1º Tenente Alberto Mendes Junior
https://www.youtube.com/watch?v=kMwt2NxID3I
Introdução
No final dos anos sessenta grupos de militantes comunistas das linhas
chinesa e cubana, partidários da insurreição armada, organizaram-se para se
opor pelas armas ao governo da ditadura e estabelecer no Brasil uma DITADURA
COMUNISTA.
Minoritários, por não contarem com a adesão popular e sem efetivos para
manterem guerrilha armada contra as Forças Armadas ou policiais, passaram a
desenvolver ações limitadas como roubo a bancos, roubo de armas, roubo de
autos, detonação de artefatos explosivos nas portas de alguns quartéis e outros
crimes parecidos. Mais tarde tentaram sequestrar aviões, não conseguindo. Sequestros
de diplomatas estrangeiros foram efetivados com sucesso, pela pouca segurança a
serviço desses funcionários.
A ação armada limitada e de pequeno significado revolucionário desses
insurretos, chamados de subversivos ou terroristas pelo governo, realizada em
agências bancárias, na via pública contra cidadãos ou na porta de quarteis,
acabava ferindo ou matando populares, que passaram a ser as vítimas diretas
desses crimes, por deterem a posse da “res furtiva” ou por serem meros
transeuntes no local.
Sem o apoio popular que engrossasse o número de militantes da
“guerrilha” ou a auxiliasse materialmente e a severa repressão exercida pelos
militares acabaram por esvazia-la até a completa extinção, na primeira metade
dos anos setenta.
As consequências das suas ações, entretanto, materializaram-se nas
centenas de vítimas inocentes mortas ou gravemente feridas em todo o Brasil.
São Paulo - 10/05/70
Nos dias 16/04/70 e 18/04/70 foram presos no Rio de Janeiro, Celso
Lungaretti e Maria do Carmo Brito, ambos militantes da Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR), uma das organizações comunistas que seguia a linha
cubana.
Ao serem interrogados os dois informaram que desde janeiro de 70, a VPR,
com a colaboração de outras organizações comunistas, instalara uma área de
treinamento de guerrilhas, na região de Jacupiranga, próxima a Registro, no
Vale da Ribeira, no Estado de São Paulo, sob o comando do ex-capitão do
Exército, Carlos Lamarca. No dia 19/04/70, tropas do Exército e da Polícia
Militar do Estado de São Paulo foram deslocadas para a área, para verificar a
autenticidade das declarações dos dois militantes presos e neutralizar a área,
prendendo, se possível os seus 18 ocupantes. No início de maio de 70 uma parte
da tropa da Polícia Militar foi retirada da área, permanecendo, apenas, um
pelotão. Como voluntário para comandá-lo, apresentou-se um jovem de 23 anos, o
Tenente Alberto Mendes Júnior. Com 5 anos de Polícia Militar, o Tenente Mendes
era conhecido, entre os seus companheiros, por seu espírito afável e alegre e
pelo altruísmo no cumprimento das missões. Idealista, acreditava que era seu
dever permanecer na área, ao lado se seus subordinados.
No dia 08/05/70, 7 terroristas, chefiados por Carlos Lamarca, que
estavam numa pick-up, ao pararem num posto de gasolina em Eldorado Paulista,
foram abordados por policiais que, imediatamente, foram alvejados por tiros que
partiram dos terroristas que ocupavam a pick-up e que após o tiroteio fugiram
para Sete Barras.
Ciente do ocorrido, o Tenente Mendes organizou uma patrulha, que, em
duas viaturas, dirigiu-se de Sete Barras para Eldorado Paulista. Cerca das
21:00 horas, houve o encontro com os terroristas que estavam armados com fuzis
FAL enquanto que os PMs portavam o velho fuzil Mauser modelo 1908. Em nítida
desvantagem bélica, vários PMs foram feridos e o Tenente Mendes verificou que
diversos de seus comandados estavam necessitando urgentes socorros médicos. Um
dos terroristas, com um golpe astucioso, aproveitando-se daquele momento
psicológico, gritou-lhes para que se entregassem. Julgando-se cercado, o
oficial aceitou render-se, desde que seus homens pudessem receber o socorro
necessário. Tendo os demais componentes da patrulha permanecido como reféns, o
Tenente levou os feridos para Sete Barras.
De madrugada, a pé e sozinho, o Tenente Mendes buscou contato com os
terroristas, preocupado que estava com o restante de seus homens. Encontrou
Lamarca que decidiu seguir com seus companheiros e os prisioneiros para Sete
Barras. Ao se aproximarem dessa localidade foram surpreendidos por um tiroteio,
ocasião em que dois terroristas Edmauro Gopfert e José Araújo Nóbrega
desgarraram-se do grupo e os cinco terroristas restantes embrenharam-se no
mato, levando consigo o Tenente Mendes.
Depois de caminharem um dia e meio na mata, os terroristas e o Tenente
pararam para descansar. Nesta ocasião Carlos Lamarca, Yoshitame Fugimore e
Diógenes Sobrosa de Souza afastaram-se e formaram um tribunal revolucionário
que resolveu assassinar o Tenente Mendes pois o mesmo, pela necessidade de
vigiá-lo, retardava a fuga. Os outros dois Ariston Oliveira Lucena e Gilberto
Faria Lima ficaram vigiando o prisioneiro.
Poucos minutos depois, os três terroristas retornaram, e, acercando-se
por traz do Oficial, Yoshitame Fugimore desfechou-lhe violentos golpes na
cabeça, com a coronha de um fuzil. Caído e com a base do crânio partida, o
Tenente Mendes gemia e se contorcia em dores. Diógenes Sobrosa de Souza
desferiu-lhe outros golpes na cabeça, esfacelando-a.
Ali mesmo, numa pequena vala e com seus coturnos ao lado da cabeça
ensangüentada, o Tenente Mendes foi enterrado. Em 08/09/70, Ariston Lucena foi
preso pelo DOI/CODI/IIEx e apontou, no local, onde o Tenente estava enterrado.
Seu corpo foi exumado, em segredo, pelos agentes do DOI pois os companheiros do
Tenente queriam linchar Ariston.
Dos cinco assassinos do Tenente Mendes, sabe-se que:
Carlos Lamarca, morreu na tarde de 17/09/71, no interior da Bahia,
durante tiroteio com o DOI/CODI/6ª RM;
Yoshitame Fugimore, morreu em 05/12/70, em São Paulo, durante tiroteio
com o DOI/CODI/IIEx;
Diógenes Sobrosa de Souza, foi preso em 12/12/70, no Rio grande do Sul.
Em novembro de 71 foi condenado à pena de morte (existia na época esta punição
para os terroristas assassinos, que nunca foi usada). Em fins de 1979, com a
anistia foi libertado;
Gilberto Faria Lima, fugiu para o exterior.
Ariston Lucena, após a anistia foi libertado e teria se suicidado,
recentemente, no RS.
Conclusão:
Embora Carlos Lamarca tenha desertado no posto de capitão, por lei
especial, sua família recebe a pensão de coronel. Todas as famílias dos
terroristas assassinos, inclusive a de Carlos Lamarca receberam uma grande
indenização em dinheiro.
O Tenente Mendes,
promovido após sua morte, por bravura, ao posto de capitão, deixou para sua
família a pensão relativa a esse posto. Sua família , que nunca ganhou nenhuma
indenização dos governos federal e estadual, tem problemas psicológicos até
hoje. Seus pais não se conformam em ter o único filho assassinado de forma
brutal, por bandidos sempre tão endeusados pela nossa mídia.
O conteúdo da comunidade está disponível sob CC-BY-SA salvo
indicação em contrário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário