliveira. QG do II Exército
  21. Atentados a bomba
  22. O Atentado de Guararapes Recife foi escolhida para ser o Aeroporto Internacional dos cenário inicial de uma nova forma Guararapes, que passou a ser de terrorismo no Brasil, os o marco balizador do início da atentados a bomba. luta terrorista no Brasil. Em 31 de Março de 1966, Naquele dia, o Marechal duas bombas explodiram no Costa e Silva, então can- Recife, uma no edifício dos pdidato à Presidência da Correios e Telégrafos e outra na República, era esperado por residência do Comandante do IV cerca de 300 pessoas no Exército. Uma terceira bomba Aeroporto Internacional dos foi encontrada inerte em num Guararapes. vaso de flores da Câmara Às 0830h, minutos antes Municipal do Recife. Iniciava-se a da previsão de sua chegada, o guerra suja. serviço de som anunciou que Em 25 de Julho de 1966, uma Costa e Silva estava se nova série de três bombas deslocando por via terrestre sacudiram o Recife. Uma na de João Pessoa até Recife, em sede da União de Estudantes de virtude de pane no seu avião. Pernambuco, outra nos Esse comunicado provocou o escritórios do Serviço de início da retirada do público. O Informações dos Estados Uni- guarda-civil Sebastião Tomaz dos (USIS), e uma terceira no
  23. O Atentado de Guararapes de Aquino percebeu uma sultando na amputação de sua maleta escura abandonada perna direita. O Tenente-Coronel junto à livraria "SODILER", do Exército Sylvio Ferreira da no saguão do aeroporto. Silva sofreu fratura exposta do Julgando que alguém a havia ombro esquerdo e amputação esquecido, dirigiu-se para traumática de quatro dedos da pegá-la e entregar no balcão mão esquerda. do DAC. Antes de chegar à O acaso, transferindo o local mala, ocorreu a explosão. O de chegada do futuro Presidente, som ampliado pelo recinto, a salvou-lhe a vida e impediu fumaça, os estragos produ- tragédia maior. zidos e os gemidos dos feri- dos provocaram o pânico e a O terrorismo indiscriminado, correria do público. O ato atingindo pessoas inocentes, terrorista provocou 17 mulheres e crianças, mostrou a vítimas. frieza e o fanatismo da esquerda. Dois militantes foram Morreram o jornalista e acusados de envolvimento no secretário do governo de atentado: Edinaldo Miranda de Pernambuco, Edson Regis de Oliveira, militante do (PCBR) e Carvalho, com o abdômem Ricardo Zaratini Filho, então rompido, e o vice-almirante militante do PCR e atual Nelson Gomes Fernandes, assessor parlamentar da com o crânio esfacelado. O liderança do PDT na Câmara guarda civil Sebastião feriu- Federal. se no rosto e nas pernas, re-
  24. Muitos desses assassinos e terroristas ocupam hoje cargos no Governo e nunca responderam pelos seus crimes. Há os que puxaram os gatilhos ou detonaram bombas; Há os que assaltaram e roubaram para si próprios ou em nome dos grupos terroristas; Há os que seqüestraram embaixadores; Há os que seqüestraram aviões e os desviaram para Cuba; Há os que integraram os tribunais revolucionários e condenaram pessoas à morte; Há os mentores e os planejadores das execuções, dos assaltos e dos atentados; Há os que dirigiram os veículos; Há os que apenas deram apoio logístico às ações dos grupos de extermínio.
  25. Onde estão alguns desses “honoráveis” terroristas?
  26. José Dirceu de Oliveira e Silva (Daniel) Terrorista dos anos 60/70. Na clandestinidade, era conhecido pelo codinome de Daniel. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) quando universitário e acompanhou Carlos Marighella, líder do PCB, na “Corrente Revolucionária” criada para promover a luta armada. Em 1968, liderou o conflito entre estudantes na rua Maria Antônia, em São Paulo, o qual culminou com a morte de um estudante, dezenas de feridos e carros incendiados e depredados. Participou da execução e do planejamento de ações terroristas, como assaltos (expropriações), seqüestros e assassinatos. Em setembro de 1969, foi banido para o México com outros 14 integrantes de organizações de extrema esquerda, em troca do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, seqüestrado no Rio de Janeiro.
  27. da do Governo. De volta ao Congresso, foi cassado por falta de decoro parlamentar. Atualmente, para consumo externo, aparece como Do México, “Daniel” foi para Cuba, onde, advogado e assessor de empresas. Na política, é um durante 18 meses, participou de curso de dos dirigentes do PT. Nos bastidores, é um lobista guerrilhas. que realiza negociatas para o Governo. Mantém a De volta ao Brasil, com o rosto mudado liderança e atuação dos tempos da Casa Civil. por uma operação plástica, radicou-se em Cruzeiro do Oeste, Paraná, com o falso nome de “Carlos Henrique Gouveia de Mello”. Ali viveu até o fim do regime militar, sem se expor publicamente como militante comunista e sem revelar seu passado de terrorista, nem mesmo para a mulher com quem se casara. Com a anistia, José Dirceu reapareceu e se integrou à vida política dentro do PT. Com a eleição de Lula, foi colocado à frente da Casa Civil. Sua atuação na Casa Civil, que lhe garantiu o título de “chefe de quadrilha”, devido à corrupção nos casos Waldomiro Diniz e “Mensalão”, terminou com sua saí-
  28. Tarso Fernando Herz Genro (Rui) Terrorista dos anos 60/70. Na clandestinidade, usava os codinomes “Carlos” e “Rui”. Nasceu em Santa Maria, RS, e bem cedo filiou-se ao Partido Comunista do Brasil – PC do B. Em 1968, abandonou o PC do B e partiu para a luta armada, aderindo à Ala Vermelha. Nessa época, ainda atuando como líder estudantil na Universidade de Santa Maria, onde cursava Direito, foi eleito vereador pelo MDB. Em dezembro de 1968, depois do AI-5, intensificou suas atividades como militante da Ala Vermelha e em 1970 foi preso duas vezes. Ao saber que havia sido expedida uma nova ordem de prisão contra ele, abandonou o país e fugiu para o Uruguai. Em 1972, retornou ao Brasil e passou a advogar para sindicatos. Embora estivesse filiado ao MDB, mantinha ligações com organizações de esquerda e militava no clandestino Partido Revolucionário Comunista - PRC, uma dissidência do PC do B. Permaneceu no PRC até a criação do PT, em 1986, candidatando-se a deputado federal, mas a votação obtida só lhe garantiu a suplência.
  29. 70. Segundo a Justiça Italiana e o próprio CONARE, do Ministério da Justiça, Battisti é um criminoso comum. O STF, em 18 de novembro de 2009, negou a Battisti a condição de asilado político, o que obriga o Governo a extradita-lo. Cesare Battisti Em 1988, foi eleito vice-prefeito de Porto Alegre na chapa com Olívio Dutra. De 1992 a 1996 foi prefeito de Porto Alegre, cargo que voltou a ocupar em 2000. Logo depois de assumir, Lula o Tarso dá ainda ao Brasil a reputação de porto colocou à frente do Conselho de Desenvolvimento seguro para terroristas internacionais. Mantém no Econômico e Social e em 2004 assumiu o País, na condição de refugiados políticos, Anuncio Ministério da Educação. Em 2006, foi nomeado Marti Mendez, Juan Arrom e Victor Colman, ministro das Relações Institucionais e, em 16 de envolvidos em atos terroristas no Paraguai. Eles março de 2007, tomou posse como Ministro da integram o Exército do Povo do Paraguai (EPP), grupo Justiça, cargo que ocupa atualmente. terrorista ligado às FARC. Baseados em Foz do Coerente com o seu passado de terrorista, Iguaçu, comandam ações das FARC em território Tarso concedeu asilo político ao terrorista paraguaio. O governo de Fernando Lugo espera a italiano Cesare Battisti, condenado a prisão extradição dos terroristas. Dificilmente conseguirá, perpétua por quatro assassinatos na década de dada a simpatia que Tarso Genro nutre pelas FARC.
  30. Comando de Libertação Nacional – COLINA. Participou da organização e execução de assaltos, seqüestros e assassinatos. Acompanhou a fusão do COLINA com a Vanguarda Popular Revolucionária, que deu origem à Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-P), liderada pelo terrorista Carlos Lamarca. Dilma Vana Rousseff Linhares (Wanda) Terrorista dos anos 60/70. Na clandestinidade, atendia pelos codinomes de “Estela”, “Luiza”, “Patrícia” e “Wanda”. Dilma nasceu em 1947. Aos 20 anos, começou a militar na organização marxista Política Operária – POLOP. Foi recrutada pelo noivo e depois marido Cláudio Galeno de Magalhães Linhares (“Aurélio” e “Lobato”). Com as primeiras prisões de terroristas, abandonou a POLO P e com o marido aderiu
  31. Adhemar de Barros. Foi presa em 1970 e condenada por terrorismo em três processos. Após a sua prisão, a VAR e a COLINA tiveram diversos reveses, em decorrência das informações repassadas por Dilma, que nada sofreu além do abatimento psicológico resultante da sua prisão no Presídio Tiradentes. Em depoimento ao “Tortura Nunca Mais”, Dilma tenta justificar-se, bravateando que foi torturada durante 22 dias, relato improvável pois foi libertada sem qualquer lesão ou seqüela, Depois que o marido se asilou em Cuba, em 1970, e muito bem de saúde. tornou-se companheira de Carlos Franklin Paixão de Depois da anistia, militou durante Araújo, militante da VAR, advogado e ex-deputado algum tempo no PDT, para ingressar, estadual pelo PDT gaúcho. depois, no PT, em 2001. Participou da organização do assassinato do No Rio Grande do Sul, foi Secretária de capitão americano Charles R. Chandler, do Minas, Energia e Comunicações. No planejamento do assalto ao 4º RI em Quitaúna primeiro mandato de Lula, esteve à (Osasco – SP), do assalto ao Banco Mercantil SA frente do Ministério de Minas e Energia. (São Paulo) e do assalto à casa do governador É hoje ´Ministra Chefe da Casa Civil, onde sucedeu José Dirceu.
  32. Foi militante da Aliança Libertadora Nacional – ALN, criada por Carlos Marighella, ex-deputado pela Bahia. Vannucci não participou de ações armadas na ALN, servindo apenas como apoio. Segundo militantes presos, Vannucci “amarelava” em situações de perigo, colocando em risco as operações. Por isso foi limitado a concepção e planejamento de ações terroristas, não se podendo imputar a ele a participação direta em atentados e assassinatos. Mas foi o autor intelectual e o responsável por Paulo de Tarso Vannucci assaltos a bancos e a quartéis, atentados a bomba, (É pra matar mesmo – Aliança Libertadora roubo de armas, seqüestros, assassinatos e outras Nacional) atrocidades cometidas pela ALN, a mais radical e sangüinária organização terrorista de esquerda. Terrorista dos anos 60/70. Nasceu em São A ALN, conhecida pelo bordão “É pra matar Joaquim da Barra, São Paulo, em 15 de maio de mesmo”, pregava ser dever do guerrilheiro urbano “o 1950. Cursou medicina por dois anos na extermínio físico dos agentes da repressão e a Universidade de São Paulo, abandonando o dedicar 24 horas do dia à expropriação dos Curso. Formou-se em jornalismo pela mesma exploradores da população” – (Manual do universidade. Guerrilheiro Urbano).
  33. Aderindo ao PT, em 2001, Vannucci foi presidente do Instituto Cidadania, coordenado por Luiz Inácio Lula da Silva, e Secretário-Executivo do comitê central da campanha presidencial de Lula, em 2002, cargo que valeu a esse ex-terrorista a inconcebível nomeação a Secretário Especial de Direitos Humanos. Paulo Vannucci cultua hoje o mesmo perfil de herói burocrata dos seus tempos de ALN, avesso ao risco pessoal. Trama, nas leis, decretos, planos e indenizações, a revanche da guerra que perdeu sem lutar, acovardado. O seu Plano Nacional de Direitos Humanos-3 traz, dissimulado, o objetivo de reinterpretar a Lei da Anistia, Paulo Vannucci foi preso sem oferecer para que se punam os crimes cometidos pelos órgãos resistência, em um aparelho da ALN, em do governo. São Paulo, em 1971. Sob pressão, Em outra frente, tem usado o cargo de Secretário cooperou com as investigações, em Especial de Direitos Humanos para premiar amigos ex- troca de uma pena branda, o que levou ao terroristas e ex-guerrilheiros com polpudas pensões e mapeamento da estrutura da ALN e à indenizações milionárias, em uma ousadia extem- prisão de diversos dos seus porânea que não apaga a sua inércia e o temor doentio companheiros. Recebeu uma pena de que tinha frente ao perigo, quando era um jovem quatro anos de prisão. militante da ALN.
  34. José Genoino Guimarães Neto (Geraldo) Terrorista dos anos 60/70. Usava o codinome “Geraldo”. Nasceu em 1946 e aos 20 anos, em Fortaleza, ingressou no Partido Comunista do Brasil – PC do B. Com a decretação do AI-5, em dezembro de 1968, mudou-se para São Paulo e passou a viver na clandestinidade depois de ter sido preso por participação em agitação e protestos nos meios universitários. Em 1970, foi para Goiás onde participou da Guerrilha do Araguaia, uma das principais ações desenvolvidas pelo PC do B na época. Em abril de 1972, foi capturado durante uma incursão dos militares que combatiam os guerrilheiros, fato que selou o fim da Guerrilha. A partir de sua prisão, o Exército localizou os esconderijos e depósitos de armas e ficou sabendo dos nomes dos líderes e militantes da guerrilha. Um a um, eles começaram a ser capturados ou mortos pelo Exército.
  35. Em 2006, envolvido num grande esquema de corrupção: compra de votos de parlamentares, o famoso “mensalão”, e empréstimos vultuosos para o PT, sem conhecimento de membros da executiva do Partido, foi obrigado a deixar a presidência do PT. Denunciado pelo Procurador Geral da República, está sob investigação pelo Supremo Tribunal Federal, como um dos responsáveis pelo “mensalão”. Atualmente é deputado federal pelo PT. Genoino foi julgado e condenado, cumprindo pena até 1977. Em 1978, abandonou o PC do B e, dois anos mais tarde, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores – PT. Foi eleito deputado federal pelo PT em 1982 pela primeira vez, e reeleito nas quatro eleições seguintes. Em 2002, foi eleito presidente nacional do PT e nesse mesmo ano candidatou-se, ao governo do Estado de São Paulo, não sendo eleito.
  36. Diógenes José Carvalho de Oliveira (Leandro) Terrorista dos anos 60/70. Era conhecido pelos codinomes de “Leandro”, “Leonardo”, “Luiz” e “Pedro”. Em 1964, já era militante do Partido Comunista Brasileiro. Fugiu para o Uruguai e de lá, em 1966, foi para Cuba, onde fez curso de guerrilhas e especializou-se em explosivos. Em 1968, retornou ao Brasil e colaborou, em São Paulo, na organização da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR. A partir daí teve participação ativa em São Paulo em assaltos a bancos, atentados com bombas, seqüestros e assassinatos.
  37. . Na madrugada de 26 Jun 68, fez parte do grupo de 10 terroristas que lançou um carro- bomba contra o Quartel General do então II Exército, no Ibirapuera, matando o soldado Mario Há uma longa lista de atentados e Kosel Filho, e ferindo mais seis militares. assassinatos praticados por Diogenes. Em 01 Ago 68, participou do assalto ao Citam-se apenas os principais. Banco Mercantil de São Paulo, localizado no No início da madrugada de 20 Mar 68, bairro do Itaim, com o roubo de NCr$ 46 mil. fez explodir uma bomba-relógio na Em 20 Set 68, participou do assalto ao biblioteca da USIS, no consulado dos EUA, quartel da Força Pública, no Barro Branco. Na na Avenida Paulista. Três estudantes que ocasião, foi morto a tiros o sentinela, soldado caminhavam pelo local foram feridos, Antonio Carlos Jeffery, do qual foi roubada a sua entre eles Orlando Lovecchio Filho, que metralhadora INA, que seria usada para matar o perdeu o terço inferior da perna esquerda. Capitão Chandler. Na madrugada de 20 Abr 68, preparou Na madrugada de 22 Jun 68, participou do mais uma bomba, desta vez lançada assalto ao Hospital do Exército em São Paulo, contra o jornal "O Estado de São Paulo. A localizado no Cambuci. Fardados de tenente e explosão feriu três pessoas. soldados, cerca de 10 militantes da VPR renderam a guarda e roubaram fuzis e munições.
  38. Diógenes foi o coordenador do assalto realizado em 24 Jan 69, ao 4º RI, em Quitaúna, com o roubo de grande quantidade de armas e munições e que marcou o ingresso de Carlos Lamarca na VPR. . Em 02 Mar 69, Diógenes e Onofre Pinto foram presos na Praça da Árvore, em Vila Mariana. Um ano depois, em 14 Mar 70, foi um dos cinco militantes comunistas banidos para o México, em Em 12 Out 68, assassinou, a sangue frio, o troca da vida do cônsul do Japão em São Paulo. capitão Charles Chandler, do Exército dos EUA, Em 1986, era o assessor do vereador do PDT descarregando os seis tiros de seu revólver Valneri Neves Antunes, antigo companheiro da Taurus calibre .38, na frente da mulher e do VPR e fazia parte do movimento "Tortura Nunca filho de Chandler. Mais". Em 27 Out 68, participou do atentado à bomba contra a loja Sears da Água Branca. Este homicida, sobre quem pesam as mortes do Em 06 Dez 68, participou do assalto ao Capitão Chandler, a sangue frio, dos Soldados BANESPA da Rua Iguatemi, SP, roubando NCr$ Mario Kosel Filho e Antonio Carlos Jeffery, e a 80 mil e ferindo o civil José Bonifácio Guercio, mutilação de Orlando Lovechio Filho, em atentado a coronhadas. à bomba, está livre. Não bastasse isso, no dia 24 Em 11 Dez 68, participou do assalto à Casa de janeiro de 2007, o governo concedeu-lhe uma de Armas Diana, na Rua do Seminário, de onde aposentadoria vitalícia de R$1.627,00 mensais, foram roubadas cerca de meia centena de pagando-lhe ainda uma indenização de armas, além de munições. Na ocasião, foi ferido R$400.000,00, para compensar a “perseguição a tiros o civil Bonifácio Signori. . que sofreu durante a Ditadura”.
  39. Em março de 1969, participou do assalto ao Banco Andrade Arnaud, de onde foram roubados 45 milhões de cruzeiros. Na ocasião, foi assassinado o comerciante Manoel da Silva Dutra. Com outros militantes da VAR- PALMARES, sob o comando de Juarez Guimarães de Brito, participou, em 16/10/1969, do famoso assalto à casa de Anna Capriglione, no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro, de onde foi Carlos Minc Baumfeld roubado o “Cofre de Adhemar de Barros”. (Jair) Levado para um dos esconderijos dos terroristas, o cofre foi arrombado e nele Terrorista dos anos 60/70. Era conhecido foram encontrados mais de dois milhões pelos codinomes de “Jair”, “José” e “Orlando”. de dólares. Uma parte do dinheiro foi Nasceu no Rio de Janeiro em 1951 e aos 18 utilizada para financiar as atividades dos anos era um lider estudantil atuante. Com o início terroristas e comprar armas. A outra, a da luta armada contra o regime militar, aderiu à maior, desapareceu misteriosamente e Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares – até hoje não se sabe o seu destino. VAR-Palmares, liderada por Carlos Lamarca.
  40. Em outubro de 1969, foi detido em um dos “aparelhos” da VAR- PALMARES e permaneceu preso até 15 de junho de 1970, quando saiu do país formando parte do grupo dos 40 militantes comunistas banidos para a Argélia em troca do embaixador da Alemanha, seqüestrado cinco dias antes. Com anistia, retornou ao Brasil e foi um dos fundadores do Partido Verde – PV com Fernando Gabeira. Em 1986, foi eleito deputado estadual pelo PV do Rio de Janeiro e reeleito, já como candidato do PT, em 1990, 1994, 1998 e 2002. Foi secretário estadual do Meio Ambiente no Rio de Janeiro. Atualmente é ministro do Meio Ambiente.
  41. condenou à morte o capitão norte- americano Charles Rodney Chandler. Quartim admitiu, mais tarde, ter sido um dos mandantes do “justiçamento” de Chandler, mas, ao ver essa informação nos jornais, contestou-a com veemência, qualificando-a de calúnia. Em dezembro de 1968, por divergências políticas, foi expulso da VPR e, quatro meses depois, com nome falso, fugiu para o Uruguai. De lá, em outubro de 1970, foi para Paris. Esteve também na Inglaterra, João Carlos Kfouri Quartim de Morais Itália, Iugoslávia e Chile. (Maneco) Em 1970, no Chile, foi um dos fundadores da revista “Debate”, posteriormente Terrorista dos anos 60/70. Era conhecido editada também na Europa. Essa pelos codinomes de “Manoel”, “Mané” e publicação defendia basicamente a união “Maneco”. dos comunistas brasileiros. Iniciou como militante da Política Operária – Com a anistia, regressou ao Brasil, onde POLOP. Em 1968, abandonou o POLOP e passou a atuar na ABI e foi contratado participou da criação da Vanguarda Popular como professor da UNICAMP. Em 1983, em Revolucionária – VPR. Foi um dos dirigentes da São Paulo, foi nomeado secretário de organização e teve participação em ações imprensa pelo governador Franco Montoro. armadas do grupo. Atualmente é professor titular da Em setembro de 1968, foi um dos UNICAMP, onde criou o Centro de Estudos integrantes do “Tribunal Revolucionário” que Marxistas.
  42. Em Pernambuco, esteve à frente do PCRB e liderou ações armadas como assaltos a bancos e atentados. No início da década de 70, sem nunca ter sido preso, buscou refúgio no exterior. Viveu na França e no Chile. Com a anistia, retornou ao Brasil e ajudou a fundar o PT, partido de que o PCRB passou a fazer parte com o nome fantasia de Tendência Brasil Socialista. Bruno Costa de Albuquerque Em 1997, Bruno Maranhão provocou uma Maranhão cisão no Movimento dos Sem Terra – MST – (Carlos) que deu origem ao Movimento de Libertação Terrorista dos anos 60/70. Era conhecido dos Sem Terra – MLST. Esse grupo, que pode pelos codinomes de “Carlos”, “Fabiano”, ser considerado extensão ou braço armado do “Fred”, “Henrique”, “Márcio” “Paulo”, “Roque”, PCRB na área rural, é sustentado com dinheiro “Tião”, “Valmir”, “Ceci”, “Marinho” e “Robson”. que o Governo Federal repassa para a Nasceu em 1939 e iniciou sua militância Associação Nacional de Apoio à Reforma política na Ação Popular, aos 20 anos. Aderiu Agrária, mantenedora do MLST. posteriormente à “Corrente Revolucionária” e Sob a liderança de Bruno Maranhão, o MLST participou da fundação do Partido Comunista tem realizado invasões de Ministérios e Revolucionário Brasileiro – PCRB. repartições públicas.
  43. Bastante singular. Não mora em assentamentos rurais nem passa suas noites debaixo de lonas de plástico. Esse sem-terra, filho de grandes proprietários de terra de Pernambuco, tem dois endereços. O primeiro é uma mansão de três pavimentos com elevador panorâmico, no Recife. O segundo é um apartamento dúplex no bairro de Higienópolis. A família Maranhão é uma das mais tradicionais de Pernambuco, dona de pelo menos oito grandes propriedades no Estado, entre engenhos de cana-de-açúcar e fazendas. Depredação da Câmara dos Deputados A última foi em 2006, quando 500 militantes do MLST, armados de paus e pedras e comandados por Bruno, invadiram o Congresso Nacional e depredaram a Câmara dos Deputados para protestar contra a demora na desapropriação de terras para reforma agrária. Bruno Maranhão continua ativo à frente do MLST, presente em 12 Estados e responsável pela invasão de fazendas sob o olhar complacente do Governo Federal. Bruno Maranhão e Lula são velhos amigos, desde a fundação do PT. Bruno é um militante sem terra Um dos apartamento do sem-terra Bruno Maranhão
  44. Terrorista dos anos 60/70. em Movimento Revolucionário 8 Usava os codinomes “Waldir”, de Outubro (MR-8), realizou uma “Francisco”, “Rogério”, “Compri- conferência em que elegeu uma do”, “Grande”, “Nilson” e “Lula”. Direção Geral (DG), integrada por Nasceu em 1948 e deu os Daniel Aarão Reis Filho, Franklin primeiros passos no jornalismo na de Souza Martins e José Roberto Última Hora e Manchete. Aderiu à Spiegner. militância política comunista em Franklin foi encarregado da 1966, quando ingressou no Frente de Trabalho Armado (FTA), Partido Comunista Brasileiro – responsável pelas ações armadas, PCB e desenvolveu intensa roubos e assaltos a bancos, atividade nos meios estudantis. ataques a sentinelas, roubos de Militante do MR-8, esteve armas e explosivos, assassinatos preso em São Paulo em 1968. ( justiçamentos). Escreveu em jornais clandestinos, A violência com que o MR-8 agia como Unidade Proletária e Brasil amedrontava a população. Apesar Socialista, onde usava o da fala mansa, Franklin Martins é pseudônimo de Luís Antônio descrito nos arquivos do SNI Tovar como “perigoso e propenso a Em abril de 1968, a DI/GB, atirar por pouca coisa”. Franklin de Souza Martins transformada posteriormente (Comprido)
  45. da operação de assalto à casa do deputado Edgar Magalhães de Almeida, roubando cerca de U$ 70 mil no cofre de casa, descrita hoje pelo ministro como "expropriação", e não roubo. Em 4 de setembro de 1969, estava na direção do Volkswagen azul que bloqueou a passagem do carro do embaixador norte-americano Charles Elbrick. A divulgação de um manifesto redigido com a colaboração de Franklin Martins e a libertação de 15 presos políticos, levados para o México, foram as exigências dos terroristas para libertar o embaixador. Trechos do Manifesto lido nas rádios por ocasião do seqüestro do embaixador americano mostra qual era a índole e os objetivos desses terroristas: “Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da Em 1969, foi eleito para a Direção guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este Geral do MR-8 e no mesmo ano foi um ano iniciará sua etapa de guerrilha rural. A vida e a morte do dos planejadores e executores do Sr. embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a seqüestro do embaixador norte- duas exigências, o sr. Burke Elbrick será libertado. Caso americano Charles Elbrick. Há diversas contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça acusações contra Franklin, por revolucionária” atentados e assaltos. Ele próprio confirma dois casos: fez a segurança
  46. Em 1973, retornou ao Brasil. Com a anistia, aposentou o pseudônimo Tovar, para atuar como jornalista. Começou em O Globo, depois foi para o JB, em 85. Na metade dos anos 90, voltou para as Organizações Globo, onde foi diretor da sucursal de O Globo em Brasília e colunista político no jornal e comentarista na TV. Foi demitido da Globo, em abril de 2006, depois de uma denúncia de que mantinha “relações promíscuas” com o poder político do PT. Solidário com o passado de Franklin, o atual Governo identificou nele o perfil do militante de esquerda que deveria ser recompensado, levando-o para o Palácio do Em fins de 1969, fugiu do Brasil e Planalto. Com status de ministro, Franklin está foi viver em Cuba, onde fez curso de encarregado do setor de comunicação, propaganda e guerrilhas em companhia de outros imprensa do governo Lula. brasileiros ali refugiados. De Cuba, foi Uma de suas iniciativas foi a criação da TV estatal, já para o Chile, para se abrigar sob o no ar, com propaganda aberta dos atuais ocupantes do governo de Salvador Allende. poder, visando às eleições de 2.010.
  47. A Farra das Indenizações Milionárias
  48. A Farra das Indenizações Milionárias O direito de reparação econômica ao anistiado Até o fim do ano de 2009, a Comissão analisou político está previsto na Lei nº 10.559/02. O 37,3 mil pedidos e concedeu 24,6 mil reparações. valor indenizado está sujeito a reajuste e é isento As dez indenizações mais vultuosas somam R$ de imposto de renda. É calculado com base na 29,8 milhões. Há ainda mais de 40 mil pedidos a remuneração que o anistiado receberia hoje, caso serem analisados. não tivesse sido afastado da atividade em que trabalhava na época do regime. Mesmo se o Os números denunciam um vergonhoso esquema anistiado não comprova qualquer vínculo de distribuição de dinheiro entre os integrantes da empregatício para cálculo da indenização, ainda esquerda derrotada na década de 70. Não há assim recebe 30 salários mínimos para cada ano qualquer possibilidade de se justificar a existência da alegada perseguição. Portanto, basta de tantos perseguidos políticos, nem o valor das requerer o benefício, sem necessidade de fortunas pagas. Como exemplo, há o caso de comprovação. Carlos Heitor Cony, colunista da Folha e da rádio CBN, a quem o Ministro da Justiça, em portaria nº O Art 12 da referida Lei cria, no âmbito do 2.946/04, concedeu uma pensão mensal vitalícia Ministério da Justiça, a Comissão de Anistia, de R$ 23.187,90, e mais uma indenização de R$ com a finalidade de examinar os requerimentos. A 1.417.072,75. Comissão é nomeada pelo Ministro da Justiça, o que tem possibilitado a escolha de integrantes O motivo alegado é a reparação econômica a Cony, alinhados com a esquerda revolucionária dos anos demitido do Correio da Manhã, em 1965, por ter 60 e 70. escrito um artigo contra o Ato Institucional nº 2. Cony nunca parou de trabalhar, não foi preso, Números do Ministério da Justiça mostram que, torturado ou impedido de exercer sua profissão, desde que a Comissão de Anistia foi criada, em ou mesmo de escrever artigos para jornais depois 2001, já foram autorizados mais de R$ 2,5 dessa demissão. bilhões em indenizações.
  49. II-punidos com transferência para localidade diversa daquela III-contagem, para todos onde exerciam suas atividades os efeitos, do tempo em profissionais, impondo-se que o anistiado político mudanças de local de residência; esteve compelido ao III-contagem, para todos II-punidos com os efeitos, do tempo em transferência III-punidos com perda de O que o anistiado político para localidade comissões já esteve compelido ao diversa daquela afastamento de suas onde exerciam atividades profissionais, suas atividades incorporadas ao contrato de trabalho ou Revanchismo em virtude de punição no periodo em inerentes às ou de fundada ameaça que estiveram suas carreiras Art.1º O III-contagem, para todos III-punidos com perda Regime do os efeitos, do tempo em de comissões já Anistiado que o anistiado político incorporadas ao Político esteve compelido ao contrato de trabalho ou compreende os afastamento de suas inerentes às suas seguintes atividades profissionais, carreiras direitos:I- em virtude de punição III-punidos com perda de declaração da ou de fundada ameaça comissões já incorporadas condição de I-atingidos por atos ao contrat atividades anistiado institucionais ou profissionais, em virtude de político;II- complementares, ou de punição ou de fundada o reparação exceção na plena aba do termo; II-punidos com transferência para localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se mudanças de local de residência; II-punidos com transferência para localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo- se mudanças de local de residência;
  50. O Art. 5º da Constituição Federal estabelece, em Todavia, é evidente que, se a Lei 6.683 for seu Inciso XLIII, que “a lei considerará crimes reinterpretada, ela deve abarcar também o inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a terrorismo e os crimes hediondos, praticados pelos prática da tortura, o tráfico ilícito de que roubaram e assaltaram sob o nome de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os “expropriação”, torturaram, assassinaram agentes definidos como crimes hediondos”. do estado, civis e outros terroristas sob o nome de “justiçamento”, e cometeram “crimes hediondos”, Todos esses crimes foram contemplados na lei como as execuções e os assassinatos 6.683, de 28 de agosto de 1979 (Lei da indiscriminados, através de atentados a bomba. Anistia), que antecedeu a Constituição Federal (05/10/88). Assim, a lei 6.683 não pode ser Independentemente da revisão da Lei da Anistia, revista em relação aos crimes anistiados, devido impõe-se ao Estado brasileiro a obrigação de ao princípio constitucional da irretroatividade da suspender as vergonhosas concessões de Lei Penal. aposentadorias e indenizações milionárias a ex- terroristas, esquerdistas, criminosos comuns e Grupos da esquerda radical, acolhidos pelo atual oportunistas, resultado do trabalho faccioso da governo, tentam forjar uma saída legal para o Comissão da Anistia, instituída pela Lei nº revanchismo, argumentando que a Lei da Anistia 10.559/02, e constituída por ex-guerrilheiros ou não contemplou os “Agentes do Estado”, mas seus simpatizantes. É um instituto de benesses apenas os que lutaram contra o Governo. ímpar no mundo civilizado, distribuindo fortunas que Estariam anistiados apenas os guerrilheiros e nenhum dos beneficiados jamais conseguiria terroristas, mas não as forças governamentais amealhar em trabalho digno e honesto, mesmo que que se opuseram a eles. É o “tudo pode” dos mourejasse por muitos séculos, diuturnamente. radicais, em que a Lei deve ser moldada para servir às suas causas.
  51. O legado da esquerda radical ao Brasil
  52. A luta pela tomada do poder no Brasil começou em 1961, com a radicalização das esquerdas, o que resultou na contra-Revolução de 31 de Março de 1964. Por pouco, realmente muito pouco, as esquerdas não tomaram o poder para transformar o Brasil em uma Cuba de Fidel e de Guevara, de proporções maiores e destinada a misérias maiores. Se conseguissem, teriam se tornado, agora sabemos, Ditadores Vitalícios, que ainda hoje estariam a desgraçar a Nação. O desfecho seria o totalitarismo, a concentração de poder, a vingança, os “Justiçamentos”, a mordaça na imprensa, as prisões sem julgamentos e, ao final, a falência econômica, o atraso, a guerra civil e o separatismo, resultado único nos países onde a esquerda radical e totalitária tomou o poder.





Nosso amigo, o Cel Juvêncio Saldanha Lemos, está ultimando a preparação de um livro intitulado "Memórias". Nas páginas 223 a 234, ele relembra o período em que serviu no CIE. Nas suas palavras, com as quais de resto concordo integralmente,  ...tendo em vista o contexto militar atual, pré "Comissão da Verdade", e tendo em vista  as informações que constam dessas "Memórias" no período considerado, eu pensei em que talvez seja interessante divulgar esse extrato para a nossa  rede de correspondentes de E-Mails, para que relembrem (a maioria) ou tomem conhecimento (também a maioria, parece...) como  as coisas aconteceram realmente.
Assim sendo e com a concordância do autor, remeto anexo o texto em questão. 
Caso algum dos destinatários deseje fazer alguma observação que venha a enriquecer ou, eventualmente, corrigir a matéria exposta, solicito que entre em contato comigo para fornecer-lhe o endereço eletrônico do Lemos.
A todos, uma boa e proveitosa leitura.
Osmar José de Barros Ribeiro (OJBR)

MEMÓRIAS
Coronel Juvêncio Saldanha Lemos
(Extraído do livro "Memórias", pg. 223 a 234, a ser lançado em breve)
O CIE era chefiado por um general-de-brigada oriundo da Cavalaria. Um sujeito sério, enérgico, reservado e, como tive a oportunidade de comprovar por experiência pessoal, muito justo e equilibrado. Desses tipos que não se deixam emprenhar pelos ouvidos. Conduzia e controlava todas as atividades do Centro com rédea curta, ainda que sem sair da sua sala. O homem certo no lugar certo.
O subchefe era um experiente coronel, já meu conhecido – seu filho havia sido meu cadete na AMAN – e com o qual sempre me dei muito bem. Um tipo calmo, paciencioso, muito dedicado ao serviço. Exigente sem ser antipático.
A estrutura funcional do CIE era muito técnica, muito lógica, genuinamente nacional e de comprovada eficiência. O Centro dividia-se em Seções – Informações, Contra-Informações, Operações, Logística etc. Eram sete ou oito, não lembro bem, todas chefiadas por coronéis.
Conforme a boa doutrina de segurança das Informações, tais Seções eram estanques entre si, ou seja, não havia qualquer ligação horizontal entre elas. Seguia-se a risca o clássico jargão desse tipo de atividade:- “Nem todos podem saber tudo e nem tudo pode ser do conhecimento de todos.” Assim, eu conhecia as pessoas que trabalhavam nas diversas Seções, mas desconhecia as suas organizações e atribuições. E nem queria conhecer.
Tirante os “velhos” coronéis, a maioria dos oficiais do CIE haviam sido meus contemporâneos – na AMAN, EsAO ou EsCEME. Todos formidáveis companheiros, oficiais de escol já calejados na profissão, o que tornava o ambiente de trabalho muito fraterno, de incondicional confiança mútua, de inabalável camaradagem sedimentada pelo tempo. Mas não se comentavam assuntos de serviço, nem mesmo incidentalmente, nas descontraídas conversas durante as refeições, nas “peladas” de futebol, nas diárias viagens do micro-ônibus no roteiro Asa Norte – SMU - Asa Norte, nos encontros familiares de fins de semana. A discrição, que é uma virtude militar por excelência, era cultivada ao extremo – e nem poderia deixar de assim o ser – pelo pessoal do CIE. Cada oficial recebia tarefas do e reportava-se diretamente ao seu coronel Chefe de Seção e ninguém tinha que saber no quê ele estava sendo empregado. Era assim que a coisa funcionava e funcionava muito bem.
Vê lá aonde tu vais te meter, cara. Cuidado!
Essa foi a recomendação de despedida que recebi de um amigo  do peito, lá em Resende.        
Compreensível essa sua sincera preocupação. O CIE era visto com reservas, quando não temor, dentro e fora da Força. Essa postura era injusta e preconceituosa, devida certamente à falta de informações – ou informações distorcidas, o que é muito pior – relativas à vigorosa atuação do CIE nos chamados “Anos de Chumbo”. Que já haviam acabado havia muito tempo.
Vamos recordar esse tempo, ainda que sumariamente. É a minha limitada e modesta contribuição para o conhecimento desse histórico período vivido pela nossa Pátria.
Já antes fiz diversas referências àqueles tempos. Mas penso que  ainda cabem algumas considerações complementares, que capacitem os meus pacientes leitores a melhor entender as burlescas realidades de hoje que lhes são conseqüentes.
Procuro ser política e ideologicamente isento nesta curta explanação. Inclusive, a maior parte das informações que ora transmito foi colhida nos livros e depoimentos de figuras da esquerda que foram ativas participantes desses acontecimentos, tristes acontecimentos, mas que fazem parte da nossa História nacional, tais como João Amazonas, Jacob Gorender, Giocondo Dias, Carlos Mariguella, Gregório Bezerra, Gabeira, Sirkys, Tavares, Aarão Reis, Paz e dezenas de outros. Como também já disse antes, a literatura sobre a matéria é abundante e de fácil obtenção.
É pacífico que a “guerra fria” chegou para valer na América com a tomada do poder em Cuba pelos guerrilheiros de Fidel Castro, em 1959. Que, sinceros, não tardaram em confessarem-se comunistas.
A ilha se tornou o entreposto que a URSS precisava para fustigar os EUA em seu próprio quintal. Assim, em troca de sustentação política, econômica e militar, Cuba recebeu e abraçou a missão estratégica de exportar a sua revolução marxista-leninista para os vizinhos americanos, mesmo os mais distantes.  Com isso, acabou-se a paz na região, cuja seqüela mais visível foi um longo período de excepcionalidade governamental em todos os países da área americana central e do sul. Uma reação extremada, mas cabível, à agressão que sofreram. Por incrível que possa parecer, tudo mudou nessa parte do mundo em razão de uma revolução de opereta em uma minúscula ilha. Nunca nada mais foi como antes. Ponto para os soviéticos.
O caso brasileiro foi emblemático. Após a porretada de 1935, os nossos patéticos comunistas estavam recolhidos. Sua única atividade era escrever muito para poucos leitores. Nenhuma ação prática, que eles não eram bestas. A partir de 1960, no entanto, com o suporte dos cubanos e a liberdade de ação cada vez mais assegurada por um pleno e  sadio regime democrático, tomaram alento. Passaram a trabalhar ostensivamente e nos moldes da veneranda agitprop (agitação e propaganda) soviética, atividade essa muito facilitada na messe do Terceiro Mundo, tanto pela simpatia que gozava a Revolução Cubana, como pela antipatia ao chamado “imperialismo norte-americano”, ambos esses sentimentos gerais e até mesmo justos.  
Todavia, e para a nossa sorte, o time esquerdista é um saco de gatos. Alguém até já disse que os comunistas só são unidos na cadeia... São facções, linhas, escolas, frentes etc., que não acaba mais. E que se hostilizam funcionalmente, ainda que o objetivo final seja sempre o mesmo: adonar-se do poder para implantar o regime comunista. Como se isso fosse uma grande coisa.
Não é difícil identificar claramente dois segmentos bem distintos da guerra revolucionária marxista tentados por aqui.
Um foi o da chamada “Teoria do Foco Guerrilheiro”, invenção de Che Guevara e Regis Debray. Como diz o nome, trata-se de criar um núcleo combatente básico, pequeno mas eficiente, assentado em região de difícil  acesso. Tal grupo crescerá aos poucos, como um câncer, até atingir os setores vitais da administração estatal. Na prática, tal teoria comprovou-se um desastre. No Brasil, foi tentada na serra do Caparaó, no estado de Minas Gerais. A Polícia Militar mineira acabou à tapa com a ridícula aventura. Também foi tentada na Bolívia, comandada pessoalmente por Che Guevara, que pagou com a vida o devaneio. Debray conseguiu fugir, mandou às favas as idéias marxistas e hoje é deputado no Parlamento Europeu.
Outro foi o da “Teoria da Ação Popular”, chamada de AP, dogmática, cerebral, quase científica. Exigia a paciência oriental de seu inspirador Mao Tse Tung. Seus adeptos acreditavam que a vitória revolucionária seria alcançada ao fim de três etapas:
            - a primeira, reivindicatória, através dos conhecidos e bem orquestrados movimentos de massa, desarmados mas intimidatórios, como as greves, ocupações, invasões e badernas populares;
            - a segunda, política, caracterizada pelo início de ações armadas tipo guerrilha, para minar a confiança da população nas autoridades;
            - a terceira, ideológica, com a formação de um Exército Popular de Libertação, no modelo chinês. Isso chegou a ser experimentado na província de Tucumán, na Argentina e provocou uma mortandade sem nenhum resultado prático.
Essa “Ação Popular” mascarou-se de início como um “socialismo cristão” e conseguiu a adesão de setores da Igreja Católica, liderados por um tal padre Vaz e pelo incensado Betinho, um sociólogo diabético que tornou-se aidético devido a uma infeliz transfusão de sangue e disso veio a falecer. Muito mais importante que a desses dois, foi a adesão da Ordem Dominicana em São Paulo.
Note-se: tudo isso antes de 1964! Logo, não foi uma reação ao regime autoritário dos militares, como dizem.
A AP cresceu, ficou forte e passou a exercer uma deletéria influência na vida política da nação. E não é absurdo reconhecer que, já em 1963, os objetivos da primeira etapa (“Reivindicatória”) estavam conquistados. Ante o pasmo da nação, o país era uma agitação só e muito bem orquestrada: no sul, o MASTER (atual MST) de Leonel Brizola; no centro, a UNE de José Serra; no nordeste, as “Ligas Camponesas” de Francisco Julião; e por todo o país, a CGT de Dante Pelacani. Nada era por acaso.
Embriagada pelo sucesso e protegida escandalosamente pelo governo irresponsável do presidente João Goulart, a esquerda sentiu-se forte o suficiente para enfrentar o mais poderoso entrave institucional à sua plena tomada do poder: as Forças Armadas. O processo escolhido para tanto foi novamente o soviético: politizar os quadros subalternos e atiçá-los contra os superiores, acabando com a disciplina e conseqüentemente com a operacionalidade da tropa.
O ambiente nos quartéis ficou tenso. Houve um levante de sargentos da FAB na Base Aérea de Brasília, sufocado pelo Exército com energia e algumas mortes. Logo em seguida, começou a falência disciplinar na Marinha. Em uma Assembléia de Marinheiros rebelados e que ocuparam a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro – a tropa de Fuzileiros Navais despachada para subjugá-los aderiu à rebelião! – os oradores pregaram abertamente o fechamento do Congresso para acelerar as tais “reformas de base”. Era a ostensiva marcha para um clássico golpe de estado.
Foi essa conduta destrambelhada dos nossos esquerdistas, no governo e fora dele, que produziu o vitorioso movimento militar de 31 de março de 1964 e o regime autoritário que se seguiu. Antes que a esculhambação chegasse ao Exército, os generais agiram, respaldados pela população.Foi um contragolpe preventivo, se é que é possível imaginar isso. Luiz Carlos Prestes, o eterno e lendário secretário-geral do PCB e que já tão perto via a conquista do poder, culpou essa agressão aos militares pela derrocada total da sua revolução:- “Uma provocação, uma inversão de toda a hierarquia que facilitou o golpe.”
A Esquerda brasileira foi desmantelada em 1964. Restou-lhe buscar refúgio e orientação fora do território nacional, onde o Movimento Comunista Internacional continuava forte, ativo e muito pretensioso. Entre 1964 e 1966, muitos dos seus quadros foram mandados fazer cursos políticos e de guerrilhas na China e em Cuba.
No ano de 1966, um espalhafatoso evento de Cuba – a “Conferência Tricontinental de Havana” – pariu dois anos depois a “Organização Latino-Americana de Solidariedade – OLAS”, que traçou objetivamente os rumos e metas para a guerra subversiva nos países ao sul dos Estados Unidos. Os fanatizados marxistas-leninistas sul-americanos arregaçaram as mangas e partiram para a ação e o número de viúvas e órfãos que disso resultou é algo assombroso.          
Coincidência ou não, e eu repito que não acredito em coincidências, nesse mesmo ano de 1968 realizou-se na Colômbia o “Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM”, no qual os bispos da área discutiram as interpretações a dar às revolucionárias (no bom sentido) conclusões do Concílio Vaticano II. Possivelmente por ingenuidade e despreparo político dos bispos, o documento final elaborado pela CELAM apresentou 16 teses de cunho escandalosamente marxistas, de onde se originou a famigerada “Teologia da Libertação”, logo adotada com ardoroso entusiasmo pelos padres e freiras tupiniquins.
Nada de bom poderia vir daí. Como não veio.
Diz um antigo provérbio que Deus só tem dúvidas em três assuntos: o grau de pobreza dos franciscanos, a real intenção dos jesuítas e a teologia dos dominicanos.
Talvez isso explique a inacreditável aproximação de um grupo de frades dominicanos paulistas com a antes falada “Ação Popular – AP”, que já havia alterado o nome para “Ação Popular Marxista Leninista – APML”. Com a adesão dos franciscanos, passou a chamar-se “Agrupamento Comunista de São Paulo – AC/SP”. Em seguida, nova mudança de denominação: “Ação Libertadora Nacional – ALN”, sob a presidência de Carlos Marighella, o famoso comunista autor da celebrada bíblia do terrorismo subversivo: “Mini-manual da Guerrilha Urbana”.
A ponte entre o foragido Mariguella, que vivia na clandestinidade, e os piedosos frades dominicanos foi feita por um ex-repórter da “Folha de São Paulo”, de nome Carlos Alberto Libanio Christo, que em 1966 atendera a um chamamento divino e ingressara na Ordem, adotando o nome de Frei Beto. Este cândido frade pelo menos teve a coragem de externar por escrito o seu fanatismo ideológico, pois em seu livro “Nos Bastidores do Socialismo”, p. 404, declarou:-” Quero deixar bem claro que admito a pena de morte em uma única exceção: no  decorrer da guerra de guerrilhas.
Os dominicanos tomaram a iniciativa de oferecer um mosteiro que mantinham em Conceição do Araguaia, na rodovia Belém – Brasília, para servir de base de apoio para a instalação e operação de um foco de guerrilha rural naquela região. E foi assim que começou no Brasil Central a tão falada “Guerrilha do Araguaia”. É extremamente doloroso saber que a Ordem Dominicana tem as suas batinas salpicadas de sangue brasileiro. Indelevelmente.
O núcleo diretivo da ALN era em São Paulo e por isso foi naquele estado que a luta armada eclodiu com maior intensidade.
A ALN era uma organização sanguinária. Um dos seus líderes era um assassino paranóico, Carlos Lamarca, a quem já anteriormente me referi. Dela participaram Dilma Roussef (atual presidente da República), Aloysio Nunes Ferreira e Franklin Martins (ministros de Estado do governo anterior) e Fernando Gabeira (deputado federal) dentre outros figurões da atualidade.  
Bem, foi só em dezembro de 1968, quando essa inaudita atividade subversiva já havia promovido mais de 300 violentas ações de guerrilha urbana – assaltos a bancos, sabotagens no serviço público, roubos de explosivos e armas, ataques a prédios policiais, atentados a quartéis, seqüestro de três diplomatas estrangeiros, assassinatos, justiçamentos etc. – do que resultara a inaceitável cifra de 66 mortos (20 PMs, 7 militares, 7 policiais civis, 10 vigilantes bancários e 22 civis absolutamente inocentes) que o governo brasileiro decidiu reagir como devia. E para tanto foi editado o tão famoso Ato Institucional nº 5 – AI/5.  Com isso, as forças de segurança do Estado puderam enfrentar à altura os agentes da subversão.
Foi uma guerra, como qualquer outra guerra. Em poucos meses, os “aparelhos” subversivos foram desmantelados e a célula dos dominicanos, no bairro Perdizes, na capital paulista, desativada. Os frades, interrogados sabe lá Deus como, denunciaram e atraíram Marighella para uma emboscada  montada pelo  DOPS. Ele reagiu à prisão e foi morto. Antes de morrer, baleou mortalmente uma policial, bela mulher.
Foi o início do fim da  luta armada subversiva no país.    
Em resumo, foi no ano de 1968 que alguns poucos e extremados setores da esquerda brasileira – cuja organização havia sido desmantelada quatro anos antes e de forma até muito civilizada – optou pela luta armada contra o Regime Militar. Como vimos antes, a conjuntura internacional favorecia tal opção.
Nada a ver com uma patriótica e admirável revolta visando à restauração do estado plenamente democrático no país. Não. O seu objetivo final, ignóbil por natureza e hoje confessado sem vergonha nem arrependimento, era o de implantar no Brasil um regime comunista, similar aos então vigentes na URSS, China, Cuba ou Albânia, conforme a linha ideológica da facção considerada (RAN, VPR, VAR-Palmares, COLINA, POLOP, MORENA, MR-8, PCBR, POC e lá sei eu mais o quê).  Em suma, pretendiam trocar uma ditadura de direita por uma ditadura de esquerda. Decididamente, não era uma causa nobre.
Bem, qualquer um, em qualquer tempo e lugar, que ouse pegar em armas para contestar um governo estabelecido, independente da justiça dessa decisão, deve estar consciente das responsabilidades e conseqüências que dela necessariamente advirão. Para começar, enfrentarão uma reação governamental violentíssima e a guerra que se seguirá, como qualquer guerra para valer, não terá regras nem limites, não comportando outro interesse que não seja a vitória final. A História Universal ensina isto.
No Brasil não se fugiu a essa fatalidade.
A esquerda armada impôs as armas e os métodos para o duelo e o governo aceitou. Foi um jogo sujo, mas... que fazer?
Não cabe no escopo destas Memórias um maior aprofundamento nas barbaridades conduzidas pela esquerda brasileira em sua luta armada. Selecionei apenas seis de suas ações “político-revolucionárias”, para que se faça um simples juízo do que aqueles tarados fizeram:
 1) um “Tribunal Revolucionário” ordenou a execução do major boliviano Gary Prado, comandante da  tropa que um ano  antes havia liquidado Che Guevara, lá  na  Bolívia, e que no momento estava cursando a nossa EsCEME, no  Rio de Janeiro, como aluno estrangeiro convidado.
 A execução foi marcada para o dia 01/07/1968. Os sanguinários executores, por incompetentes, não conseguiram diferenciar os uniformes dos oficiais estrangeiros e confundiram o baixote e moreno major boliviano com o alto e loiro major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen, também aluno da EsCEME.
 O pobre major Edward foi seguido desde que saiu da Escola e, tão logo surgiu a oportunidade, assassinado com um tiro na nuca, morrendo na hora sem saber por quê.
 Os justiceiros trapalhões só se deram conta da estupidez cometida quando abriram a pasta do major e apenas encontraram escritos em alemão;
 2) outro “Tribunal Revolucionário” condenou à morte o capitão norte-americano Charles Rodney Chandler, um jovem veterano da Guerra do Vietnam, já desmobilizado e que, como bolsista, estava cursando a Fundação Álvares Penteado, em São Paulo, SP.
No dia 12/10/1968, o capitão Chandler foi friamente executado a tiros, na frente de sua esposa Joan e filhos – Jeffrey (quatro anos) e Todd (três anos) - quando saía de casa no bairro Sumaré, na capital paulista, desarmado.
Sobre o cadáver os assassinos lançaram panfletos com um manifesto, cujos três últimos itens diziam:
“3) O único caminho para a revolução no Brasil é a luta armada.
  4) A luta armada é o caminho de todo revolucionário no Brasil.
  5) Criar um, dois, três, vários Vietnames.”
3) em 1969, em uma cinematográfica operação, a VPR seqüestrou o embaixador norte americano Charles B. Elbrick, exigindo em troca da sua liberdade que o governo libertasse alguns presos políticos e os enviasse ao México. No local do seqüestro, os subversivos deixaram panfletos:- “ Na verdade, o  rapto do embaixador é apenas mais um ato de guerra revolucionária que avança a cada dia e que este ano iniciará a sua etapa de guerrilha rural.
 4) no dia 10/05/1970, o jovem 2º Tenente da Polícia Militar de São Paulo Alberto Mendes Júnior, que havia sido aprisionado por um grupo guerrilheiro da VPR liderado por Carlos Lamarca na região do Vale da Ribeira, foi manietado e jogado  em um buraco. Em seguida foi morto a coronhadas na cabeça, sob o pretexto de que um tiro denunciaria a posição do grupo, que estava se evadindo da área.
Em “Comunicado ao Povo Brasileiro”, a VPR difundiu:-” O tenente Mendes foi condenado e morreu a coronhadas de fuzil, e assim o foi, sendo depois enterrado.”
5) No dia 15 de abril de 1971, o industrial dinamarquês Henning Albert Boilesen, havia já quase trinta anos radicado no Brasil, foi estupidamente executado pela VPR na Alameda Casa Branca, em São Paulo, SP. Era acusado de financiar os órgãos policiais de repressão aos subversivos. No  local da execução, foram deixados panfletos com os seguintes dizeres:- “ Como ele, existem muitos outros e sabemos quem são. Todos terão o mesmo fim, não importa quanto tempo demore; o que importa é  que todos eles sentirão o peso da Justiça Revolucionária. OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE.
6) para abrilhantar  as comemorações do Sesquicentenário da Independência, aportou no Rio de Janeiro a fragata inglesa HMS “Triumph”.
Um dos seus tripulantes, o marinheiro David A. Cuthberg, 19 anos, durante um sonhado passeio turístico pela cidade, foi metralhado por terroristas brasileiros. A sua escolha para a inominável execução foi totalmente aleatória. Não fosse ele, seria outro.
 Sobre o cadáver foram lançados panfletos, denunciando que ele representava um país imperialista. E a justificativa da subversão para esse horrendo homicídio foi o de que o fato seria publicado pela imprensa inglesa, o que chamaria atenção para a luta comunista no Brasil. A dor causada à mãe desse menino não foi levada em conta   
Tenho a certeza de que Satanás estava presente nestes seis casos que pincei. E que mesmo ele chorou uma ácida lágrima pelos inocentes que neles sucumbiram.
Todos os executores dessas atrocidades foram identificados. Uns pagaram, outros estão por aí. Em todo o caso, acho que o leitor já tem condições de enfrentar as três perguntas que faço:
1º) quem declarou a guerra?
2º) quem definiu as armas e os métodos dessa guerra?
3º) dá para ter clemência com esse tipo de gente?
Como vimos antes, em parte do ano 1970 e todo o ano de 1971 eu estive morando no Rio de Janeiro. Tive então oportunidade de observar um evidente sentimento de alívio por parte da população cada vez que um desses terroristas era neutralizado. Recordo que na estação ferroviária da Central do Brasil havia diversos cartazes com as fotos de terroristas procurados, assim tipo faroeste. E quando acontecia de algum deles “cair”, os próprios passageiros faziam um “X” sobre a foto, escrevendo por cima “faturado”, “já era”, coisas assim.
Na verdade, a invulgar violência e a inacreditável crueldade como os esquerdistas desencadearam as suas ações, algumas até espetaculares, produziram um quadro totalmente estranho à cultura brasileira, provocando a natural repulsa da população. E com isso, a guerra já estava antecipadamente ganha pelo governo.  Seria apenas uma questão de tempo e paciência. E técnica, muita técnica.
Para aqueles que tiverem interesse em estudar este assunto, já existe uma farta literatura disponível, produzida tanto pelos vencedores como pelos vencidos. Sugiro particularmente a leitura de três livros: “A Verdade Sufocada”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, já na 7ª edição, “Orvil” (livro ao contrário), matéria organizada e editada parece que pelo Exército; e o último livro do lendário comunista Jacob Gorender.
Imagino que só daqui a uns 50 anos, quando a distância temporal dessa guerra interna dos anos 1968/1974 e o completo desaparecimento da geração nela envolvida permitir o seu estudo isento e imparcial, há de se reconhecer o real valor do pessoal que nela combateu.
Surpreendidos de início, os órgãos de segurança do Estado demoraram alguns meses a reagir. Era um tipo de guerra inédito no Brasil. Não tínhamos nem experiência nem doutrina para enfrentá-la. Os manuais estrangeiros disponíveis, traduzidos às pressas, comprovaram-se inaplicáveis às nossas peculiaridades nacionais. Mas algo tinha que ser feito e o foi.
O primeiro passo foi separar a ação subversiva dos assuntos rotineiros da Segurança Pública. Com isso, começou uma natural especialização nos quadros destacados para combater os subversivos, ainda subordinados às suas respectivas corporações, que compreensivelmente sempre se mostravam muito ciosas na preservação de suas competências e jurisdições.
Sem demora constatou-se que isso causava uma enorme dispersão de esforços na busca do objetivo comum, que era acabar com a ação armada comunista. Por exemplo: seqüestro de pessoas era com a Polícia Civil; assaltos a Bancos, com a Polícia Militar; atentados com explosivos, com os Bombeiros; ataques a quartéis, com o Exército; seqüestro de aviões, com a Aeronáutica. E assim por diante.
Para tentar superar esse problema, foi feita uma experiência no estado de São Paulo: centralizar toda a atividade antiterrorista sob uma direção única, a chamada “Operação Bandeirantes” (OBAN).
Os resultados da OBAN foram tão imediatos e positivos que ela serviu de base para a formulação de um esboço de doutrina nacional para o combate à subversão. Que posta em prática, comprovou-se um sucesso.
Coincidindo com os Grandes Comandos de Área foram criados os chamados “Centros de Operações de Defesa Interna” (CODI), desvinculando a atividade normal do Exército das ações voltadas especificamente ao combate à subversão. Muito pouca gente sabe disso. Talvez nem 1% do Exército tenha sido empregado diretamente na guerra anticomunista nesses tão badalados “Anos de Chumbo”.
Os CODI centralizavam e coordenavam as ações do aparato do Estado na luta contra a esquerda armada, apenas. Como não se tratava de conduzir operações militares convencionais – nada de pelotões, companhias, batalhões – mas sim operações de Inteligência, que exigem outro modelo de combatente, havia orgânico em cada CODI um “Destacamento de Operações de Informações” (DOI), que se encarregava do pesado e perigosíssimo trabalho de buscar as informações que levariam à identificação e neutralização do inimigo interno em armas. Os DOI, particularmente o de São Paulo, cumpriram essa missão com invulgar coragem, dedicação e patriotismo. Sobre esses combatentes, assim se expressou o Ministro do Exército, em Ordem do Dia:- “Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem à agitadores e terroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia.
De fato, com essa organização genuinamente nacional, o nosso Brasil – para pasmo de todo o mundo, até do 1º Mundo – com um mínimo de recursos e de perdas humanas acabou com a contestação armada esquerdista em todo o seu território, tanto no ambiente urbano como no rural. E isso ficou atravessado na garganta de muita gente.
Não é má vontade com os padres – que não tenho – mas deve ser dito que em São Paulo a derrocada da atividade armada comunista começou quando o CODI destruiu as bases de apoio à subversão montadas nos mosteiros dominicanos.
Os militares sempre mantiveram os assuntos relativos a essa guerra interna sob classificação sigilosa. Havia e há razões para tanto. Contudo, isso produziu inconvenientes. O pior deles foi que por muito tempo somente as versões da derrotada esquerda vinham a público.
A maioria dessas versões é falsa, fantasiosa ou pura e simplesmente mentirosa. Visam embaralhar o errado com o certo. Começa que apresenta todos os subversivos como heróis e isso não é verdade. Houve a ocorrência de muitos, mas muitos mesmo, casos de desertores, delatores e desprezíveis traidores. Por exemplo, um dos seus mais graduados líderes em São Paulo, precisando de dinheiro para o casamento da filha, não hesitou em se passar para o lado da repressão, mediante paga. Os arquivos do CODI estufaram com a documentação obtida. E certamente heróis não foram os diversos “justiçados” pela própria subversão.
Na luta armada propriamente dita, alguns até que podem merecer algum valor. Mas a maioria não lutou bem, por covardia, despreparo militar ou desmotivação moral. E por isso eu insisto: a liderança comunista da época tem que ser responsabilizada historicamente por haver despachado para a guerra uma gente totalmente despreparada - os tais cursos de guerrilha em Cuba eram uma pândega! – para o que teria pela frente. Por favor, não me venham culpar o Exército pelo que aconteceu no Araguaia.
Queixa-se também a esquerda que seus combatentes “caídos” foram torturados nos “porões da ditadura”. Bem, isso é matéria ultra sensível e que choca qualquer militar. Algo inadmissível em um quartel regular. Coisa mesmo difícil de acreditar. E neste aspecto pesa contra os reclamantes a recomendação de um histórico a aclamado comunista brasileiro, por nome Mario Lago:-“ Quando sair da cadeia, diga que foi torturado. Sempre.
Eu indaguei a respeito, particularmente, a um ex-integrante do DOI de São Paulo. Ele respondeu que na esmagadora maioria dos casos bastava dar um tapa na cara do comunista que ele/ela contava tudo, mais até do que se pretendia saber. Nenhum demérito nisso; é o comportamento que se espera de qualquer pessoa normal naquela situação. Mas que em alguns casos, envolvendo um pessoal mais fanático e endurecido, era preciso um procedimento interrogatório bem mais violento para chegar à informação pretendida. Que sempre vinha. Essa história de dizer que foi torturado e não falou nada é balela.
E agora, homem de bem e cristão?
Vamos ver.
Guerra não é teatrinho nem brincadeira. Morre gente. É a consagração da estupidez. É a negação de todos os princípios morais e espirituais que sublimam a condição humana. É um horroroso fenômeno que repele adjetivações, tipo guerra justa, guerra necessária, guerra suja. Guerra é guerra! E como declarou o general Leônidas Pires Gonçalves, Ministro do Exército:- “Na guerra só há uma coisa bonita: a vitória. O resto não é bonito.
Quando a esquerda optou pela luta armada e declarou guerra ao Estado brasileiro, mergulhou irreversivelmente nessa realidade, que nada tem de romântica. Uma guerra não convencional, que é violentíssima por definição, pois os oponentes estarão separados por insuperáveis convicções ideológicas. Não existem linhas de contato entre as forças que se defrontam. Não há front nem área de retaguarda; a tensão é permanente  e isso faz com que os indivíduos nela engajados atuem no limite das suas virtudes e vícios. Não há controle regular de comando que consiga superar esse quadro.
Assim, é hipocrisia não admitir que quem voluntariamente se engaja nesse brutal tipo de luta não esteja plenamente consciente do que lhe há de acontecer, caso seja aprisionado. O combatente subversivo é um cobiçado arquivo ambulante, um repositório de informações que seus oponentes buscam com avidez. E que farão tudo para obtê-las. Em última instância, a informação salva a vida de companheiros.
Bem, acredito que no futuro a tecnologia há de fornecer métodos civilizados que aposentem o tacanho “pau-de-arara” nos necessários interrogatórios extremados; mas ainda estamos muito longe disso, pelas denúncias que leio na imprensa sobre o que aconteceu nas recentes guerras do Iraque e do Afeganistão.
E para encerrar este bosquejo histórico, a que me julguei obrigado para esclarecer àqueles que não viveram esse tempo, digo que me impressiona até hoje o incrível desprezo que as esquerdas demonstraram pela capacidade operativa das forças de segurança brasileiras, ao se decidirem pela luta armada. Por exemplo, era voz corrente nos grupos subversivos do Araguaia que o Exército não entraria na selva para lutar. O Exército se preparou, entrou, lutou e os exterminou.
E digo também que, afinal, restou-me uma dúvida, que vale para os combatentes de ambos os lados nessa lamentável guerra subversiva: será que depois de provar sangue o homem continua o mesmo?       
Admito que a estas alturas o meu paciente leitor deve estar se perguntando como sei disso tudo.
Inicialmente, devo lembrar que no ano 1968 fui S/2, e no ano 1978 fui E/2, na guarnição de Santo Ângelo. Era um fim de mundo, afastado no tempo e no espaço dos teatros de operações da guerra subversiva em andamento no país. Mas os relatórios de Informações chegavam pontualmente, completos e confiáveis; e nem poderia ser de outra forma, pois, repito, guerra é guerra, morre gente e teoricamente sempre haveria a hipótese de por lá respingar alguma coisa. 
Eu estava bem informado, portanto, e sobre uma matéria que me fascinava e da qual sempre procurei manter conhecimentos atualizados. E posteriormente servi no Centro de Informações do Exército
Hoje em dia, porém,  tudo isso está em letra impressa. São centenas de livros e publicações outras para todos os gostos, à disposição dos interessados. Das que conheço, todas viciadas pela compreensível parcialidade dos autores.
A minha geração militar viveu em toda a sua dimensão esse triste período da nossa história, que clama ser pesquisado e estudado com científica isenção, sem emoções, ressentimentos ou revanchismos. Pelo balanço da canoa, vai demorar muito ainda...
Aliás, uma das frustrações pessoais que carrego – a mais pesada delas – é a de não haver participado diretamente dessa guerra, como era o meu desejo. Na verdade, confesso envergonhado que nunca vi um preso político. E nem mesmo um simples civil preso em qualquer dos quartéis onde servi.
Como ressaltei antes, a guerra contra a esquerda armada, por sua natureza irregular e assimétrica, não comportou operações militares convencionais, mas sim operações de Inteligência, na época batizadas como de Informações.
No âmbito da força terrestre, o órgão criado para centralizar, coordenar e dirigir no mais alto nível as atividades de informações relativas a essa guerra específica foi exatamente o CIE. Uma solução muito inteligente (sem trocadilho) e que se comprovou eficaz para desvincular o combate à subversão das outras e superiores responsabilidades do Exército, que continuaram administradas pelo Estado-Maior do Exército (EME).
Quando cheguei ao CIE, em meados de 1982, essa guerra já estava acabada e vencida. Nela, o nosso Centro acumulara uma extraordinária experiência operacional, arquivara toneladas de sensíveis documentos e treinara pessoal de primeira linha para o desempenho de suas atribuições especiais.
O CIE continuava se enquadrando no conceito tradicional de órgão de Inteligência: uma estrutura destinada a alimentar continuamente os seus clientes com informações confiáveis, que os capacitam a tomar decisões acertadas e oportunas, antecipando-se aos fatos. O exemplo clássico disso são os cinco sentidos humanos, que formam um sistema de informações que têm como cliente o cérebro. O CIE tinha como cliente exclusivo o Ministro do Exército.
Como se operava na esfera militar, o objetivo focado era a produção de informações militares que, repito mais uma vez, assenta-se em um tripé: terreno, inimigo e condições meteorológicas. Lembrando que o inimigo em pauta era o chamado “inimigo interno”. Assuntos externos não eram da nossa competência. Parece que eram tocados pela 2ª Seção do EME.
Mas que inimigo interno é esse? Que ele existe, existe. Nos próprios Estados Unidos da América, país ultra desenvolvido e exemplo de democracia para o mundo, qualquer cidadão ao assumir função pública, militar ou civil, presta formal juramento de defender a sua pátria contra “... foreign and domestic enemies...”.
Em uma definição muito pessoal e muito rasteira, destinadas a leigos no assunto, eu diria que inimigo interno é aquele ou aquilo que – por motivações políticas, religiosas, raciais, ideológicas ou seja lá qual for – perturba efetiva ou potencialmente a vida nacional, com a finalidade de impor as suas idéias, via de regra malsãs. Digo isso porque se fossem boas, tais idéias seriam adotadas naturalmente pela sociedade, dispensando pressões e ameaças. Aliás, soube que recentemente a Doutrina Militar Brasileira substituiu em seus manuais a expressão “inimigo interno” por “Forças Adversas”, o que acho tecnicamente mais acertado.
Bem, já comentei antes que, ainda lambendo as feridas da sua desastrada luta armada e pegando de carona as garantias da “Abertura”, a esquerda havia se refugiado nos quadros dos partidos políticos legais. E agora: como diferenciar um político da oposição de um subversivo em hibernação?
Ora, era exatamente para isso que existia o CIE.
O pilar-mestre do CIE era a Seção de Informações, onde fui lotado.
Internamente, a Seção de Informações se dividia em quatro subseções, especializadas segundo os quatro campos que doutrinariamente expressam o Poder Nacional de um país: político, econômico, psicossocial e militar. Nela trabalhavam uma vintena de Analistas de Informações, todos oficiais superiores e de Estado-Maior, apoiados por um pelotão de discretos e tarimbados sargentos datilógrafos.
A nossa atividade era absolutamente burocrática, em um tempo em que se trabalhava com arquivos de aço, dentro dos quais se espremiam pastas de papelão suspensas entulhadas de documentos, classificados por ordem alfabética. Nada de computadores, impressoras ou periféricos de informática, que recém e timidamente chegavam ao Brasil. Tudo era manual, exigindo tempo e paciência. E não podíamos nos queixar: as nossas máquinas datilográficas eram elétricas e tínhamos uma moderna copiadora Xerox, que funcionava dia e noite ininterruptamente.
A produção de uma informação é o resultado final de um processo de elaboração mental, algo muito técnico, cartesiano, que não cabe aprofundar nestes escritos. É uma faina intelectualmente estafante e emocionalmente desgastante até que os calos do ofício apareçam.
Começa com a busca de dados nas diversas fontes disponíveis, que podem ser muitas ou poucas. Cada dado é analisado isoladamente dos demais, dissecado e avaliado, do que resulta que alguns são desprezados por inúteis e outros, se necessário, selecionados para uma busca complementar. A seguir, todos os dados são juntados e conectados, formando uma unidade que é então devidamente interpretada.  Tal interpretação conduz a uma conclusão, que é lançada no papel em português de fácil entendimento. Como se vê, a lógica formal comanda todo o procedimento.
De uma maneira geral, os dados exigidos para produzir uma informação estavam, e ainda estão, disponíveis em jornais, revistas, filmes e documentos, daí a importância dos arquivamentos e catalogações, que hoje até já são objeto de curso superior. Tudo que acontece no mundo está escrito em algum lugar. Já era assim no tempo dos nossos paleolíticos arquivos de aço; imagino como não deve ser hoje, com o advento de supercomputadores.
Todavia, há alguns dados que não são tão facilmente conseguidos. Por exemplo, dificilmente alguém vai admitir publicamente que é desonesto, homossexual, viciado em cocaína ou que tem conta bancária suspeita no exterior. Esses dados, quando necessários, eram obtidos – e acho que ainda o são – por meio de buscas excepcionais, solicitadas à nossa Seção de Operações. E aí entravam em ação as pouco conhecidas e eficientíssimas equipes de cabeludos, sempre em trajes civis, baseadas fora do aquartelamento, com suas micro-câmeras, grampos de telefones e coisas do gênero. Aqueles caras eram muito bons no que faziam.
Ainda hoje, quando recordo aqueles tempos, fico emocionado com a ilibada honestidade de propósitos e a pétrea lealdade daquele pessoal com quem tive a honra de servir no CIE. Eu nunca soube da ocorrência de qualquer “vazamento” no nosso serviço; e tampouco que alguma vez tenha havido a distorção de algum dado, visando a produzir uma informação viciada.
Na Seção de Informações, fui destacado para o Campo Militar. Logo constatei que era uma vaga esperando por mim: tenente-coronel, do quadro de Estado-Maior, com certa experiência na área da Inteligência e – motivo principal – bacharel em Direito.
Isso porque certas matérias que exigiam algum conhecimento técnico-jurídico para serem convenientemente abordadas começaram a pipocar no Centro. Nada muito complicado. Todavia, assuntos vitaminados pelos novos tempos da “Abertura” política. E exatamente por esses novos tempos, as coisas não podiam mais ser feitas à galega como antes.
Via de regra, tais processos ingressavam no Ministério do Exército através da Assessoria Jurídica do Gabinete do Ministro, que no-los encaminhavam com pedido de informações e análises de rotina. Ainda que sem detalhes, lembro de três deles, todos referentes a acontecimentos ocorridos bem antes, mas que só então estavam estourando nas cortes de Brasília.
O primeiro: aparecera boiando nos mares do Rio de Janeiro o corpo de Alexandre Baumgarten, um jornalista envolvido em negócios muito complicados com o governo. Não restavam dúvidas de que fora assassinado e, não se sabe por qual motivo, a imprensa tentou envolver o Exército nesse crime.
Com base nos dados colhidos, eu relatei que o Exército não teve nada a ver, mas nada mesmo, com o caso.
O segundo, mais complicado, foi o caso de Wladimir Herzog, um jornalista comunista que apareceu enforcado, em condições excêntricas, em uma das celas do DOI/CODI de São Paulo.
Eis um caso típico em que a mídia impôs a sua versão – a de que o pobre homem fora assassinado durante uma sessão de torturas e que o quadro de suicídio fora forjado – desprezando até mesmo os laudos de necropsia do isento Instituto Médico Legal. Eu tive acesso a toda a documentação sobre o caso, conversei em off  com gente diretamente envolvida no assunto e fiquei e estou ainda hoje convicto de que foi suicídio mesmo. Como diz que o foi o laudo técnico.
Houve, na verdade, uma grossa barbeiragem na prisão do jornalista que, diga-se de passagem, não foi preso por acaso. Tinha culpa em cartório. Mas sabia-se que ele era depressivo, com histórico de terapia na Inglaterra, onde enfrentara problemas conjugais. O seu interrogatório fora enérgico, mas não brutal, e o coitado não era durão. Apavorou-se logo e confessou as suas atividades subversivas, com a revelação de esquemas e identidades de companheiros. Recolhido à cela sem os devidos cuidados, entrou em surto e suicidou-se por enforcamento, valendo-se de uma peça do vestuário ancorada na válvula hidráulica do vaso sanitário. Uma coisa incrível, mesmo. Mas foi o que aconteceu.





A Verdade Sufocada - 30/06/2009

Memórias Reveladas - O que falta no Arquivo Nacional - MR-8 Capítulo VII

http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2071&Itemid=87


MR-8: um ano de sucessos e de desventuras - Transcrito do Projeto Orvil

No início de 1971 vivia-se os dias do desenlace do sequestro do embaixador suíço, que havia sido sequestrado no dia 7 de dezembro de 1970 por uma frente formada pelas seguintes organizações:Vanguarda Popular Revolucionária - VPR-, Ação Libertadora Nacional -ALN- , Movimento Revolucionário -8 de Outubro - MR-8 -, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR -, e Movimento Revolucionário Tiradentes - MRT. As negociações já se arrastavam por mais de um mês . A polícia aumentava o cerco aos terroristas. A Suíça classificou o ato como uma violência contra pessoas inocentes e uma violação dos direitos humanos.


Texto completo


O seqüestro foi o mais longo e o mais dramático. As negociações entre o governo brasileiro e a VPR, duraram quarenta dias. Os seqüestradores apresentaram uma lista de 70 presos que deveriam ser soltos em troca da vida do embaixador. O governo mudou de tática,em relação aos 3 sequestros anteriores, dificultando a liberação de alguns presos. Desses, o governo negou a liberação de 13 que já tinham sido julgados, alguns por homicídio. A VPR insistiu e o governo não cedeu. Com a não liberação dos 13 presos, uma facção da organização terrorista quis matar o embaixador. Carlos Lamarca e Alfredo Hélio Sirkis não concordaram e vetaram essa medida extrema, por não considerarem uma boa opção política. Após discussões internas, a VPR concordou em apresentar outros nomes.

Finalmente, no dia 13 de janeiro de 1971, 70 presos foram liberados e banidos para o Chile. Em 16 de janeiro, o embaixador Bucher foi solto, depois de 41 dias de cativeiro.


Entre os 70 libertados e banidos para o Chile estavam:Carlos Bernardo Wainer, Samuel Aarão Reis, Regina Yessin Ramos, Lucio Flávio Uchoa Regueira, Antônio Rogério Garcia Silveira, Paulo Roberto Alves e seu irmão Pedro Alves Filho, todos do MR-8 . Os outros 63 eram de diversas organizações subversivas.

Com isso, aumentava o contingente de quadros do MR-8 no exterior, particularmente no Chile, onde já se encontravam Daniel Aarão Reis,Frànklin de Souza Martins, Wladimir Palmeira e Vera Sílvia Araújo Magalhães. Cada vez mais, crescia a importância qualitativa desses militantes, obrigando a organização a abrir uma Seção do Exterior. Essa Secão comandaria do Chile as ações no Brasil.


Ainda no início de janeiro, 4 militantes do Grupo Político-Militar (GPM) saíram do MR-8. Nos meses seguintes, todos iriam também para o Chile. Cada um deles recebeu para a fuga Cr$ 8.000,00 da organização.


Neste ano, o MR-8 passou a dar maior importância ao Comitê Regional da Bahia, já estruturado e atuante em Salvador e Feira de Santana, sob o nome-código de "Marajó" .Editava o jornal "Venceremos" e eram constantes as viagens de Carlos Alberto Vieira Muniz a Salvador, onde prestava assistência a Solange Lourenço Gomes, coordenadora do MR-8 na Bahia e Sergipe .


Faziam parte do CR/BA: Denilson Fcrreira Vasconcelos, Maria Lúcia Santana Cerqueira, Eliana Gomes de Oliveira, Diogo Assunção de Santana, Milton Mendes Filho, Renato José Amorim da Silveira e sua esposa Margarita B. da Silveira, Jaileno Sampaio da Silva e sua companheira Nilda Carvalho Cunha.


Ali o MR-8 contava, também, com a estreita colaboração do Padre Paulo, da Paróquia do Peru, em N.S. de Guadalupe, um dos representantes da "Organização Sem Nome", integrada por padres.e religiosos que editavam o.jornal "O Círculo" e possuíam um Curso de Alfabetização de Adultos, utilizado, pelo MR-8, para proselitismo e recrutamento. Independente do CR/BA, João Lopes Salgado dirigia o trabalho de campo na Bahia, em duas áreas: na região de Cangula, em· Alagoinhas, e na região do médio São Francisco, entre os municipios de Brotas de Macaúbas e Ibotirarna.


Nesse inicio de ano, fruto das intensas atividades de roubo praticadas no ano anterior, não faltava dinheiro ao MR-8. Assim, foram destinados Cr$ 27.000,00 à Bahia, sendo Cr$ 10.000,00 à CR e Cr$ 17.000,00 enviados para apoio ao trabalho de campo.


Em 6 de março, Solange Lourenço Gomes apresentou-se voluntariamente aos órgãos de segurança e falou sobre seus assaltos na Guanabara e as atividades do MR-8 em Salvador. Diversos "aparelhos" foram vasculhados e dezenas de militantes presos, a partir de12 de março, dentre os quais Eliana Gomes de Oliveira e Denilson Ferreira Vasconcelos, que prestou declarações entregando, praticamente, toda a estrutura da Bahia.


Na Guanabara, onde o Comitê Regional era bem organizado, as atividades continuavam intensas. Com seus dois GPM reestruturados executaria mais de 30 ações armadas, entre roubos de carros e assaltos a supermercados, bancos e outras empresas.


No dia 26 de janeiro, oito militantes comandados por Mário Prata, dentre eles o inglês Thimothy William Waskin Ross, assaltaram o posto do 10º Setor de Trânsito, em Ramos, levando uma metralhadora INA, dois carregadores completos, um remuniciador e uma sacola com 50 cartuchos, além de várias fardas da guarda civil. Ao deixarem o local, estavam pichadas as paredes do posto com "Viva a Luta Armada - Comando José Roberto Spiegner". No primeiro dia de fevereiro, assaltaram o supermercado Ideal, de Vista Alegre, de onde roubaram cerca de 40 mil cruzeiros novos.


No dia 5, César de Queiróz Benjamin, o "Menininho ", quando "cobria um ponto", junto à Igreja Divino Salvador, no Encantado, com dois militantes da VPR, Sônia Eliana Lafoz e Caio Salomé Souza deOliveira, trocou tiros com os componentes de uma radiopatrulha. Ferindo um policial, os três militantes conseguiram fugir, com Caio baleado na mão e Sônia ferida de raspão na cabeça e na perna.



No dia 18 de fevereiro, aconteceu a primeira "queda" do ano para o MR-8, com a prisão de .Alexandre Lyra.de Oliveira, quando "cobria um ponto" com Edmilson Borges de Souza., do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário - PCBR -. Alexandre falou tanto em seus interrogatórios que seria acusado, mais tarde, de ter "passado para a repressão" e falsamente fugido em novembro de 1975. (Entrevista com César Queiroz Benjamin, o " Menininho", publicada no " Caderno de Campanha ", nº 9, de 1979).


No dia 13 de março, um sábado, 13 militantes sob o comando de Mário Prata, dentre os quais Stuart Angel e a "matraqueira" ( era o nome dado pelas organizações comunistas, ao militante que, nos assaltos, portava a metralhadora, ) Carmen Jacomini, assaltaram a Casa da Banha da Tijuca, roubando quase 70.000 cruzeiros novos. Já bem treinados, imobilizaram cerca de 100 pessoas que faziam compras, usando metralhadoras e bombas "Molotov". Chegaram, até, ao requinte de usar dois terroristas disfarçados de guarda-civil para manobrar o trânsito e facilitar a fuga.


Nesse mês, ocorreria um fato importante para o MR-8. Carlos Lamarca rompeu com a VPR e, alguns dias depois, ingressou no MR-8 junto com sua amante, Iara Iavelberg. A primeira vista, parecia que o MR-8 se fortalecia com a adesão de Lamarca, aumentando o seu prestígio junto às esquerdas. Na realidade a organizacão recebia um "elefante branco" e a responsabilidade de mantê-lo na.absoluta clandestinidade.


No més de abril, na Guanabara, o MR-8 praticou, três assaltos:


-no dia 2, ao posto e garagem FINA, em Vila Isabel, de onde foram roubados 4 carros, 8 placas e um revólver;


-no dia 3 ao supermercado PEG-PAG, em Botafogo, com o roubo de cerca de trinta e três mil cruzeiros;e


- no dia 18, ao supermercado Merci, em Ipanema:de onde foram levados vinte mil cruzeiros novos. Dentro de sua política de generosa distribuição de dinheiro, Stuart Angel entregou 5 mil cruzeiros novos ao cineasta Gustavo :Dahl, que .constantemente, cedia sua residência para reuniões de dirigentes da organização. Dahl fazia parte do .grupo de elementos da denominada "pequena burguesia", particularmente formada de artistas e pseudo-intelectuais, que mantinham ligação com a direção do MR-8.


Em decorrência das prisões de Maria Luiza Garcia Rosa e Lúcia Maria Murat Vasconcelos, a polícia prendeu José Carlos Avelino da Silva, no inicio desse mês, o que levou, também, ao desbaratamento de diversos "aparelhos". Em 8 de abril, Maria Cristina de Oliveira Ferreira, esposa de Alexandre de Oliveira apresentou-se às autoridades. Nesse mês, ainda foram presos, no dia 17, Antonio Ivo de Carvalho e Maria Ângela Carvalho de Oliveira.


Também em abril, César Queiroz Benjamin, o "Menininho", assumiu o CR/BA, esfacelado com as sucessivas quedas de quadros e militantes. Unificou o trabalho realizado em Alagoinhas ao CR, estabeleceu rígidas normas de segurança e determinou que fossem feitos diversos levantamentos para futuros assaltos.


Na madrugada de 6 de maio, 11 militantes do MR-8, comando de Nelson Rodrigues Filho, assaltaram a garagem Nunes em São Cristóvão, roubando 3 Volks e 4 placas.


No dia seguinte, foram presos mais dois membros do GPM, Zaqueu Bento e Manoel Henrique Ferreira. Os militantes presos entregaram dois "aparelhos", e Manoel, inclusive, entregou o "ponto" que teria com José Roberto Gonçalves de Rezende, da VPR, quando este foi preso na Livraria Entre-Livros, em Copacabana. Nas declarações de próprio punho de Manoel, ricas e contundentes, aparece a declaração: "A briga hoje deixou de ser pela revolução. É contra a repressão e pela sobrevivência".


Em 10 de maio, foi presa.mais urna integrante do GPM, Vera Lúcia de Mello Aché. Em fins desse mês, alguns jornais noticiaram a prisão e a morte de Stuart Edgard Angel Jones, nunca comprovadas.


Uma coisa é certa; ele nunca deu entrada no DOI/I Ex.


Em 11 de junho, o assalto ao pagamento dos funcionários do canteiro de obras da Norberto Odebrecht, que construía a Universidade do Estado da Guanabara, no Maracanã, rendia, ao MR-8, cerca de 7 mil cruzeiros novos. Durante o assalto, Sérgio Landulfo Furtado, o comandante da ação, atirou e feriu um operario. Na saída, Dirceu Grecco Monteiro atirou num carro pagador que passava. No tiroteio que se seguiu, Norma Sá Pereira, que também disparara, foi baleada na mão.


Nesse mês e em julho mais três assaltos, rendendo mais de NCr$ 100.000,00 e material de impressão. para a organização. Esses assaltos foram:


- em 30 de junho, à residência do industrial David AdIer, na Avenida Atlântica, roubando cerca de NCR$ 61 000,00 em jóias;


- em, 21 de julho, ao escritório da Organização Ruff da rua Debret, com o roubo de 5 mimeógrafo, 4 máquinas de escrever e dois gravadores eletrônicos de estêncil;


- e, em 24 de julho, ao Super Mercado Mar e Terra, no Rio Comprido, roubando cerca de NCR$ 45000,00.

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=53366&cat=Artigos



A Verdade Sufocada - 30/06/2009



O PCdoB e a guerrilha. Criméia e as ameaças



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2072&Itemid=34



Por Gen Aloisio Rodrigues dos Santos



Não me surpreendi com a Portaria do Ministério da Defesa, que trata do resgate de ossadas de integantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) mortos no Araguaia nos anos de 1972/73/74, nem com as suas repercussões na imprensa, nem com as declarações de seus militantes, particularmente Criméia Alice Schmidt de Almeida, sobre a qual farei considerações a respeito da sua saída da área de guerrilha no sudeste do Pará, no segundo semestre de 1972.



Já fiz inúmeras observações sobre a guerrilha do Araguaia, onde destaco as características físicas da área; o aliciamento, a doutrinação e o recrutamento de jovens; o tratamento às vítimas; a realização de cursos no exterior; os combates de encontro; o apoio político e o apoio financeiro do exterior; a transferência do foco para o PCdoB; e outras, todas citadas em textos publicados na internet. Algumas dessas considerações constarão, parcialmente, deste texto para sua melhor compreensão.

No início da década de 60, provavelmente após o congresso de fundação do PCdoB (11 a 18 de fevereiro de 1962), alguns militantes do partido foram designados para a realização de cursos de guerrilha rural na Academia Militar de Pequim, sob os auspícios do Partido Comunista Chinês.



Ao mesmo tempo, o comitê central do partido já sistematizava diretrizes, procedimentos e ações, visando ao reconhecimento de áreas no interior do Brasil propícias ao desenvolvimento da guerra de guerrilhas. Essas áreas deveriam estar distantes das regiões mais desenvolvidas e dos grandes centros urbanos, do poder político e dos órgãos de segurança do Estado; ser de difícil acesso, com uma população rarefeita e abandonada pelo poder central; com amplos vazios demográficos; e outras características que favorecessem a implantação, o crescimento e o desenvolvimento da guerrilha rural, que seria o instrumento e o estímulo visando a criação de um “Exército Popular de Libertação”.



Dentre as áreas que possam ter sido alvos de interesse por parte do partido, destaco uma no sudeste do Pará; outra no norte de Goiás (hoje Tocantins), na região conhecida como Bico do Papagaio; uma terceira em Mato Grosso; e por último uma localizada na divisa de Goiás com Mato Grosso. As demais foram descartadas desde logo por inúmeras razões.



Definido o sudeste do Pará como área prioritária, em 1966 os primeiros militantes já se homiziavam na região, reconhecendo detalhadamente o terreno e aproximando-se da humilde população rural e urbana dos pequenos núcleos habitacionais, para estabelecer e propor ao comitê central as regiões mais adequadas para receber os futuros “guerrilheiros”, recrutados e aprovados pela direção do partido.



Assim, concluída a primeira fase para a futura ocupação da área, em 24/12/1967 os primeiros jovens aliciados chegavam ao seu destino final. Duas rotas de acesso à região foram definidas pelos “estrategistas” do partido. Uma pelo nordeste, considerada secundária, passava por Imperatriz(MA). A principal iniciava-se por São Paulo(SP), passava por Anápolis e Araguaína em Goiás e chegava em Xambioá no Pará. A grande maioria dos aliciados foi conduzida por essa rota por integrantes do comitê central, considerada também a principal rota de saída.



De dezembro de 1967 a março de 1972 -4 anos e 4 meses- cerca de 60 jovens foram levados e incorporados ao grupo que lá havia se instalado desde 1966. Efetivo muito reduzido para quem se propõe a criar um exército de libertação. Um sonho. Uma irresponsabilidade de homens e mulheres idosos, comunistas experientes e inescrupulosos, que não titubearam em tirar jovens do seio de suas famílias e induzi-los a resistir até à morte.



Identificada a área pelos órgãos de segurança, praticamente todos os “guerrilheiros” foram abandonados a própria sorte pelos principais dirigentes, que em nenhum momento retornaram à área nos anos subsequentes. De certa forma julgo emblemática a prisão da militante Rioko Kayano, que mais tarde se casaria com José Genoíno. Elza de Lima Monnerat, dirigente que, clandestinamente, a conduzia para se integrar à área, abandonou-a e a delatou aos agentes que revistavam o ônibus em que viajavam.



Mas, a comissão militar da guerrilha e o núcleo mais importante dos dirigentes do comitê central, esses a mais de 2.000 Km de distância da área, exigiam o cumprimento espartano das decisões impostas pela comissão militar e a aceitação indiscutível de procedimentos. Dentre essas normas destaco uma importante decisão com os seus desdobramentos e um procedimento imposto apenas às “militantes comuns”.



A decisão referia-se à segurança da área, onde as exceções eram prerrogativas dos dirigentes de maior nível, que assim pode ser objetivamente resumida: “quem entrar na área não pode dela sair, qualquer que seja o motivo, pois a saída poderá comprometer a segurança da área e do partido”..



Para fazer cumprir essa decisão, algumas ameaças, veladas ou não, foram transmitidas ao conjunto como orientações importantes, estimulando o cumprimento das normas e inibindo os que se propusessem a abandonar a área.



-Primeira: “se você for preso pelo Exército, você será torturado até a morte”, o que levou a grande maioria dos militantes a resistir até à morte no decorrer das operações.



-Segunda: “se você abandonar o seu ponto de apoio (como eram chamados os locais de moradia) e o seu destacamento, você não sobreviverá no interior da selva”.



-Terceira: “quem entrar na área não poderá dela se ausentar, mesmo temporariamente, ou sair sem autorização da comissão militar da guerrilha ou do comitê central”.



Nessa última ameaça poderíamos enquadrar o destino do militante ”Mundico”, Rosalindo de Souza. Disposto a abandonar a área, foi “justiçado” por decisão da comissão militar, episódio acobertado e, até hoje, não explicado de forma conveniente e convincente pelos dirigentes partidários.



Quanto ao procedimento específico para as mulheres, que não fossem as “privilegiadas”, a constatação de uma gravidez exigiria a realização de um aborto, pois a saída da área, para a segurança do recém nascido e para o sucesso do parto, poria em risco a segurança do partido e da guerrilha. Tal circunstância levou uma gestante e seu companheiro, ameaçados pela direção que exigia o aborto, a se evadirem da área, ambos retornando à sua cidade de origem, onde permaneceram algum tempo na clandestinidade.



Em contrapartida, a militante Criméia Alice Schmidt de Almeida foi autorizada a sair da área em condições semelhantes ao final de 1972, pois mantinha relacionamento familiar com um dirigente do PCdoB (Criméia era companheira de André Grabois, filho de Maurício Grabois, membro da comissão militar da guerrilha). Dois pesos, duas medidas.



Essa mesma militante, em reportagem ao jornal “Estado de São Paulo” de 24/06/2009, “representante da comissão dos familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura militar(1964-1985)”, afirmou que a presença do Exército na região “é uma estupidez”, ao mesmo tempo em que exigia, praticamente, que a comissão nomeada pelo Ministério da Defesa(MD) fosse transferida para outro órgão, retirando do Exército as responsabilidades que a sua coordenação impunha.



Finalizando, pergunto: Que autoridade tem essa senhora para exigir do MD, pela imprensa, que o Exército deva ser um mero coadjuvante na busca das “ossadas” e não o ator principal? Por que reprisar a farsa anterior da comissão de anistia, onde o representante do Exército se constituiu em um mero legitimador dos trabalhos e das decisões dessa comissão? Já se esqueceram ou ainda se lembram(?) de uma integrante da comissão, que dela se demitiu, em caráter irrevogável, em razão da parcialidade das votações sempre aprovadas por uma maioria injusta, partidária, ideológica e comprometida? A senhora Criméia se julga melhor ou superior à militante do Ceará (Cristina) que fugiu da área de guerrilha, com o seu companheiro (Pedro), para concluir a gravidez e se tornar mãe?

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=53367&cat=Artigos



A Verdade Sufocada - 21/07/2009



O último clandestino



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2138&Itemid=34



Falsidade ideológica não é crime continuado? Se foi praticado mesmo depois da anistia, até algumas semanas atrás, não continuaria sendo crime?



O ex-marinheiro Antônio Geraldo da Costa, que viveu com identidade falsa na Suécia por quase 40 anos, desembarca no Galeão na terça-feira



Por ELVIRA LOBATO DA SUCURSAL DO RIO



Folha de São Paulo



Após viver por quase 40 anos, na Suécia, com identidade falsa, o ex-marinheiro Antônio Geraldo da Costa, o Neguinho, entrará no país, pela primeira vez, com seu nome verdadeiro. Ele desembarca no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, na terça-feira. Neguinho viveu seis anos na clandestinidade, depois do golpe militar, quando participou de assaltos a banco no Rio e em São Paulo para financiar a luta armada. Fugiu do Brasil em 1970. Está com 75 anos. Os crimes políticos foram anistiados por lei, em 1979, mas o ex-marinheiro continuou em exílio voluntário na Suécia, com medo de retornar e ser punido pelos atos que praticou.



Fragilizado emocionalmente, teme ser preso ao passar pela imigração. Um grupo de companheiros de militância vai recebê-lo no aeroporto para confortá-lo e tentar evitar uma suposta e, segundo a Polícia Federal, improvável detenção.



Ele obteve o passaporte brasileiro em seu verdadeiro nome há apenas quatro semanas. Uma anotação do consulado, em Estocolmo, de que o documento foi emitido por autorização, via despacho, do Ministério das Relações Exteriores, aguçou o medo de que a Polícia Federal estaria à sua espera.



"Ele não acredita que o Brasil se redemocratizou. Acha que a situação pode virar a qualquer momento", diz seu amigo Antônio Duarte dos Santos, também ex-marinheiro, que foi exilado na Suécia de 1971 a 1980, quando foi anistiado.



Outro companheiro de exílio, o ex-marinheiro Guilem Rodrigues da Silva, que se tornou vereador, professor e juiz na Suécia, compara Neguinho ao oficial japonês Hiroo Onoda, que viveu escondido na selva das Filipinas por 29 anos, sem saber que a Segunda Guerra havia acabado. Onoda só saiu da selva quando seu superior no Exército lhe mandou depor as armas.



""Neguinho viveu, praticamente clandestino, na Suécia. Nunca modificou seu pensamento político. Acha que é espionado e seguido", diz Guilem.



Golpe e tortura



Neguinho foi vice-presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais. Cinco dias antes do golpe militar que derrubou em 1964 o presidente João Goulart, o Ministério da Marinha proibiu um ato público em comemoração de dois anos da associação. O ato foi então transferido para o Sindicato dos Metalúrgicos.



Ele foi preso e, segundo colegas, brutalmente torturado. Foi citado na reportagem ""Tortura homogênea", do "Correio da Manhã", de outubro de 64, sobre os maus-tratos nas prisões.



Avelino Capitani, ex-dirigente da associação, atribui a fragilidade emocional de Neguinho às torturas no Cenimar (Centro de Informações da Marinha) e ao estresse da clandestinidade e das ações armadas.



No prontuário de Neguinho existente no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro consta que ficou preso de setembro a dezembro de 64, e que fugiu dias antes de seu alvará de soltura ter sido assinado.



Fuga



Sua ação de maior repercussão foi o resgate de presos políticos da Penitenciária Lemos de Brito, no Rio, em 1969. Também fez quatro assaltos a bancos para levantar dinheiro para os fugitivos. Atuou em ações armadas da ALN (Aliança Libertadora Nacional, de Carlos Marighela) e se aproximou de outras organizações clandestinas.



Para fugir para o exterior, obteve uma certidão de nascimento em nome de Carlos Juarez de Melo, no interior de São Paulo, e tirou carteira de identidade e passaporte -assim que recebeu a cidadania sueca, casou-se e registrou os dois filhos.



Na Suécia, foi cozinheiro de frades e funcionário de casa de repouso. Como na nova documentação sua idade foi reduzida em cinco anos, aposentou-se mais tarde do que poderia.



Só em 2005, por pressão dos amigos, pediu anistia no Brasil. Entrou no país e saiu dele com a documentação falsa, e fez o pedido por procuração. Segundo o Ministério da Justiça, a anistia foi dada em dezembro de 2006. Mesmo assim, ele seguiu usando a identidade falsa.



Há menos de um ano, atormentado pelo desejo de voltar, procurou autoridades suecas, desfez o imbróglio e obteve a regularização, há cinco meses.



REVOLTA DOS MARINHEIROS FOI ESTOPIM DO GOLPE DE 1964



Em março de 1964, marinheiros exigiram a revogação de uma ordem de prisão contra diretores de sua associação. O ministro Silvio Mota mandou prender o grupo, mas foi desobedecido e se demitiu. O presidente anistiou a tropa, o que revoltou os oficiais."





Comentário da editoria do site www.averdadesufocada.com:



A ação a que se refere a reportagem acima e dois dos assaltos estão narrados no resumo abaixo de um dos capítulos do livro "A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" - autor: Carlos Alberto Brilhante Ustra



"Movimento Armado Revolucionário - MAR e os "meninos" de Flávio Tavares- 26/05/1969



Em 1968, estavam presos na Penitenciária Lemos de Brito, no Rio de Janeiro, ex-militares que se insubordinaram nos quartéis no governo João Goulart, inclusive alguns líderes da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB), fundada em 1962.



Um desses, o ex-marinheiro Marco Antônio da Silva Lima, que havia realizado curso de guerrilha em Cuba, como toda a esquerda, era obcecado pela idéia de desencadear a revolução com focos guerrilheiros.



Aproveitando as facilidades que os presos políticos desfrutavam na prisão, Marco Antônio criou um grupo que denominou Movimento Armado Revolucionário (MAR) e logo conseguiu um número razoável de adeptos: os ex-marinheiros Avelino Bioni Capitani, Antônio Duarte dos Santos, José Adeildo Ramos, Pedro França Viegas e o ex-sargento da FAB Antônio Prestes de Paula, líder da revolta dos sargentos em Brasília, em 1963, que teve o saldo de dois mortos.



O grupo passou a contar com outros presos doutrinados no presídio. Havia, também, os militantes em liberdade que faziam a ligação com os prisioneiros. O principal era Flávio Tavares, jornalista da Última Hora, que, há muito tempo, era pombo-correio entre os militantes no Brasil e Brizola no Uruguai.



Também, do lado de fora da penitenciária, outros grupos se uniam ao MAR no planejamento da fuga de onze companheiros que todos queriam fora do presídio, para desencadear a guerrilha urbana no Rio de Janeiro e engrossar as fileiras do foco guerrilheiro que planejavam implantar. Conspiravam com eles José Duarte dos Santos e Edvaldo Celestino da Silva.



Em novembro de 1968, o grupo aumentou com a adesão de quatro subversivos, vindos de São Paulo, remanescentes da POLOP e agora na VPR, que desejavam atuar no Rio de Janeiro: Élio Ferreira Rego - ex-marinheiro; Antônio Geraldo da Costa - ex-marinheiro; Wilson Nascimento Barbosa - professor; e Leôncio Queiroz Maia - estudante de Economia.



Planos vistos e revistos, eram necessários recursos para financiar a fuga e, posteriormente, criar o foco guerrilheiro, em área já escolhida, próximo a Angra dos Reis, na Serra de Jacareí.



“Os meninos” de Flávio Tavares, como ele os chama em seu livro, no dia 19 de março de 1969, escolheram o alvo para a primeira ação da organização, o Banco da Lavoura de Minas Gerais, em Realengo-RJ.



Participaram do assalto: Flávio Tavares; José Duarte dos Santos; Edvaldo Celestino da Silva; Wilson Nascimento Barbosa; Leôncio Queiroz Maia; Antônio Geraldo da Costa; e Élio Ferreira Rego.



Como dinheiro nunca era demais, no dia 5 de maio roubaram a Agência Piedade, do Banco Nacional Brasileiro. A ação foi praticada pela mesma quadrilha, acrescida de Jarbas da Silva Marques, estudante de Economia de Brasília, aliciado por Flávio Tavares.



O grupo de São Paulo recebeu a incumbência de eliminar o soldado da PM, que normalmente permanecia armado de metralhadora na calçada e, também,de roubar-lhe a arma.



O dia permaneceu tranqüilo, sem que nenhum nervosismo fosse notado. Por volta das 17h30, os nove componentes do MAR já se encontravam na Seção Jurídica da Divisão Legal, prontos para a liberdade. Nessa mesma hora, estacionou o Aero Willys, roubado um dia antes do primeiro assalto a Banco por Wilson, Leôncio e Élio. Quem o dirigia era Edvaldo Celestino da Silva. O grupo, que gozava de todas as regalias, dirigiu-se à portaria. Dos onze previstos para fugir, dois se atrasaram e ficaram para trás. Na passagem para a rua, os fugitivos defrontaram-se com os guardas Ailton de Oliveira - que reagiu, mas foi abatido por Avelino Capitani -, Jorge Félix Barbosa e Valter de Oliveira Pereira, que também tentaram esboçar uma reação, mas foram feridos.



Valter de Oliveira Pereira levou várias coronhadas na cabeça, desfechadas por Roberto Cietto.



Jorge Félix Barbosa, que escoltava presos do Sanatório Penal de Bangu e que deixara sua arma no controle de entrada do hospital, foi ferido por Capitani com um tiro na nuca, que, felizmente, não foi fatal. Ailton de Oliveira também foi ferido, pelo mesmo Capitani, com um tiro na cabeça e outro no braço. Morreu cinco dias depois.



O funcionário da Light João Dias Pereira, que passava no local, levou um tiro no abdômen, desfechado por Edvaldo Celestino, e ficou paraplégico.



Consumada a fuga, os nove foram conduzidos por Edvaldo para a parte de trás do hospital, no Aero Willys. Ao todo, participaram para a fuga, direta ou indiretamente, trinta e quatro pessoas. O grupo comemorou eufórico. Havia libertado os seguintes presos: Antônio Duarte dos Santos (irmão de José Duarte dos Santos); Antônio Prestes de Paula; Avelino Bioni Capitani; Benedito Alves Ramos; José Adeildo Ramos; José André Borges; José Michel Godoy; Marco Antônio da Silva Lima; e Roberto Cietto."

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=53671&cat=Artigos



A Verdade Sufocada - 04/08/2009



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2184&Itemid=34



"Ustra assinou documento em 1972 sobre morte de estudante da ALN"



Relatório do chefe do DOI feito por ordem superior revela detalhes sobre destino de militantes de esquerda



Por Marcelo Godoy



O Estado de São Paulo



Antônio dos Três Reis Oliveira era estudante quando foi preso no 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1968. Solto, entrou para a clandestinidade e assim estava quando desapareceu em 1970 ao lado da operária Alceri Maria Gomes da Silva. Seus corpos não foram achados. O Exército nunca assumiu publicamente as mortes, mas o oficialato tinha conhecimento do que se passou com os militantes comunistas. A prova é um documento sigiloso assinado pelo então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do Destacamento de Operações de Informações (DOI), do 2º Exército, com sede em São Paulo.



Trata-se do mais detalhado relato feito pelo órgão responsável pela repressão política no Estado sobre a morte de Oliveira, importante quadro da Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo criado em 1967 por Carlos Marighella, a partir de uma dissidência do PCB. O relatório tem 24 linhas e estava em meio a uma das dezenas de pastas com papéis sobre o Exército no arquivo da Divisão de Ordem Social do antigo Departamento de Ordem Político e Social de São Paulo (Dops-SP). Foi lá que o Estado o encontrou.



O advogado Paulo Esteves, que defende Ustra, não nega a autenticidade da prova. Pelo contrário. Afirma que ela mostra que Ustra fez o que devia: informou os superiores.



O documento em questão é o Ofício 572/72-E/2-DOI, de 21 de agosto de 1972. Endereçado ao diretor do Dops, tinha como origem a 2ª Seção do Estado-Maior do 2º Exército. Ustra assinou o documento por delegação do chefe da seção, coronel Flávio Hugo Lima da Rocha, que lhe repassara a missão recebida do comando. Assim, logo na primeira linha, Ustra diz que foi incumbido pelo "sr. gen. chefe do Estado-Maior do 2º Exército" de informar "o seguinte a respeito de Antônio dos Três Reis de Oliveira".



O primeiro item do documento menciona a prisão de Osvaldo Soares, dirigente da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), grupo da esquerda armada que mantinha relações com a ALN. Soares foi capturado em 17 de maio de 1970, durante a série de prisões que desarticulou a VPR em São Paulo e levou à descoberta e cerco da área de treinamento de guerrilha no Vale do Ribeira, mantida pelo capitão Carlos Lamarca.



"Interrogado, declarou (Soares) residir em aparelho, sito à Rua Caraguataí, no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, em companhia de Alceri Maria Gomes da Silva", outra militante da VPR, e de "Eloi, elemento que lhe fora ?passado? por Eduardo Leite (Bacuri) a fim de que ficasse guardado em seu aparelho". Eloi era o nome de guerra de Oliveira.



Bacuri, que o encaminhara para a casa no Tatuapé, era particularmente odiado pela polícia. Em 1970 ele foi um dos chefes do sequestro do embaixador alemão Ehrenfried von Hollenben, solto em troca da libertação de 40 militantes presos.



O relato de Ustra prossegue. Informa que "foram enviados elementos do DOI ao citado aparelho a fim de efetuar a prisão dos elementos" que lá moravam. No local, foi achado "vasto material subversivo, como armamento, munição e explosivos". Os agentes teriam feito "uma revista minuciosa", quando encontraram um alçapão.



"Aberto tal alçapão foi notada a presença de um homem e de uma mulher no interior do porão, os quais passaram a disparar suas armas, formando então intenso tiroteio, em decorrência do qual vieram a falecer sendo posteriormente identificados como Alceri Maria Gomes da Silva (Carmem), pertencente à VPR, e Antônio dos Três Reis de Oliveira (Eloi)."



IDENTIDADE CONHECIDA



O documento mostra que Ustra e o comando do 2º Exército conheciam a identidade dos mortos. Ele diz ainda que Oliveira pertencia ao GTA (Grupo Tático Armado) da ALN e participara de " ações terroristas". Sua família, bem como a de Alceri, não recebeu atestado de óbito nem foi informada sobre o local da sepultura. Nenhuma nota ou documento assumindo a morte de Oliveira foi emitido, como acontecia em casos de supostos tiroteios entre militares e guerrilheiros em São Paulo.



A razão disso pode estar no depoimento ao Estado do agente Fábio, da Seção de Investigação do DOI de São Paulo. Ele informou que o então subtenente Carlos, o Tião da ALN, jogou uma granada no alçapão em que estavam Oliveira e Alceri.



O nome de Oliveira consta do anexo da Lei 9.140/95, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, na qual o Estado reconheceu como mortas as pessoas desaparecidas em função de atividades políticas entre 1961 e 1979 - Alceri deixou de ser considerada desaparecida porque em 1990 a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos obteve documentos sobre sua morte.



O caso de Oliveira está descrito no livro Direito à Memória e à Verdade, editado pela Presidência da República. Afirma-se ali que a prisão ou morte de Oliveira foi negada pelos órgãos de segurança. As primeiras informações sobre seu destino só surgiram anos depois. O primeiro documento a mencionar sua morte foi achado em 1990.



No arquivo do Instituto Médico-Legal de São Paulo estava a guia de requisição de exame de seu corpo e o atestado de óbito. Em 1993 a Aeronáutica entregou ao governo um relatório que, em três linhas, dizia que Oliveira e Alceri morreram em 1970. Muito pouco em comparação ao que o Exército sabia. "





*



O Bode Expiatório



Por Carlos Alberto Brilhante Ustra



A respeito da notícia acima, publicada no Estado de São Paulo e em outros jornais e vários blogs e sites tenho a informar o seguinte:



1 - Segundo pesquisa nos sites de esquerda –“Tortura Nunca Mais” e “Desaparecidos Políticos”, bem como em livros escritos pela esquerda como “Dos filhos desse solo” de Nilmário Miranda e “Direito à Memória e a Verdade” da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Antonio dos Três Reis de Oliveira morreu, em maio de 1970, juntamente com Alceri Maria Gomes da Silva.



2 - Nessa época eu servia na 2ª Seção do Comando do II Exército, hoje Comando Militar do Sudeste.



3 - Nessa ocasião os DOIs ainda não haviam sido criados.



4 - Antes da criação dos DOIs o órgão encarregado do combate ao terrorismo era a Operação Bandeirante, cujo comandante era o major Waldyr Coelho.



5 - O DOI/SP foi criado em setembro de 1970 e eu assumi o seu comando em 29 de setembro de 1970.



6 - Portanto, nada tenho a ver com a morte de Antonio dos Três Reis de Oliveira que foi morto, segundo seus próprios companheiros, em maio de 1970.



7 - Se assinei o ofício 572/72-0 E2- DOI, em 21 de maio de 1972, por delegação do meu superior hierárquico Cel Flavio Hugo Lima da Rocha, deve ter sido em resposta a algum documento recebido. As informações solicitadas devem ter sido obtidas nos arquivos da antiga Operação Bandeirante.



8 - Deve ser esclarecido que, segundo todas as fontes consultadas, Antonio dos Três Reis de Oliveira e Alceri Maria Gomes da Silva , morreram no interior de um “aparelho” ao reagirem à prisão, em maio de 1970.



9 - Segundo os livros citados no item, acima, o corpo de Antonio dos Três Reis de Oliveira foi encaminhado ao Instituto Médico Legal/SP. onde foi autopsiado pelos médicos legistas João Pagenoto e Abeylard Queiroz Orsini.



10 - Como acontecia com todos os terroristas que morreranm portando documentos falsos, ele deve ter sido enterrado com o nome falso que constava na sua carteira de identidade. O Inquérito Policial que apurava a ocorrência esclarecia essa situação, enquanto os Órgãos de Segurança iniciavam a busca nos Serviços de Identificação para encontrar a sua Ficha Datiloscópica original. Só depois da comparação desta ficha, feita por um perito, é que a situação da dupla identidade do morto podia ser revertida na Justiça.



11 - Se a sua família tivesse procurado seu corpo, antes de terminar o prazo de permanência dos restos mortais na sepultura, que julgo ser 4 anos, ele teria sido facilmente identificado.



12 - Após este período de espera, caso o corpo não seja procurado, ele é encaminhado para uma vala comum, sem identificação. Este procedimento ocorre em todos os cemitérios do país, quando a família não adquire um jazigo ou um ossário perpétuo.



13 - Segundo todos o relatórios que até agora se tornaram publicos, foi o que aconteceu com Antonio dos Três Reis de Oliveira .Portanto, pelo que pesquisei, não penso que ele possa ser considerado como um desaparecido político. Considero como desaparecido político aquele que desapareceu e não se sabe se morreu ou continua vivendo com outra identidade. Este não é o caso de Antonio dos Três Reis de Oliveira.



Segundo o Site



www.dasaparecidospoliticos.org.br/pessoa



Antonio dos Três Reis de Oliveira



Relatório



Documento do Serviço de Informações, de 18/05/70; com parte do relatório sobre a morte de Antonio dos Três Reis e Alceri Maria Gomes da Silva.



Segundo o documento o indivíduo de nome “Miguel” ou “Fanta”, apontado como um dos seqüestradores do embaixador japonês em São Paulo, forneceu o endereço onde se encontravam Antonio e Alceri. Lá foram encontrados, foram mortos pelos agentes da OBAN.



Segundo o site



www.torturanuncamais-rj.org.br



www.torturanuncamais-rj.org.br



Antonio dos Tres Reis de Oliveira



Militante da AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN)



Nasceu em 19 de novembro de 1946, na cidade de Tiros/MG, filho de Ageu de Oliveira e Gláucia Maria Abadia de Oliveira.



Desaparecido aos 26 anos de idade, em 10 de maio de 1970, em São Paulo.



Fez o curso ginasial no Colégio Nilo Cairo. Estudante de Ciências Econômicas na Faculdade de Apucarana, era membro da União Paranaense de Estudantes. Junto com José Idésio Brianesi, também assassinado pela ditadura, produzia programas para a rádio local.



Foi indiciado no Processo 15/68 por sua participação no XXX Congresso da União Nacional de Estudantes (UNE) e no inquérito policial n° 9/72, dos quais foi excluído em decorrência de sua morte.



Segundo denúncia dos presos políticos de São Paulo, em documento datado de março de 1976, Antônio foi metralhado, juntamente com Alceri Maria Gomes da Silva no dia 10 de maio de 1970, em sua residência, no Tatuapé, São Paulo, por agentes da Operação Bandeirantes (OBAN), chefiada pelo Capitão Maurício Lopes de Lima.



Em 1991, seu nome foi encontrado no DOPS/PR, numa gaveta com a identificação: “falecidos”.



Foi enterrado como indigente no Cemitério de Vila Formosa/SP, no dia 21 de maio de 1970. Seu laudo necroscópico se refere a um único tiro no olho direito e é assinado pelos médicos legistas João Pagenoto e Abeylard Queiroz Orsini.



No dia 10 de dezembro de 1991, com a presença de seus familiares, a equipe de técnicos da UNICAMP, a Comissão Especial de Investigação das Ossadas de Perus e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, tentaram a exumação de seus restos mortais, que não foram encontrados. A quadra onde deveria estar enterrado Antônio e pelo menos outros 2 presos políticos da época (Alceri Maria Gomes da Silva, assassinada em São Paulo na mesma ocasião e Antônio Raimundo Lucena, assassinado em Atibaia no dia 20 de fevereiro de 1970), sofreu profundas alterações. Segundo sepultadores daquele Cemitério, em 1976, houve exumações no momento da alteração da quadra, e as ossadas foram jogadas em algum lugar do Cemitério.



No Relatório do Ministério da Aeronáutica consta que “faleceu em 17 de maio de 1970, em Taubaté/SP, quando uma equipe de segurança procurava averiguar a existência de um provável aparelho, o que resultou na sua morte”, insistindo em desinformar à sociedade e aos familiares sobre o seu paradeiro.





***



Mensagem recebida do Prof. Enio Toniolo:



From: eniotoniolo@...

To: ttacitus@hotmail.com

Subject: Re: Matéria publicada no site em 04/08/2009

Date: Tue, 4 Aug 2009 10:43:58 -0300



Agradeço muito o envio.

Morei em Apucarana, e lecionei tanto no Colégio Nilo

Cairo como na Faculdade de Ciências Econômicas. Se

não me engano, um prefeito filocomuna de lá "batizou"

uma escola com o nome do "mártir".



Colo e-mail que mandei a alguns amigos de lá:



A morte de Antônio dos Três Reis Oliveira, irmão

de Baltazar Eustáquio de Oliveira, o "Taquinho":



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2184&Itemid=34



Há muitos anos ouvi de um barbeiro, em Apucarana, que a família de Três Reis

sabia muito bem onde ele fora sepultado, mas simulava desconhecimento, para manter a

aura de "herói" do falecido. Os barbeiros (como as cabeleireiras) divulgam muitos

boatos, mas às vezes alguma verdade...

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/busca4.php?pos=0



Folha de S. Paulo - 31/08/2009



Ação de Anselmo é pré-64, diz policial



Diretor do Dops carioca à época do golpe afirma que antes agente duplo da ditadura já era informante



De acordo com Cecil Borer, Cabo Anselmo colaborava com o Dops, o Cenimar e "americanos"; ex-marujo nega delação antes de 1971



MÁRIO MAGALHÃES

A SUCURSAL DO RIO



Diretor do Dops carioca à época do golpe de Estado de 1964, o policial Cecil Borer (1913-2003) afirmou dois anos antes de morrer que o marinheiro de primeira classe José Anselmo dos Santos, mais célebre agente duplo a serviço da ditadura militar, já era informante da Marinha e da polícia política antes da deposição do presidente João Goulart.

O ex-marujo tornou-se conhecido -em erro sobre seu posto- como Cabo Anselmo. Ele sustenta que só no começo da década de 1970 passou a colaborar com o aparato estatal.

A atividade de Anselmo resultou na morte de muitos militantes da oposição armada ao regime militar (1964-85), inclusive de sua mulher, a paraguaia Soledad Barrett Viedma.

Hoje ele reivindica ser anistiado político, ser reintegrado à Marinha como suboficial, aposentadoria e indenização. Vive escondido, temendo vingança. No processo que tramita na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o marinheiro expulso da Força em 1964 e cujos direitos políticos foram cassados por dez anos diz ter sido vítima de perseguição do Estado.

As entrevistas de Borer ao repórter da Folha foram concedidas em 2001 na apuração para um livro e uma reportagem. Ele autorizou a gravação. Suas declarações contradizem a versão de Anselmo. É a primeira vez que vem à tona relato de integrante de órgão de combate à "subversão" narrando história diferente da do antigo militar.

O policial, denunciado como torturador de presos durante três décadas, teve atuação destacada nas prisões após o golpe de 1964. Aposentou-se em 65.

Ao ser entrevistado pela Folha, ele tinha 87 anos. Narrou "pressões" físicas contra presos, negou a condição de torturador e falou de agentes infiltrados na esquerda.



Fonte "A"

No começo de 1964, Anselmo presidia a AMFNB (Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil). Borer contou que ele já era informante do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) da Guanabara, do Cenimar (Centro de Informações da Marinha) e dos "americanos" -a CIA (Agência Central de Inteligência).

Foi categórico: "[Antes de abril de 1964, Anselmo] trabalhava, trabalhava". Para quem? "Para todo mundo." Detalhou: "Ele trabalhava para a Marinha, ele trabalhava para mim, trabalhava para americano". Não esclareceu a data em que o militar teria aderido.

Conforme Borer, Anselmo não foi um infiltrado escalado para se misturar aos marinheiros. O ex-diretor disse que ele foi recrutado pelo Cenimar quando já atuava na associação.

O policial afirmou que as informações transmitidas por Anselmo eram compartilhadas por Cenimar e Dops com classificação "A", exclusiva de fonte de alta confiança. Os organismos tratavam-no por nome em código. "Não havia segredo entre Dops e Marinha. (...) Esse trabalho, essa informação veio do Anselmo, então é classe A."

Borer não se referiu a manobras políticas de Anselmo ordenadas pelos serviços secretos. Seu trabalho consistiria em avisar sobre o que se passava com os marinheiros. A reconstituição das ações deles e de fuzileiros mostra que, embora presidisse a entidade, tinha influência limitada na sua orientação.



"Farsa"

Dias após a queda de Goulart, Anselmo se asilou na Embaixada do México no Rio. Em pouco tempo abandonou o local e se abrigou em um apartamento na zona sul. No dia seguinte, foi detido e levado para o Dops.

Ele disse que o esconderijo foi identificado por agentes seus infiltrados entre exilados no Uruguai. Informaram o endereço a um policial que ignorava a dupla militância de Anselmo, que acabou preso.

Sua condição de informante, diz Borer, era de conhecimento restrito, mesmo no Dops e no Cenimar: "Então Anselmo veio, tá preso, você não vai soltar, que não vai queimar".

Anselmo retomou a liberdade somente em 1966, quando Borer já estava aposentado, ao ir embora de uma delegacia no bairro do Alto da Boa Vista onde estava preso. Lá, ele circulava quase sem restrições.

A fuga foi uma farsa, disse Borer. O objetivo do que descreve como encenação de colegas seus foi infiltrar o agente na esquerda clandestina. Anselmo foi para o Uruguai, onde entrou no MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), grupo dirigido por Leonel Brizola.

A seguir, treinou guerrilha em Cuba. De volta ao Brasil, aderiu à VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), organização armada depois dizimada por suas delações. Ex-militar e guerrilheiro, jamais teria participado de ação armada.

Documentos do Deops-SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) registram Anselmo como agente a partir de 1971.

Em entrevista ao repórter Octávio Ribeiro, em 1984, Anselmo disse que se entregou por iniciativa própria ao Deops por volta de 1971 e nunca foi torturado. Em 1999, assegurou ao repórter Percival de Souza que foi surpreendido e preso pelo Deops e que o torturaram antes da mudança de lado.

Diretor do Cenimar em 1964, Roberto Ferreira Teixeira de Freitas nega que Anselmo tenha sido colaborador antes de 64. "Isso é mentira!"

Capitão-de-Mar-e-Guerra 45 anos atrás, ele lembrou: "Anselmo era um desconhecido. Apareceu no movimento lá dos marinheiros". Quando se tornou infiltrado? "Não sei. Eu o prendi, depois ele foi para o Dops. O que aconteceu por lá eu não sei", respondeu.







Folha de S. Paulo - 31/08/2009



Delator nega colaboração antes de ser preso em 71



LUCAS FERRAZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA



José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, afirmou à Folha que não há prova de que ele seria um colaborador da ditadura já em 1964. Em entrevista por telefone, ele conta que virou agente da repressão após ser preso, em 1971, para não morrer.





FOLHA - Por que o sr. pede reparação econômica ao governo se atuou como agente da ditadura?

JOSÉ ANSELMO DOS SANTOS - Porque eu era um prisioneiro, fiquei preso dois anos. Fui instado: ou vai agir assim ou morre. Preferi viver. Formou-se uma consciência totalmente diferente do que era o comunismo internacional e que aquilo tudo não ia dar em nada.

FOLHA - Arrepende-se da atuação que diz ter tido no pós-golpe de 64?

ANSELMO - Absolutamente. Eu era um otário.

FOLHA - Por quê?

ANSELMO - Olha, você está fazendo perguntas que...

FOLHA - Historiadores dizem, como levantou o ministro da Justiça, que você já era agente em 1964.

ANSELMO - Ele e os historiadores que provem isso. Se [naquele época] eu fosse um sujeito da repressão, da CIA ou do diabo a quatro, você acha que estaria nessa condição que estou hoje?

FOLHA - O sr. tinha noção de que suas informações levariam várias pessoas à morte e à tortura?

ANSELMO - Não. À tortura sim, porque eu mesmo fui torturado. Agora, morte não.

FOLHA - O sr. sente remorso?

ANSELMO - Eu não era da equipe policial. Era um prisioneiro.

FOLHA - O sr. sabia, em 1973, que suas informações levariam seis pessoas à morte, entre elas sua mulher?

ANSELMO - Não. Eu tinha um acordo [com o Dops de SP]. O grupo seria preso e Soledad seria liberada para voltar a Cuba.







O Estado de S. Paulo - 31/08/2009



Papel secreto esclarece morte de guerrilheiro



Exército anotou em 1969 que líder do sequestro de Elbrick morreu por ""ferimentos recebidos""



Em relatório secreto de 8 de outubro de 1969, o Exército assume a responsabilidade pela morte do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, codinome Jonas, que chefiou o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, de 4 a 7 de setembro de 1969. A ação marcou a luta armada contra a ditadura e está registrada no filme O que é isso, companheiro?, baseado em livro homônimo do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que participou do sequestro.

A informação é do jornal O Globo, que teve acesso ao documento confidencial, intitulado "Informação n. 2.600", produzido nove dias após Jonas ter sido capturado e morto.

Os militares não citam a palavra tortura - segundo relatos de presos políticos, ele foi morto a pontapés -, mas admitem que o guerrilheiro morreu em decorrência de "ferimentos recebidos". O prisioneiro estava sob guarda da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo.

"Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas, vulgo Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos, antes mesmo de prestar declarações", diz o papel secreto. As informações teriam circulado, segundo o jornal, por dez órgãos militares.

O dossiê sobre Jonas inclui cópias de três documentos e fotos 3x4, com e sem bigode, acompanhadas de uma anotação à mão: "Jonas - Morto - Participou do Sequestro."

FUGA

A versão oficial foi dada em 12 de outubro de 1969, quatro dias após o relatório secreto. O registro - "Relatório de Informações n. 28" -, assinado pelo general Aloysio Guedes Pereira, indica que o preso "evadiu-se na ocasião em que foi conduzido para indicar um ?aparelho? da ALN".

A sigla refere-se à Aliança Libertadora Nacional, que teve 19 militantes capturados após o sequestro de Elbrick.

A viúva de Jonas, Ilda Martins da Silva, de 78 anos, disse que ainda espera encontrar a ossada do marido para fazer o enterro. Segundo ela, esse é um desejo de "toda a família".

Procurado para esclarecer as circunstâncias da morte de Jonas, o Exército respondeu por nota. "O Centro de Comunicação Social do Exército informa que não existe documento na Instituição que registre a ocorrência mencionada em sua mensagem."

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=54243&cat=Artigos



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2928&Itemid=87



22/02/2010



Portal "Memórias Reveladas" e As Ilusões Armadas



Dilma Rousseff e Franklin Martins, os criadores

do Portal Memórias Reveladas. As ações deles, e são muitas, não constam do acervo.



O "Portal Memórias Reveladas", criado por Dilma Rousseff, Ministra da Casa Civil e Franklin Martins, Ministro da Comunicação Social, em sua introdução, promete, com a chancela da ministra da Casa Civil, o seguinte:



"O Centro constitui um marco na democratização do acesso à informação e se insere no contexto das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um pedaço de nossa história estava nos porões. O "Memórias Reveladas" coloca à disposição de todos os brasileiros os arquivos sobre o período entre as décadas de 1960 e 1980 e das lutas de resistência à ditadura militar, quando imperaram no País censura, violação dos direitos políticos, prisões, torturas e mortes. Trata-se de fazer valer o direito à verdade e à memória.(...)

(...)Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as condições para aprimorarmos a democratização do Estado e da sociedade. Possibilitando o acesso às informações sobre os fatos políticos do País reencontramos nossa história, formamos nossa identidade e damos mais um passo para construir a nação que sonhamos: democrática, plural, mais justa e livre.



Dilma Vana Rousseff

Ministra-Chefe da Casa Civil"



O que nos causa surpresa é o fato de um portal como "Memórias Reveladas", com apoio financeiro do governo, com profissionais competentes, arquivos à disposição, provavelmente muita colaboração de pessoas interessadas na difusão da verdadeira história do período da luta armada, não disponha de determinados depoimentos, que certamente enriqueceriam e complementariam as poucas informações que compõem o portal.



O que nos causa surpresa é o fato de um portal como "Memórias Reveladas", com apoio financeiro do governo, com profissionais competentes, arquivos à disposição, provavelmente muita colaboração de pessoas interessadas na difusão da verdadeira história do período da luta armada, não disponha de determinados depoimentos, que certamente enriqueceriam e complementariam as poucas informações que compõem o portal.



Cremos que " Memórias Reveladas" desperdiça depoimentos de pessoas que viveram a luta armada de forma intensa, que participaram da mesma em variadas organizações subversivas, que planejaram e tomaram decisões e atuaram em ações importantíssimas para a causa pela qual lutavam: a tomada do poder pelas armas e a implantação de uma ditadura marxista-leninista.. É o caso de subversivos e terroristas , que poderiam facilmente ser encontrados , alguns membros do governo e companheiros dos idealizadores do Portal.



Se existe dúvida sobre nossa observação, acesse - www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br - e digite em Busca o nome da Ministra Dilma Rousseff e verifique que hojre, 21/02/2010, existem apenas 4 registros: a presença em duas exposições, a presença em um lançamento de um livro de frei Beto e seu nome em uma relação de membros do governo.



Se a ministra, com sua vida atribulada, cheia de compromissos de trabalho e em plena campanha eleitoral antecipada, não dispõe de tempo para prestar um depoimento, o Portal poderia aceitar colaborações expontâneas, como anunciou, verificar a veracidade e publicá-las para enriquecer as informaçãoes disponíveis no portal.

Nós mesmos, do site www.averdadesufocada.com, já disponibilizamos várias matérias sobre as organizações em que a ministra militou:



Política Operária - POLOP -,

Comando de Libertação Nacional - COLINA -,

Vanguarda Armada Revolucionária Palmares - VAR-Palmares-, e Vanguarda Popular Revolucionària -VPR , além de citarmos muitos de seus companheiros que poderiam também prestar depoimentos , suas ações e os assassinatos praticados por alguns deles.



O jornal A Folha de São Paulo de hoje, 21/02/2010 , em mátéria de Fernando Rodrigues, intitulada Ilusões Armadas, publica algumas declarações da ministra e de companheiros de organizações subversivo-terroristas que deveriam , a nosso ver serem aproveitadas:Vejamos trechos dessa matéria:



"Ao terminar o ginásio, em 1963, Dilma prestou concurso para fazer o clássico em ciências sociais (um dos ramos do ensino médio daquela época). Em 1964 começou no Colégio Estadual Central.



Fernando D. Pimentel, ex-prefeito de BH e um dos

coordenadores da campanha de Dilma Rousseff.



Organização Colina



"Esse era "o" colégio de Belo Horizonte. Ali acontecia toda a agitação política estudantil da cidade", recorda-se Fernando Pimentel, 58, ex-prefeito de Belo Horizonte (2005-2008) e também ex-aluno do Estadual Central -no qual frequentava uma célula política comandada pela pré-candidata do PT ao Planalto.



Quando começou o clássico, em 1964, Dilma teve contato com militantes da esquerda organizada. "Foi a primeira vez que eu soube que as pessoas iam presas por crime de opinião", recorda-se. Em 31 de março daquele ano, o país sofreu um golpe de Estado. Uma ditadura militar se instalou."(...)



(...) "No movimento estudantil secundarista, entre reuniões para discutir política e como seria a próxima passeata de protesto, a simpatizante da Polop dava aulas particulares. A Polop era como todos se referiam à Organização Revolucionária Marxista Política Operária. Mais tarde, em 1967, o grupo virou Comando de Libertação Nacional (Colina).



"O Zé Aníbal estudava no colégio Marconi e lá não tinha boa formação em matemática. Então fui eu estudar matemática com ele, na minha casa, todos os dias", diz Dilma." (...)



(..) "Zé Aníbal que estudou com Dilma em 1966 é o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), à época também um simpatizante da Polop em Belo Horizonte.... "A Polop misturava de tudo. Tinha Lênin, Marx, Rosa de Luxemburgo e uma pitada de Trotsky. Era o grupo mais intelectualizado. O pessoal da AP rezava o dia inteiro. Os do PC do B só liam Mao Tse-Tung. A Polop era um movimento iluminista", descreve Apolo Heringer, 67, um dos gurus da esquerda belo-horizontina nos anos 60."(...)



(...)"Foi numa sessão de cinema, "possivelmente um filme italiano, do [Federico] Fellini", que começou o namoro entre Dilma e o jornalista Cláudio Galeno de Magalhães Linhares.



Galeno já havia estado preso e tinha habilidade com produtos químicos. Seu pai era farmacêutico. "Andaram falando que eu fabricava bombas. Não tem nada disso. Fabriquei alguns protótipos de uma caixa com um dispositivo eletroquímico. Era para guardar documentos secretos. Se a repressão abrisse, a caixa entraria em combustão", diz.



Juca Ferreira, ministro da Cultura - militante do

Movimento Revolucionário 8 de outubro - MR8



Só duas dessas engenhocas foram fabricadas. Uma acabou nas mãos da polícia. Não pegou fogo. O dispositivo não estava armado.



O casamento foi em setembro de 1967, só no civil. Familiares e amigos compareceram ao cartório. "Eram 30 ou 40 pessoas. Muitos já eram procurados. Se a polícia baixasse ali levaria alguns", diz Galeno," (...)



(...)"Foram morar no apartamento da família Rousseff, no centro de BH. Eram tantas as reuniões políticas que o local era considerado quase um "aparelho" da Polop e do Colina -"aparelho" era o jargão para designar os endereços para encontros das organizações proscritas pela ditadura militar.



Foi nesse apartamento que Dilma e Galeno tiveram seus últimos dias antes de cair na clandestinidade. Jorge Nahas e outros militantes foram presos em janeiro de 1969, num confronto com a polícia. Morreram dois policiais. Os organismos de repressão mineiros começaram a caçar ostensivamente os militantes de esquerda -os subversivos, como se dizia.Dias depois os dois já estavam no Rio, clandestinos, usando nomes falsos e pulando de casa em casa. O casamento também estava chegando ao final. Dilma ficou no Rio. O marido foi para o Rio Grande do Sul, atendendo a um chamado do Colina. No dia 1º de janeiro de 1970, ele participou de um sequestro de um avião em Montevidéu, no Uruguai, e refugiou-se em Cuba."(...)



(...)"O ano de 1969 foi intenso para Dilma. Ela usou vários codinomes, entre os quais Luiza, Wanda, Marina, Estela, Maria e Lúcia. Conheceu seu segundo marido, o advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo. Quando se viram pela primeira vez, ele tinha 31 anos. Dilma estava com 21. "Sou 9 anos e 10 meses mais velho que a Dilma", calculou Araújo numa das conversas que teve com a Folha em Porto Alegre, onde mora e trabalha até hoje.



Era um comunista que conhecia União Soviética, Polônia, Checoslováquia. Havia militado ao lado de Francisco Julião nas Ligas Camponesas, no Nordeste. Algumas semanas depois de se conhecerem, no início de 1969, Araújo e Dilma já estavam vivendo juntos."(...)



(...)VAR-Palmares



(...)"Naquele final de anos 60, a hoje ministra participou de reuniões secretas em São Paulo e no Rio nas quais as organizações de esquerda armada iam se fundindo ou rachando conforme a ideologia do momento. "O livrinho do Régis Debray, "A revolução na revolução", colocou fogo em todos. O texto chegou mimeografado para nós, contrabandeado do Uruguai. Muitos acharam que o foquismo era a solução. Por um momento, a Dilma achou isso também", diz Apolo Heringer.



Pensador de esquerda francês, Debray morou em Cuba, conheceu Fidel Castro e Che Guevara. Difundiu a teoria do foco. Heringer, hoje um pacifista e ambientalista, descreve: "Era a tese da coluna móvel estratégica. Seria o organizador coletivo para movimentar as massas, como um motor.



Carlos Franklin Paixão de

Araújo, 2º marido de Dilma,

companheiro da VAR-Palm



Atuava-se nas cidades e refugiava-se nas florestas, derrotando o Exército aos poucos, a cada combate, conquistando adesão das massas. Não tinha a menor base na realidade brasileira".

Deu-se então a fusão do Colina, de Dilma e Araújo, com a Vanguarda Popular Revolucionária, de Carlos Lamarca. A nova organização, criada em meados de 1969, chamava-se Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).



O novo grupo falava em combater a ditadura, mas a alternativa não era propriamente democracia. Em 1970, um militante foi preso em Goiânia com um estatuto da organização. A VAR-Palmares se definia como instituição "político-militar de caráter partidário, marxista-leninista, que se propõe a cumprir todas as tarefas da guerra revolucionária e da construção do Partido da Classe Operária, com o objetivo de tomar o poder e construir o socialismo".



Quem descumprisse o cânone interno ficava sujeito a sanções de "censura, verbal ou escrita", "expulsão" e até "justiçamento" -essa pena de morte seria "aplicada por um tribunal revolucionário", e infrator poderia ou não "estar presente ou tomar conhecimento" da pena."(...)



(...)"Treinamento militar



A associação entre Colina e VPR durou poucos meses. Lamarca queria aprofundar as ações armadas. Outros divergiam. Racharam antes do final de 1969. Mas ainda deu tempo para Dilma ir ao Uruguai clandestinamente ser treinada em técnicas militares -ela não precisa o momento exato.



Em março de 2009, à Folha, Dilma havia negado esse treinamento de forma categórica: "Nunca fiz nem treinamento no exterior nem ação armada".

Confrontada com a contradição, alega que, à época, não queria falar de atos envolvendo outros países. Resolveu fazer a revelação depois da eleição de José Mujica, ex-guerrilheiro da organização Tupamaros, que lutou contra a ditadura militar uruguaia. "O presidente Mujica está ali e sabe como é que foram os anos 70", diz Dilma.



A seguir, seu relato, inédito, sobre o treinamento militar -e não de "guerrilha", diz ela.



"Era perto daqui, no Uruguai. Geralmente a gente fazia numa fazenda. Era mais seguro você fazer na fronteira. Eu estava no Rio e fui a Porto Alegre. Foi do lado de lá da fronteira. Ia pouca gente. Na minha vez foram cinco ou seis pessoas. Eu usava uns óculos com lentes bem grossas. Eu nunca tive pontaria, mas pegava bem. Era uma ótima limpadora. O meu treinamento foi muito simplório. Não se atirava muito. Montava-se e desmontava-se [armas]. Também [havia treinamento] de segurança. Você olha como é que faz para não ser seguido. Eles chamavam de treinamento de inteligência."(...)



(...) "O esforço e o treinamento não foram suficientes. Alguns meses depois Dilma foi presa em São Paulo, pois havia saído do Rio no final de 1969. Morava em uma pensão na avenida Celso Garcia, no bairro do Brás (região central da capital paulista" (...).



(...) "Qual era a função de Dilma naquela pensão? "As pessoas iam sendo presas e a gente ia limpando tudo que tinha nas casas das pessoas e trazendo. Não tinha lugar de guardar. Todos estavam sendo presos. Debaixo da cama era uma espécie de depósito. Tinha tudo o que você imaginar. Roupa, calça jeans, camiseta, carta, armas. A pessoa ia presa e tinha um revólver na casa dela".



Em 16 de janeiro de 1970, segundo Dilma, "às 16h10, mais ou menos", ela foi presa. Tinha ido ao encontro de um companheiro clandestino, no centro de São Paulo. Não sabia que ele tinha sido capturado e obrigado a contar sobre o encontro. Detida, foi enviada para a sede da Operação Bandeirantes, a Oban -um centro de investigações e interrogatórios dos militantes da esquerda armada.



Não há registro sobre quanto tempo Dilma permaneceu na Oban antes de ser levada para o Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Nas contas da ministra, ela saiu da Oban "depois do Carnaval", que em 1970 caiu na primeira semana de março. Foram cerca de 45 dias sendo interrogada, com várias sessões de tortura."(...)

Quase todos os dados publicados na folha e outros detalhes da vida de guerrilheira de Dilma Rousseff e das organizações terroristas a que pertenceu estão nas duas matérias abaixo publicadas :" Dilma Rousseff eas organizações terroristas nas quais militou" - Parte I e Parte II, publicadas em 21/04 e 25/04 de 2009, neste site.



Apenas o treinamento militar no Uruguai, não está citado em nenhuma das matérias. do nosso site pois não encontramos referência nem no Projeto Orvil, em livros e nem em outras fontes de pesquisa. Apenas a palavra da ministra, que não diz exatamente a data e o local onde fez o treinamento , para nós não é suficiente para que o incluamos no seu currículo.Para nós, a não ser prova em contrário a ministra empolgou-se com a entrevista e imaginou, para "melhorar"entre os subversivos e terroristas que podem render votos um currículo mais completo. Não seria a primeira vez.



Quanto aos outros dados seriam uma grande contribuição para o Portal Memórias Reveladas.

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=56066&cat=Artigos



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=3276&Itemid=87



17/05/2010



Memórias Reveladas, memórias censuradas II



Gabeira diz que Marta está equivocada ao atacá-lo por sequestro



Fernando Gabeira



Portal Terra - João Pequeno - Direto do Rio de Janeiro



O pré-candidato do PV ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, disse ao Terra que a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, está "completamente equivocada" e não havia nenhuma designação para ele assassinar o embaixador americano Charles Elbrick, em 1968. Elbrick foi trocado por presos políticos brasileiro entre eles, José Dirceu, atual aliado da pré-candidata petista ao senado de São Paulo.

A polêmica teve início neste domingo (16) quando Marta atacou Gabeira para defender a participação na luta armada de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à presidência. Durante um encontro na zona leste de São Paulo, a petista acusou a liderança do PV de ser "o escolhido para matar o embaixador", referindo-se ao diplomata americano Charles Elbrick. Marta afirmou "que ninguém fala do Gabeira porque ele é pré-candidato ao governo do Rio e se aliou ao PSDB".



Gabeira diz que "considera natural que Dilma seja mais visada que ele por ser candidata a presidente, estando mais exposta". O pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro também mantém a posição que expressou em uma entrevista de 2007, quando afirmou ter mudado sua compreensão dos fatos. "Hoje eu considero o sequestro uma forma de luta abominável, um desrespeito à lei e aos direitos humanos de pessoa sequestrada, da sua família, seus amigos", disse, na ocasião, ao jornal O Estado de S. Paulo. Participante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8), nos anos 60, Gabeira abordou o sequestro de Elbrick no livro "O que é isso, companheiro?" , que virou filme.



Observação do site www.averdadesufocada.com :

Os membros do governo do PT se dizem preocupados em levar ao povo brasileiro a verdade sobre o período compreendido entre os anos de 1964 a1985 ( regime militar) Para isso pretendem criar " a Comissão da Verdade" e já disponibilizaram o Portal Memórias Reveladas, onde o internauta encontrará a seguinte introdução:



"O Centro constitui um marco na democratização do acesso à informação e se insere no contexto das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um pedaço de nossa história estava nos porões. O "Memórias Reveladas" coloca à disposição de todos os brasileiros os arquivos sobre o período entre as décadas de 1960 e 1980 e das lutas de resistência à ditadura militar, quando imperaram no País censura, violação dos direitos políticos, prisões, torturas e mortes. Trata-se de fazer valer o direito à verdade e à memória.(...)



(...)Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as condições para aprimorarmos a democratização do Estado e da sociedade. Possibilitando o acesso às informações sobre os fatos políticos do País reencontramos nossa história, formamos nossa identidade e damos mais um passo para construir a nação que sonhamos: democrática, plural, mais justa e livre.

Dilma Vana Rousseff

Ministra-Chefe da Casa Civil"



No entanto , a verdade sempre é censurada por eles. Pesquisem como a esquerda explica a motivação para a luta armada. Sempre encontrarão a mesma resposta: "os que pegaram em armas lutavam para restabelecer a democracia, lutavam pela liberdade", mesmo que historiadores de esquerda e alguns participantes da luta armada, já tenham declarado em entevistas e em livros que, na verdade, o que todas as organizações terroristas desejavam era implantar uma ditadura do proletariado.



Procurem no "Memórias Reveladas" o nome das organizações terroristas, seus crimes e seus respectivos militantes. Não encontrarão praticamente nada. Pesquisem o nome das vítimas de seus atentados, os " justiçamentos," os sequestros e seus autores. Nada encontrarão...





Dilma Rousseff e Ministro Franklin Martins

Procurem a carta de Franklin Martins, transcrita abaixo, mentor do sequestro a que se refere Marta Suplicy e vejam se havia ou não intenção de matar o embaixador americano, se o governo não cedesse às exigências dos sequestradores.



Manifesto

"Grupos Revolucionários detiveram, hoje, o Sr. Burke Elbrick,embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum ponto do País. Este não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, em que se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; tomadas de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários para devolvê-los à luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato de guerra revolucionária, que avança a cada dia e que este ano iniciará a sua etapa de guerrilha rural.

A vida e a morte do senhor embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atender a duas exigências o Sr. Burke Elbrick será libertado. Caso contrário, seremos obrigados a cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:



-a libertação de 15 prisioneiros políticos;



- a publicação e leitura desta mensagem, na integra, nos principais jornais, rádios e televisões em todo o País.



Os 15 prisioneiros políticos devem ser conduzidos em avião especial até um país determinado - Argélia, Chile e México - onde lhes será concedido exílio. Contra eles não deverá ser tentada qualquer represália, sob pena de retaliação.



A ditadura tem 48 horas para responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva, divulgaremos a lista dos 15 líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por sua colocação num país seguro.



Se a resposta for negativa ou se não houver nenhuma resposta nesse prazo, o Sr. Burke Elbrick será justiçado.



Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que não vacilaremos em cumprir nossas promessas.



Agora é olho por olho, dente por dente.



Ação Libertadora Nacional (ALN)



Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)."



Participaram do sequestro do embaixador

Franklin de Souza Martins

Cid Queiroz Benjamin

Fernando Paulo Nagle Gabeira

Cláudio Torres da Silva

Sérgio Rubens de Araújo Torres

Antônio de Freitas Silva Joaquim Câmara Ferreir

Virgílio Gomes da Silva

Manoel Cyrillo de Oliveira Netto

Paulo de Tarso Venceslau

Helena Bocayuva Khair

Vera Silvia Araújo de Magalhães

João Lopes Salgado

José Sebastião Rios de Moura



Marta Suplicy segue a orientação do Portal Memórias Reveladas : o nome dos companheiros que praticaram crimes são esquecidos, alguns por conveniência eleitoral são endeusados (caso de Dilma) . Entretanto, os que sairam do PT, estão sendo crucificados, principalmente um Gabeira que teve a dignidade de declarar, em entrevistas, o seguinte:



"Hoje eu considero o sequestro uma forma de luta abominável, um desrespeito à lei e aos direitos humanos de pessoa sequestrada, da sua família, seus amigos"



Essa campanha promete...



Fontes:

- Projeto Orvil

- "A Verdade Sufocada- A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" - Ustra, Carlos Alberto Brilhante

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=57172&cat=Artigos



http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=3633&Itemid=87



17/08 - Memórias Reveladas - Memórias Censuradas V



Memórias Reveladas - Memórias censuradas V



Por Maria Joseita Silva Brilhante Ustra



Vida de Dilma cada vez mais clandestina

Observação do site www.averdadesufocada.com : Como estamos escrevendo, há anos , não há interesse nenhum em abrir os arquivos dos chamados " anos de chumbo" . Como afirmamos, sempre, esse interesse não existe, exatamente por parte do governo.



Em 13 de maio de 2009 , os revanchistas de plantão criaram o Portal "Memórias Reveladas" - http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br , que segundo Dilma Rousseff e Franklin Martins, seus idealizadores, seria:



" com a finalidade de reunir informações sobre os fatos da história política recente do País.(...)



O Centro constitui um marco na democratização do acesso à informação e se insere no contexto das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um pedaço de nossa história estava nos porões. O "Memórias Reveladas" coloca à disposição de todos os brasileiros os arquivos sobre o período entre as décadas de 1960 e 1980 e das lutas de resistência à ditadura militar, quando imperaram no País censura, violação dos direitos políticos, prisões, torturas e mortes. Trata-se de fazer valer o direito à verdade e à memória.(...)

(...)Essa iniciativa inédita está possibilitando a articulação entre os entes federados com vistas a uma política de reconstituição da memória nacional do período da ditadura militar. Os acordos firmados entre a União e os Estados detentores de arquivos viabilizam o cumprimento do requisito constitucional de acesso à informação a serviço da cidadania.



Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as condições para aprimorarmos a democratização do Estado e da sociedade. Possibilitando o acesso às informações sobre os fatos políticos do País reencontramos nossa história, formamos nossa identidade e damos mais um passo para construir a nação que sonhamos: democrática, plural, mais justa e livre.

Brasília, 13 de maio de 2009.



Dilma Vana Rousseff



Ministra-Chefe da Casa Civil "



Mas, o que vemos na realidade é a confirmação de nossas palavras, por meio de declarações, de documentos enviados ao site por filhos de vítimas dos ex-terroristas, por meio de declarações de ex-militantes à imprensa e, finalmente , até, de autoridades .



1- Jaime Dolce, filho de Cardênio Jayme Dolce, tendo solicitado cópia de documentos sobre o assassinato de seu pai em assalto no Rio de Janeiro, por elementos da Ação Libertadora Nacional (ALN) , recebeu várias páginas do inquérito com a maioria dos nomes cobertos com tarja preta (leia neste site em Memórias Reveladas - Governo coloca tarja preta e esconde nome de terroristas !!! )

2- Segundo reportagem da revista Época de 16/08/2010, declarações do militante Espinosa das organizações terroristas VPR e VAR-Palmares, confirmam o que afirmamos. " Recentemente , seu ex-colega Antônio Espinosa foi ao Superior Tribunal (STM ), em Brasília, e requereu acesso ao seu processo por sua militãncia na VAR-Palmares. Ele e Dilma fazem parte do mesmo processo. Por isso, a peça com milhares de páginas, faz centenas de menções à Dilma . Espinosa pediu cópia de cerca de 400 páginas . "Elas vieram com o nome de Dilma coberto por tinta preta ", afirma Espinosa. De acordo com a lei , apenas os próprios réus, ou pessoas com uma procuração assinada por eles, podem ter acesso aos processos no STM. Mas, apenas o nome de Dilma, entre os nomes de dezenas de outros militantes , foi ocultado das páginas copiadas a pedido de Espinosa. Recentemente, o processo de Dilma foi separado dos demais, dentro do STM Ele está guardado em um armário específico. Os funcionários têm ordens expressas para não fornecê-lo a ninguém."

3- A reportagem de Lucas Ferraz, na Fôlha de S. Paulo, transcrita abaixo, confirma o que disse Espinosa . Segundo Lucaz Ferraz, o póprio ministro-presidente do STM, Carlos Alberto Marques Soares, assim se referiu sobre este procedimento :"Em entrevista à Folha, ele admitiu que o processo foi parar no cofre por causa das eleições. "Não quero uso político [do STM]", afirmou ele. "Não vou correr risco no período eleitoral."

Pelo visto, o pedaço de nossa história que estava nos porões , agora estão em cofre fechado a sete chaves e as cortinas do passado, que mostrariam os crimes cometidos por eles, jamais serão abertas. As janelas agora , além de terem películas negras, estão fechadas com cadeados e correntes. Quando estavam nos porões eram mais fáceis de serem encontradas, como fez a equipe de Dom Evaristo Arns para escrever o livro Brasil Nunca Mais e reescrever a história. Foi lá, no mesmo STM, que sua equipe copiou o que quis - denúncias de torturas e mortes e ignorou o que não interessava - assaltos, sequestros , atentados a bombas, assassinatos.

Para eles, e para algumas gerações doutrinadas nos colégios e faculdades, o desvario da esquerda armada simplesmente não existiu.

Imaginem... É essa gente que se propõe a colocar ao alcance do povo brasileiro as informações sobre os fatos da história politica recente do país e que deseja criar a COMISSÃO DA VERDADE.

Leia abaixo íntegra da reportagem publicada em

http://www1.folha.uol.com.br/poder/784002-tribunal-esconde-processo-contra-dilma

"Tribunal `esconde` processo contra Dilma nos anos 70

Folha.com Lucas Ferraz - De Brasília

Está trancado desde março, num cofre da presidência do Superior Tribunal Militar, todo o processo que levou a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, à prisão durante a ditadura (1964-85).

A papelada, retirada dos arquivos por ordem do próprio presidente do tribunal para prevenir um eventual uso político do material, revela em fichas, fotos, depoimentos e relatórios de inteligência a militância de Dilma à época.

Até março, quando foram "escondidos", os documentos poderiam ser consultados pelo público, como advogados, jornalistas, pesquisadores e pelas partes do processo. A liberação, quase sempre, é feita pelo ministro-presidente do tribunal, Carlos Alberto Marques Soares.

Em entrevista à Folha, ele admitiu que o processo foi parar no cofre por causa das eleições. "Não quero uso político [do STM]", afirmou ele. "Não vou correr risco no período eleitoral."

Estão nos arquivos do STM mais de 116 mil processos. Além do material sobre a ditadura, há documentos da Intentona Comunista, de 1935, e da chegada de Getúlio Vargas ao poder, em 1930.

Só o processo referente a Dilma e "mais uns outros 50", segundo Carlos Alberto Marques, estão no cofre.

Mas o passado de Dilma em organizações da esquerda armada não é o único argumento para a retirada do material do arquivo. "Também vamos começar a restauração e a digitalização dos processos", disse.

A digitalização, por enquanto, só existe no discurso. Uma licitação para contratar um responsável para restaurar os arquivos ainda nem saiu do papel, como reconhece o ministro.

Apenas depois de restaurados, os papeis serão digitalizados. E o processo só será disponibilizado ao público após a digitalização.

A assessoria da candidata do PT diz que ela "desconhece" a guarda dos documentos em um cofre.

"A mim ninguém pediu nada", afirmou Carlos Alberto ao ser questionado se recebeu alguma solicitação para levar o material aos cofres.

O processo não traz informações somente do passado de Dilma. À época, em 1970, outras 67 pessoas tornaram-se rés no mesmo caso.

Quase todos eram integrantes da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares), organização que Dilma integrava.

Parte do material, mas não ele todo, está espalhado em arquivos públicos do país. O processo não está protegido por sigilo.

Presa no início de 1970, a candidata do PT foi condenada pela Justiça Militar de três Estados - Rio, Minas e São Paulo. Foi torturada. Deixou a prisão no final de 1972.

Em entrevistas sobre o assunto, Dilma Rousseff diz ter orgulho de seu passado de luta contra a ditadura. Ele nega ter atuado em ações armadas e afirma que sua participação restringiu-se à logística das organizações. "

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=58277&cat=Artigos



*** A Difusão do “Projeto Orvil” - DOWNLOAD***
Pela editoria do site    www.averdadesufocada.com

O fim do regime militar e a Lei da Anistia não trouxeram a pacificação desejada. Crédulos, os militares voltaram às suas atribuições, confiantes na reconciliação de todos os brasileiros. As mãos foram estendidas em sinal de paz, por um dos lados - as mãos dos vencedores da luta armada -, porém, para os vencidos, o combate continuou. Os derrotados trocaram as armas pelas palavras, fazendo questão de não deixar cicatrizar as feridas que procuram manter abertas até os dias de hoje.
Texto completo
 Com a chegada ao Brasil dos primeiros banidos e auto-exilados a História começou a ser reescrita. Com os direitos políticos readquiridos, muitos voltaram a seus cargos, outros foram acolhidos por governos simpatizantes e outros ingressaram em partidos políticos recém fundados.
Aos poucos, a maioria dos “perseguidos políticos” ocupava cargos públicos, setores da mídia e universidades. Bons formadores de opinião, passaram a usar novas técnicas na batalha pela tomada do poder e pela tentativa de desmoralização das Forças Armadas.
A esquerda revanchista passou a descrever e a mostrar, da forma que lhe convinha, a luta armada no Brasil.
E o fez de maneira capciosa, invertendo, criando e deturpando fatos, enaltecendo terroristas, falseando a história, achincalhando as Forças Armadas e expondo à execração pública aqueles que, cumprindo com o dever, lutaram contra a subversão e o terrorismo em defesa da Nação e do Estado.
Passou a predominar no País a versão dos derrotados, que agiam livremente, sem qualquer contestação. As Forças Armadas, disciplinadas, se mantiveram mudas.
Aos poucos, a farsa dos revanchistas começou a ser aceita como “verdade” pelos que não viveram a época da luta armada e do terrorismo e que passaram a acreditar na versão que lhes era imposta pelos meios de comunicação social.

No segundo semestre de 1985, em razão das acusações formuladas no livro Brasil: Nunca Mais e pelas suas repercussões na mídia, a Seção de Informações do Centro de Informações do Exército (CIE) - atual Divisão de Inteligência do Centro de Inteligência do Exército - recebeu a missão de empregar os seus analistas - além de suas funções e encargos normais -, na realização de uma pesquisa histórica, considerando o período que abarcasse os antecedentes imediatos da Contra-Revolução de 31 de março de 1964, até a derrota e o desmantelamento das organizações e partidos que utilizaram a luta armada como instrumento de tomada do poder.
As pesquisas iniciais, realizadas ainda em 1985, mostraram, com clareza, que o trabalho ficaria incompleto e, até mesmo, impreciso historicamente, se fosse cumprido o planejamento inicialmente estabelecido. Assim, ampliou-se, no tempo e no espaço os limites físicos e cronológicos da pesquisa, retroagindo-se a Marx e Engels, passando pelos pólos irradiadores do Movimento Comunista Internacional e pela história do PCdoB – desde a sua criação em 1922 com a denominação de Partido Comunista do Brasil/Seção Brasileira da Internacional Comunista -, prolongando-se até a primeira metade da década de 1980.
Foi um trabalho minucioso, realizado em equipe, em que, inicialmente, os documentos existentes àquela época no CIE foram estudados, analisados e debatidos, conduzindo a novas indagações e a novos interesses. Com isso, as pesquisas foram ampliadas significativamente, incluindo processos, inquéritos, depoimentos de próprio punho de presos, jornais, revistas, gravações de programas de televisão, entrevistas, uma extensa bibliografia nacional e estrangeira e alguns livros de ex-militantes da luta armada.
Todas as pesquisas contribuíram para a elaboração desse livro, diferentemente do trabalho da equipe de D. Paulo Evaristo Arns que, para o livro “Brasil Nunca Mais”, pesquisou os processos e os inquéritos disponíveis na Justiça Militar, de onde extraiu, apenas, o que interessava, desde que fossem acusações e críticas aos militares e civis que os combateram e os derrotaram.
 Visando a resguardar o caráter confidencial da pesquisa e a elaboração da obra, foi designada uma palavra-código para se referir ao projeto - Orvil -, livro escrito de forma invertida.

Em fins de 1987, o texto, de aproximadamente mil páginas, estava pronto.
A obra recebeu a denominação de “Tentativas de Tomada do Poder” e foi classificada como “Reservado”, grau de sigilo válido até que o livro fosse publicado oficialmente ou que ultrapassasse o período previsto na lei para torná-lo ostensivo.
Concluída e apresentada ao ministro do Exército, General Ex Leônidas Pires Gonçalves, este não autorizou a sua publicação - que seria a palavra oficial do Exército -, sob a alegação de que a conjuntura política não era oportuna, que o momento era de concórdia, conciliação, harmonia e desarmamento de espíritos e não de confronto, de acusações e de desunião.

Assim, a instituição permaneceu muda e a farsa dos revanchistas continuou, livre e solta, a inundar o País.

Muitos militares, considerando que a classificação sigilosa “Reservado” já ultrapassara o sigilo imposto pela lei e dispostos a divulgar o livro, resolveram copiá-lo e difundi-lo nos últimos 12 anos, na expectativa de que um número cada vez maior de leitores tomasse conhecimento de seu conteúdo.
Milhares de exemplares foram distribuídos a amigos, em corrente, e alguns exemplares foram entregues a jornalistas. Nós também recebemos um e nossos visitantes têm nos cobrado, permanentemente, a difusão do mesmo. Hoje, até órgãos do governo o possuem. Não o difundem porque a eles não interessa a divulgação do que ele contém.
Em abril de 2007, o Diário de Minas e o Correio Braziliense publicaram, por vários dias, extensa matéria sob o título “Livro Secreto do Exército é revelado”, em que abordaram, de forma irresponsável e panfletária, alguns aspectos que mais lhes interessavam sobre o livro. Logo em seguida, os telejornais fizeram coro à campanha.
Um procurador, mais afoito e atirado, afirmou que os militares sonegam dados sobre os desaparecidos. E de repente, não mais que de repente, o assunto bombástico desapareceu da mídia, como sempre. Os críticos do livro se recolheram, deixando no ar algumas meias verdades e muitas mentiras.

 O silêncio prolongado, embora excepcionalmente revelador, sugere algumas indagações, dentre outras:
a - Por que os jornais não difundem o livro sequencialmente em capítulos?
-Teriam matéria gratuita por um longo período e, por certo, bateriam recordes de venda;
- Mostrariam à Nação um pouco das “ações heróicas” dos angelicais ex-terroristas, que receberam treinamento de guerrilha em Cuba, União Soviética e na China. Terroristas, que mataram, “justiçaram”, seqüestraram e assaltaram. 
- Alertariam a população para as verdadeiras intenções da luta armada - implantar no Brasil o comunismo - seguindo as idéias de Fidel Castro e Che Guevara. As mesmas intenções do atual bolivarismo.


b -Se o livro teve a mais baixa classificação sigilosa – “Reservado” -, porque denominá-lo de Livro Secreto?-
-Para criar impacto e vender mais?
-Para criar falsas expectativas no leitor?
- Por que não permitir ao leitor conhecer toda essa História?
-Por que não publicá-lo ostensivamente, se a classificação “Reservado” já está caduca?

Assediado pela imprensa, o General Leônidas confirmou a missão atribuída ao CIE de elaborar o livro em 1985 e a decisão de não publicá-lo em 1988, em nome da concórdia, do desarmamento de espírito e da pacificação nacional, como o fora em 1979 a “Lei da Anistia”.

Em 29 de agosto último, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República lançou, no Palácio do Planalto, em badalada cerimônia, que contou com a presença do presidente Lula, o livro “Direito à Memória e à Verdade”, praticamente uma cópia do livro “os filhos deste solo” de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio. Para os autores desses dois livros, os crimes praticados pelos militantes da luta armada, simplesmente, não existiram. São ”heróis” que precisam ser permanentemente homenageados.

No texto de uma matéria publicada no Correio Braziliense de 31/08/07, o articulista Lucas Figueiredo estabeleceu um ponto de contato, um elo de integração entre o livro “Direito à Memória e a Verdade” e o livro do CIE “As Tentativas de Tomada do Poder”, quando afirmou: “a versão oficial do Exército sobre a morte de desaparecidos políticos é incorporada à história formal do período militar – Livro secreto agora é oficial”, como se o Orvil desse credibilidade às versões publicadas no livro” Direito à Memória e a Verdade”.

Em razão de uma afirmação descabida, desonesta e mal intencionada e para que os leitores possam comparar, avaliar e concluir, resolvemos divulgar o “Projeto Orvil” no site -   www.averdadesufocada.com , para  consulta livre e gratuita.

Ao mesmo tempo, o divulgaremos para todos os endereços eletrônicos disponíveis – particularmente os de jornais, revistas, escolas, universidades, associações de classe, etc - e o colocamos à disposição de outros sites que, como o nosso, estejam interessados em mostrar aos leitores que o livro não é secreto e nada tem a esconder, pelo contrário, ele mostra tudo aquilo que a esquerda não quer que o Brasil conheça.

Os editores do site www.averdadesufocada.com      
                                    

LINK PARA DOWNLOAD DO LIVRO

TIPO: PDF
TAMANHO: 36,8MB
RECURSOS:  DIGITALIZAÇÃO COM RECURSO DE BUSCA EMBUTIDO
PÁGINAS: 953




Documentos da Aeronáutica revelam detalhes da repressão na ditadura



Papéis repassados ao Arquivo Nacional relatam espionagem de militantes

Jailton de Carvalho


BRASÍLIA. A supervisora do Núcleo de Acervos do Regime Militar do Arquivo Nacional, Vivien Ishaq, afirmou ontem que é impressionante o número de pessoas espionadas pelo serviço de inteligência da Aeronáutica durante a ditadura militar. Ela chegou a esta conclusão depois de analisar parte dos 50 mil documentos repassados pela Aeronáutica ao Arquivo Nacional ano passado. Os documentos estão, desde ontem, liberados à pesquisa. Parte dos papéis - que dizem respeito à vida pessoal de ex-militantes políticos - só pode ser acessada por eles ou por pessoas devidamente autorizadas pelos investigados.
- A quantidade de relatórios e de infiltrados (entre os movimentos de esquerda) é muito grande. Sobre o que você imaginar tem relatório. Tem gente que diz: "Achei que fazia as coisas na clandestinidade. Agora vejo que estava sendo monitorado" - afirmou Vivien.
Entre os papéis estão relatos sobre a Guerrilha do Araguaia, organizações como a VAR Palmares e Colina, que tiveram a participação da presidente Dilma Rousseff, e até sobre o Exército Vermelho japonês. Num vasto painel da história da ditadura, os arquivos abrangem praticamente todos os episódios relacionados à esquerda e à repressão, no período entre a década de 60 e o início dos anos 90. Um dos documentos aponta o Araguaia como área de potencial foco guerrilheiro mesmo antes da descoberta da guerrilha do PCdoB na região.
Entre os registros também constam comentários sobre necessidade de se "neutralizar" alguns militantes de esquerda mais atuantes. Para Vivien, o termo pode ser interpretado como uma clara ordem para matar. Segundo ela, agora é fácil conferir se as ordens foram mesmo cumpridas. Bastaria confrontar as informações do relatório com o destino conhecido de cada militante mencionado nos registros internos. Nos novos arquivos, estão ainda atas das reuniões do Conselho de Segurança Nacional.
Para Vivien, os papéis indicam o grau de conhecimento e comprometimento de parte da cúpula militar com a repressão política. Até hoje alguns militares sustentam a versão de que os presidentes daquele período desconheciam o grau de violência da repressão contra adversários do regime. A tortura seria obra clandestina de setores da extrema direita. Os papéis foram recebidos pelo Arquivo Nacional em fevereiro do ano passado. Os documentos foram digitalizados e devidamente registrados, antes de liberados à consulta pública.
A massa de documentos chegou ao Arquivo a partir de uma ordem expedida pela Casa Civil em 2005, quando a área era chefiada pela presidente Dilma. Toda estrutura do Estado foi orientada a fazer levantamento sobre eventuais arquivos produzidos durante a ditadura. A partir daí, os documentos deveriam ser repassados ao Arquivo Nacional. A Aeronáutica foi o primeiro órgão a cumprir as ordens. O Arquivo Nacional aguarda agora a contribuição de outras áreas do governo, entre elas o Ministério da Educação.

Fonte:
https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=60485&cat=Artigos




Médici seria vítima de atentado, diz relatório
Felipe Recondo e Leonencio Nossa - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA
Relatório confidencial produzido pelo Centro de Segurança e Informação da Aeronáutica (Cisa)em 9 de março de 1972 indica que o presidente Emílio Garrastazu Médici sofreria um atentado a bomba em encontro que teria no Rio com os presidentes da Argentina e do Uruguai. Outro documento do Cisa mostra que o ministro da Justiça do governo Costa e Silva, Gama e Silva, também seria alvo de atentado.
Os detalhes sobre o atentado contra Médici foram passados à Aeronáutica por um informante, tratado no documento de "fonte de alta credibilidade". O atentado seria organizado por integrantes do Movimento Internacional Revolucionário (MIR), sediado no Chile. De acordo com as informações passadas à Aeronáutica, "estariam envolvidos nessa trama subversivos brasileiros banidos" inicialmente para a Argélia e depois para o Chile.
O plano, conforme o relato, era explodir uma bomba plástica quando Médici estivesse reunido com o presidente do Uruguai ou, no dia seguinte, com o presidente da Argentina. "Numa dessas ocasiões deverá ocorrer um atentado contra a vida do presidente do Brasil", relata o informe.
Outro relatório do Cisa, de 29 de fevereiro de 1972, revela que um "artefato explosivo" foi encontrado em um vaso de plantas durante o embarque de Médici. "Artefato foi colocado após a chegada de autoridades por pessoa desconhecida, mas autorizada a penetrar no recinto", informa o documento. As informações foram passadas ao Cisa no dia 21 de fevereiro de 1972.
 
Obs.: Pois é: os patifes esquerdistas sempre criticam a Operação Condor, quando eles próprios tinham suas tramas com grupos terroristas de todo o continente sul-americano, como o MIR, que sequestrou Abílio Diniz em 1989. Hoje, a petralhada está de braços dados com os narcoterroristas das FARC e com o Abutre do Caribe, Fidel Castro.
F. Maier




Dilma determina o fim do sigilo eterno de documentos

Presidente dá ordem para que base aprove lei de acesso a papéis secretos

Medida pode revelar o conteúdo de telegramas diplomáticos, relatórios da ditadura militar e até da Guerra do Paraguai


FERNANDO RODRIGUES
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA


A presidente Dilma Rousseff determinou o fim do sigilo eterno dos documentos classificados como ultrassecretos. Ela ordenou que a base do governo acelere no Senado a aprovação do projeto de lei de direito de acesso a informações públicas, já aprovado na Câmara.
A ideia do Planalto é sancionar o texto no Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, data celebrada anualmente em 3 de maio pela ONU.
Todo documento considerado sigiloso recebe um grau de classificação. Cabe à autoridade ou ao órgão que produziu o documento estabelecer o grau de sigilo.
No passado, o governo federal considerou sigilosos telegramas diplomáticos, documentos do período da ditadura e da Guerra do Paraguai, entre outros.
Hoje, documentos públicos classificados como ultrassecretos ficam em sigilo até 30 anos, mas esse prazo pode ser renovado indefinidamente. A política foi adotada pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

VOTO VENCIDO
O projeto de lei em análise foi enviado ao Congresso em 2009. Embora reduzisse a brecha para o sigilo eterno, mantinha o dispositivo. O texto saiu da Casa Civil, quando Dilma era ministra.
À época, Lula arbitrou em favor de setores do governo favoráveis ao sigilo eterno, Itamaraty e Defesa. Dilma foi voto vencido e não se opôs.
A Câmara aprovou o texto no ano passado, mas derrubou as renovações sucessivas de sigilo. Pela nova regra, os papéis ficarão longe do público se forem reservados (5 anos), secretos (15 anos) e ultrassecretos (25 anos).
Apenas os ultrassecretos poderão ter uma única renovação do prazo. Com a aprovação da lei, nenhum papel ficará por mais de 50 anos com acesso restrito.
Quando a Câmara introduziu essa alteração em 2010, o Planalto, ainda sob Lula, imaginou que o dispositivo do sigilo eterno seria restaurado no Senado. Mas, no início deste mês, Dilma determinou que o governo não fizesse carga nessa área.

MUDANÇA DE TOM
Uma indicação da disposição de Dilma foi vista ontem no Senado. O relator do projeto de lei de acesso, o governista Walter Pinheiro (PT-BA), propôs aprovar o texto tal qual veio da Câmara.
Ontem, durante audiência pública no Senado, o ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) também pronunciou-se favorável ao fim do sigilo.
A expectativa é que o projeto seja classificado como urgente e tramite diretamente no plenário do Senado.
Há ainda um aspecto redacional não resolvido no texto. Ao ser alterado na Câmara, o projeto determinou a criação da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, composta por integrantes dos Três Poderes.
Essa comissão teria o poder, por exemplo, de reavaliar casos de documentos classificados como ultrassecretos. Técnicos legislativos no Senado consideraram essa mistura inconstitucional.

Fonte:
https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=60487&cat=Artigos





Comunistas treinaram guerrilha no entorno


Documentos confidenciais da Aeronáutica revelam que, entre 1967 e 1970, comunistas ligados a Carlos Marighella e à organização Var-Palmares, à qual pertenceu a presidente Dilma Rousseff, atuaram em Brasília e no Entorno. Um dos grupos armados chegou a montar campos de treinamento em Paracatu.
CT de Marighella no Entorno
Documentos secretos da Aeronáutica indicam que dissidentes ligados ao militante comunista tiveram, durante os anos de chumbo, treinamento de guerrilha e de armas em fazendas próximas à capital
Edson Luiz
Militantes comunistas ligados a Carlos Marighella e a organização guerrilheira Var-Palmares atuaram em Brasília e no Entorno do Distrito Federal entre 1967 e 1970. Um dos grupos chegou a montar campos de treinamento em Paracatu (MG), onde as autoridades da época encontraram diversas armas. As revelações estão em dois documentos confidenciais do Centro de Informação e Segurança da Aeronáutica (Cisa), abertos esta semana pelo Arquivo Nacional, em Brasília. Os papéis mostram que a intenção dos militantes era infiltrar alguns de seus integrantes em importantes órgãos públicos do DF, onde eles avaliaram que não era necessário o uso de força.
O primeiro documento foi produzido em março de 1969 pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) e difundido à Polícia Federal e aos órgãos de inteligência das Forças Armadas. Nele, os militares relatam que a primeira atividade do que eles chamaram de “Ala Marighella” ocorreu em uma fazenda de Formosa (GO), dois anos antes. Foi a eleição da diretoria local do Partido Comunista Brasileiro (PCB). No mesmo período, conforme o relatório, houve treinamento no interior de Minas, na região próxima ao DF. Os exercícios foram realizados respectivamente em Paracatu (MG), promovido pelo comitê central, e em uma chácara provavelmente em Goiás.
“Durante o ano de 1967, o grupo participou de dois exercícios de guerrilhas, com duração de quatro dias, contando com o emprego de metralhadoras INA, rifle, espingarda, pistola Colt .45, Parabelum, carabina e revólveres”, diz um trecho do relatório. O documento acrescenta que os dissidentes também foram treinados para utilizar granadas de mão, explosivos e coquetel Molotov. Uma parte do grupo era de pessoas vindas de São Paulo que estiveram em Formosa, Niquelândia, Posse, São Domingos, Arraias, Monte Alegre e Campos Belos. O texto revela, ainda, que havia a intenção de mandar alguns militantes para treinamento em Cuba.
Infiltrado
O SNI constatou que o grupo ligado a Marighella não tinha intenção de usar a força na capital do país, conforme teria sido decidido por pessoas vindas de São Paulo. “Sugeriu (uma das pessoas) que os elementos locais procurassem se infiltrar nos órgãos importantes do governo”, relata o documento. A descoberta dos planos ocorreu após a infiltração de um agente da PF no grupo. Os nomes de integrantes estão rasurados.
Sobre a Var-Palmares, organização à qual pertenceu Dilma Rousseff, não há detalhes sobre sua atuação em Brasília e Goiás. Um relatório do Centro de Inteligência do Exército revela que, em 30 de abril de 1970, uma pessoa foi presa no Rio de Janeiro, o que desencadeou operações militares no DF e em Goiânia. Cinco pessoas foram detidas e um sexto militante estava sendo procurado. “Em Brasília, interrogado para apurar as atividades subversivas da Var-Palmares, reconheceu seu comprometimento”, ressalta o documento, em referência a um dos presos, provavelmente um padre que atuava em Brasília.

Fonte:
https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=60522&cat=Artigos




Olá José Vargas,

seu amigo(a) Hortencio Brito visitou a Notícia abaixo no site  e decidiu enviar para você:

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2011/04/17/interna_politica,248223/documentos-indicam-que-a-ditadura-via-nos-estudantes-uma-ameaca-ao-regime.shtml

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Atenciosamente,
Equipe do Correio Braziliense

 
Documentos indicam que a ditadura via nos estudantes uma ameaça ao regime
Publicação: 17/04/2011 09:00 Atualização: 16/04/2011 21:18
Invasão da UnB em 1968: desde a intervenção militar, a instituição passou a ser intensamente monitorada (Arquivo/UnB) 
Invasão da UnB em 1968: desde a intervenção militar, a instituição passou a ser intensamente monitorada
O governo temia perder o controle dos movimentos estudantis depois da invasão da Universidade de Brasília (UnB) por policiais, em 29 de agosto de 1968. Na ocasião, agentes dos órgãos de repressão pretendiam prender os líderes que protestavam no local. Os estudantes resistiram e houve confronto até que os universitários terminassem rendidos e detidos. Documentos da época divulgados agora mostram que o regime enxergava força de contestação nos estudantes e recomendava combater com “todas as armas” o que chamava de inimigo, que estaria provocando ações de “guerra psicológica”. A partir do episódio, a UnB passou a ser um dos principais alvos dos órgãos de informações da ditadura.

A cronologia da invasão é relatada em documento confidencial do gabinete do Ministério da Aeronáutica datado de 4 de setembro de 1968, uma semana depois do confronto no câmpus. “A UnB vem vivendo momentos de grande agitação e balbúrdias até por decorrência da falta de solução a diversos problemas, alguns surgidos no decurso da atual administração”, observou o analista da Aeronáutica, em referência à gestão do médico mineiro Caio Benjamin Dias na reitoria, definida pelos militares como “duas faces”: uma para os estudantes, outra para o governo.

No relatório de 12 páginas, que integra o acervo do Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa), aberto na semana passada pelo Arquivo Nacional, os militares avaliam que os universitários pretendiam tornar a instituição “um território sagrado”. Isso, conforme o relatório, tinha como finalidade trazer para as cidades o que era feito pela esquerda na zona rural: “A criação de áreas livres ou liberadas para a montagem de bases de operações. (…) A transferência do trabalho das esquerdas dos operários para o meio estudantil está perfeitamente caracterizada por grande número de panfletos distribuídos aberta e acintosamente”, relata o documento, que faz referência específica à Federação dos Estudantes da UnB (Feub), presidida por Honestino Guimarães. O líder estudantil é definido no texto como “agitador decidido, que tem encontrado encorajamento na cobertura que alguns deputados da oposição lhe têm dado”. Honestino acabaria preso e morto nos porões da ditadura em 1973.

Inimigo
Na conclusão, o analista avalia que, até aquele momento, início de setembro de 1968, o governo não havia solucionado a questão. “Traduzido em uma série de medidas tomadas, não surtiram os efeitos almejados, como se vê na situação atual, em que se configuram nitidamente ações de guerra revolucionária em pleno curso.”

O analista reconhece que “muito terreno já foi perdido” e ressalta que seria necessário usar todos os meios na contraofensiva. “Caso o inimigo não seja combatido com todas as armas, a todo momento, por todos os meios e em qualquer terreno, as posições que já conquistou ficarão fortalecidas. E, assim, mais livre lhe ficará o caminho para a conquista de seu objetivo: a queda do regime”, conclui. No acervo do Cisa há centenas de informes relatando reuniões de alunos ou professores e até espionagem de discussão sobre o preço do bandejão.




O Globo - 24/4/2011

Linha direta com o terror

Agenda do sargento que morreu no Riocentro revela, após 30 anos, rede de conspiradores do período

Chico Otavio e Alessandra Duarte

Deixar que a bomba explodisse em seu colo não foi o único erro do sargento Guilherme Pereira do Rosário na noite de 30 de abril de 1981, no Riocentro. O "agente Wagner" do Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI I), principal centro de tortura do regime militar no Rio, também levava no bolso uma pequena agenda telefônica, contendo nomes reais, e não codinomes, e respectivos telefones, de militares e civis envolvidos com tortura e espionagem. Quatro deles eram ligados ao "Grupo Secreto", organização paramilitar de direita que desencadeou uma série de atos terroristas na tentativa de deter a abertura política.

Havia ainda nomes-chave da polícia fluminense, como o chefe de gabinete do secretário de Segurança e o chefe da unidade de elite policial da época, o Grupo de Operações Especiais, mais tarde Departamento Geral de Investigações Especiais, setor especializado em explosivos que tinha a responsabilidade de investigar justamente atentados a bomba como os patrocinados pelos bolsões radicais alojados na caserna.

Trinta anos depois do atentado que vitimou o próprio autor e feriu gravemente o então capitão Wilson Machado, O GLOBO localizou a agenda e identificou metade dos 107 nomes e telefones anotados pelo sargento. De oficiais graduados a soldados, de delegados a detetives, Rosário tinha contatos em setores estratégicos, como o Estado-Maior da PM e a chefia de gabinete da Secretaria de Segurança, além de amigos ligados a setores operacionais, como fábrica de armamento e cadastros de trânsito.



Terror de direita usou paraquedistas
A rede formada por esses contatos mostra onde se apoiavam as ações dos insatisfeitos com a abertura. Na segunda metade dos anos 70, o governo Geisel determinou a desmobilização da máquina de torturar e matar nos porões do regime, que mudou de direção, indo da brutalidade para ações de inteligência, com a reestruturação dos DOIs. Descontentes com as mudanças, sargentos como Rosário, sobretudo os paraquedistas arregimentados anos antes pela repressão, transformaram-se em braços operacionais de grupos terroristas de extrema direita. Rosário e sua turma foram buscar na ação clandestina, fora da cadeia de comando, o poder gradativamente perdido.

Recolhida pelo então tenente Divany Carvalho Barros, o "doutor Áureo", também do DOI, pouco depois da explosão, a agenda de Rosário só seria submetida à perícia 19 anos depois, em abril de 2000, no segundo IPM sobre o atentado. Porém, desde que o caso foi arquivado, naquele mesmo ano, o caderninho marrom, do tamanho da palma da uma mão e que trazia em seu cabeçalho a prece "Confio em Deus com todas as forças e peço a Deus que ilumine o meu caminho e toda a minha vida", permanecia esquecido em um envelope, num dos anexos do volumoso processo sobre o caso, no Superior Tribunal Militar (STM).

Para montar a rede do sargento, foi preciso cruzar nomes e números da agenda com catálogos telefônicos da época, e com telefones e endereços atuais, bem como outras fontes de informação. Para entender a rede, a lista de contatos foi dividida em cinco segmentos: integrantes do Grupo Secreto, do qual Rosário era provavelmente ativo protagonista; a comunidade de informações (incluindo militares até hoje envolvidos com arapongagem); agentes da Secretaria estadual de Segurança (polícias Civil e Militar, como integrantes do serviço de inteligência e de grupos de peritos em explosivos); representantes da sociedade civil, como empresas de construção civil e de equipamentos elétricos; além de um sub-reitor da Uerj que consta como tendo auxiliado quadros da repressão; e até meios de comunicação, cujos telefones seriam usados pelos terroristas para a comunicação de atentados.



IPMs ignoraram nomes da agenda
O atentado do Riocentro foi alvo de dois inquéritos policial-militares do Exército. O primeiro, em 1981, foi considerado farsa ao concluir que o sargento e o capitão foram vítimas, e não autores da ação. Já o segundo IPM, provocado pela reabertura do caso em 1999, mudou a versão oficial, comprovando o envolvimento da dupla do DOI, além de um oficial (Freddie Perdigão) e um civil (Hilário Corrales), mas ninguém foi levado a julgamento: o STM entendeu que os autores estavam cobertos pela anistia.

A agenda, porém, nunca foi considerada como pista para o esclarecimento do atentado e da ação dos terroristas do período. Se os investigadores se detivessem nos nomes anotados, teriam descoberto, por exemplo, que o aviador Leuzinger Marques Lima (para Rosário, Léo Asa) , um dos nomes do Grupo Secreto, participara da Revolta de Aragarças, contra o governo JK, ainda nos anos 50. No episódio, Léo Asa envolveu-se no sequestro de um avião da Panair e planejou com outros revoltosos jogar bombas nos palácios das Laranjeiras e do Catete.

Outro do Grupo Secreto no caderno de Rosário era o general Camilo Borges de Castro, cujo telefone pessoal reforça a tese de que o terror agia fora da cadeia de comando, sem respeitar a hierarquia. Castro era amigo do marceneiro Hilário Corrales, civil que integrava o grupo e que teria montado a bomba que colocaria Rosário na História política do país. O irmão de Hilário, Gilberto Corrales, também teve o nome anotado na agenda.

O coronel do Exército Freddie Perdigão Pereira foi o quarto nome do Grupo Secreto encontrado no caderno de Rosário. Apontado pelo projeto Brasil Nunca Mais como notório torturador, era o "dr. Nagib" do DOI I e da "Casa da Morte", em Petrópolis. Na época do Riocentro, estava na Agência Rio do SNI. O general Newton Cruz, chefe da Agência Central do órgão, chegou a admitir que Perdigão lhe falou do atentado antes de ele ocorrer.

Da Secretaria de Segurança, havia integrantes das polícias Militar e Civil com algum tipo de relação com o atentado. Um dos PMs na agenda, o segundo-tenente José Armindo Nazário, trabalhava no Estado-Maior da PM - justamente a unidade que deu ordem para suspender o patrulhamento no Riocentro na noite do atentado. Nazário também era ligado à inteligência da PM, a P-2. Em 69, foi designado pelo general Emílio Médici, então chefe do SNI, para servir em Brasília; em 73, foi para a divisão de Segurança e Informações do Ministério da Justiça.

Outro nome do caderninho é o do coronel da PM Hamilton Dorta, ex-sargento do Exército e chefe da P-2 de vários batalhões da PM nos anos 1970. De 1978 a 1981, ele foi subdiretor de segurança externa da Secretaria de Justiça, cargo ligado ao Desipe, no qual cuidava da inteligência de movimentações de presos comuns e políticos, e também da segurança de presídios, para evitar, por exemplo, ações de resgate. O telefone associado a Dorta na agenda pertencia ao Departamento Penitenciário da época.

Da Polícia Civil, um dos nomes identificados é o do delegado Sérgio Farjalla. Ex-instrutor de tiro da Academia de Polícia, ele também foi ligado à Delegacia de Polícia Política e Social (DPPS), órgão que investigava atentados a bomba na época. Mais tarde, Farjalla se tornaria um dos primeiros especialistas em efeitos especiais do país e abriria uma empresa especializada.

A agenda registra ainda o telefone de "Solange Tavares - esposa dr. Ilo". A advogada Solange era mulher do delegado Ilo Salgado Bastos, chefe de gabinete do secretário de Segurança nos anos 80 - na época, o secretário era Olavo de Lima Rangel, ex-Dops. Nessa função, Ilo, ex-Dops, ex-DPPS e próximo de alguns dos "Doze Homens de Ouro" da polícia, coordenava todas as delegacias distritais do Rio. Na secretaria, era um dos poucos a ter uma espécie de "telefone vermelho", um aparelho sem discador, só para receber ligações diretas do secretário.

A maioria das pessoas que constavam da agenda e que foram contactadas pela reportagem disse não se lembrar do sargento, mas não soube explicar por que seu nome estava na agenda.



De datilógrafo a um dos ‘principais agentes operativos do Grupo Secreto’



Sargento Guilherme do Rosário teria participado do atentado contra a OAB

Alessandra Duarte e Chico Otavio


A habilidade com a datilografia, aliada ao preparo físico, abriu as masmorras do regime ao sargento Guilherme Pereira do Rosário. Soldado lotado na burocracia da Companhia de Petrechos Pesados da Brigada Paraquedista, na primeira metade dos anos 1960, ele acumulou elogios e prestígio por ser “obrigado quase continuamente a trabalhar fora da hora do expediente e sem dias de descanso, com máquinas de escrever emprestadas”, como diz a sua folha de assentamentos, o histórico militar.
Cabelos castanhos médios e crespos, 1,78 metro, como o Exército o descreveu, Rosário serviu na Brigada de fevereiro de 1964 a outubro de 1972, sendo transferido para o Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI I) na condição de sargento (onde ficaria até a sua morte, aos 35 anos, em 1981). Porém, antes mesmo da mudança de unidade, já atuava na repressão, como escrivão de inquéritos políticos (era considerado exímio datilógrafo) e integrante de equipes que “estouravam” aparelhos.
Em 1970, foi convidado para ser escrivão de um inquérito (IPM), como auxiliar da 2ª Seção (Informações) da Brigada. Boletim interno de setembro daquele ano registra que, recrutado para integrar a equipe que estouraria “um aparelho subversivo” no interior do estado, Rosário teria sofrido um acidente da carro no caminho. Um fusca do grupo se chocou com um caminhão na estrada, ferindo o motorista, sargento Albano Affonso Baptista, e Rosário. “Mesmo ensanguentado, Guilherme preocupou-se com o cumprimento da missão”, escreveria depois o chefe da missão.
Na época da transferência, Rosário era um destacado agente operativo das equipes de busca e apreensão, as EBAs, embriões dos DOIs. A confiança do regime no sargento era tanta que nem mesmo a condenação de Rosário a seis meses de cadeia, pela 19ª Vara Cível de capital, por uma dívida não paga, abortou a ascensão do militar nos porões do regime. Logo depois, em 1975, ganharia a Medalha do Pacificador, honraria concedida pelos generais a torturadores e outros agentes da repressão.
Rosário soube retribuir a confiança. Não se abateu nem mesmo quando, em 1971, perdeu a filha de um ano. Atuar em “prisões que poderiam necessitar do uso da força”, sua especialidade inicial, era pouco para ele. Como integrante da Seção de Operações Especiais, escolado no beabá da repressão, quis desenvolver excelência em outras áreas da guerra à subversão — no ano em que morreu, por exemplo, fazia curso de analista de informações na Escola Nacional de Informações (EsNI).
Sua maior aposta, contudo, foi adquirir expertise em explosivos. Em depoimento ao IPM do Riocentro, em 1999, o-sargento da PM Joaquim de Lima Barreto, ex-DOI, da primeira equipe a fazer perícia no Puma, revelou que Rosário possuía “conhecimentos profundos” sobre bombas.
Joaquim, que trabalhava no Serviços de Recursos Especiais do Departamento Geral de Investigações Especiais da Polícia Civil, recordou-se que Guilherme esteve lá por duas ocasiões, “e que nestas ocasiões (em fevereiro ou março de 1981) o assunto era bombas, granadas, dispositivos sofisticados que tivessem recolhidos pelo seu serviço, sempre com o intuito do sargento de aumentar o seu conhecimento”.
A essa altura, Rosário já figurava como um quadro de grupos terroristas cevados pelo regime. Em depoimento ao livro “A direita explosiva no Brasil”, Gilberto Corrales (nome da agenda do sargento e irmão do marceneiro Hilário Corrales, artesão das bombas do “Grupo Secreto”), declarou que, se havia dúvidas sobre a participação de Ronald Watters na morte de Lyda Monteiro, secretária da OAB, no atentado à entidade em 1980, ”não existiam dúvidas sobre a atuação do sargento. De acordo com o livro, “era um dos principais agentes operativos do Grupo Secreto”.
Naquele ano, Rosário se envolvera num acidente doméstico suspeito, quando um botijão de gás explodiu em sua própria cozinha, queimando-lhe o peito e o rosto. Ao que parece, Rosário foi se meter a “sapador”, expressão utilizada nos quartéis para os militares que entediam de explosivos. Mas, como conta o capitão da PM Lindomar Cardeal, que serviu com ele na Brigada Paraquedista, “no quartel a gente ouvia a seguinte frase: ‘o sapador só erra uma vez’”.



Na agenda, os experts em explosivos da época



DGIE, frequentado pelo sargento Rosário, era justamente o órgão da polícia que investigava os atentados a bomba

Alessandra Duarte e Chico Otavio


Foi olhar nos jornais de 1981 a foto do sargento da PM Joaquim de Lima Barreto ao lado do Puma destroçado no Riocentro, e o coronel da PM Paulo César Amêndola reconheceu:
- Era o Barreto! Ele era do antigo Goesp. Aí eu soube que o nosso pessoal é que estava fazendo a perícia desse caso. O antigo Goesp, ou Grupo de Operações Especiais, na época já se chamava DGIE, ou Departamento Geral de Investigações Especiais, órgão da Secretaria estadual de Segurança que cuidava da perícia dos atentados a bomba tão comuns naquele início de abertura. E era o DGIE que o sargento Guilherme Pereira do Rosário tinha frequentado no início de 81, segundo depoimento dado pelo próprio Barreto num dos inquéritos do caso. O mesmo grupo que investigava atentados a bomba tinha ligações com quem participava deles.
Também eram do antigo Goesp dois nomes anotados por Guilherme do Rosário em sua agenda: José Paulo Boneschi e o próprio coronel Amêndola. Coronel da reser va, Amêndola diz não se lembrar de ter conhecido Rosário, ou o “agente Wagner”, codinome do sargento. Mas ele dá algumas pistas de como pode ter ocorrido a aproximação do sargento Rosário de pessoas do DGIE, ainda no início da formação do órgão:
- O Goesp foi formado nos anos 70 (pelo então secretário de Segurança, general Luís de França), para ser a elite da polícia. Ele teve só três turmas de formação, eu fui da segunda, em 70; a última foi em 72. Era uma unidade formada por PMs, policiais civis, bombeiros, corpo de salvamento. Pegaram gente que se destacava nesses grupos, e colocaram para treinar e fazer cursos na Brigada Paraquedista.
Era da Brigada Paraquedista que o sargento Rosário vinha. E ele já servia na brigada quando, nos anos 70, turmas de PMs da Secretaria de Segurança foram fazer treinamento com os paraquedistas, segundo lembra Lindomar Cardeal, então sargento paraquedista que servia com Rosário na época e era amigo dele. Cardeal, que chegou a participar como monitor de parte desse treinamento dos policiais, também está na agenda.
Após a formação das turmas, o Goesp começou a atuar sob a chefia do inspetor José Paulo Boneschi - outro anotado no caderninho de Rosário. Já falecido, Boneschi foi chefe de interrogadores no DOI-I e consta das listas de torturadores da repressão. No livro “Tirando o capuz”, Álvaro Caldas, torturado por ele, chega a descrever o inspetor como asséptico, sempre de roupa branca e limpa, e usando cabelo escovinha. Boneschi comandava “a entrada e a saída das equipes de busca, centralizando as informações que chegavam da tortura”, narra Caldas no livro.

Conhecimento também sobre bombas caseiras

Expertise obtida com empresas de construção e manuais da ALN
Nos anos 70, o Goesp foi gradativamente se tornando o grupo especialista em bombas da Secretaria de Segurança, a ponto de a unidade ter sido a precursora do atual Esquadrão Anti-Bombas. A expertise foi adquirida, por exemplo, com idas a empresas de construção civil e consultas a manuais de grupos ditos subversivos, como a ALN.
- Dentro do Goesp, éramos três a conhecer bem a área de explosivos: eu, Maulaz e Teobaldo - diz Amêndola, referindo-se a Carlos Alberto Maulaz, que mais tarde se tornaria um dos nomes de referência do Esquadrão Anti-Bombas, e Teobaldo Lisboa, ex-DOI, conhecido como um dos principais torturadores da repressão. - Li manuais do Exército, mas o Exército, na época, só conhecia explosivos militares mesmo, não os caseiros. Então, fomos conhecer os explosivos da indústria civil. O Teobaldo foi comigo em empresa de construção. E estudamos nos manuais da ALN, que havia no gabinete do secretário.
O Goesp, mais tarde Serviço de Recursos Especiais e em seguida DGIE, não era subordinado às Forças Armadas, diz Amêndola, mas apoiava suas missões. Uma delas foi a prisão de César Benjamin, na época um dos mais ativos integrantes do MR-8 de Carlos Lamarca:
- Fomos colocados num Hércules sem saber para onde estávamos indo. Envelope fechado na mão do piloto. Descemos na Bahia, e a missão era: capturar um rapaz que ia passar por uma praça de Salvador, que estava armado e levando dinheiro para o Lamarca. Era o César Benjamin.
Só na primeira metade dos anos 80, o DGIE foi responsável por investigar pelo menos 13 episódios de atentado a bomba. Em julho de 80, o órgão chegou a abrir uma sindicância para apurar apenas os atentados em bancas de jornal.
Em 27 de agosto daquele ano, quando uma carta-bomba explodiu na OAB e matou a secretária Lyda Monteiro, foi uma turma especializada do DGIE que chegou para inspecionar o local. Naquele mesmo dia, o órgão estava, ainda, na investigação das bombas que explodiram na Câmara de Vereadores e no jornal “Tribuna Operária”. O DGIE investigou, ainda, a desativação de uma bomba-relógio no escritório do advogado Sobral Pinto; a carta-bomba que quase explodiu na Sunab; e a bomba-relógio encontrada no Hotel Everest no dia em que lá estava hospedado Leonel Brizola.
Além do DGIE, a Delegacia de Polícia Política e Social (DPPS) - órgão ao qual estavam ligados outros nomes da agenda do sargento - também apurava os atentados a bomba da época, como, por exemplo, a explosão de uma bomba numa igreja em Nova Iguaçu em 1979, assumida pela Vanguarda de Caça aos Comunistas. Na época, a DPPS chegou a afirmar que “os atentados contra a OAB, a Câmara, a Sunab e as bancas de jornais estão sendo coordenados pela Vanguarda”.



Grupo alemão planejou sequestrar brasileiros



Relatório da Aeronáutica, mantido em segredo por mais de três décadas, mostra que empresários estavam na mira

Jailton de Carvalho


BRASÍLIA. O Baader-Meinhof, o mais radical grupo da extrema esquerda alemã na década de 70, planejou sequestrar empresários no Brasil. A informação consta de um relatório confidencial produzido pelo serviço de inteligência da Aeronáutica durante a ditadura militar. O documento, mantido em segredo por mais de três décadas, faz parte de um acervo de 50 mil textos e fotos que o Arquivo Nacional, de Brasília, franqueou ao público semana passada.
Os papéis mostram que a ditadura brasileira estava preocupada não apenas com os inimigos internos. O governo dos generais estava de olho também em possíveis conexões da esquerda brasileira com guerrilheiros do exterior, entre eles o Baader.
Pelo relatório, o Baader-Meinhof planejou sequestrar dirigentes da Daimler-Benz, Volkswagen e Basf no Brasil e levá-los, depois, para a Argélia. A ideia era trocar os sequestrados por militantes do Baader que estavam presos na Alemanha. Os líderes do Baader acreditavam piamente que a operação poderia dar certo, nem que para isso tivessem que matar alguns dos sequestrados.
“Não se recuaria da liquidação parcial de reféns, como reforço da exigência de libertação dos elementos presos”, diz o relatório, elaborado pela Aeronáutica em 11 de junho de 74.
Segundo o documento, os sequestros contariam com a ajuda dos Tupamaros, o mais forte grupo de guerrilha urbana do Uruguai. Os Tupamaros estaria até “treinando” os militantes do Baader para as operações na América do Sul.
“Esses planos (de sequestros) deverão ter início após a abertura dos processos contra os membros (do Baader) detidos”, avisa informe intitulado “Quadrilha Baader-Meinhof — Atividades Terroristas” da Aeronáutica distribuído entre os órgãos de inteligência vinculados ao Serviço Nacional de Informações, o extinto SNI. O relatório tem como fonte “serviço de inteligência de país amigo”.
O Baader, chefiado por Andreas Baader e Ulrike Meinhof, foi um dos principais grupos da extrema esquerda europeia. Militantes do grupo estariam por trás de pelo menos 30 atentados ao longo dos anos 60 e 70. Numa das primeiras ações de impacto, o grupo ateou fogo numa loja de departamento em Frankfurt.
Numa das ações mais ousadas, em 1977, militantes do Baader e da Frente para Libertação da Palestina sequestraram um Boeing 737, da Lufthansa, com mais de 90 pessoas a bordo. O avião, que saiu de Palma de Maiorca com destino a Frankfurt, foi levado para Mogadíscio. Os sequestradores queriam como resgate a libertação dos líderes Andreas Baader e Ulrike, entre outros, que já estavam presos.
Mas, depois de quatro dias de negociações, os sequestradores foram assassinados. Os principais líderes do grupo morreram na prisão, logo depois do fracasso do sequestro. A polícia alemã diz que cometeram suicídio coletivo. Mas, para militantes de esquerda, eles teriam sido executados por vingança.



Chefes do Baader tinham carisma de pop stars



Grupo conquistou adeptos entre jovens estudantes dos anos 70


BRASÍLIA. O Baader-Meinhof, batizado oficialmente de Fração do Exército Vermelho, foi tema do filme “O Grupo Baader”, que disputou o Oscar de melhor produção estrangeira, em 2009. Intelectuais de classe média, os chefes do Baader tinham carisma típico de líderes de bandas de rock. A diferença é que, em vez de guitarras, empunhavam armas. E os discursos virulentos contra o Estado não eram mera retórica. O grupo esteve várias vezes em frente de combate com as forças de segurança alemã.
O Baader conquistou adeptos sobretudo entre jovens estudantes ao longo dos anos 70 e 80. A banda brasileira Legião Urbana tem até uma música com o nome do grupo, Baader Meinhof Blues.
Entre os papéis secretos da Aeronáutica estão também relatórios sobre o Exército Vermelho Japonês, os Tupamaros e o guerrilheiro Ernesto Che Guevara, entre outros. Naquele período, influenciados por Guevara e pelo jornalista francês Regis Debray, explodiam movimentos guerrilheiros na América Latina, na Europa e até na Ásia.
Documentos foram entregues no ano passado
A Força Aérea Brasileira entregou os documentos ao Arquivo Nacional no ano passado a partir de uma ordem expedida pela presidente Dilma Rousseff, em 2006, quando ela ainda era a chefe da Casa Civil. A ordem foi transmitida a todas as estrutura do governo federal. Mas até o momento, ministérios e estatais que abrigaram núcleos de espionagem da ditadura ainda não atenderam as recomendações da presidente.
A supervisora do Arquivo Nacional em Brasília, Vivien Ishaq, cobra a entrega dos registros não só da Marinha e do Exército, mas também dos ministérios da Educação e de Minas e Energia, entre outros. Segundo ela, no Ministério da Educação poderiam ser encontrados relatos sobre a repressão a professores e estudantes. Nas universidades estavam boa parte dos focos de resistência a ditadura.
— Muita gente foi perseguida nas universidades. É importante reconstituir essa história — afirma Vivien.
No Ministério de Minas e Energia estariam registros sobre a atuação da ditadura contra os petroleiros. Os sindicatos dos petroleiros eram, naquele período, uma das organizações operárias mais fortes no choques com a repressão.
Segundo Vivien, ministérios e estatais dizem que não repassaram os documentos porque não acharam os papéis relacionados à ditadura.
A assessoria de imprensa do Ministério da Educação informou que, a partir desta segunda-feira, auxiliares do ministro Fernando Haddad farão buscas para tentar localizar os supostos registros da ditadura que estariam no arquivo central da instituição. A assessoria do Ministério de Minas e Energia não retornou as ligações do GLOBO.


EUA queriam rever negócios com Brasil para ajudar a depor Jango



Três dias antes do golpe, Casa Branca pediu orientação sobre quais medidas deveria tomar

Governo questionava embaixador se deveria "segurar a aprovação" de empréstimos para enfraquecer presidente

FELIPE SELIGMAN

DE BRASÍLIA

ANDREA MURTA

DE WASHINGTON


Em apoio ao golpe de 1964, a Casa Branca estava decidida a rever as relações econômicas com o Brasil para enfraquecer o governo do presidente João Goulart.
A informação consta de documentos secretos liberados pelo governo norte-americano e obtidos pela Folha.
Os papéis relatam uma reunião na Casa Branca em 28 de março de 1964, três dias antes do golpe, com conselheiros diretos do presidente Lyndon Johnson e agentes de alto escalão da CIA.
Esse encontro ocorreu após o recebimento de mensagem do então embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, com detalhes e pedidos para possível participação norte-americana no golpe para derrubar Jango.
Essa participação ficou conhecida como "Operação Brother Sam": o governo dos EUA discutiu a possibilidade de enviar navios, combustíveis e armamentos para auxiliar os militares golpistas.
Novos documentos mostram que os planos dos EUA não tratavam só de apoio militar. Um dos textos, que resume a reunião do dia 28, diz que a Casa Branca deveria telegrafar a Gordon: "Queremos que o embaixador reveja nossas relações econômicas e financeiras com o Brasil e nos recomende quais ações devemos tomar".
No mesmo dia, esse telegrama é enviado ao Brasil e fala em medidas concretas, como abandonar ou modificar negociação sobre a dívida brasileira e repensar as taxas de importação de café.
A Casa Branca questiona se deveria "abandonar, reduzir ou modificar de alguma forma a estratégia de negociação da dívida para evitar fortalecer o prestígio de Goulart". E mais: "Devemos segurar a aprovação ou o anúncio de empréstimos assistenciais? Outras medidas não militares são desejáveis para polarizar mais a situação em detrimento de Goulart?"
Gordon pediu o envio de armas sem identificação serial ou fabricadas fora dos EUA. A Casa Branca, porém, viu dificuldades em fornecer armamento "que não fosse depois atribuído a uma operação secreta dos EUA".
Um dos memorandos do Estado-Maior americano, datado de 31 de março, detalha ordens de envio de força-tarefa naval para a região de Santos para "estabelecer presença dos EUA nesta área".
Também neste caso aparece a preocupação de não expor os EUA: "Não sabemos se podemos oferecer disfarce plausível para a força naval".
As medidas não chegaram a ser executadas, porque Jango não resistiu ao golpe.


Governo buscou o apoio do "New York Times" ao golpe



DE WASHINGTON

DE BRASÍLIA


A Casa Branca tentou fazer com que os maiores jornais americanos publicassem textos críticos a João Goulart e favoráveis aos militares antes do golpe de 1964.
Memorando que resume reunião de integrantes do governo Lyndon Johnson em 28 de março de 1964 mostra intenção de pedir ao "New York Times" e ao "Washington Post" apoio à saída de Jango em "editoriais satisfatórios, chamando a atenção para a situação no Brasil".
Temia-se, porém, o risco de os jornais não seguirem a linha desejada: "Isso teria de ser gerenciado com cuidado, pois o editorial poderia facilmente sair insatisfatório".
A estratégia é comum nos EUA e foi usada pelo então presidente George W. Bush (2001-2009) para obter apoio à Guerra do Iraque. Boa parte dos jornais fez posteriormente mea-culpa por ter cedido à pressão da Casa Branca.
Em 1964, o plano só funcionou em parte. Instados ou não pelo governo americano, os jornais criticaram Jango. Em 3 de abril, o "New York Times" publicou editorial dizendo que "Goulart era um general sem regimento" e, no dia 7, que sua gestão era ruim de todos os pontos de vista.
O "Post" disse em 3 de abril que Jango era um oportunista errático "com poucos talentos". Mas eles também criticaram os golpistas.
"A impressão é que, para defender o país da subversão totalitária, os novos governantes estão usando métodos totalitários", escreveu o "Post". "A saída [de Jango], ainda que desejável, não precisa e não deve levar a uma ditadura", afirmou o "NYT".
Consultado sobre a pressão da Casa Branca em 1964, o "New York Times" disse não ter dados tão antigos, mas que seu "conselho editorial se reúne com integrantes de governos do mundo todo há mais de cem anos".

ANDREA MURTA e FELIPE SELIGMAN





12/05 - Organizações subversivas atuantes antes da Contra - Revolução
O início da década de 1960,com a posse de Jango na Presidência da República, caracterizou-se por galopante e variada infiltração comunista no país, em todos os níveis da administração pública. Houve por parte do governo uma grande abertura política para a extrema esquerda, o que favoreceu vários movimentos subversivos Atuavam ativamente, além do PCdoB , do PORT, das Ligas Camponesas  entre outras as seguintes organizações:
Ação Popular    
Um grupo de esquerda na Igreja Católica, composto entre outros, por Dom Hélder Câmara, Dom Antônio Fragoso, os padres Francisco Lago, Alípio de Freitas e pelos jovens da esquerda católica - Juventude Operária Católica (JOC),  Juventude Universitária Católica (JUC) e Juventude Estudantil Católica (JEC) - divergia na forma de ação. Os integrantes mais radicais desses grupos de jovens, impedidos de exercer atividades políticas no seu meio, se agruparam e se estruturaram dentro de novas concepções.
Despertados pelo ideal da “Revolução Brasileira”, organizaram um novo grupo, que contava, em sua grande maioria, com universitários, intelectuais e artistas.
Em janeiro de 1962, em São Paulo, criou-se o Grupo de Ação Popular.
Em junho desse mesmo ano, em Belo Horizonte, foi aprovado um documento que alterou o nome da organização para Ação Popular, sendo eleita uma coordenação nacional.
Desde o início, a AP teve também um ramo da linha protestante. Um dos seus líderes foi  Paulo Stuart Wright*, considerado desaparecido político.
Sempre caminhando para a esquerda, orientando-se pela linha chinesa e cada vez mais se aproximando do PCdoB, tornou-se dia a dia mais radical.
Em fevereiro de 1963 foi realizado o I Congresso da AP, considerado oficialmente como o seu Congresso de Fundação.
Seus principais fundadores, na maioria líderes estudantis, foram: Herbert José de Souza (Betinho); Aldo Arantes; Luís Alberto Gomes de Souza; Haroldo Borges Rodrigues Lima; Cosme Alves Neto; Duarte Pereira; Péricles Santos de Souza; Vinícius Caldeira Brandt; Jair de Sá; e José Serra.
Antes de 1964 já circulava o jornal Ação Popular, porta-voz das ideias revolucionárias do movimento.
Todos teriam papel de destaque nos atos de subversão e violência no período pós Contrarrevolução de 1964.
Como se pode observar  a AP atuava  subversivamente no meio estudantil muito antes da Contra-revolução de 1964.
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POLOP
Em 1960, o núcleo leninista do Rio de Janeiro, que representava a corrente da esquerda marxista independente e publicava a revista "Movimento Socialista", juntando-se a dissidentes do Partido Socialista Brasileiro -PSB -, elaborou um documento propondo a criação de um "partido revolucionário da classe operária" e apresentou um projeto de estatuto.
À proposta do grupo do Rio de Janeiro, juntaram-se a "Liga Socialista" de São Paulo, membros da "Mocidade Trabalhista" de Minas Gerais, e elementos da Bahia, de Goiás, de Brasilia, de Pernambuco e do Paraná.
Num verdadeiro cadinho ideológico, independentes e dissidentes trotskistas do PCB reuniram-se no interior de São Paulo, em fevereiro de 1961, e realizaram o Congresso de Fundação da Organização Revolucionária Marxista - Política Operária - ORM-PO -, mais conhecida como POLOP ou, simplesmente, PO. Seus principais ideólogos eram  Erico Czackz, Eder Simão Sader, Rui Mauro de Araújo Marini e Teotônio dos Santos, os dois primeiros mais conhecidos como, "Ernesto Martins" e "Raul Villa". A POLOP defendia o caráter da revolução brasileira como sendo "socialista", ao contrário do PCB que a caracterizava como "nacional-democrática". Enquanto o PCB propunha a constituição de uma "frente única" congregando a "burguesia e o proletariado", a POLOP lutava pela formação de uma "frente dos trabalhadores da cidade e do campo", excluindo a burguesia. Visualizava, também, a criação de um grande partido revolucionário a partir de uma "Frente da Esquerda Revolucionária" - FER -, que congregasse as diversas "vanguardas" existentes fora da esfera da influência "reformista e colaboracionista" do PCB.
Em seus primeiros anos, até 1964, a POLOP viveu a fase da "luta ideológica contra o reformismo dominante". Em julho de 1963, no Rio de Janeiro, realizou o II Congresso Nacional, quando transformou o seu boletim "Política Operária" em jornal e, mais tarde, no inicio de 1964, em revista. Por decisão do Congresso, a organização deveria buscar uma atuação mais efetiva junto ao operariado, procurando a efetivação da FER juntamente com o PCdoB, com a Ligas Camponesas e alguns trotskistas.
Recrutou militares nacionalistas e, em 1963, a POLOP apoiou e orientou a subversão dos sargentos em Brasília e concitou o PCB, por meio de uma "Carta Aberta", a romper com o reformismo e com o Governo de João Goulart.
Em março de 1964, em São Paulo, pouco antes da Contra-Revolução, realizou o seu III Congresso Nacional, no qual se colocou contra a Campanha pela Constituinte, defendida pelo PCB e por Brizola. A Contra-Revolução de 31 de março de 1964 encontrou a POLOP às voltas com discussões teóricas internas e na incipiente tentativa de penetrar no meio operário, até então impermeável a essa organização de origem intelectual burguesa ( Projeto Orvil).
Nilmário Miranda e e Dilma Rousseff iniciaram suas militâncias nessa organização.
Mais adiante escreveremos sobre  as organizações  que  se originaram com membros da POLOP.




Memórias reveladas
Demo-nos o direito de provar que estamos vivos! Façamos ressurgir na memória de todos os soldados o Dia 31 de Março de 1964. Realizemos palestras e leituras de Ordens do Dia! Mostremos que esse dia continua bem vivo em nossas mentes e corações!
José Geraldo Pimentel
Passei inúmeras vezes à frente do prédio do Arquivo Nacional, localizado na Praça da República, 173, Centro, Rio de Janeiro, RJ, e nunca me despertou o interesse em visitá-lo, ou, ao menos, imaginar o seu tipo de acervo. Esta semana, no entanto, ao passar à frente do Arquivo Nacional, vi estampada na fachada do prédio uma referência à ‘Memórias Reveladas’.
O Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, - denominado ‘Memórias Reveladas’, é um órgão criado para coletar matérias relacionadas com os acontecimentos dos governos militares. Mas nada que esclareça os verdadeiros fatos da época. O objetivo é reescrever a história, mostrando apenas um lado dos fatos, transformando militantes da luta armada, em combatentes da liberdade, que lutaram contra o regime militar, em defesa da democracia. O lado obscuro da história não contam, quem os têm feito com propriedade são dissidentes da luta armada, que abandonaram o barco tão logo se aperceberam que os companheiros lutavam, na realidade, não para derrubar os governos militares, e, sim, para implantar no país um regime semelhante ao em vigor em Cuba e satélites da ex URSS.
O projeto ‘Memórias Reveladas’ foi formalizado pela então ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, senhora Dilma Vana Rousseff. É um dos inúmeros instrumentos voltados para vilipendiar a imagem das Forças Armadas brasileiras.
Os derrotados de ontem perderam a batalha, mas não perderam a guerra; continuam agindo firmes, criando CD-ROM, inaugurando Museus, exposições fotográficas, realizando palestras e incorporando pelos estados novas ‘vítimas’ da Ditadura Militar, através da ‘Caravana da Anistia’, que passam a receber indenizações e pensões; privilégio que não contemplam familiares e vítimas dos militantes da luta armada. O que os comunistas praticaram não é levado em conta. Mataram, roubaram, seqüestraram, tudo em nome da causa. ‘Os meios justificam os fins!’, é o que devem pensar!
As FFAA são humilhadas, simplesmente porque está faltando homens na cadeia de comando. O que se vêem encastelados em cargos de comandantes militares, comandantes de grandes unidades e departamentos, são criaturas sem expressão militar. Indivíduos que não são talhados para a função. Os critérios que os têm levado a esses cargos são o de subserviência, de omissão, de covardia e de falta de princípios éticos e morais. São verdadeiros mercadores de medalhas. São capazes de pisar no pescoço da própria mãe para se darem bem na vida. Agem como mercenários. Vendem-se por trinta dinheiros.
Se houvesse um homem, apenas um, à frente de uma das Forças, os comuno-petistas não teriam ganho tanta força no cenário nacional. Não estaríamos sendo tratados como a bosta do cavalo do bandido!
Atualmente ser militar, é ser tratado como um ‘Zé’ ninguém. Pertence à carreira de Estado, mas ‘por fazer parte de um contingente grande’, segundo palavras do ex ministro da Defesa, Nelson Jobim, não pode receber um salário condizente com a carreira e a sua importância no contexto nacional. É-lhe negado assistir a uma parada militar no mesmo palanque das autoridades civis. O único direito que lhe assiste é chancelar as perfídias que destratam as FFAA, como o documento que declara que na Academia Militar das Agulhas Negras se tortura os cadetes. Concordar com a criação da Comissão Nacional da Verdade e aceitar que se adulterem a lei que a criou, centrando os trabalhos nos acontecimentos dos governos militares, com um propósito bem definido: levar ao banco dos réus os agentes do Estado que lutaram contra os militantes da luta armada. Permitir que os ‘militares do passado’ sejam convocados e inquiridos por essa comissão; que de verdade só tem o nome, pois se transformou numa ‘comissão da calúnia’. Se não bastasse, cala-se quando os militantes da luta armada são excluídos da investigação.
Essa covardia explicita não é privilégio só dos comandantes militares. A maioria dos oficiais ‘da nova geração’ faz-se de desentendida e cala-se, como se a situação no país fosse de normalidade. Discrimina os colegas que atuaram como agentes do Estado reprimindo a desordem que campeava no país.
“- Não fizemos parte da revolução!”, dizem muitos, sem conhecimento da história.
Sentem-se elogiados quando ex terroristas e ex guerrilheiros, os diferenciam dos ‘militares do passado’.
O corporativismo faz parte de seu modus operandi. Está sempre floreando as opiniões de um ou outro companheiro que aborda o assunto, via de regra com muita sutileza para não ir contra os que são citados nas matérias. Quando um colega é mais contundente, - de patente inferior, - e vai fundo no âmago da questão, se omite, não tocando no assunto. ‘Só elogiamos o pessoal do nosso círculo!” é o que pensam. As FFAA precisam caminhar unidas!
Resultado: A canalhice que impera nos altos escalões é admitida pela mantilha de milicos covardes, que não honram a farda que vestem.
Os detratores das FFAA percebem esta fraqueza e vão fundo no esculacho contra os militares. “Militar faz continência. Se não reage, é porque é covarde, mesmo!” E baixam o pau!
Os militares se preocupam com o futuro: Uma promoção, um cargo na reserva, e muita mordomia. As FFAA não fazem parte de suas preocupações. Só têm autoridade para punir um subordinado. Diante de uma cadela ordinária, como a ministra-chefe da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, que se acha a dona do mundo, transformam-se em ‘macho-man’. São tratados como cachorros, e como cachorros agem!
Esses silêncio obsequioso precisa acabar.
O Dia 31 de Março vem aí, vamos ver quantos coronéis comandantes de unidades espalhadas pelo país, irão ter a coragem de organizar uma palestra alusiva à data! Estou aqui pronto para divulgar os eventos!
Demo-nos o direito de provar que estamos vivos! Façamos ressurgir na memória de todos os soldados o Dia 31 de Março de 1964. Realizemos palestras e leituras de Ordens do Dia! Mostremos que esse dia continua bem vivo em nossas mentes e corações!
Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2013.

















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