MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Monsenhor João, Arauto do Evangelho - Por Félix Maier

 


Monsenhor João, Arauto do Evangelho

Félix Maier

Na senda da fé, ao Cristo amparado,
Seguiu João Clá, por Deus convocado.
Discípulo firme de um mestre ideal,
Plínio guiou-lhe ao combate moral.

Do Exército herdou honra e valor,
Recebendo medalhas por seu esplendor.
No Largo de São Francisco estudou,
E ao Direito e à Teologia se dedicou.

No fim do milênio, um sonho surgiu,
Arautos do Evangelho, por Deus os uniu.
João Paulo II, com gesto de irmão,
Reconheceu sua grande missão.

À Rainha dos Céus, ergueu devoção,
Criou Regina Virginum com o coração.
As filhas da luz, com votos sagrados,
Foram ao mundo, os céus proclamados.

Ordenado aos sessenta e cinco, com fé,
Mostrou que o tempo não limita quem crê.
Bento XVI deu-lhe honra e respeito,
Por seu zelo à Igreja e seu firme preceito.

Na ciência e cultura, deixou seu legado,
Com revistas e escolas de saber elevado.
Tomás e Aristóteles iluminaram sua visão,
Unindo a razão à divina oração.

Pedra de escândalo para quem o quis calar,
Sua voz contra o erro ousou se alçar.
Desafiou os que a Cristo negavam,
E ídolos falsos nas almas plantavam.

No sofrer da cruz, sua vida findou,
Mas sua alma aos céus rapidamente voou.
No Dia dos Santos, com glória partiu,
E na luz divina para sempre sorriu.

Hoje, no céu, entre anjos a cantar,
João Clá exulta, no eterno altar.
Com Plínio e santos, celebra o Senhor,
Arauto do Evangelho, fiel servidor!


Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias

Breve biografia de um longo e profícuo trabalho:

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias nasceu em São Paulo, no dia 15 de agosto de 1939. Ele era filho de Antonio Clá Díaz, espanhol, e Annitta Scognamiglio Clá Díaz, italiana.
Monsenhor João S. Clá Dias foi discípulo dileto do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, criador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). 
Monsenhor João foi fundador de Arautos do Evangelho, em 1999. Essa associação foi reconhecida pelo Papa João Paulo II, em 2001. 
Monsenhor João serviu o Exército em 1958, recebendo a Medalha Marechal Hermes, uma distinção para os que se destacam em primeiro lugar em cursos ou estágios. 
Cursou Direito no Largo de São Francisco, São Paulo, e posteriormente fez o Doutorado em Teologia e Direito Canônico. 
Criou um ramo feminino dos Arautos do Evangelho, chamado Sociedade de Vida Apostólica Regina Virginum, reconhecida pelo Papa Bento XVI em 2009. 
Foi ordenado sacerdote em junho de 2005, aos 65 anos. 
Em 2008, foi nomeado protonotário apostólico e cônego honorário da basílica papal de Santa Maria Maior, em Roma, pelo papa Bento XVI. 
Em 15 de agosto de 2009, recebeu a medalha Pro Ecclesia et Ponti­ce, pelo zelo apostólico em prol da Igreja e do Papa. 
Fundou o Instituto Filosó­fico Aristotélico-Tomista e o Instituto Teológico São Tomás de Aquino, além da revista científica Lumen Veritatis e a revista de cultura católica Arautos do Evangelho
Monsenhor João se tornou uma "pedra de escândalo" não só entre seus inimigos ateus que o atacavam ferozmente - como já haviam feito com o Dr. Plínio -, mas também entre os de dentro da própria Igreja Católica, como os padres socialistas da Teologia da Libertação, que colocam Cristo em pé de igualdade com o assassino comunista Che Guevara. 
Monsenhor João faleceu em 1 de novembro de 2024, Dia de Todos os Santos, depois de ter sofrido quase uma dezena de tromboses, que o deixaram numa cadeira de rodas por vasto tempo, até o fim da vida. 
Monsenhor João deve estar exultante no céu, cantando aleluias sem parar, em companhia de Plínio Corrêa de Oliveira e tantos outros missionários que deram sua vida pela Igreja Católica.

Para acessar a revista mensal Arautos do Evangelho, clique em https://revista.arautos.org/.



quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Ressuscitei! - Por Félix Maier

 


Ressuscitei!

 Félix Maier 

Andei às cegas por um vale escuro,
Onde assombrações dançavam em meus dias,
O mal no cérebro, um tormento impuro,
Roubava-me o saber, as alegrias.

Não sabia onde estava, nem por quê,
O mundo ao meu redor era miragem.
E até o pão, tão simples de viver,
Tornara-se em meus lábios uma aragem.

Mas eis que surge, em toque de esperança,
Uma neurologista, mãos de fada e luz,
Guiando-me de volta à confiança,

Onde a razão perdida se conduz.
Hoje, ao olhar a vida que abracei,
Declaro ao mundo: Ressuscitei!


Obs.: O soneto foi escrito depois que minha esposa Valdenice dos Santos Maier sofreu uma trombose cerebral e teve desorientação e dificuldade até para se alimentar. Com tratamento adequado no hospital, ela recobrou a lucidez e disse uma palavra que me tocou profundamente: RESSUSCITEI!



sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Dona Encrenca - Por Félix Maier

 

Dona Encrenca

Félix Maier

Na rua apertada, bem turbulenta,
Vive uma mulher que ninguém aguenta.
Chamam-na todos de Dona Encrenca,
É muito marrenta, solta fogo pela venta,

Com voz que ecoa, firme e sedenta,
Resolve os casos de toda tormenta.
Briga, protesta, não fica isenta,
Deixa a vizinhança sempre atenta.

Os moleques correm na mesma pimenta,
Quando ela aparece, ninguém inventa.
Com olhos que brilham, alma azarenta,
Dona Encrenca comanda, é uma tormenta!

Pune o marido com colher de polenta,
Não dá mole nem pra parenta.
Com língua afiada, é peçonhenta,
Até o diabo dela se ausenta.

Já chamaram padre com água benta,
Mas nem reza forte a faz ficar lenta.
Aos cinquenta anos, ainda rabugenta,
Deixa a vizinhança toda atenta.

Mas quem a conhece, jamais lamenta,
Há um coração sob sua vestimenta.
Entre as histórias, uma coisa salienta,
É Dona Encrenca quem a rua movimenta.


Escravidão no Brasil: desculpas e reparações - Por Félix Maier

Francisco Félix de Souza,
o negro que traficava escravos negros.

Escravidão no Brasil: desculpas e reparações

Félix Maier

1. Escravidão no Brasil

A escravidão negra e indígena no Brasil é um estigma que jamais será apagado. Por séculos, foi uma situação considerada tão "normal" que o sonho de muitos escravos negros era se tornarem livres para ter também escravos negros.

Governo pede desculpas à população negra por violações sofridas desde a escravidão
https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/11/21/governo-pede-desculpas-a-populacao-negra-por-violacoes-sofridas-desde-a-escravidao.ghtml

2. Os escravos do escravo

Vida de Francisco Félix de Souza revela como negros negociavam negros.
https://revistapesquisa.fapesp.br/os-escravos-do-escravo/

3. Indenização trilionária

O que muitos movimentos negros querem é indenização trilionária para descendentes de escravos, o que é um absurdo total. Por acaso há algum brasileiro vivo que teve escravos?

Indenizações por escravidão no Brasil podem chegar a R$ 135 tri, diz estudo
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/04/24/escravidao-brasil-indenizacoes-reparacao-r-135-trilhoes-estudo.htm

4. Sobrou para o BB

MPF cobra do Banco do Brasil reparação por apoio à escravidão

https://www.poder360.com.br/poder-justica/mpf-cobra-do-banco-do-brasil-reparacao-por-apoio-a-escravidao/

5. Haverá desculpa de negros?

Se houve negros traficando escravos negros, como Francisco Félix de Souza, ganhando fortunas, é justo que negros também peçam desculpas e contribuam com "reparações". Que movimento negro se habilita a fazê-lo?

6. A Mulher Rei

"A Mulher Rei" é um filme histórico de um grupo de mulheres guerreiras que defenderam o Reino de Daomé (atual Benim) contra ameaças externas de negros e brancos traficantes de escravos, incluindo brasileiros. Cfr. sinopse do filme em https://www.adorocinema.com/filmes/filme-263074/

A Mulher Rei

7. Mama África

A escravidão persiste até hoje na África, com sequestros feitos por tribos rivais. Como exemplo, podemos citar os sequestros de meninas negras cristãs feitos por negros muçulmanos, de modo a forçar casamentos ou levá-las à prostituição, caso do Boko Haram na Nigéria - cfr. em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55973853

8. Escravidão ainda vai render dindim?

Essas ONGs que pedem reparações trilionárias aprenderam rápido com as indenizações feitas por FHC, Lula e Dilma a familiares de terroristas mortos, a terroristas vivos e a "perseguidos políticos". Em 2019, a farra das indenizações já chegava a R$ 9,9 bilhões, podendo chegar a R$ 17,4 bilhões – cfr. em https://istoe.com.br/a-farra-das-indenizacoes/

9. Rastro apagado

O endereço de Istoé (fevereiro de 2019) está indisponível, claro!, os petralhas apagaram.
Em https://www.radiocacula.com.br/exclusivo-a-farra-das-indenizacoes/ há reportagem sobre aquele assunto em Istoé, com imagens. 
Veja mais sobre o assunto em
https://www.facebook.com/watch/?v=2267315213507117



Imagens publicadas pela revista Istoé (Fev/2019).







terça-feira, 19 de novembro de 2024

Universos paralelos - Chat GPT e Félix Maier


Universos paralelos 

Depois de mais um golpe planejado por Bolsonaro e seus estrelados no Whatsapp, apenas no Whatsapp e que até agora não ocorreu, que tal falar sobre universos paralelos?

O que são universos paralelos?
O Chat GPT respondeu:
"Universos paralelos, também conhecidos como multiversos, são uma hipótese teórica que sugere a existência de múltiplos universos além do nosso. Esses universos poderiam ser independentes ou interligados e podem apresentar realidades, leis da física, ou condições completamente diferentes das que conhecemos.
Tipos de universos paralelos:
Multiverso da Física Quântica:
Derivado da interpretação de muitos mundos da mecânica quântica, essa ideia propõe que cada evento quântico cria diferentes ramificações do universo, resultando em uma infinidade de realidades coexistentes.
Universos Bolha (Multiverso Inflacionário):
A teoria inflacionária sugere que o Big Bang pode ter criado não apenas o nosso universo, mas inúmeras "bolhas" de universos, cada uma com suas próprias leis físicas.
Dimensões Extras:
Algumas teorias da física, como a teoria das cordas, postulam que nosso universo é apenas uma fatia de um espaço multidimensional maior, onde outras dimensões ou "universos" podem existir.
Universos Alternativos:
No campo da ficção científica, universos paralelos são frequentemente imaginados como versões alternativas da nossa realidade, com histórias divergentes, como "e se um evento histórico tivesse ocorrido de forma diferente?".
Evidências e Desafios:
Atualmente, não há evidências diretas da existência de universos paralelos, e muitas dessas ideias permanecem especulativas ou difíceis de testar. No entanto, o conceito é investigado por físicos teóricos porque ajuda a explorar os limites do nosso entendimento sobre o cosmos.
No imaginário popular:
Universos paralelos também são tema recorrente na literatura, cinema e cultura pop, inspirando histórias sobre viagens interdimensionais, realidades alternativas e dilemas filosóficos sobre identidade e destino.
Se quiser, posso aprofundar algum aspecto específico!"

***

Uau!
Gostei da teoria dos "universos bolha" que o Big Bang pode ter criado. É mais ou menos como o "cocô bomba" que o bebê solta, um após o outro, junto com um pum. Que tal descobrir esses universos, e mandar para uma bolha os esquerdistas e para outra bolha a turma da direita?
Pum!

F. Maier


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Onde fica mesmo o "gabinete de ódio"? - Por Félix Maier


Onde fica mesmo o "gabinete de ódio"?

Félix Maier

Disse o ministro Alexandre de Moraes que a "bomba" explodida em frente ao STF em 13/11/2024 (na verdade, alguns fogos de artifício lançados por um maluco) é "consequência do discurso de ódio". Bomba? Que bomba? Nuclear ou termonuclear? Uma fake news genuína.
Esqueceu o ministro que o ódio e o desespero de muitos brasileiros, que já ocasionaram vários atos de vandalismo em Brasília (em frente à sede da PF em 12/12/2022, a bomba não detonada colocada no caminhão na véspera do Natal de 2022, o quebra-quebra de 08/01/2023 nos palácios dos Três Poderes e esse foguetório de 13/11/2024), têm uma única origem: a data de 15/04/2021.
Foi nessa data que o STF "descondenou" um criminoso condenado em três instâncias, por unanimidade (9 votos a 0), tornando-o elegível e abrindo caminho para se tornar Presidente da República pela terceira vez.
Assim, falar em "discurso de ódio" só tem sentido se falarmos dos "gabinetes de ódio" de 8 ministros do STF, de onde saíram uma decisão absurda e odienta, verdadeiro golpe contra as leis e a ordem, que tanto ódio vem reverberando no País.
Com essa chicana rasteira, os ministros do STF deram um salto triplo carpado com parafuso jurídico, "dando o dito pelo não dito", tendo parcela de culpa nesses atos radicais recentes, como afirmou Marco Aurélio Mello com acerto - cfr. em https://www.conjur.com.br/2023-jan-09/estado-brasileiro-culpa-incidentes-marco-aurelio/.
Infelizmente, outros atos extremos e desesperados semelhantes poderão ocorrer, graças ao golpe histórico do STF, um estigma pérfido que nunca será apagado.
O STF, para normalização política e pacificação nacional, deveria ter a humildade de fazer um mea culpa frente àquela marota decisão de 15/04/2021. Ao contrário, o STF está cada vez mais dobrando a aposta, de modo a ampliar ainda mais as consequências desse pesado braço totalitário que os conservadores já sofrem faz tempo.


quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Revolta dos Manés - Parte 2 Félix Maier

Revolta dos Manés - Parte 2

Félix Maier

Por volta das 19h30 de 13/11/2024, Francisco Vanderley Luiz, de 59 anos, que nas redes sociais utiliza o codinome “Tiu França”, incendiou um carro que continha fogos de artifício perto do Anexo 4 da Câmara dos Deputados e depois se suicidou em frente ao STF, acionando explosivo na nuca. 


Infelizmente, o serviço de Inteligência do Brasil falhou feio, pois o suicida havia publicado vários prints na internet, de que haveria ataques entre os dias 13 e 16/11 a vários alvos políticos, chamados por ele de “comunistas de merda” – cfr. em https://www.metropoles.com/distrito-federal/na-mira/veja-quem-e-o-homem-que-se-explodiu-na-frente-do-stf.

 

Tanto esse lamentável fato, como a “revolta dos manés” de 08/01/2023, que depredaram os palácios dos Três Poderes, têm uma origem comum: o golpe perpetrado pelo STF, ao “descondenar”, em 15/04/2021, um criminoso condenado em três instâncias, por unanimidade (9 votos a 0) – como já foi abordado por mim (cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2023/01/a-revolta-dos-manes-por-felix-maier.html). A volta do Ogro de Nove Dedos “à cena do crime”, tornando-se Presidente da República pela terceira vez, causou um mal-estar sem fim entre a população brasileira. 


Infelizmente, outros fatos semelhantes poderão ocorrer depois que os “pesos e contrapesos”, que deveriam gerir a Justiça e a harmonia entre os Poderes, foram jogados no Lago Paranoá pelo STF ainda durante o Governo Bolsonaro.



quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Vou me embora pra Treze Tílias - Por Félix Maier

 

Vou me embora pra Treze Tílias


Félix Maier
 

Vou me embora pra Treze Tílias,
Em busca do mítico Shangri-lá,
Onde o tempo suspira e brilha,
E o horizonte perdido está.
 

Lá colherei as frutas do paraíso,
Pêssegos, maçãs, uvas ao sol,
Frutas doces de perder o juízo,
Num Éden em suave arrebol.

Vou me embora pra Treze Tílias,
Onde a paz veste as cores da tradição.
Não há gritos de funk, só doces maravilhas
De uma música nobre, de pura emoção.

Lá, os muros são limpos, sem pichação,
O comércio e as casas estão sempre em paz.
Nessa terra bonita, com meu coração
Vou viver contente, como ninguém mais.

Vou me embora pra essa terra querida,
Onde a paz habita e o amor vigora.
Pra lá levo a minha melhor despedida,
E que Treze Tílias me guarde, acolhedora.
 

E encomendarei aos Thaler minha casa,
Moldada em pinheiro, em imbuia e cedro,
Como obra de arte que a alma abraça,
Por um Michelangelo do talho eterno.

No alto do telhado, um campanário
A soar na paz desse lar esculpido,
Onde o tempo repousa no cenário
E o amor se sente em êxtase vivido.
 

Sob um edredom de penas de ganso,
Com meu amor ao lado, a me aquecer.
Mate e vinho de Videira, nosso descanso,
Enquanto o cuco marca o bem viver.
 

Vou-me embora pra esse refúgio,
Onde o tempo se esquece de andar,
Onde o amor é o doce equilíbrio,
E o viver é um doce vagar.

Vou-me embora pra Treze Tílias,
Onde os sabores fazem dançar.
Entre aromas e especiarias,
Há delícias por todo lugar.

No prato, o Wiener Schnitzel dourado,
Escalope crocante a me conquistar.
Uma festa ao paladar encantado,
Que só lá eu pude encontrar.

Tem Knödel macio, bolinho de glória,
Que a mesa perfuma e me faz sorrir.
E Eisbein com chucrute é a história
De um sabor que não deixa partir.
 

E depois vem o Apfelstrudel quentinho,
Folhado de maçã doce e canela.
Cada mordida é um carinho,
Um pedaço do céu numa tigela.

Vou-me embora pra esse banquete,
De pratos que aquecem o coração,
Treze Tílias, onde o sabor reflete
O afeto e a paz dessa região.
 

Músicos em roupas folclóricas no proscênio,
No preto e branco cantam a tradição.
Em cada acorde de violino vejo o gênio
De uma cidade da mais pura emoção.

Vou-me embora pra Treze Tílias,
Onde o sonho dança sem fim.
Em valsas vienenses, em eterna vigília,
Rodopio com meu amor junto a mim.

Braços dados, rodamos no salão,
Até o mundo começar a sumir.
Girando em êxtase, em plena paixão,
Dançando até o corpo cair.

E então, ao bar, erguerei meu brinde,
Um barril de chope a nos embalar,
Até que o riso se afunde e se finde,
E a eternidade venha nos encontrar.
 

As maçãs de Fraiburgo, o pinhão no fogo,
Tudo tem um sabor de vida e sossego.
Lá não há pressa, só o tempo em jogo,
Sinto cheiro de Edelweiss, um chamego.

Vou me embora pra Treze Tílias agora,
Onde não há violência, nem susto.
Lá onde a vida não corre, mas demora,
E o amor é constante, inteiro e justo.
 

Como nas brumas da Ilha de Avalon,
Sem pressa, num vaporoso sonho sem par,
Meu bem canta From this moment on
Com etérea voz de maçã a nos acalentar.


Fonte de From this moment on - https://www.youtube.com/watch?v=DcaUFoH2pZs

Currículum vitae e memórias de Félix Maier - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/felix-maier-curriculum-vitae.html


quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Revolução comunista em dois tempos - Por Félix Maier

Lênin discursando para uma multidão.


Revolução comunista em dois tempos

Félix Maier


Segundo A. S. Cohan, em seu livro Teorias da Revolução, “a revolução é, por definição, mudança violenta e não-legal”. Segundo o autor, a Revolução acarreta as seguintes mudanças:

1) alteração dos valores ou mitos da sociedade; 2) alteração da estrutura social;
3) alteração das instituições;
4) mudanças na formação da liderança, seja no quadro de pessoal da elite, seja na sua composição de classe;
5) transferência não-legal ou ilegal de poder; e
6) presença ou predominância de comportamento violento tornado evidente nos acontecimentos que conduzem à queda do regime.

“O autor [Eugen Rosenstock-Huessy] também observa que todas as revoluções modernas se distinguem por sua luta contra a Igreja. Das grandes revoluções, segundo Huessy, emergiram as quatro formas de governo, conforme descritas por Aristóteles: monarquia, aristocracia, democracia e tirania. (...) A rotação (de regimes) não é mecânica, nem sem sentido, porque o impulso da primeira revolução é preservado na consciência das seguintes. As quatro divisões europeias - o príncipe Protestante, o fidalgo Puritano, o cidadão Jacobino e o proletário Bolchevique - avançam numa formação que no exército de chama ‘marcha em escalões’” (SILVA, 1985: 45). (*)

“Camus acentua que todas as revoluções modernas só vieram a reafirmar o papel do Estado: 1789 produziu Napoleão; 1848 trouxe Napoleão III; 1917, Stálin; 1920, Mussolini; A República de Weimar, Hitler. Desse modo, o profético sonho de Marx e as antecipações de Hegel ou Nietzsche terminaram por originar, depois da aniquilação da Cidade de Deus, um estado, às vezes racional, às vezes irracional, mas sempre aterrorizante” (idem, pg. 47).

Modelos históricos de tomada do poder: levante armado, guerra civil revolucionária, guerra foquista, via pacífica para o socialismo ou “etapismo” (revolução em dois tempos), rebelião parlamentar e via parlamentar.

A revolução esquerdista também age para neutralizar as “trincheiras da burguesia”, a saber: Judiciário, Congresso Nacional, Executivo, partidos políticos burgueses, Forças Armadas, aparelho policial, Igreja Católica e sistema econômico capitalista. “A fatalidade das revoluções é que sem os exaltados é impossível fazê-las e com eles é impossível governar” (Joaquim Nabuco).

A Revolução Russa, de 1917, foi exemplo de uma "revolução em dois tempos", a "via pacífica para o socialismo" ou "etapismo", como também ocorreu em Cuba.

Na Rússia, no "primeiro momento", Alexander Kerensky assume o poder, em fevereiro de 1917, com a queda do Czar Nicolau II. Esse fato histórico poderia ser chamado de "abril branco", uma expressão usada pelos historiadores para se referir às "Teses de Abril", que foram as críticas de Lênin contra o governo provisório de Kerensky.

No "segundo momento", houve o "outubro vermelho", ainda no ano de 1917, quando Vladimir Lênin e os bolcheviques tomam o poder na Rússia e instalam o comunismo. Kerensky foge do país e tem início uma guerra civil na Rússia, vencida pelo Exército Vermelho de Lênin, em 1923, com o comando decisivo de Leon Trotsky.

Em Cuba, ocorreu também uma "revolução em dois tempos".

A vitória de Fidel Castro, Che Guevara e seus kamaradas, que desceram da Sierra Maestra e entraram vitoriosos em Havana em 1 de janeiro de 1959, fechou a "primeira fase da revolução", vendida ao mundo inteiro como uma "revolução democrática", para a derrubada do ditador Fulgêncio Batista. O New York Times foi o principal marqueteiro dessa mentira do século, na pessoa do jornalista Herbert L. Matthews, que pode ser visto no livro O homem que inventou Fidel, de Anthony DePalma (cfr. reportagem em https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-homem-que-inventou-fidel/ ) Em consequência, o governo dos EUA enviou grande quantidade de armamento a Fidel Castro, para a vitória final.

O "segundo tempo" da Revolução Cubana ocorreu em 1961, depois da desastrada invasão de anticastristas na Baía dos Porcos, em Cuba, com auxílio porco da CIA, que prometeu ajuda aos revoltosos, porém entregou de bandeja os antirrevolucionários nas garras de Fidel Castro. Nesse ano, caiu a máscara de Fidel, que se apresentou ao mundo como realmente sempre foi: um comunista convicto, realizando aliança estratégica com a Rússia comunista. Fidel Castro foi mais esperto que o russo do "abril branco": se tornou ao mesmo tempo o Kerensky e o Lênin do "outubro vermelho" da Ilha do Caribe, até sua morte.

No Chile, também haveria uma "revolução em dois tempos".

Com o recebimento de toneladas de armamento vindas de Cuba e o apoio de partidos comunistas e socialistas como Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), Unidad Popular (UP) e Frente Manuel Rodriguez (FMR), no "primeiro momento" Salvador Allende decretaria uma "revolução democrática" no Chile, após matar os oficiais do Alto Comando em um banquete programado para ocorrer no dia da independência do país - cfr. "Plano Z" em Allende e Pinochet, o mito e a realidade, de Félix Maier - https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/allende-e-pinochet-o-mito-e-realidade.html.

Não se sabe quem seria o líder revolucionário comunista que assumiria o poder no Chile num "segundo momento", já que o "Plano Z" previa um atentado contra a vida de Salvador Allende. Allende seria apenas o Kerensky da Revolução Comunista do Chile, evitada pelo general Augusto Pinochet, em 1973.

Como se sabe, Salvador Allende tinha uma guarda pretoriana composta por militares cubanos, assim como tiveram depois os ditadores da Venezuela, Hugo Chávez e Nicolas Maduro. Tudo indica que Allende não se suicidou, nem foi morto por militares chilenos, mas foi fuzilado por um agente cubano - cfr. artigo de Eduardo Mackenzie publicado em 2005 no site Mídia Sem Máscara, em
https://felixmaier1950.blogspot.com/2024/10/cuba-nostra-os-segredos-de-estado-de.html

E o Brasil atual, está ainda no "primeiro tempo" da revolução socialista/comunista pretendida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e seus genéricos (PCdoB, PSol, PSTU, PCO etc.) ou já está nos acréscimos do "segundo tempo"?

(*) 
SILVA, Nelson Lehmann da. A Religião Civil do Estado Moderno. Thesaurus, Brasília, 1985.

Adendo:

Carta de Fidel Castro para Salvador Allende

No início de agosto de 1973, um mês antes do contragolpe militar realizado pelo general Augusto Pinochet, Fidel Castro mandou ao Chile dois de seus maiores “especialistas” em organização de violência política: o 1º Ministro-substituto, Carlos Rafael Rodriguez, e o chefe da temida polícia secreta, Manuel Pineiro, o “barbarroxa”, com a seguinte carta (Tradução do Capitão do Exército, José A. da Rocha, ex-auxiliar de Adido Militar no Chile; o teor da carta original, em espanhol, pode ser conferida em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/a-pedra-de-roseta-do-caribe-por-felix.html):

“Havana, 29 de julho de 1973

Querido Salvador

Com o pretexto de discutir contigo questões referentes à reunião de países não-alinhados, Carlos e Piñero realizam uma viagem para aí. O objetivo real é informar-se contigo sobre a situação e oferecer-te, como sempre, nossa disposição de cooperar frente às dificuldades e perigos que obstaculizam e ameaçam o processo. A estada deles será muito breve, porquanto têm aqui muitas obrigações pendentes e, não sem sacrificar seus trabalhos, decidimos que fizessem a viagem.

Vejo que estão, agora, na delicada questão do diálogo com a D. C. (Democracia Cristã) em meio aos graves acontecimentos, como o brutal assassinato de seu Ajudante-de-Ordens Naval e a nova greve dos donos de caminhões. Imagino a grande tensão existente devido a isso e teus desejos de ganhar tempo, melhorar a correlação de forças para o caso de que comece a luta e, se possível, achar um caminho que permita seguir adiante o processo revolucionário sem guerra civil, junto com salvar tua responsabilidade histórica por aquilo que possa ocorrer.

Estes são propósitos louváveis.

Mas, no caso da oposição, cujas reais intenções não estamos em condições de avaliar daqui, empenhar-se em uma política pérfida e irresponsável exigindo um preço impossível de pagar pela Unidade Popular e a Revolução, o qual é, inclusive, bastante provável, não esqueças, por um segundo, da formidável força da classe trabalhadora chilena e do forte respaldo que te ofereceram em todos os momentos difíceis; ela pode, a teu chamado, ante a Revolução em perigo, paralisar os golpistas, manter a adesão dos vacilantes, impor suas condições e decidir de uma vez, se for preciso, o destino do Chile. O inimigo deve saber de que dispões do necessário para entrar em ação. Sua força e sua combatividade podem inclinar a balança na capital a teu favor, inclusive, quando outras circunstâncias sejam desfavoráveis.

Tua decisão de defender o processo com firmeza e com honra, mesmo com o preço da própria vida, que todos te sabem capaz de cumprir, arrastarão a teu lado todas as forças capazes de combater e todos os homens e mulheres dignos do Chile. Teu valor, tua serenidade e tua audácia nesta hora histórica de tua pátria e, sobretudo, teu comando firme, decidido e heroicamente exercido, constituem a chave da situação.

Faz Carlos e Manuel saberem em que podem cooperar teus leais amigos cubanos.

Te reitero o carinho e a ilimitada confiança de nosso povo.

Fraternalmente,

Fidel Castro”

***

A "Revolução de Outubro" foi um golpe, não uma revolução

Ryan McMaken* – Instituto Mises Brasil

Uma função fundamental da propaganda sempre foi desmoralizar a oposição. Do ponto de vista dos propagandistas, é importante sempre dar a impressão de que o lado deles é o lado da maioria e o mais popular. Testemunhamos isso em ação nos últimos anos com o aumento da censura destinada a "combater a desinformação". Ao suprimir pontos de vista dissidentes, o regime diminui o acesso a ideias "não ortodoxas", mas há uma função secundária importante: suprimir o discurso dissidente também dá a impressão de que os dissidentes são menos numerosos e mais isolados do que realmente são. Ao garantir que certas vozes dominem a praça pública, os propagandistas ajudam a criar um senso de inevitabilidade do programa do regime. Isso facilita uma maior aceitação pública da vitória inevitável dos propagandistas. Afinal, por que se preocupar em resistir se o outro lado é tão popular e o seu lado é apenas uma pequena minoria?

Os socialistas e seus aliados há muito tempo são muito hábeis em usar esses métodos, e poucos tinham um domínio maior deles do que V.I. Lenin. Durante a maior parte do século XX, os sucessores de Lenin empregaram seus métodos, retratando com sucesso a disseminação de regimes socialistas como o resultado inevitável de enormes movimentos de massa comunistas. A esquerda pós-soviética moderna ainda emprega táticas semelhantes, retratando-se como estando do "lado certo da história" e como a posição majoritária legítima.

No entanto, até que ponto muitas dessas "revoluções" do século XX foram verdadeiramente revoluções sempre esteve em questão. Muitas dessas mudanças de regime socialista poderiam ser descritas com muito mais precisão como um golpe de Estado no qual uma pequena minoria assumiu o controle do Estado sem o apoio da maioria ou quaisquer movimentos revolucionários de massa de baixo para cima.

Por exemplo, a chamada "Revolução de Outubro" na Rússia não foi uma revolução, mas um golpe realizado por uma pequena minoria. Na versão socialista da história, a Revolução de Outubro foi um "movimento popular" de baixo para cima dedicado a ajudar Lenin e os bolcheviques a derrubar o governo provisório social-democrata. Essa narrativa foi fundamental para estabelecer a legitimidade do regime de Lenin. Nessa visão, Lenin estava apenas dando ao "povo" o que ele queria. O retrato do golpe de outubro como uma revolução das massas também dá a impressão de que a virada para o comunismo foi o resultado inevitável e desejado do desdobramento das tendências históricas. Naturalmente, essa visão da história encoraja os socialistas enquanto desmoraliza seus oponentes.

No entanto, os fatos históricos nos dizem que a maior vitória política do socialismo – a criação da União Soviética – não foi inevitável nem uma resposta às demandas de uma maioria revolucionária.

Golpe ou revolução?

Durante décadas após a instalação do regime soviético de Lenin, historiadores e especialistas em geral obedientemente empregaram o termo "Revolução de Outubro" para descrever a mudança de regime. Nas décadas mais recentes, no entanto, muitos historiadores adotaram uma abordagem menos crédula em relação à terminologia escolhida.

Na década de 1970, até mesmo muitos historiadores soviéticos negaram que a Revolução Russa fosse uma manifestação legítima de um movimento de massa. Em sua historiografia do debate sobre o uso do termo "revolução", Nina Bogdan observa que vários historiadores exilados e dissidentes neste período começaram a contradizer o "mito simplista da Revolução de 1917" que era a visão geralmente aceita. Ela escreve que esses historiadores duvidaram da história oficial e, posteriormente, chegaram à conclusão de que os bolcheviques tomaram o poder por meios ilegítimos, referindo-se ao evento de outubro de 1917 como uma "tomada do poder", "golpe de Estado" ou "motim".

O historiador Orlando Figes - autor de A Tragédia do Povo: A Revolução Russa, 1891-1924 - refere-se ao evento como um "golpe". Além disso, de acordo com Figes, um golpe era a tática preferida de Lenin, pois permitia que ele fizesse uma corrida final em torno do novo Congresso Soviético. Na época, o Congresso desfrutava de algum grau de verdadeiro apoio popular, mas estava sob a influência de uma variedade de facções concorrentes não leais a Lenin.

Da mesma forma, Richard Pipes, em seu livro A Revolução Russa, emprega consistentemente os termos "golpe de outubro" ou "golpe bolchevique" para descrever o evento e observa como os quadros de Lenin trabalharam ativamente contra as coalizões mais amplas e populares para tomar o poder por meio de uma pequena, mas bem organizada e bem armada, milícia pessoal. Como diz Ralph Raico, "a chamada Revolução de Outubro - o que os comunistas por décadas chamaram de Grande Outubro ou Outubro Vermelho - foi simplesmente um golpe de estado de alguns milhares de Guardas Vermelhos".

Uma "revolução" de uma pequena minoria

Se Lenin não tinha o apoio da maioria, como ele realizou essa "revolução"? A resposta está em como Lenin usou uma combinação de propaganda, sigilo e organização política em um ambiente onde nenhum regime havia estabelecido legitimidade com segurança.

Para entender isso, precisamos ter em mente que, no final de 1917, a monarquia já havia sido derrubada durante a Revolução de Fevereiro. Isso foi seguido pela proclamação oficial de uma república em setembro. A monarquia já havia se tornado extremamente impopular ao prolongar o envolvimento da Rússia na Primeira Guerra Mundial. A população - de aproximadamente 125 milhões na época - sofreu mais de 1,2 milhão de mortes na guerra e mais de 7 milhões de vítimas no total. Infelizmente, o governo provisório - que poderia ter obtido aclamação popular ao encerrar o envolvimento russo na guerra - recusou-se a sair da guerra. Isso permitiu que os bolcheviques ganhassem mais tarde algum grau de apoio de grande parte da população, prometendo pedir a paz.

Foi nesse ambiente que Lenin e os bolcheviques projetaram seu golpe.

Há pouca evidência de que o público em geral em São Petersburgo ou Moscou estivesse clamando por uma tomada violenta do poder pelos leninistas. Em vez disso, como Pipes coloca, foi o tenente de Lenin, Leon Trotsky, que "[com] o domínio supremo das técnicas do golpe de estado moderno, do qual ele foi indiscutivelmente o inventor, ... levou os bolcheviques à vitória".

A maior dessas técnicas era a propaganda da principal fonte de poder coercitivo do regime, as guarnições militares:

os bolcheviques fizeram grandes esforços para fazer propaganda dos soldados nas guarnições de Petrogrado assim que ocorreu a Revolução de Fevereiro, e os desencorajaram de retornar ao front, de modo que, em outubro, eram os soldados que estavam na vanguarda para liderar qualquer ação militar em apoio aos bolcheviques, não os trabalhadores.

Em contraste, "os trabalhadores" e a população em geral foram mantidos no escuro quanto aos planos dos bolcheviques. Lenin até escondeu seus planos de golpe do Congresso Soviético. Simultaneamente, Lenin alegou estar trabalhando com ordens do Congresso em um esforço para obter o apoio de socialistas de todos os partidos.

Em vez disso, de acordo com Pipes, "como o golpe não foi autorizado [pelo Segundo Congresso dos Sovietes] e tão silenciosamente realizado, a população de Petrogrado não tinha motivos" para suspeitar que algo importante havia acontecido.

Ninguém, exceto um punhado de princípios, sabia o que havia acontecido: que a capital estava nas mãos de ferro dos bolcheviques armados e que nada seria o mesmo novamente. Lenin disse mais tarde que começar a revolução mundial na Rússia era tão fácil quanto "pegar uma pena".

Mesmo entre as guarnições militares propagandeadas, a participação em favor dos bolcheviques era muito limitada. Nikolai Sukhanov estima que, "da guarnição de 200.000, apenas um décimo entrou em ação, provavelmente muito menos". Por outro lado, como o governo provisório era tão impopular, muitos dentro da guarnição não estavam interessados em fazer muito para deter os bolcheviques.

A verdadeira história da "revolução" de outubro não é a de uma revolta popular, mas a aquiescência resignada de uma população desesperada pelo fim da guerra devastadora. Os bolcheviques prometeram paz tanto para os militares importantes quanto para o público em geral.

Uma vez que os bolcheviques assumiram o controle da máquina burocrática do Estado, o partido foi capaz de empregar toda a panóplia de empregos públicos e esmolas "gratuitas" para apoiadores dispostos a lutar contra os remanescentes dos antigos regimes.

A batalha de ideias

Mesmo com esse poder - e com o poder de expandir amplamente os esforços de propaganda - o novo regime de Lenin foi forçado a passar cinco anos lutando contra dissidentes na Guerra Civil russa. Isso ocorre porque, como observou Ludwig von Mises, "em uma batalha entre a força e uma ideia, esta última sempre prevalece". Assim, nem mesmo as táticas brilhantes de Lenin e Trotsky foram suficientes para anular a necessidade de vitórias bolcheviques na batalha de ideias.

Mesmo com uma vitória tática inicial por meio do golpe, os bolcheviques ainda precisavam garantir um apoio político mais amplo para reprimir definitivamente a resistência. Isso foi possível graças aos esforços agressivos de "educação" apoiados pelo regime. Essa "educação" - mais precisamente descrita como propaganda - foi financiada e promulgada por uma vasta gama de instituições governamentais, incluindo a mídia controlada pelo Estado. A propaganda serviu tanto para criar verdadeiros crentes quanto para pacificar os céticos. A propaganda reduziu as massas de oponentes ativos a números que poderiam ser mais facilmente "liquidados" no Gulag.

A propaganda leninista também foi ajudada pela natureza das inclinações ideológicas de longa data entre a própria população russa. Como a industrialização era relativamente limitada no Império Russo no início do século XX, o Império carecia de uma população considerável de liberais burgueses com os meios e a inclinação para se opor aos bolcheviques em números substanciais. Além disso, na Rússia de 1917, o público em geral havia sido treinado para simplesmente suportar o despotismo e os golpes palacianos. Com os golpes de 1907 e fevereiro de 1917 ainda frescos em suas mentes, muitos russos comuns podem ter assumido (erroneamente) que o golpe de outubro foi simplesmente mais do mesmo.

A indiferença e a ambivalência públicas, no entanto, estão muito longe do "levante popular" que a esquerda socialista há muito afirma ter impulsionado a tomada do poder pelos bolcheviques. Tal como acontece com os partidos governantes e conspiradores de nosso próprio tempo, a tomada e aplicação do poder político em outubro de 1917 foi impulsionada em grande parte pelo uso efetivo do sigilo, da propaganda e do poder coercitivo de uma pequena minoria.

Ryan McMaken: é bacharel em economia e mestre em políticas públicas e relações internacionais pela Universidade do Colorado. É editor sênior do Mises Institute. Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Fonte: https://mises.org.br/artigos/3476/a-revolucao-de-outubro-foi-um-golpe-nao-uma-revolucao


Cuba Nostra, os segredos de Estado de Fidel Castro - Por Eduardo Mackenzie

Cuba Nostra, os segredos de Estado de Fidel Castro


por Eduardo Mackenzie em 27 de setembro de 2005


Resumo: A revelação do ocorrido a Salvador Allende não é interessante somente para os historiadores da aventura da Unidad Popular, mas também para os novos amigos latino-americanos de Fidel Castro.


© 2005 MidiaSemMascara.org


Salvador Allende não se suicidou, nem morreu sob as balas dos militares golpistas em 11 de setembro de 1973. Durante o assalto contra o palácio La Moneda, o presidente do Chile foi covardemente assassinado por um dos agentes cubanos que eram encarregados de sua proteção. Em meio aos bombardeios da aviação militar, o pânico se havia apoderado dos colaboradores do chefe de Estado socialista e este, em vista da desesperada situação, havia pedido e obteve breve cessar fogo e estava, finalmente, decidido a cessar toda a resistência. Segundo uma testemunha dos fatos, Allende, morto de medo, corria pelos corredores do segundo andar do palácio gritando: “Há que render-se!”. Antes que pudesse fazê-lo, Patricio de la Guardia, o agente de Fidel Castro encarregado direto da segurança do mandatário chileno, esperou que este voltasse a seu escritório e lhe disparou sem mais nem menos uma rajada de metralhadora na cabeça. Em seguida, pôs sobre o corpo de Allende um fuzil para fazer crer que este havia sido ultimado pelos atacantes e voltou correndo ao primeiro andar do edifício em chamas onde o esperavam os outros cubanos. O grupo abandonou o palácio de La Moneda sem qualquer dificuldade e se refugiou minutos depois na embaixada de Cuba, situada a pouca distância dali.

Esta versão do fim dramático de Salvador Allende, que contradiz as duas anteriores quase oficiais, dadas, quer seja por Fidel Castro (a tese da heróica morte em combate), quer seja pela Junta militar chilena (a do suicídio), emana nada menos do que de dois antigos membros de organismos secretos cubanos, muito bem informados acerca desse sangrento episódio e hoje exilados na Europa.

Em um livro que as Edições Plon acabam de publicar em Paris, intitulado “Cuba Nostra, les secrets d’Etat de Fidel Castro”, Alain Ammar, um jornalista especialista em Cuba e América Latina, analisa e confronta as declarações que lhe deram Juan Vives e Daniel Alarcón Ramírez, dois ex-funcionários da inteligência cubanos.

Exilado desde 1979, Juan Vives é um ex-agente secreto da ditadura e sobrinho de Osvaldo Dorticós Torrado, o presidente cubano de opereta que reinou de 1959 a 1976, e que foi “suicidado” em obscuras circunstâncias em 1983. Vives conta que em novembro de 1973, em um bar do hotel Habana Libre, onde alguns membros dos órgãos de segurança do Estado costumavam reunir-se aos sábados para beber cerveja e trocar de maneira informal fofocas e informações de todo tipo, escutou do mesmo Patricio de la Guardia, chefe das tropas especiais cubanas presentes em La Moneda no fatídico 11 de setembro de 1973, essa arrepiante confissão.

Durante anos, Vives não quis dar a conhecer essa informação pois, como diz, “era perigoso fazê-lo” e porque não havia até esse momento nenhum outro responsável cubano no exílio que pudesse confirmar o caráter fidedigno desses fatos. Quando soube que Daniel Alarcón Ramírez, codinome “Benigno”, um dos três sobreviventes da guerrilha de Ernesto Guavara na Bolívia, encontrava-se também exilado na Europa, a idéia de dar a conhecer esses graves fatos voltou a ganhar força.

No livro de Alain Ammar, “Beingno” confirma plenamente a narração de Vives. Ambos conheceram Salvador Allende e sua família. Ambos viveram no Chile durante o governo de Allende. Ambos escutaram, em momentos diferentes, a confissão de Patricio de la Guardia em seu regresso à Havana.

O livro de Ammar descreve com precisão os últimos meses do governo da Unidad Popular e, sobretudo, mostra o avançado grau de controle direto que Fidel Castro havia conseguido instalar – mediante suas centenas de espiões da DGI (um serviço cubano de Inteligência), operadores e agentes de influência implantados em Santiago –, sobre o presidente Salvador Allende, sobre seus ministros e até sobre seus amigos e colaboradores mais íntimos. De fato, a chamada “via chilena ao socialismo” havia sido desviada pelo castrismo até o ponto em que dentro do governo de Allende houve vozes que criticavam essa brutal ingerência. Meses antes de sua morte, Salvador Allende já havia sido “instrumentalizado por Castro”, explica Juan Vives. “Porém Allende não era o homem que Havana queria ter no poder em Santiago. Os que Castro e Piñeiro [braço direito de Castro em operações de espionagem na América Latina, morto recentemente em Cuba de um enfarte] preparavam para a substituição, às costas do mesmo presidente Allende, eram Miguel Henriquez, principal dirigente do MIR e Pascal Allende, número dois do MIR, do mesmo modo que Beatriz Allende, a filha mais velha do presidente, que também pertencia ao MIR”. Beatriz morreria em Cuba, em 1974.

Esse controle sobre o chefe de Estado chileno se havia agudizado notavelmente após a primeira tentativa de golpe militar, em 29 de junho de 1973, mais conhecido como o “tancaço”. Quando Havana soube que os chilenos que cercavam o presidente estavam assustados, Fidel Castro fez saber que Allende não podia em nenhuma circunstância reder-se nem pedir asilo político em uma embaixada. “Se ele devia morrer, devia morrer como um herói. Qualquer outra atitude, covarde e pouco valente, teria repercuções graves para a luta na América Latina”, lembra Juan Vives. Por isso, Fidel Castro deu a ordem a Patricio de la Guardia de “eliminar Allende se no último momento este cedesse ante o medo”.

Pouco depois dos primeiros ataques à La Moneda, Allende mesmo havia dito a Patricio de la Guardia que tinha que pedir asilo político a embaixada da Suécia. O mandatário havia, inclusive, designado Augusto Olivares, seu secretário de imprensa, para fazê-lo. Provavelmente por isso, Olivares, codinome “el perro”, foi também eliminado pelos cubanos antes que estes enfileirassem baterias contra o presidente do Chile. “Recrutado pela DGI cubana, Olivares transmitia até os mais mínimos pensamentos de Allende a Piñeiro, que, por sua vez, informava a Fidel”, declara Juan Vives.

Outro guarda-costas chileno de Allende, um tal Agustín, foi também “fuzilado” pelos cubanos nesses momentos dramáticos, segundo a declaração feita por “Benigno”, ao autor do livro. Semanas depois do golpe de Estado, Patricio de la Guardia havia revelado a “Benigno” o fim de Agustín, irmão de um amigo seu que vive ainda em Cuba, e lhe havia dado outro detalhe importante sobre o ocorrido durante essa trágica manhã no palácio La Moneda: antes de metralhá-lo, o agente cubano havia agarrado Salvador Allende com força, que queria sair do palácio, e o havia sentado em sua cadeira presidencial gritando: “Um presidente morre em seu lugar!”

A versão do assassinato de Allende à queima-roupa não era de todo desconhecida. Em 12 de setembro de 1973 várias agências, entre elas a AFP, resumiram em quatro linhas esse fato. Publicado no dia seguinte por Le Monde, o cabo dizia: “Segundo fontes da direita chilena, o presidente Allende foi morto por seu guarda pessoal no momento em que pedia cinco minutos de cessar fogo para render-se aos militares que estavam a ponto de entrar no palácio La Moneda”. Ammar indica que essa hipótese “foi enterrada imediatamente”, pois ela não convinha a ninguém: “nem aos colaboradores de Allende, nem à esquerda chilena, nem a seus amigos no estrangeiro, nem aos militares nem, sobretudo, a Fidel Castro...”.

A confirmação que essa, até há pouco “hipótese”, acaba de receber da parte de Juan Vives e Daniel Alarcón Ramírez, poderia ser reforçada no futuro pelos testemunhos de outros funcionários cubanos silenciados até agora e pelos documentos que se encontram fora de Cuba. Com efeito, em um banco do Panamá repousaria a peça mestra deste magnicídio. Segundo os autores do livro, Patricio de la Guardia, condenado a trinta anos de cárcere durante o processo-farsa contra o general de divisão Arnaldo Ochoa Sánchez, e hoje em residência vigiada, haveria depositado no cofre de um banco panamenho um documento comprometedor no qual descreve, dentre outras coisas, o assassinato de Allende por ordem de Castro, texto que deveria ser revelado em caso de morte de Patricio de la Guardia. Fidel Castro, segundo os autores do livro, teria levado muito a sério essa ameaça e teria feito com que este escapasse ao fuzilamento, à diferença de Tony, irmão de Patricio, que junto com o general Ochoa e outros dois funcionários do Ministério do Interior, foi passado pelas armas em 13 de julho de 1989.

A revelação do ocorrido a Salvador Allende não é interessante somente para os historiadores da calamitosa aventura da Unidad Popular no Chile. É, igualmente, e de quê maneira, para os novos amigos latino-americanos de Fidel Castro, especialmente para o presidente Hugo Chávez da Venezuela. Hugo Chávez e os outros, por mais chefes de Estado confiáveis que possam ser para Havana, como pode ter sido em sua ocasião, ao menos nos papéis, o presidente Allende, poderiam estar sendo agora objeto de idênticas tramas sinistras de controle e de dominação física e política direta, por parte dos mesmos serviços que fizeram tão bestialmente contra o presidente do Chile. O livro de Alain Ammar aborda, em suas 425 páginas, muitos outros temas e episódios relacionados com as complicadas e nem sempre exitosas operações secretas de Havana, em Cuba e em vários países. Esperamos que uma tradução para o espanhol desse livro seja posta rapidamente nas livrarias.


Fonte: http://www.canf.org (Cortesia da lista “ABAJO CADENAS”)


Tradução: Graça Salgueiro