MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Como o Hamas Planeja Destruir o Líbano - por Khaled Abu Toameh

 Como o Hamas Planeja Destruir o Líbano

A problemática Amazônica - por General Maynard Marques de Santa Rosa



A problemática Amazônica

por General-de-Exército Maynard Marques de Santa Rosa





Antecedentes geopolíticos

O encanto do Eldorado Amazônico, que atraiu a cobiça dos aventureiros europeus a partir do século XVI, converteu-se em atrativo moderno de potentados globais, ONGs globalistas e mídia engajada pela condição de última fronteira biológica e mineral e reserva de 20% da água potável do planeta.

A Bacia Amazônica é um bioma fechado e isolado do restante do continente. Confinada entre os Andes e o Atlântico, o planalto central e o maciço guianense, tem o rio Amazonas como eixo gravitacional e espinha dorsal de uma rede de 20 mil Km de vias navegáveis vitais para a circulação humana.

O rio Ganges, na Índia, tem função geopolítica semelhante à do nosso Grande Rio. O território indiano mede 3.287.590 Km², sendo 15% menor do que a Amazônia Brasileira, que detém 4,2 milhões de Km². Os indianos ocupam todo o espaço habitável do país, enquanto que a população amazônica concentra-se nas grandes cidades ou está diluída ao longo dos rios e estradas, deixando grandes espaços vazios no interior. São apenas 16,5 milhões de amazônidas,enquanto a população da Índia é 77 vezes maior, com 1.282 bilhão.

O pensador paraense, Dr. Armando Mendes, alertou que o maior problema político da Amazônia é o seu vazio demográfico. É que, sem população, não há presença do Estado, agravado pela imensidade do território e grande distância dos centros nacionais. Por isso, a região sempre foi relegada à condição de latifúndio político.

A configuração compacta ajudou a preservar a integridade política e dá à Amazônia uma vocação autônoma. O Grão-Pará formou-se independente do Brasil, durante 209 anos, até o colapso do pacto colonial em 1823. Após a independência, eclodiu a Revolta da Cabanagem, entre 1835 e 1840, extravasando o ressentimento nativo contra a tirania e a exploração histórica dos colonizadores. Nesse turbilhão, a soberania nacional só foi salva graças ao patriotismo de Eduardo Angelim. A convulsão consumiu 20% da população total e foi sufocada pela força das armas, ao custo de um trauma que ainda sobrevive nos arcanos do inconsciente coletivo.

No final do século XIX, auge do ciclo da borracha, uma migração em massa de nordestinos povoou os afluentes da Calha Sul do Amazonas, atraída pela abundância da seringueira Hevea brasiliensis, de grande produtividade. A Calha Norte, onde predominava a planta Hevea benthamiana, de produtividade inferior, manteve-se intocada. Por isso, o norte do Pará, com área equivalente à da Itália, tem uma população igual à de Florença. Esse vazio de 1,5 habitante/Km² representa grande risco geopolítico à soberania brasileira.

As políticas governamentais para a Amazônia sempre foram reativas e descontínuas. Até a Primeira República, consistiram, basicamente, nas negociações de fronteiras, matéria em que muito devemos ao Barão do Rio Branco. A questão amazônica só aflorou à agenda nacional após o colapso do mercado da borracha, em 1914, o qual suprimiu 40% da balança comercial brasileira. Mesmo assim, a primeira providência concreta só veio no contexto da 2ª Guerra Mundial, quando Getúlio Vargas criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) e os territórios federais do Guaporé, Rio Branco e Amapá, sob inspiração do professor Everardo Backheuser, eminente geopolítico da época. Na Constituinte de 1946, houve pressões pela internacionalização da região, superadas pelo ex-presidente Arthur Bernardes, então deputado constituinte.

O governo Juscelino construiu a rodovia Belém-Brasília, em 1959/1960, para criar alternativa de acesso à região no caso de crise, como foi a dos apagões de Manaus e Belém, no fim da guerra, quando a frota de submarinos alemã bloqueou a foz do Amazonas.

O Programa de Integração Nacional das décadas de 1960 e 1970 focou na implantação da infraestrutura econômica regional, mas ficou inacabado devido à crise do petróleo. Nessa fase, criou-se a Zona Franca de Manaus, foram construídas as rodovias Transamazônica (BR-230), Manaus-Porto Velho (BR-319), Cuiabá-Santarém (BR-163) e Manaus-Boa Vista (BR-174) e a hidrelétrica de Tucuruí; iniciou-se a Perimetral Norte, e a COMARA concretizou a rede de aeroportos estratégicos. A partir dos anos 1980, os maiores investimentos foram a BR-364 (Cuiabá-Porto Velho) e as hidrelétricas de Girau, Santo Antônio e Belo Monte.


Situação atual

Os indicadores econômicos e sociais mostram que a região amazônica continua subdesenvolvida e que sua base econômica prossegue dependente do extrativismo e dos incentivos do governo federal. Todos os estados amazônicos seriam inviáveis sem as transferências obrigatórias da União. 43,1% da população (quase 7 milhões de pessoas) vivem abaixo da linha de pobreza (com US$ 5,5 por dia), mas o crescimento vegetativo é de 3,07 %, quase o dobro da taxa média nacional (1,8%). A renda per capita é pouco maior do que a metade da renda per capita nacional (56,7%), e o IDH (0,681) é inferior ao do País (0,727). A região contribui com apenas 8,6% para o PIB nacional, apesar de ser a maior e mais rica do Brasil em recursos naturais.

A Zona Franca de Manaus está estagnada e com tendência declinante, como demonstram os indicadores estatísticos. Entre 2010 e 2018, sua contribuição para o PIB do Amazonas caiu de 25,92% para 23,41%. Os benefícios originais da Zona Franca foram projetados para toda a Amazônia Ocidental, mas ficaram restritos à região metropolitana de Manaus. O modelo de desenvolvimento da Zona Franca de Manaus está esgotado.

O contexto estratégico é preocupante. Pressões ambientalistas e indigenistas de toda a ordem invalidam as políticas governamentais. Há uma campanha psicológica permanente contra o Brasil, sincronizando operações de mídia externas e internas. No entorno, proliferam a instabilidade política e os ilícitos transnacionais. Na Bolívia, expande-se o mercado de drogas. A Venezuela está em processo de fragmentação da ordem interna. O Peru, o Suriname e a Guiana encaram o problema da expansão chinesa. Enquanto isso, a gestão pública da nossa Amazônia trabalha de mãos atadas por uma legislação restritiva, produzida sem filtro estratégico desde 1988.

Se a economia permanece estagnada enquanto cresce a população, cai a renda per capita e prolifera a insatisfação social. O risco aumenta na proporção da taxa de crescimento urbano. A favelização das cidades ressoa o esvaziamento rural. A região amazônica precisa de novas alternativas de desenvolvimento, enquanto é tempo.

A propaganda adversa confunde preservação com sustentabilidade para inculcar resistência na opinião pública. Na verdade, o que tem de ser preservado é o equilíbrio ecológico, implícito no conceito de sustentabilidade, o que implica avaliar e compensar o impacto ambiental dos projetos.

No início do atual governo, a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) concebeu um rojeto para integração e desenvolvimento da Calha Norte. O programa, batizado como Barão do Rio Branco, seria o cluster geopolítico capaz de induzir a formação do mercado regional da Bacia Amazônica, com potencial de transformar Santarém em um entreposto similar ao de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e catalisar um fluxo comercial contínuo entre Manaus e Belém. Consistia, basicamente, na implantação da ponte de Óbidos sobre o rio Amazonas e na construção da hidrelétrica de Cachoeira Porteira, no rio Trombetas.

A ponte Barão do Rio Branco iria permitir a integração do Amapá, assim como a parte do Amazonas ao Norte do Grande Rio e o estado de Roraima ao sistema rodoferroviário nacional, além de abrir a possibilidade de estender a BR-163 até a fronteira do Suriname. Com isso, o porto de Óbidos poderia tornar-se um importante modal hidro-rodo-ferroviário, por oferecer calado de 14 m no pico da vazante, permitindo a atracação de embarcações de 30 mil toneladas, assim reduzindo o frete hidroviário para exportação de grãos do Centro-Oeste.

A hidrelétrica de Cachoeira Porteira aumentaria a oferta regional de energia e estabilizaria o balanço de carga, afetado pela variação anual do regime de águas: quando a Calha Sul está na vazante, a Calha Norte está na cheia e vice-versa. A oferta de eletricidade permitiria a industrialização da bauxita no local, abundante em Oriximiná e Óbidos, criando uma vantagem competitiva para os municípios do Médio Amazonas.

No entanto, resistências dos ministérios da Infraestrutura e da Economia impediram a inclusão do programa no PPA (Plano Plurianual); e o esvaziamento da SAE terminou afetando a continuidade do projeto.


Conclusão

Relegada a Bacia Amazônica por muitas décadas, esvaziou-se o interior, cresceu a favelização urbana e estagnou-se a economia. A população ressente-se de abandono. O Brasil precisa criar condições para o empreendedorismo privado, aproveitando o potencial de recursos naturais existentes; revisar a legislação restritiva para adequá-la ao interesse nacional; enfim, recuperar a esperança do povo nativo. A criação de um mercado regional autônomo pode ser a solução definitiva para o desenvolvimento. A presença do Estado é a saída que garante a lei, a soberania nacional e a preservação das riquezas ambientais para as gerações futuras.



Biden ameaça Brasil com 'consequências econômicas significativas se não cuidar da Amazônia' - DefesaNet


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EXTRA DN 22 - 2020 -  30 Setembro 2020

Biden ameaça Brasil com 'consequências econômicas significativas se não cuidar da Amazônia'

Valor

No primeiro debate presidencial da eleição de 2020 nos Estados Unidos, na noite desta terça-feira (29SET2020), o candidato democrata Joe Biden ameaçou o Brasil com "consequências econômicas significativas se não cuidar da Amazônia".

Biden disse que conseguiria que várias nações dessem ao Brasil US$ 20 bilhões para acabar com o desmatamento na Amazônia e, se o Brasil fracassar, então haveria “consequências econômicas significativas".

A citação ao Brasil ocorreu durante as discussões dos candidatos sobre propostas de políticas ambientais. Trump voltou a classificar o Acordo de Paris, de redução de emissões de poluentes, como “um desastre”.

Biden retrucou e disse que em seu eventual governo haverá investimentos em energia renovável, seguindo um plano que vai “gerar empregos e riqueza”. O debate ocorreu em Case Western Reserve University, em Cleveland, Estado de Ohio, com poucas pessoas na plateia do centro de convenções em razão do distanciamento social provocado pela pandemia de COVID-19.

Abaixo links para  textos sobre a questão da Amazônia 


Vice-Presidente Hamilton Mourão

Amazônia em Chamas?  Setembro 2020

- A nossa Amazônia  Agosto 2020

Gen Ex R1 Pinto Silva

A Defesa da Amazônia é um "Interesse vital da NAÇÃO Brasileira"?
Julho 2020

- AMAZÔNIA Ameaçada, ou é só uma Reação ao Presidente Bolsonaro?  Agosto 2019

“ECO PINÓQUIO” ATACA BOLSONARO  Abril 2019


Gen Ex R1 Maynard Santa Rosa
 
- 
A Problemática Amazônica   Agosto 2020
 
- Preservação Enviesada  Julho 2020

- UMA ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AMAZÔNIA LEGAL  2013

 

MSIa

A Amazônia como “garantia” financeira?

Para manter o vácuo de soberania na Amazônia, fundos “gafanhotos” chantageiam Brasil

- Geraldo Lino - O que todo o mundo (brasileiros inclusive) precisam saber sobre a Floresta Amazônica 

Cel Gelio Fregapani

- Comentário Gelio Fregapani - Os recursos naturais e os perigos


 
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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Socialismo de Maduro é “culpado de graves crimes”, diz ONU - por Luis Dufaur

Repressão socialista ostenta crueldade.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Uma missão internacional da ONU para investigar a situação dos direitos humanos na Venezuela concluiu que o presidente Nicolás Maduro e seus ministros do Interior e da Defesa estão envolvidos em graves crimes cometidos pelas forças de segurança do país, noticiou “Clarín”.

O relatório divulgado pela Missão oferece extensa informação “que mostra que as autoridades do Estado – tanto a nível presidencial como ministerial – exerceram poder e supervisão sobre as forças de segurança civil e militar e as agências identificadas como perpetradores das violações e crimes documentados”.

“A Missão tem motivos razoáveis para acreditar que tanto o Presidente como os Ministros do Interior e da Defesa contribuíram para a perpetração dos crimes documentados neste relatório”, concluiu a investigação.

As graves violações de direitos humanos denunciadas foram perpetradas em operações realizadas por todas as entidades de segurança do Estado na Venezuela. O número das 2.000 execuções extrajudiciais perpetradas pelas forças do regime superaria os 2.000 de janeiro até agosto de 2020.

Quer dizer, as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), incluindo a Guarda Nacional Bolivariana (GNB); a Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e as Forças de Ação Especial (FAES).

FAES é uma das forças mais mortíferas

Também estão incluídos o Corpo de Investigações Científicas, Criminais e Criminalísticas (CICPC), o Serviço Nacional de Inteligência (SEBIN), a Direção-Geral de Contra-espionagem Militar (DGCIM) e as polícias estaduais e municipais.

Os investigadores recolheram provas que – desde os responsáveis das entidades envolvidas aos políticos – tiveram conhecimento dos crimes cometidos de 2014 para cá (período abrangido pelo relatório), até ajudaram a cometê-los com as políticas e planos que adotaram.

“As autoridades deram ajudas essenciais, incluindo materiais, logística e recursos humanos, necessárias às operações de segurança e inteligência que resultaram na perpetração dos crimes”, denuncia o relatório, que será apresentado na próxima semana ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Fonte: https://esta-acontecendo.blogspot.com/2020/09/socialismo-de-maduro-e-culpado-de.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+OQueEstAcontecendoNaAmricaLatina+%28Acontecendo+na+Am%C3%A9rica+Latina%29


Para que a VERDADE triunfe sobre a FICÇÃO ESQUERDISTA

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/memorial-31-de-marco-de-1964-textos.html

HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO – 31 MARÇO 1964
http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/historia-oral-do-exercito-31-de-marco.html


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Morre dom Ávila, o general de Deus - por Félix Maier


Morre dom Ávila, o general de Deus

Félix Maier

21/11/2005

Morreu, no início da manhã de 14 de novembro de 2005, em Brasília, o Arcebispo Ordinário Militar do Brasil, dom Geraldo do Espírito Santo Ávila. “Ele tinha um tumor retroperitonial próximo ao ureter, que se irradiou para o rim, provocando uma metástase no fígado” (JB online).

Velado na Catedral Militar Rainha da Paz, que ele mesmo havia construído, localizada no Setor Militar Urbano, o corpo de dom Ávila foi sepultado no mesmo local, dia 16 de novembro, depois de ser realizada uma missa de exéquias (campal), celebrada pelo bispo-auxiliar do Ordinariado Militar, dom Augustinho Petry. A homilia ficou a cargo do arcebispo de Brasília, dom João Braz de Aviz.

Autoridades se fizeram presentes para dar o derradeiro adeus a dom Ávila: o governador Joaquim Roriz, a vice-governadora Maria de Lourdes Abadia, os senadores Paulo Octavio (PFL-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS), e os deputados federais José Roberto Arruda (PFL), Osório Adriano (PFL) e Wasny de Roure (PT).

Após duas horas de celebrações religiosas, houve honras militares, com direito a três tiros de fuzil e 15 de canhão, equivalentes às de general-de-divisão.

Até a nomeação de um novo Arcebispo Militar, que será feito pelo Papa Bento XVI, dom Augustinho foi eleito Administrador do Ordinariado Militar pelo Colégio dos Consultores.

Dom Ávila, desde que foi nomeado Arcebispo Militar, em 12 de dezembro de 1990, a convite do Papa João Paulo II, dava expediente diário em seu gabinete – a Cúria - no Ministério da Defesa. Mesmo sem nunca ter prestado serviço militar, Dom Ávila tinha a patente de general-de-divisão e comandava um verdadeiro exército de capelães, tanto das três Forças Armadas, quanto das Auxiliares (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros). Os capelães são militares ordenados sacerdotes (católicos) ou pastores (evangélicos). Em assuntos estritamente religiosos, somente os sacerdotes prestam obediência ao Arcebispo Militar.

Dom Ávila era natural de Datas, MG, e deveria se chamar Waldir, seu primeiro nome, antes de ser batizado. A explicação está no Diário de sua mãe, a professora Maria Vicentina Gomes Ávila:

“Waldir do Espírito Santo Ávila – Nascido aos 10 de abril de 1929, forte e robusto até a idade de dois meses. Todos da família chamavam-no de Waldir, Waldirzinho. Mas logo depois apareceu na criancinha uma moléstia, que a sufocava. Recorremos a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a São Geraldo para intercederem e Deus não deixasse a criancinha morrer. Fizemos, então, um voto: colocá-lo no Seminário ainda que fosse às esmolas e dar-lhe na Pia Batismal o nome de Geraldo. Deus aceitou o voto. E nós de coração gratos cumprimos fielmente o nosso voto" (Jornal da Comunidade, "Perfil”, 14 a 20 de fevereiro de 2004, pg. D4).

Em depoimento ao mesmo Jornal da Comunidade, dom Ávila lembrou que desde os seis anos de idade, quando fez a Primeira Comunhão, nunca mais deixou de comungar diariamente o Corpo de Cristo, e que o voto dos pais se limitava a colocá-lo no Seminário, que a decisão de se ordenar padre era somente sua:

“Mesmo quando ainda não havia tomado o conhecimento sobre o voto de meus pais, o meu brinquedo preferido era fazer papel de padre, celebrando missas de mentirinha dentro de casa. Eu reunia os irmãos, os vizinhos, os primos para assistir missas todos os dias. Havia uma senhora que fazia hóstias para a igreja, então ela me dava os retalhos da massa e eu fazia uma hóstia pequenininha; alimentava o turíbulo com cascas de laranja, fazia incenso com rapadura e promovia procissão pela rua afora. E quando me dei conta, muito antes de ir para o Seminário, descobri que a minha vocação era mesmo o apostolado de Cristo”.

No dia 02 de fevereiro de 1941, com menos de 12 anos de idade, o menino Geraldo entrou para o Seminário dos padres lazaristas, em Diamantina, MG, onde viveu durante 13 anos e completou os cursos Ginasial e Científico, depois os de Filosofia e Teologia.

No internato, o seminarista Geraldo se destacava como artilheiro de seu time de futebol. Adulto, Geraldo deveria dar ainda mais trabalho à defesa adversária, pelo porte de jogador de basquete que possuía, 1,82 m de altura, uma espécie de “Adriano das Alterosas”...

Ordenado padre em 29 de novembro de 1953, Ávila queria ser professor de Filosofia e Teologia no mesmo Seminário onde se formara. Em 9 de janeiro de 1954, o padre Ávila recebeu uma carta do bispo, dizendo que precisava trabalhar em Quanhães, cidadezinha pertencente à Diocese de Diamantina, como vigário cooperador. Ocorre que o vigário titular, cônego Sebastião Fernandes, dois anos depois ficou doente e foi se tratar em Belo Horizonte, ficando a paróquia aos cuidados do padre novato. Um ano depois, o bispo de Diamantina, dom José Newton, visitou Quanhães e elogiou a obra do padre Ávila, especialmente a comunhão em massa que promovia toda primeira sexta-feira de cada mês.

Em 1957, padre Geraldo foi chamado para trabalhar na catedral de Diamantina, “o que equivalia a uma promoção”.

No final de 1961, quando dom José Newton foi transferido para Brasília, este pediu a seu substituto em Diamantina, dom Geraldo Sigaud, para que o padre Geraldo viesse a Brasília para ajudá-lo a organizar o Concílio Ecumênico, que começaria em 1962. A permanência do padre Geraldo ficaria limitada à fase do referido Concílio e depois retornaria para Diamantina. Porém, o Concílio, programado para durar no máximo um ano e meio, foi-se alongando e nunca terminava e Geraldo acabou ficando 4 anos, até 1965. Com outra cartinha a dom Sigaud, dom Newton conseguiu que Geraldo ficasse definitivamente em Brasília, de onde nunca mais saiu, a não ser para as viagens pastorais às mais distantes unidades militares do País, do Oiapoque ao Chuí.

No tempo em que assessorava dom José Newton, o padre Ávila encontrava tempo para se dedicar como vigário da igrejinha verde de madeira na Vila Planalto, a igreja Nossa Senhora do Rosário. Ao mesmo tempo, acumulou as funções de vigário da Catedral de Brasília, somente inaugurada em 1970 – mesmo ano em que o padre Ávila foi nomeado monsenhor -, com a ajuda decisiva do presidente Costa e Silva.

Em 1974, quando um padre foi nomeado para a Catedral, Ávila ficou só com a igreja da Vila Planalto, onde foi vigário por 15 anos, de 1962 a 1977, ano em que foi nomeado Bispo Auxiliar de Brasília, a 27 de junho. Nesse tempo, devido à grande falta de padres, monsenhor Ávila fazia as vezes de vigário da igreja Nossa Senhora Aparecida, no Gama, e da igreja de São José Operário, na Asa Norte.

Na Vila Planalto, o trabalho de Ávila era voltado para funcionários da Novacap e da prefeitura que hoje é o GDF (Governo do Distrito Federal). Lá havia 22 acampamentos de empresas que construíram Brasília.

Numa 2ª feira do carnaval de 2000, um incêndio destruiu a igrejinha verde de madeira, ocasião em que dom Ávila já exercia a função de arcebispo militar. Dom Ávila, justificando seu magnânimo coração, descartou qualquer possibilidade de incêndio criminoso: “Não, não acredito que alguém fosse capaz de praticar tamanha maldade”.

Como “general de Deus”, dom Ávila exerceu inúmeras atividades, que podem ser vistas no site da CNBB (http://www.cnbb.org.br/index.php?op=noticia&subop=9784).

Dom Ávila é autor de "Oração da Paróquia" (1971) e "Você em Oração" (1975), com 300.000 exemplares em 9 edições. Avesso a “tocar trombetas”, o trabalho de dom Ávila sempre foi de muita humildade, sem qualquer tipo de ostentação, porém de enorme eficiência. Um desses trabalhos é o Movimento Eureka, que começou em 1972, que incentiva jovens e adultos ao estudo da Bíblia. Para tanto, dom Ávila distribuiu milhares de Bíblias aos católicos em todo o Distrito Federal, as quais ele mesmo mandou imprimir.

Outro trabalho em que dom Ávila se empenhava, de inspiração vicentina, era a “Sopa dos Pobres”, criada na Vila Planalto na década de 1970, distribuída diariamente aos mendigos, em torno de 1.300 pratos, em vários pontos do Distrito Federal, como a Ponte do Bragueto, obra que tem o apoio voluntário de militares de toda a arquidiocese, tanto para a confecção do alimento, quanto para a distribuição por meio de kombis.

Toda Quinta-feira Santa, dom Ávila exercia sua humildade beijando os pés de 12 pessoas pobres, simbolizando o beijo idêntico que Jesus deu em seus apóstolos.

Depois da Catedral de Brasília, outro sonho de dom Ávila era construir a Catedral Militar, que foi inaugurada a 12 de setembro de 1994, com o nome de Catedral Militar Rainha da Paz, em homenagem à mãe de Cristo, por ser reconhecida e reverenciada em todos os países católicos, especialmente devido às aparições diárias de Maria, como ocorre em Mediugórie, na Bósnia-Herzegovina.

A estrutura metálica da Catedral havia sido utilizada no palanque armado na Esplanada dos Ministérios para o Papa João Paulo II rezar a missa campal, em 1991, ocasião em que o Santo Padre abençoou a pedra fundamental da futura Catedral, localizada no Eixo Monumental, próxima ao Setor Militar Urbano.

A estrutura da Catedral Militar tem a assinatura de Oscar Niemayer, notório marxista ateu, que também projetou a Catedral Metropolitana, um dos cartões postais mais visitados de Brasília.

A Catedral Militar tem a forma de uma barraca de campanha, de duas praças e, segundo a secretária de dom Ávila, Silvana Rubim, já foi dito que “aqui é o lugar de segurança, de acolhimento, do recobrar de forças de todo soldado” (Jornal da Comunidade, 31 de julho a 6 de agosto de 2004, “Especial”, pg. D4).

Além da Catedral Militar, Dom Ávila também construiu o Santuário da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt, localizado em Sobradinho, DF.

Todo dia 25 de cada mês, data dedicada à Rainha da Paz, cerca de 12 mil fiéis comparecem à Catedral Militar para participar de missas, terços, palestras de evangelização. Às 10h e às 17h, começam as celebrações mais esperadas pelos fiéis, especialmente os enfermos: as Orações de Cura, dirigidas pelo padre Ivan Clementino, capelão do Corpo de Bombeiros do DF. Tais ritos são seguidos, em Brasília, não só por católicos carismáticos, mas também por outras religiões, como a Igreja Universal, no Conic, a Igreja Batista Central de Brasília, na Asa Sul, a Comunhão Espírita, na Asa Sul.

Vêem-se também sessões de cura na televisão, como a do missionário RR Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus. “A cura é um sinal messiânico porque Jesus é quem a realiza por meio dos padres que possuem o dom. (...) Além disso, o Vaticano publicou um documento recente reconhecendo a oração de cura na Igreja Católica, orientado para que ela seja feita separadamente da Santa Missa, para não desvirtuar o conteúdo mais profundo da missa que é a Eucaristia e a liturgia da palavra” – diz o padre Giovani Carlos, da paróquia de São Miguel Arcanjo, no Recanto das Emas, que também promove ritual de cura (Cfr. Jornal de Brasília, 25 de março de 2001, pg. A-8).

Na reunião que precede as palestras de evangelização, são lidos depoimentos de pessoas que concordaram em dar seu testemunho de cura, por escrito. O número dos que se dizem curados de câncer e AIDS é impressionante, configurando verdadeiros milagres.

Em 18 de maio de 1998, dom Ávila recebeu da Câmara Legislativa do Distrito Federal o título de Cidadão Honorário de Brasília. Outra distinção honorífica, Prelado de Honra, foi conferida pelo Papa, pelos relevantes serviços prestados em Brasília, especialmente por sua participação na construção da Catedral Metropolitana.

Além destas distinções, dom Ávila recebeu outras 15 comendas, que ornam sua grandiosa obra sacerdotal. Apesar de ter atingido a compulsória no dia 10 de abril de 2004, por ter completado naquela data 75 anos, o que nas Forças Armadas é sinônimo de aposentadoria, Dom Ávila continuou à frente do trabalho pastoral até a hora de sua morte: “Compulsória, sim; mas parar de trabalhar, nunca!” – repetia o religioso.

Finalizando, gostaria de prestar minha derradeira homenagem a esse valente “general de Deus” que foi Dom Ávila, pela rápida convivência que tive com ele, quando servi no Ministério da Defesa, de 1999 a 2002. Rápida, porque os encontros com o magnético sacerdote foram raros, principalmente quando eu estava de serviço e tinha que aguardar a chegada das autoridades na portaria principal. Dom Ávila sempre tinha um sorriso largo a nos cativar, uma palavra nova para nos reanimar, uma deferência especial para com todos os subordinados, mesmo porteiros e faxineiros.

São inesquecíveis as missas de Natal que Dom Ávila celebrava no Auditório do Ministério, com sua voz cristalina, quase metálica, porém doce como é doce toda a palavra de um verdadeiro pastor a serviço de Deus. Que a terra lhe seja leve e eterna sua glória entre os eleitos!

 

***

 

De: Enviado: terça-feira, 29 de novembro de 2005 10:02:28

Para: Félix Maier

Assunto: Acusando recebimento

Caro Félix Maier

Agradeço o envio da mensagem com o texto retratando a personalidade ímpar de Dom Ávila, a grande figura humana e religiosa que lamentavelmente nos deixou no dia 14 de novembro de 2005.

Atenciosamente,

Gen Luiz Gonzaga Schroeder Lessa

Presidente do Clube Militar

Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=38950&cat=Artigos