terça-feira, 3 de dezembro de 2019
Golbery, o Bruxinho que era Bom
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Félix Maier
Não foram 15 anos de aparelhamento das escolas e universidades, como muitos afirmam.
Ainda nos anos 60, durante a ditabranda ou ditamole militar, a esquerda ficou livre para doutrinar os alunos - com apoio explícito do "Bruxinho que era bom" (para a esquerda), general Golbery do Couto e Silva.
Dizia o bom bruxo que o governo militar deveria deixar uma válvula de escape para a intelectualidade marxista, senão a panela ia explodir.
Enquanto Marighella, Lamarca e outros grupos comandavam ataques terroristas nas cidades do Rio e São Paulo, e o PCdoB aliciava jovens universitários para morrer como moscas na Guerrilha do Araguaia, em uma guerra de antemão perdida, o Partidão tomava conta das universidades, dos jornais, das revistas, das editoras de livros, da cultura, do cinema, das novelas e séries de TV da Globo e até da TV Educativa - onde chegou a trabalhar o militante comunista Vladimir Herzog, que se suicidou ou "foi suicidado" após ser preso, de acordo com a versão de uns e outros.
A própria Veja estava cheia de comunistas naquela época - até hoje eles ainda pipocam por lá.
O escritor Olavo de Carvalho, então um abnegado jornalista comunista, participou de um crime que ele mesmo confessou na "História Oral do Exército - 1964" (Bibliex, 15 tomos): junto com companheiros comunistas, prendeu em cárcere privado um jornalista que não era comunista, só para não poder entregar a matéria ao editor, evitando que fosse publicada.
A editora Civilização Brasileira, especialmente sob direção do comunista Enio da Silveira, publicou o que quis durante o governo militar. Segundo diz a própria esquerda, Enio aglutinou o pessoal de esquerda para "combater o regime". Bela piada! Numa ditadura para valer, como a cubana, essa editora teria sido fechada e seus editores presos e fuzilados.
Portanto, não é obra do PT o descalabro que hoje se vê nas escolas e universidades. A coisa é bem mais antiga.
É, antes de tudo, uma obra de omissão do governo militar, que focou na destruição dos grupos terroristas e descuidou do ensino nas escolas e universidades.
Não podia dar outra coisa.
Postado por Alerta Total às 02:00:00
Obs.
Na verdade, o fato narrado por Olavo de Carvalho foi sobre um militante que estava namorando uma garota, a qual suspeitavam se tratar de agente infiltrada entre a esquerda. Pelo erro, peço desculpas.
Abaixo, trecho do depoimento do Olavo sobre o assunto à "História Oral do Exército - 1964":
“Tão logo me convidaram para
entrar no Partido [PCB], comecei a frequentar as reuniões de base – as unidades
mínimas do Partido chamam-se bases -; tinha uma base na Folha de S. Paulo, uma
base no Estadão etc. Na base da Folha de S. Paulo, onde se reuniam os
jornalistas que trabalhavam nos vários jornais da organização Folha, comecei a
minha atividade.
Mas, poucas reuniões depois,
apareceu um sujeito do comitê estadual, que na ausência do chefe da base, nos
reuniu e disse o seguinte: ‘Companheiros, o companheiro fulano de tal – que era
o chefe da base – criou uma situação extremamente delicada. Arrumou uma amante
que, temos sérias razões para acreditar, é uma agente do DOPS (Departamento da
Ordem Política e Social). Então decidimos isolá-lo durante algum tempo, para
podermos investigar e tirar a limpo esta coisa. Precisamos arrumar um lugar
para depositar esse camarada, deixa-lo meio sem contato com o pessoal da
profissão durante algum tempo, até que possamos esclarecer tudo.’
Em suma, o que ele queria
dizer era cárcere privado, em última instância. E nomeou quatro idiotas para
achar um lugar para colocar o camarada.
E um dos quatro era eu. Não
me recordo exatamente quem eram os outros. Um dos quatro, salvo engano, era o
jornalista Rocco Bonfiglio, irmão da Mônica Bonfiglio, que aliás faz programas
de TV sobre anjos, essa coisa toda. Muito boa pessoa, eram muito meu amigo
também, naquela época.
(...) ... no fim, colocamos
o sujeito lá e, de três em três dias,
alguém ia levar comida e cigarros para ele. E o sujeito ficou depositado
lá um tempão. Levei comida para ele três ou quatro vezes. Depois designaram
outras pessoas para fazer isso, e eu não soube de mais nada. Um dia escuto,
entre dois militantes, na redação a seguinte conversa:
- Sabe quem estava aí, na
portaria? Aquele f. d. p. do fulano de tal – que era aquele antigo chefe da
base. Não deixamos nem entrar.
Isso queria dizer que o sujeito
estava virtualmente excluído. Junto da exclusão do Partido, estava excluído da
profissão, pelo menos em São Paulo. Achei aquilo tudo normal, porque pareciam
medidas de segurança, e passados outros meses, certo dia, estou num bar na
frente da Folha de S. Paulo, tomando um cafezinho, e aparece o tal do sujeito,
magro, chupado, barbudo, com um ar de mendigo. E vem falar comigo. E eu, como
militante devotado, virei-lhe as costas e não falei com ele.
Também levei anos para
compreender a significação moral – ou imoral – daquilo que fiz, porque na
verdade ocorreu o seguinte: houve um cárcere privado, exclusão da profissão,
descriminação odiosa, a destruição total de uma vida, de uma carreira, no fim
das contas, por causa de um desconfiança. E todo mundo considerou isso normal,
porque o Partido tinha todo o direito de agir assim. Nem se questionava.
Não tive o menor problema
moral na época por ter procedido assim. O bem estava conosco; do outro lado não
eram nem gente. Portanto, ninguém iria perder tempo tendo bons sentimentos para
com um sujeito que pensa de outra forma e tem outra orientação política.
Na época, estive insensível
a esta coisa. Entretanto, mais tarde, analisando o que se passou, eu vejo...
Por exemplo, hoje, esses que pedem indenização porque dizem que ‘foram excluídos
da profissão’ e não sei o que mais. Ao contrário, no Partido era normal excluir
uma pessoa, fechar uma boca, jogar um cidadão na miséria, na exclusão, no
silêncio e no isolamento total. Então, esse negócio de que ‘fomos discriminados’,
são ‘lágrimas de crocodilo’. Isso é a coisa mais falsa e torpe a que se pode
assistir. É uma coisa medonha, que não considero moralmente justificável” (Tomo
3, pg. 108-109).
F. Maier
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