Preâmbulo
O texto abaixo reúne o depoimento de várias personalidades, entre militares e civis, e a sequência dos atos do Governo dos cinco generais-presidentes, tidos pelos entrevistados como "acertos".
O texto abaixo destina-se principalmente aos jovens do Brasil, que conhecem a História recente de nosso País da boca de quem pretende reconstituir os fatos históricos, dentro da ótica marxista da esquerda derrotada pelos militares, não a verdadeira História, que deveria ser contada sem parcialidade.
Houve erros, sim, mas principalmente houve muitos acertos durante o governo dos generais, de Castello a Figueiredo, que fizeram o Brasil se tornar a 8a. potência econômica. Esses acertos eu pincei para você, leitor, especialmente leitor jovem, da "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964", editado em 2003 pela Biblioteca do Exército Editora.
Em breve, publicarei o "fichamento" dos 15 Tomos da História Oral do Exército - 1964, com cerca de 556 páginas, um extrato do que julgo ser o mais importante divulgado pela coleção histórica da Bibliex.
Prezado jovem: quando aquele seu professor (marxista) de História, Geografia, Comunicação Social, Antropologia ou Sociologia, vestindo a camiseta do serial killer Che Guevara, começar a falar que os 21 anos de governo dos militares só resultaram em perseguição política, tortura e morte, esfregue esse texto na fuça do farsante.
Félix Maier
ACERTOS
DA REVOLUÇÃO DE
31 DE MARÇO DE 1964
Autoria: Depoimento de militares e civis à "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964"
“Se
reduzirmos ou eliminarmos a miséria, a ignorância, a corrupção, a exploração
política e os desníveis sociais, o comunismo morre de inanição”
(Tenente-Coronel Idalécio Nogueira Diógenes, Tomo 4, pg. 188).
O
Brasil era formado por “ilhas”; virou Continente
“Quem conheceu o País, como
conhecemos, antes de 1964, sabe que para viajar de Fortaleza para Teresina,
levava-se 24h com pernoite em Serra
Grande. O Brasil transformou-se, o Brasil mudou, com as hidrelétricas, com os
portos, com as estradas, com a indústria naval, com a indústria de ponta de
fibra ótica, com os aeroportos. O Brasil era considerado como um conjunto de
ilhas populacionais isoladas. Tudo mudou neste País: as universidades foram
ampliadas, o Brasil cresceu e se transformou na oitava economia do mundo. O
brasileiro passou a confiar mais em si mesmo e a fortalecer a vontade nacional.
O novo Brasil, o Brasil do Maracanã, com o povo, de pé, aplaudindo o Presidente
Médici. O que se fez por este País não tem preço. Agora, o pior de tudo isso é
que aqueles que foram derrotados e, hoje, encontram-se no Poder, nada fizeram.
Até a Petrobras vê-se ameaçada de perder seus avanços e conquistas tecnológicas
e a sua própria nacionalidade. Se não fosse 1964, o que seríamos hoje?”
(General-de-Divisão Francisco Batista Torres de Melo, Tomo 4, pg. 65).
As
Forças Armadas impediram a criação das “FARB”
“Se perdêssemos, talvez
estivéssemos hoje enfrentando, como a Colômbia, quem sabe, as FARB – irmãs das
FARC – ou seja, as Forças Armadas Revolucionárias do Brasil. Aí, os
esquerdistas estariam exultantes!... E os verdadeiros brasileiros – aqueles que
realmente amam este País – atormentados e desprestigiados como acontece hoje,
com os nossos vizinhos colombianos” (Coronel Irtonio Pereira Rippel, Tomo 10,
pg. 374).
Obs.:
Em
6 décadas, as FARC deixaram saldo de 260.000 mortos, tendo a Colômbia mais de
50 milhões de habitantes (dados de 2020) - – cfr. https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/farc-deixaram-mais-de-260000-mortos-na.html.
No
Brasil, com população 4 vezes maior (mais de 209 milhões em 2020), quantos
mortos haveria se a Guerrilha do Araguaia fosse vitoriosa, consolidando-se uma
suposta “FARB” durante 5 décadas? Mais de 1.000.000 de mortos?
F.
M.
Pleno emprego
“Não havia desemprego, ao
contrário, o nível de emprego crescia de forma a absorver perfeitamente os
jovens que demandavam o mercado de trabalho. No eixo Rio-São Paulo, executivos ganhavam mais do que seus similares
americanos ou europeus. Kombis das empresas de construção civil recrutavam
mão-de-obra no ABC paulista com alto-falantes oferecendo bons salários e
confortos nos alojamentos. Um
metalúrgico parcimonioso ganhava o bastante para comprar um fusca novo.
Criou-se a Portobras, que
começou a se preocupar não só com os portos marítimos, mas com hidrovias
interiores, como a Tietê-Paraná.
A partir de 1964, reduziu-se
substancialmente a inflação, que no desgoverno Goulart era de 96%, para 12% ao
ano, o que se verfificou no primeiro decênio da Revolução, período em que as
nossas exportações decuplicaram de 1,2 bilhão de dólares para 12 bilhões,
chegando mais tarde a 22 bilhões de dólares.
Uma pesquisa do IBOPE,
realizada em junho de 1971, em pleno Governo Médici, atribuíra-lhe 82% de
aprovação. Em 1972, a economia crescia a 11,9%, a maior taxa de todos os
tempos. Era o quinto ano consecutivo de crescimento superior a 9%. A renda per
capita dos brasileiros aumentara 50%.
(...)
No campo psicossocial,
através da criação do Banco Nacional da Habitação, conseguiu a Revolução de
1964 dar casas para uma parcela significativa da população. O meu primeiro
apartamento foi adquirido com o empréstimo do BNH, o que ocorreu com inúmeros
brasileiros. Ao mesmo tempo, reduziu o analfabetismo, com a criação do Mobral;
criou o Projeto Rondon, que levou ao interior do Brasil, particularmente à
Amazônia e à fronteira Oeste, profissionais de saúde e professores que
modificaram o perfil da saúde e da educação naquelas longínquas regiões. Ainda
no campo da Educação, assegurou a presença de mais de dez milhões de estudantes
nos bancos escolares, realizando uma revolução no setor do ensino
universitário, com um substancial incremento do número de vagas no nível
superior. O Funrural – o maior programa de distribuição de renda do mundo – teve
um alcance invejável, beneficiando cerca de quarenta milhões de trabalhadores
rurais, sustentando a economia de mais de oitenta por cento dos nossos
municípios” (General-de-Brigada Geraldo Luiz Nery da Silva, Tomo 10, pg.
228-229).
Telecomunicações:
entre as mais avançadas do mundo
“Lembro-me de uma profissão
que havia naquela época aqui no Rio de Janeiro. Era o garoto contratado para
ficar tentando conseguir linha [telefônica]. Era um garoto de 13, 14 anos,
contratado para ficar numa sala com um telefone para conseguir a bendita linha”
(Coronel Romeu Antonio Ferreira, Tomo 9, pg. 368).
“Na área de infra-estrutura,
foram remodelados, para atenderem a exigências futuras, todos os portos
fluviais e marítimos, e os aeroportos; foram construídas a Ponte Rio-Niterói, a
Estrada do Aço, rodovias e ferrovias. Itaipu, que é a maior hidrelétrica do
mundo, interligada a outras usinas energéticas, como Boa Esperança e Tucuruí,
deus as condições de desenvolvimento que nos permitiram dizer, com orgulho, que
temos o maior parque industrial da América Latina. Isto se deveu a Itaipu e às
que foram citadas, construídas nos governos militares.
No campo das
telecomunicações, criou-se tudo o que ainda existe hoje. De fato, em 1964,
praticamente nada tínhamos neste setor, mas em 1974, dez anos depois, em menos
de um minuto ligávamos, por telefone da melhor qualidade, com qualquer ponto do
território nacional. Ainda no Governo do Presidente Médici, foi inaugurada a
televisão a cores, que não deixava nada a desejar em relação às melhores do
mundo. Os sistema de telecomunicações do Brasil, implantado durante os governos
militares, foi considerado empreendimento tecnológico de país desenvolvido, que
se deveu à alta qualidade dos técnicos formados pelo nosso Instituto Militar de
Engenharia (IME), entre os quais os Ministros das Comunicações, o Coronel
Higino Corsetti e o Comandante Euclides Quandt de Oliveira. Assim, o IME
tornou-se uma entidade de primeira grandeza na preparação de excelentes
profissionais técnicos, como estes que atuaram na área das comunicações.
(...) Na educação, foram
adotadas as seguintes medidas, entre várias outras: aumentar a escolarização,
da faixa dos sete aos 14 anos, que passou, entre 1970 e 1980, de 67% para
83,7%; incrementar a matrícula nas universidades, que subiu, entre 1964 e 1981,
de 100 mil para 1,3 milhão; estímulo substancial ao ensino dos 1º. e 2º. graus;
reestruturação da educação básica (1º. grau), que passou de quatro para oito
anos; estímulo e subsídios ao ensino do 3º. grau (superior), através do
Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq); do Fundo de Financiamento para Estudos e
Projetos (FINEP) e da Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), de modo que, no início dos anos de 1980, já havia enorme rede
de mestrado e doutorado e a institucionalização da pesquisa.
Nos meios urbano e rural,
para atender às populações mais carentes, foram criados os Programas Nacionais
de Ações Sócio-Educativas e Culturais (PRODASEC, meio urbano; e PRONASEC, meio
rural; Programa de Expansão e Melhoria da Educação Básica do Meio Rural
(EDURAL) e Programa de Apoio às Populações Carentes da Zona Canavieira do
Nordeste (PROCANOR).
Quanto à saúde, tem-se que
atentar para a complexidade crônica do problema. Sempre houve duas estruturas:
a de saúde pública, que cuidava da medicina preventiva, e a previdenciária (dos
Institutos de Aposentadoria e Pensões), à qual cabia a medicina curativa. Já se
pode visualizar que a grande maioria do povo era excluída das condições de
tratamento de saúde. Os governos revolucionários tentaram de várias formas
unificar essas estruturas, pouco conseguindo. Criaram-se várias entidades de
saúde, com vistas a essa unificação: o Sistema nacional de Saúde, o Programa de
Interiorização das Ações de Saúde (PIASS), o Prev-Saúde, o Conselho Consultivo
de Administração Previdenciária (CONASP) e as Ações Integradas de Saúde (AIS).
Estas últimas conseguiram transferir mais recursos federais para Estados e
Municípios, aumentando os níveis de equidade e universalização dos atendimentos
e estimulando a produtividade dos órgãos de saúde em todos os níveis, criando
programações conjuntas, evitando a duplicidade de esforços.
Com relação à Assistência
Social, várias foram as iniciativas tomadas: a criação do Banco Nacional de
Habitação (BNH); o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL); o
Estatuto da Terra; implantação da Lei Orgânica da Previdência Social (aprovada
desde 1960), unificando-se a Previdência com a criação do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS), que passou a atender a outras classes de
trabalhadores – empregados domésticos, jogadores de futebol, garimpeiros,
estudantes, ministros religiosos e outros; o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS), ligado à política habitacional; o Programa de Integração Social
(PIS), financiado pelas empresas privadas. O Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (PASEP), financiado pelos órgãos governamentais.
Para se ter uma noção mais
ampla de todas as realizações da Revolução de 1964, sugiro a leitura do livro
do Coronel Ivany Henrique da Silva – Heróis a Lutar – em particular o seu
Capítulo 12, que apresenta um relato completo dessas realizações (Blue Chip Gráfica
e Comunicação Ltda – Rua Cardoso Marinho, no. 18ª – 20220-370 – Santo Cristo –
Rio de Janeiro – RJ)” (Coronel Luciano Moreira de Souza, Tomo 4, pg. 125-127).
“A telefonia teve um
extraordinário desenvolvimento. Em 1964, eu passava doze horas num posto
telefônico, na Avenida Rio Branco, para conseguir ligação para a Cidade de
Fortaleza. Nove anos depois, em 1973, estive em Nova York e pude verificar que
já estávamos chegando ao nível da telefonia americana. Isto se deve a dois
ministros, engenheiros militares, um da Marinha e outro do Exército,
respetivamente, o Comandante Euclides Quandt de Oliveira e o Coronel Higino
Caetano Cosetti. Os dois eram fabulosos técnicos de comunicações. Corsetti,
foi, inclusive, nosso instrutor na AMAN” (Engenheiro João Paulo Simões Accioly
de Carvalho, Tomo 12, pg. 292-293).
Dados
estatísticos da Revolução
“Dentre os renomados civis
que defenderam a Revolução por seus feitos, destacamos a douta conferência do
Engenheiro Glycon de Paiva, diversas vezes divulgada, em nível nacional,
inclusive na Carta Mensal de setembro de 1984, publicação de alto nível
intelectual do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio.
Falei na Carta Mensal de
setembro de 1984, porque, como o senhor destacou, a partir de 1985, o ‘revanchismo’
impediu qualquer referência positiva na Imprensa sobre o período da Revolução.
É proibido divulgar!...
Justo e correto seria
lembrar e avaliar o progresso do Brasil na vintena revolucionária de dezembro
de 1963 a dezembro de 1983, mas os acéticos escondem os números que dão ao
período extraordinária expressão. E aí, Glycon de Paiva dá uma série de
exemplos como a capacidade instalada de energia elétrica que passou de 4.480
megawatts para 35.000 megawatts, um crescimento superior a nove vezes.
No intervalo considerado, o
maior aumento de potencial elétrico de todo mundo foi o do Brasil. O nosso País
passou para o terceiro potencial do mundo em setembro de 1984, quando a
Revolução se preparava para deixar o Governo.
A produção do aço cresceu de
2,8 milhões de toneladas/ano para 18 milhões, um crescimento de 600%. A
produção de automóveis passou de 174.000 unidades ano para 880.000, aumento
superior a cinco vezes, e, logo, alcançou a casa de um milhão por ano.
A produção de petróleo subiu
de 98 mil barris/dia para 340 mil, aumento superior a três vezes. A exportação
anual do Brasil subiu de 1,4 bilhão de dólares em dezembro de 1963 para
aproximadamente 22 bilhões de dólares em dezembro de 1983, 15 vezes maior.
Em 1964, o País tinha 75
milhões de habitantes e a nossa renda per capita era de 400 dólares, sendo o
PIB (Produto Interno Bruto) de 25 bilhões de dólares. No vinteno, a renda per
capita atingiu 2 mil dólares, mesmo com a população crescendo para 125 milhões
de habitantes. O PNB cresceu 1.450%, chegando a 295 bilhões de dólares.
Dois dados do campo social
merecem ser ressaltados. No ensino superior, demos um salto de 120 mil
universitários para 1,3 milhão, um crescimento de 1.000%. O outro número
importante refere-se à quantidade de habitações construídas com base nos
financiamentos do Banco Nacional da Habitação (BNH), que cresceu de 100 mil
unidades para 4 milhões e duzentos mil, o que corresponde a um aumento de 42
vezes.
(...)
Concluindo, parece-me
importante repetir que, para alcançar esses resultados, nos apoiamos, em boa
parte, na poupança alheia, cerca de 60 bilhões de dólares, em termos reais,
sobretudo a partir do Governo Geisel, uma vez que ao final do Governo Médici a
nossa dívida não chegava a US$ 8 bilhões. Adquirimos no exterior equipamentos
pesados para ampliação de quatro usinas siderúrgicas e para a instalação de
mais três, assim como para o estabelecimento de dois pólos petroquímicos e para
a metalurgia do cobre, do zinco e do níquel.
Para
a realização das conhecidas obras ciclópicas monumentais, colossais, acrescentamos
o pedido de novos empréstimos para rodovias, telecomunicações, saneamento
básico e habitação. A consequência foi o natural endividamento nacional,
especialmente no Governo Geisel que passou ao seu sucessor uma dívida de US$ 40
bilhões, cerca de cinco vezes maior do que recebera do Presidente Médici,
apesar de que os gastos redundaram num aumento substancial da nossa
infraestrutura capaz de permitir um grande crescimento.
Os
governos posteriores civis, Sarney e Collor, Itamar e Fernando Henrique –
aumentaram enormemente essa dívida. Com eles, a dívida se ampliou
assustadoramente, sem um retorno de investimentos que justificasse tal
endividamento. Esse é um dos maiores problemas a serem resolvidos, que tornam
extremamente vulnerável a economia do País como um todo. Aí, está, também, uma
diferença fundamental entre o período revolucionário, onde a dívida tinha uma
contrapartida de crescimento real, e o período posterior, onde a dívida cresceu
absurdamente sem ninguém constatar nenhum crescimento razoável da economia
brasileira” (Coronal Hernani D’Aguiar, Tomo 9, pg. 193-194).
Obs.
Em 9/4/2020, o Professor de Economia
Ricardo Bergamini publicou a evolução da dívida total brasileira, de 2002 até
fevereiro de 2020. Bergamini dá destaque à dívida interna em poder do Banco
Central, que não é lembrada na mídia – uma verdadeira “pedalada fiscal”.
No início do Governo Lula da Silva, a
dívida estava em cerca de R$ 1,104 trilhão. Em fevereiro de 2020, chegou a
6,182 trilhões. Confira tabela abaixo.
F. M.
Dívida Líquida
Total da União (Interna e Externa)
Fonte ME - Base R$ bilhões
Itens
|
2002
|
% PIB
|
2010
|
% PIB
|
2018
|
% PIB
|
Fev/20
|
% PIB
|
Dívida Interna Em Poder do Mercado
|
558,9
|
37,54
|
1.603,9
|
41,28
|
3.728,9
|
54,13
|
4.099,9
|
55,94
|
Dívida Interna Em Poder do Banco Central
|
282,1
|
18,95
|
694,0
|
17,86
|
1.794,3
|
26,04
|
1.901,6
|
25,94
|
Dívida Externa Líquida
|
262,9
|
17,66
|
90,1
|
2,32
|
148,2
|
2,15
|
181,1
|
2,47
|
Dívida Total Líquida
|
1.103,9
|
74,15
|
2.388,0
|
61,46
|
5.671,4
|
82,32
|
6.182,6
|
84,35
|
PIB 2002 – (R$ 1.488,8 bilhões); PIB
2010 – (R$ 3.885,8 bilhões);
PIB 2018 – (R$ 6.889,2 bilhões).
Previsão do PIB 2020 – (R$ 7.329,4 bilhões).
Hoje é dia de divulgação da dívida da
União com base em fevereiro de 2020 e, como sempre, a imprensa omite o estoque
da dívida em poder do Banco Central no montante de R$ 1.901,6bilhões (25,94% do
PIB), sendo essa a parte mais importante da dívida, visto que nada mais é do
que uma “pedalada oficial” (aumento disfarçado de base monetária, ou emissão de
dinheiro falso). Vejam que essa orgia saiu de 17,86% do PIB em 2010, para
25,94% do PIB em fevereiro de 2020. Crescimento real em relação ao PIB de
45,24%. É nessa lama que o Brasil joga os seus criminosos e imorais déficits
fiscais primários.
Em 2010 o estoque da dívida líquida
da União (interna mais líquida externa) era de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do
PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.671,4 bilhões (82,32% do PIB).
Crescimento real em relação ao PIB de 33,94%. Em fevereiro de 2020 migra para
R$ 6.182,6 bilhões (84,35% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 2,47%,
comparativamente ao ano de 2018.
Ricardo Bergamini
(48) 99636-7322
(48) 99976-6974
Primeiro lugar em “vontade nacional” –
orgulho de ser brasileiro!
“Foram
tempos em que alguns lutaram para dar a todos os brasileiros: paz social, ordem
e absoluta segurança, bem como prosperidade à nossa Nação. Apesar da ação
permanente dos revanchistas, há muitas pessoas de bem que sentem saudade
daquela época, em que o Brasil era verdadeiramente respeitado.
O professor Ray Cline,
que foi assessor permanente do Presidente dos Estados Unidos desde a época de
Franklin Delano Roosevelt e que dirigiu o Centro de Estudos Estratégicos e
Internacionais da Universidade de Georgetown, em Washington, ao estudar o Poder
Nacional em termos quantitativos e qualitativos dos 78 maiores países do
planeta, chegou
à conclusão, em estudo publicado em 1975, de que o Brasil do primeiro
lustro da década em 1970 era o sexto país, em Poder Nacional, na frente, por
exemplo, do Canadá, da Itália e Austrália, e o primeiro, junto com a França, em
determinação ou vontade nacional.
Considerando
a reconhecida competência do Professor Ray Cline, sem dúvida um dos maiores
estrategistas não só norte-americano, mas de todo o mundo, verifica-se o valor
incomensurável do Brasil, como nação, na primeira metade da década de 1970
(Governo do Presidente Médici, querido pelos brasileiros, exceto pelos
terroristas sanguinários e seus defensores extremistas, que hoje usam a mídia
para criticá-lo injustamente.
Já
em 1971, falando aos estagiários da Escola Superior de Guerra, o então
embaixador do Brasil em Washington, Araújo Castro, asseverava: ‘Nenhum país
escapa ao seu destino e, feliz ou infelizmente, o Brasil está condenado à
grandeza. A ela condenado por vários motivos, por sua extensão territorial, por
sua massa demográfica, por sua composição étnica, pelo seu ordenamento sócio-econômico
e, sobretudo, por sua incontida vontade de progresso e desenvolvimento’, aquela
forte vontade nacional do primeiro lustro da década de 1970, mensurada com
tanto acerto por Ray Cline.
Os
vinte anos do regime político implantado em 1964 transformaram completamente o
Brasil, que se modernizou e se desenvolveu de modo realmente revolucionário.
É
uma pena que no País que já teve a maior vontade nacional do mundo, como vimos,
hoje prevaleça a vontade internacional, como se verificou, por exemplo, na
criação da reserva Ianomâmi, um crime perpetrado contra a soberania nacional
por Collor de Mello e seu Ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, para atender
às exigências norte-americanas feitas por escrito – carta assinada por oito
senadores dos EUA, em 14 de junho de 1991, encaminhada a Collor por George
Bush” (General-de-Brigada Geraldo Luiz Nery da Silva, Tomo 10, pg. 235-236).
Mar territorial das 200 milhas
“Expandimos
o nosso território através do mar das 200 milhas, com uma reação enorme de todo
mundo em cima do Presidente Médici, porque aquela medida incorporava ao
território brasileiro enorme área passível de exploração econômica, as 200
milhas em todo o nosso litoral.
Cerca
de 4 milhões de km2 de superfície que passaram a ser somados a nossa área de
8,5 milhões de km2 [entrevistador]” (General-de-Exército Luiz Gonzaga Schroeder
Lessa, Tomo 10, pg. 68).
“O que aconteceu nos últimos
vinte anos, vamos dizer entre 1964 e 1984 e o que aconteceu entre 1985 e 2005
que é o mesmo período? Então, vai ser um desastre. Não fizeram nenhum porto, a
Revolução fez vinte. Não construíram nenhuma estrada, a Revolução 56 mil quilômetros.
Ergueram 2 milhões de casas, a Revolução 4 milhões. Como podem competir? Quais
são as siderúrgicas que os atuais governos instalaram? Nenhuma, todas que
existem herdaram dos governos revolucionários. Onde há um projeto igual ao
Carajás? Ah! Desenvolveram o cerrado? Negativo! O cerrado é obra realmente do
Governo autoritário. Foi ele que investiu em pesquisa para usar o cerrado; foi
ele que fez um programa com os japoneses para construir estrada para chegar ao
porto e nós estamos hoje tirando proveito disso.
(...)
A única mensagem que vou
deixar é esta: entendo ser preciso que esse período seja estudado com relativa
isenção. Diria que serão identificados alguns defeitos, alguns pecados, como
também, muitas virtudes importantes, quer na forma de administrar, de
comportar-se diante do patrimônio público, quer no processo ético completamente
diferente: a ideia de que terminou o meu mandato, tenho que ir embora. É uma
diferença fundamental, porque o civil acha isso abominável, só um idiota que,
podendo continuar no Poder, vai embora. Esse processo ético é totalmente
diferente. Então, penso que o fundamental é darmos instrumentos e estimular
essa gente que está chegando agora, que já tem apreciável distância dessa
época, a qual ele tem acesso somente pela literatura – do que aconteceu – mas
que tem disposição para aprofundar estudos e pesquisas. Então acho que teremos
uma avaliação mais positiva desse Movimento. Embora, como disse, vamos carregar
alguns dos pecados cometidos, eternamente” (Deputado Federal Antônio Delfim
Neto, Tomo 5, pg. 166-167).
“Quanto ao Médici, não me
julgo elemento indicado para qualquer avalição, pois fiz parte da sua equipe.
Era um homem simples, desapegado do Poder, bem-intencionado e popular. Em razão
dos seus êxitos, passou a ser sistematicamente contestado pela mídia
esquerdista. A declaração dele: ‘O governo vai bem, mas o povo vai mal’, mostra
claramente as suas preocupações com os problemas sociais e a sua coragem de
dizer que não concordava com alguns aspectos da sua administração.
Vale ressaltar que as ações
do seu governo obstaram a expansão do comunismo internacional, que se esvaziou
na América do Sul. E nada foi feito simplesmente para agradar aos americanos,
como muitos dizem. Até pelo contrário, os enfrentamos em várias áreas de
interesse, como, por exemplo, a fixação dos limites do mar territorial em
duzentas milhas. O Embaixador Menezes Côrtes, quando esteve em Porto Alegre,
contou-nos a pressão que o Brasil sofreu por parte dos americanos devido à
nossa decisão. Ameaçaram
bloquear a nossa rádio-base na Ilha das Cobras. Através de uma
espécie de ‘guerra eletrônica’ iriam desmontar o frágil sistema de vigilância
do nosso mar territorial, que fazia o rastreamento dos navios e submarinos no
Atlântico Sul” (Coronel Hélio Lourenço Ceratti, Tomo 13, pg. 193).
Obs.:
Com
o mar territorial de 200 milhas, o território brasileiro teve um acréscimo de
5,7 milhões de km2 de área oceânica ao longo da costa brasileira, a chamada
“Amazônia Azul”.
F.
M.
A
terceira bandeira
“Nos anos da Revolução, até
Médici, o Brasil estourou todas as metas e previsões e ombreou-se com as
grandes nações; tornou-se um País em pleno desenvolvimento. A infraestrutura de
comunicações, transportes e energia subiu de patamar, resultado de uma
administração eficaz e proba, que aplicou os recursos com correção e de maneira
competente. O Brasil mudou de feição.
Vou citar só um fato:
fretes, a terceira bandeira.
Mário Andreazza, Ministro
dos Transportes, foi oportuno com a denúncia que fez sobre o Acordo dos Fretes,
pois exportávamos no navio dos outros.
Pagávamos a totalidade dos
fretes e seguros gerados por nosso comércio exterior a armadores estrangeiros.
Era uma vergonha! O Ministro deu um murro na mesa, denunciou o Acordo,
provocando, para tratar do assunto, corrida ao Brasil – foi no início da década
de 1970 – da Rainha da Inglaterra, de representantes noruegueses e outros.
Acabou a terceira bandeira,
para nós, e deslanchou a indústria naval, que não existia no País” (Coronel
Francisco Valdir Gomes, Tomo 6, pg. 138).
“No período da Revolução,
ninguém tinha medo de bandido. Andava-se pelas ruas, a pé, filhos, esposas,
para fazer visitas a qualquer hora do dia ou da noite. Não tinham carro.
Havia o quê? Algum milagre?
Não, é que naquela época havia autoridade e hoje não existe autoridade. Hoje o
bandido faz o que quer porque sabe que é impune. Ninguém o pune porque não tem
moral para punir.
E por que não tem moral?
Porque as autoridades de hoje foram os bandidos de ontem. Como punir? Que moral
elas têm? Nenhuma! (Coronel Stanley Fortes Baptista, Tomo 6, pg. 101).
Criação
do Funrural, o maior programa de distribuição de renda da América Latina
“Durante o Governo do
Presidente Médici (30.10.69-15.03.74), o País assistiu à implantação do Fundo
de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), o maior programa de
distribuição de renda da América Latina, atendendo a milhões de trabalhadores
rurais, até então abandonadas à própria sorte, pois que sem dinheiro à
aposentadoria. Esta foi uma medida de transcendental importância para o campo,
onde morava a maioria da população brasileira e a mais pobre. No interior não
existia uma política creditícia ou de financiamento para a agricultura, de
apoio aos pequenos produtores. A pobreza, ali, era muito grande, muito
acentuada, e não se manifestava em toda sua grandeza e necessidades, porque o
homem campestre era pacato, e expressava muito a figura do Jeca Tatu, era o
homem conformado por falta de cultura. No entanto, a contribuição do pequeno
agricultor, em termos de produção de alimentos, era tão significativa que a
criação do Funrural e a extensão dos seus benefícios à grande família do campo
passaram a se constituir numa questão de justiça social” (Engenheiro Agrônomo
Francisco Valter Vieira, Tomo 12, pg. 264-265).
O
“milagre brasileiro”
“Se observarmos os números
da execução financeira do /tesouro no período 1963-1973, vamos verificar que o
déficit – diferença entre receita e despesa , em 1963, foi de 48%, caindo para
34% em 1964, e evoluindo para um saldo positivo em 1973, primeira vez que as
receitas do Tesouro superaram as despesas. Vale registrar que os déficits, a
partir de 1969, foram inexpressivos, caracterizando um equilíbrio entre receita
e despesa. Este desempenho foi um dos principais responsáveis pela queda
gradual da inflação nesse período. Tal comportamento de ajuste de receita e
despesa na execução financeira do Tesouro, introduzido e perseguido pela
Revolução de 1964, é o que, a partir do ano 2000, passou a chamar-se de
Responsabilidade Fiscal.
(...)
Portanto, segundo a Revista Conjuntura Econômica (FGV), de maio de
1974, o PIN mais que triplicou, de 1963 a 1973, passando de 20 para 63,5
bilhões de dólares. Nesse mesmo número da Revista, verifica-se que, em 1963, as
exportações brasileiras foram de 1,4 bilhão de dólares e, em 1973, de 6,8
bilhões de dólares, quintuplicando praticamente aquele valor. A produção de
veículos automotores cresceu de 171 mil, em 1963, para 730 mil, em 1973, e a de
tratores de rodas de 11 mil para 42 mil. Com relação à produção de cimento (em
1.000t) e de aço em laminados (em 1.000t), o crescimento deu-se de 5.000 para
15.000 e de 2.000 para 6.000, respectivamente, ou seja, triplicaram.
Estes e outros números
caracterizaram o extraordinário crescimento do Produto Interno Bruto,
evidenciando uma nova dimensão da economia brasileira no período
revolucionário, especialmente entre 1968 e 1973, com a taxa anual média de 10%.
Este fato, como sabemos, passou a chamar-se Milagre Econômico. Isto nos faz,
hoje, lembrar, com saudade e orgulho daquele período de prosperidade inédita.
Pela relevância dessa
evolução, é justo que recordemos com os brasileiros esta época memorável
através do quadro que peço seja focalizado:
VARIAÇÃO ANUAL DO
PIB (%)
|
||
1963
– 1,5
1964
– 2,9
1965
– 2,9
1966
– 5,1
|
1967
– 4,8
1968
– 9,3
1969
– 9,0
1970
– 9,8
|
1971
– 12,0
1972
– 11,1
1973
– 13,6
|
Diante
destes dados, fica evidente que o País chegou em 1973 com a inflação
declinante, o crescimento elevado e saldo positivo na balança comercial.
Atualmente
(2002-2004), a mensagem que é passada pelos nossos Ministros da Fazenda
expressa que isto é impossível, ou seja, que só a estabilidade da economia
viabiliza o crescimento do País e que o combate ao desemprego terá que esperar
por isto. Diante das atuais e elevadas taxas de desemprego, 20% na área
metropolitana de São Paulo, fica evidente o quanto eram injustas, para não
dizer terríveis, as críticas dos opositores da Revolução: ‘O povo não come
obras de infraestrutura’ ” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de
Aragão, Tomo 12, pg. 104-105).
“Será
que era culpa de meu pai que o Brasil de seu governo estivesse batendo recordes
de crescimento? Que vivêssemos a pleno emprego? Que a Nação chegasse a crescer
até 13% ao ano? Que tivesse conseguido colocar a inflação a níveis do primeiro
mundo? Será que os adversários querem até que se esconda os dados de todos
esses sucessos? É proibido declarar que estávamos batendo o Japão em termos de
crescimento? Será que escamotear tudo isso não é pedir demais?
A
expressão ‘milagre brasileiro’ não foi coisa de sua assessoria. A expressão
surgiu por meio de alguns comentaristas ao constatarem que, em termos de
desenvolvimento, havíamos passado o Japão, cujo êxito era visto pelo mundo como
‘milagre japonês’.
Quanto
ao ‘Brasil Grande’, será que foi mais divulgado do que ‘os 50 anos em 5’ do
Juscelino?” (Engenheiro Roberto Nogueira Médici, Tomo 14, pg. 193).
Província mineral de Carajás
“Merecem
destaque os investimentos na província mineral de Carajás, descoberta em 1967 e
que já se revelara muito promissora. Seu dimensionamento progressivo avaliou
uma reserva de 18 bilhões de toneladas de ferro de alto teor (66%), mas também
uma grande quantidade de cobre, manganês, bauxita e ocorrências significativas
de ouro, níquel, cromo e estanho. A necessidade de investimentos, no entanto, era
grande e a produção em larga escala só poderia começar a acontecer em 1986. Em
1977, os investimentos estimulados para o Projeto Ferro-Carajás eram tão
elevados que a empresa americana United States Steel, até então associada à
Companhia Vale do Rio Coce (CVRD) na iniciativa, desvinculou-se do projeto.
Além das dimensões dos custos, a sua análise em relação às perspectivas do
mercado internacional era pessimista.
Isto,
naturalmente, significou mais ônus para o Brasil. Portanto, um grande projeto,
voltado principalmente para a exportação, exigindo também um grande
investimento de longo prazo, ajudando a compor a estratégia de melhora da
balança comercial, em um período de crise internacional, tornou-se extremamente
crítico para o País. Uma estratégia própria de grandes estadistas, planejadores
e empreendedores, competentes e confiantes, mas, certamente, sonhadores e
atrevidos. Planejadores que romperam com as teorias conservadoras e jogaram
pesado. Souberam arriscar” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de
Aragão, Tomo 12, pg. 108).
Construção de hidroelétricas
“Quais as hidroelétricas de maior destaque
construídas no período revolucionário? [entrevistador]
Itaipu,
Tucuruí, Urubupungá, o Complexo de Ilha Solteira, Emborcação, Sobradinho, Paulo
Afonso (I, II, III e IV), Itaparica, Itumbiara, Porto Primavera, Pedra do
Cavalo, Rosana, Taquaruçu, São Simão, Três Irmãos, Foz do Areia, Salto Osório,
Marimbondo, Samuel, Funil, Boa Esperança e tantas outras.
O que pode ser dito sobre a
Hidroelétrica de Itaipu? [entrevistador]
Trata-se
da maior hidroelétrica do mundo.
Foi
inaugurada em outubro de 1984, com duas de suas 18 turbinas previstas
funcionando. Cada turbina gera 700 MW e o conjunto tem uma capacidade de 12.600
MW. Naquela data, foi também entregue um ‘linhão’ para transmissão da energia,
com 1.200 km, indo de Foz de Iguaçu a São Roque (SP).
O
custo deste empreendimento foi de US$ 15 bilhões, sendo que só o ‘linhão’
custou cerca de 1 bilhão e 200 milhões de dólares.
O
esforço para salvar a fauna e a flora da região ganhou destaque na imprensa
internacional como uma das maiores e mais sérias iniciativas desse tipo, até
então realizadas. Inevitavelmente, a formação do lago submergiu o conjunto do
Salto de Sete Quedas, um dos mais belos monumentos naturais do Brasil.
Recentemente,
assistia na TV ao comentário de que o
aço gasto em Itaipu correspondeu a 380 Torres Eiffel” (General-de-Divisão
Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 112).
Construção de rodovias
“Quais as principais realizações no setor
rodoviário? [entrevistador]
A
evolução da Rede Rodoviária Nacional foi extraordinária ao longo dos governos
militares. Vejamos alguns dados que eu trouxe anotado para me facilitar. Em
1964, havia, no País, entre todos os tipos de estradas, 545 mil quilômetros,
dos quais apenas 34 mil quilômetros asfaltados; por elas passavam cerca de 450
mil caminhões por ano; todas as estradas eram em pista simples.
Em
1984, havia no País 1,4 milhão quilômetros de estradas, portanto, foram construídas
45 mil quilômetros de rodovias por ano; desse total, 100 mil
quilômetros era pavimentadas; e por elas passavem cerca de 2 milhões de
caminhões por ano, apesar da segunda crise do petróleo, ocorrida em 1979. Como
decorrência, o aumento de circulação de passageiros e mercadorias foi
gigantesco, levando riqueza para todo o território nacional.
A
estes números, podem ser acrescidos cerca de 1.000 quilômetros por ano em
trechos de conservação de estradas, inclusive com repasse de recursos para os
governos estaduais.
Que
obras rodoviárias merecem destaque ao longo dos governos revolucionários?
[entrevistador]
-
duplicação da Rio-São Paulo, isto é, passou a ter duas pistas independentes
(auto-estrada), inclusive com a nova pista de subida da Serra de Araras;
-
concretização das ligações, ainda incompletas ou inexistentes: Rio-Salvador,
Curitiba-Porto Alegre, Campo Grande-Cuiabá e Cuiabá-Goiânia;
-
novo traçado da BR-040, no trecho Petrópolis-Juiz de Fora, com duas pistas. A
BR-040 liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte e Brasília;
-
construção da Ponte Rio-Niterói, com 14 km, inaugurada em 1974;
-
construção das rodovias: Rio-Santos, Santos-São Paulo (Imigrantes), São
Paulo-Campinas (Bandeirantes);
-
prosseguimento, com pavimentação, da Rodovia Anhanguera até à BR-040, melhorando
a ligação São Paulo-Brasília;
-
melhoramento do traçado e reconstrução com asfaltamento (antes era em terra) da
Belém-Brasília;
-
construção da Cuiabá-Santarém (BR-163), com 1.750 km, pelos 8º. E 9º. Batalhões
de Engenharia de Construção. Esta obra permitiu o desenvolvimento do Projeto
SINOP a 500 km ao norte de Cuiabá, além de levar o progresso para a área por
ela servida;
-
construção da Tansamazônica, aproveitando, em grande parte, mão-de-obra
desempregada do Nordeste como consequência de uma terrível seca naquela região;
-
construção e asfaltamento da Rodovia Cuiabá-Porto Velho (Rodovia Marechal
Rondon): 1.442 km, eliminando o estrangulamento do Noroeste em relação ao
Centro do País. Antes, o tempo de viagem era de trinta dias; com a sua entrega,
passou a ser de 24 horas;
-
construção e pavimentação da Rodovia Brasília-Barreiras-Salvador, inclusive
execução de ponte sobre o Rio São Francisco. A rodovia foi construída pelo 4º.
Batalhão de Engenharia de Construção (Barreiras);
-
construção e pavimentação da rede do Nordeste, possibilitando encurtamento
superior a 600 km nas viagens entre Brasília e São Luís, Brasília e Fortaleza,
e Brasília e Recife;
- o
acréscimo total à rede do Nordeste, entre estradas pavimentadas e não
pavimentadas, ligações e acessos foi de 5 mil quilômetros;
-
asfaltamento da maioria das estradas do Rio Grande do Sul” (General-de-Divisão
Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 118-119).
O transporte ferroviário foi relegado a
segundo plano, mas não esquecido
“Também
não foi esquecido o setor ferroviário. Para não esquecer os feitos mais
importantes, trouxe também uma relação das ferrovias construídas ao longo dos
governos da Revolução:
- da
Soja, no Paraná e Santa Catarina;
- de
Carajás (Pará-Maranhão) – com 890 km, ligando a província mineral da Serra do
Carajás ao porta da Madeira, próximo a São Luís;
- do
Aço (Minas Gerais-Rio de Janeiro-São Paulo), o seu trajeto revelou-se muito
caro, pelo número elevado de viadutos e túneis, além de suas características
técnicas muito rigorosas. Sua construção, ora foi interrompida, ora ganhou
metas desaceleradas, mas não foi concluída. É usada parcialmente;
- do
Trigo (Roca Sales-Passo Fundo), iniciada e interrompida na década de 1950, a
retomada de sua construção tornou-se viável após a primeira crise do petróleo
(1973) e pelo fato de ter sido confiada ao 1º. Batalhão Ferroviário). Concluída
em 1980;
-
Minas-Distrito Federal, partindo de Pires do Rio (Minas Gerais), foi concluída
pelo 2º. Batalhão Ferroviário; o seu destaque é a ponte sobre o Rio Araguari,
construída por administração direta por aquela organização militar.
Foram
modernizados muitos trechos ferroviários, especialmente com substituição de
toda a superestrutura, isto é, trilhos, dormentes e lastros (brita). Como por exemplo,
o pátio de Canoas, e trechos diversos da malha do Rio Grande do Sul.
Por
outro lado, foram desativados vários ramais ferroviários considerados
antieconômicos.
Uma
atenção especial foi dada ao transporte coletivo das grandes cidades, com a
construção dos trechos iniciais do metrô do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto
Alegre e Recife.
- as
linhas de trens urbanos e suburbanos também foram melhoradas e receberam muitas
composições novas, como por exemplo, as da antiga Central do Brasil, além de
obras de infraestrutura, com sensível melhoria da eficiência em geral”
(General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 120).
Construção de portos
“Nos
vinte anos de governos da Revolução, foi dada uma atenção importante ao sistema
portuário no País.
Foram construídos inúmeros portos e os maiores, já
existentes, foram ampliados e modernizados, inclusive com largo investimento em
aquisição de equipamentos de grande porte.
Vejamos
os novos portos construídos:
-
Porto de Sepetiba – Os estudos para a localização do Porto na Baía de Sepetiba
tiveram início em 1973, pelo Governo do então Estado da Guanabara. A partir de
1974, foram assumidos pelo antigo Departamento Nacional de Portos e Vias
Navegáveis, sucedido pela Portobras. A primeira etapa da obra, o terminal de carvão, na Ilha da Madeira,
entrou em operação em 1982. Foram ainda previstos o terminal para minérios de
ferro e o de carga geral.
-
Porto de Praia Mole – O complexo portuário de Praia Mole, em Vitória, foi
inaugurado oficialmente em novembro de 1984. Possibilitou a movimentação de 3
milhões de t/ano de produtos siderúrgicos e 8 milhões de t/ano de carvão. É um
porto artificial em mar aberto e sua localização na Ponta do Tubarão é
favorecida pelo acesso ao terminal da Companhia Vale do Rio Doce.
-
Porto da Ponta da Madeira – Situado a 9 km de São Luís, é parte do Projeto
Carajás. Possui instalações de descarregamento de vagões, estocagem de
minérios, sistema de embarque por uma linha de transportadores, repeneiramento
e rebritagem.
-
Porto de Estrela – Situado no Rio Taquari (Rio Grande do Sul), foi inaugurado
em 1977, tornando-se o primeiro entroncamento intermodal, conectando hidrovia,
ferrovia e rodovia.
-
Porto de Trombetas – Situado à margem direita do Rio Trombetas, afluente do Amazonas,
escoou em 1984 cerca de quatro milhões de toneladas de bauxita.
Iniciado
em 1967, quando foram descobertas as primeiras jazidas de bauxita, a 80 km da
Cidade de Oriximiná (Pará). O primeiro embarque para o mercado internacional
deu-se em agosto de 1979. A bauxita é levada da mina por ferrovia, num percurso
de 30 km.
A
Companhia Vale do Rio Doce era a maior acionista (46%) do projeto.
A
preocupação com a ecologia também está presente em todo o Projeto Trombetas.
Dentro dessa filosofia, foi criada a Comissão Interna de Meio Ambiente (CIMA),
que busca possibilitar um melhor controle e preservação das condições
ambientais da área.
Pode-se
citar, ainda, entre outras obras, a construção do terminal açucareiro de Recife
e o salineiro de Areia Branca” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante
Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 120-121).
Construção de aeroportos
“Foram
construídos os seguintes aeroportos:
-
Internacional do Rio de Janeiro;
-
Internacional de Guarulhos (São Paulo);
-
Internacional de Confins, a 47 km do Centro de Belo Horizonte. Atualmente,
denominado Tancredo Neves.
Outros
aeroportos foram ampliados e modernizados. O gerenciamento das obras e do
financiamento destas instalações foi muito bem conduzido pela Infraero.
Para
coroar as realizações na infraestrutura aeronáutica, foi implantado o Sistema
Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SINDACTA), com a
utilização de radares tridimensionais, que executam o acompanhamento do tráfego
aéreo, integrados ao processamento de dados em computadores para informação dos
voos” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg.
121-122).
Acertos
no campo social: BNH, FGTS, Estatuto da Terra, Mobral
“O BNH [Banco Nacional da
Habitação] foi importante, foi extremamente importante; o Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) foi importantíssimo. O Estatuto da Terra editado pelo
Presidente Castello Branco; o Mobral, também, foi muito bom. Eu fiz o IPM do
Mobral comunista, que era o PNA (Programa Nacional de Alfabetização), associado
ao Movimento de Cultura Popular, que eles usavam para doutrinação dos
favelados. O coordenador nacional desse PNA era o Betinho – Herbert José de
Souza. Primeiro, da AP (Ação Popular) do meio estudantil, depois comunista
quando adquiriu mais asas. Aí, ele, então, se revelou totalmente. Ele foi o
Coordenador do Programa Nacional de Alfabetização, que era um programa de
alfabetização, mas de linha comunista. Inicialmente, quando quiseram anular
esse PNA, fizeram o Mobral. Nas mãos do Simonsen [Mário Henrique Simonsen], os
resultados foram muito bons” (General-de-Brigada Celso dos Santos Meyer, Tomo
10, pg. 142).
Planos
estratégicos, projeto de Nação
“O que houve de
extraordinário para o Brasil foi que cresceram nossas responsabilidades no
plano de possibilidades estratégicas, de projeto de Nação – estudamos e
pensamos o Brasil por toda a vida – convivemos com a gente brasileira ao longo
de todas as regiões do nosso País. As Forças Armadas são uma universidade
natural do povo, a presença do oficial, do sargento, dos quadros profissionais,
enfim, lá nos ermos da Amazônia, no interior do Nordeste, de Minas, do Rio
Grande do Sul, nas grandes capitais. Essa interação com as populações civis nos
oferece essa lição de Brasil que se projetava dentro dos programas de
desenvolvimento amplo da Revolução, do qual destaco o Segundo Plano Nacional de
Desenvolvimento (II PND), que é um marco no Governo Geisel, e abrange todas
essas grandes linhas do desenvolvimento nacional.
Ali, notamos a sensibilidade
para a priorização da área tecnológica, para onde teremos que ir – o salto é
por aí – e vieram as verbas, não só para a área militar, para os projetos da
Marinha na área tecnológica, projetos nucleares importantes, para os projetos
do Exército, na área bélica, quando o mundo se assustou com os nossos
blindados, fruto de pesquisas tecnológicas inteiramente conduzidas por
brasileiros: o Urutu, o Cascavel, o Sucuri, o Osório, além da Embraer, mísseis,
satélites, foguetes etc.
A priorização foi em ambos
os sentidos, não só na parte militar, mas na civil, como o Centro de Pesquisas
de Telecomunicações, da Embratel, em Campinas, que é o maior do mundo, e onde
nasceu a fibra ótica; a Eletrometal, que é a primeira indústria mundial a
beneficiar o nióbio, fazendo a mistura daqueles aços especiais necessários à
corrida espacial e outras aplicações dessa notável tecnologia de ponta.
Sempre houve uma tentativa
de equilíbrio, não priorizando projetos desenvolvimentistas ou demandas só do
Exército. Os projetos desencadeados de avançadas e ousadas conquistas nas áreas
espacial, de telecomunicações, energética; na agricultura, como a Embrapa, com
tecnologias pioneiras e extraordinários experimentos científicos etc., tudo
isso foi um projeto global e não podemos jamais ser acusados de tratamento
especial, no que diz respeito a interesse estratégico militar” (Coronel
Francimá de Luna Máximo, Tomo 11, pg. 238-239).
Obs.:
Sobre
a Embrapa, veja o trabalho inovador que o ministro Alysson Paolinelli fez na
estatal - https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/alysson-paolinelli-o-motor-da-embrapa.html.
F.
M.
Programa
Nuclear Brasileiro
“O programa nuclear
brasileiro foi justificado, também, a partir de uma previsão de esgotamento do
potencial hidrelétrico na região centro-sul. Não havia também a certeza da
viabilidade técnico-econômica da transmissão elétrica a distâncias superiores a
2.000 km. Por outro lado, havia a plena consciência de que o quilowatt oriundo
de uma usina termonuclear era bem superior ao da hidroeletricidade e, desde a
década de 1950, com a experiência do Almirante Álvaro Alberto, sabia-se que os
países detentores da tecnologia nuclear dificilmente concordariam em
transferi-la, mas apenas estariam dispostos a vender ‘caixas-pretas’.
Em 1967 e 1968, dois grupos
técnicos recomendaram a instalação de uma usina nuclear com capacidade da ordem
de 500 MW.
Em 1971, após concorrência
internacional, foi assinado contrato com o consórcio Westinghouse e Empresa
Brasileira de Engenharia, para o fornecimento e montagem de uma Central Nuclear
de 625 MW, utilizando Reator a Água Leve Pressurizada (PWR), utilizando-se como
combustível o urânio enriquecido e no esquema ‘caixa-preta’.
A seguir, começaram as
articulações para a instalação de mais seis ou oito centrais nucleares. Foi
quando surgiu a alternativa do acordo com a República Federal da Alemanha
(1975), dentro da premissa de que o Brasil não devia nem podia limitar-se a
adquirir no exterior, em operações isoladas, centrais nucleares, sem cogitar de
um programa de cooperação tecnológica e industrial, tanto no que se refere a
centrais quanto ao ciclo do combustível, que proporcionasse uma autonomia
progressiva.
A base da cooperação foi uma
programação da instalação de oito centrais nucleares até 1990, de 1.300 MW de
potência cada uma, com a participação progressiva da indústria nacional no
fornecimento dos componentes. O valor global do programa – centrais mais ciclo
do combustível – foi estimado, na época, em cerca de US$ 20 bilhões.
O protocolo previa a constituição
de 11 empresas mistas entre a Nuclebras e cerca de vinte grandes empresas e
bancos alemães ou suas subsidiárias. Apenas cinco dessas empresas foram
constituídas, dentre elas estão: Nuclep, fábrica de componentes pesados de
reatores; Nuclen, empresa de engenharia nuclear; Nuclam, empresa de mineração e
prospecção de urânio; Nuclei, serviços de enriquecimento, e Nusteg, pesquisas
para aperfeiçoamento jet-nozzle de
enriquecimento.
Como se sabe, os preços dos
fornecedores alemães começaram a subir, em especial após o segundo choque do
petróleo, e a economia brasileira também viu-se bastante fragilizada. Foi
necessário, portanto, uma expressiva redução do programa como um todo, embora
não tenha sido paralisado.
Assim, da Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto, cujo nome homenageia um dos maiores incentivadores do
programa nuclear brasileiro, foram construídas apenas a Angra-1, já citada, e a
Angra-2, com potência de 1.300 KW, embora a maior parte dos equipamentos de
Angra-3 já estejam comprados.
O
que coube às Forças Armadas no Programa Nuclear Brasileiro?
[entrevistador]
A partir de 1982, o Exército
Brasileiro participou do esforço pelo domínio da energia nuclear com o Projeto
Atlântico, que contemplou o estudo da viabilidade técnica da construção de um
reator de potência moderada a grafite, refrigerado a ar, e da produção, no
Brasil, de frafite nuclearmente pura. Neste contexto, foi criado o Instituto de
Projetos Especiais, em Guaratiba, no Rio de Janeiro, que objetivava a
construção de um reator crítico de potência entre 10 e 20 MW e a instalação de
uma usina para a produção de grafite naquelas condições. Com a Nova República,
o projeto foi esvaziado, sobretudo, a partir do desastroso Governo Collor de
Mello, o mesmo acontecendo nos oito anos de FHC até ser finalmente extinto,
juntamente com o IPE, em 2003, no atual Governo, que não disse ainda a que
veio.
A Marinha do Brasil vem
realizando, desde o 2º. semestre de 1979, um grande esforço de pesquisa e
desenvolvimento que tem como objetivo final a obtenção de um submarino nacional
de propulsão nuclear. A missão coube ao Centro Tecnológico da Marinha em São
Paulo (CTMSP), que criou no município de Iperó, São Paulo, o seu centro
experimental Aramar. Tendo conseguido, continuamente, recursos bem expressivos,
o projeto da Marinha vem obtendo seguidos êxitos apesar de todas as restrições
encontradas em fornecedores internacionais, o que vem lhe obrigando a executar
um profundo e eficiente trabalho de pesquisa e desenvolvimento, cujo destaque
maior foi o desenvolvimento das ultracentrífugas que já operam em cascatas, em
escala-piloto, em Aramar” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de
Aragão, Tomo 12, pg. 114-116).
Acordo
Nuclear secreto com a China
“O Presidente Figueiredo, em
janeiro de 1981, por intermédio do Embaixador Paulo Nogueira Batista,
Presidente da Nuclebras, encaminhou uma carta pessoal ao Presidente Reagan, às
vésperas da posse deste último, mostrando que o Governo brasileiro se reservava
o direito de questionar a validade da Lei de Não-Proliferação aprovada em 1978,
já que nós tínhamos acordos firmados com os Estados Unidos e o acordo, uma vez
chancelado, deve ser cumprido.
O Embaixador foi recebido
pelo Vice-Presidente da República eleito, o Sr. George Bush, pai do atual
Presidente dos Estados Unidos, e quatro dias depois informou ao Embaixador
Paulo Nogueira Batista o seguinte: o Presidente Reagan compreende a posição do
Presidente Figueiredo e verbalmente transmite ao Presidente Figueiredo a sua
posição. Ele não tomará nenhuma iniciativa que possa criar problemas se o
Brasil buscar o seu desenvolvimento na área nuclear, em outras áreas, fora da
forma como foi acertado no acordo com os Estados Unidos.
De forma que entendo o
seguinte: independentemente de partido, Democrata ou Republicano, a sociedade
americana, uma vez ajustado o procedimento, se esquece dos parceiros e passa a
raciocinar só com aquilo que é considerado válido para ela.
(...)
Só
para retornar, essa Comissão, a CPI atuou em 1990?
[entrevistador]
Em 1990. A Comissão mista do
Congresso era dirigida pela Deputada Ana Maria Rattes, e o relator, o Senador
Severo Gomes. Então passemos, agora, à parte de debates.
Questionaram que não havia
informações claras sobre o Projeto Solimões, um projeto desenvolvido pelo
Centro Tecnológica da Aeronáutica, em São José dos Campos, e que buscava o
enriquecimento do urânio com base no raio laser.
Outro ponto muito comentado
pelos parlamentares foi o embarque de urânio para o Iraque, que teria sido
feito no Governo Figueiredo, e que explicitei ter resultado de um acordo-quadro
aprovado pelo Congresso Nacional e promulgado pelo Vice-Presidente da República
Antônio Aureliano Chaves, no exercício da Presidência da República.
No debate, deixei patente
que estava sendo apreciado o que eles chamavam de projeto paralelo autônomo de
produção da energia nuclear. Havia mistério sobre como isso começou, como foi
obtido urânio enriquecido para o reator da Marinha e do IPEN. Duas ou três
vezes, o Deputado Luiz Salomão enfatizou que o problema não nasceu no Brasil.
Nasceu em algum lugar.
Eu expliquei a eles o
seguinte: cuidarei do aspecto institucional, ou seja, as negociações de governo
para governo e deixarei, como ajustado anteriormente, que os aspectos técnicos
sejam explicitados pelo Doutor Rex Nazareth Alves. Acontece que no ano a que
Vossa Excelência, Deputado Luiz Salomão, se refere, o que encontrou nas
instalações de Aramar, no Estado de São Paulo, foi negociado pelo País com a
China. Como parte do acordo feito com aquele país, foram exigidas aquelas duas
premissas: primeiro a do sigilo, que o nome da China não fosse revelado; o
segundo compromisso explícito é que seria usado para fins pacíficos.
E aí invoquei o regimento do
Senado Federal, Artigo 117; eu não posso omitir de Vossa Excelência os dados,
mas tenho inclusive obrigações das quais, para cumprir o ajuste feito com o
país que nos forneceu o urânio enriquecido, não posso declinar. Quanto ao
Iraque, não há dificuldade nenhuma, lembro-me do texto claro. Solicito a Vossa
Excelência que, para o primeiro caso, o do urânio enriquecido, só estejam em
plenário os parlamentares. A reunião naquele momento tornou-se secreta.
É porque no ajuste que
fizemos com a China não tínhamos autorização para revelar que nos forneciam a
quantidade de urânio desejada para enriquecermos o nosso urânio.
Isso
foi quando, General? [entrevistador]
Isso foi no dia 24 de
outubro de 1990.
Mas
quanto à China fornecer urânio para enriquecer o nosso...
[entrevistador]
Em 1982.
Então
o nosso Governo revolucionário fez um acordo com a China e isso a oposição não
cita? [entrevistador]
Não lhes convém.
O
Tratado com a China, de país para país, sobre um problema tão sensível. A nossa
imprensa, na época, não tratava disso, talvez por ser sigiloso, nunca foi
citado esse acordo. [entrevistador]
(...)
A senhora Ana Maria Rattes,
Presidente da CPI, fez uma indagação: seria regimental, dentro da casa, a
criação de um mecanismo que fiscalizasse e controlasse o programa autônomo de
energia nuclear? E nos perguntou, a mim e ao doutor Rex, se acharíamos mais
fácil a Comissão conduzir o processo de fiscalização e controle.
Pedi um prazo para ouvir os
meus colaboradores. Depois de consultá-los, considerei válida a proposição,
inclusive coloquei o doutor Rex Nazareth à disposição, para dar um arcabouço
àquele controle.
Mas desejava, também, tratar
da parte da desinformação e até mesmo da má fé. Apresentaram-me os termos de
uma declaração do Professor José Goldemberg, Secretário de Ciência e Tecnologia
do Governo Collor, que se referiu, em Nova York, a uma publicação do Estado de São Paulo, no dia 10 de
outubro: ‘o Presidente Fernando Collor pôs fim a um programa militar secreto
para construção da bomba atômica brasileira. Os militares estavam há um ou dois
anos construindo uma bomba semelhante à que destruiu Hiroshima’. Palavras do
Secretário de Ciência e Tecnologia, querendo mostrar a dificuldade da decisão
do Presidente da República, e a importância de possuir instrumentos que
permitam a sociedade informada, de existir um nível decisório sobre o que deve
ser feito, e como fiscalizar. Essa é a questão. Assim, examinei a proposta da
Deputada Ana Maria Rattes.
Depois que ouviram e
receberam informações sob juramento, de pessoas qualificadas que efetivamente
conheceram o programa nuclear, e depois de visitar os centros de pesquisa das
três Forças Armadas, o Senador Severo Gomes concluiu seu relatório. Primeiro, o
programa nuclear paralelo e autônomo conseguiu, através do esforço das Forças
Armadas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear, avanços significativos na
área nuclear. A Marinha, no Centro Experimental de Aramar, em Iperó, São Paulo,
já enriqueceu urânio; a Aeronáutica, em São José dos Campos, também em São
Paulo, trabalha com seu projeto de enriquecimento por raio laser, e o Exército,
em Guaratiba, Rio de Janeiro, está se preparando para construir um reator de
urânio natural, movido a grafite e refrigerado a gás.
Esses resultados são
significativos para a pesquisa nacional, uma vez que foram atingidos com base
nos esforços exclusivamente brasileiros. Com investimento, técnicos,
equipamentos totalmente brasileiros, as empresas utilizadas no programa já
estão perto da escala industrial. Isso significa que o Brasil conseguiu
tornar-se independente e autossuficiente nesse setor. O resultado indica,
também, que a tecnologia nuclear brasileira deve ser protegida e que a pesquisa
e os estudos do setor precisam ser incentivados” (General-de-Brigada Danilo
Venturini, Tomo 15, pg. 182-185).
Obs.:
Sobre
o Programa Nuclear Brasileiro, veja os textos disponíveis em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/06/programa-nuclear-brasileiro.html.
Em
1990, o Presidente Collor fechou o buraco na Serra do Cachimbo, Pará, que
serviria para testes nucleares.
F.
M.
Uma
síntese das principais realizações dos governos da Revolução
“Devem ser destacados,
especialmente:
- o chamado milagre
econômico, no período de 1968-1974, caracterizado pela taxa média de
crescimento do PIB de 10%;
- a profunda mudança no
perfil energético do País, acelerada a partir de 1979, para fazer frente ao
segundo choque do petróleo (1979);
- as grandes obras de
infraestrutura em estradas, portos e aeroportos;
- os grandes sistemas da
Eletrobras (distribuição de energia) e Telebras;
- na área social, a criação
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o Sistema Financeiro e de
Poupança e o Sistema de Habitação, centrado no Banco Nacional de Habitação
(BNH) e o Funrural, beneficiando milhões de brasileiros que trabalham no campo.
Como consequência do
desenvolvimento econômico, o crescimento do número de empregos e da renda
nacional, com seus efeitos inseparáveis na renda individual.
- na área educacional, o
destaque maior parece-me que foi a eliminação da figura vergonhosa e
desalentadora dos milhares de ‘excedentes’ anuais. Aqueles estudantes aprovados
em concursos para as universidades, porém não matriculados por falta de vagas,
e o Projeto Rondon, que o Governo FHC manteve com outro nome;
- programa de construção de
hidroelétricas, com destaque para Itaipu, Tucuruí e Sobradinho;
- programa de aceleração da
busca de autossuficiência de petróleo, a partir de 1979, com destaque para a
exploração da Bacia de Campos;
- programa de
desenvolvimento da energia nuclear, que permitiu ao País incorporar essa
tecnologia estratégica;
- programa de substituição
de importações de insumos básicos e bens de capital, com destaque para a
criação e expansão de siderúrgicas e fábricas de cimento e a implantação de
polos petroquímicos;
- Programa Nacional do
Álcool, com destaque para a criação de empregos no campo, acompanhada de
melhoria salarial nessa área, e para a ampla fabricação de carros a álcool;
- o amplo programa de
mineração, com destaque para o Projeto Carajás;
- o amplo programa de
construção rodoviária, com destaque para a efetivação das interligações de
todas as capitais do Sul, Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte-Ocidental,
além das ligações com Brasília;
- a Ponte Rio-Niterói;
- a implantação de
corredores de exportação;
- o grande programa de
construção de aeroportos internacionais e do Sistema Integrado de Defesa Aérea
e Controle de Tráfego Aéreo (SINDACTA);
- os desenvolvimentos
regionais com os Programa Indicativo Nacional (PIN), Programa de Redistribuição
de Terras (Proterra), Progres;
- o extraordinário êxito da
Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) em pleno
Nordeste brasileiro na produção agrícola;
- a expansão da agricultura
e pecuária, apoiada pelas empresas de pesquisas agropecuárias, que integraram
grandes áreas, antes consideradas inservíveis para o plantio. Essa expansão
passou a gerar receitas crescentes de exportação;
- investimentos e apoio à
área de pesquisa e desenvolvimento, com a criação ou reaparelhamento de
inúmeros centros de pesquisa e apoio a projeto;
- investimentos elevados em
educação e saúde;
- a criação da Fundação
MOBRASL – Movimento Brasileiro de Alfabetização -, com o objetivo de cuidar da
alfabetização e da educação contínua de adolescentes e adultos;
- programas e ações
políticas do Governo, que garantiram a participação do nosso País em pesquisas
na Antártica” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo
12, pg 122-123).
Projeto
Radam-Brasil
“Quando o Presidente
Figueiredo assumiu o Governo, já encontrou o projeto de grande alcance
conhecido por Projeto Radm-Brasil. O Presidente Ernesto Geisel, em sua mensagem
ao Congresso, em 1975, considerou que, pela sua capacidade e pelo número de
questões envolvidas, o Projeto RADAM deveria transformar-se num projeto
nacional. Daí o nome Projeto Radam-Brasil. Com um programa de trabalho
estreitamente ligado ao processo de desenvolvimento econômico das áreas mais
pobres, sobretudo no Nordeste e Centro Oeste.
Até
para conhecer melhor o Brasil, não? [entrevistador]
É, e promover a integração
dessas áreas menos favorecidas com o Centro-Sul. Esses programas foram
organizados em cooperação com a Fundação Getúlio Vargas e centros de estudos,
nacionais e de desenvolvimento regional e local. Entre as principais atividades
do Projeto Radam-Brasil – agora passo para a administração do Presidente
Figueiredo, de 1979 a 1984 – foi descoberto um corpo carbonário no Morro de
Seis Lagoas, na margem esquerda do Rio Negro, Amazonas. Ele revelou reservas de
2,4 bilhões de toneladas de minério de nióbio, os quais representam 70% das
reservas mundiais do metal.
Identificação, no Estado do
Paraná e no norte de Santa Catarina, de associações rochosas passíveis de serem
mineralizadas em ouro, cromo, níquel e cobre. Identificação e delimitação de
mais de 8 milhões de hectares de terras com excelente potencial para irrigação,
no Nordeste brasileiro, dos quais 60% situam-se no Vale do Rio São Francisco”
(General-de-Brigada Danilo Venturini, Tomo 15, pg. 201-202).
O Projeto Rondon nasceu na ECEME
“Depois que o Movimento
eclodiu, o Mamede [General Bizarria Mamede] afastou-se da Escola de
Estado-Maior e foi substituído pelo [General] João Bina Machado, que foi muito
carinhoso comigo. Era um grande homem, um grande General, muito preocupado com
as áreas estudantis, com as áreas universitárias. Fez-me ‘peça de manobra’ do
plano dele, de aproximar-se dos estudantes. Por isso, fui seu conferencista,
por todo o território nacional, divulgando os propósitos do Movimento militar
de 1964. Dessa forma, atuei como propagandista na compreensão das razões do Movimento
militar de 1964. Andei pelo Rio Grande do Sul, por Mato Grosso, pelo Nordeste,
por toda parte.
No Rio de Janeiro, o Bina
Machado teve a coragem de encontrar-se com os estudantes do famoso CACO Livre
(Diretório da Faculdade Nacional de Direito) na Escola de Estado-Maior, e nos
colocou a debater com os estudantes de Direito, no auditório da Escola, no
antigo auditório, aquele maior, que até hoje está lá. Eu debatia com os
estudantes, mas era uma tarefa extremamente ingrata. Estávamos lá, basicamente,
o Sérgio Pasquali, o Ney Eichler e eu, que era aquele a quem ele mais acionava.
Discuti, debati muito e é quase inacreditável que o Bina Machado tenha
conseguido, realmente, algum sucesso. No fim, ele falava. Os estudantes
reconheciam alguma coisa. Saíam irredutíveis,
mas reconhecendo ser uma boa aproximação. Havia um ponto de contato.
Depois, o Bina ‘inventou’ um
simpósio para aproximar os meios estudantis militares e os meios estudantis
civis. Imaginou um Simpósio de Educação e Segurança Nacional. O Bina fazia isso
com muita coragem, em plena Revolução, nos seus primeiros tempos, tempos de
enormes incompreensões.
Quando o Simpósio aconteceu,
no princípio do Governo Castello, o Comandante já era o General Reynaldo Mello
de Almeida, grande companheiro, que se fez solidário com o seu antecessor,
embora não estivesse muito de acordo com aquele arrojo. Estávamos reunidos na
Escola de Estado-Maior, professores civis e militares, de vários níveis, do
Colégio Militar, da Academia Militar e das várias universidades. Nesse Simpósio
nasceu a ideia do Projeto Rondon.
(...)
O Seminário prosseguiu e
nele nasceu o Projeto Rondon, que foi uma ideia do Professor Wilson Choeri –
hoje diretor do Colégio Pedro II – mais tarde apoiado por um oficial de
Cavalaria, e, depois, pelo Coronel Pasquale. Graças ao apoio do Ministro
Affonso de Albuquerque Lima, conseguiram viabilizar o Projeto, que se tornou um
grande êxito. Hoje, ainda existe com um outro nome” (General-de-Divisão Octávio
Pereira da Costa, Tomo 2, pg. 69-71).
“Depois de terem estudado o
trabalho elaborado pelos grupos [da ECEME], fizemos uma reunião antes que
fossem apresentados a cada grupo e passassem a discutir, a debater as ideias
levantadas a respeito do Exército e da sociedade brasileira. O professor
Schoeri, mais ou menos refletindo a ideia de todos, disse o seguinte:
- Vocês têm uma oportunidade
extraordinária de conhecer o Brasil e a sociedade brasileira. Vocês perdem as
características regionais. Vocês não são mais gaúchos, cariocas, paraibanos.
Vocês passam a ser brasileiros, porque são constantemente transferidos, têm
filhos em diferentes lugares do Brasil, casam com uma mulher de outra região e
passam a ser brasileiros. Vocês têm uma visão de Brasil diferente da nossa.
Precisávamos fazer com que os civis corressem o Brasil e buscassem as outras
realidades de nossa terra.
- É uma ideia muito
interessante, vou levar esse problema ao General Bina – respondi ao Schoeri.
Comentei a ideia com o
General Bina, que me disse:
- Olha, Pasquali, vamos
fazer uma experiência, começar a levar estudantes universitários para conhecer
os outros brasis.
Sentamo-nos com o Schoeri e
elaboramos um projeto que foi chamado de Projeto Rondon, em homenagem ao
Marechal Rondon, um dos desbravadores do País, homem que percorreu todos os brasis
e procurou inserir, particularmente, o índio na sociedade brasileira. Criado
esses novo Projeto, nós, junto com a Universidade do Estado da Guanabara –
mudara o Comando para o General Reynaldo Mello de Almeida, que o apoiou
totalmente, e ainda autorizou alguns oficiais a se juntarem à Universidade –
preparamos um grupo de alunos para mandar para a Amazônia.
Foi o nascimento. Conheci o
Weber (Coronel Carlos Aloysio Weber) que estava comandando o 5º. Batalhão de
Construção (5º. BEC) – primeiro comandante do 5º. BEC – recém instalado em
Porto Velho. Liguei-me com ele, autorizado pelo General. Perguntei se podia
receber uns trinta estudantes de várias universidades do Rio, para um trabalho
junto àquela população pobre da região onde ele estava construindo a estrada de
rodagem para substituir a Madeira-Mamoré (era a Guajará-Mirim/Porto Velho). O
Weber, um sujeito extraordinário, topou. (...)
Houve um episódio
interessante que deve ser registrado. Precisávamos de um avião para transportar
o pessoal. Solicitamos ao Coronel Mauro Costa Rodrigues, do Gabinete do Ministro,
para ver se conseguia um avião. O Chefe do Gabinete do Ministro era o General
Frota (Sylvio Couto Coelho da Frota). Quando ele soube do pedido, pelo Mauro,
proibiu, Não queria o envolvimento com estudantes. Estudante fazia greve, fazia
muita confusão. Não queria que o Exército se misturasse com isso e, assim,
perdemos o apoio governamental, veja que coisa absurda.
Fomos, então, nesse dia, bem
tarde da noite, à casa do General Albuquerque Lima (Affonso Augusto de
Albuquerque Lima), que era Ministro do Interior, e expusemos a ele – que nos
recebeu até de robe – a ideia. Resposta: ‘Negativo, eu assumo isso. Vocês levem
essa turma amanhã ao meu Ministério’.
Telefonou, mandou vir um
avião do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para o Rio de
Janeiro e disse para o diretor do Departamento: ‘Esse avião vai ficar à minha
disposição durante bastante tempo, fará duas viagens a Rondônia para levar
estudantes’.
No outro dia, recebeu a
garotada toda e os professores lá no Ministério, que era localizado onde hoje é
o Museu do Índio, e fez uma exposição belíssima. A garotada se entusiasmou
sobre a Amazônia e essa foi a origem do Projeto Rondon. Foi a ‘operação zero’ ”
(Coronel Sérgio Mário Pasquali, Tomo 5, pg. 191-192).
“Com o Hélio Beltrão,
redigimos um decreto cirando o órgão de administração direta dentro do
Ministério do Interior: Projeto Rondon. O Mauro veio a Brasília com a garotada
que já o estava ajudando voluntariamente. Assistiram ao Presidente assinar o
Decreto, criando o Rondon, e o Rondon deslanchou. Isso é uma paralela que
enfeita muito essa narrativa, pelo valor que entendo ele teve no sentido de
proporcionar a 350 mil estudantes brasileiros a oportunidade de conhecer os
outros brasis, diferentes daqueles onde estudavam, onde tinham nascido.
(...)
E conseguimos fazer tudo
isso praticamente sem recursos. Por exemplo, a Viação Aérea de São Paulo (VASP) nos doou quatro aviões. Um
cidadão de Santa Catarina – não me lembro, agora, o nome – doou um avião, um
DC3. A Transbrasil doou um DC3. Eu tinha uma frota de aviões, mas era uma frota
de aviões que não havia custado nada, porque fora doada.
Para a doação da VASP, fui
com o Costa Cavalcante a São Paulo. A VASP fez uma cerimônia, entregou os
últimos DC3 e todas as peças, desse avião, que mantinha em estoque. Deixamos os
DC3 no Campo dos Afonsos, no Rio, para serem pilotados pelos oficiais da FAB.
Havia um oficial da FAB no Conselho e ele fazia a escala de pilotos para os
DC3, distribuindo horas de voo para o pessoal – o aviador precisa voar. Contratamos apenas três mecânicos
aposentados da PANAIR e da própria FAB para cuidarem da parte mecânica dos
aviões. Pergunta óbvia: ‘E o combustível para as aeronaves?’ A Petrobras
fornecia. Tínhamos um cartãozinho. Parava num posto da Petrobras, num
aeroporto qualquer, e abastecia de graça” (Coronel Sérgio Mário Pasquali, Tomo
5, pg. 199-201).
“Bandeiras
Agrárias”, o Projeto Rondon de Goiás
“Nos meios religiosos, em
especial entre os católicos, o comunismo também não encontrava guarida, em
virtude de sua filosofia materialista. Por esse motivo, entendo que a Igreja
Católica foi, inicialmente, uma grande aliada das Forças Armadas.
Vou relatar um caso vivido
em Goiás, que se relaciona com essa questão. O desenvolvimento agrário goiano
tinha por base a educação. Organizamos um programa intitulado Bandeiras
Agrárias, voltado para a juventude, que foi a matriz, o cerne do Projeto
Rondon. Na Capital do Estado de Goiás, havia muitos estudantes do interior. O
programa Bandeiras Agrárias consistia em preparar esses estudantes do interior.
O programa Bandeiras Agrárias consistia em preparar esses estudantes, para ministrarem,
em suas áreas de origem e durante os períodos de férias – quando retornavam às
suas localidades -, conhecimento agrário à população local.
Para alcançar tal objetivo,
organizamos diversos currículos para estudantes de Direito, de Medicina, de
Agronomia e de outras profissões, os quais aprendiam as matérias de sua
especialidade. Este projeto teve uma acolhida muito grande na Universidade
Católica de Goiás, onde tivemos como colaborador, um padre, professor da UFG,
que nos assessoraram na elaboração dos currículos e participava do zelo
didático que dedicávamos à boa apresentação desses programas aos estudantes”
(Coronel Petrônio Maia Vieira do Nascimento e Sá, Tomo 12, pg. 161-162).
Obs.:
O Projeto Rondon foi criado pelo
Decreto no. 62.927, de 28 de junho de 1968, dentro do princípio do Marechal
Rondon “Integrar para não entregar”. Infelizmente,
foi extinto pela MP no. 28, de 1999, durante o Governo Sarney. Ressurgiu
timidamente durante o Governo FHC, mediante Decreto no. 1366, de 12 de janeiro
de 1995, com o nome de Comunidade Solidária, sob os cuidados da primeira-dama
Ruth Cardoso. O Projeto Rondon foi extinto em dezembro de 2002, dando lugar ao
Programa Fome Zero. Em 2005, o Projeto foi retomado pelo Ministério da Defesa.
Cfr. os vários projetos realizados desde então em https://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_Rondon.
Acesse
o Projeto Rondon no Facebook - https://www.facebook.com/projetorondonoficial/
F.
M.
Pró-Álcool:
80% dos carros a álcool
“Outra importante realização
foi o Pró-Álcool, posteriormente desprezado e até extinto, fruto da pressão
exercida pelo cartel do petróleo, infelizmente. Sob o ponto de vista econômico,
teria sido uma grande saída para o Brasil. Além de substituir o petróleo, essa
energia alternativa gerava uma grande massa de empregos na agricultura. O
Pró-Álcool era tão importante que, durante alguns anos, a produção de carros a
álcool chegou a 80%, contra 20% de carros movidos a gasolina e a óleo diesel, o
que dá uma ideia da magnitude do programa, que deveria ter sido intensificado,
e não extinto” (Economista Paulo Roberto Coelho Pinto, Tomo 12, pg. 256).
“Ainda sobre os recursos
renováveis, há que se destacar o Programa do Álcool, ou Pró-Álcool, um desafio
de grande repercussão internacional, uma resposta clara do Brasil à crise
energética. Este nosso País é surpreendente, a sua criatividade não pode deixar
de ser desenvolvida. Atualmente, lamenta-se o desestímulo que os seus
administradores vêm inoculando na sociedade, fruto da falta de visão. E naquela
época houve – é preciso que se diga – o boicote permanente, a reação surda, a
oposição disfarçada ao Pró-Álcool, desafios enfrentados corajosamente pelo Presidente
João Figueiredo.
(...)
Em termos práticos, em 15 de
março de 1979 – data que assinala a posse de Figueiredo na Presidência da
República – o Brasil possuía zero carro à álcool. Seis anos depois, ao deixar a
Presidência, entregara ao País uma frota de 1,2 milhão de veículos movidos a
álcool, conquista que se deve à competência dos técnicos do Centro Tecnológico
de Aeronáutica (CTA), sediado em São José dos Campos, São Paulo. O próprio
Presidente passou boa parte do seu governo utilizando um carro a álcool”
(Engenheiro César Cals de Oliveira Neto, Tomo 12, pg. 276).
O
Brasil ajudou a evitar a Operação Suriname, que seria uma invasão dos EUA naquele
país
“Em 1982, o Presidente
Reagan mandou uma delegação ao nosso País, com fotografias ampliadas, várias
fotografias. Propuseram a realização de uma reunião, que aconteceu na Granja do
Torto e à qual compareceram, para assessorar o Presidente, além de mim,
Ministro Chefe do SNI, o General Venturini, Secretário do CSN e o General
Ludwig, Ministro Chefe da Casa Militar. A reunião realizou-se na Granja do
Torto e pelos EUA participaram o Embaixador Antony Motley, o General Clark
(Assessor do Presidente Reagan), um oficial da CIE, de nome Claridge, e um
outro Assessor da Casa Branca.
Os americanos contaram que
estavam prestes a fazer uma manobra naval no Caribe, quando iriam aproveitar
para desembarcar e ocupar o território do Suriname. Um momento de suspense. O
pivô da história: Cuba. A embaixada cubana, sem alarmar, pretendia internar no
Suriname pessoal deles e o Reagan não aceitava isso.
Aquelas fotografias, falei
nelas mas não expliquei, eram principalmente de desembarque de navios e aviões
russos, na Nicarágua e nas ilhas do Caribe. Depois que descreveram tudo sobre o
perigo que imaginavam existir, pelo crescimento da influência cubana no
Suriname, viraram-se para o João e disseram: ‘Precisamos que o senhor ponha um
Batalhão de paraquedistas no aeroporto do Suriname.’ O João quase morreu,
coitado. Depois, ele comentou: ‘Puxa, nunca esperei por essa.’
(...) Nesse momento, disse:
‘João, pede licença para nos retirarmos. Vamos fazer uma pequena conferência em
separado.’ Saímos e fomos ao gabinete dele, de onde os americanos nada poderiam
ouvir. Fui o primeiro a falar: ‘João, não negue, porque se você disser não e bater
o pé, haverá consequências no nosso relacionamento com os Estados Unidos, e
alguns óbices, principalmente na área econômica.’ O Presidente, então,
perguntou: ‘O que você sugere?’ Respondi: ‘Peça a eles um tempo, informando que
vamos mandar uma comitiva com a missão de conversar com o Presidente daquele país.’
O Presidente do Suriname era um tipo despreparado. A ideia era inverter o
papel. Argumentar sobre o absurdo de Cuba querer apossar-se do Suriname;
ressaltar que a América Latina não tinha a ver com o comunismo.
Oferecíamos diversos tipos
de assistência e apoio, como matrículas de surinameses em cursos, no Brasil,
envio de técnicos experimentados para trabalhar na construção de linhas
telefônicas, comunicações rádio e outros benefícios. O João comentou: ‘Você é
‘de morte’, Medeiros. Perguntei: ‘Mas você vai fazer isso?’ Ele respondeu:
‘Vou.’ Conversamos mais um pouco naquele local e voltamos para a sala onde os
americanos aguardavam. O João, ele mesmo, fez a exposição de nossos propósitos,
que foram prontamente acatados. Gostaram, porque saíram de mais uma encrenca:
invadir um outro país. Estava suspensa a Operação Suriname.
E
o emprego de nosso Batalhão seria contraproducente, em virtude de nossos
princípios de não intervenção... [entrevistador]
Não tinha ‘nem pé nem
cabeça’. Partiram satisfeitos e, dias depois, após o contato com o Presidente
Bouterse, o Venturini viajou para o Suriname. Seguiu com dois coronéis;
estávamos na Semana Santa. Havia 8 elementos de segurança do SNI embarcados no
avião. Não apareceram nenhuma vez. Passaram um dia inteiro, lá, como se fossem
segurança pessoal e ninguém desconfiou. O Venturini foi muito bem recebido,
voltou feliz da vida, todos aplaudimos o sucesso de sua missão e,
imediatamente, começamos a cumprir o que tínhamos prometido.
A participação brasileira no
Suriname foi muito apreciada pelo Governo americano. Ela evitou, certamente, a
perda de vidas de militares americanos e de muitos surinameses, além de um
enorme desperdício para os Estados Unidos. O Presidente Regan ficou muito
impressionado e agradecido pela pronta e eficaz ação do Governo brasileiro.
A esse propósito, quando o
Presidente Reagan veio ao Brasil visitar o Presidente Figueiredo, me convidou a
visitá-lo na Casa Branca. Viajei aos EUA, visitei a sede da CIA, em Langley,
Virgínia, e depois encontrei-me na Casa Branca com o Presidente Reagan,
presentes o Embaixador Motley e o General Clark, oportunidade em que o
Presidente americano renovou os seus agradecimento pela ação brasileira,
mostrando-se imensamente feliz pelo êxito da mesma” (General-de-Exército
Octávio Aguiar de Medeiros, Tomo 15, pg. 45-46).
O
Brasil ajudou a abrandar o confronto Peru-Equador, em 1981
“O
General Adhemar da Costa Machado me contou uma história que serve para mostrar
um pouco do temperamento do Presidente Figueiredo. Não sei se o senhor foi
testemunha. Existia um litígio entre o Peru e o Equador, até acabou havendo
perigo de enfrentamento militar entre eles, ao longo da Rodovia Pan-americana.
A tropa do Peru de um lado e a do Equador, do outro.
O
Presidente Figueiredo quis mandar alguém lá, a fim de tentar resolver a
situação. Escolheu o General Adhemar da Costa Machado, que servia no
Estado-Maior do Exército, como 2º. Subchefe. Seguiu com 2 Coronéis, um deles
chamava-se Ilson Nunes da Silva. O General Adhemar contou-me que foi ao
Itamaraty, para saber dos detalhes, e lhe disseram: ‘Olha, a parte diplomática
já acabou, não existe como, diplomaticamente, resolver isso. O Presidente quer
que, pelo menos, vá um militar para tentar evitar o confronto bélico.’
Resolveu, então, ir ao Presidente, para pedir orientação e procurou o General
Venturini, Chefe do Gabinete Militar. Segundo o General Adhemar, vou ser fiel
aqui, porque os dois faleceram, o General Venturini voltou, com o seguinte
recado: ‘Olha, o General Figueiredo mandou você ir à ‘m....’, pois se tivesse
orientação já a teria dado, há muito tempo. O fato é que não há orientação a
ser dada; vai lá e vê o que você consegue.’ [entrevistador]
Isso é bem do João
Figueiredo.
O
General Adhemar foi e conseguiu abrandar a situação, tanto que naquele período
nada mais ocorreu. O problema foi surgir, novamente, em 1994.
[entrevistador]” (General-de-Exército Octávio Aguiar de Medeiros, Tomo 15, pg.
48).
Obs.:
Sobre
os vários conflitos de fronteira entre o Peru e o Equador, acesse https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/06/conflitos-fronteiricos-entre-peru-e.html.
F.
M.
Sem
a Revolução, o que seríamos?
“Caso não tivesse ocorrido a
Revolução de 1964, na melhor das hipóteses, teríamos nos transformado, na
década de 1980, em um País de padrão médio africano, pela total falta de
condições de enfrentar as duas crises do petróleo e pelo excesso de tolerância
com o MCI. Na pior das hipóteses, teríamos nos tornado em um teatro de
operações, com algumas características do TO da Guerra do Vietnam. Ocupado por
guerrilhas urbanas e rurais e invadido por tropas da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) ou da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, o que
seríamos?” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo
12, pg 124).
Método
Cooper é popularizado no Brasil pelo Capitão Cláudio Coutinho
“Os acertos foram muitos,
mas gostaria de citar um fato, na minha área, na minha especialidade, que é
Educação Física e esporte. Vi um amigo, um companheiro – Capitão Cláudio
Coutinho, infelizmente já falecido, prematuramente, foi meu companheiro na área
de Educação Física, fomos Instrutores na Escola de Educação Física do Exército
– que teve oportunidade de fazer um curso com o professor Cooper, Kenneth
Cooper, nos Estados Unidos e, quando ele voltou, com esses conhecimentos que
ele auferiu, foi chamado pela então Confederação Brasileira de Desportos (CBD)
para integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira que ia disputar a Copa
de 1970, no México. E, conforme todos sabemos, aquela Copa teve um êxito
extraordinário, principalmente na preparação física, que nos levou a enfrentar
muito bem a altitude do México, que, até então, era um mito. E nós tivemos a
melhor preparação física da Copa.
Isso teve muito a ver com o
trabalho do Coutinho, junto com o Chirol, com o Parreira, que são também
pessoas de muito valor. Mas com o êxito da Copa do Mundo, o que aconteceu? O
método Cooper começou a se popularizar, livros foram editados, porque até então
era difícil ver, nas ruas das cidades brasileiras, alguém correndo; quando se
via alguém correndo, era militar.
E hoje, o que é que se vê?
Por exemplo, vejo aqui na Avenida Atlântica: há dias que você não consegue
andar, tal é a quantidade de pessoas que passaram a se preocupar com o seu
físico. E isso começou com certeza nesse trabalho oriundo do êxito na Copa do
Mundo, em que o meu amigo Cláudio Coutinho – uma inteligência viva a serviço do
esporte nacional – teve uma parcela considerável” (Tenente-Coronel Reginaldo
Pontes Bielinski, Tomo 11, pg. 325).
Obs.:
Cláudio
Coutinho faleceu em 1981, aos 42 anos de idade, quando praticava pesca
submarina nas Ilhas Cagarras, próximo a Ipanema. Foi treinador do Flamengo e da
Seleção Brasileira. Na Copa da Argentina, em 1978, logrou o terceiro lugar,
invicto. O torneio foi marcado por polêmica que existe até hoje, devido ao jogo
em que o Peru teria “se vendido” aos argentinos, em derrota de 6 x 0.
F.
M.
Fonte: "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964", Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2003, em 15 Tomos. Coordenador Geral General Aricildes de Moraes Motta.
Eu vivi todos esses anos, inicialmente na esquerda (Ação Popular) a´te 68. A partir de 1970 comecei a perceber a imensa mudança para melhor que o Brasil vinha tendo. Hoje, lembro com saudade os tempos em que havia muito mais liberdade do que hoje, desemprego praticamente residual, moeda forte, muita euforia pelas obras magistrais que só engrandeciam o país. Confirmo que as tentativas de guerrilha - principalmente Araguaia - eram passos em direção à efetivação de uma FARB.
ResponderExcluirCaro Heitor:
ResponderExcluirÉramos felizes e sabíamos disso.