MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

A imagem pública dos primeiros tempos do Islã é freqüentemente a de uma religião que se espalhava 'a ferro e fogo...' - Entrevista com Prof. Dr. Peter Antes

 

A imagem pública dos primeiros tempos do Islã é freqüentemente
a de uma religião que se espalhava 'a ferro e fogo...'

Entrevista com Prof. Dr. Dr. Peter Antes -
por Frank Usarski [usarski@pucsp.br]

Na opinião pública o Islã é considerado um fenômeno monolítico? Isso corresponde à realidade?

No Ocidente, freqüentemente, manifesta-se esta opinião. Tal imagem não é apenas errada historicamente, mas também no que diz respeito à situação atual. Do ponto de vista histórico, sabe-se que logo depois da morte do profeta Maomé [632 d.C.] surgiram brigas intensas dentro do próprio Islã sobre a questão de quem seria legitimado para liderar a comunidade muçulmana. Esta questão provocou guerras e rapidamente (a partir de 661 d.C.) ocorreram as primeiras divisões internas a partir das quais surgiram três correntes que são conhecidas até hoje. Há, primeiro, os caridjitas. Para eles era importante a qualidade do líder, e não a sua ascendência. Até mesmo um escravo estrangeiro teria sido aceito, se tivesse as características desejáveis. Para o segundo grupo, os sunitas, é essencial que o líder seja originário da tribo de Maomé, ou seja da Quraysh em Meca, embora não seja necessária uma vinculação genealógica com o Profeta. A terceira corrente, a dos Xiitas, exige, como pré-requisito para a aceitação de um califa, que tal líder seja um descendente direto de Ali, ou seja, do genro do próprio profeta. Trata -se de uma divisão profunda entre os grupos e essa separação continua até nossos dias.


Quais são as linhas mais acentuadas no mundo islâmico de hoje?

Hoje, a divisão mais visível, no mundo islâmico, é entre os sunitas [90%] e os xiitas [10%]. Porém, a situação não se restringe a esta divisão geral. Dentro dos sunitas se desenvolveram diversas escolas jurídicas das quais pelo menos quatro [escola hanbalita, escola malekita, escola hanafita e escola shafi´ita] existem até hoje e sobre às quais se impuseram, em regiões diferentes, interpretações ou mais progressistas ou mais conservadoras da religião. Por exemplo, os hanbalitas que, através dos wahabitas, exercem autoridade na Arábia Saudita, são até hoje consideravelmente conservadores, enquanto os shafi´itas que são fortes no Egito, representam uma das linhas mais liberais do Islã. Nos grupos xiitas, também houve divisões. Para mencionar somente as correntes mais importantes, encontram-se zaiditas, ismailitas e imamitas.

Além disso há uma outra divisão principal: entre o Islã de sharia e o Islã místico, ou seja, o Sufismo. O primeiro é caracterizado por regras de conduta de acordo com a ordem divina semelhantes às regras de alimentação e de conduta do Judaísmo. A corrente mística, por outro lado, dá mais valor à experiência religiosa enquanto resposta ao ensaio de espiritualidade interior. Na situação atual, acrescentam-se aos mencionados grupos históricos alguns novos que se formaram em reação à modernidade. Há, como pólos extremos, adaptação total e rejeição total, mas na prática a maioria dos grupos recentes defende uma das possíveis posições intermediárias. Isso enriquece a paleta de opções e prova que o Islã está longe de ser um fenômeno monolítico.

De acordo com suas observações sobre as diversificações do Islã, quais são as atuais tensões internas que o próprio mundo islâmico sofre?

No momento, o tema predominante é a identidade islâmica, incluindo a seguinte questão: Qual foi, no passado, o verdadeiro Islã que deve ser restaurado ou preservado atualmente? Para muitos a resposta é clara: é o Islã de sharia ou seja, o Islã numa época em que as escolas jurídicas já tinham sido estabelecidas e respondiam sistematicamente a todas as perguntas que passaram a surgir a partir de então. Este conceito é defendido, por exemplo, pelos seguidores de Kohmeini e por aqueles que simpatizam com eles. Seu ponto de referência é uma fase histórica do Islã que começou cerca de 200 anos depois da morte do Profeta e que tem influenciado grande parte do mundo islâmico, tanto na sua legislação quanto na vida cotidiana do povo.

Outros muçulmanos não consideram adequada uma orientação segundo a época clássica do Islã. Apontam para o fato de que a sistematização da jurisdição islâmica somente foi possível por ter se referido ao Alcorão e a fontes suplementares: o comportamento exemplar do Profeta [sunna], o acordo universal dos eruditos das escolas jurídicas, o raciocínio por analogia e a adoção de uma ou de outra prescrição dos tempos pré-islâmicos. Isso implica que, apesar de aceitar somente o Alcorão como revelação, foram construtivos aspectos alcorânicos e não-alcorãnicos, elementos islâmicos e pré-islâmicos. Em oposição a esta atitude, certos muçulmanos , como os "irmãos muçulmanos", exigem que somente o Alcorão deva definir o que está em harmonia com a existência muçulmana ou não.

Ainda outros grupos, por exemplo os ismaelitas, sob a liderança de Agha Khan, destacam a necessidade de distinguir no Alcorão entre conteúdos que, por um lado, são eternamente válidos e que, por outro, referem-se a algo temporalmente condicionado. Assim, os Ismaelitas consideram somente os conteúdos eternamente válidos como universalmente obrigatórios.

Pode-se mencionar ainda os simpatizantes com o místico Muhammad Mahmud Taha, que foi executado no Sudão em 1985 por heresia. Ele distinguia entre as mensagens de Meca e as de Medina e defendia a hipótese de que somente as primeiras constituíram o Islã como religião. Nas suras do Alcorão reveladas na fase de Meca, logo depois de 610 d.C., não se encontra nenhuma informação sobre a organização de um Estado. Somente depois da emigração para Medina em 622 d.C., a perspectiva se tornou outra, uma vez que as chamadas suras de Medina regularam juridicamente a convivência da nova comunidade muçulmana e a partir daí se desenvolveram as primeiras tendências para um Estado islâmico. Cada muçulmano conhece tal distinção entre os capítulos do Alcorão, uma vez que todas as edições árabes caracterizam a origem de cada uma das 114 suras, Meca ou Medina. Mas Taha concluía que somente as suras de Meca representam a mensagem originalmente divina e isso teria prevalecido se Maomé tivesse tido sucesso imediato. Todavia, na opinião de Muhammad Mahmud Taha, devido à derrota de Meca e à emigração para Medina, ocorreu uma segunda mensagem que representa somente uma aplicação da primeira em condições historicamente concretas da então sociedade ainda tribal. Nas condições atuais, a aplicação da primeira mensagem seria outra. Desta maneira Muhammad Mahmud Taha argumentava em favor de um Islã muito moderno, um Islã que estaria em harmonia com a secularização, a democratização e com os direitos das mulheres, ou seja, um Islã, que não se pode deduzir diretamente da mensagem de Medina.

Tem-se que avaliar o Islã como uma religião agressiva?

No decorrer da sua história, o Islã se mostrou apenas raramente como uma religião agressiva. Às vezes, foi considerado pelos Europeus até como fatalista e bloqueado em suas ações. Por outro lado, é um fato aceitar que o Islã nunca foi explicitamente pacifista, de acordo com a máxima cristã: "A qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra". Aliás, o Cristianismo não seguiu na sua história este princípio do Evangelho de Mateus e desenvolveu uma própria doutrina de guerra santa.

Quando se refere ao Islã como religião agressiva tal avaliação é justificada pela observação de que as raízes desta atitude já se encontram na fase inicial do Islã. Os fatos históricos provam esta imagem pública?

Tem razão, a imagem pública dos primeiros tempos do Islã é freqüentemente a de uma religião que se espalhava "a ferro e fogo", ou seja, de uma religião cujos primeiros adeptos se caracterizavam por um certo fanatismo missionário. Na verdade, foram vários os fatores que levaram à expansão rápida do Islã. Primeiro, tem a ver com o enfraquecimento do Império Romano [do leste] tanto devido às brigas internas religiosas entre os cristãos, quanto por várias ações militares do Império Persa. As tropas islâmicas aproveitaram estas tensões internas inteligentemente procurando aliados, ou seja, unindo-se a judeus, cristãos heréticos, por exemplo coptos do Egito, arianos da Espanha, nestorianos e caldeus da Síria e do Iraque. Assim os muçulmanos ganharam o apoio de grupos locais nas suas tentativas de consolidarem o seu poder. Inicialmente eles não pretenderam exigir a conversão ao Islã, a chamada islamização dos territórios significava somente o estabelecimento de um governo islâmico. Comunidades judaicas e cristãs foram toleradas, contanto que pagassem os seus impostos. Mais tarde, especificamente no decorrer do processo de aculturação árabe, a conversão individual ao Islã foi sendo gradualmente imposta ao povo. Iniciou-se uma onda de islamização e os bastões ainda resistentes foram incluídos rapidamente ao reino islâmico.

Nunca se manifestaram movimentos islâmicos explicitamente pacifistas?

Não tenho conhecimento de nenhum, a não ser que se associe pacifismo a tendências místicas que, por exemplo, declaram que o verdadeiro grande "esforço" para a fé, isto é a tradução literal da palavra jihād, não é a ação militar ou a chamada guerra santa, mas a oração e o jejum. Essa opinião é encontrada com freqüência independentemente de nossa avaliação se ela representa uma atitude pacifista ou não.

Pode-se referir a alguns eventos agressivos por parte de muçulmanos nos últimos anos e elaborar como as ações foram legitimadas como religiosas?

Lembro-me, por exemplo, de uma série de panfletos divulgados no Cairo por grupos extremistas que exigiam, como estratégia muçulmana, a reconquista de todas as regiões antigamente islâmicas. Entre outras, estavam incluídas Jerusalém e Andaluzia. Também pode-se referir ao fato de que a guerra contra Israel ou a guerra do Golfo contra os americanos foram chamadas jihād, o que implica a idéia de que cada muçulmano que morre em combate é um mártir e entra automaticamente no paraíso. Neste sentido, um mártir muçulmano se diferencia do mártir cristão, uma vez que o último ganha a vida eterna por ter morrido por sua fé sem que tenha lutado ativamente por sua religião.

Todavia representantes oficiais da teologia e da jurisdição islâmica sempre se articularam de um jeito muito mais cauteloso e reservado. Quanto a ações terroristas a situação é ainda mais clara: do ponto de vista "ortodoxo" não é adequado legitimá-las como jihād.

A discussão pública mostra a tendência de associar muçulmanos a terroristas...

Essa tendência é inadequada, uma vez que a grande maioria dos muçulmanos são homens e mulheres que nada têm a ver com o terrorismo. Ao contrário, eles o rejeitam da mesma forma que, por exemplo, a maioria dos católicos e protestantes na Europa não se identifica com as posições de católicos e protestantes radicais na Irlanda do Norte. A única maneira de vencer estas generalizações está na ênfase em uma percepção diferenciada, em uma argumentação de acordo com os fatos reais, na necessidade de diferenciar claramente entre a maioria dos muçulmanos de um lado e poucos extremistas do outro.

No momento, tem-se a impressão de que a dicotomia "Ocidente" versus "Oriente" é novamente enfatizada em desfavor do Islã. Enquanto o Ocidente é designado como o "mundo civilizado" o termo Oriente serve quase como um sinônimo de Islã associado com o mal e a barbárie.

A dicotomia "Ocidente" versus "Oriente" tem uma longa história na Europa. Não faz muito tempo que o Oriente foi identificado com espiritualidade e mística, (inclusive a espiritualidade e a mística do Islã), e o Ocidente foi identificado como materialista. Agora o contraste mais atual é entre barbárie e civilização. Mas isto é muito geral e bastante superficial, uma vez que as experiências que os povos dos países islâmicos têm com a Europa e com os Estados Unidos nem sempre confirmam que o Ocidente pode reclamar para si os direitos humanos, a tolerância e um comportamento civilizado. Ao mesmo tempo, há muitos muçulmanos que provam que o Islã reconhece e defende altos valores éticos.

Do ponto de vista muçulmano, a resistência, especialmente contra os Estados Unidos, nasce da preocupação com a globalização e suas conseqüências. Quais raízes religiosas fundamentam esta preocupação?

Muitos muçulmanos no Oriente acham que o chamado "progresso" tem vantagens somente para poucos, enquanto a maioria da população é cada vez mais marginalizada e os jovens não têm perspectivas para o futuro. Antigamente Comunismo, Marxismo e Socialismo criticavam tais tendências e exigiam mais justiça social. Hoje, todas estas ideologias importadas do Ocidente foram deixadas de lado, uma vez que o Capitalismo triunfou depois da queda do bloco do leste. A força que ganhou contribuiu para o crescimento da globalização sem que as calamidades fossem reparadas. É neste contexto que se fortalece a religião que critica a exclusão e marginalização e enfatiza que a situação atual não corresponde à vontade de Deus e ao sentido da sua criação. Segundo o Alcorão, sura 2,30, o ser humano é califa, ou seja, lugar-tenente de Deus, o Criador, na terra. Assim, o homem é visto como um ser criativo e ativo. Todavia, esta competência se perde no círculo vicioso da economia, pois o homem só pode funcionar, mas não participa ativamente. Esta é a crítica religiosa ao status do nosso mundo, articulada por vários representantes do Islã, mas não somente restrita a eles.

Do ponto de vista dos muçulmanos, quais poderiam ser, a longo prazo, as conseqüências da hostilidade contra o Islã?

Corre-se o risco de que o cenário da terrível luta do confronto entre as culturas, que Hungtington chamou de "clash of civilizations" se torne uma séria e sangrenta realidade. De acordo com esta teoria haverá um combate mundial entre culturas e religiões, ou seja, entre o Ocidente e o Islã, como o bastão antiocidental. Será horrível se chegarmos a esta situação.

Na discussão pública sobre o Islã é freqüentemente citado o termo "fundamentalismo". O que implica tal termo?

Originalmente o termo fundamentalismo foi cunhado para designar certas manifestações no Protestantismo americano. No fim dos anos 20, foi transferido para a revolução islâmica no Irã e depois também para outros grupos extremistas no Islã, por exemplo, na Argélia ou no Egito. Finalmente, o termo se impôs como nome genérico para todos os grupos extremistas em todas as religiões. Fala-se atualmente tanto dos fundamentalistas judaicos, hindus ou cristãos quanto dos fundamentalistas muçulmanos. O termo é popular porque sua generalidade serve para reduzir a complexidade ao subsumir grupos diferentes sob a mesma categoria. Assim o termo impede uma percepção detalhada, mas aponta para qualquer aspiração contra a modernização da sociedade, em favor da restauração de padrões tradicionais da vida e das estratégias violentas para realizar suas finalidades.

O grupo do Taleban se transformou a metáfora principal do "Islã fundamentalista". Como se pode caracterizar o Taleban?

Como grupo, o Taleban surgiu no meio de guerreiros muçulmanos no Afeganistão e foi maciçamente apoiado pelo Ocidente para que sua luta fosse direcionada contra os soviéticos. Nesta época, o Ocidente os chamou de guerreiros islâmicos pela liberdade. Depois da queda do bloco do leste e da retirada dos russos, a sua luta também se direcionou contra o Ocidente. Como conseqüência a mídia ocidental os caracterizou de islamistasfundamentalistas e terroristas. O objetivo do Taleban é seu domínio absoluto. Insiste nas formas tradicionais da sociedade que correspondem, do seu ponto de vista, ao Islã. Isso implica também condutas de comportamento das mulheres em oposição a tudo que é comum no Ocidente.

Como o Taleban justificou a destruição das estátuas gigantescas de Budas? Como outros países islâmicos reagiram a esta ação?

O Taleban argumentou que a destruição de estátuas foi uma ação contra a idolatria. Embora tenha admitido que atualmente não se encontra nenhuma prática idolátrica, mostrou-se preocupado com um possível ressurgimento. Por isso decidiram pela destruição profilática das estátuas. Houve reclamações por parte de alguns outros países islâmicos, mas há que se registrar que para estes países tal protesto não foi uma prioridade.

É correto afirmar que quem se engaja no Afeganistão como um missionário cristão corre o risco de ser executado? Isso acontece também em outros países muçulmanos?

Segundo a lei islâmica, ou seja, a sharia, é proibida a tentativa de converter um muçulmano ou uma muçulmana a uma outra religião. Um proselitista pode ser castigado, ou até executado. Todavia em muitos países isso não acontece mais. No Afeganistão, porém, esta prática antiga foi reativada e é provavelmente aplicada em casos específicos. O mesmo vale para Arábia Saudita. Também no Egito, porém menos por razões legais do que pela pressão social, um batismo cristão de um muçulmano ou de uma muçulmana implica o risco de um castigo, tanto para aquele que batiza quanto para o que é batizado. No Alcorão, não se encontra nenhuma uma ordem explícita que se refira a esta prática.

A Ciência da Religião e outras disciplinas podem contribuir para uma resolução do conflito?

A Ciência da Religião e as disciplinas relevantes podem contribuir através de divulgação contínua de informações cientificamente comprovadas , para que não prevaleçam preconceitos, mas conhecimentos sólidos, como base de decisões políticas e sociais. Trata-se de um processo de longa duração e talvez frustrante. Porém é importante que não se perca a esperança de que as ciências possam influenciar o processo.

Professor, se o governo americano o convocasse para uma comissão de ética para incluir especialistas acadêmicos na discussão sobre possíveis reações aos eventos de 11 de setembro em Nova Iorque e Washington, como o Professor argumentaria?

Meu conselho seria o de reagir com prudência, pois acho que o objetivo de cada ação política deveria ser o de isolar o grupo pequeno responsável, para não condenar a grande maioria de muçulmanos e injustamente penalizá-los com os extremistas. É necessário que se convença a maioria a colaborar no combate contra os extremistas. Ao mesmo tempo, é preciso ouvir seus argumentos, levar a sério suas emoções de impotência, de humilhação e da falta de perspectivas para o futuro. É imprescindível ajudá-los a reencontrar esperança e a restabelecer sua auto-estima. Somente assim seria possível uma colaboração a longo prazo. Eu estou convencido de que a maioria dos muçulmanos está disposta a isso.

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