Por Luis Dufaur - escritor, jornalista,
Mais do mesmo autor em: Alarmismo ambientalista ameaça sociedades e vidas humanas
Em posts anteriores nós comentamos a mudança psicológica e intelectual do ativista ‘verde’ Michael Shellenberger, que repudiou o alarmismo climático e dedicou um livro inteiro para reparar o mal que esse ambientalismo catastrofista faz a toda a humanidade.
Essa mudança não foi súbita. Como Michael explica, resultou de um demorado processo de remorso e de medo. Remorso pelo mal que ele via o alarmismo ecologista fazer aos homens, e medo das represálias de que seria objeto caso dissesse o que estava vendo e reflexionando.
Revelador desse problema de consciência é o artigo que Michael escreveu na sua coluna da revista “Forbes”, de New York, intitulado “How The EU, Greenpeace, And Celebrities Worsen Fires And Deforestation By Dehumanizing The Amazon” (“Como a UE, o Greenpeace e as celebridades pioram as queimadas e o desmatamento ao desumanizar a Amazônia”).
Ele conta que em 2016 a modelo brasileira Gisele Bündchen foi contratada pelo chefe da Greenpeace Brasil para uma série da National Geographic chamada “Years of Living Dangerously” (“Anos de vida perigosa”).
A série incluiu um sobrevoo da floresta amazônica no qual a modelo deveria se mostrar chocada com o avanço dos brasileiros sobre essa parte de seu território nacional.
O início do capítulo era idílico, voando sobre uma floresta verde sem fim. “A beleza parece durar para sempre”, dizia Bündchen, para atrair simpatias.
'Do progresso da pecuária depende a vida de milhões de pesssoas'
Mas, em seguida [o Paulo Adario do Greenpeace, segundo Michael] lhe soprava ter chegado o momento de mudar de clave.
Ela então se mostrava horrorizada vendo fazendas de gado perto da floresta. “Todas essas grandes formas geométricas esculpidas na paisagem são por causa do gado?” — perguntava, aparentando não saber do que se tratava.
“Tudo começa com estradas madeireiras”, explicava Adario no programa. “A estrada fica e o fazendeiro vem e corta as árvores restantes.”
“E o gado nem é natural na Amazônia!” — diz Bündchen. “Não era para estar aqui!”
“Não, definitivamente não” — confirmava Adario.
“Imagine a destruição dessa bela floresta para a produção de gado” — diz ele. “Quando você come um hambúrguer, percebe que ele vem da destruição da floresta tropical?”
Então Bündchen começava a chorar.
“É chocante, não é?” — dizia Adario.
Mas é chocante mesmo? — pergunta Michael Shellenberger. Bündchen choraria proporcionadamente quando sobrevoa a França e a Alemanha?
Afinal, esses dois países desmataram suas paisagens séculos atrás.
Tudo o que lhes resta são chácaras e fazendas de gado com um número muito menor de áreas protegidas e fragmentos de floresta muito menores do que aqueles que faziam chorar Bündchen na Amazônia.
Demagogos e ativistas não choram pelo desmatamento havido na Europa (bom para nós). Só são contra o Brasil.
Demagogos e ativistas não choram pelo desmatamento
havido na Europa (bom para nós). Só são contra o Brasil.
A montagem é irracional, mas muito emotiva.
Muita moça ou senhora deve ter ficado sensibilizada e predisposta contra os brasileiros, que estão obtendo o bife que ela vai preparar ou comer no almoço familiar.
Os alemães — explica Michael — produzem quatro vezes mais emissões de carbono per capita do que os brasileiros. E ainda assim não hesitam em exigir que os brasileiros parem o desmatamento e as queimadas!
Ativistas europeus e norte-americanos promovidos pela grande mídia dizem à humanidade que não podemos sobreviver sem a Amazônia, que é o pulmão do mundo, criador de oxigênio.
Mas, de acordo com o especialista em florestas da Amazônia Dan Nepstad, isso é “besteira”. Nepstad é o autor principal do relatório mais recente do (famigerado) Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC da ONU.
A Amazônia consome tanto oxigênio quanto produz. Nesse quesito ela é tão estável como toda floresta velha.
O mundo não precisa desse pulmão para obter oxigênio, uma vez que o mesmo não produz nada além do que consome. Não é pulmão, portanto, e menos ainda do mundo inteiro!
Os ativistas mais hábeis dobram a língua sobre o assunto e, sempre falando como “cientistas” ou “especialistas”, passaram a se mostrar apavorados com todo o carbono (CO2) acumulado na Amazônia em forma de massa vegetal.
As queimadas liberariam esse CO2 e fariam subir as temperaturas globais em dois graus centígrados acima dos níveis pré-industriais.
Para Michael, essa preocupação é ignara.
A Europa, que se desenvolveu desmatando e consumindo combustíveis fósseis, não quer que o Brasil se desenvolva fazendo o mesmo que ela fez?!
Eu, sim posso; você não! Isso é hipocrisia, diz o autor.
Michael é amigo de Nepstad e falou sobre isso com ele.
“Começou com uma campanha do Greenpeace” — disse Nepstad. “Os ativistas se vestiam como galinhas e andavam por vários restaurantes McDonald's na Europa. Foi um grande momento da mídia internacional”.
Eis os ecologistas, defensores verdes da natureza, que confundem galinha com boi!!!!] Cômico e propagandístico, mas nada veraz.
O Greenpeace — ONG que recebe US $ 350 milhões de doações por ano, sobretudo de europeus — exige que o agronegócio brasileiro cumpra uma regulamentação muito mais rigorosa do que a lei brasileira.
O Greenpeace também se assanhou contra o Cerrado, onde se colhe 60% da safra de soja do País.
Segundo Nepstad, “Paulo Adario, do Greenpeace Brasil” — o homem que fez Bündchen chorar —, fez demandas tão extremas aos produtores de soja que estes, dispostos inicialmente a cooperar, viram que era impossível se submeter a exigências tão irreais.
Nepstad, autor principal do relatório mais recente do IPCC, o qual não é nada moderado e ferrenhamente contrário ao agronegócio, deplorou “essa arrogância, esse regulamento sobre o regulamento, sem realmente pensar na perspectiva do agricultor”.
O redator do IPCC reconheceu a Michael que grande parte da motivação para bloquear a agricultura e a pecuária é ideológica.
“É realmente antidesenvolvimento, você sabe, anticapitalismo. Há muito ódio ao agronegócio”, disse o guru do IPCC.
Ou pelo menos ódio ao agronegócio no Brasil. O mesmo padrão não parece aplicar-se ao agronegócio na França e na Alemanha, escreve Michael.
Campanha de Greenpeace contra a carne de boi parte de pressupostos irracionais anti-natureza
A agenda ideológica do Greenpeace para excluir os alimentos brasileiros do mercado, onde eles levam a melhor pelo seu custo baixo e justo, se encaixa perfeitamente na agenda da União Europeia.
Um dos resultados danosos dessas campanhas ideológicas verdes são suas péssimas consequências ecológicas para a Amazônia.
Segundo Nepstad, o Código Florestal, influenciado pelos ambientalistas, ao exigir dos fazendeiros e agricultores que deixem em suas propriedades 50% a 80% da floresta em pé, empurra as fazendas para o interior da floresta.
Essas fazendas “fragmentam” a floresta porque só uma fração da superfície pode ser destinada à pecuária, que é a mais adaptada às condições locais.
Grandes felinos e outras espécies maiores precisam de habitat contínuo e não fragmentado para sobreviver e prosperar.
Mas com sua influência no Código Florestal, forçando os produtores a deixar improdutiva entre 50% e 80% de suas propriedades, o que o Greenpeace conseguiu foi prejudicar os grandes animais selvagens.
Sempre do ponto de vista de dois ecologistas muito altamente posicionados no establishment ambientalista mundial, cujas opiniões estamos reproduzindo, Nepstad confidenciou que seria necessário “conseguir que as reservas da reforma agrária, enormes e próximas às cidades, cultivem legumes, frutas e produtos básicos para as cidades amazônicas, em vez de importar tomates e cenouras de São Paulo”.
Mas — comentamos — os assentamentos de reforma agrária não produzem nada, nem nunca produziram algo que se apresente, nem para fazer ecologia ultrassocialista. Apesar de ser o principal redator do IPCC, Nepstad fala como quem não conhece a realidade.
Concluindo o artigo, Michael Shellenberger se diz espantado vendo “que forças poderosas como a UE, o Greenpeace e as celebridades mais famosas do mundo, auxiliadas pela mídia, mostram poucos sinais de desistir de sua desumanização da Amazônia”.
Em outras palavras, se fingindo protetores, estão estragando a natureza e prejudicando a alimentação dos brasileiros e de todo o mundo.
Para Michael, é preciso começar considerando que a Amazônia nunca foi o Éden.
Os cientistas hoje acreditam que mais de dois milhões de pequenos agricultores viviam na bacia amazônica antes da chegada dos europeus no século XV.
Mais esses milhões de habitantes tiveram um impacto muito maior alterando os ecossistemas do que se acreditava até agora.
Os cientistas acreditam que “os primeiros agricultores da Amazônia usaram intensamente a terra e expandiram os tipos de culturas cultivadas”.
E acrescentam que “aumentaram a quantidade de alimentos que cultivavam, melhorando o conteúdo de nutrientes do solo através das queimadas”. O mito do índio que não toca a natureza é um blefe comprovado.
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A respeito do relativamente alto desenvolvimento de certas tribos amazônicas antes de 1492, recomendamos:
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Nem o gado nem os seres humanos são “naturais para a Amazônia!” — como Bündchen gemeu na sua representação para o Greenpeace e o National Geographic.
Mas então — e aqui Michael nos faz sorrir —, nessa lógica tampouco os humanos são “naturais” em nenhum lugar do mundo.
Pois os homens apareceram — use-se o critério que se queira usar — depois da vegetação, dos animais, dos peixes, das aves etc.
Isso está até na Bíblia, que a nenhum deles — Michael, Nepstad, Bündchen, “Paulo Adario do Greenpeace Brasil”, IPCC, ONGs, UE, ONU, o próprio diabo — ocorre ler ou citar.
Mas o fato de não terem os homens aparecido historicamente em primeiro lugar não significa que eles não pertençam ao lugar que naturalmente ocupam, nem que não sejam seus legítimos proprietários.
Os homens merecem ser respeitados na sua dignidade.
E o primeiro que a farândola verde-comunista-midiática deve fazer é ver a realidade, observar que a humanidade está na natureza, interage com ela, faz parte dela, governa-a pela inteligência.
Então, se se quiser respeitar a natureza, os homens devem ser tratados enquanto tais.
É contrário à natureza hostilizar — com um apriorismo que o ecologismo radical não tem com os animais e as plantas daninhas — a atividade que o homem exerce sobre ela.
Vídeo:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=Z6GS2HjCg-M&feature=emb_logo
Fonte:
https://brasilsoberanoelivre.blogspot.com/2020/08/ongs-e-famosos-tentam-frustrar-o-futuro.html
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