MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Terrorismo no Peru pode ter resultado em 75 mil mortes - Por Hector Mata

 AMÉRICA LATINA


Comissão Verdade e Reconciliação apresenta relatório hoje

Terrorismo no Peru pode ter resultado em 75 mil mortes

Hector Mata - 24.set.1992/France Presse






O líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, preso em 1992 e exibido como troféu numa jaula


DA FRANCE PRESSE

O relatório final da Comissão Verdade e Reconciliação, que será divulgado hoje no Peru, elevará para 75 mil o número de mortos durante a guerra interna entre os grupos terroristas peruanos, em especial o Sendero Luminoso, e as forças de segurança do país de 1980 a 2000.
A cifra, ainda não divulgada oficialmente, foi obtida pela agência de notícias France Presse e, se for confirmada, será superior às expectativas da própria comissão, que anteriormente estimou haver entre 40 mil e 60 mil mortos, e também de grupos de defesa dos direitos humanos.
"É muito mais do que se esperava. As cifras que tínhamos era de até 35 mil mortos", disse à Folha Francisco Soberon, secretário-executivo da Coordenação Nacional de Direitos Humanos, que reúne 61 organizações da área.
Soberon disse, porém, preferir esperar pela divulgação oficial do relatório, hoje, para comentar a cifra. "Vamos esperar a apresentação oficial para opinar", disse ele, por telefone, de Lima.
O relatório final, com nove volumes e cerca de 6.500 páginas, deverá incluir os crimes cometidos pelos terroristas contra a população, membros da sociedade civil, autoridades, policiais e soldados e também os de responsabilidade das forças de segurança.
Durante os 20 anos de guerra interna, a população foi especialmente atingida, principalmente os habitantes de áreas rurais e de pequenas cidades, que muitas vezes se viram no meio do fogo cruzado entre os ataques dos grupos terroristas e a repressão desencadeada pelas forças de segurança.
As conclusões da comissão, fundada em 2001, alguns meses após a fuga do então presidente, Alberto Fujimori, para o Japão, em novembro de 2000, serão entregues hoje aos presidentes do Peru, Alejandro Toledo, do Congresso, Henry Pease, e da Corte Suprema de Justiça, Hugo Sivina.
Segundo um dos 12 integrantes da comissão, o padre Salomón Lerner, reitor da Universidade Católica de Lima, o relatório denunciará mais de cem militares responsáveis por graves violações aos direitos humanos.
Embora o objetivo do trabalho seja buscar a reconciliação entre os peruanos, a comissão não deverá propor algum tipo de perdão aos terroristas do Sendero atualmente presos-muitos deles condenados em julgamentos quase sumários, que não respeitaram os padrões processuais reconhecidos internacionalmente.
Estima-se que haja mais de 2.000 membros do grupo nas prisões, entre eles seu líder máximo, Abimael Guzmán, capturado em 1992, no primeiro mandato de Fujimori. A prisão levou ao desmantelamento do Sendero, que nunca mais se recuperou.
O Sendero, de inspiração maoísta, é apontado como o principal responsável pela guerra interna. Na tentativa de tomar o poder pelas armas, o grupo empregou métodos extremamente violentos, comparados aos praticados pelo Khmer Vermelho, que tomou o poder no Camboja entre 1975 e 1979 e executou centenas de milhares.
Pesquisa divulgada ontem mostra que 63,7% dos peruanos culpa o Sendero e outros movimentos extremistas -como o MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru)- pela violência política que assolou o país.
Apenas 23,3% crêem que o Estado e as Forças Armadas tenham sido responsáveis pela guerra interna. Entretanto, 85,4% dos entrevistados disseram ser importante saber a verdade sobre o que aconteceu no país. O levantamento foi feito pela Universidade de Lima (capital) e tem margem de erro de 4 pontos percentuais.
Além de determinar o número de mortos, a Comissão Verdade e Reconciliação deve propor a abertura de processos contra os responsáveis e sugerir reparações às vítimas ou a seus familiares.

Colaborou a Redação

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