MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

A Farsa Ianomâmi - por Coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto e outros



Você sabia que a "nação ianomâmi" foi uma farsa criada pelas ONGs? Que ela nunca existiu, senão na imaginação de uma fotógrafa romena e de alguns antropólogos sem escrúpulos?


Leia o artigo abaixo, de Janer Cristaldo, publicado no site www.baguete.com.br.



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O Crime da 5ª Turma

(*) Por Janer Cristaldo

6/7/2001

Em A Farsa Ianomâmi (Rio, Biblioteca do Exército Editora, 1995), o coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto manifestava seu espanto por jamais ter ouvido falar, em suas leituras históricas, sobre os ianomâmis. Segundo Menna Barreto, "Manoel da Gama, Lobo D Almada, Alexandre Rodrigues Ferreira, os irmãos Richard e Robert Schomburgk, Philip von Martius, Alexander von Humboldt, João Barbosa Rodrigues, Henri Coudreau, Jahn Chaffanjon, Francisco Xavier de Araújo, Walter Brett, Theodor Koch-Grünberg, Hamilton Rice, Jacques Ourique, Cândido Rondon e milhares de exploradores anônimos que cruzaram, antes disso, os vales do Uraricoera e do Orenoco, jamais identificaram quaisquer índios com esse nome". A fotógrafa romena Claudia Andujar - para a qual boa parte das terras de Roraima seriam de posse "imemorial" dos ianomãmis - teria em verdade ianomamizado uma babel de tribos que pouco ou nada tinham a ver entre si. A ficção tomou força na imprensa internacional e os "ianomâmis" passaram a "existir". Quando Brasília se deu conta de que o reconhecimento de grupos indígenas requeria capacitação em Antropologia, o mal já estava feito: a fotógrafa havia criado uma nação.

A própria CCPY (Comissão Pró-Yanomami) parece não crer muito na imemorialidade desta posse. Em documento interno da comissão, A Prática do Yanomami, de autoria do lingüista Henri Ramirez, lemos que "não se sabe absolutamente nada sobre o passado remoto do povo yanomami". Para quem falava em povos imemoriais, já é um avanço. A única certeza que o lingüista encontra é que, no século XVIII, viviam confinados nas florestas montanhosas na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Ao dar a descrição da região ocupada, o autor cita vários rios, todos eles situados na Venezuela. Segundo Ramirez, uma primeira vaga de ianomâmis invade o Brasil em 1915, alcançando o Marauiá e o Cauburi, no norte do Estado do Amazonas, fronteira com a Venezuela. Ou seja, os ianomâmis no Brasil são menos imemoriais que meus avós, que aqui chegaram em fins do século XIX.

Ainda segundo Ramirez, uma segunda leva de ianomâmis teria chegado aqui em 1945, fixando-se no Marari, nas cabeceiras do Padauari e no Demini. Ou seja, são tão imemoriais quanto eu, que nasci em 47. Em nome desta curtíssima imemorialidade, Andujar e seus asseclas isolaram do Brasil 10 milhões de hectares.Em 1992, por um punhado de linhas na mídia internacional, o então presidente Fernando Collor de Mello avalizou a ficção de Andujar, entregando três Bélgicas a dez mil índios (ou talvez menos da metade disso).

Mas não era disso que pretendia falar. E sim de uma decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, proferida no final de maio, que reafirmou sentença da Justiça Federal de Roraima, condenando cinco garimpeiros por crime de genocídio contra índios ianomamis. Conhecido como Massacre do Haximu, o crime teria acontecido em 1993, quando 16 índios teriam sido mortos em um ataque de 22 garimpeiros. Condenados a 19 anos de prisão, os garimpeiros recorreram pela primeira vez alegando que o crime era de morte e não genocídio e, portanto, deveriam ser julgados por um tribunal de júri. A apelação foi aceita pelo Tribunal Regional Federal, mas revista após recurso do Ministério Público Federal. A defesa entrou com embargos alegando que, ao analisar o pedido do Ministério Público, o STJ não teria se manifestado sobre questões constitucionais referentes ao julgamento do crime de genocídio.

É o que nos conta o Estado de São Paulo, em sua edição eletrônica do último 8 de junho. Parece ter existido um certo pudor na divulgação da notícia, pois não a vi na edição em papel do jornal. Nem no Estadão, nem nos demais jornais do dia. O Judiciário brasileiro, sabe-se lá em virtude de quais pressões, está inovando. Pela primeira vez, na Justiça brasileira, réus são condenados por um crime sem cadáver.

Em verdade, a nota diz o contrário. A redatora Maura Campanili assim fecha a notícia: "Os yanomamis, de uma comunidade denominada Haximu, foram atacados pelos garimpeiros em um refúgio na floresta Amazônica, para onde haviam fugido após a ocorrência de vários outros conflitos com os garimpeiros. Os corpos foram encontrados com perfurações de balas de revólveres, golpes de facão e inúmeros cortes".

Que corpos? É o próprio Estadão que, em 28 de agosto de 93, em sua primeira página exibe a única prova material do suposto massacre, quatro escassos dentes expostos na mão de um funcionário da Funai. Wilk Fernandes, da Funai, mostra dentes encontrados em restos de fogueira em Homoxi: polícia procura provas do massacre, diz o texto-legenda.

A jornalista, pelo jeito, não se preocupou em consultar os arquivos do próprio jornal onde trabalha. O desejo de acreditar no massacre era tão imperioso na época, que o editor não se pejou em exibir um punhado de dentes, em três colunas, como prova de um genocídio.

Em edição de 07 de setembro 1993, a Folha de São Paulo exibe a prova definitiva dos acontecimentos. Índios portam as cabaças onde, segundo o antropólogo Bruce Albert, estão as cinzas das vítimas. Segundo ritual ancestral, os ianomâmis queimam os cadáveres de seus mortos. Pode-se ver as cinzas? Não, estão dentro das cabaças. Pode-se examinar as cabaças? Não, são sagradas. Se um antropólogo foi chamado às pressas para atestar a queima dos corpos, que cadáveres são esses do qual fala a notícia sobre a sentença da 5ª Turma? Sobreviventes mostram cabaças com cinzas dos mortos, diz o texto-legenda.

Não existe crime sem cadáver. O verdadeiro crime é o que está sendo cometido contra estes cinco homens, sem que entidade alguma dos ditos Direitos Humanos proteste. Em matéria de aberrações jurídicas, do universo entre as nações, resplandecem as do Brasil. Divulgue esta matéria.

(*) Cristaldo é jornalista, escritor e tradutor.


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Comentário

Félix Maier

O livro A farsa ianomâmi tem Apresentação feita pelo general-de-divisão Carlos de Meira Mattos, que assim inicia seus escritos:

"A questão ianomâmi, como é apresentada pelos interesses alienígenas, clama contra a lógica e o bom senso. Como reivindicar o controle político de um território brasileiro da extensão de 94.1991 km2 (semelhante à área de Santa Catarina e três vezes a superfície da Bélgica), para uma tribo que o habita, de 5.000 índios, no máximo, e que vive, até hoje, no mais baixo estágio da ignorância e primitivismo? Estes próprios índios ignoram as reivindicações que são feitas em seu nome, por organizações internacionais mascaradas com intenções científicas (ecologia, ambientalismo, antropologia) e que fazem uma pressão crescente no sentido de entregar a soberania dessa área aos seus habitantes (pg. 11)".

Tem nada não! Depois da Nação Ianomâmi e da Nação Raposa Serra do Sol (criação já prevista pelo coronel Menna Barreto em seu livro, em 1995), vem aí uma nova nação, que está sendo engendrada pelos pajés da Funai e por sociólogos e antropólogos de diversas partes do mundo, para arrancar mais um naco do mapa do Brasil: a Nação Cué-Cué Marabitanas.

Guarde bem este nome: Cué-Cué Marabitanas. Logo irá aparecer nos noticiários. No momento é a TI Cué-Cué Marabitanas (TI = Terra Indígena), que apenas existe nos mapas da FUNAI. Essa TI dos cués fica entre a TI Balaio (que faz fronteira com a TI Ianomâmi) e a TI Alto Rio Negro. Ao norte, os cués fazem fronteira com a Venezuela - à semelhança dos ianomâmis e macuxis da Raposa Serra do Sol.

Você já tinha ouvido falar em Cué-Cué Marabitanas? Nem eu. Será que eles também foram inventados pela FUNAI, como os ianomâmis?

Guardou o nome? É Cué-Cué Marabitanas.



CUÉ-CUÉ MARABITANAS:

O ARCO INDIGENISTA SE FECHA

SOBRE A AMAZÔNIA

 

Félix Maier *

    

     O livro A Farsa Ianomâmi, escrito pelo coronel do Exército Carlos Alberto Lima Menna Barreto [1], põe a nu, ao provar com inúmeros documentos, a farsa do século passado, que foi a criação da Terra Indígena Ianomâmi (TI Ianomâmi).

No início dos anos 70, a jornalista belga Cláudia Andujar maquinou a farsa da nação ianomâni

Seria a farsa ianomâni uma maquinação das ONGS a serviço dos interesses do Primeiro Mundo?

     Na verdade, o blefe monumental foi arquitetado por uma fotógrafa belga, Cláudia Andujar, que reuniu algumas tribos, que não tinham nenhuma relação entre si, e criou a "nação imemorial dos ianomâmis", com o total apoio dos caciques brancos de Brasília.

     O livro de Menna Barreto tem a apresentação feita pelo general-de-divisão Carlos de Meira Mattos, que assim inicia seu escrito:

     "A questão ianomâmi, como é apresentada pelos interesses alienígenas, clama contra a lógica e o bom senso. Como reivindicar o controle político de um território brasileiro da extensão de 94.1991 km2 (semelhante à área de Santa Catarina e três vezes a superfície da Bélgica), para uma tribo que o habita, de 5.000 índios, no máximo, e que vive, até hoje, no mais baixo estágio da ignorância e primitivismo? Estes próprios índios ignoram as reivindicações que são feitas em seu nome, por organizações internacionais mascaradas com intenções científicas (ecologia, ambientalismo, antropologia) e que fazem uma pressão crescente no sentido de entregar a soberania dessa área aos seus habitantes" (pg. 11).

     Em 1973, em noticiário bombástico, Cláudia Andujar se referiu pela primeira vez aos índios ianomâmis, os quais, no entanto, nunca haviam sido identificados pelos exploradores que passaram pela região. E olha que foram muitos, tanto do Brasil, quanto do exterior. No capítulo 3, A Ianomamização dos Índios, diz Menna Barreto: "Manoel da Gama Lobo D'Almada, Alexandre Rodrigues Ferreira, os irmãos Richard e Robert Schomburgk, Philip von Martius, Alexander von Humboldt, João Barbosa Rodrigues, Henri Coudreau, Jahn Chaffanjon, Francisco Xavier de Araújo, Walter Brett, Theodor Koch-Grünberg, Hamilton Rice, Jacques Ourique, Cândido Rondon e milhares de exploradores anônimos cruzaram, antes disso, os vales do Uraricoera e do Orenoco, jamais identificaram quaisquer índios com esse nome" (pg. 29).

     Com a autoridade de quem foi o primeiro comandante do 2º Batalhão Especial de Fronteira e do Comando de Fronteira de Roraima, diz Menna Barreto: "É preciso ficar claro antes de tudo que os índios supostamente encontrados por Cláudio Andujar são os mesmos de quando estive lá, em 1969, 1970 e 1971. (...) eles continuam a ser os xirianás, os uaicás, os macus e os maiongongues de sempre, ficando essa história de 'ianomâmis' só para brasileiros e venezuelanos" (pg. 33).

     Nos anos 80, o governo federal desencadeia uma operação secreta de espancamento de garimpeiros para contentar Cláudia Andujar

     Em 1985, quando Menna Barreto era Secretário de Segurança de Roraima, a população de Boa Vista ficou admirada com tantos aviões da FAB fazendo evoluções nos céus: dois aviões de transporte Búfalo, uma esquadrilha de jatos e alguns helicópteros. As aeronaves não eram para compor a Base Aérea de Boa Vista, recém-inaugurada. Eram para transportar agentes federais, que desceram no Garimpo de Santa Rosa, para aplicar castigos aos trabalhadores, como escreveu Menna Barreto: "Após retirarem as pessoas de suas choupanas ao lado da pista, as teriam obrigado a se despirem, submetendo-as a vexames, ofensas e agressões, enquanto outras equipes procediam à destruição dos equipamentos e mantimentos existentes nas imediações" (Pg. 59 e 60).

     Menna Barreto soube, por integrantes da FAB, que a ordem de Brasília era, em um prazo de 4 semanas, "esvaziar os garimpos a oeste dos 62º e as áreas reivindicadas por macuxis, ingaricós e taulipangues nos Rios Suapi, Quinô, Cotingo e Maú, na região montanhosa, ao norte do Território" (pg. 60).

     Finaliza Menna Barreto seu capítulo 7, A Vingança da Gringa"Tempos depois - por informações vazadas da FUNAI - soube-se que a autoridade misteriosa não era outra senão a belga Cláudia Andujar. Com singular prestígio nas altas rodas de Brasília, intimidou órgãos do Governo com um protesto pela existência de brasileiros a oeste do meridiano 62º, no Garimpo Santa Rosa. A solução encontrada foi desencadear uma operação secreta de espancamento de garimpeiros, de modo a contentá-la, sem que mais ninguém neste país ficasse sabendo..." (pg. 62 e 63) 

     Para a criação da reserva Raposa Serra do Sol utilizou-se a fraude conjugada à violência terrorista

     Raposa Serra do Sol teve sua origem em blefe semelhante à geração espontânea dos ianomâmis. Diz Menna Barreto: "E muito menos se pode chamar de ideal a conspiração criminosa de alguns 'padres' com os índios transviados, para arrancar outro pedaço de Roraima, com a criação pretendida da reserva indígena Raposa - Serra do Sol, em uma parte do estado povoada, há dois séculos, por brasileiros" (pg. 155).

     Não se pode esquecer o modus operandi desses patifes, muitos travestidos de padres e pastores evangélicos. Diz Menna Barreto: “Agem pela violência, seguindo a conhecida receita da guerrilha: intimidar para subjugar. E nem sabem mais por quê. O terrorismo, a violência deixou de ser o processo para ser o objetivo. E violência não pode ser ideal de ninguém. Bandido não pode ser herói. Bandido é bandido mesmo” (pg. 155).

     Nova farsa em adiantado estado de gestação: a nação Cué-Cué Marabitanas

      Depois das nações Ianomami e Raposa Serra do Sol, vem aí uma nova nação, que está sendo engendrada pelos morubixabas da Funai, pelo Cimi e por sociólogos e antropólogos de diversas partes do mundo, para arrancar mais um naco do mapa do Brasil: a nação Cué-Cué Marabitanas.

      Guarde bem este nome: Cué-Cué Marabitanas. Logo irá aparecer nos noticiários. No momento é a TI Cué-Cué Marabitanas, que, juntamente com outras TI, existe apenas nos mapas da Funai, do Cimi e das ONGs. Fica no Estado do Amazonas, município de São Gabriel da Cachoeira e tinha 1.645 indígenas, em 1996, segundo fonte do Instituo Socioambiental (ISA). Na extremidade sul da TI Cué-Cué Marabitanas fica a cidade de São Gabriel da Cachoeira.

     Esta TI dos cués fica entre a TI Balaio, a leste (que faz fronteira com a TI Ianomâmi), a TI Alto Rio Negro, a oeste, a TI Médio Rio Negro I, ao sul, e a Venezuela, ao norte. Abaixo da TI Alto Rio Negro, existe ainda a TI Rio Apapóris (próximo à Vila Bittencourt). E a leste da TI Médio Rio Negro existem as TI Médio Rio Negro II e TI Rio Tea.

     Abaixo da TI Médio Rio Negro I — depois de uma faixa de terra ainda não pleiteada pela Funai para os indígenas  — existe a TI Uneiuxi. Todas estas TI ficam no Amazonas. Com as demarcações de Balaio e Cué-Cué Marabitanas, o município de São Gabriel da Cachoeira terá 90% de suas terras destinadas aos índios! Convém lembrar que no Amazonas existe, ainda, a TI Rio Cuieras, na região de Manaus e Nova Airrão.

     A Portaria da Funai nº 1.131, de 23 de novembro de 2007, publicada no Diário Oficial da União nº 229, de 29 de novembro de 2007, define o Grupo Técnico para realizar a delimitação da TI Cué-Cué Marabitanas, constituído também — vejam só! — por “lideranças indígenas” e integrantes da ONG Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). O Exército, que durante séculos ocupou e preservou a Amazônia para o Brasil, mais uma vez não foi chamado para opinar sobre o assunto.

     Pesquisando na internet, descobri algo espantoso, que não vem sendo divulgado pela mídia, para que os vendilhões de nossa Pátria possam trabalhar mais à vontade. No blog do antropólogo e ex-presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, lê- o seguinte:

     “...A ilusão messiânica também tem configurações laicas. Veja, por exemplo, a proposta do ISA de forçar a Funai a demarcar a Terra Indígena Cue Cue Marabitanas em tal dimensão que junte em uma única área as terras indígenas Ianomami (9,9 milhões de hectares) e Alto Rio Negro (10,5 milhões de hectares), as quais, junto com a demarcação de mais duas terras contíguas ao Sul, totalizariam cerca de 23 milhões de hectares e fechariam uma fronteira contínua de 2.500 km com a Venezuela e a Colômbia”. [2]

     O arco indigenista de 3.000 km de extensão se fecha sobre a Amazônia

     O que se pode depreender das investidas do ISA, com pleno apoio da Funai e do Cimi, e de milhares de ONGs, tanto nacionais quanto estrangeiras, o problema indígena no norte de Roraima e Amazonas é muito mais grave do que imaginávamos, depois que foram criadas e homologadas pelo Governo Federal as TI Ianomâmi e Raposa Serra do Sol.

     Ou seja, o movimento indigenista, de caráter entreguista (entre os brasileiros que apóiam tal patifaria) e de propósito gatuneiro (entre os espertalhões estrangeiros, que querem preservar para si, no futuro, a colossal riqueza do subsolo, de minerais raros), quer transformar uma área igual a três vezes o solo de Portugal em uma mega nação indígena, ao unir “nações indígenas” de Roraima à Vila Bittencourt (AM), passando pela Cabeça do Cachorro, em um arco de 3.000 km de extensão — com a agravante de fazer fronteira com tropas das FARC escondidas nas florestas colombianas.

     Existe pressão de expandir ainda mais esse imenso território amazônico, se o avanço indigenista se estender também ao Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Sem falar que a TI Raposa Serra do Sol, que também faz divisa com a Venezuela, ao norte, e a Guiana, a leste, tem uma área superior a 1,7 milhão de hectares.

     Espertamente, brasileiros apátridas, sob as ordens de ONG estrangeiras, pretendem que o Governo Federal primeiro homologue a TI dos cués, um território menor, para então darem o golpe final, monumental, definitivo, que é a criação e homologação da TI Alto Rio Negro, que tem uma área superior ao território ianomâmi. Com isso, terão conseguido o diabólico intento, que irá mais do que triplicar as terras contínuas dos territórios indígenas junto à fronteira com a Venezuela e a Colômbia, para mais fácil criar uma gigantesca e riquíssima Nação Indígena.

     E por que aquela enorme região foi escolhida para comportar tão poucos índios? Uma visita ao endereço do site de Rebecca Santoro (Imortais Guerreiros) nos dá uma valiosa e decisiva pista, em seu texto "O misterioso, rico e estratégico corredor que passa por Roraima: a riqueza de sua bacia sedimentar".[3]

No mapa, em cores, as áreas em Roraima já demarcadas, em demarcação ou a serem demarcadas para reserva indígena
As mesmas áreas das reservas indígenas são riquíssimas em minérios de grande importância

     A mega nação indigenista no contexto da Ameríndia

     O que se pode prever é que, em futuro não muito distante, será criada a Grande Nação Ianomâmi, ou algum outro nome bombástico que venha a ter, como Cué-Cué Marabitanas, que é o sonho milenarista dos novos beatos da atualidade.[4]

     Será a efetivação da balcanização de toda a Amazônia, dilapidando as extensas terras que um dia pertenceram ao Brasil, país que, daí em diante, será conhecido mundialmente como Brasilistão — uma mistura de Brasil com Afeganistão. Outras extensas áreas indígenas do País terão o mesmo destino no futuro, a persistirem o entreguismo estatal e a inércia dos cidadãos brasileiros.

     Convém lembrar, que, além dos indígenas, outros bantustões segregacionistas,  também de cunho socialista, estão sendo criados em todo o Brasil, dentro dos moldes do Apartheid sul-africano de triste memória, que são os acampamentos do MST e as terras reivindicadas pelos quilombolas.

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     NOTAS:

    [1] MENNA BARRETO, Carlos Alberto Lima. A Farsa Ianomâmi, Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 1995. 

    [2] A Ilusão Messiânica, por Mércio Pereira Gomes. 

    [3] "O misterioso, rico e estratégico corredor que passa por Roraima: a riqueza de sua bacia sedimentar", artigo publicado por Rebecca Santoro. 

    [4] Nota do Editor do Site da Sacralidade:

     Uma hipótese explicativa sobre a formação da mega nação seria a ganância imperialista do Primeiro Mundo. Entretanto, consideramos mais verossímil a hipótese miserabilista: por detrás da formação da mega "nação" indigenista em território brasileiro, a ser futuramente integrada a outras "nações" indígenas similares criadas em países vizinhos, está a construção da Ameríndia, o projeto comuno-tribalista de porte continental. Neste caso, entendemos que a ganância imperialista não passa de "companheira de viagem" do miserabilismo messiânico indigenista. 

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     Félix Maier é militar da reserva e ensaísta. Autor do livro "Egito - uma viagem ao berço de nossa civilização", Thesaurus, Brasília, 1995. Escreve para Usina de Letras, Usina das Palavras, Domínio Cultural, Texto Livre, Recanto das Letras, Ternuma, Resistência Militar e é também articulista do site Mídia Sem Máscara.

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A farsa ianomâmi e a cobiça internacional sobre a Amazônia

Por sugestão do comentarista Martim Berto Fuchs, sempre atento no lance, publicamos este artigo do Almirante Roberto Gama e Silva, um dos mais antigos e respeitados colaboradores da Tribuna da Imprensa.

Roberto Gama e Silva

Nos tempos da infância e da adolescência que passei em Manaus, minha cidade natal, nunca ouvi a mais leve referência ao grupamento indígena denominado “Ianomâmi”, nem mesmo nas excursões que fiz ao território, acompanhando o meu avô materno, botânico de formação, na sua incessante busca por novas espécies de orquídeas. Tinha eu absoluta convicção sobre a inexistência desse grupo indígena, principalmente depois que aprendi que a palavra “ianomâmi” era um nome genérico aplicado ao “ser humano”.

Recentemente, caiu-me nas mãos o livro “A Farsa Ianomâmi”, escrito por um oficial de Exército brasileiro, de família ilustre, o coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto, Credenciava o autor do livro a experiência adquirida em duas passagens demoradas por Roraima, a primeira, entre 69 e 71, como comandante da Fronteira de Roraima/ 2º Batalhão Especial de Fronteira, a segunda, quatorze anos depois, como secretário de Segurança do antigo Território Federal.

Menna Barreto procurou provar que os “ianomâmis” haviam sido criados por estrangeiros, com o intuito claro de configurar a existência de uma “nação” indígena espalhada ao longo da fronteira com a Venezuela. Para tanto citou trechos de obras publicadas por cientistas estrangeiros que pesquisaram a região na década iniciada em 1910, notadamente o alemão Theodor Koch-Grünberg, autor do livro “Von Roraima zum Orinoco, reisen in Nord Brazilien und Venezuela in den jahren 1911-1913.

Embora convencido pelos argumentos apresentados no livro, ainda assim continuei minha busca atrás de uma personalidade brasileira que tivesse cruzado a região, em missão oficial do nosso governo, e que tivesse deixado documentos arquivados na repartição pública de origem. Aí, então, não haveria mais motivo para dúvidas.

Definido o que deveria procurar, foi muito fácil selecionar o nome de um dos “Gigantes da Nacionalidade”, embora pouco conhecido pelos compatriotas de curta memória: o almirante Braz Dias de Aguiar, o “Bandeirante das Fronteiras Remotas”

Braz de Aguiar, falecido em 17 de setembro de 1947, ainda no cargo de “Chefe da Comissão Demarcadora de Limites – Primeira Divisão”, prestou serviços relevantes ao país durante 40 anos corridos, sendo que destes, 30 anos dedicados à Amazônia, por ele demarcada por inteiro.

Se, nos dias correntes, o Brasil já solucionou todas as pendências que recaíam sobre os 10.948 quilômetros que separam a nossa maior região natural dos países vizinhos, tudo se deve ao trabalho incansável e competente de Braz de Aguiar, pois de suas observações astronômicas e da precisão dos seus cálculos resultaram mais de 500 pontos astronômicos que definem, juntamente com acidentes naturais, essa longa divisória.

Todas as campanhas de Braz de Aguiar foram registradas em detalhados relatórios despachados para o Ministério das Relações Exteriores, a quem a Comissão Demarcadora era subordinada.

Além desses relatórios específicos, Braz de Aguiar ainda fez publicar trabalhos detalhados sobre determinadas áreas, que muito contribuíram para desvendar os segredos da Amazônia.

Um desses trabalhos denominado “O Vale Do Rio Negro”, classificado pelo Chefe da “Comissão Demarcadora de Limites – Primeira Divisão” como um subsídio para “a geografia física e humana da Amazônia”, foi encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores no mês de janeiro de 1944, trazendo no seu bojo a resposta definitiva à indagação “Ianomâmi! Quem?

No tocante às tribos indígenas do Vale do Rio Negro, incluindo as do tributário Rio Branco, afirma o trabalho que “são todas pertencentes às famílias Aruaque e Caribe, sem aludir à existência de alguns povos cujas línguas se diferenciam profundamente das faladas pelas duas coletividades citadas”. Prossegue o autor: “Tais povos formam as chamadas tribos independentes, que devem ser consideradas como restos de antigas populações cuja liberdade foi grandemente prejudicada pela ação opressora de vizinhos poderosos”. Também os índios “Tucanos” constituem uma família a parte, complementa o trabalho.

Dito isto, a obra cita os nomes e as localizações das tribos aruaques no Vale do Rio Negro, em número de treze, sem que da relação conste a pretensa tribo “Ianomâmi”.

Em seguida, foram listadas as tribos caribes, bem como a sua localização: ao todo são sete as tribos, também ausente da relação o nome “Ianomâmi”. Dentre as chamadas tribos independentes do Rio Negro, em número de cinco, também não aparece qualquer citação aos “Ianomâmis”.

Para completar o quadro, a obra elaborada por Braz de Aguiar ainda faz menção especial ao grupo “Tucano”, pelo simples fato de compreender quinze famílias, divididas em três ramos: o oriental, que abrange as bacias dos rios Uaupés e Curicuriari; a ocidental, ocupando as bacias do Napo, Putumaio e alto Caquetá, e o setentrional, localizado nas nascentes do rio Mamacaua. Os “Ianomâmis” também não apareceram entre os “Tucanos”.

Para completar a listagem dos povos da bacia do Rio Negro, a obra ainda faz menção a uma publicação de 1926, composta pelas “Missões Indígenas Salesianas Do Amazonas”, que descreve todas as tribos da bacia do Rio Negro sem mencionar a existência dos “Ianomâmis”.

Assim sendo, pode-se afirmar, sem medo de errar, que esse povo “não existiu e não existe” senão nas mentes ardilosas dos inimigos do Brasil.

Menna Barreto e outras fontes fidedignas afirmam que coube a uma jornalista romena, Claudia Andujar, mencionar, pela primeira vez, em 1973, a existência do grupo indígena por ela denominado “Ianomâmi”, localizado em prolongada faixa vizinha à fronteira com a Venezuela.

Interessante ressaltar que a jornalista que “inventou” os “Ianomâmis” não agiu por conta própria, mas inspirada pela organização denominada “Christian Church World Council” sediada na Suíça, que, por seu turno, é dirigida por um Conselho Coordenador instruído por seis entidades internacionais: “Comitê International de la Defense de l´Amazon”; “Inter-American Indian Institute”; “The International Ethnical Survival”; “The International Cultural Survival”; “Workgroup for Indigenous Affairs” e “The Berna-Geneve Ethnical Institute”.

Releva, ainda, destacar o texto integral do item I, das “Diretrizes” da organização referentes ao Brasil: “É nosso dever garantir a preservação do território da Amazônia e de seus habitantes aborígines, para o seu desfrute pelas grandes civilizações européias, cujas áreas naturais estejam reduzidas a um limite crítico”.

Ficam assim bem caracterizadas as intenções colonialistas dos membros do “Christian Church World Council”, ao incentivarem a “invenção” dos ianomâmis e a sua localização ao longo da faixa de fronteiras.

Trata-se de iniciativa de fé púnica, como soe ser a artificiosa invenção de um grupo étnico para permitir que estrangeiros venham a se apropriar de vasta região do Escudo das Guianas, pertencente ao Brasil e, provavelmente, rica em minérios. O ato se reveste de ilegitimidade passiva e de impossibilidade jurídica. Sendo, pois, um ato criminoso, a criação de “Reserva Ianomâmi” deve ser anulada e, em seguida, novo estudo da área deverá ser conduzido para o possível estabelecimento de novas reservas, agora descontínuas, para abrigar os grupos indígenas instalados na mesma zona, todos eles afastados entre si, por força do tradicional estado de beligerância entre os grupos étnicos “aruaques” e ‘caribes’.

Outras providências legais devem ser adotadas, todavia, para enquadrar os “zelosos” funcionários da Funai que se deixaram enganar e os “competentes” servidores do Ministério da Justiça que induziram o Ministro da Pasta e o próprio Presidente da República a aprovarem a decretação de reserva para um grupo indígena inexistente.

Sobre estes últimos poderia ser aplicada a “Lei de Segurança Nacional”, artigos 9 e 11, por terem eles contribuído para um futuro seccionamento do território nacional e um possível desmembramento do mesmo para entrega a outro ou outros Estados.

Roberto Gama e Silva é Almirante Reformado.
(Texto publicado originalmente no blog Alerta Total)


Fonte: http://tribunadainternet.com.br/a-farsa-ianomami-e-a-cobica-internacional-sobre-a-amazonia/



terça-feira, 2 de outubro de 2007


A ILUSÃO MESSIÂNICA


Mércio Pereira Gomes

No post intitulado "Meu protesto indignado", de 23/09/2007, mencionei dois temas polêmicos sobre os quais diversos amigos e participantes deste Blog me pediram maiores esclarecimentos. Um deles foi sobre o que é o mameluco e qual o papel do novo mameluco na história atual do indigenismo brasileiro. Naquele mesmo dia, à noite, teci algumas considerações sobre esse assunto e o postei no Blog.

Hoje vou considerar a questão da ilusão messiânica como sendo um dos fatores utilizados pelo indigenismo de oportunidade prevalente no panorama indigenista brasileiro da atualidade.

Em poucas palavras, a ilusão messiânica é a pregação que diversas Ongs exercem sobre alguns povos indígenas para que eles sintam que sua condição de oprimidos na sociedade brasileira pode ser revertida e redimida pelo exercício de práticas messiânicas. Acontece não só por parte das Ongs de cunho religioso, como o CIMI, a OPAN e algumas missões evangélicas, mas também por Ongs laicas. É que a idéia messiânica, embora oriunda do sentimento religioso, se exerce com base em um discurso religioso ou para-religioso, mas por práticas políticas e com objetivos políticos. As justificativas religiosas encobrem os interesses políticos e dão legitimidade às ações políticas.

Um dos principais sentimentos para-religiosos é de que a vontade do querer está acima das possibilidades objetivas da realidade. Assim, o "é só você querer" é o mote utilizado para levar jovens líderes indígenas a arriscar sua posição social e partir para o enfrentamento. Outro mote é “Deus está conosco”, outro ainda é “somos injustiçados pelo mal”.

Movimentos messiânicos existem no mundo inteiro, das Ilhas do Pacífico, passando por África, Oriente Médio, Europa e Américas. O termo vem da palavra hebraica "messiah", que quer dizer "o ungido", isto é, o escolhido (de Deus) para ser o libertador do povo hebraico. Os hebreus realizaram movimentos messiânicos em diversos momentos de sua história. Por exemplo, quando estiveram cativos na Babilônia e no Egito e quando foram subjugados por Roma. Jesus Cristo foi visto inicialmente como o messias que os hebreus esperavam para livrá-los do jugo romano, mas depois viram que seu objetivo era outro, bem diferente e mais amplo.

Os movimentos messiânicos quase sempre ocorrem nos contextos de opressão política e discriminação cultural, de destituição de direitos humanos e de condições econômicas adversas, inclusive do aumento de desigualdade social e da queda de padrões de vida.

No Brasil, a situação de uma grande parte dos povos indígenas é condicionante a movimentos messiânicos. Muitos se encontram em terras diminutas onde mal dá para viver, como os Guarani e Kaingang; tantos são discriminados nas cidades, como os Bororo e Terena e muitos mais são ignorados e rejeitados como culturas e sociedades com direitos de cidadania e direitos específicos.

Os povos indígenas têm mitos religiosos e discursos políticos que lhes demonstram o quanto perderam de autonomia política e felicidade social. Os mitos descrevem as condições agradáveis (se não paradisíacas) em que antes viviam, em contraste com a atualidade, quando estão submetidos a condições de submissão e pobreza. Assim, a interpretação política da realidade é de que toda sua infelicidade advém da presença dos europeus e da formação do Brasil. Diversos povos indígenas realizaram movimentos messiânicos visando reverter sua situação infeliz.

Movimentos messiânicos, portanto, são reações politico-religiosas à opressão. Sua linguagem é religiosa ou semi-religiosa e seus métodos de obter o poder são radicais (A contra B, independentemente do contexto; A sempre justo e do bem, B sempre injusto e do mal). É certo que movimentos sociais surgem com essa visão, e só a partir de sua vivência com o mundo real é que ela vai se modificando e se tornando mais estratégica diante das adversidades encontradas.

Pois bem, messianismo é um movimento endógeno, nasce de dentro das tradições religiosas de um povo, em confronto com sua realidade injusta. Já a ilusão messiânica é a imposição do discurso messiânico de fora para dentro. Não nasce do povo ou grupo que deve exercer a força política. O discurso advém de considerações políticas formadas de fora e se impõe sobre a visão interna do povo.

Temos visto essa imposição claramente no caso dos índios Guarani de Mato Grosso do Sul. Ali, diversos grupos religiosos e para-religiosos impõem suas visões sobre comunidades Guarani que se sentem oprimidas e injustiçadas e os levam a tomar atitudes que, de antemão, todos sabem que implicam perigo de morte. Os impositores sabem dessa conseqüência, mas, movidos pela auto-ilusão messiânica, não procuram soluções que se baseiem em maiores possibilidades de realização e continuidade. Atiram ao destino o destino dos outros.

Nas décadas de 1980 e 1990 as retomadas dos velhos tekohá dos antepassados guarani foram realizadas por movimentos endôgenos dos próprios índios Guarani, que estavam constrangidos em 8 terras indígenas. Essas retomadas foram bem sucedidas porquanto a Funai conseguiu levar a termo a demarcação de cerca de 20 novas terras indígenas, sendo que restam ainda mais umas quatro ou cinco em processo de demarcação.

Por que a Funai conseguiu esse feito? Porque eram outros tempos, quando o valor da terra nua era bem menor do que atualmente e os fazendeiros aceitavam condições de ressarcimento que hoje não aceitam mais. Hoje a reação é forte em todas as instâncias, inclusive, ou melhor, sobretudo, no Judiciário, onde os relatórios antropológicos já não encontram aceitabilidade e deferência.

Buscar soluções para a questão guarani é de suma importância para o indigenismo moderno. A mudança nas legislações estaduais que permitam o ressarcimento dos fazendeiros ou colonos que vivem em terras declaradas indígenas vem sendo tentado em vários estados. Por sua vez, os próprios Guarani estão buscando meios de organizar suas economias, de educar seus filhos, de se capacitar para novos empregos, enfim, de se relacionar com o mundo ao seu redor sem perder suas características culturais. Os Guarani sabem como vivem no Brasil, nas condições possíveis, e sabem como vivem seus patrícios no Paraguai. Vivem no mundo politico e procuram seu caminho nesse emaranhado de visões e opiniões. É a partir desse ponto de vista que o diálogo com eles deve ser retomado.

A auto-ilusão messiânica é um vício intelectual e político próprio de militantes que só acreditam na violência para resolver os problemas sociais e culturais do mundo. Mesmo quando vêem os resultados negativos, continuam a teimar em usar métodos messiânicos. Não querem saber dos exemplos da história e das dinâmicas próprias das nações. Não querem avaliar o peso da força anti-indigenista presente na sociedade brasileira, especialmente em regiões agrícolas, e assim insistem que a questão é só de manter a vontade política por via da ilusão messiânica. Não têm visão estratégica nas suas ações, porque se fiam unicamente na intervenção messiânica, seja ela Deus, o Estado ou a força de vontade.

A ilusão messiânica também tem configurações laicas. Veja, por exemplo, a proposta do ISA de forçar a Funai a demarcar a Terra Indígena Cue Cue Marabitanas em tal dimensão que junte em uma única área as terras indígenas Yanomami (9,9 milhões de hectares) e Alto Rio Negro (10,5 milhões de hectares), as quais, junto com a demarcação de mais duas terras contíguas ao Sul, totalizariam cerca de 23 milhões de hectares e fechariam uma fronteira contínua de 2.500 km com a Venezuela e a Colômbia.

Para quê? Não seria para provocar os militares, os políticos regionais e a opinião pública brasileira (que vê essas ações com um misto de mistificação e desaprovação) e levantar uma celeuma desgastante para a causa indígena e para o governo brasileiro diante das pressões que iriam tentar angariar pelo mundo?

É evidente que o ISA não acha viável a formação de uma nação indígena em um território desse tamanho, e é provável que nem o deseje. Também não acredita que os 40.000 indivíduos indígenas, espalhados por esse território em diversas etnias e comunidades, poderão dar conta de organizar esse território em disjunção com o Estado brasileiro.
Assim, o objetivo do ISA é ilusionista e messiânico, no sentido de que eles se consideram capazes de cuidar desse território à revelia do Estado, obtendo recursos do exterior e internamente, como se estivessem governando um estado autônomo. Não é outro plano senão aquele que apresentaram no início do governo Lula. O ISA achava que até as Forças Armadas deveriam estar subordinadas a esse planto mirabolante. Hoje esse plano foi diluído e vem dissimulado na terminologia “território de cidadania”, tal como está apresentado no plano de ação da atual gestão da Funai. A ironia dessa dissimulação não pode passar desapercebida.

Por outro lado, a ilusão messiânica não é imposta em todos os povos indígenas. Estes são selecionados de acordo com suas carências, sujeições e abertura ao convencimento. Nunca, por exemplo, nenhuma Ong tentou impor essa visão aos Xavante, aos índios do alto Xingu, aos Kayapó ou aos Cintas-Largas e Waimiri-Atroari. Nem quando algumas comunidades indígenas mais precisavam de ajuda externa, essas Ongs vieram ao seu socorro. Por exemplo, na retomada da Terra Indígena Maraiwatsede, ninguém, a não ser a Funai, foi emprestar sua solidariedade e sua dedicação aos Xavante, mesmo que a questão fosse tão importante e tão comemorada a posteriori.

Os perigos da ilusão messiânica, tanto na vertente religiosa quanto na laica, são imensos. A ilusão messiânica acende uma luz vermelha no panorama indigenista brasileiro na medida em que seus métodos e sua realização claudicante incitam sentimentos anti-indigenistas que poderão levar a um grave retrocesso na tradição indigenista brasileira. Não é isto que está acontecendo no Congresso Nacional, com deputados e senadores fazendo todo tipo de proposta para acabar com as demarcações de terras indígenas, a dissolução da Funai, a estadualização da ação indigenista, a abertura das terras indígenas ao arrendamento e a mineração predatória?

A ilusão messiânica não tem escrúpulos, nem responsabilidade, nem ao menos caridade, por mais que tenha raízes no sentimento cristão. Ao buscar a salvação pelo martírio dos índios, vão pregá-los na cruz, sem redenção terrena. Será isto o quê os índios desejam?

Fonte: http://merciogomes.blogspot.com/2007/10/iluso-messinica.html




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