MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Pé na Cova planeja uma boa morte - Por Félix Maier

 

Pé na Cova planeja uma boa morte

Félix Maier

Pé na Cova acordou mais cedo do que de costume naquela terça-feira. O relógio marcava 5h27, e o galo do vizinho, um animal de vocação suicida, ainda nem tinha se animado a cantar. Sentou-se na beira da cama, estalando os joelhos como quem abre uma gaveta velha, e suspirou com aquele ar de quem está revendo o filme da própria vida — mas um filme de baixo orçamento, com som ruim e sem final feliz.

— Tá chegando a hora, Pé na Cova… — murmurou para si mesmo, enquanto calçava as pantufas. — E olha que nem vai ter reprise.

A morte, em si, não o incomodava. Tinha feito as pazes com a ideia fazia tempo. A questão era outra: e se, no dia do velório, ninguém aparecesse? Nem pra garantir uma foto decente pro Facebook do cemitério?

Esse pensamento o vinha atormentando havia semanas, desde o enterro do amigo Aparício — um sujeito alegre, língua solta, que falava palavrão como quem recita poesia. Aparício fora um daqueles que acreditava firmemente que "quem morre descansa", mas ninguém o avisou que o descanso incluía velório sem plateia.

Naquela tarde fatídica, Pé na Cova chegou à capela mortuária e contou, com a precisão de um auditor da Receita Federal: dez pessoas. Dez! Incluindo o coveiro e o motorista do carro funerário, que estavam ali por força do ofício.

Nenhuma coroa de flores enfeitava o ambiente. A parede ao lado do caixão estava nua, deprimente, como um salão de festa abandonado depois do baile. Pé na Cova, num impulso piedoso e um tanto culpado, saiu correndo até a floricultura da esquina e comprou, do próprio bolso, uma coroa com fita dourada. Pediu que escrevessem: “Do amigo que ainda respira — com respeito e um pouco de ciúme.”

O florista olhou torto, mas escreveu.

Desde então, Pé na Cova vinha matutando. E se com ele acontecesse o mesmo? Morreu, e pronto: meia dúzia de curiosos, dois parentes distraídos, e talvez um cachorro vagando pela capela.

— Ninguém quer morrer anônimo — disse a si mesmo, enquanto preparava o café. — Nem defunto gosta de solidão.

O espelho da cozinha o encarava com franqueza cruel. Rugas novas, olheiras antigas. Olhos de quem já começou o estágio probatório para o além. Ele se olhou e retrucou:

— Pois é, Pé, tua ficha tá quase sendo chamada. E o que é que tu vai deixar pro mundo, hein? Uns boletos, uma coleção de rótulos de cerveja e uma senha de Wi-Fi?

Ele riu, um riso seco, meio soluçado.

Pegou o jornal e foi direto à página dos obituários. Era o seu ritual matinal. Gostava de ver quem “partiu para a glória”, talvez para medir o próprio atraso. Naquele dia, uma nota lhe chamou atenção: “Falecimento de Osmar C. da Luz, 68 anos. Deixou mulher, três filhos, seis netos e 78 seguidores no Twitter.”

Pé na Cova ficou boquiaberto.

— Setenta e oito seguidores? Só isso? Coitado. Morreu cancelado, o homem.

Achou triste morrer com menos de cem seguidores. A morte moderna, pensou ele, não é mais uma questão de alma, e sim de engajamento. Já imaginava o padre dizendo na missa de corpo presente: “Aqui jaz um influencer de pouca importância.”

Esse pensamento o acompanhou o dia inteiro. Decidiu, então, que precisava fazer algo. Talvez criar um perfil novo, postar frases motivacionais do tipo ‘A vida é curta, mas o velório pode ser longo’, só para garantir uns seguidores póstumos.

Mais tarde, sentado na varanda, começou a conversar de novo com seu interlocutor preferido — ele mesmo.

— Pé, meu velho, tu tem medo da morte?

— Medo, não. Só não gosto da ideia de morrer impopular.

— Mas o que é que importa, se tu nem vai estar lá pra ver?

— Importa, sim! Vai que o além tem internet e eu fico vendo tudo pelo Wi-Fi celestial? Imagina: dez pessoas bocejando e uma coroca desafinada cantando “Segura na mão de Deus”.

Olhou para o quintal. O ipê florido parecia zombar dele com suas pétalas amarelas, como confete de enterro festivo.

— Quer saber? — resmungou. — Acho que vou planejar meu próprio velório.

E assim começou o projeto “Operação Despedida Digna”. Comprou um caderno novo e escreveu na capa: “Roteiro do Meu Velório — Versão Final (ou quase)”.

Na primeira página, listou os convidados ideais — mesmo sabendo que alguns já tinham ido antes dele. Depois, anotou detalhes logísticos:

  1. Local: Capela 3 do Campo da Saudade (tem ar-condicionado e bom estacionamento).
  2. Flores: Mínimo de quatro coroas — nada de crisântemos baratos.
  3. Música: Preferência por boleros. Nada de “Vencendo vem Jesus”, da Harpa Cristã — é brega demais.
  4. Discurso: Apenas um amigo autorizado a falar — e, de preferência, que chore com moderação.
  5. Café: Forte, sem açúcar, e acompanhado de cuca com farofa em cima.

No rodapé, acrescentou: “Obs.: Proibido celular com flash. O defunto agradece.”

Enquanto escrevia, sentia um certo orgulho. Afinal, planejar o próprio velório é o auge da autonomia. Quem disse que a morte não pode ser personalizada?

Foi então que lhe ocorreu o detalhe derradeiro: a sepultura. Afinal, de nada adiantaria uma despedida organizada se o pós-evento ficasse pendente. No dia seguinte, marchou até o cemitério municipal e procurou o administrador, um homem de terno puído e voz fúnebre. Pediu uma sepultura simples, mas definitiva — nada de jazigos coletivos ou promoções “leve dois, pague um”. Escolheu um lote ensolarado, com vista para o portão (sempre gostou de observar o movimento).

Mandou gravar a lápide com seu nome, a data de nascimento e, por óbvio, deixou a data final em branco, com um discreto espaço entre os traços.

— É só preencher depois — explicou ao funcionário. — Evita trabalho pro pessoal.

O homem concordou, com a solenidade de quem assina um testamento.

Na semana seguinte, Pé na Cova foi conferir a obra pronta. Achou o granito bonito, bem polido, digno de um homem que sempre pagou suas contas. Passou a mão sobre o espaço vazio e comentou consigo mesmo:

— Agora só falta o detalhe mais caro: o corpo.

Sorriu satisfeito. Afinal, ninguém iria gastar um tostão com ele. Era viúvo há vinte anos, os filhos moravam longe e os sobrinhos só apareciam quando o décimo terceiro caía. Fez as contas e concluiu que, no fundo, morrer sairia mais barato do que continuar vivendo.

À noite, sonhou com Aparício. O amigo aparecia radiante, de terno branco e sorriso debochado. Disse-lhe:

— Tu te preocupa demais, Pé. Aqui em cima ninguém liga pra número de seguidor. O que vale é quem te trouxe café quando tu tava vivo.

Pé na Cova acordou suando. Sentiu um misto de alívio e irritação.

— Fala isso porque teu velório foi vazio, Aparício. Fácil filosofar depois que já tá no além.

No dia seguinte, levantou decidido. Resolveu visitar a floricultura onde havia comprado a coroa do amigo. Pediu ao rapaz do balcão uma coroa nova.

— Pra quem é? — perguntou o vendedor.

— Pra mim mesmo. Quero deixar paga. Assim evito constrangimentos.

O rapaz arregalou os olhos.

— O senhor tá doente?

— Só de realismo, meu filho.

Saiu da loja satisfeito, levando o recibo dobrado no bolso. Pensou em emoldurá-lo. Era como garantir um ingresso de primeira fila para o próprio espetáculo.

Nos dias seguintes, Pé na Cova passou a caminhar pelo cemitério depois do almoço. Dizia ser “para ir se acostumando com a vizinhança”.

Cumprimentava os mortos como velhos conhecidos:

— E aí, Seu Anacleto, o senhor ainda com a mesma cara de tédio?

Os visitantes o olhavam de soslaio, sem saber se deviam rir ou chamar o padre.

Uma tarde, sentado num banco de pedra, Pé na Cova concluiu:

— A morte, no fundo, é uma questão de relações públicas. Se a gente não se promove em vida, o pós-venda fica fraco.

E riu. Riu alto, tanto que um gato preto fugiu assustado.

Naquele riso havia resignação e certo orgulho. Sabia que estava indo, mas iria organizado. Quem sabe até transmitiriam o velório ao vivo? #DespedidaDoPé poderia ser trend topic por algumas horas.

Voltou para casa mais leve, fez café, ligou o rádio e deixou o noticiário correr. Ao ouvir o locutor anunciar a previsão do tempo — “chuvas isoladas à tarde” — murmurou:

— Bom, pelo menos não vai empoeirar minha sepultura.

Deitou-se para o que poderia ser o último cochilo, sorrindo. Mas a mente já passeava pela capela: roteiro do velório pronto, coroa comprada, sepultura marcada, vinte carpideiras com véus ensaiando cada lágrima, pagas com café e cuca, e o padre abençoando com solenidade. Até os mosquitos iriam compor o cenário.

Antes de adormecer, Pé na Cova sorriu divinamente, imaginando como seria gratificante ver a capela cheia no dia do próprio velório — e, com certeza, saborear cada lágrima, cada olhar curioso e cada copo de cachaça que pagassem para assistir. E, melhor de tudo, um death influencer já pago para garantir um luto premium e uma morte monetizada.

Nada mau, pensou. Nada mau mesmo. Morrer sem público jamais seria opção — seria como contar uma última piada e não ouvir nem um risinho.

Durante a madrugada, Pé na Cova acordou sobressaltado. Havia se esquecido de comprar o caixão. No dia seguinte, escolheu um modelo de luxo, muito lustroso e florido, com detalhes de metal, levou para casa e passou a dormir dentro.

Era para ir se acostumando… e, de quebra, garantir que, quando chegasse a hora, a plateia tivesse algo digno para aplaudir.


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

O Sistema Toga Petralha - Por Félix Maier

 

Lula se reúne em jantar com ministros do STF, incluindo ...

O Sistema Toga Petralha

Félix Maier

Coitado, não, feliz Tio Pedro! por não ter vivido o bastante para ser testemunha de um golpe vergonhoso do Supremo Togastão Festivo (STF), aplicado no Paraíso do Vira Bosta. Um STF feito de festas, lagostas, vinhos e orçamento bilionário.

Pinar del Río, em Cuba, havia virado a Disneylândia dos charutos, vendendo Cohiba Esplêndido por 70 dólares a unidade, que o Imperador Dom Barba I, conhecido como Ogro de Nove Dedos, fuma como quem saboreia 18 cm de vitória revolucionária. O STF, aparelhado pelo Ogro com juízes esquerdistas (alguns haviam trabalhado como causídicos para ele e o PT), havia se transformado num Togastão (ou, como dizem alguns escribas, no Sistema Toga Petralha), à frente de um novo país, o Brasilistão, país que não pretende ser uno na multiplicidade cultural de seu povo, mas enjaulado em distintos bantustões, como ocorria no Apartheid de triste memória, na África do Sul.

Um criminoso havia sido condenado por unanimidade em três instâncias, por 9 votos a 0, e depois descondenado em 15 de abril de 2021 por togados petistas indicados ao Togastão por... ele mesmo, o Ogro, para voltar à Presidência do Brasilistão pela terceira vez. Com grande chance de voltar à cena do crime pela quarta vez, em 2026, com a força bruta do Togastão que ninguém ousa contestar.

Se tivesse sobrevivido, por certo Tio Pedro teria dito em 2022:

— Pobre do País que tem que escolher entre o Cavalão e o Ladrão!

        Se vivo fosse, Tio Pedro estaria mancando por ter levado alguns coices reais ou virtuais do Presidente Cavalão — que levou uma facada na barriga durante a campanha presidencial, em 2018, e foi perseguido trinta horas por dia durante seu mandato. Que coices o Cavalão deu? Primeiro, foi sua ignorância frente à pandemia da Covid-19, se portando como um palerma, tripudiando sobre vacinas que transformariam pessoas em jacarés. Ridículo foi também o Cavalão criticar as urnas eletrônicas, que o elegeram para deputado federal por sete vezes e até Presidente da República. Por fim, houve ainda uma folclórica minuta do golpe, existente em pastas de ministros, aspones, grupos de WhatsApp, pendrives, e-mails, agendas e nuvem do Google, além de uma reunião secreta sobre o assunto, que foi filmada e vazada — uma comédia pastelão à moda antiga, sem ensaio nem roteiro, mas com muitas bravatas. E que condenou o Cavalão e sua entourage estrelada à cadeia, por um golpe de Estado que nunca ocorreu — para gáudio de seus inimigos políticos.  

        Se o Cavalão tivesse que ser condenado, deveria ser pelo crime de prevaricação, por não ter tomado providências após o funesto golpe do Togastão, em 15 de abril de 2021, para garantia da lei e da ordem — crime de prevaricação também cometido pelo Presidente do Senado.

Por tudo isso, é certo que Tio Pedro teria ficado muito triste com o Cavalão, poderia até ter votado em branco, mas jamais votaria no Ladrão. Se vivo, com certeza teria também perguntado:

— Será que esses idiotas registraram a minuta do golpe em cartório?

No Brasilistão, o Togastão ostenta com orgulho seu mais refinado invento institucional: o Poder Moderador de Toga. Criado não por assembleia constituinte, nem pelo Congresso Nacional, mas por inspiração dos próprios togados, ele se reserva o direito de interpretar, reinterpretar e, quando necessário, reinventar as leis e a Constituição Federal. Seu lema, bordado em ouro nas cortinas do plenário, é simples e reconfortante: Nós decidimos, vocês acatam. Entre canetadas providenciais e interpretações criativas de uma Constituição cada vez mais elástica, esse poder garante que nenhuma decisão do povo, do parlamento ou do executivo permaneça de pé se não passar pelo crivo sagrado da Suprema Caneta. Afinal, no Brasilistão, a democracia é plena, reconhecida por Cuba, Venezuela, Irã e até a ONU — desde que tudo seja aprovado pelo Togastão.

Muita coisa ainda acaba em samba, funk e pizza no Brasilistão, especialmente nos palácios atapetados de Brasília. Porém, nestes tempos de governança fascista-populista que aparelhou a Suprema Corte, os memes — por enquanto! — são tudo o que restam a um povo perseguido, censurado, bloqueado e desmonetizado nas redes sociais, com contas bancárias bloqueadas, exilado ou até preso — além de aplicação de multas milionárias para deixar os condenados e suas famílias na miséria. O que a dupla Jango-Brizola não conseguiu, o Ogro provou como é fácil subjugar um povo inteiro.

Na atualidade, não importa quem seja eleito Presidente do Brasil, de direita ou de esquerda, porque quem de fato governa é o Sistema Toga Petralha. O deboche do Togastão é tão escancarado e cruel que aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao Partido Liberal (PL), por litigância de má fé. O PL, por pura coincidência, é o Partido de Jair Messias Bolsonaro e tem o número... 22. E o Ogro ficou muito feliz ao indicar o comunista Flávio Dino para o Togastão, justo no dia 27 de novembro de 2023, data que lembra a malfadada Intentona Comunista de 1935.

Assim, para o atual sistema fascista matar política, social e financeiramente um adversário no Brasilistão de hoje, não é preciso paredón, como foi em Cuba, nem envenenamento, como ocorre na Rússia de Vladimir Putin, ou matar sob tortura, como ocorre na Venezuela de Nicolás Maduro, mas apenas tirar do páreo o inimigo do povo via Tribunal Eleitoral ou Corte Suprema. Em vez de se ater aos autos, só aos autos, os vaidosos togados são mariposas sempre em busca de holofotes. Com as Forças Armadas domesticadas pelo Sistema Toga Petralha, onde o Togastão põe um olho, tem um culpado para ser massacrado. Uma variante das máximas de Lênin e de Beria, já visto neste livro.

Nesse sentido, o Presidente Jair Messias Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de prisão, foi morto e enterrado no dia 11 de setembro de 2025, pois ninguém mais verá sua imagem ou suas falas na mídia, nem seus posts nas redes sociais. Sem direito a auxílio-reclusão, como ocorre a bandidos de estimação deste atual sistema fascistoide em expansão.

Tarcísio Gomes de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior, Romeu Zema, Jorginho Mello, Cláudio Castro, Ricardo Nunes, Michelle Bolsonaro, os irmãos Bolsonaro (Flávio, Eduardo, Carlos e Renan), Luciano Hang, Sóstenes Cavalcante, Sérgio Moro, Magno Malta, Damares Alves, Rogério Marinho, Gustavo Gayer, Delegado Zucco, Ricardo Salles, Bia Kicis, Luiz Philippe de Orléans e Bragança, Marcos Pollon, Carlos Jordy, Zé Trovão, Capitão Derrite, Kim Kataguiri, Marcel Van Hattem, Caroline de Toni, Nikolas Ferreira, Tomé Abduch, Marco Feliciano, Lucas Pavanato, Zoe Martinez, Adrilles Reis Jorge, Kim Paim, Janaína Paschoal, Modesto Carvalhosa, Demóstenes Torres, Marco Angeli, Ives Gandra Martins, Karina Kufa, André Marsiglia, Leandro Ruschel, Fernão Lara Mesquita, Luciano Pires, Allan dos Santos, Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Paulo Figueiredo Filho, Sara Winter, Jorge Moreira, Lobão, Digão, Oswaldo Eustáquio Filho, Antônia Fontenelle, Bruno Musa, Alexandre Garcia, Mário Sabino, Paulo Polzonoff, Luís Ernesto Lacombe, Martim Vasques da Cunha, Francisco Razzo, Danilo Gentili, Diogo Mainardi, Caio Copolla, Luiz Felipe d’Ávila, Felipe Moura Brasil, Marcelo Madureira, Jorge Serrão, Tiago Pavinatto, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Paula Schmitt, Jeffrey Chiquini, Cristina Graeml, Alan Ghani, Emílio Surita, Rogério Morgado, Daniel Zukerman, Bruna Torlay, Roberto Motta, Padre Paulo Ricardo, Padre Gílson, Bernardo Kuster, Gusttavo Lima, Eduardo Costa, Sérgio Reis, Amado Batista, Zezé di Camargo, Fernando & Sorocaba, Edson (da dupla Edson & Hudson), Leonardo, Chitãozinho (da dupla Chitãozinho & Xororó), Rick (da dupla Rick & Renner), Bruno (da dupla Bruno & Marrone), Zé Neto (da dupla Zé Neto & Cristiano), Nivaldo Cordeiro, Percival Puggina, Políbio Braga, Leandro Narloch, Luiz Felipe Pondé, Flávio Morgenstern, Bruno Garschagen, Joaquim Teixeira, Pastor Silas Malafaia e quem mais se apresentar como conservador que se cuidem...

Que se cuidem também Revista Oeste, Revista Crusoé, Brasil Paralelo, Jornal da Cidade Online, O Antagonista, Canal Hipócritas (o Porta dos Fundos conservador), Gazeta do Povo, Jovem Pan News. Terça Livre, de Allan dos Santos, e Alerta Total, de Jorge Serrão, estão fora do ar, censurados pura e simplesmente. O jornalista José Roberto Guzzo, o JR Guzzo, crítico mordaz do Togastão festivo, não precisa mais temer represálias: faleceu no dia 2 de agosto de 2025.

Com as instituições federais totalmente aparelhadas pelo PT durante os últimos vinte anos, incluindo a Polícia Federal e o Petistério Público, e observando as inúmeras maracutaias petistas como Mensalão e Petrolão, até o extraordinário chansonnier Moacyr Franco perdeu a paciência, compondo uma canção-protesto: República Federativa do Bandido.

Vivemos, portanto, um momento revolucionário histórico do direito penal brasileiro: a inauguração de mais uma jabuticaba, a cogitação criminosa. Não é mais necessário executar o ato, nem tentar executá-lo. Basta rascunhar, conversar, pensar em voz alta. O Brasil finalmente se alinha à ficção científica, criminalizando não as ações, mas os pensamentos. George Orwell ficaria orgulhoso: estamos aperfeiçoando o Ministério da Verdade, que ganhou toga para impor respeito e imagens na TV Justiça para transformar uma farsa em espetáculo pedagógico.

Um dia, talvez descubramos que a verdadeira abolição do Estado Democrático de Direito não foi aquela atribuída a um punhado de políticos ingênuos e deslumbrados, mas a que se pratica sorrateiramente em nome da sua defesa. O povo do Brasilistão sonha com a volta de algum resquício de normalidade democrática, não esse fudevu fascista, parido no berçário do Togastão, para implantação de um governo social-populista.

Com o Ogro desfilando como imperador tropical Dom Barba I, está provado que 1964 — o ano que se recusa a virar pó — foi apenas mal coado pelos militares: em vez de expurgar o vírus, deixaram a praga incubada, pronta para florescer em hipocrisia, autoritarismo e deboche.

Assim, o Gárgula de Nove Dedos garguleja do alto do frontispício de sua catedral populista, despejando promessas podres sobre os súditos do Brasilistão. Entorpecidos pelo incenso da mentira, os fiéis seguem dançando sob os vitrais rachados, sem perceber que as portas já foram trancadas por fora. As máscaras agora não caem mais: grudaram à pele como cicatrizes. As luzes ardem até o último estalo, como tochas num funeral coletivo, e as paredes do templo começam a ceder sob o peso da ilusão. 

Quando o teto ruir, não haverá mais fuga, apenas o silêncio de um país sepultado sob os escombros de sua própria orgia, ao som do último riso de pedra do Gárgula. 

Mesmo entre os escombros, sempre há quem procure um novo altar. Da poeira das ruínas há de erguer-se, um dia, uma nova catedral — não feita de pedra, mas de consciência, erguida com o suor dos justos e o pranto dos que aprenderam, enfim, o preço da ilusão. Porque, por mais longa que seja a noite, Luzerna e o Brasil ainda guardam, em algum recanto da alma, a chama teimosa de um amanhecer que não se deixa apagar. 

Obs.: Trecho final do livro MEMORIAL DE LUZERNA, A PÉROLA DO RIO DO PEIXE – Uma saga teuto-brasileira, de minha autoria, finalizado em 10/10/2025, que pode ser baixado em https://felixmaier1950.blogspot.com/2025/10/memorial-de-luzerna-perola-do-rio-do.html.


sexta-feira, 3 de outubro de 2025

MEMORIAL DE LUZERNA, A PÉROLA DO RIO DO PEIXE - Por Félix Maier

Amigos leitores,

Abaixo, link para meu romance-memorialístico sobre Luzerna, uma homenagem aos meus antepassados teuto-brasileiros - avós e pais.

Sugiro baixar no notebook, para facilitar a leitura.

Há inúmeros links no corpo do e-book (vídeos, canções, textos), que não constarão no livro físico a ser impresso.

Se gostou do conteúdo, divulgue à vontade!

Abraços,

Félix Maier

MEMORIAL DE LUZERNA, A PÉROLA DO RIO DO PEIXE

Uma saga teuto-brasileira

Por Félix Maier

https://drive.google.com/file/d/1Py6a1t3tAQZppshia_zphvwor0PkO5YL/view


quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Soneto para Maria Clara - Por Félix Maier

 

Maria Clara com boneca gigante.

Soneto para Maria Clara

Félix Maier

Maria Clara, em riso iluminada,
Tesouro vivo de Nice e Félix amados,
Menina esperta, sapeca e encantada,
Com olhos de sonho e gestos delicados.

Entre massinhas, desenhos, moldes, flores,
Crias mundos inteiros com tua mão pequena.
E a boneca gigante, em teus loucos amores,
Hoje já te olha quase como irmã, serena.

O tempo voa e tece em ti muita beleza,
Nove anos brilham, como aurora em gesta,
E os avós te admiram com tanta grandeza.

Segue crescendo, ó estrela manifesta!
Que em cada passo deixa a singeleza
De quem nasceu para ser luz em festa.

Maria Clara com "cabelo maluco".

No Museu Oscar Niemayer, Curitiba, janeiro 2024.
Maria Clara com perfil de menina tristinha...


Em 02/10/2025, Maria Clara, neta de Félix Maier e Valdenice dos Santos Maier, compeltou 9 anos de idade.