por Ipojuca Pontes (*) em 07 de abril de 2008
Resumo: A reação do governo Lula diante dos atos de terrorismo do LCT é a mesma adotada em relação ao MST: nada vê, ouve ou diz.
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“O povo foi embora com medo dos guerrilheiros. Aqui, para ficar de pé tem que se aprender a viver” (De um velho agricultor de Jacilândia, vilarejo abandonado).
A revista “IstoÉ” (26/03/2008), em reportagem de primeira linha, entrou no quartel-general da Liga dos Camponeses Pobres, em Jacinópolis, Estado de Rondônia, e fez o levantamento preliminar – mas fundamental – daquilo que se pode chamar de “guerrilha de alta intensidade”, travada hoje de forma crua e virulenta na fronteira do Brasil com a Bolívia, a 450 quilômetros de Porto Velho. Lá, tal como ocorre nos territórios ocupados pelas FARC, na Colômbia, nenhuma forma ou manifestação do poder público tem o mínimo acesso: lei, ordem, Exército, polícia, propriedade ou a própria vida humana são prerrogativas da Liga dos Camponeses Pobres que, contando com abundantes recursos, não pára de crescer.
Neste abril de 2008, só no entorno da conflagrada região fronteiriça, vivem embrenhados nos acampamentos das LCP mais de mil guerrilheiros, todos armados com metralhadoras, pistolas, granadas e sofisticados fuzis AR-15, FAL e AK-47, de fabricação russa, controlando uma área de 500 mil hectares. Segundo o major Enedy Dias de Araújo, ex-comandante da Polícia Militar de Jaru, cidade imprensada pelos acampamentos do movimento armado, não resta dúvida que os “bandoleiros foram muito bem treinados pelos guerrilheiros das FARC” (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Num breve exame comparativo, além do desempenho logístico, os métodos terroristas adotados pelos militantes da Liga dos Camponeses Pobres e os praticados pelos guerrilheiros das FARC são totalmente idênticos. Sob o pretexto de estabelecer no Norte do país a “revolução agrária”, eles seqüestram, torturam, assaltam, expropriam, cobram pedágio, matam e atacam vilarejos e cidades da região. Diante do claro quadro de guerra descortinado em Rondônia, um delegado da polícia local, Iramar Gonçalves, não titubeou: “A Colômbia é aqui mesmo. Nem com 50 homens armados eu tenho coragem de entrar nas terras deles”.
O narcotráfico, claro, se faz presente. Para dar escoamento à droga (originária da Bolívia) e o contrabando de armas, os integrantes do movimento abriram uma vasta trilha clandestina na floresta, conhecida como a “transcocaineira”. “Os transportadores da coca pagam generosos dividendos ao pessoal da guerrilha” – denunciam os raros habitantes com coragem suficiente de abordar o assunto.
Para executar sua “violência revolucionária”, que já se prolonga por mais de oito anos, a LCP foi responsável, somente em 2007, por 18 execuções sumárias de trabalhadores rurais e fazendeiros, além de dezenas de saques a pequenos proprietários, emboscadas, “confisco” de gado, bloqueio de estradas, devastação da floresta, depredação de máquinas e incêndios de casas e veículos.
Antes da revista “IstoÉ” investigar a ação da LCP, considerando-a nove vezes mais poderosa do que a Guerrilha do Araguaia no início da década de 1970, o notável articulista e historiador Carlos I. S. Azambuja, em 2006, no jornal eletrônico Mídia Sem Máscara, denunciava a Liga dos Camponeses Pobres como um braço rural da Liga Operária Camponesa (LOC), uma cisão da organização Ala Vermelha que, por sua vez, era uma cisão do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o mesmo que estava por trás da Guerrilha do Araguaia.
A presença da Liga dos Camponeses Pobres, infelizmente, não se limita ao desprotegido estado de Rondônia. A organização também está infiltrada e atua no norte de Minas Gerais, Pará e Alagoas, onde recentemente travou batalha campal com a polícia do estado, depois de ocupar fazendas e a prefeitura do município de Capela. Suas idéias e propostas “revolucionárias” são todas de fundo marxista-maoísta, inspiradas de perto no projeto do “Grande Salto Para Adiante”, do genocida Mão tse-Tung, responsável pela fome endêmica que levou à morte de 43 milhões de chineses, entre os anos finais de 1950 e o início da década de 1960.
Por sua vez, embora proclame como prioritária a “revolução agrária no Brasil”, os guerrilheiros da LCP estão vivamente empenhados na mobilização da luta contra a farsa das eleições, o capitalismo, a burguesia e o imperialismo. Nas bandeiras vermelhas que tremulam em alguns dos seus acampamentos, estão escritas as palavras de ordem: “Morte ao imperialismo” – obviamente ianque.
Tal como ocorre com as sucessivas invasões criminosas do MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o governo petista de Lula da Silva nada vê, ouve ou diz. Não por falta de informação. Desesperada com a situação de terror imposta pela guerrilha, a polícia de Jaru encaminhou à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Exército e o Ministério da Reforma Agrária, em Brasília, um dossiê com 120 páginas reportando a criação de verdadeiro “Estado paralelo” dentro do território de Rondônia. O próprio Ministério da Justiça, atualmente ocupado pelo ex-leninista Tarso Genro, não deu resposta ao relatório enviado sobre a ação predatória da guerrilha, que ocupou as representações do Ministério Público e da Justiça do município de Buritis, exigindo que juízes e titulares dos respectivos órgãos se afastassem dos cargos.
Enquanto a impunidade campeia, o “movimento revolucionário” da LCP cresce e se alastra. Em face da omissão dos poderes federais, o delegado Gonçalves adverte em tom dramático: “Isso vai acabar numa tragédia de proporções alarmantes. Ninguém leva a sério nossas denúncias. Eles pensam que a existência da guerrilha é um delírio”.
Coitado do delegado de Jaru. Não sabe que Lula, o PT e as FARC estão ligados por uma rede política chamada Foro de São Paulo, que, entre outras benesses, procura “recriar no espaço latino-americano o que foi perdido no Leste Europeu”.
Deus o proteja. (E a nós, também).
(*) O autor é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.
Fazenda invadida pela LCP teve casas, depósitos e currais incendiados; fotos
Propriedade foi desocupada por famílias na sexta (26) em Seringueiras (RO).
Registro de destruição foi feito por autoridades, junto de fazendeiro.
Imagens divulgadas pela Polícia Militar (PM), neste sábado (27), mostram o estrago causado pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) na Fazenda Bom Futuro, após mais e um mês de invasão, em Seringueiras (RO), a cerca de 530 quilômetros da capital Porto Velho. Depois da desocupação da propriedade de forma pacífica, na sexta-feira (26), policiais, peritos e promotores de Justiça entraram na fazenda e encontraram casas, maquinários, ferramentas e depósitos queimados. Também foram achados vários bovinos mortos.
Conforme a PM, os 100 integrantes da LCP invadiram a fazenda Bom Futuro no dia 17 de julho. De acordo com a Polícia Militar (PM), a ocupação aconteceu durante a noite, quando dois ônibus lotados estacionaram na entrada da fazenda.
Seis homens armados desceram e caminharam em direção à propriedade, onde fizeram o dono da fazenda e um funcionário reféns.
Durante o período de ocupação, os invasores incendiaram depósitos e currais da fazenda, além de maquinários, ração e sal do gado. Vários bovinos morreram de fome, pois não foram alimentados pelos acampados. Segundo a PM, poços da propriedade foram entulhados pela LCP.
A vistoria na fazenda foi feita peor autoridades, junto do proprietário. Além da destruição no local, duas motocicletas desapareceram da fazenda e ainda não foram localizadas.
Entenda o caso
A LCP invadiu a fazenda Bom Futuro no dia 17 de julho. De acordo com a Polícia Militar (PM), a ocupação aconteceu depois que dois ônibus lotados estacionaram na entrada da fazenda.
Na sequência, seis homens armados desceram e caminharam em direção à propriedade, onde fizeram o dono da fazenda e um funcionário reféns. Outro funcionário percebeu a movimentação e conseguiu se esconder na pastagem e ligar para a polícia.
Os reféns foram mantidos amarrados e encapuzados. Horas depois foram obrigados a deixar a fazenda. Além dos ônibus, diversos veículos de passeio foram vistos adentrando a fazenda após a invasão.
Desde que a propriedade foi invadida, produtores rurais da região fecharam a BR-429 por duas vezes, como forma de protesto pela ocupação.
Reintegração
Uma ação de reintegração foi realizada no último dia 21 de julho, mas os invasores abriram fogo contra o helicóptero Falcão 2 do Núcleo de Operações Aéreas (NOA), o que motivou a PM a abortar a missão.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), Rovilson Teixeira, suspendeu no dia 28 de julho a liminar que concedia a reintegração de posse da fazenda, definindo a situação como conflito agrário.
Depois de ter sido suspensa pelo TJ, a reintegração de posse da fazenda Bom Futuro e a entrega de alimentos aos acampados foram mantidas pela Justiça. Na sexta, os integrantes do grupo aceitaram a ordem judicial e saíram pacificamente do local.
Os acampados foram levados para uma propriedade disponibilizada pelo nstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
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