MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

GEN EX EMILIO GARRASTAZU MÉDICI (1905-1985) - Por Veterano Cel Eng Claudio Moreira Bento


GEN EX EMILIO GARRASTAZU MÉDICI (1905-1985)

Veterano Cel Eng Claudio Moreira Bento
Historiador e Pensador Militar, Memorialista e Jornalista
"Tradição é a democracia dos mortos" (Gilbert Keith Chesterton).
Conheci e frequentei durante o Curso da ECEME 1967/69 a sede antiga do Instituto Histórico e Geografico Brasileiro onde realizei algumas pesquisas de interesse de minha terra natal Canguçu–RS da qual escrevia sua História deste 1956, com vistas o seu Centenário em 1857.
Em 1977 renovei este contato tendo nele feito uma conferência sobre o Sesquicentenário da Batalha de Passo do Rosário. E no ano seguinte como instrutor de História Militar na Academia Militar das Agulhas Negras terminei sendo aprovado seu sócio e nele sendo recebido pelo Gen Div Professor Jonas de Morais Correia Filho, presidente do IGHMB . E então passei a frequentar a sua magnifica sede construída por seu Presidente Pedro Calmon, que informava que aquele notável empreendimento muito se devia a empréstimo da Caixa Econômica conseguido com a ajuda do Presidente Médici que muito apreciava a História do Brasil em que havia inciado com a construção do Parque Marechal Manoel Luiz Osório em Tramandai–RS e estimulou a criação de outros parques como o Parque Nacional dos Montes Guararapes em Recife, do qual me coube como missão coordenar o seu projeto, construção e inauguração. Este com a presença do Presidente Médici. E neste trabalho entramos em contado com o Professor Pedro Calmon nos estimulando.
O IHGB em agradecimento ao apoio do Presidente Médici para a construção da grandiosa sede do IHGB batizou uma de suas salas de Presidente Emílio Garrastazú Médici para que ele ao deixar a Presidência pudesse usá-la. E eu conheci esta sala.
Com a morte do Dr Pedro Calmon, esta sala foi extinta. E com a morte do Presidente Médici em 9 de outubro de 1985 é da tradição do IHGB ao final do ano o orador fazer uma homenagem a seus membros falecidos. Mas esta tradição foi negada pela Diretoria ao Presidente Médici. E eu apanhei os dados constantes no IHGB e decidi fazer a seguinte síntese biográfica do General Emílio Garrastazu em meu livro "História da 3º Região Militar 1953-1999". Porto Alegre: AHIMTB/3ª RM 1999 que a seguir transcrevo.
Na 4ª capa trecho de seu discurso Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ao tomar posse como seu Presidente de Honra
NÃO SE GOVERNA SEM HISTÓRIA
“A ninguém é lícito ignorar a importância da História no desenvolvimento nacional, como instrumento de ação, na elucidação de alternativas prospectivas assim como no encontro de métodos de análise dos acontecimentos que sirvam ao individual e ao coletivo.
Aqui também podemos afirmar que não se governa sem história e historiadores. E nós , os brasileiros podemos dizê-lo melhor do que ninguém, pois, pacificamente , nenhum pais cresceu mais que o nosso , pela pesquisa e análise de nossos historiadores.”
Nota do autor. E entre estes historiadores estava o Barão do Rio Branco, ex grande presidente do IHGB
Gen Div EMÍLIO GARRASTAZÚ MÉDICI “Servir, e servir cada vez melhor” Comandou a 3a RM de 10 Dez 1965 a 9 Jan 1967. Mais tarde comandou o CMS (ex-III Ex.) de 16 Abr 1967 a 26 Out de 1969, de onde saiu para assumir a Presidência da República.
Nasceu em Bagé-RS, em 4 Dez 1905, filho de Emílio Médici e D. Júlia Garrastazú Médici. Cursou o CMPA 1918-24. Praça de Io Abr 1924 na Escola Militar do Realengo, onde foi de-clarado Asp Of de Cavalaria em 7 Jan 1927. Serviu no 12° RC em Bagé Fev 1927 a Out 1937, ou por mais de 10 anos em sua cidade natal. Era o Oficial de Dia do 12° RC em 3 Out 1930, tendo aderido à Revolução de 30 e feito ligação entre militares e civis em Bagé, revolucionários. Foi comissionado Cap pela Revolução, retornando ao seu posto de Io Ten um mês depois.

Comandou efetivos do 12° RC em operações contra a Revolução de 32. Cap em 2 Out de 1934. Em 1937 foi ser Ajudante-Secretário da ECEME. Cursou a EsAO de Fev a Set 1939. Serviu no 8o RCI em Uruguaiana Set 1939 a Fev 1940. Instrutor da EsAO, Fev 1940 a Jul 1943, onde foi promovido a Maj em 24 Jun 1934 e ECEME 1943-44. Serviu no EM/ 3a DC em Bagé, Mar 1944 a Jan 1950, por quase 6 anos, inclusive como chefe de EM, tendo sido promovido a Ten Cel em Jan 1950. EM/3a RM Jan 1950 a Set 1953, como chefe da 2a Sec. (Informações) e Chefe do EMR/3 do Gen Coriolano de Andrade Cel em Jul 1953, comandou o CPOR/PA de 16 Out 1953 a 27 Abr 1957. Chefe do EM/3a RM do Gen Div Arthur da Costa e Silva de 29 Abr 1957 a 15 Mar 1960, quando surgiu forte amizade entre ambos.
Exerceu a chefia do Estado - Maior da 3a Região Militar em três ocasiões. Subcomandante da Academia Militar das Agulhas Negras em Resende-RJ de 12 Abr 1960 a 8 Ago 1961. Promovido a Gen Bda em 25 Jul 1961, comandou a 4a DC (atual 4a Bda C MEC) em Campo Grande-MS, de 29 Ago 1961 a 6 Fev 1963. Segundo a revista VEJA, por ocasião da renúncia do presidente Jânio Quadros, apoiou a posse do presidente João Goulart e a tese parlamentarista que terminou sendo adotada. Comandou a Academia Militar das Agulhas Negras, de 4 Mar 1963 a 8 Mar 1964. Aí teve papel importante para o desfecho incruento da Revolução de 1964, evitando um choque na altura de Resende, de governistas do CML (ex-I Ex) e contra revolucionários do CMSE (ex-II Ex) ao comando do santa-mariense Gen Amaury Kruel. Em Io Abr 1964, o Gen Médici bloqueou a Via Dutra com fortes contingentes de cadetes que as tropas do I Exército se recusaram a atirar, aderindo à Revolu¬ção e colocando-se sob as ordens do Gen Médici. É um episódio importante da História da AMAN, em cujo Gabinete de Comando foi definido o destino do Movimento Democrático de 1964. Adido Militar da Embaixada do Brasil em Washington.
Delegado do Brasil junto à JID e à Comissão Mista - EUA de 30 Jun 1964 a 21 Out 1965, onde foi promovido a Gen Div em 23 Jul 1965. Comandante da 3a RM - Porto Alegre, 10 Dez 1965 a 9 Jan 1967. Io Subchefe do EME no Rio de 30 Jan a 17 Mar 1967 e chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Rio (no antigo Ministério da Fazenda), de 17 Mar 1967 a 16 Abr 1969- Gen Ex em 25 Mar 1969 e comandante do CMS (ex- III Ex) de 16 Abr a 20 Out de 1969 por cerca de 6 meses, tendo passado o comando ao Gen Augusto Cezar Muniz de Aragão, que o exerceu inteira¬mente. Escolhido para Presidente da República em função da doença do Presidente Arthur da Costa e Silva, foi eleito pelo Congresso em 25 Out 1969, com 239 votos a favor, e 76 abstenções do então MDB.

O Presidente Médici, como Presidente da República, deu ênfase ao culto da História do Brasil. Deu grande apoio, como comandante do III Ex ao Parque Histórico Marechal Manoel Luiz Osório em Tramandaí-RS, e estimulou a seguir, como presidente, ao Parque Histórico Nacional dos Guararapes, cujo planejamento, implantação e inauguração em 1970/71 tivemos o privilégio de coordenar de fato.
A atual sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Edifício Pedro Calmon à Av. Augusto Severo, 8, no Rio, deve- se a sua sensibilidade. Pedro Calmon, em gratidão, reservou uma sala como Gabinete do Gen Médici que foi desmontada ao desaparecer Pedro Calmon, pela Diretoria que o sucedeu.
Documentamos a projeção de sua obra no culto e divulgação da História do Brasil em nossa obra. Como estudar e pesquisar a História do Exército Brasileiro. Brasília: EME/EGGCF, 1978, ora em reedição pelo EME e nas p. 14/15.
O Gen Médici casou com D. Sylla Nogueira Médici, com quem teve os filhos Roberto e Sérgio. Sua atuação como Presidente é amplamente focalizada pela imprensa da época. Sônia Dias e Leda Soares fizeram ampla abordagem de sua vida e obra no Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro FGV-CPDoc (v. 3, p. 2159-2172), onde remetem o leitor a numerosas fontes. Biografou-o em 1973 o Gen Iberê Matos, em "A imagem de um Presidente". Todas, obras para um julgamento sereno, no futuro, longe das paixões do momento. Como Presidente conseguiu uma excelente identificação popular. Possuía um carisma todo especial. Faleceu no Rio, em 10 de Out de 1985, sendo velado lado no Clube Militar, onde comparecemos e testemunhamos fatos ali ocorridos.
Sobre a atuação do Gen Médici como comandante da AMAN e dos demais setores da Academia, o Aditamento ao BI/24 de Abr de 1964 com 6 anexos, as detalham. Fizemos considerações estratégicas sobre a posição de Resende nas revoluções de 1842, 1932 e 1964 em 1994 — AMAN — Jubileu de Ouro em Resende. V. Redonda: Gazetilha, 1994 p. 14-15).
Focalizamos sua ação no CML na obra de nossa lavra Comando Militar do Sul —4 décadas de história. Porto Alegre: CML, 1995.
Servir, e servir cada vez melhor.
Ao deixar a 3a RM, dela o Gen Médici despediu-se no BI Regional de 9 Jan 1967 e nos seguintes termos, exemplares às atuais gerações, como lição de bem comandar.
“Foi, para mim, motivo legítimo de profunda alegria e justificado orgulho, o ter sido comandante efetivo da 3a RM. No decurso de minha já longa vida militar, em várias oportunidades anteriores prestara serviços nesta Região. Neste Quartel General desempenhei funções de Chefe de Secção e Chefe do EMR/3. Cumpri pois, aqui, todas as funções atribuídas a um oficial de Estado-Maior".
Anteriormente, ainda subordinado diretamente à 3a RM, exerci as funções de comandante do CPOR-PA, um dos órgãos regionais que instrui e forma os oficiais da Reserva de 2a Classe do Exército, necessários à 3a RM para atender seus encargos de Mobilização.
O Rio Grande do Sul tem sido, através do tempo histórico, aquele espaço brasileiro onde, por excelência, se afirma a nacionalidade. No passado foram as lutas de fixação das lides internacionais; no presente tem ele sido o cenário onde se ferem outras lutas de afirmação, de características diferentes porque travadas contra maus brasileiros que se voltaram contra as mais caras e legítimas tradições nacionais e que, protegidos por aquelas mesmas Ponteiras marcadas com o sangue de nossos antepassados, trazem essa nova forma de luta para o solo gaúcho. Tudo isso diferencia a 3a. das demais Regiões Militares. Suas peculiaridades, a amplitude e a natureza do apoio que se lhe exige e, em decorrência, os problemas que a ela cabe solucionar, a tornam ímpar, exigindo dela um ambiente característico que a destaca e que se constitui na verdadeira base onde se assenta o trabalho do seu comandante.

Encontrei, também, velhos problemas que se vêm arrastando ao longo do tempo à procura de soluções adequadas às realidades regional e nacional. Para eles, desde o início, esteve voltada a minha atenção, e entendendo que somente um planejamento conjunto, objetivando uma solução global, poderia conduzir a resultados satisfatórios, foi que decidi nomear comissões para estudá-los, equacioná-los e integrá-los em busca do melhor caminho a seguir.
Porém, tal é a magnitude do empreendimento, que um ano foi tempo insuficiente para apresentar a obra definitivamente concluída, restando-me a satisfação de poder apresentar à meu sucessor, um planejamento em estudo e uma execução iniciada.

É diverso e complexo o apoio administrativo que a preparação e a conduta da guerra moderna exigem. No entanto, a natureza da guerra que hoje enfrentamos, predominantemente ideológica, com destaque especial quanto ao seu aspecto interno e o exterior, o desenvolvimento dos órgãos destinados a prover esse apoio, baseado apenas em necessidades do momento justifica-se, plenamente, pelas condicionantes desse mesmo momento - es¬tava pois, o apoio logístico, a exigir uma solução diferente, radical mesmo, em sua concepção que oferecesse, como solução final, não apenas o “Bem Servir” mas o “Servir Melhor”, lema que tão bem define a atuação da 3a. RM.
Visando sanar a inadequabilidade da atual localização de diversos órgãos de apoio, enquistados em pleno centro da cidade de Porto Alegre e, portanto, sujeitos aos inconvenientes de tal situação, a 3a RM adquiriu uma gleba de 185.783,00 metros quadrados, na Vila Anchieta, para nela construir, num sistema administrativo integrado, as instalações que permitirão a centralização dos Estabelecimentos, Parques e Depósitos Regionais situados nesta Capital.
Faz parte, também, desse planejamento, a administração centralizada e a segurança da área de um Batalhão de Comando e Serviços integrado pelos elementos orgânicos dessa OM, solução que, diferente do que até então se vem praticando no Exército Brasileiro, se mostra mais adequada, não só à realidade do momento histórico que vivemos, mas também representa um primeiro passo, nesta Região, em busca de um futuro novo, promissor, renovado e que, do passado, trará somente aquilo que de legítimo e de autêntico possuem as tradições brasileiras.

Considerando atualmente as difíceis condições decorrentes do déficit habitacional pelo qual atravessa o pais e da obrigatoriedade de frequentes mudanças de domicílio ocasionadas pelas necessárias movimentações dos quadros do Exército, a moradia para militares em serviço ativo foi considerado, durante meu comando, assunto de primordial importância no que respeitada a valorização do Homem. Visando minorar essas dificuldades, várias providências foram tomadas em 1966. Delas cumpre salientar, não apenas por sua repercussão no campo assistencial, mas também pela rapidez de seu andamento, a construção de um edifício com 32 apartamentos para oficiais em Porto Alegre, cuja conclusão é esperada para o próximo mês de Fevereiro de 1967. Relativamente a essa obra, cabe-me ainda aludir que, embora a Capital Gaúcha abrigue três Quartéis Generais de Grandes Unidades e inúmeras outras Organizações Militares, constituindo-se em uma das mais antigas e desenvolvidas Guarnições Militares do país, possuía, até 1966, apenas CINCO residências para militares, todas destinadas a Oficiais Generais; por isso, esse empreendimento assume papel de pioneiro no setor de moradia nesta cidade.
No interior do Estado foram concluídas e entregues à militares lá em serviço, 73 moradias, avultando a Vila Militar de Santo Ângelo, na qual foram ultimadas VINTE casas, sendo que 10 destinadas a oficiais e 10 para sargentos, a aquisição de uma residência destinada à moradia do Cmt da ID/ 3 e a conclusão de vinte casas, em Pelotas.
Em síntese, durante este ano em que tive o privilégio de comandar a 3a. RM, foram aplicados Cr$ 1.775.941.700 na construção de moradias para militares, cifra que por si só traduz o interesse posto para a solução de tão relevante problema, e foram entregues para utilização 73 moradias, estando outras 77 unidades residenciais em construção.
O ano de 1966 marcou, no Exército, o início de uma nova fase no que se refere à Assistência Social. Restrita, anteriormente, a pequenos benefícios promovidos através dos CENTROS SOCIAIS, dos Armazéns Reembolsáveis e das Instalações de Saúde, nem sempre capacitados à prestação de assistência efetiva, lançou-se o Exército em nova direção, destinando recursos paras atendimento de necessidades financeiras inadiáveis da comunidade, do grupo, e mesmo do indivíduo.
Sendo iniciativa pioneira, desde logo surgiram duas modalidades diferentes de execução: a centralização dos recursos com o Cmt da 3a. RM ou a sua descentralização, para emprego por decisão dos Comandantes das GU apoiadas.
Ainda neste setor assistencial tive a satisfação de ver concluídos os estudos e assinei convênio com a firma ARMADOR MAJEWSKI para prestação de “Assistência a Funeral” para dependentes de militares.

Os órgãos industriais subordinados a esta RM prosseguiram no decurso de meu comando, integralmente seus programas de produção. Cabe-me, entretanto, destacar as tarefas realizadas pelo Pq RMM/3, de Santa Maria, em virtude da solução definitiva que obteve para três velhos e cruciais problemas, recuperação de motores, baterias e pneus.
Os demais órgãos provedores diretamente subordinados também - bem aprenderam e aplicaram o lema que adotei durante o meu comando nesta RM: “Servir, e Servir cada vez melhor!”
Que agora referir-me, embora de forma ligeira, ao trabalho que se desenvolveu e se está desenvolvendo no CIBSB.
Tudo o que foi feito no CIBSB em 1966, o foi com recursos provenientes do próprio Campo.
De suas atividades nesse período, desejo destacar:
- o aumento do rebanho bovino com a aquisição de mais 2.000 cabeças de gado;
- a melhoria do rebanho ovino pela compra de melhores reprodutores;
- o início da criação equina da Raça Crioula;
- o início, em caráter experimental, da inseminação artificial em bovinos;
- a realização, pela primeira vez, do teste de brucelose;
- a melhoria das instalações do Engenho de Arroz, tendo em vista o aumento de sua capacidade produtiva;
- a construção e recuperação de 36 quilômetros de cercas de arame;
- a construção e recuperação de 36 açudes;
- o início do reflorestamento de algumas áreas com o plantio de cerca de 20.000 mudas, trabalho executado sob a orientação da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul.
Visando o equipamento do CIBSB, estão planejadas e em estudo as seguintes medidas:
- construção de mais açudes, o prosseguimento do reflorestamento, visando, basicamente, a formação de cortinas florestais para quebra-vento e a implantação de abrigos, a subdivisão dos porteiros e a criação de mais três fazendas, sendo uma Experimental.
O CIBSB é uma fonte potencial de variados recursos da 3a. RM. Por sua extensão, comportando atividades agrícolas e pastoris simultâneas, sem prejuízo das possibilidades da implantação de um excelente Campo de Instrução especializado de que a recente “Operação Caverá” é prova inconteste, fez com que minha atenção estivesse sempre voltada para ele como uma área de inestimável valor, já que lá será possível integrar o binômio PRODUÇÃO-INSTRUÇÃO, sem prejuízo de nenhum dos componentes, numa experiência nova para este Exército Brasileiro que se renova, e que, na renovação, há de encontrar o melhor caminho para atingir a eficiência necessária a cada vez melhor cumprir sua destinação constitucional.
Embora Grande Unidade, com missão de apoio administrativo, a 3a RM, no ano 1966 não descurou dos problemas pertinentes à Instrução, particularmente naqueles ligados à Segurança Interna. Foi intensificada a instrução de Oficiais e de Sargentos. Para oficiais do QGR/3 e das OM Regionais de Porto Alegre foi dado destaque aos assuntos diretamente referentes ao conhecimento e equipamento do território regional e à instrução de tiro, inclusive realizando-se sessões para conhecimento e emprego do moderno armamento (FAP e FAL) com que se está dotando o Exército.
“. . . Outro motivo de satisfação para esta RM, no que se refere à Instrução, é o modo amplamente satisfatório da formação de oficiais da reserva no CPOR-PA e nos NPOR anexos ao 7o RI, 9o RI. I /19o RI e 3o RO 105.
. . Ao assumir o Comando da 3a RM senti necessidade de um contato direto mais freqüente com os comandantes chefes e diretores das OM Regionais. Assim, foi que estabeleci uma programação de reuniões periódicas, quinzenalmente para as OM de Porto Alegre, e na forma de simpósios, por natureza do serviço, para as localizadas no interior. Tal prática apresentou insultados altamente positivos, pelos objetivos que foram atingidos, permi- lindo uma mais fiel compreensão e execução das diretrizes e normas estabelecidas pelo Comando. É pois, com especial prazer que registro o esforço, a dedicação e o zelo desses oficiais, sem o que não teria sido possível construir da 3a RM a magnífica “equipe de trabalho” em que ela se constitui. Em tópico à parte, individualmente, apreciarei a atuação de cada um.”
Resta-me ainda, ao apreciar a 3a. RM como um todo, ressaltar o espírito de disciplina, de trabalho e de camaradagem que gera este extraordinário ambiente de confiança e de lealdade do qual me vi cercado e que se consumi no fundamento onde se assenta a transformação em realidade, do ideal contido no lema “SERVIR, E SERVIR CADA VEZ MELHOR”.Finalmente, aos despedir-me de meus camaradas da 3a. RM, desejo dirigir-lhes somente mais um palavra.

A atualidade mundial e a realidade brasileira estão a exigir não apenas muito de discernimento, de meditação e de sacrifício de nossa parte mas, especialmente, estão a exigir de cada um, e de todos nós, continuada ação em defesa dos interesses da Pátria e de sua Segurança. E penso que neste momento apenas uma ideia deve nortear essa ação: a de que em nossa Pátria não houve revolução, mas sim que uma REVOLUÇÃO está em marcha para construir um novo BRASIL.
Ao seu Chefe de Estado Maior consignou o seguinte elogio.

"Cel Américo José Brasil - Chefe do EMR/3. Ao assumir o comando da 3a Região Militar encontrei servindo no EMR/3 o Cel Américo José Brasil. Já o conhecia de longa data e por isso, não tive dúvidas em convidá-lo para chefiar meu Estado Maior. Sabia ser um Oficial de Estado Maior de escol e de excelentes atributos morais. Do acerto de minha escolha, bem comprovam a gama de trabalhos realizados sob sua orientação e a harmonia existente no QGR/3 e nas Unidades Regionais.
É o Cel Brasil um oficial muito inteligente, culto, capaz, trabalhador, enérgico, mas sobretudo leal e de trato agradável e humano. A par disso enfrenta todos os problemas com realismo e vontade. A ele devo muito do que foi realizado neste ano de comando.

Chefe de família exemplar e excelente companheiro. Pelo seu cavalheirismo e fina educação, conquista a admiração, a estima e a amizade de todos que têm a ventura e a oportunidade de seu convívio.
Serviu este ano, de realizações de tarefas comuns, para consolidar e fortalecer uma velha amizade que muito prezo.
Ao Cel Brasil, com meus agradecimentos pela sua sempre leal e eficiente colaboração, meus votos de pleno êxito na honrosa comissão para a qual foi proposto - Comandante do CPOR-PA - como justo e merecido prêmio a seus invulgares atributos de cidadão e soldado.” (Individual)
Último discurso
Como homenagem ao grande comandante da 3a. RM, é que transcrevo trechos de seu discurso derradeiro como Presidente da República, cargo culminante em cujo exercício muito se valeu da experiência adquirida como oficial do EMR/3, Chefe do EMR/3 por três vezes nos comandos dos generais Coriolano de Andrade e Arthur da Costa e Silva e, finalmente seu comandante operoso que lançou o lema: Servir, e servir cada vez melhor!
“Como ninguém governa só, volto o pensamento, nesta hora, para o alto colégio de estadistas e administradores, ilustres entre os mais ilustres, que em torno de mim se congregaram, como ministros de Estado, durante o período em que tive a honra, que não procurei, mas que sumamente me desvanece, de ser, como Chefe do Governo, o primeiro servidor da Nação.
Pelo talento e pelo valor moral, pela inexcedível capacidade revelada no desempenho do seu ofício, pela incomparável energia e operosidade com que se devotaram ao exercício dos seus cargos, pela intransigente fidelidade aos deveres da relevante função que lhes foi cometida, pela exata inteligência do interesse coletivo, pela abnegação e espírito público de que, em todos os momentos, deram o mais eloquente dos exemplos, esses admirá¬veis homens públicos não somente conferiram lustre ao meu Governo como, sobretudo, engrandeceram o Brasil.
Ao manifestar-lhes, em meu nome e em nome do País a que tão fielmente serviram, o mais profundo reconhecimento, não esquece a minha gratidão àqueles que, junto a mim, no Palácio do Planalto, viveram com dedicação, austeridade, finura e lucidez, o dia-a-dia do Governo com o qual, em clima de inalterável cordialidade, se mantiveram sempre, quer nos propósitos, quer no comportamento, completamente identificados.
Às Forças Armadas desejo render, também, imperativa e justa homenagem pela maneira eficaz, patriótica e desprendida como se houveram no desempenho da sua missão constitucional. Seja pela garantia prestada aos poderes constituídos, à lei e à ordem, seja pela participação direta e vigorosa em programas administrativos da maior transcendência, as corporações militares, fiéis à sua vocação, contribuíram, de forma decisiva, para a segurança, desenvolvimento e tranquilidade que imperam no País.
Nesta comovida expressão de agradecimento, envolvo, ainda, todos os agentes da Administração, dos primeiros aos mais altos degraus de hierarquia, porquanto, a todo o tempo e em todo o lugar, os servidores públicos acudiram, modelarmente, com presteza e proficiência, ao chamado para o cumprimento das missões, pianos e programas governamentais.
À grande e generosa família nacional, nobre e compreensiva, ativa e valorosa, entusiasta e empreendedora, quero, mais uma vez, creditar parte capital do merecimento pela obra realizada em comum, por governantes e governados, durante o período presidencial que hoje termina. Não fossem, na realidade, os recursos humanos com que contamos, recursos em que reside o que de mais precioso possui o Brasil, recursos cuja qualidade está em pleno desenvolvimento, não se teriam alcançado, nas condições que a história administrativa assinala, os objetivos que comandaram nestes últimos anos, a ação do poder público.
Cada país, pela singularidade dos traços que lhe desenham a fisionomia, é um ser político distinto e inconfundível. Cumpre, pois, à sociedade política buscar para os seus problemas, no exercício do direito de autodeterminação, as soluções indicadas pelo seu peculiar interesse, assim no plano econômico como na órbita social, assim no terreno cultural como na esfera política.
A cada povo se reconhece, por isso mesmo, dentro da tradição e da cultura ocidentais, o arbítrio de trilhar, sob o império da vontade social preponderante, os próprios caminhos para prover, à sua maneira e em obediência aos valores que lhe plasmam a individualidade, ao bem-estar e à felicidade coletiva.
Dessa prerrogativa se utiliza, superiormente, com imaginação e espírito criador, o regime vigente para fazer com que predomine a sua concepção do bem comum, alicerçada na prosperidade, na justiça social, na modernização da sociedade, na quebra do círculo vicioso do subdesenvolvimento humano, na ordem, na segurança, na unidade e na coesão nacional.
Do homem se diz, com profundidade não estreme de paradoxo, que somente nasce de modo completo quando morre. Isto porque é morrendo que o ser humano acaba de se realizar, fixando, de forma definitiva, a sua feição existencial. Dos governos, semelhantemente, se pode dizer que nas¬cem por completo quando terminam, porque é terminado que assumem, por igual, a sua feição definitiva.
Neste instante, pois, em que se exaure o meu mandato, nasce por completo, na sua perspectiva temporal, o Governo que presidi; portanto, aqui e agora, se encerra o ato derradeiro da missão que me foi incumbida. Nasce por inteiro exatamente no momento, para mim culminante, da transmissão do cargo de Presidente da República ao meu ilustre sucessor, Gen Ernesto Geisel.
Rico de significado, o fato histórico que ora se desdobra que se constitui reafirmação solene e incontestável do caráter impessoal do regime e de sua fidelidade aos princípios que lhe regem o funcionamento. Reflete este ato, de um lado, a plena estabilidade reinante no País, - estabilidade em que se funda o seu excepcional progresso sócio-econômico, - bem como traduz, de outra parte, o apoio maciço do povo brasileiro à filosofia social e política da ordem revolucionária.
Escolhido, em pleito livre e democrático, sob clima de absoluta tranquiIidade, pelo sufrágio da imensa maioria dos representantes do povo brasileiro, para guardião supremo dos ideais da Revolução de Março, o novo Chefe do Governo possui todas as condições para desencumbir-se, cabalinente, da missão que, em boa hora, debaixo do consenso geral da Nação, lhe foi atribuída.
Na fidelidade do Presidente Ernesto Geisel aos valores que informaram a decisão política de 31 de Março, no seu porte de estadista, no seu profundo conhecimento dos problemas nacionais, na sua envergadura ética e intelectual, na pureza dos seus princípios e na intransigência com que os observa, nas suas qualidades de administrador e nas suas virtudes de homem de ação, em tudo isso se funda a justificada simpatia e confiança com que o Brasil recebe a sua investidura na Chefia do Governo.
Animado dessa mesma confiança e simpatia, é que lhe transmito, de coração aberto e pleno de otimismo, o cargo de Presidente da República, em cujo exercício saberá manter o Brasil no rumo da grandeza a que está destinado. Saberá, sobretudo, o Gen Ernesto Geisel, na Magistratura Suprema da Nação, com a sua peculiar acuidade, patriotismo e prudência, não só prosseguir e consolidar os objetivos estabelecidos, como também criar objetivos novos, já que no governo dos povos, como é curial, não há objetivos definitivos e invariáveis. Saberá, dessa maneira, enfrentar os problemas suscitados por fatos sociais essencialmente novos, resultantes da velocidade com que, em nossa época, - já denominada, com propriedade, de segundo Século XX - evolui a comunidade humana. Saberá, em suma, realizar, em benefício do País, tudo o que for requerido pela felicidade do seu povo.
Senhor Presidente Ernesto Geisel: que Deus proteja Vossa Excelência e o seu Governo.”
Durante seu governo falou certa feita o Presidente Médici:
“Sinto-me feliz todas as noites quando ligo a TV para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, de agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranquilizante após um dia de trabalho.”
A importância e apreço do Presidente Médici pela História consta da 4a capa.
Em 16 abril 1999, decorridos 28 anos da inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes em 19 Abr 1971 pelo Presidente Médici. Parque que coordenamos seu planejamento, construção e inauguração e lançamos o livro As batalhas dos Guararapes - análise e descrição militar tivemos a sensação do dever cumprido ao ver o Parque consagrado, e nosso livro servir ali de base para ilustrar com seus mapas e maquete do Mirante ali construído em 1999 nos 350 anos da Ia Batalha e, mais, de ver nosso livro basear giro do horizonte realizado pelo comandante da 10ª Bda Inf Mtz, uma demonstração de um combate simulado pelo 14 BI MTz Batalhão Guararapes, seguido de deslocamento de 4 equipes de oficiais tendo seu líder em diversos pontos do campo de batalha, mostrado o desenvolvimento da Ia Batalha. E tudo iniciado com a surpresa de ser designado pelo Gen Div Paulo Roberto Yog de M. Uchôa, comandante da 7a RM/7a DE, para hastear o Pavilhão Nacional nos Guararapes em reconhecimento ao nosso pioneirismo na concretização do Parque Histórico Nacional dos Guararapes e pelo nosso livro sobre as Batalhas. E pensei, ali, que tudo isto não teria lugar, não fora a determinação pessoal do Presidente Médici em concretizá-lo, em reconhecimento ali haver despertado o espírito de força armada e de nacionalidade brasileira.
Lembro que, em 19 Abr 1971 no interior da Igreja dos Guararapes, três meninos de Pernambuco, um branco, um índio e um negro prestaram comovente homenagem ao Presidente e a D Scyla que muito os comoveram. Homenagem também que nos foi prestada, de surpresa, pelos mesmos meninos dentro da igreja em reconhecimento a nosso empenho na missão de tornar realidade o Parque Histórico Nacional dos Guararapes.
Ao falarmos no dia anterior na SUDENE, no Io Simpósio Guararapes, dedicávamos nossa palestra a memória dos generais Mascarenhas de Morais que em 1942 transladou para a igreja dos Guararapes, em memorável cerimônia cívico militar, os restos mortais de João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros, chefe ilustre que ao final da Guerra em 1945 depositou nos Guararapes os louros da vitória da FEB; do Gen Humberto de Alencar Castelo Branco que desapropriou em 1965 o local das batalhas e finalmente do Gen Médici que idealizou, concretizou e inaugurou como presidente o Parque Histórico Nacional dos Guararapes e todos, hoje, em última analise, responsáveis pelo culto acendrado e conhecimento da epopéia Guararapes pelo Exército no Nordeste, onde os militares se saúdam com as palavras PÁTRIA tendo como resposta BRASIL!
Isto com o significado de que o sentimento de Pátria Brasil nasceu ali no Nordeste, em maio de 1645, quando 18 lideres patriotas firmaram um compromisso de libertar a Pátria Brasil, do domínio do invasor, independente de Portugal que não possuia condições diplomáticas de fazê-lo.
Recordando Pedro Calmon, amigo do Gen Médici, ao qual devia as modernas instalações do atual Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele assim definiu o sentido dos Guararapes onde o Presidente criou o Parque Histórico.
“Foi nos Montes Guararapes há 350 anos. A maior das batalhas. O supremo desafio. O duelo mortal do invasor com o filho da terra, do estrangeiro com o nativo, da poderosa opressão e da liberdade heróica. Ali nos Guararapes, em verdade, o luso brasileiro fixou e definiu o seu direito à terra. Tornou-se pela força das armas o seu dono.”
Para Gilberto Freyre, “Nos Guararapes escreveu-se a sangue o endereço do Brasil, o de ser um só e não dois ou três, hostis entre si.”
É fácil, pois, concluir-se o empenho do antigo comandante do III Exército em concretizar o Parque Histórico Marechal Manoel Luiz Osório que foi objeto de nosso livro "A Grande Festa dos Lanceiros", Recife: UFPE, 1971, (também lançado na inauguração do Parque Guararapes) e depois como Presidente, empenhar-se na construção do Parque onde, em tempo recorde, foi implantada a belíssima e cara rodovia de contorno, por desejo expresso do grande ministro Cel Mário Davi Andreazza. E ela lá está como instrumento de proteção e turismo no Parque de que é guardião o Regimento Guararapes.
O Gen Ex Gleuber Vieira, Ministro do Exército, por Portaria de 8 junho deu a denominação histórica de Batalhão Presidente Médici ao 8o Batalhão Logístico de Bagé, originário do 12° Regimento de Cavalaria, a primeira Unidade do então Aspirante de Cavalaria Emílio Garrastazú Médici onde ele serviu por 10 anos, de 1927-37, e com a qual realizou operações na Revolução de 30. Unidade de apoio logístico, atividade em se consagrou o Gen Médici como comandante da 3a Região Militar, a qual imprimiu o lema Servir, e servir cada vez melhor!
E, assim, o Exército abre um processo de resgate e justiça histórica ao ilustre chefe militar!
História e verdade e justiça! E a Diretoria do IHGB que recusou através do seu orador prestar uma homenagem a este grande brasilleiro cometeu uma enorme injustiça e contrariou o que afirmou Gilbert Keith Chesterton (1874-1936). De que “a Tradição é a Democracia dos mortos.” Isto quando os vivos respeitam as decisões dos mortos. E o professor Pedro Calmon não deve respeitadas suas decisões relativas ao Presidente Médici e nem foram respeitadas normas dos Estatutos do IHGB relativa a homenagens que deveriam ser prestadas pelo orador ao final do ano a seu membros falecidos.
Há 44 anos sou sócio do IHGB e minhas contribuições ao IHGB constam de meu livro digital "Meus 28 artigos na Revista do Insntituto Histórico e Geografico Brasileiro", disponivé para baixar em Livros e Plaquetas no site www.ahimtb.org.br.

História é Verdade e Justiça!!!

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