MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Acertos da Revolução de 31 de Março de 1964


Preâmbulo

O texto abaixo reúne o depoimento de várias personalidades, entre militares e civis, e a sequência dos atos do Governo dos cinco generais-presidentes, tidos pelos entrevistados como "acertos".

O texto abaixo destina-se principalmente aos jovens do Brasil, que conhecem a História recente de nosso País da boca de quem pretende reconstituir os fatos históricos, dentro da ótica marxista da esquerda derrotada pelos militares, não a verdadeira História, que deveria ser contada sem parcialidade.

Houve erros, sim, mas principalmente houve muitos acertos durante o governo dos generais, de Castello a Figueiredo, que fizeram o Brasil se tornar a 8a. potência econômica. Esses acertos eu pincei para você, leitor, especialmente leitor jovem, da "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964", editado em 2003 pela Biblioteca do Exército Editora.

Em breve, publicarei o "fichamento" dos 15 Tomos da História Oral do Exército - 1964, com cerca de 556 páginas, um extrato do que julgo ser o mais importante divulgado pela coleção histórica da Bibliex.

Prezado jovem: quando aquele seu professor (marxista) de História, Geografia, Comunicação Social, Antropologia ou Sociologia, vestindo a camiseta do serial killer Che Guevara, começar a falar que os 21 anos de governo dos militares só resultaram em perseguição política, tortura e morte, esfregue esse texto na fuça do farsante.

Félix Maier



ACERTOS DA REVOLUÇÃO DE

31 DE MARÇO DE 1964




Autoria: Depoimento de militares e civis à "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964"





“Se reduzirmos ou eliminarmos a miséria, a ignorância, a corrupção, a exploração política e os desníveis sociais, o comunismo morre de inanição (Tenente-Coronel Idalécio Nogueira Diógenes, Tomo 4, pg. 188).


O Brasil era formado por “ilhas”; virou Continente

“Quem conheceu o País, como conhecemos, antes de 1964, sabe que para viajar de Fortaleza para Teresina, levava-se 24h com pernoite em  Serra Grande. O Brasil transformou-se, o Brasil mudou, com as hidrelétricas, com os portos, com as estradas, com a indústria naval, com a indústria de ponta de fibra ótica, com os aeroportos. O Brasil era considerado como um conjunto de ilhas populacionais isoladas. Tudo mudou neste País: as universidades foram ampliadas, o Brasil cresceu e se transformou na oitava economia do mundo. O brasileiro passou a confiar mais em si mesmo e a fortalecer a vontade nacional. O novo Brasil, o Brasil do Maracanã, com o povo, de pé, aplaudindo o Presidente Médici. O que se fez por este País não tem preço. Agora, o pior de tudo isso é que aqueles que foram derrotados e, hoje, encontram-se no Poder, nada fizeram. Até a Petrobras vê-se ameaçada de perder seus avanços e conquistas tecnológicas e a sua própria nacionalidade. Se não fosse 1964, o que seríamos hoje?” (General-de-Divisão Francisco Batista Torres de Melo, Tomo 4, pg. 65).


As Forças Armadas impediram a criação das “FARB”

“Se perdêssemos, talvez estivéssemos hoje enfrentando, como a Colômbia, quem sabe, as FARB – irmãs das FARC – ou seja, as Forças Armadas Revolucionárias do Brasil. Aí, os esquerdistas estariam exultantes!... E os verdadeiros brasileiros – aqueles que realmente amam este País – atormentados e desprestigiados como acontece hoje, com os nossos vizinhos colombianos” (Coronel Irtonio Pereira Rippel, Tomo 10, pg. 374).

Obs.:
Em 6 décadas, as FARC deixaram saldo de 260.000 mortos, tendo a Colômbia mais de 50 milhões de habitantes (dados de 2020) - – cfr. https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/farc-deixaram-mais-de-260000-mortos-na.html.
No Brasil, com população 4 vezes maior (mais de 209 milhões em 2020), quantos mortos haveria se a Guerrilha do Araguaia fosse vitoriosa, consolidando-se uma suposta “FARB” durante 5 décadas? Mais de 1.000.000 de mortos?
F. M.


Pleno emprego

“Não havia desemprego, ao contrário, o nível de emprego crescia de forma a absorver perfeitamente os jovens que demandavam o mercado de trabalho. No eixo Rio-São Paulo, executivos ganhavam mais do que seus similares americanos ou europeus. Kombis das empresas de construção civil recrutavam mão-de-obra no ABC paulista com alto-falantes oferecendo bons salários e confortos nos alojamentos. Um metalúrgico parcimonioso ganhava o bastante para comprar um fusca novo.
Criou-se a Portobras, que começou a se preocupar não só com os portos marítimos, mas com hidrovias interiores, como a Tietê-Paraná.
A partir de 1964, reduziu-se substancialmente a inflação, que no desgoverno Goulart era de 96%, para 12% ao ano, o que se verfificou no primeiro decênio da Revolução, período em que as nossas exportações decuplicaram de 1,2 bilhão de dólares para 12 bilhões, chegando mais tarde a 22 bilhões de dólares.
Uma pesquisa do IBOPE, realizada em junho de 1971, em pleno Governo Médici, atribuíra-lhe 82% de aprovação. Em 1972, a economia crescia a 11,9%, a maior taxa de todos os tempos. Era o quinto ano consecutivo de crescimento superior a 9%. A renda per capita dos brasileiros aumentara 50%.
(...)
No campo psicossocial, através da criação do Banco Nacional da Habitação, conseguiu a Revolução de 1964 dar casas para uma parcela significativa da população. O meu primeiro apartamento foi adquirido com o empréstimo do BNH, o que ocorreu com inúmeros brasileiros. Ao mesmo tempo, reduziu o analfabetismo, com a criação do Mobral; criou o Projeto Rondon, que levou ao interior do Brasil, particularmente à Amazônia e à fronteira Oeste, profissionais de saúde e professores que modificaram o perfil da saúde e da educação naquelas longínquas regiões. Ainda no campo da Educação, assegurou a presença de mais de dez milhões de estudantes nos bancos escolares, realizando uma revolução no setor do ensino universitário, com um substancial incremento do número de vagas no nível superior. O Funrural – o maior programa de distribuição de renda do mundo – teve um alcance invejável, beneficiando cerca de quarenta milhões de trabalhadores rurais, sustentando a economia de mais de oitenta por cento dos nossos municípios” (General-de-Brigada Geraldo Luiz Nery da Silva, Tomo 10, pg. 228-229).


Telecomunicações: entre as mais avançadas do mundo

“Lembro-me de uma profissão que havia naquela época aqui no Rio de Janeiro. Era o garoto contratado para ficar tentando conseguir linha [telefônica]. Era um garoto de 13, 14 anos, contratado para ficar numa sala com um telefone para conseguir a bendita linha” (Coronel Romeu Antonio Ferreira, Tomo 9, pg. 368).
“Na área de infra-estrutura, foram remodelados, para atenderem a exigências futuras, todos os portos fluviais e marítimos, e os aeroportos; foram construídas a Ponte Rio-Niterói, a Estrada do Aço, rodovias e ferrovias. Itaipu, que é a maior hidrelétrica do mundo, interligada a outras usinas energéticas, como Boa Esperança e Tucuruí, deus as condições de desenvolvimento que nos permitiram dizer, com orgulho, que temos o maior parque industrial da América Latina. Isto se deveu a Itaipu e às que foram citadas, construídas nos governos militares.
No campo das telecomunicações, criou-se tudo o que ainda existe hoje. De fato, em 1964, praticamente nada tínhamos neste setor, mas em 1974, dez anos depois, em menos de um minuto ligávamos, por telefone da melhor qualidade, com qualquer ponto do território nacional. Ainda no Governo do Presidente Médici, foi inaugurada a televisão a cores, que não deixava nada a desejar em relação às melhores do mundo. Os sistema de telecomunicações do Brasil, implantado durante os governos militares, foi considerado empreendimento tecnológico de país desenvolvido, que se deveu à alta qualidade dos técnicos formados pelo nosso Instituto Militar de Engenharia (IME), entre os quais os Ministros das Comunicações, o Coronel Higino Corsetti e o Comandante Euclides Quandt de Oliveira. Assim, o IME tornou-se uma entidade de primeira grandeza na preparação de excelentes profissionais técnicos, como estes que atuaram na área das comunicações.
(...) Na educação, foram adotadas as seguintes medidas, entre várias outras: aumentar a escolarização, da faixa dos sete aos 14 anos, que passou, entre 1970 e 1980, de 67% para 83,7%; incrementar a matrícula nas universidades, que subiu, entre 1964 e 1981, de 100 mil para 1,3 milhão; estímulo substancial ao ensino dos 1º. e 2º. graus; reestruturação da educação básica (1º. grau), que passou de quatro para oito anos; estímulo e subsídios ao ensino do 3º. grau (superior), através do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq); do Fundo de Financiamento para Estudos e Projetos (FINEP) e da Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), de modo que, no início dos anos de 1980, já havia enorme rede de mestrado e doutorado e a institucionalização da pesquisa.
Nos meios urbano e rural, para atender às populações mais carentes, foram criados os Programas Nacionais de Ações Sócio-Educativas e Culturais (PRODASEC, meio urbano; e PRONASEC, meio rural; Programa de Expansão e Melhoria da Educação Básica do Meio Rural (EDURAL) e Programa de Apoio às Populações Carentes da Zona Canavieira do Nordeste (PROCANOR).
Quanto à saúde, tem-se que atentar para a complexidade crônica do problema. Sempre houve duas estruturas: a de saúde pública, que cuidava da medicina preventiva, e a previdenciária (dos Institutos de Aposentadoria e Pensões), à qual cabia a medicina curativa. Já se pode visualizar que a grande maioria do povo era excluída das condições de tratamento de saúde. Os governos revolucionários tentaram de várias formas unificar essas estruturas, pouco conseguindo. Criaram-se várias entidades de saúde, com vistas a essa unificação: o Sistema nacional de Saúde, o Programa de Interiorização das Ações de Saúde (PIASS), o Prev-Saúde, o Conselho Consultivo de Administração Previdenciária (CONASP) e as Ações Integradas de Saúde (AIS). Estas últimas conseguiram transferir mais recursos federais para Estados e Municípios, aumentando os níveis de equidade e universalização dos atendimentos e estimulando a produtividade dos órgãos de saúde em todos os níveis, criando programações conjuntas, evitando a duplicidade de esforços.
Com relação à Assistência Social, várias foram as iniciativas tomadas: a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH); o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL); o Estatuto da Terra; implantação da Lei Orgânica da Previdência Social (aprovada desde 1960), unificando-se a Previdência com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que passou a atender a outras classes de trabalhadores – empregados domésticos, jogadores de futebol, garimpeiros, estudantes, ministros religiosos e outros; o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ligado à política habitacional; o Programa de Integração Social (PIS), financiado pelas empresas privadas. O Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), financiado pelos órgãos governamentais.
Para se ter uma noção mais ampla de todas as realizações da Revolução de 1964, sugiro a leitura do livro do Coronel Ivany Henrique da Silva – Heróis a Lutar – em particular o seu Capítulo 12, que apresenta um relato completo dessas realizações (Blue Chip Gráfica e Comunicação Ltda – Rua Cardoso Marinho, no. 18ª – 20220-370 – Santo Cristo – Rio de Janeiro – RJ)” (Coronel Luciano Moreira de Souza, Tomo 4, pg. 125-127).
“A telefonia teve um extraordinário desenvolvimento. Em 1964, eu passava doze horas num posto telefônico, na Avenida Rio Branco, para conseguir ligação para a Cidade de Fortaleza. Nove anos depois, em 1973, estive em Nova York e pude verificar que já estávamos chegando ao nível da telefonia americana. Isto se deve a dois ministros, engenheiros militares, um da Marinha e outro do Exército, respetivamente, o Comandante Euclides Quandt de Oliveira e o Coronel Higino Caetano Cosetti. Os dois eram fabulosos técnicos de comunicações. Corsetti, foi, inclusive, nosso instrutor na AMAN” (Engenheiro João Paulo Simões Accioly de Carvalho, Tomo 12, pg. 292-293).


Dados estatísticos da Revolução

“Dentre os renomados civis que defenderam a Revolução por seus feitos, destacamos a douta conferência do Engenheiro Glycon de Paiva, diversas vezes divulgada, em nível nacional, inclusive na Carta Mensal de setembro de 1984, publicação de alto nível intelectual do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio.
Falei na Carta Mensal de setembro de 1984, porque, como o senhor destacou, a partir de 1985, o ‘revanchismo’ impediu qualquer referência positiva na Imprensa sobre o período da Revolução. É proibido divulgar!...
Justo e correto seria lembrar e avaliar o progresso do Brasil na vintena revolucionária de dezembro de 1963 a dezembro de 1983, mas os acéticos escondem os números que dão ao período extraordinária expressão. E aí, Glycon de Paiva dá uma série de exemplos como a capacidade instalada de energia elétrica que passou de 4.480 megawatts para 35.000 megawatts, um crescimento superior a nove vezes.
No intervalo considerado, o maior aumento de potencial elétrico de todo mundo foi o do Brasil. O nosso País passou para o terceiro potencial do mundo em setembro de 1984, quando a Revolução se preparava para deixar o Governo.
A produção do aço cresceu de 2,8 milhões de toneladas/ano para 18 milhões, um crescimento de 600%. A produção de automóveis passou de 174.000 unidades ano para 880.000, aumento superior a cinco vezes, e, logo, alcançou a casa de um milhão por ano.
A produção de petróleo subiu de 98 mil barris/dia para 340 mil, aumento superior a três vezes. A exportação anual do Brasil subiu de 1,4 bilhão de dólares em dezembro de 1963 para aproximadamente 22 bilhões de dólares em dezembro de 1983, 15 vezes maior.
Em 1964, o País tinha 75 milhões de habitantes e a nossa renda per capita era de 400 dólares, sendo o PIB (Produto Interno Bruto) de 25 bilhões de dólares. No vinteno, a renda per capita atingiu 2 mil dólares, mesmo com a população crescendo para 125 milhões de habitantes. O PNB cresceu 1.450%, chegando a 295 bilhões de dólares.
Dois dados do campo social merecem ser ressaltados. No ensino superior, demos um salto de 120 mil universitários para 1,3 milhão, um crescimento de 1.000%. O outro número importante refere-se à quantidade de habitações construídas com base nos financiamentos do Banco Nacional da Habitação (BNH), que cresceu de 100 mil unidades para 4 milhões e duzentos mil, o que corresponde a um aumento de 42 vezes.
(...)
Concluindo, parece-me importante repetir que, para alcançar esses resultados, nos apoiamos, em boa parte, na poupança alheia, cerca de 60 bilhões de dólares, em termos reais, sobretudo a partir do Governo Geisel, uma vez que ao final do Governo Médici a nossa dívida não chegava a US$ 8 bilhões. Adquirimos no exterior equipamentos pesados para ampliação de quatro usinas siderúrgicas e para a instalação de mais três, assim como para o estabelecimento de dois pólos petroquímicos e para a metalurgia do cobre, do zinco e do níquel.
Para a realização das conhecidas obras ciclópicas monumentais, colossais, acrescentamos o pedido de novos empréstimos para rodovias, telecomunicações, saneamento básico e habitação. A consequência foi o natural endividamento nacional, especialmente no Governo Geisel que passou ao seu sucessor uma dívida de US$ 40 bilhões, cerca de cinco vezes maior do que recebera do Presidente Médici, apesar de que os gastos redundaram num aumento substancial da nossa infraestrutura capaz de permitir um grande crescimento.
Os governos posteriores civis, Sarney e Collor, Itamar e Fernando Henrique – aumentaram enormemente essa dívida. Com eles, a dívida se ampliou assustadoramente, sem um retorno de investimentos que justificasse tal endividamento. Esse é um dos maiores problemas a serem resolvidos, que tornam extremamente vulnerável a economia do País como um todo. Aí, está, também, uma diferença fundamental entre o período revolucionário, onde a dívida tinha uma contrapartida de crescimento real, e o período posterior, onde a dívida cresceu absurdamente sem ninguém constatar nenhum crescimento razoável da economia brasileira” (Coronal Hernani D’Aguiar, Tomo 9, pg. 193-194).


Obs.
Em 9/4/2020, o Professor de Economia Ricardo Bergamini publicou a evolução da dívida total brasileira, de 2002 até fevereiro de 2020. Bergamini dá destaque à dívida interna em poder do Banco Central, que não é lembrada na mídia – uma verdadeira “pedalada fiscal”.
No início do Governo Lula da Silva, a dívida estava em cerca de R$ 1,104 trilhão. Em fevereiro de 2020, chegou a 6,182 trilhões. Confira tabela abaixo.
F. M.

Dívida Líquida

Total da União (Interna e Externa)
 Fonte ME - Base R$ bilhões

Itens
2002
% PIB
2010
% PIB
2018
% PIB
Fev/20
% PIB
Dívida Interna Em Poder do Mercado
558,9
37,54
1.603,9
41,28
3.728,9
54,13
4.099,9
55,94
Dívida Interna Em Poder do Banco Central
282,1
18,95
694,0
17,86
1.794,3
26,04
1.901,6
25,94
Dívida Externa Líquida
262,9
17,66
90,1
2,32
148,2
2,15
181,1
2,47
Dívida Total Líquida
1.103,9
74,15
2.388,0
61,46
5.671,4
82,32
6.182,6
84,35

PIB 2002 – (R$ 1.488,8 bilhões); PIB 2010 – (R$ 3.885,8 bilhões);
PIB 2018 – (R$ 6.889,2 bilhões). Previsão do PIB 2020 – (R$ 7.329,4 bilhões). 

Hoje é dia de divulgação da dívida da União com base em fevereiro de 2020 e, como sempre, a imprensa omite o estoque da dívida em poder do Banco Central no montante de R$ 1.901,6bilhões (25,94% do PIB), sendo essa a parte mais importante da dívida, visto que nada mais é do que uma “pedalada oficial” (aumento disfarçado de base monetária, ou emissão de dinheiro falso). Vejam que essa orgia saiu de 17,86% do PIB em 2010, para 25,94% do PIB em fevereiro de 2020. Crescimento real em relação ao PIB de 45,24%. É nessa lama que o Brasil joga os seus criminosos e imorais déficits fiscais primários.

Em 2010 o estoque da dívida líquida da União (interna mais líquida externa) era de R$ 2.388,0 bilhões (61,46% do PIB). Em dezembro de 2018 era de R$ 5.671,4 bilhões (82,32% do PIB). Crescimento real em relação ao PIB de 33,94%. Em fevereiro de 2020 migra para R$ 6.182,6 bilhões (84,35% do PIB). Aumento real em relação ao PIB de 2,47%, comparativamente ao ano de 2018.
Ricardo Bergamini
(48) 99636-7322
(48) 99976-6974


Primeiro lugar em “vontade nacional” – orgulho de ser brasileiro!

“Foram tempos em que alguns lutaram para dar a todos os brasileiros: paz social, ordem e absoluta segurança, bem como prosperidade à nossa Nação. Apesar da ação permanente dos revanchistas, há muitas pessoas de bem que sentem saudade daquela época, em que o Brasil era verdadeiramente respeitado.
O professor Ray Cline, que foi assessor permanente do Presidente dos Estados Unidos desde a época de Franklin Delano Roosevelt e que dirigiu o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade de Georgetown, em Washington, ao estudar o Poder Nacional em termos quantitativos e qualitativos dos 78 maiores países do planeta, chegou à conclusão, em estudo publicado em 1975, de que o Brasil do primeiro lustro da década em 1970 era o sexto país, em Poder Nacional, na frente, por exemplo, do Canadá, da Itália e Austrália, e o primeiro, junto com a França, em determinação ou vontade nacional.
Considerando a reconhecida competência do Professor Ray Cline, sem dúvida um dos maiores estrategistas não só norte-americano, mas de todo o mundo, verifica-se o valor incomensurável do Brasil, como nação, na primeira metade da década de 1970 (Governo do Presidente Médici, querido pelos brasileiros, exceto pelos terroristas sanguinários e seus defensores extremistas, que hoje usam a mídia para criticá-lo injustamente.
Já em 1971, falando aos estagiários da Escola Superior de Guerra, o então embaixador do Brasil em Washington, Araújo Castro, asseverava: ‘Nenhum país escapa ao seu destino e, feliz ou infelizmente, o Brasil está condenado à grandeza. A ela condenado por vários motivos, por sua extensão territorial, por sua massa demográfica, por sua composição étnica, pelo seu ordenamento sócio-econômico e, sobretudo, por sua incontida vontade de progresso e desenvolvimento’, aquela forte vontade nacional do primeiro lustro da década de 1970, mensurada com tanto acerto por Ray Cline.
Os vinte anos do regime político implantado em 1964 transformaram completamente o Brasil, que se modernizou e se desenvolveu de modo realmente revolucionário.
É uma pena que no País que já teve a maior vontade nacional do mundo, como vimos, hoje prevaleça a vontade internacional, como se verificou, por exemplo, na criação da reserva Ianomâmi, um crime perpetrado contra a soberania nacional por Collor de Mello e seu Ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, para atender às exigências norte-americanas feitas por escrito – carta assinada por oito senadores dos EUA, em 14 de junho de 1991, encaminhada a Collor por George Bush” (General-de-Brigada Geraldo Luiz Nery da Silva, Tomo 10, pg. 235-236).


Mar territorial das 200 milhas

“Expandimos o nosso território através do mar das 200 milhas, com uma reação enorme de todo mundo em cima do Presidente Médici, porque aquela medida incorporava ao território brasileiro enorme área passível de exploração econômica, as 200 milhas em todo o nosso litoral.
Cerca de 4 milhões de km2 de superfície que passaram a ser somados a nossa área de 8,5 milhões de km2 [entrevistador]” (General-de-Exército Luiz Gonzaga Schroeder Lessa,  Tomo 10, pg. 68).
“O que aconteceu nos últimos vinte anos, vamos dizer entre 1964 e 1984 e o que aconteceu entre 1985 e 2005 que é o mesmo período? Então, vai ser um desastre. Não fizeram nenhum porto, a Revolução fez vinte. Não construíram nenhuma estrada, a Revolução 56 mil quilômetros. Ergueram 2 milhões de casas, a Revolução 4 milhões. Como podem competir? Quais são as siderúrgicas que os atuais governos instalaram? Nenhuma, todas que existem herdaram dos governos revolucionários. Onde há um projeto igual ao Carajás? Ah! Desenvolveram o cerrado? Negativo! O cerrado é obra realmente do Governo autoritário. Foi ele que investiu em pesquisa para usar o cerrado; foi ele que fez um programa com os japoneses para construir estrada para chegar ao porto e nós estamos hoje tirando proveito disso.
(...)
A única mensagem que vou deixar é esta: entendo ser preciso que esse período seja estudado com relativa isenção. Diria que serão identificados alguns defeitos, alguns pecados, como também, muitas virtudes importantes, quer na forma de administrar, de comportar-se diante do patrimônio público, quer no processo ético completamente diferente: a ideia de que terminou o meu mandato, tenho que ir embora. É uma diferença fundamental, porque o civil acha isso abominável, só um idiota que, podendo continuar no Poder, vai embora. Esse processo ético é totalmente diferente. Então, penso que o fundamental é darmos instrumentos e estimular essa gente que está chegando agora, que já tem apreciável distância dessa época, a qual ele tem acesso somente pela literatura – do que aconteceu – mas que tem disposição para aprofundar estudos e pesquisas. Então acho que teremos uma avaliação mais positiva desse Movimento. Embora, como disse, vamos carregar alguns dos pecados cometidos, eternamente” (Deputado Federal Antônio Delfim Neto, Tomo 5, pg. 166-167).
“Quanto ao Médici, não me julgo elemento indicado para qualquer avalição, pois fiz parte da sua equipe. Era um homem simples, desapegado do Poder, bem-intencionado e popular. Em razão dos seus êxitos, passou a ser sistematicamente contestado pela mídia esquerdista. A declaração dele: ‘O governo vai bem, mas o povo vai mal’, mostra claramente as suas preocupações com os problemas sociais e a sua coragem de dizer que não concordava com alguns aspectos da sua administração.
Vale ressaltar que as ações do seu governo obstaram a expansão do comunismo internacional, que se esvaziou na América do Sul. E nada foi feito simplesmente para agradar aos americanos, como muitos dizem. Até pelo contrário, os enfrentamos em várias áreas de interesse, como, por exemplo, a fixação dos limites do mar territorial em duzentas milhas. O Embaixador Menezes Côrtes, quando esteve em Porto Alegre, contou-nos a pressão que o Brasil sofreu por parte dos americanos devido à nossa decisão. Ameaçaram bloquear a nossa rádio-base na Ilha das Cobras. Através de uma espécie de ‘guerra eletrônica’ iriam desmontar o frágil sistema de vigilância do nosso mar territorial, que fazia o rastreamento dos navios e submarinos no Atlântico Sul” (Coronel Hélio Lourenço Ceratti, Tomo 13, pg. 193).

Obs.:
Com o mar territorial de 200 milhas, o território brasileiro teve um acréscimo de 5,7 milhões de km2 de área oceânica ao longo da costa brasileira, a chamada “Amazônia Azul”.
F. M.


A terceira bandeira

“Nos anos da Revolução, até Médici, o Brasil estourou todas as metas e previsões e ombreou-se com as grandes nações; tornou-se um País em pleno desenvolvimento. A infraestrutura de comunicações, transportes e energia subiu de patamar, resultado de uma administração eficaz e proba, que aplicou os recursos com correção e de maneira competente. O Brasil mudou de feição.
Vou citar só um fato: fretes, a terceira bandeira.
Mário Andreazza, Ministro dos Transportes, foi oportuno com a denúncia que fez sobre o Acordo dos Fretes, pois exportávamos no navio dos outros.
Pagávamos a totalidade dos fretes e seguros gerados por nosso comércio exterior a armadores estrangeiros. Era uma vergonha! O Ministro deu um murro na mesa, denunciou o Acordo, provocando, para tratar do assunto, corrida ao Brasil – foi no início da década de 1970 – da Rainha da Inglaterra, de representantes noruegueses e outros.
Acabou a terceira bandeira, para nós, e deslanchou a indústria naval, que não existia no País” (Coronel Francisco Valdir Gomes, Tomo 6, pg. 138).
“No período da Revolução, ninguém tinha medo de bandido. Andava-se pelas ruas, a pé, filhos, esposas, para fazer visitas a qualquer hora do dia ou da noite. Não tinham carro.
Havia o quê? Algum milagre? Não, é que naquela época havia autoridade e hoje não existe autoridade. Hoje o bandido faz o que quer porque sabe que é impune. Ninguém o pune porque não tem moral para punir.
E por que não tem moral? Porque as autoridades de hoje foram os bandidos de ontem. Como punir? Que moral elas têm? Nenhuma! (Coronel Stanley Fortes Baptista, Tomo 6, pg. 101).


Criação do Funrural, o maior programa de distribuição de renda da América Latina

“Durante o Governo do Presidente Médici (30.10.69-15.03.74), o País assistiu à implantação do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), o maior programa de distribuição de renda da América Latina, atendendo a milhões de trabalhadores rurais, até então abandonadas à própria sorte, pois que sem dinheiro à aposentadoria. Esta foi uma medida de transcendental importância para o campo, onde morava a maioria da população brasileira e a mais pobre. No interior não existia uma política creditícia ou de financiamento para a agricultura, de apoio aos pequenos produtores. A pobreza, ali, era muito grande, muito acentuada, e não se manifestava em toda sua grandeza e necessidades, porque o homem campestre era pacato, e expressava muito a figura do Jeca Tatu, era o homem conformado por falta de cultura. No entanto, a contribuição do pequeno agricultor, em termos de produção de alimentos, era tão significativa que a criação do Funrural e a extensão dos seus benefícios à grande família do campo passaram a se constituir numa questão de justiça social” (Engenheiro Agrônomo Francisco Valter Vieira, Tomo 12, pg. 264-265).


O “milagre brasileiro”

“Se observarmos os números da execução financeira do /tesouro no período 1963-1973, vamos verificar que o déficit – diferença entre receita e despesa , em 1963, foi de 48%, caindo para 34% em 1964, e evoluindo para um saldo positivo em 1973, primeira vez que as receitas do Tesouro superaram as despesas. Vale registrar que os déficits, a partir de 1969, foram inexpressivos, caracterizando um equilíbrio entre receita e despesa. Este desempenho foi um dos principais responsáveis pela queda gradual da inflação nesse período. Tal comportamento de ajuste de receita e despesa na execução financeira do Tesouro, introduzido e perseguido pela Revolução de 1964, é o que, a partir do ano 2000, passou a chamar-se de Responsabilidade Fiscal.
(...)
Portanto, segundo a Revista Conjuntura Econômica (FGV), de maio de 1974, o PIN mais que triplicou, de 1963 a 1973, passando de 20 para 63,5 bilhões de dólares. Nesse mesmo número da Revista, verifica-se que, em 1963, as exportações brasileiras foram de 1,4 bilhão de dólares e, em 1973, de 6,8 bilhões de dólares, quintuplicando praticamente aquele valor. A produção de veículos automotores cresceu de 171 mil, em 1963, para 730 mil, em 1973, e a de tratores de rodas de 11 mil para 42 mil. Com relação à produção de cimento (em 1.000t) e de aço em laminados (em 1.000t), o crescimento deu-se de 5.000 para 15.000 e de 2.000 para 6.000, respectivamente, ou seja, triplicaram.
Estes e outros números caracterizaram o extraordinário crescimento do Produto Interno Bruto, evidenciando uma nova dimensão da economia brasileira no período revolucionário, especialmente entre 1968 e 1973, com a taxa anual média de 10%. Este fato, como sabemos, passou a chamar-se Milagre Econômico. Isto nos faz, hoje, lembrar, com saudade e orgulho daquele período de prosperidade inédita.
Pela relevância dessa evolução, é justo que recordemos com os brasileiros esta época memorável através do quadro que peço seja focalizado:

VARIAÇÃO ANUAL DO PIB (%)
1963 – 1,5
1964 – 2,9
1965 – 2,9
1966 – 5,1
1967 – 4,8
1968 – 9,3
1969 – 9,0
1970 – 9,8
1971 – 12,0
1972 – 11,1
1973 – 13,6

Diante destes dados, fica evidente que o País chegou em 1973 com a inflação declinante, o crescimento elevado e saldo positivo na balança comercial.
Atualmente (2002-2004), a mensagem que é passada pelos nossos Ministros da Fazenda expressa que isto é impossível, ou seja, que só a estabilidade da economia viabiliza o crescimento do País e que o combate ao desemprego terá que esperar por isto. Diante das atuais e elevadas taxas de desemprego, 20% na área metropolitana de São Paulo, fica evidente o quanto eram injustas, para não dizer terríveis, as críticas dos opositores da Revolução: ‘O povo não come obras de infraestrutura’ ” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 104-105).
“Será que era culpa de meu pai que o Brasil de seu governo estivesse batendo recordes de crescimento? Que vivêssemos a pleno emprego? Que a Nação chegasse a crescer até 13% ao ano? Que tivesse conseguido colocar a inflação a níveis do primeiro mundo? Será que os adversários querem até que se esconda os dados de todos esses sucessos? É proibido declarar que estávamos batendo o Japão em termos de crescimento? Será que escamotear tudo isso não é pedir demais?
A expressão ‘milagre brasileiro’ não foi coisa de sua assessoria. A expressão surgiu por meio de alguns comentaristas ao constatarem que, em termos de desenvolvimento, havíamos passado o Japão, cujo êxito era visto pelo mundo como ‘milagre japonês’.
Quanto ao ‘Brasil Grande’, será que foi mais divulgado do que ‘os 50 anos em 5’ do Juscelino?” (Engenheiro Roberto Nogueira Médici, Tomo 14, pg. 193).


Província mineral de Carajás

“Merecem destaque os investimentos na província mineral de Carajás, descoberta em 1967 e que já se revelara muito promissora. Seu dimensionamento progressivo avaliou uma reserva de 18 bilhões de toneladas de ferro de alto teor (66%), mas também uma grande quantidade de cobre, manganês, bauxita e ocorrências significativas de ouro, níquel, cromo e estanho. A necessidade de investimentos, no entanto, era grande e a produção em larga escala só poderia começar a acontecer em 1986. Em 1977, os investimentos estimulados para o Projeto Ferro-Carajás eram tão elevados que a empresa americana United States Steel, até então associada à Companhia Vale do Rio Coce (CVRD) na iniciativa, desvinculou-se do projeto. Além das dimensões dos custos, a sua análise em relação às perspectivas do mercado internacional era pessimista.
Isto, naturalmente, significou mais ônus para o Brasil. Portanto, um grande projeto, voltado principalmente para a exportação, exigindo também um grande investimento de longo prazo, ajudando a compor a estratégia de melhora da balança comercial, em um período de crise internacional, tornou-se extremamente crítico para o País. Uma estratégia própria de grandes estadistas, planejadores e empreendedores, competentes e confiantes, mas, certamente, sonhadores e atrevidos. Planejadores que romperam com as teorias conservadoras e jogaram pesado. Souberam arriscar” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 108).


Construção de hidroelétricas

Quais as hidroelétricas de maior destaque construídas no período revolucionário? [entrevistador]
Itaipu, Tucuruí, Urubupungá, o Complexo de Ilha Solteira, Emborcação, Sobradinho, Paulo Afonso (I, II, III e IV), Itaparica, Itumbiara, Porto Primavera, Pedra do Cavalo, Rosana, Taquaruçu, São Simão, Três Irmãos, Foz do Areia, Salto Osório, Marimbondo, Samuel, Funil, Boa Esperança e tantas outras.
O que pode ser dito sobre a Hidroelétrica de Itaipu? [entrevistador]
Trata-se da maior hidroelétrica do mundo.
Foi inaugurada em outubro de 1984, com duas de suas 18 turbinas previstas funcionando. Cada turbina gera 700 MW e o conjunto tem uma capacidade de 12.600 MW. Naquela data, foi também entregue um ‘linhão’ para transmissão da energia, com 1.200 km, indo de Foz de Iguaçu a São Roque (SP).
O custo deste empreendimento foi de US$ 15 bilhões, sendo que só o ‘linhão’ custou cerca de 1 bilhão e 200 milhões de dólares.
O esforço para salvar a fauna e a flora da região ganhou destaque na imprensa internacional como uma das maiores e mais sérias iniciativas desse tipo, até então realizadas. Inevitavelmente, a formação do lago submergiu o conjunto do Salto de Sete Quedas, um dos mais belos monumentos naturais do Brasil.
Recentemente, assistia na TV ao comentário de que o aço gasto em Itaipu correspondeu a 380 Torres Eiffel” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 112).


Construção de rodovias

Quais as principais realizações no setor rodoviário? [entrevistador]
A evolução da Rede Rodoviária Nacional foi extraordinária ao longo dos governos militares. Vejamos alguns dados que eu trouxe anotado para me facilitar. Em 1964, havia, no País, entre todos os tipos de estradas, 545 mil quilômetros, dos quais apenas 34 mil quilômetros asfaltados; por elas passavam cerca de 450 mil caminhões por ano; todas as estradas eram em pista simples.
Em 1984, havia no País 1,4 milhão quilômetros de estradas, portanto, foram construídas 45 mil quilômetros de rodovias por ano; desse total, 100 mil quilômetros era pavimentadas; e por elas passavem cerca de 2 milhões de caminhões por ano, apesar da segunda crise do petróleo, ocorrida em 1979. Como decorrência, o aumento de circulação de passageiros e mercadorias foi gigantesco, levando riqueza para todo o território nacional.
A estes números, podem ser acrescidos cerca de 1.000 quilômetros por ano em trechos de conservação de estradas, inclusive com repasse de recursos para os governos estaduais.
Que obras rodoviárias merecem destaque ao longo dos governos revolucionários? [entrevistador]
- duplicação da Rio-São Paulo, isto é, passou a ter duas pistas independentes (auto-estrada), inclusive com a nova pista de subida da Serra de Araras;
- concretização das ligações, ainda incompletas ou inexistentes: Rio-Salvador, Curitiba-Porto Alegre, Campo Grande-Cuiabá e Cuiabá-Goiânia;
- novo traçado da BR-040, no trecho Petrópolis-Juiz de Fora, com duas pistas. A BR-040 liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte e Brasília;
- construção da Ponte Rio-Niterói, com 14 km, inaugurada em 1974;
- construção das rodovias: Rio-Santos, Santos-São Paulo (Imigrantes), São Paulo-Campinas (Bandeirantes);
- prosseguimento, com pavimentação, da Rodovia Anhanguera até à BR-040, melhorando a ligação São Paulo-Brasília;
- melhoramento do traçado e reconstrução com asfaltamento (antes era em terra) da Belém-Brasília;
- construção da Cuiabá-Santarém (BR-163), com 1.750 km, pelos 8º. E 9º. Batalhões de Engenharia de Construção. Esta obra permitiu o desenvolvimento do Projeto SINOP a 500 km ao norte de Cuiabá, além de levar o progresso para a área por ela servida;
- construção da Tansamazônica, aproveitando, em grande parte, mão-de-obra desempregada do Nordeste como consequência de uma terrível seca naquela região;
- construção e asfaltamento da Rodovia Cuiabá-Porto Velho (Rodovia Marechal Rondon): 1.442 km, eliminando o estrangulamento do Noroeste em relação ao Centro do País. Antes, o tempo de viagem era de trinta dias; com a sua entrega, passou a ser de 24 horas;
- construção e pavimentação da Rodovia Brasília-Barreiras-Salvador, inclusive execução de ponte sobre o Rio São Francisco. A rodovia foi construída pelo 4º. Batalhão de Engenharia de Construção (Barreiras);
- construção e pavimentação da rede do Nordeste, possibilitando encurtamento superior a 600 km nas viagens entre Brasília e São Luís, Brasília e Fortaleza, e Brasília e Recife;
- o acréscimo total à rede do Nordeste, entre estradas pavimentadas e não pavimentadas, ligações e acessos foi de 5 mil quilômetros;
- asfaltamento da maioria das estradas do Rio Grande do Sul” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 118-119).


O transporte ferroviário foi relegado a segundo plano, mas não esquecido

“Também não foi esquecido o setor ferroviário. Para não esquecer os feitos mais importantes, trouxe também uma relação das ferrovias construídas ao longo dos governos da Revolução:
- da Soja, no Paraná e Santa Catarina;
- de Carajás (Pará-Maranhão) – com 890 km, ligando a província mineral da Serra do Carajás ao porta da Madeira, próximo a São Luís;
- do Aço (Minas Gerais-Rio de Janeiro-São Paulo), o seu trajeto revelou-se muito caro, pelo número elevado de viadutos e túneis, além de suas características técnicas muito rigorosas. Sua construção, ora foi interrompida, ora ganhou metas desaceleradas, mas não foi concluída. É usada parcialmente;
- do Trigo (Roca Sales-Passo Fundo), iniciada e interrompida na década de 1950, a retomada de sua construção tornou-se viável após a primeira crise do petróleo (1973) e pelo fato de ter sido confiada ao 1º. Batalhão Ferroviário). Concluída em 1980;
- Minas-Distrito Federal, partindo de Pires do Rio (Minas Gerais), foi concluída pelo 2º. Batalhão Ferroviário; o seu destaque é a ponte sobre o Rio Araguari, construída por administração direta por aquela organização militar.
Foram modernizados muitos trechos ferroviários, especialmente com substituição de toda a superestrutura, isto é, trilhos, dormentes e lastros (brita). Como por exemplo, o pátio de Canoas, e trechos diversos da malha do Rio Grande do Sul.
Por outro lado, foram desativados vários ramais ferroviários considerados antieconômicos.
Uma atenção especial foi dada ao transporte coletivo das grandes cidades, com a construção dos trechos iniciais do metrô do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife.
- as linhas de trens urbanos e suburbanos também foram melhoradas e receberam muitas composições novas, como por exemplo, as da antiga Central do Brasil, além de obras de infraestrutura, com sensível melhoria da eficiência em geral” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 120).


Construção de portos

“Nos vinte anos de governos da Revolução, foi dada uma atenção importante ao sistema portuário no País.
Foram  construídos inúmeros portos e os maiores, já existentes, foram ampliados e modernizados, inclusive com largo investimento em aquisição de equipamentos de grande porte.
Vejamos os novos portos construídos:
- Porto de Sepetiba – Os estudos para a localização do Porto na Baía de Sepetiba tiveram início em 1973, pelo Governo do então Estado da Guanabara. A partir de 1974, foram assumidos pelo antigo Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis, sucedido pela Portobras. A primeira etapa da obra, o  terminal de carvão, na Ilha da Madeira, entrou em operação em 1982. Foram ainda previstos o terminal para minérios de ferro e o de carga geral.
- Porto de Praia Mole – O complexo portuário de Praia Mole, em Vitória, foi inaugurado oficialmente em novembro de 1984. Possibilitou a movimentação de 3 milhões de t/ano de produtos siderúrgicos e 8 milhões de t/ano de carvão. É um porto artificial em mar aberto e sua localização na Ponta do Tubarão é favorecida pelo acesso ao terminal da Companhia Vale do Rio Doce.
- Porto da Ponta da Madeira – Situado a 9 km de São Luís, é parte do Projeto Carajás. Possui instalações de descarregamento de vagões, estocagem de minérios, sistema de embarque por uma linha de transportadores, repeneiramento e rebritagem.
- Porto de Estrela – Situado no Rio Taquari (Rio Grande do Sul), foi inaugurado em 1977, tornando-se o primeiro entroncamento intermodal, conectando hidrovia, ferrovia e rodovia.
- Porto de Trombetas – Situado à margem direita do Rio Trombetas, afluente do Amazonas, escoou em 1984 cerca de quatro milhões de toneladas de bauxita.
Iniciado em 1967, quando foram descobertas as primeiras jazidas de bauxita, a 80 km da Cidade de Oriximiná (Pará). O primeiro embarque para o mercado internacional deu-se em agosto de 1979. A bauxita é levada da mina por ferrovia, num percurso de 30 km.
A Companhia Vale do Rio Doce era a maior acionista (46%) do projeto.
A preocupação com a ecologia também está presente em todo o Projeto Trombetas. Dentro dessa filosofia, foi criada a Comissão Interna de Meio Ambiente (CIMA), que busca possibilitar um melhor controle e preservação das condições ambientais da área.
Pode-se citar, ainda, entre outras obras, a construção do terminal açucareiro de Recife e o salineiro de Areia Branca” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 120-121).


Construção de aeroportos

“Foram construídos os seguintes aeroportos:
- Internacional do Rio de Janeiro;
- Internacional de Guarulhos (São Paulo);
- Internacional de Confins, a 47 km do Centro de Belo Horizonte. Atualmente, denominado Tancredo Neves.
Outros aeroportos foram ampliados e modernizados. O gerenciamento das obras e do financiamento destas instalações foi muito bem conduzido pela Infraero.
Para coroar as realizações na infraestrutura aeronáutica, foi implantado o Sistema Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (SINDACTA), com a utilização de radares tridimensionais, que executam o acompanhamento do tráfego aéreo, integrados ao processamento de dados em computadores para informação dos voos” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 121-122).


Acertos no campo social: BNH, FGTS, Estatuto da Terra, Mobral

“O BNH [Banco Nacional da Habitação] foi importante, foi extremamente importante; o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) foi importantíssimo. O Estatuto da Terra editado pelo Presidente Castello Branco; o Mobral, também, foi muito bom. Eu fiz o IPM do Mobral comunista, que era o PNA (Programa Nacional de Alfabetização), associado ao Movimento de Cultura Popular, que eles usavam para doutrinação dos favelados. O coordenador nacional desse PNA era o Betinho – Herbert José de Souza. Primeiro, da AP (Ação Popular) do meio estudantil, depois comunista quando adquiriu mais asas. Aí, ele, então, se revelou totalmente. Ele foi o Coordenador do Programa Nacional de Alfabetização, que era um programa de alfabetização, mas de linha comunista. Inicialmente, quando quiseram anular esse PNA, fizeram o Mobral. Nas mãos do Simonsen [Mário Henrique Simonsen], os resultados foram muito bons” (General-de-Brigada Celso dos Santos Meyer, Tomo 10, pg. 142).


Planos estratégicos, projeto de Nação

“O que houve de extraordinário para o Brasil foi que cresceram nossas responsabilidades no plano de possibilidades estratégicas, de projeto de Nação – estudamos e pensamos o Brasil por toda a vida – convivemos com a gente brasileira ao longo de todas as regiões do nosso País. As Forças Armadas são uma universidade natural do povo, a presença do oficial, do sargento, dos quadros profissionais, enfim, lá nos ermos da Amazônia, no interior do Nordeste, de Minas, do Rio Grande do Sul, nas grandes capitais. Essa interação com as populações civis nos oferece essa lição de Brasil que se projetava dentro dos programas de desenvolvimento amplo da Revolução, do qual destaco o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), que é um marco no Governo Geisel, e abrange todas essas grandes linhas do desenvolvimento nacional.
Ali, notamos a sensibilidade para a priorização da área tecnológica, para onde teremos que ir – o salto é por aí – e vieram as verbas, não só para a área militar, para os projetos da Marinha na área tecnológica, projetos nucleares importantes, para os projetos do Exército, na área bélica, quando o mundo se assustou com os nossos blindados, fruto de pesquisas tecnológicas inteiramente conduzidas por brasileiros: o Urutu, o Cascavel, o Sucuri, o Osório, além da Embraer, mísseis, satélites, foguetes etc.
A priorização foi em ambos os sentidos, não só na parte militar, mas na civil, como o Centro de Pesquisas de Telecomunicações, da Embratel, em Campinas, que é o maior do mundo, e onde nasceu a fibra ótica; a Eletrometal, que é a primeira indústria mundial a beneficiar o nióbio, fazendo a mistura daqueles aços especiais necessários à corrida espacial e outras aplicações dessa notável tecnologia de ponta.
Sempre houve uma tentativa de equilíbrio, não priorizando projetos desenvolvimentistas ou demandas só do Exército. Os projetos desencadeados de avançadas e ousadas conquistas nas áreas espacial, de telecomunicações, energética; na agricultura, como a Embrapa, com tecnologias pioneiras e extraordinários experimentos científicos etc., tudo isso foi um projeto global e não podemos jamais ser acusados de tratamento especial, no que diz respeito a interesse estratégico militar” (Coronel Francimá de Luna Máximo, Tomo 11, pg. 238-239).

Obs.:
Sobre a Embrapa, veja o trabalho inovador que o ministro Alysson Paolinelli fez na estatal - https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/05/alysson-paolinelli-o-motor-da-embrapa.html.
O plano que reinventou o campo - Alysson Paolinelli - https://www.youtube.com/watch?v=6GkTMPuJ5nA.
F. M.


Programa Nuclear Brasileiro

“O programa nuclear brasileiro foi justificado, também, a partir de uma previsão de esgotamento do potencial hidrelétrico na região centro-sul. Não havia também a certeza da viabilidade técnico-econômica da transmissão elétrica a distâncias superiores a 2.000 km. Por outro lado, havia a plena consciência de que o quilowatt oriundo de uma usina termonuclear era bem superior ao da hidroeletricidade e, desde a década de 1950, com a experiência do Almirante Álvaro Alberto, sabia-se que os países detentores da tecnologia nuclear dificilmente concordariam em transferi-la, mas apenas estariam dispostos a vender ‘caixas-pretas’.
Em 1967 e 1968, dois grupos técnicos recomendaram a instalação de uma usina nuclear com capacidade da ordem de 500 MW.
Em 1971, após concorrência internacional, foi assinado contrato com o consórcio Westinghouse e Empresa Brasileira de Engenharia, para o fornecimento e montagem de uma Central Nuclear de 625 MW, utilizando Reator a Água Leve Pressurizada (PWR), utilizando-se como combustível o urânio enriquecido e no esquema ‘caixa-preta’.
A seguir, começaram as articulações para a instalação de mais seis ou oito centrais nucleares. Foi quando surgiu a alternativa do acordo com a República Federal da Alemanha (1975), dentro da premissa de que o Brasil não devia nem podia limitar-se a adquirir no exterior, em operações isoladas, centrais nucleares, sem cogitar de um programa de cooperação tecnológica e industrial, tanto no que se refere a centrais quanto ao ciclo do combustível, que proporcionasse uma autonomia progressiva.
A base da cooperação foi uma programação da instalação de oito centrais nucleares até 1990, de 1.300 MW de potência cada uma, com a participação progressiva da indústria nacional no fornecimento dos componentes. O valor global do programa – centrais mais ciclo do combustível – foi estimado, na época, em cerca de US$ 20 bilhões.
O protocolo previa a constituição de 11 empresas mistas entre a Nuclebras e cerca de vinte grandes empresas e bancos alemães ou suas subsidiárias. Apenas cinco dessas empresas foram constituídas, dentre elas estão: Nuclep, fábrica de componentes pesados de reatores; Nuclen, empresa de engenharia nuclear; Nuclam, empresa de mineração e prospecção de urânio; Nuclei, serviços de enriquecimento, e Nusteg, pesquisas para aperfeiçoamento jet-nozzle de enriquecimento.
Como se sabe, os preços dos fornecedores alemães começaram a subir, em especial após o segundo choque do petróleo, e a economia brasileira também viu-se bastante fragilizada. Foi necessário, portanto, uma expressiva redução do programa como um todo, embora não tenha sido paralisado.
Assim, da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, cujo nome homenageia um dos maiores incentivadores do programa nuclear brasileiro, foram construídas apenas a Angra-1, já citada, e a Angra-2, com potência de 1.300 KW, embora a maior parte dos equipamentos de Angra-3 já estejam comprados.
O que coube às Forças Armadas no Programa Nuclear Brasileiro? [entrevistador]
A partir de 1982, o Exército Brasileiro participou do esforço pelo domínio da energia nuclear com o Projeto Atlântico, que contemplou o estudo da viabilidade técnica da construção de um reator de potência moderada a grafite, refrigerado a ar, e da produção, no Brasil, de frafite nuclearmente pura. Neste contexto, foi criado o Instituto de Projetos Especiais, em Guaratiba, no Rio de Janeiro, que objetivava a construção de um reator crítico de potência entre 10 e 20 MW e a instalação de uma usina para a produção de grafite naquelas condições. Com a Nova República, o projeto foi esvaziado, sobretudo, a partir do desastroso Governo Collor de Mello, o mesmo acontecendo nos oito anos de FHC até ser finalmente extinto, juntamente com o IPE, em 2003, no atual Governo, que não disse ainda a que veio.
A Marinha do Brasil vem realizando, desde o 2º. semestre de 1979, um grande esforço de pesquisa e desenvolvimento que tem como objetivo final a obtenção de um submarino nacional de propulsão nuclear. A missão coube ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), que criou no município de Iperó, São Paulo, o seu centro experimental Aramar. Tendo conseguido, continuamente, recursos bem expressivos, o projeto da Marinha vem obtendo seguidos êxitos apesar de todas as restrições encontradas em fornecedores internacionais, o que vem lhe obrigando a executar um profundo e eficiente trabalho de pesquisa e desenvolvimento, cujo destaque maior foi o desenvolvimento das ultracentrífugas que já operam em cascatas, em escala-piloto, em Aramar” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg. 114-116).

Acordo Nuclear secreto com a China

“O Presidente Figueiredo, em janeiro de 1981, por intermédio do Embaixador Paulo Nogueira Batista, Presidente da Nuclebras, encaminhou uma carta pessoal ao Presidente Reagan, às vésperas da posse deste último, mostrando que o Governo brasileiro se reservava o direito de questionar a validade da Lei de Não-Proliferação aprovada em 1978, já que nós tínhamos acordos firmados com os Estados Unidos e o acordo, uma vez chancelado, deve ser cumprido.
O Embaixador foi recebido pelo Vice-Presidente da República eleito, o Sr. George Bush, pai do atual Presidente dos Estados Unidos, e quatro dias depois informou ao Embaixador Paulo Nogueira Batista o seguinte: o Presidente Reagan compreende a posição do Presidente Figueiredo e verbalmente transmite ao Presidente Figueiredo a sua posição. Ele não tomará nenhuma iniciativa que possa criar problemas se o Brasil buscar o seu desenvolvimento na área nuclear, em outras áreas, fora da forma como foi acertado no acordo com os Estados Unidos.
De forma que entendo o seguinte: independentemente de partido, Democrata ou Republicano, a sociedade americana, uma vez ajustado o procedimento, se esquece dos parceiros e passa a raciocinar só com aquilo que é considerado válido para ela.
(...)
Só para retornar, essa Comissão, a CPI atuou em 1990? [entrevistador]
Em 1990. A Comissão mista do Congresso era dirigida pela Deputada Ana Maria Rattes, e o relator, o Senador Severo Gomes. Então passemos, agora, à parte de debates.
Questionaram que não havia informações claras sobre o Projeto Solimões, um projeto desenvolvido pelo Centro Tecnológica da Aeronáutica, em São José dos Campos, e que buscava o enriquecimento do urânio com base no raio laser.
Outro ponto muito comentado pelos parlamentares foi o embarque de urânio para o Iraque, que teria sido feito no Governo Figueiredo, e que explicitei ter resultado de um acordo-quadro aprovado pelo Congresso Nacional e promulgado pelo Vice-Presidente da República Antônio Aureliano Chaves, no exercício da Presidência da República.
No debate, deixei patente que estava sendo apreciado o que eles chamavam de projeto paralelo autônomo de produção da energia nuclear. Havia mistério sobre como isso começou, como foi obtido urânio enriquecido para o reator da Marinha e do IPEN. Duas ou três vezes, o Deputado Luiz Salomão enfatizou que o problema não nasceu no Brasil. Nasceu em algum lugar.
Eu expliquei a eles o seguinte: cuidarei do aspecto institucional, ou seja, as negociações de governo para governo e deixarei, como ajustado anteriormente, que os aspectos técnicos sejam explicitados pelo Doutor Rex Nazareth Alves. Acontece que no ano a que Vossa Excelência, Deputado Luiz Salomão, se refere, o que encontrou nas instalações de Aramar, no Estado de São Paulo, foi negociado pelo País com a China. Como parte do acordo feito com aquele país, foram exigidas aquelas duas premissas: primeiro a do sigilo, que o nome da China não fosse revelado; o segundo compromisso explícito é que seria usado para fins pacíficos.
E aí invoquei o regimento do Senado Federal, Artigo 117; eu não posso omitir de Vossa Excelência os dados, mas tenho inclusive obrigações das quais, para cumprir o ajuste feito com o país que nos forneceu o urânio enriquecido, não posso declinar. Quanto ao Iraque, não há dificuldade nenhuma, lembro-me do texto claro. Solicito a Vossa Excelência que, para o primeiro caso, o do urânio enriquecido, só estejam em plenário os parlamentares. A reunião naquele momento tornou-se secreta.
É porque no ajuste que fizemos com a China não tínhamos autorização para revelar que nos forneciam a quantidade de urânio desejada para enriquecermos o nosso urânio.
Isso foi quando, General? [entrevistador]
Isso foi no dia 24 de outubro de 1990.
Mas quanto à China fornecer urânio para enriquecer o nosso... [entrevistador]
Em 1982.
Então o nosso Governo revolucionário fez um acordo com a China e isso a oposição não cita? [entrevistador]
Não lhes convém.
O Tratado com a China, de país para país, sobre um problema tão sensível. A nossa imprensa, na época, não tratava disso, talvez por ser sigiloso, nunca foi citado esse acordo. [entrevistador]
(...)
A senhora Ana Maria Rattes, Presidente da CPI, fez uma indagação: seria regimental, dentro da casa, a criação de um mecanismo que fiscalizasse e controlasse o programa autônomo de energia nuclear? E nos perguntou, a mim e ao doutor Rex, se acharíamos mais fácil a Comissão conduzir o processo de fiscalização e controle.
Pedi um prazo para ouvir os meus colaboradores. Depois de consultá-los, considerei válida a proposição, inclusive coloquei o doutor Rex Nazareth à disposição, para dar um arcabouço àquele controle.
Mas desejava, também, tratar da parte da desinformação e até mesmo da má fé. Apresentaram-me os termos de uma declaração do Professor José Goldemberg, Secretário de Ciência e Tecnologia do Governo Collor, que se referiu, em Nova York, a uma publicação do Estado de São Paulo, no dia 10 de outubro: ‘o Presidente Fernando Collor pôs fim a um programa militar secreto para construção da bomba atômica brasileira. Os militares estavam há um ou dois anos construindo uma bomba semelhante à que destruiu Hiroshima’. Palavras do Secretário de Ciência e Tecnologia, querendo mostrar a dificuldade da decisão do Presidente da República, e a importância de possuir instrumentos que permitam a sociedade informada, de existir um nível decisório sobre o que deve ser feito, e como fiscalizar. Essa é a questão. Assim, examinei a proposta da Deputada Ana Maria Rattes.
Depois que ouviram e receberam informações sob juramento, de pessoas qualificadas que efetivamente conheceram o programa nuclear, e depois de visitar os centros de pesquisa das três Forças Armadas, o Senador Severo Gomes concluiu seu relatório. Primeiro, o programa nuclear paralelo e autônomo conseguiu, através do esforço das Forças Armadas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear, avanços significativos na área nuclear. A Marinha, no Centro Experimental de Aramar, em Iperó, São Paulo, já enriqueceu urânio; a Aeronáutica, em São José dos Campos, também em São Paulo, trabalha com seu projeto de enriquecimento por raio laser, e o Exército, em Guaratiba, Rio de Janeiro, está se preparando para construir um reator de urânio natural, movido a grafite e refrigerado a gás.
Esses resultados são significativos para a pesquisa nacional, uma vez que foram atingidos com base nos esforços exclusivamente brasileiros. Com investimento, técnicos, equipamentos totalmente brasileiros, as empresas utilizadas no programa já estão perto da escala industrial. Isso significa que o Brasil conseguiu tornar-se independente e autossuficiente nesse setor. O resultado indica, também, que a tecnologia nuclear brasileira deve ser protegida e que a pesquisa e os estudos do setor precisam ser incentivados” (General-de-Brigada Danilo Venturini, Tomo 15, pg. 182-185).

Obs.:
Sobre o Programa Nuclear Brasileiro, veja os textos disponíveis em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/06/programa-nuclear-brasileiro.html.
Em 1990, o Presidente Collor fechou o buraco na Serra do Cachimbo, Pará, que serviria para testes nucleares.
F. M.


Uma síntese das principais realizações dos governos da Revolução

“Devem ser destacados, especialmente:
- o chamado milagre econômico, no período de 1968-1974, caracterizado pela taxa média de crescimento do PIB de 10%;
- a profunda mudança no perfil energético do País, acelerada a partir de 1979, para fazer frente ao segundo choque do petróleo (1979);
- as grandes obras de infraestrutura em estradas, portos e aeroportos;
- os grandes sistemas da Eletrobras (distribuição de energia) e Telebras;
- na área social, a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o Sistema Financeiro e de Poupança e o Sistema de Habitação, centrado no Banco Nacional de Habitação (BNH) e o Funrural, beneficiando milhões de brasileiros que trabalham no campo.
Como consequência do desenvolvimento econômico, o crescimento do número de empregos e da renda nacional, com seus efeitos inseparáveis na renda individual.
- na área educacional, o destaque maior parece-me que foi a eliminação da figura vergonhosa e desalentadora dos milhares de ‘excedentes’ anuais. Aqueles estudantes aprovados em concursos para as universidades, porém não matriculados por falta de vagas, e o Projeto Rondon, que o Governo FHC manteve com outro nome;
- programa de construção de hidroelétricas, com destaque para Itaipu, Tucuruí e Sobradinho;
- programa de aceleração da busca de autossuficiência de petróleo, a partir de 1979, com destaque para a exploração da Bacia de Campos;
- programa de desenvolvimento da energia nuclear, que permitiu ao País incorporar essa tecnologia estratégica;
- programa de substituição de importações de insumos básicos e bens de capital, com destaque para a criação e expansão de siderúrgicas e fábricas de cimento e a implantação de polos petroquímicos;
- Programa Nacional do Álcool, com destaque para a criação de empregos no campo, acompanhada de melhoria salarial nessa área, e para a ampla fabricação de carros a álcool;
- o amplo programa de mineração, com destaque para o Projeto Carajás;
- o amplo programa de construção rodoviária, com destaque para a efetivação das interligações de todas as capitais do Sul, Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte-Ocidental, além das ligações com Brasília;
- a Ponte Rio-Niterói;
- a implantação de corredores de exportação;
- o grande programa de construção de aeroportos internacionais e do Sistema Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (SINDACTA);
- os desenvolvimentos regionais com os Programa Indicativo Nacional (PIN), Programa de Redistribuição de Terras (Proterra), Progres;
- o extraordinário êxito da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) em pleno Nordeste brasileiro na produção agrícola;
- a expansão da agricultura e pecuária, apoiada pelas empresas de pesquisas agropecuárias, que integraram grandes áreas, antes consideradas inservíveis para o plantio. Essa expansão passou a gerar receitas crescentes de exportação;
- investimentos e apoio à área de pesquisa e desenvolvimento, com a criação ou reaparelhamento de inúmeros centros de pesquisa e apoio a projeto;
- investimentos elevados em educação e saúde;
- a criação da Fundação MOBRASL – Movimento Brasileiro de Alfabetização -, com o objetivo de cuidar da alfabetização e da educação contínua de adolescentes e adultos;
- programas e ações políticas do Governo, que garantiram a participação do nosso País em pesquisas na Antártica” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg 122-123).


Projeto Radam-Brasil

“Quando o Presidente Figueiredo assumiu o Governo, já encontrou o projeto de grande alcance conhecido por Projeto Radm-Brasil. O Presidente Ernesto Geisel, em sua mensagem ao Congresso, em 1975, considerou que, pela sua capacidade e pelo número de questões envolvidas, o Projeto RADAM deveria transformar-se num projeto nacional. Daí o nome Projeto Radam-Brasil. Com um programa de trabalho estreitamente ligado ao processo de desenvolvimento econômico das áreas mais pobres, sobretudo no Nordeste e Centro Oeste.
Até para conhecer melhor o Brasil, não? [entrevistador]
É, e promover a integração dessas áreas menos favorecidas com o Centro-Sul. Esses programas foram organizados em cooperação com a Fundação Getúlio Vargas e centros de estudos, nacionais e de desenvolvimento regional e local. Entre as principais atividades do Projeto Radam-Brasil – agora passo para a administração do Presidente Figueiredo, de 1979 a 1984 – foi descoberto um corpo carbonário no Morro de Seis Lagoas, na margem esquerda do Rio Negro, Amazonas. Ele revelou reservas de 2,4 bilhões de toneladas de minério de nióbio, os quais representam 70% das reservas mundiais do metal.
Identificação, no Estado do Paraná e no norte de Santa Catarina, de associações rochosas passíveis de serem mineralizadas em ouro, cromo, níquel e cobre. Identificação e delimitação de mais de 8 milhões de hectares de terras com excelente potencial para irrigação, no Nordeste brasileiro, dos quais 60% situam-se no Vale do Rio São Francisco” (General-de-Brigada Danilo Venturini, Tomo 15, pg. 201-202).


O Projeto Rondon nasceu na ECEME

“Depois que o Movimento eclodiu, o Mamede [General Bizarria Mamede] afastou-se da Escola de Estado-Maior e foi substituído pelo [General] João Bina Machado, que foi muito carinhoso comigo. Era um grande homem, um grande General, muito preocupado com as áreas estudantis, com as áreas universitárias. Fez-me ‘peça de manobra’ do plano dele, de aproximar-se dos estudantes. Por isso, fui seu conferencista, por todo o território nacional, divulgando os propósitos do Movimento militar de 1964. Dessa forma, atuei como propagandista na compreensão das razões do Movimento militar de 1964. Andei pelo Rio Grande do Sul, por Mato Grosso, pelo Nordeste, por toda parte.
No Rio de Janeiro, o Bina Machado teve a coragem de encontrar-se com os estudantes do famoso CACO Livre (Diretório da Faculdade Nacional de Direito) na Escola de Estado-Maior, e nos colocou a debater com os estudantes de Direito, no auditório da Escola, no antigo auditório, aquele maior, que até hoje está lá. Eu debatia com os estudantes, mas era uma tarefa extremamente ingrata. Estávamos lá, basicamente, o Sérgio Pasquali, o Ney Eichler e eu, que era aquele a quem ele mais acionava. Discuti, debati muito e é quase inacreditável que o Bina Machado tenha conseguido, realmente, algum sucesso. No fim, ele falava. Os estudantes reconheciam alguma coisa. Saíam  irredutíveis, mas reconhecendo ser uma boa aproximação. Havia um ponto de contato.
Depois, o Bina ‘inventou’ um simpósio para aproximar os meios estudantis militares e os meios estudantis civis. Imaginou um Simpósio de Educação e Segurança Nacional. O Bina fazia isso com muita coragem, em plena Revolução, nos seus primeiros tempos, tempos de enormes incompreensões.
Quando o Simpósio aconteceu, no princípio do Governo Castello, o Comandante já era o General Reynaldo Mello de Almeida, grande companheiro, que se fez solidário com o seu antecessor, embora não estivesse muito de acordo com aquele arrojo. Estávamos reunidos na Escola de Estado-Maior, professores civis e militares, de vários níveis, do Colégio Militar, da Academia Militar e das várias universidades. Nesse Simpósio nasceu a ideia do Projeto Rondon.
(...)
O Seminário prosseguiu e nele nasceu o Projeto Rondon, que foi uma ideia do Professor Wilson Choeri – hoje diretor do Colégio Pedro II – mais tarde apoiado por um oficial de Cavalaria, e, depois, pelo Coronel Pasquale. Graças ao apoio do Ministro Affonso de Albuquerque Lima, conseguiram viabilizar o Projeto, que se tornou um grande êxito. Hoje, ainda existe com um outro nome” (General-de-Divisão Octávio Pereira da Costa, Tomo 2, pg. 69-71).
“Depois de terem estudado o trabalho elaborado pelos grupos [da ECEME], fizemos uma reunião antes que fossem apresentados a cada grupo e passassem a discutir, a debater as ideias levantadas a respeito do Exército e da sociedade brasileira. O professor Schoeri, mais ou menos refletindo a ideia de todos, disse o seguinte:
- Vocês têm uma oportunidade extraordinária de conhecer o Brasil e a sociedade brasileira. Vocês perdem as características regionais. Vocês não são mais gaúchos, cariocas, paraibanos. Vocês passam a ser brasileiros, porque são constantemente transferidos, têm filhos em diferentes lugares do Brasil, casam com uma mulher de outra região e passam a ser brasileiros. Vocês têm uma visão de Brasil diferente da nossa. Precisávamos fazer com que os civis corressem o Brasil e buscassem as outras realidades de nossa terra.
- É uma ideia muito interessante, vou levar esse problema ao General Bina – respondi ao Schoeri.
Comentei a ideia com o General Bina, que me disse:
- Olha, Pasquali, vamos fazer uma experiência, começar a levar estudantes universitários para conhecer os outros brasis.
Sentamo-nos com o Schoeri e elaboramos um projeto que foi chamado de Projeto Rondon, em homenagem ao Marechal Rondon, um dos desbravadores do País, homem que percorreu todos os brasis e procurou inserir, particularmente, o índio na sociedade brasileira. Criado esses novo Projeto, nós, junto com a Universidade do Estado da Guanabara – mudara o Comando para o General Reynaldo Mello de Almeida, que o apoiou totalmente, e ainda autorizou alguns oficiais a se juntarem à Universidade – preparamos um grupo de alunos para mandar para a Amazônia.
Foi o nascimento. Conheci o Weber (Coronel Carlos Aloysio Weber) que estava comandando o 5º. Batalhão de Construção (5º. BEC) – primeiro comandante do 5º. BEC – recém instalado em Porto Velho. Liguei-me com ele, autorizado pelo General. Perguntei se podia receber uns trinta estudantes de várias universidades do Rio, para um trabalho junto àquela população pobre da região onde ele estava construindo a estrada de rodagem para substituir a Madeira-Mamoré (era a Guajará-Mirim/Porto Velho). O Weber, um sujeito extraordinário, topou. (...)
Houve um episódio interessante que deve ser registrado. Precisávamos de um avião para transportar o pessoal. Solicitamos ao Coronel Mauro Costa Rodrigues, do Gabinete do Ministro, para ver se conseguia um avião. O Chefe do Gabinete do Ministro era o General Frota (Sylvio Couto Coelho da Frota). Quando ele soube do pedido, pelo Mauro, proibiu, Não queria o envolvimento com estudantes. Estudante fazia greve, fazia muita confusão. Não queria que o Exército se misturasse com isso e, assim, perdemos o apoio governamental, veja que coisa absurda.
Fomos, então, nesse dia, bem tarde da noite, à casa do General Albuquerque Lima (Affonso Augusto de Albuquerque Lima), que era Ministro do Interior, e expusemos a ele – que nos recebeu até de robe – a ideia. Resposta: ‘Negativo, eu assumo isso. Vocês levem essa turma amanhã ao meu Ministério’.
Telefonou, mandou vir um avião do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para o Rio de Janeiro e disse para o diretor do Departamento: ‘Esse avião vai ficar à minha disposição durante bastante tempo, fará duas viagens a Rondônia para levar estudantes’.
No outro dia, recebeu a garotada toda e os professores lá no Ministério, que era localizado onde hoje é o Museu do Índio, e fez uma exposição belíssima. A garotada se entusiasmou sobre a Amazônia e essa foi a origem do Projeto Rondon. Foi a ‘operação zero’ ” (Coronel Sérgio Mário Pasquali, Tomo 5, pg. 191-192).
“Com o Hélio Beltrão, redigimos um decreto cirando o órgão de administração direta dentro do Ministério do Interior: Projeto Rondon. O Mauro veio a Brasília com a garotada que já o estava ajudando voluntariamente. Assistiram ao Presidente assinar o Decreto, criando o Rondon, e o Rondon deslanchou. Isso é uma paralela que enfeita muito essa narrativa, pelo valor que entendo ele teve no sentido de proporcionar a 350 mil estudantes brasileiros a oportunidade de conhecer os outros brasis, diferentes daqueles onde estudavam, onde tinham nascido.
(...)
E conseguimos fazer tudo isso praticamente sem recursos. Por exemplo, a Viação Aérea de São Paulo (VASP) nos doou quatro aviões. Um cidadão de Santa Catarina – não me lembro, agora, o nome – doou um avião, um DC3. A Transbrasil doou um DC3. Eu tinha uma frota de aviões, mas era uma frota de aviões que não havia custado nada, porque fora doada.
Para a doação da VASP, fui com o Costa Cavalcante a São Paulo. A VASP fez uma cerimônia, entregou os últimos DC3 e todas as peças, desse avião, que mantinha em estoque. Deixamos os DC3 no Campo dos Afonsos, no Rio, para serem pilotados pelos oficiais da FAB. Havia um oficial da FAB no Conselho e ele fazia a escala de pilotos para os DC3, distribuindo horas de voo para o pessoal – o aviador precisa voar. Contratamos apenas três mecânicos aposentados da PANAIR e da própria FAB para cuidarem da parte mecânica dos aviões. Pergunta óbvia: ‘E o combustível para as aeronaves?’ A Petrobras fornecia. Tínhamos um cartãozinho. Parava num posto da Petrobras, num aeroporto qualquer, e abastecia de graça” (Coronel Sérgio Mário Pasquali, Tomo 5, pg. 199-201).

“Bandeiras Agrárias”, o Projeto Rondon de Goiás

“Nos meios religiosos, em especial entre os católicos, o comunismo também não encontrava guarida, em virtude de sua filosofia materialista. Por esse motivo, entendo que a Igreja Católica foi, inicialmente, uma grande aliada das Forças Armadas.
Vou relatar um caso vivido em Goiás, que se relaciona com essa questão. O desenvolvimento agrário goiano tinha por base a educação. Organizamos um programa intitulado Bandeiras Agrárias, voltado para a juventude, que foi a matriz, o cerne do Projeto Rondon. Na Capital do Estado de Goiás, havia muitos estudantes do interior. O programa Bandeiras Agrárias consistia em preparar esses estudantes do interior. O programa Bandeiras Agrárias consistia em preparar esses estudantes, para ministrarem, em suas áreas de origem e durante os períodos de férias – quando retornavam às suas localidades -, conhecimento agrário à população local.
Para alcançar tal objetivo, organizamos diversos currículos para estudantes de Direito, de Medicina, de Agronomia e de outras profissões, os quais aprendiam as matérias de sua especialidade. Este projeto teve uma acolhida muito grande na Universidade Católica de Goiás, onde tivemos como colaborador, um padre, professor da UFG, que nos assessoraram na elaboração dos currículos e participava do zelo didático que dedicávamos à boa apresentação desses programas aos estudantes” (Coronel Petrônio Maia Vieira do Nascimento e Sá, Tomo 12, pg. 161-162).

Obs.:
O Projeto Rondon foi criado pelo Decreto no. 62.927, de 28 de junho de 1968, dentro do princípio do Marechal Rondon “Integrar para não entregar”. Infelizmente, foi extinto pela MP no. 28, de 1999, durante o Governo Sarney. Ressurgiu timidamente durante o Governo FHC, mediante Decreto no. 1366, de 12 de janeiro de 1995, com o nome de Comunidade Solidária, sob os cuidados da primeira-dama Ruth Cardoso. O Projeto Rondon foi extinto em dezembro de 2002, dando lugar ao Programa Fome Zero. Em 2005, o Projeto foi retomado pelo Ministério da Defesa. Cfr. os vários projetos realizados desde então em https://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_Rondon.
Acesse o Projeto Rondon no Facebook - https://www.facebook.com/projetorondonoficial/
F. M.


Pró-Álcool: 80% dos carros a álcool

“Outra importante realização foi o Pró-Álcool, posteriormente desprezado e até extinto, fruto da pressão exercida pelo cartel do petróleo, infelizmente. Sob o ponto de vista econômico, teria sido uma grande saída para o Brasil. Além de substituir o petróleo, essa energia alternativa gerava uma grande massa de empregos na agricultura. O Pró-Álcool era tão importante que, durante alguns anos, a produção de carros a álcool chegou a 80%, contra 20% de carros movidos a gasolina e a óleo diesel, o que dá uma ideia da magnitude do programa, que deveria ter sido intensificado, e não extinto” (Economista Paulo Roberto Coelho Pinto, Tomo 12, pg. 256).
“Ainda sobre os recursos renováveis, há que se destacar o Programa do Álcool, ou Pró-Álcool, um desafio de grande repercussão internacional, uma resposta clara do Brasil à crise energética. Este nosso País é surpreendente, a sua criatividade não pode deixar de ser desenvolvida. Atualmente, lamenta-se o desestímulo que os seus administradores vêm inoculando na sociedade, fruto da falta de visão. E naquela época houve – é preciso que se diga – o boicote permanente, a reação surda, a oposição disfarçada ao Pró-Álcool, desafios enfrentados corajosamente pelo Presidente João Figueiredo.
(...)
Em termos práticos, em 15 de março de 1979 – data que assinala a posse de Figueiredo na Presidência da República – o Brasil possuía zero carro à álcool. Seis anos depois, ao deixar a Presidência, entregara ao País uma frota de 1,2 milhão de veículos movidos a álcool, conquista que se deve à competência dos técnicos do Centro Tecnológico de Aeronáutica (CTA), sediado em São José dos Campos, São Paulo. O próprio Presidente passou boa parte do seu governo utilizando um carro a álcool” (Engenheiro César Cals de Oliveira Neto, Tomo 12, pg. 276).


O Brasil ajudou a evitar a Operação Suriname, que seria uma invasão dos EUA naquele país

“Em 1982, o Presidente Reagan mandou uma delegação ao nosso País, com fotografias ampliadas, várias fotografias. Propuseram a realização de uma reunião, que aconteceu na Granja do Torto e à qual compareceram, para assessorar o Presidente, além de mim, Ministro Chefe do SNI, o General Venturini, Secretário do CSN e o General Ludwig, Ministro Chefe da Casa Militar. A reunião realizou-se na Granja do Torto e pelos EUA participaram o Embaixador Antony Motley, o General Clark (Assessor do Presidente Reagan), um oficial da CIE, de nome Claridge, e um outro Assessor da Casa Branca.
Os americanos contaram que estavam prestes a fazer uma manobra naval no Caribe, quando iriam aproveitar para desembarcar e ocupar o território do Suriname. Um momento de suspense. O pivô da história: Cuba. A embaixada cubana, sem alarmar, pretendia internar no Suriname pessoal deles e o Reagan não aceitava isso.
Aquelas fotografias, falei nelas mas não expliquei, eram principalmente de desembarque de navios e aviões russos, na Nicarágua e nas ilhas do Caribe. Depois que descreveram tudo sobre o perigo que imaginavam existir, pelo crescimento da influência cubana no Suriname, viraram-se para o João e disseram: ‘Precisamos que o senhor ponha um Batalhão de paraquedistas no aeroporto do Suriname.’ O João quase morreu, coitado. Depois, ele comentou: ‘Puxa, nunca esperei por essa.’
(...) Nesse momento, disse: ‘João, pede licença para nos retirarmos. Vamos fazer uma pequena conferência em separado.’ Saímos e fomos ao gabinete dele, de onde os americanos nada poderiam ouvir. Fui o primeiro a falar: ‘João, não negue, porque se você disser não e bater o pé, haverá consequências no nosso relacionamento com os Estados Unidos, e alguns óbices, principalmente na área econômica.’ O Presidente, então, perguntou: ‘O que você sugere?’ Respondi: ‘Peça a eles um tempo, informando que vamos mandar uma comitiva com a missão de conversar com o Presidente daquele país.’ O Presidente do Suriname era um tipo despreparado. A ideia era inverter o papel. Argumentar sobre o absurdo de Cuba querer apossar-se do Suriname; ressaltar que a América Latina não tinha a ver com o comunismo.
Oferecíamos diversos tipos de assistência e apoio, como matrículas de surinameses em cursos, no Brasil, envio de técnicos experimentados para trabalhar na construção de linhas telefônicas, comunicações rádio e outros benefícios. O João comentou: ‘Você é ‘de morte’, Medeiros. Perguntei: ‘Mas você vai fazer isso?’ Ele respondeu: ‘Vou.’ Conversamos mais um pouco naquele local e voltamos para a sala onde os americanos aguardavam. O João, ele mesmo, fez a exposição de nossos propósitos, que foram prontamente acatados. Gostaram, porque saíram de mais uma encrenca: invadir um outro país. Estava suspensa a Operação Suriname.
E o emprego de nosso Batalhão seria contraproducente, em virtude de nossos princípios de não intervenção... [entrevistador]
Não tinha ‘nem pé nem cabeça’. Partiram satisfeitos e, dias depois, após o contato com o Presidente Bouterse, o Venturini viajou para o Suriname. Seguiu com dois coronéis; estávamos na Semana Santa. Havia 8 elementos de segurança do SNI embarcados no avião. Não apareceram nenhuma vez. Passaram um dia inteiro, lá, como se fossem segurança pessoal e ninguém desconfiou. O Venturini foi muito bem recebido, voltou feliz da vida, todos aplaudimos o sucesso de sua missão e, imediatamente, começamos a cumprir o que tínhamos prometido.
A participação brasileira no Suriname foi muito apreciada pelo Governo americano. Ela evitou, certamente, a perda de vidas de militares americanos e de muitos surinameses, além de um enorme desperdício para os Estados Unidos. O Presidente Regan ficou muito impressionado e agradecido pela pronta e eficaz ação do Governo brasileiro.
A esse propósito, quando o Presidente Reagan veio ao Brasil visitar o Presidente Figueiredo, me convidou a visitá-lo na Casa Branca. Viajei aos EUA, visitei a sede da CIA, em Langley, Virgínia, e depois encontrei-me na Casa Branca com o Presidente Reagan, presentes o Embaixador Motley e o General Clark, oportunidade em que o Presidente americano renovou os seus agradecimento pela ação brasileira, mostrando-se imensamente feliz pelo êxito da mesma” (General-de-Exército Octávio Aguiar de Medeiros, Tomo 15, pg. 45-46).


O Brasil ajudou a abrandar o confronto Peru-Equador, em 1981

“O General Adhemar da Costa Machado me contou uma história que serve para mostrar um pouco do temperamento do Presidente Figueiredo. Não sei se o senhor foi testemunha. Existia um litígio entre o Peru e o Equador, até acabou havendo perigo de enfrentamento militar entre eles, ao longo da Rodovia Pan-americana. A tropa do Peru de um lado e a do Equador, do outro.
O Presidente Figueiredo quis mandar alguém lá, a fim de tentar resolver a situação. Escolheu o General Adhemar da Costa Machado, que servia no Estado-Maior do Exército, como 2º. Subchefe. Seguiu com 2 Coronéis, um deles chamava-se Ilson Nunes da Silva. O General Adhemar contou-me que foi ao Itamaraty, para saber dos detalhes, e lhe disseram: ‘Olha, a parte diplomática já acabou, não existe como, diplomaticamente, resolver isso. O Presidente quer que, pelo menos, vá um militar para tentar evitar o confronto bélico.’ Resolveu, então, ir ao Presidente, para pedir orientação e procurou o General Venturini, Chefe do Gabinete Militar. Segundo o General Adhemar, vou ser fiel aqui, porque os dois faleceram, o General Venturini voltou, com o seguinte recado: ‘Olha, o General Figueiredo mandou você ir à ‘m....’, pois se tivesse orientação já a teria dado, há muito tempo. O fato é que não há orientação a ser dada; vai lá e vê o que você consegue.’ [entrevistador]
Isso é bem do João Figueiredo.
O General Adhemar foi e conseguiu abrandar a situação, tanto que naquele período nada mais ocorreu. O problema foi surgir, novamente, em 1994. [entrevistador]” (General-de-Exército Octávio Aguiar de Medeiros, Tomo 15, pg. 48).

Obs.:
Sobre os vários conflitos de fronteira entre o Peru e o Equador, acesse https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/06/conflitos-fronteiricos-entre-peru-e.html.
F. M.


Sem a Revolução, o que seríamos?

“Caso não tivesse ocorrido a Revolução de 1964, na melhor das hipóteses, teríamos nos transformado, na década de 1980, em um País de padrão médio africano, pela total falta de condições de enfrentar as duas crises do petróleo e pelo excesso de tolerância com o MCI. Na pior das hipóteses, teríamos nos tornado em um teatro de operações, com algumas características do TO da Guerra do Vietnam. Ocupado por guerrilhas urbanas e rurais e invadido por tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ou da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, o que seríamos?” (General-de-Divisão Luiz Augusto Cavalcante Moniz de Aragão, Tomo 12, pg 124).


Método Cooper é popularizado no Brasil pelo Capitão Cláudio Coutinho

“Os acertos foram muitos, mas gostaria de citar um fato, na minha área, na minha especialidade, que é Educação Física e esporte. Vi um amigo, um companheiro – Capitão Cláudio Coutinho, infelizmente já falecido, prematuramente, foi meu companheiro na área de Educação Física, fomos Instrutores na Escola de Educação Física do Exército – que teve oportunidade de fazer um curso com o professor Cooper, Kenneth Cooper, nos Estados Unidos e, quando ele voltou, com esses conhecimentos que ele auferiu, foi chamado pela então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) para integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira que ia disputar a Copa de 1970, no México. E, conforme todos sabemos, aquela Copa teve um êxito extraordinário, principalmente na preparação física, que nos levou a enfrentar muito bem a altitude do México, que, até então, era um mito. E nós tivemos a melhor preparação física da Copa.
Isso teve muito a ver com o trabalho do Coutinho, junto com o Chirol, com o Parreira, que são também pessoas de muito valor. Mas com o êxito da Copa do Mundo, o que aconteceu? O método Cooper começou a se popularizar, livros foram editados, porque até então era difícil ver, nas ruas das cidades brasileiras, alguém correndo; quando se via alguém correndo, era militar.
E hoje, o que é que se vê? Por exemplo, vejo aqui na Avenida Atlântica: há dias que você não consegue andar, tal é a quantidade de pessoas que passaram a se preocupar com o seu físico. E isso começou com certeza nesse trabalho oriundo do êxito na Copa do Mundo, em que o meu amigo Cláudio Coutinho – uma inteligência viva a serviço do esporte nacional – teve uma parcela considerável” (Tenente-Coronel Reginaldo Pontes Bielinski, Tomo 11, pg. 325).

Obs.:
Cláudio Coutinho faleceu em 1981, aos 42 anos de idade, quando praticava pesca submarina nas Ilhas Cagarras, próximo a Ipanema. Foi treinador do Flamengo e da Seleção Brasileira. Na Copa da Argentina, em 1978, logrou o terceiro lugar, invicto. O torneio foi marcado por polêmica que existe até hoje, devido ao jogo em que o Peru teria “se vendido” aos argentinos, em derrota de 6 x 0.
F. M.



Fonte: "História Oral do Exército - 31 de Março de 1964", Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2003, em 15 Tomos. Coordenador Geral General Aricildes de Moraes Motta.



2 comentários:

  1. Eu vivi todos esses anos, inicialmente na esquerda (Ação Popular) a´te 68. A partir de 1970 comecei a perceber a imensa mudança para melhor que o Brasil vinha tendo. Hoje, lembro com saudade os tempos em que havia muito mais liberdade do que hoje, desemprego praticamente residual, moeda forte, muita euforia pelas obras magistrais que só engrandeciam o país. Confirmo que as tentativas de guerrilha - principalmente Araguaia - eram passos em direção à efetivação de uma FARB.

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  2. Caro Heitor:
    Éramos felizes e sabíamos disso.

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