MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Organizações subversivas brasileiras - Por Félix Maier

Organizações subversivas brasileiras


Félix Maier


    Antes da Contrarrevolução de 1964, eram 5: PCB, PC do B, PORT, ORM-POLOP e AP.

    Depois de 1964, proliferaram como geração espontânea, numa variada “sopa de letrinhas”:

- Ação Libertadora Nacional (ALN); antes: Ala Marighella e AC/SP (Agrupamento Comunista de São Paulo)

- Ação Popular (AP); depois: Ação Popular Marxista Leninista (APML)

- Ação Popular Marxista Leninista do Brasil (APML do B)

- Ação Popular Marxista Leninista Socialista (APML Soc)

- Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP)

- Ala Marighella

- Ala Prestes

- Ala Vermelha (AV)

- Aliança de Libertação Proletária (ALP)

- Aliança Nacional Libertadora (ANL)

- Alicerce da Juventude Socialista (AJS): da CS

- Coletivo Autonomista (CA)

- Coletivo Gregório Bezerra (CGB); ver PLP

- Comando de Libertação Nacional (COLINA)

- Comitê Luiz Carlos Prestes (CLCP)

- Comitê de Ligação dos Trotskistas Brasileiros (CLTB)

- Comitê de Organização para a Reconstrução da Quarta Internacional (CORQI)

- Convergência Socialista (CS)

- Corrente Revolucionária Nacional (Corrente)

- Democracia Socialista (DS)

- Dissidência da Dissidência (DDD)

- Dissidência da Guanabara (DI/GB); depois: Movimento Revolucionário Oito de Outubro (2º MR-8)

- Dissidência Leninista do Rio Grande do Sul (DL/RS)

-  Dissidência de Niterói (DI/NIT); depois: MORELN; depois: MR-8 (1º MR-8)

- Dissidência de São Paulo (DI/SP)

- Dissidência da VAR-Palmares (DVP); depois: Liga Operária (LO) = Grupo Unidade (GU)

- Força Armada de Libertação Nacional (FALN), de Ribeirão Preto, SP

- Forças Armadas Revolucionárias do Brasil (FARB)

- Força de Libertação Nacional (FLN)

- Frente Brasileira de Informações (FBI)

- Frente Revolucionária Popular (FREP)

- Fração Bolchevique (FB)

- Fração Bolchevique da Política Operária (FB-PO) = Grupo Campanha

- Fração Bolchevique Trotskista (FBT)

- Fração Leninista pela Reconstrução do Partido (FLRP)

- Fração Leninista Trotskista (FLT)

- Fração Operária Comunista (FOC)

- Fração Operária Trotskista (FOT)

- Fração Quarta Internacional (FQI)

- Fração Unitária pela Reconstrução do Partido (FURP)

- Frente de Ação Revolucionária Brasileira (FARB)

- Frente Democrática de Libertação Nacional (FDLN)

- Frente de Mobilização Revolucionária (FMR)

- Grupo Bolchevique Lenin (GBL)

- Grupo Campanha = FB-PO

- Grupo Fracionista Trotskista (GFT)

- Grupo Independência ou Morte (GIM); depois: Resistência Armada Nacional (RAN)

- Grupo Político Revolucionário (GPR)

- Grupo Tacape (do PC do B)

- Junta de Coordenação Revolucionária (JCR)

- Liga de Ação Revolucionária (LAR)

- Liga Comunista Internacionalista (LCI)

- Liga Operária (LO)

- Liga Operária e Camponesa (LOC)

- Liga Socialista Independente (LSI)

- Ligas Camponesas

- Movimento de Ação Revolucionária (MAR)

- Movimento de Ação Socialista (MAS)

- Movimento Comunista Internacionalista (MCI)

- Movimento Comunista Revolucionário (MCR)

- Movimento pela Emancipação do Proletariado (MEP)

- Movimento de Libertação Popular (MOLIPO)

- Movimento Nacionalista revolucionário (MNR)

- Movimento Operário de Libertação (MOL)

- Movimento Popular de Libertação (MPL)

- Movimento Popular Revolucionário (MPR)

- Movimento pela Revolução Proletária (MRP)

- Movimento Revolucionário de Libertação Nacional (MORELN); antes: Dissidência de Niterói (DI/NIT); depois: Movimento Revolucionário Oito de Outubro (1º) (MR-8)

- Movimento Revolucionário Marxista (MRM; depois: Organização Partidária Classe Operária Revolucionária (OPCOR)

- Movimento Revolucionário Nacional

- Movimento Revolucionário Oito de Outubro (1º) (MR-8); antes: Dissidência de Niterói (DI/NIT) e Movimento Revolucionário de Libertação Nacional (MORELN)

- Movimento Revolucionário Oito de Outubro (2º) (MR-8); antes: Dissidência da Guanabara (DI/GB)

- Movimento Revolucionário 4 de Novembro (MR-4)

- Movimento Revolucionário Vinte e Seis de Março (MR-26)

- Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT)

- Marx, Mao, Marighella - Guevara (M3G)

- Núcleo Combate Brasileiro (NCB)

- Núcleo Marxista-Leninista (NML)

- Organização de Combate Marxista-Leninista - Política Operária (OCML-PO)

- Organização Comunista Democracia Proletária (OCDP)

- Organização Comunista Primeiro de Maio (OC-1º Maio)

- Organização Comunista do Sul (OCS)

- Organização Marxista Brasileira (OMB)

- Organização de Mobilização Operária (OMO)

- Organização Partidária Classe Operária Revolucionária (OPCOR); antes: Movimento Revolucionário Marxista (MRM)

- Organização Quarta Internacional (OQI)

- Organização Revolucionária Marxista - Democracia Socialista (ORM-DS)

- Organização Revolucionária Trotskista (ORT)

- Organização Socialista Internacionalista (OSI)

- Partido Comunista Brasileiro (PCB)

- Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC)

- Partido Comunista do Brasil (PC do B)

- Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR)

- Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML)

- Partido Comunista Novo (PCN)

- Partido Comunista Revolucionário (PCR)

- Partido da Libertação Proletária (PLP)

- 90: é o novo nome do Coletivo Gregório Bezerra (CGB)

- Partido Operário Comunista (POC); depois: Partido Operário Comunista - Combate (POC-C)

- Partido Operário Independente (POI)

- Partido Operário Leninista (POL)

- Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT)

- Partido Operário Socialista (POS)

- Partido da Revolução Operária (PRO)

- Partido Revolucionário Comunista (PRC)

- Partido Revolucionário do Proletariado (PRP)

- Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT)

- Partido Revolucionário Trotskista (PRT)

- Partido Socialista Revolucionário (PSR)

- Partido Socialista dos Trabalhadores (PST)

- Partido Unificado do Proletariado Brasileiro (PUPB)

- Política Operária (POLOP; PO)

- Ponto de Partida (PP)

- Reconstrução do Partido Comunista (RPC)

- Resistência Armada Nacional (RAN); antes: Grupo Independência ou Morte (GIM)

- Resistência Nacional Democrática Popular (REDE; RNDP)

- Secretariado Internacional (SI)

- Secretariado Unificado (SU)

- Tendência Bolchevique (TB)

- Tendência Leninista da Ação Libertadora Nacional (TL/ALN)

- Tendência Leninista-Trotskista (TLT)

- Tendência Majoritária Internacional (TMI)

- Tendência Proletária da Democracia Socialista (TP/DS)

- Tendência Quarta Internacional (TQI)

- Tendência Trotskista (TT)

- O Trabalho na Luta pelo Socialismo (OT-LPS)

- O Trabalho pela Quarta Internacional (OT-QI)

- União dos Comunistas Brasileiros (UCB)

- União Marximalista (UM)

- União Marxista-Leninista (UML)

- União Socialista Popular (USP)

- Unidade Comunista (UC)

- Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR; VAR-P; VAR-PAL)

- Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)

- Vanguarda Socialista VERSO)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Escola de Brasília - Por Félix Maier

Universidade de Brasília (UnB).
Instituto Central de Ciências (ICC), o "Minhocão".



Escola de Brasília


Félix Maier

26/11/2001 - Usina de Letras


Barbara Freitag, professora e pesquisadora da Universidade de Brasília, em artigo escrito no Correio Braziliense (25/11/2001, afirma que a TV Cultura está lançando, a partir do próximo ano, um programa sobre cidades. Para a apresentação de cada cidade, diz Freitag, foi escolhido um escritor-cicerone. No caso de Brasília, um dos pontos altos será a Universidade de Brasília – no dizer de Freitag – que, aliás, foi convidada para falar sobre a Universidade ao escritor João Almino Souza Filho.

Caminhando pelo “Minhocão”, como é conhecido o Instituto Central de Ciências (ICC), principal prédio do campus, Freitag afirma:

“A essência do projeto de Darcy Ribeiro – procurei responder – foi criar uma universidade ‘nova’, para uma cidade ‘nova’ que, por sua vez, inaugurasse uma ‘sociedade nova’."


Que sociedade nova seria essa pretendida por Darcy Ribeiro? Agnaldo del Nero Augusto, em seu livro “A Grande Mentira” (1), afirma:

“Em 29 de agosto (1968), tumultos agitaram o interior da Universidade de Brasília – UnB com depredações de salas de aula e disparos de armas de fogo. A UnB tinha sido a universidade mais atingida pela ‘Operação Limpeza’ (2), porque havia sido estruturada para a subversão da ordem. Seu fundador e primeiro reitor fora o Professor Darcy Ribeiro. Seu pensamento sobre o papel da universidade está expresso no livro “Contra Vientos y Mareas”, de Vargas Llosa, página 22, a seguir parcialmete transcrito:

‘O Professor Darcy Ribeiro, sociólogo brasileiro, fundador da Universidade de Brasília e assessor durante algum tempo da ditadura militar peruana, em seu livro sobre a Universidade Peruana (1974), define assim a missão da universidade ... levar o processo revolucionário em curso, antecipando dentro da universidade as novas formas de estrutura social que ela deverá estender a toda a sociedade.’

Diga-se de passagem que a ditadura militar peruana era de esquerda e umbilicalmente ligada à URSS.”


Sobre o trabalho de doutrinação marxista de Darcy Ribeiro, aqui e no Peru, Freitag não diz nada. Está, pois, explicado o motivo pelo qual, em 1964, depois da demisão de vários professores, o corpo docente renunciou em peso – como choraminga Freitag. A subversão, sem dúvida, estava em estado bem adiantado no campus da Asa Norte.

Continua Freitag: “No caso da UnB, vingou a idéia do campus e abortou a idéia da autonomia. A ditadura militar foi responsável pelas duas coisas. A idéia do campus favoreceu o controle político por forças da repressão. Transferindo o campus para além da L2-Norte, a polícia podia agir contra centros acadêmicos, institutos, departamentos, sem ser testemunhada. Foi o que aconteceu na UnB em 1964, 1968 e 1977.”

Freitag afirma, no trecho acima, que nunca houve “testemunha” das ações policiais na UnB, porque o campus ficava distante da cidade, portanto longe da população. Mas, com milhares de alunos estudando na UnB, como a cidade não iria tomar conhecimento de tudo o que se passasse no campus?

No parágrafo seguinte, Freitag se contradiz: “Devemos ao cineasta Wladimir Carvalho o excelente documentário ‘Barra/68’ (2000), que registrou a entrada da polícia e do Exército no campus da UnB, em 1968, prendendo alunos e professores, rasgando os livros da biblioteca e destruindo os laboratórios.”

Continua o livro de Del Nero: “No final de agosto, ocorreu na UnB um episódio que gerou nova crise. Estudantes com prisão preventiva decretada se haviam homiziado no campus. (...) Comunicado sobre o problema, o reitor ignorou-o. (...) criou-se um clima de resistência no interior da universidade, instigado pela presença de parlamentares (3) e ativistas estudantis que se valiam do incidente para fazer proselitismo. Entre estes últimos estava Luís Travassos, militante da Ação Popular, presidente da extinta UNE, também com prisão preventiva decretada por sua atuação em outras cidades.

(...) Em 29 de agosto, agentes do DOPS se dirigem à UnB a fim de dar cumprimento ao mandado de prisão. Conhecida a disposição de resistência, fizeram-se acompanhar por tropas da Polícia Militar, que ficou à distância. Preso o presidente da Federação de Estudantes Universitários de Brasília, houve reação por parte dos estudantes, que entraram em choque com a polícia. Várias viaturas foram viradas e incendiadas. Inferiorizada, a polícia civil reagiu como pôde. Em seu auxílio, acorreu a Polícia Militar, atuando com violência. Dos choques resultaram feridos dois policiais e dois estudantes. Instalações da universidade foram depredadas, em parte pela polícia em sua natural perseguição aos estudantes e em parte pelos estudantes, para demonstrar o ‘vandalismo’ da polícia. Um tiro perdido, porém, atingiu um estudante que nem estava envolvido no conflito.”


Freitag, em seu artigo, continua tecendo considerações sobre a UnB e as universidades em geral, especialmente no que se refere à autonomia. No caso da UnB, embora tenha reconquistado a autonomia política, com a redemocratização (1985), Freitag lamenta que a Universidade não tenha adquirido autonomia econômica, dependendo de repasses do MEC para sua subsistência. A professora lamenta que hoje a “luta” universitária gira apenas em torno de duas siglas, GAE e GED, “bandeiras” da ANDES e do MEC, respectivamente, diferente do ano de 1968, em que “universitários como Honestino Guimarães, desaparecido nos cárceres da ditadura, se dispuseram a correr risco de vida defendendo a liberdade de ensino e de pesquisa no campus...”.

Estaria Freitag sentindo saudade dos “anos de dinamite”? A professora, em seu longo artigo, cita várias vezes as “forças da repressão”, porém não situa o ano de 1968 no calendário mundial, dentro da famosa “revolução estudantil”.

Ora, sabe-se que em 1968 vivia-se o auge da guerra-fria. Fruto da “revolução cultural” da China, iniciada em 1966, e da criação da Tricontinental, em Cuba, um tipo de subversão que estava sendo exportado ao mundo pela URSS, pela China e por Cuba era a subversão estudantil.

Vladimir Palmeira, líder estudantil daquele agitado ano, afirma: “Das grandes manifestações de 1968, muitos foram os jovens que saíram para integrar organizações guerrilheiras urbanas. Nesse sentido, o trabalho político, dentro do movimento estudantil, deu os seus frutos... O fato concreto é que, a partir de então, existe no Brasil uma esquerda que faz a revolução com as armas na mão.” (4)

E não era só no Brasil – no Rio, em São Paulo ou em Brasília – que a esquerda pregava abertamente a revolução (5). Também na Europa, no México e nos EUA, o ano de 1968 estava em chamas.

Na Alemanha, em junho de 1967, estudantes tentaram tomar a Ópera de Colônia. Um estudante foi morto em choques com a polícia. Em abril de 1968, tumultos e violências sacudiram simultaneamente 27 cidades alemãs – a mais violenta teve lugar em Berlim Ocidental, com mais de 500 feridos, entre policiais e civis.

Na primavera de 1968, as agitações de Paris foram as mais amplas no mundo, pois os subversivos empolgaram outros setores, quase levando o país ao colapso. Em 20 de maio, a França estava isolada do resto do mundo, a economia paralisada, com mais de 6 milhões de trabalhadores em greve. Todos os aeroportos e as ferrovias estavam paralisados. Os bancários também aderiram à greve, assim como os funcionários públicos. No dia 21 de maio, a greve atingia 8 milhões de trabalhadores. O voto de censura, apresentado à Assembléia Nacional pelo Partido Comunista, por poucos votos deixou de derrubar o governo.

Nos EUA, aproveitando-se da Guerra do Vietnã, os agitadores profissionais incendiaram as universidades. No 1º semestre de 1968, houve mais de 200 demonstrações de vulto em centenas de universidades. No Estado de Ohio, declarou-se a Lei Marcial e foram proibidos todos os comícios. Na Universidade de Kent, a Guarda Nacional matou 4 estudantes – estopim para que 400 universidades americanas fossem ocupadas por estudantes.

Houve agitações também em Amsterdã, Roma, Tóquio, Montevidéu, México e outras grandes cidades.

No México, na “Noite de Luto”, morreram 28 pessoas e 200 ficaram feridas, segundo dados do governo. Porém, de acordo com correspondentes estrangeiros, forma em torno de 100 mortos e mais de 500 feridos. Quando a Universidade Nacional foi retomada pelo Exército mexicano, os auditórios e as salas de aula haviam sido batizados pelos estudantes com os nomes de Che Guevara, Lênin, Ho Chi Minh e outros.

Freitag, em todo seu longo artigo, não cita sequer de passagem as agitações que percorriam o mundo como rastilho de pólvora. Por que será? Descrever as ações policiais na UnB, sem identificar os motivos da “revolução estudantil”, é o mesmo que escrever, daqui a 30 anos, sobre os bombardeios americanos contra o Afeganistão, sem mencionar Bin Laden e seu grupo terrorista Al-Qaeda, acusados pelos atentados terroristas do dia 11 de setembro de 2001, contra Nova Iorque e o Pentágono. Eu até já estava achando que os professores universitários ganham pouco. Porém, depois de ler o que escrevem as “libélulas” da USP e as “borboletas” da UnB, estou começando a mudar de opinião...

No final do artigo, Freitag cita seu guru Jürgen Habernas, que acaba de receber o Prêmio da Paz da Câmara do Livro Alemão: “Além de formar as novas gerações, a universidade precisa cultivar a ética e competência comunicativa!”

Após ler os verbetes “Escola de Frankfurt” e “Anti-autoridade” (5), abaixo, sabe-se matematicamente que o marxista Darcy Ribeiro está para Horkheimer, da mesma forma que Habernas está para a ética.

Ah! Para finalizar, a edição comemorativa dos 30 anos do “Campus”, ‘jornal-laboratório’ da UnB, venceu o 8º Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo, na categoria Jornalismo Universitário. Condizente com a nostalgia da Professora Freitag, o tema foi “O que restou da aventura guerrilheira no sertão”, em que estudantes, orientados pelo professor David Renault, estudam os últimos passos de Carlos Lamarca no sertão baiano, nas cidades de Macaúbas e Ibotirama. A edição especial tem 19 páginas coloridas, formato standard. Depois da Escola de Frankfurt, estaríamos hoje conhecendo a “Escola de Brasília”?

Brava Freitag, bravíssimo, UnB!


Notas:


(1) “A Grande Mentira” foi editado pela Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2001.

(2) A “Operação Limpeza” foi desencadeada pela contra-revolução de 1964, para expurgar corruptos e comunistas.

(3) Um dos parlamentares presentes na UnB foi Mário Covas.

(4) Veja “A Esquerda Armada no Brasil”, de Antonio Caso, Morais Editores, Lisboa, 1976.

(5) Veja meu ensaio “A TV Lumuba e o AI-5”, em Usina de Letras.

(6) Escola de Frankfurt - famosa escola de pesquisa sociológica alemã da década de 1920, deu ênfase, entre outras pesquisas, à “personalidade autoritária”. Tomando como ideal o homem livre (um tema sem teor científico, um mero sonho), deveria explicar por que, depois do Iluminismo e de Marx – agora, que pela primeira vez na História, a sociedade industrial estava finalmente organizada socialmente –, o mundo produzia ainda tantas personalidades autoritárias, líderes e seus vassalos. A chamada “Escala F” do livro “Personalidade Autoritária” (co-produzido por Max Horkheimer) “media” os traços da personalidade autoritária: 1) passividade automática ante os valores convencionais; 2) cega sujeição à autoridade; 3) inimigo da introspecção; 4) rígido; 5) pensamento mediante clichês. Enfim, tudo se destinava a determinar e quantificar o anti-semitismo, os racismos, o conservadorismo econômico etc. Max Horkheimer e Theodoro Adorno foram diretores da Escola. Na década de 1930, a Escola transferiu suas atividades para os EUA, primeiro para a Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, e depois para a Califórnia. após a II Guerra Mundial, a Escola voltou a seu lugar de origem, Frankfurt. Quando Adorno, em 1970, começou a falar a seus alunos, estes rodearam o conferencista, tiraram-lhe a camisa e o atacaram como sendo um agente do imperialismo americano; algumas semanas depois do ataque, Adorno morreu de ataque cardíaco.

Anti-autoridade - o escritor contrário à autoridade por excelência, o alemão Max Horkheimer, diretor da Frankfurt School e co-autor de “The Authoritarian Personality”, foi autoritário com seu aluno Jürgen Habermas (hoje, um dos mais importantes filósofos do mundo), que discordou do mestre em várias opiniões e foi obrigado a tirar seu diploma em outra escola. Outros opositores da autoridade foram Adorno, Reich Fromm, Erikson, os quais, na década de 1920, acreditavam nas experiências do esquerdismo, incluindo as soviéticas, passando a idéia de que a “velha sociedade” era repressiva e que a “nova sociedade” era igualitária, comunista, e que emanciparia a humanidade inteira. Essas idéias levaram grupos a aplaudir a destruição de padrões tradicionais, como a família e a religião. Infelizmente, apesar de não lograrem o amaldiçoado intento, nunca lhes foi imputado o rótulo de “autoritarismo”, que tanto combatiam e tanto pregavam.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Dia Internacional de Combate à Corrupção - Por Félix Maier


Dia Internacional de Combate à Corrupção

Félix Maier

Infelizmente, o Presidente Jair Bolsonaro se perdeu no quesito de "combate aos corruptos", lembrado neste Dia Internacional de Combate à Corrupção, 9/12. Não foi por culpa direta do Presidente. Foi culpa de muitos fatores, como o boicote permanente contra Bolsonaro, seja no Congresso Nacional, com ênfase para o período de mandato de Rodrigo Maia na Câmara dos Deputados, seja por leniência do Procurador-Geral da República, que na prática enterrou a Lava Jato, seja pelo ativismo político do STF, aceitando ações absurdas de partidos da extrema esquerda para derrubar ações e prerrogativas do Poder Executivo.
Some-se a esses fatores adversos as interferências dos filhos de Bolsonaro na política, prejudicando o pai Presidente com pitacos indevidos, com destaque para o senador Flávio "Rachadinha" Bolsonaro, cujo processo se alongou nos últimos anos com o objetivo único de desgastar o Presidente. Vale lembrar também que Flávio Bolsonaro foi um dos que enterraram a CPI da Lava Toga no Senado.
As ligações de Jair Bolsonaro com Dias Toffoli explicam muitas coisas dentro do STF, especialmente para defender as lambanças da filharada - e suas. Não ocorreu por acaso a anulação feita pelo STF, da ação que era movida contra Flávio Bolsonaro pelo judiciário do Rio de Janeiro, a respeito de ser suspeito de ter feito "rachadinhas" na ALERJ, quando era deputado estadual. Uma desfaçatez do STF, que já havia ocorrido com Lula, que ficou com a alma mais branca que um neném recém-batizado, por obra dos morubixabas da Suprema Corte, para que possa ser candidato a Presidente da República. A mesma desfaçatez que ainda há pouco ocorreu com o ladravaz confesso Sérgio Cabral, que disse sem rodeios qual percentual recebia sobre as obras no Rio de Janeiro quando foi Governador.
Quanto a Sergio Moro, se eleito presidente do Brasil, será um morto-vivo, já que não terá condições de governar, devido às ações e omissões do Congresso Nacional, como se pôde observar esta semana na manobra para boicotar o andamento da PEC que trata de prisão para condenados em segunda instância. Há no Congresso Nacional dezenas de parlamentares implicados nas listas de corruptos da Odebrecht e de outras empreiteiras, além de ladroagem diversa, os quais jamais irão dar um tiro no próprio pé, aprovando leis que poderiam colocá-los na cadeia. O mesmo se pode dizer sobre o fim do foro privilegiado, exigido por toda a sociedade brasileira: a impunidade tem que continuar para os politicos corruptos e, se possível, ser ampliada ainda mais.
Basta lembrar o que sobrou do pacote anticorrupção apresentado pelo Governo Bolsonaro ao Congresso Nacional, com as digitais de Sergio Moro quando ele era ministro da Justiça. Foi totalmente desidratado pelos parlamentares, que ainda embutiram alguns jabutis para que a bandalheira fosse aperfeiçoada.
Outro problema sério que um Governo Moro terá que enfrentar serão as ações nefastas dos "Sete líderes do PT no STF", e mais alguns petralhas togados, que irão acolher todas as safadezas da extrema esquerda para boicotar o Governo Federal - como já é feito com muito sucesso contra o Governo Bolsonaro.
O Brasil vive um estado de anomia extrema, com um Congresso Nacional omisso e uma Ditadura da Toga que de fato governa o País, em que ministros do STF se fazem passar por executivo federal, legislador, procurador da República, vítima, policia, delegado, promotor, jurado, juiz e carrasco, de sorte que ninguém será capaz de governar a nação brasileira, nem Moro, nem ninguém, a não ser que se submeta a esse "semipresidencialismo" sugerido por Dias Toffoli, que na prática já está sendo imposto a Bolsonaro, goela abaixo, pelos "Sete Líderes do PT no STF".
Quanto ao general Santos Cruz, aliado de Sergio Moro, posso afirmar que foi um grande chefe militar, tanto na Força Terrestre, quanto em missões de paz da ONU, comandando com destaque tropas multinacionais no Haiti e no Congo, onde teve real risco de morrer, quando um helicóptero em que viajava foi alvejado.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Algumas poesias - Por Félix Maier


O Canário

 

Félix Maier

 

Corre o moleque por deserta estrada,

Atiradeira à mão, o peito arfando,

Corre e corre nas pedras tropeçando,

No chão cai. Se levanta. Não é nada.



- O passarinho! - e o seu olhar fulgia

Em um anseio de febril desejo.

- O passarinho! - Mas, meu Deus, que vejo?

Ferido canário no chão gemia,



Numa poeira amarela de plumas,

Que se esvoaçam ao lépido vento.

Assim, meu moleque, como te arrumas?



Garoto, por que este teu sentimento?

Vivo o canário, sádico te enfunas?

Morto agora, só ouço teu lamento?



Agudos, SP, 1969.

 

***

 

Reticências...

 

Félix Maier

 

Tudo se me depara em reticências...

Tenho uma idéia,

alimento-a,

engordo-a,

e, com toda fatalidade,

me deparo com reticências...

A Vida, a Grã-Reticência...



Reticências de meus anseios,

reticências de vaporosos sonhos,

reticências deste meu escrito,

malditos três pontinhos

que não consigo preencher...



Como sonâmbulo Quixote,

aventurando-me em terras alheias,

desafiando moinhos-de-vento,

combatendo leões imaginários,

marcando duelos em cada pousada,

só me restam reticêncas...



Reticências da Verdade não captada,

de uma tristeza inconformada,

reticências... reticências... reticências...

A Vida, a Grã-Reticências...



Mas,

que seria de nossa vida

sem o prazer da busca da Verdade

em todas essas reticências?...



Agudos, SP, 1969.

 

 

***

 

A Noite

 

Félix Maier

 

A noite vem engolindo o mundo inteiro.

As aves já se abrigaram no quente ninho.

Uma ou outra coruja,

sem destino,

vagueia pelo céu denegrido,

em gritos lacerantes,

à busca de algum alimento.

Tudo se prepara para o repouso.

Só os sapos berrentos

e os grilos arrancando trinados de suas flautas

executam estranha sinfonia.

Tudo se vai tornando silêncio.

E em silêncio também fica

a alma da gente,

nostálgica e indefinida,

cópia exata desta noite

que lá fora já abocanhou tudo.

Em silêncio medita a alma,

febricitante pelas infindas incógnitas

que lá dentro se entrecruzam,

iluminadas de vez em quando

por alguma fagulha de luz,

como minúsculo pirilampo,

perdido na imensidão da noite.

Tudo repousa.

Os pássaros aconchegados em seus ninhos.

Os animais entocados.

Só a minha alma vela a macabra noite,

sombra de sua face sofredora.



Agudos, SP, 1969.

 

***

 

Águas-Emendadas

 

Félix Maier

 

Planalto Central,

plano alto dos três poderes,

da casa legislativa,

da justiça, do executivo.

Altiplano brasileiro,

altar da Pátria,

faz brotar veio único,

que alimenta três límpidos filetes d água,

águas-emendadas,

crescendo em córregos,

em riachos,

em rios caudalosos,

que se volvem,

em um passe mágico de Iara,

para o norte,

para o sul,

para o leste,

desaguando o tênue veio inicial,

o veio triplo,

em três rios colossais,

nas vagas do Atlântico.

Seria o Brasil então dividido em ilhas colossais?

Não!

O veio único,

o veio triplo,

águas-emendadas,

enlaça o sangue das três raças brasileiras:

para o norte segue o sangue indígena,

nativo, puro.;

para o sul o sangue europeu,

conquistador ontem, conquistado hoje.;

para o leste o sangue negro,

ontem derramado das veias dos escravos,

hoje conquistador,

impondo sua rica e colorida cultura.

Não três ilhas,

isoladas,

solitárias,

deprimidas.

Mas três raças,

fundidas em uma só,

águas-emendadas,

sangues-emendados,

poderes-emendados,

raças-emendadas,

ilhas-emendadas,

grande nação,

nação brasileira!



Brasília, 14 de março de 2000.

 

***

 

Quasi verbum

 

Félix Maier

 

Verbo

verbera

reverbera

verbo ad verbum

verbalização

verbi gratia

verborragia

verbo-diarréia

verbatim verborréia:

parnaso-maximalista Rui, Bilac.



Verbo

quasi verbum:


minimalista Trevisan.


Brasília, 21 de julho de 2000.

 

***

 

Itamália

 

Félix Maier

 

Quando Itamália enlouqueceu,

Pôs-se no Liberdade a sonhar...

Queria briga com o Rei,

Queria aos mineiros um mar...



No sonho em que se perdeu,

Banhou-se em farda e lamaçal...

Brancaleone tapuia ensandeceu,

No chafariz pôs um submarino a singrar...



E no desvario seu,

Uma vez mais pôs-se a delirar...

Com capitães-de-bravata ao léu,

Uma praia da Bahia iria roubar...



E, como Moisés, ao Rei prometeu:

“As águas de Furnas irei desviar!”

Itamália estava perto dos seus,

Os seus sonhavam com um mar...



O topete que Deus lhe deu,

Salta sempre e dança no ar...

Itamália ainda briga com o Rei,

Os mineiros ainda esperam um mar...



(Paráfrase de “Ismália”, de Alphonsus de Guimaraens; trata-se do ex-governador das Alterosas, Itamar Franco.)

 

Brasília, 2 de maio de 2001

 

***

 

No meio do caminho havia uma ... Olivetti

(ou “Minimize, que o chefe chegou!”)

 

Félix Maier


No meio do caminho do burocrata

Havia - além de uma velha Remington -

Um poeta

Um contista

Um humorista.



No meio tempo de um carimbo no balcão,

De uma chancela para despacho,

Há uma pausa para o poeta

Correr até a velha máquina de escrever

E bater um pedaço de inspiração.



A fila de clientes?

Ao diabo as filas de gente!

As belas letras devem preceder às atas!

“Ao vencedor as batatas!”



Que seria da literatura brasileira

Se no meio do caminho,

Entre o birô do burocrata

E o público amassado em longas filas,

Não houvesse uma Olivetti,

Uma Remington,

Uma Hermes Baby,

E um genial escritor em hibernação?

Se não houvesse essa figura singular,

Invento criativo de nossa gente:

O burocrata Machado

O diplomata Veríssimo

O barnabé Drummond

No Itamarty Guimarães?

Se não houvesse esse festeiro,

Don Juan Vinicius em tempo integral

Funcionário gazeteiro,

(“Beleza é fundamental!”)

Entre os poetinhas o primeiro?



E saber que entre fungos e traças,

Em uma singela repartição pública,

Machado nos mostrou toda sua graça:

“Ao último verme que roer minhas carnes...!”

Dedicatórias lindas assim não há quem faça.

Só ganhando o pão que o ácaro amassou entre fungos e traças...

E uma velha Remington...



Entre os barnabés da Esplanada

E os funcionários das autarquias

Quem diria!

Muito mais escritores se esgueiram

Do que imagina nossa vão filosofia usineira...



Minimize seu escrito na tela,

Que o chefe chegou!



Texto maximizado,

Surfam pelas ondas da Internet

Um poema

Um artigo

Um cordel

Uma carta fechada

Uma carta aberta

Um ensaio

Uma pitada humorística

Direto para o reino etéreo de Usina de Letras.



Parabéns!

Seu texto foi inserido com sucesso!

 

Brasília, 18 de maio de 2001.

 

***

 

Muita rima, nenhuma solução...

 

Félix Maier

 

Afeganistão,

Paquistão,

Cazaquistão,

Uzbequistão,

Tajiquistão,

Quirguistão,

Turcomenistão,

Curdistão,

Calistão,

Sudão,

Cristão,

Islão,

Corão,

Bin Ladão,

Bushão,

Canhão,

Avião,

Explosão.



Muita rima...



Nenhuma solução!

 

Brasília, 28 de setembro de 2001.

 

 

***

 

E agora, Luiz?

 

Félix Maier

 

E agora, Luiz?

A festa acabou,

O palanque desabou,

O Big Brother Bahia, ACM grampeou,

A Heloísa chiou,

A Lulu Genro estrilou,

Babá-Baby (veste a camisinha!) ironizou,

Lindo “Guevara” Bergh radicalizou,

A reunião esquentou.

E agora, Luiz?

E agora, Genú do Araguaia?

E agora, Zé Di Ceu do Molipo?

E agora, cérbero do Hades petista: CUT, MST e PSTU?



Está sem colher

(a fome zero é muita).

Está sem discurso

(O Duda está na Costa do Sauípe).

Está sem ventríloquo

(Zé Di Ceu foi se tostar em Cayo Largo del Sur).

Está sem carrinho

(de supermercado).

Já não pode comer

(os dentes todos caíram).

Já não pode beber “mojito”

(o poço artesiano Nhô Cêncio levou).

Já não pode tragar “havana”

(o Serra proibiu).

Cuspir já não pode

(ajuda a encher a barriga).



A noite esfriou,

A reunião novamente esquentou:

Que reunião fica morna com a Patota do Torto, Helô?

(“Comigo é quente ou frio. Morno, eu vomito”.)

O dia não veio:

O Rio, Nandinho Beira-Mar tomou...

O vale-alimentação não veio,

O riso (sem dente) veio assim mesmo...

Afinal, Deus é Brasileño,

Com sotaque cu(riti)bano...

Não veio a utopia,

sonhada por Helô “Pasionaria”,

propalada por Lulu “Pecosa”,

pregada por Babá-Baby,

charmenizada por Lindo “Guevara” –

graças a Deus,

à Nossa Senhora Aparecida,

e à Santa Paulina!

E tudo desandou,

O arroz azedou,

O feijão mofou

Nas Cibrazéns das Guaribas,

E agora, Luiz?



E agora, Luiz?

Sua doce barba,

Seu minuto de febre,

Sua gula e sua p(uj)ança,

Sua sindicoteca,

Sua lavra do tesouro,

(ou seria larva do besouro?),

Seu terno de cactus,

Sua Inco(r)erência,

Seu ódio a Roriz,

Seu pódio para Magela – e agora?



Com as chaves na mão,

Quer abrir o Banco Central,

Mas dinheiro não há!

(Com um par de esqui,

Em Davos quebra a canela do Merréis-les...)

Quer morrer no mar,

Mas Garanhuns não tem mar!

Quer beber um trago,

Porém “cuba libre” não há mais!

Luiz, e agora?



(Paródia de “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade)



Observações:


- Neste carnaval, está previsto Zé Di Ceu do Molipo carimbar o já roto crachá de “secreta” do serviço cubano na paradisíaca ilha Cayo Largo del Sur, Cuba (“Veja”, 26 Fev 2003).


- “La Pasionaria” e “La Pecosa” (A Sardenta) foram duas comunistas de destaque na Guerra Civil Espanhola. A primeira abriu a jugular de um padre a dentadas.; a outra pertenceu à milícia que assassinou o bispo de Jaén e sua irmã, na frente de 2.000 pessoas.


- Patota do Torto = PT.

 

Brasília, 28 de fevereiro de 2003.

 

***

 

Flor amarela do cerrado 

 

Félix Maier 

 

O Sol inclemente 

Enche suas bochechas 

E sopra bafo escaldante 

Que faz calar toda a vida no cerrado. 

 

Todas as forças da natureza 

Se unem para torcer as plantas, 

Retorcer os galhos, 

Roubar as folhas, 

Humilhar todas as árvores, 

Até que se curvem ao chão, 

Secas, 

Vencidas. 

 

Um fogo inclemente 

Lambe o cerrado com labaredas gulosas, 

Queimando tudo, 

Deixando apenas os troncos 

Enegrecidos pelo carvão. 

 

Mas... um milagre? 

Uma solitária e indefesa flor amarela 

Desabrocha do chão em cinzas, 

Na vastidão do cerrado devastado, 

Insiste em se abrir para o mundo, 

Mostrar sua beleza ímpar, 

Altiva, 

Desafiadora, 

Esplendorosa, 

Desafiando as forças funestas 

Que tentam lhe tolher o mais elementar direito, 

O direito à vida. 

 

Uma lição de vida 

Nos dá a natureza 

A nós que desistimos fácil das coisas: 

A planta do cerrado pode até queimar, 

Ter o tronco transformado em carvão, 

Mas morrer, jamais! 

 

A flor amarela do cerrado 

Pode desaparecer na fogueira, 

E mesmo sem chuva, 

Com o Sol cada vez mais inclemente, 

Sempre reaparece, 

Altiva, 

Desafiadora, 

Esplendorosa, 

Da cor do fogo que a fez sumir. 

Mas morrer, jamais!

 

Brasília, 8 de outubro de 2020.




Adendo:

Escritores Brasileiros

http://baudenomes.blogspot.com/

No endereço acima, consta um “baú de nomes” de escritores, poetas e ensaístas brasileiros, por ordem alfabética.

Na letra “F”, Félix Maier consta como “poeta”, não se sabe de onde tiraram essa conclusão - http://baudenomes.blogspot.com/p/letra-a_1829.html.

 

Poetas brasileiros, quantos somos?

https://www.blocosonline.com.br/literatura/poesia/pquantos/nomesak.htm

No endereço acima, há uma relação de poetas brasileiros em ordem alfabética, inclusive de Félix Maier.

Félix Maier publicou algumas poesias no site Usina de Letras (https://www.usinadeletras.com.br/exibetextoautorpc.php?user=fsfvighm&cat=Poesias&vinda=S). Não são lá essas coisas - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/11/algumas-poesias-por-felix-maier.html.