MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

sábado, 26 de julho de 2025

Soneto do Jubileu de Aninha - Por Félix Maier

Soneto do Jubileu de Aninha

Félix Maier

Desliza a gôndola em Veneza calma,
E Aninha, alegre, em prece se derrama.
A fé conduz, suavemente, a sua alma
Por águas santas que o amor reclama.

Assis de Francisco a envolve em doçura.
Pádua, com Antônio, a faz mais serena.
Em Pompeia, espanta-se à dura escultura
De corpos pétreos sob a cinza amena.

Depois, em Roma, mil maravilhas viu:
Fontanas cantam, Césares dormem quietos,
A fé pulsa entre ruínas e obeliscos eretos.

No Vaticano, o Papa o Céu lhe abriu:
Aninha, em Jubileu, como ao ser batizada,
Renova a alma - inteira, leve e alada.


sexta-feira, 25 de julho de 2025

Marcha de horrores - Por Consuelo Dieguez, da Revista Veja


Marcha de horrores

Arquivos de Juarez Távora, o segundo em comando, revelam atrocidades da soldadesca da Coluna Prestes

Revista Veja, 9/6/1999

http://veja.abril.com.br/090699/p_148.html

Consuelo Dieguez

Távora com Luís Carlos Prestes (indicados pelas setas) em tempos revolucionários e nos anos 70 (à dir.): arquivo aberto

Os jovens revolucionários reunidos na lendária Coluna Prestes, que durante três anos percorreu 24 000 quilômetros pelo interior do país, em defesa de reformas sociais e políticas, eram recebidos como heróis pelas populações dos onze Estados por onde passaram. Pelo menos, é isso que os livros de História ensinam há mais de meio século. Até agora, os registros históricos indicavam que esse exército revolucionário, que entre 1924 e 1927 chegou a reunir 2 000 homens comandados pelo futuro líder comunista Luís Carlos Prestes, era saudado com fogos de artifício e bandas de música por onde passava. E recebia todo o apoio dos moradores para continuar sua marcha contra o governo do presidente Arthur Bernardes. Parte desse relato de heroísmos terá de ser revista. Os arquivos do general e ex-ministro Juarez Távora, o segundo homem na hierarquia da Coluna, abertos recentemente ao público pelo Centro de Pesquisa e Documentação, Cpdoc, da Fundação Getúlio Vargas, revelaram uma face vergonhosa de muitos dos bravos cavaleiros da Coluna. Em vários lugares por onde passaram, os soldados da Coluna espalharam terror entre a população praticando saques e violências dignos de um bando de salteadores.

Com 28.000 cartas, manuscritos, mapas e fotos, os arquivos abrangem mais de sessenta anos da vida de Távora, que morreu em 1975, aos 77 anos. 'É o conjunto de documentos que retrata o cotidiano da Coluna Prestes com maior riqueza de detalhes', afirma a antropóloga Luciana Heymann, coordenadora do setor de documentação do Cpdoc. A importância dos papéis está em seu ineditismo. É a primeira vez que documentos comprovam algo que antes havia sido atestado somente pela memória oral dos habitantes das cidades percorridas pela Coluna. Os relatos das atrocidades cometidas por parte da tropa estão em diversas cartas enviadas ao comando do movimento, sobretudo por moradores, padres e autoridades dos lugares por onde marcharam. Até mesmo integrantes do exército revolucionário denunciaram por escrito os abusos - incluindo-se aí estupro de 'senhoras indefesas'.

Por meio dessas cartas descobre-se, por exemplo, que, em vez de aguardar em festa a Coluna, moradores de vários lugarejos fugiam apavorados com a proximidade das tropas. Uma carta enviada pelo coronel João Ayres Joca, habitante de Porto Nacional, no norte de Goiás, aos principais homens do comando - o general Miguel Costa, Prestes e Távora - revela o pânico da população com a chegada dos combatentes. 'A delicada missiva com que nos honrastes veio aliviar a nossa cidade da natural apreensão com a aproximação da Coluna', diz o militar. 'Não se pôde, porém, impedir o esvaziamento quase completo da cidade', acrescenta.

No dia 14 de outubro de 1925, uma correspondência remetida ao general Miguel Costa pelo padre dominicano José Maria Amorim, diretor do Convento de Santa Rosa, também de Porto Nacional, confirma a impossibilidade de evitar o êxodo dos moradores da cidade. 'Apesar dos esforços, retira-se grande parte da população', relata o padre, que em seguida faz um apelo dramático ao general. 'Pedimos, suplicamos em nome deste povo portuense para que a passagem das tropas de vossa excelência não venha importunar e aumentar as dificuldades com que lutam nossos sertanejos.' O pedido, contudo, parece não ter surtido efeito. Numa nova carta, escrita ao general sete dias depois, o mesmo padre protesta. 'A passagem da Coluna revolucionária através de nossos sertões e por nossa cidade tem sido um lamentável desastre que ficará por alguns anos irreparável. Em poucos dias, nosso povo, na maioria pobre, viu-se reduzido à quase completa miséria', denuncia.

Cartas com relatos de saques e estupros: documentos na contramão da História oficial

De alguma forma, o comando da Coluna admitia os excessos. Numa resposta ao padre, Prestes, Costa e Távora tentaram justificar os abusos. 'Afiançamos-lhe que só temos retirado do patrimônio do povo aquilo que é indispensável às necessidades imprescindíveis da tropa', escreveram os chefes da Coluna. Em outra correspondência, contudo, o general Costa revelava-se vexado com a violência dos soldados comandados por ele. '(...) Envergonha não só a nossa causa como o Brasil. Além do roubo e da tentativa de incêndio, ficou provado o excesso nas libações alcoólicas', narrou o general, numa correspondência dirigida ao major Virgílio dos Santos, comandante de um dos destacamentos do movimento.

Mais dramáticos ainda são os relatos de um certo capitão Antônio Teodoro, também integrante da Coluna, ao próprio general Costa. Numa carta indignada, ele protesta contra as violências cometidas pelos soldados revolucionários, que, para ele, são motivo de 'dolorosa decepção'. 'Na retirada de Catanduvas (no Paraná), os habitantes da Vila Benjamim já falavam contra os saques cometidos pelos soldados revolucionários. Até mesmo no Paraguai se pratica saque. No Mato Grosso, os saques e os incêndios eram frequentes, sem motivos que os justificassem. Tropa que diz bater-se pela liberdade dum povo não pratica incêndios, saques e não viola senhoras indefesas, como até aqui se tem praticado.' E faz uma crítica direta ao comando: 'Os culpados foram punidos? Não! Não se encontraram responsáveis. Por quê?'

Os fatos que agora vêm à tona pelos arquivos de Távora são, de acordo com o historiador Edgard Carone, autor de A República Velha II Evolução Política e um dos maiores especialistas no assunto, os documentos mais concretos sobre as atrocidades cometidas pela Coluna. 'Tínhamos alguma desconfiança de que foram praticados alguns atos violentos contra a população', afirma Carone. 'Mas essas são as primeiras provas de que isso realmente aconteceu.' Em sua opinião, contudo, esses episódios em nada diminuem a importância e a bravura da Coluna Prestes. 'É preciso que se entenda que muitos desses homens não estavam acostumados à disciplina militar, pois foram se agregando ao grupo ao longo de sua marcha', justifica. Ainda que o valor histórico do movimento não se altere, os arquivos agora revelados mostram uma nova face da Coluna Prestes. Uma face cruel e desumana.


quinta-feira, 17 de julho de 2025

Soneto da Metamorfose Vermelha - Por Félix Maier

 


Soneto da Metamorfose Vermelha

Félix Maier

Do berço em Moscou brotou o comunismo,
Com foice em punho e o livro em labareda.
Prometia ao povo um novo catecismo,
Mas trouxe a fome em sua dura moeda.

Mudou de veste, para socialismo pleno,
Com rosto humano e fala mais polida.
Trocou o gulag por um verbo sereno,
Mas conservou a alma enfurecida.

Por fim, progressismo se assumiu,
Com novas causas, pura transgenia,
Porém o projeto antigo não sumiu.

Marcha sutil, de um rosto repintado,
Sempre sonha erguer, sob outra fantasia,
O velho império do homem tutelado.


terça-feira, 1 de julho de 2025

Soneto da Nuvem Togada - Por Félix Maier

 


Soneto da Nuvem Togada

Félix Maier

Na cúpula Suprema, entre togas e fumaça,
Decide o velho Olimpo da moral:
“Quarenta gramas? Vai, passa de graça…
Crime só é com quilo industrial!”

Levitam togadinhos, serenos, perdidos,
No aroma doce da flor do perdão.
"Trinta e nove? É paz! Quarenta e um? Perigos!"
E a balança da lei vira adivinhação.

O motoboy, com bag da erva sagrada,
Alega: "Entreguei, mas nem pesei!"
E o juiz: "Se foi leve, não deu nada..."

E o povo assiste, meio sem lei nem rei:
“Se o estuprador diz ‘foi só a cabecinha’...
Será que o Supremo crê também nessa linha?”



quinta-feira, 29 de maio de 2025

Carta do Aiatolá de Forquilhinha a Fidel Castro: Queridíssimo Fidel

Dom Paulo Evaristo Arns

Carta do Aiatolá de Forquilhinha a Fidel Castro:

São Paulo, Natal de 1988

Queridíssimo Fidel,

Paz e bem

Aproveito a viagem de Frei Betto para lhe enviar um abraço e saudar o povo cubano pela ocasião deste 30º aniversário da Revolução. Todos nós sabemos com quanto heroísmo e sacrifício o povo de seu País conseguiu resistir às ações externas e erradicar a miséria, o analfabetismo e os problemas sociais crônicos. Hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser no nosso continente, tão empobrecido pela dívida externa, um exemplo de justiça social.

A Fé cristã descobre nas conquistas da Revolução os sinais do Reino de Deus que se manifesta em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor.

Aqui, no Brasil, vivemos momentos importantes de luzes e sombras. De um lado, a vitória alcançada nas últimas eleições renova o marco político do País e abre esperanças de que o indescritível sofrimento do nosso povo possa ser minorado no futuro. Convivemos com uma inflação de 30% por mês e uma sangria de recursos absorvidos pelo injustificável pagamento dos juros da dívida externa. Por outro lado, sabemos que essa vitória não significa ainda nossa liberdade e que estaremos obrigados a enfrentar em nosso próprio País todo tipo de pressões e dificuldades criadas pelos donos do Grande Capital.

Este é um momento de dor para quem faz de seu serviço episcopal um ato de efetivo amor para com os pobres. Entretanto, confio que nossas comunidades eclesiais de base saberão preservar as sementes da nova vida que foram semeadas.

Infelizmente ainda não se deram as condições favoráveis para que se efetue o nosso encontro. Tenho a certeza de que o senhor Jesus nos indicará o momento oportuno.

Tenho-o presente diariamente em minhas orações e peço ao pai que lhe conceda sempre a graça de conduzir os destinos da pátria.

Receba meu fraternal abraço nos festejos pelo XXX Aniversário da Revolução cubana e os votos de um ano novo promissor para o seu país.

Fraternalmente,

Paulo Evaristo, Cardeal Arns.

O Aiatolá e o Tirano


Crônica antiga:

PRIMEIRA EPÍSTOLA AO AIATOLÁ DE FORQUILHINHA



quarta-feira, 28 de maio de 2025

O Catarinauta - O astronauta de Maratá (SQN... é fake)

Charles “Pete” Conrad Junior foi o terceiro homem a caminhar na Lua, no comando da Apollo 12, que pousou em 19/nov/1969.
Fonte: Costa, J. R. V. Um brasileiro na Lua. Astronomia no Zênite, jul 2019. Disponível em: https://zenite.nu/um-brasileiro-na-lua


O Catarinauta: O primeiro brasileiro no espaço foi o catarinense Charles Conrad


O catarinauta (1) 


 [12/04/2006]


http://www.parana-online.com.br/colunistas/dante-mendonca/35087/O+CATARINAUTA+1

Marcos Pontes não foi o primeiro astronauta brasileiro. O primeiro brasileiro no espaço foi o catarinense Charles Conrad, terceiro homem a pisar no solo da Lua, nascido na pequena localidade de Maratá, município de Porto União.

"O menino Charles nasceu na casa onde eu moro agora, ele é brasileiro e foi naturalizado americano quando os pais resolveram mudar-se para a América do Norte", declarou José Rehme, tio do astronauta, em novembro de 1969.

Em Porto União, quando o velho José Rehme contava que o sobrinho era um astronauta americano, ninguém lhe dava crédito. Causava apenas curiosidade e a história se transformou em lenda, que não correu além do Rio Iguaçu, fronteira entre o Paraná e Santa Catarina e que divide União da Vitória, no Paraná, de Porto União, em Santa Catarina.

Pudera, um sem-número de papas já havia nascido em Santa Catarina.

Verdade ou fantasia, a história foi caindo no esquecimento até que a missão Apollo 12 foi lançada em 14 de novembro de 1969, com os astronautas Alan Bean, Richard Gordon e Charles Conrad Junior, o comandante da missão. Seu objetivo era pousar na região lunar conhecida como Oceanus Procellarum e desenvolver alguns experimentos científicos. Teriam eles já experimentado "a germinação de sementes em microgravidade", a missão de Marcos Pontes?

Para o velho José Rehme, não importava o objetivo da missão. Importava era dizer, mais uma vez, aos incrédulos de Porto União que o sobrinho agora era mais importante: "Foi à Lua, mas nasceu no Brasil".

A lenda ganhou vida, o velho José Rehme ganhou credibilidade. Rapidamente, a incrível história se espalhou. Uma rádio local deu a notícia e era só do que se falava nos bares e no grande salão de baile de Maratá, onde os alemães deixavam os filhos numa creche anexa para poderem dançar nas noites de sábado. Os políticos locais se mobilizaram para descobrir se aquilo fazia sentido. A Prefeitura de Porto União, mesmo às voltas com as eleições que ocorreriam no próximo dia trinta, mandou emissários à procura de José Rehme, sua irmã Elisabete, primos e conhecidos da família Conrad, que emigrou em 1940 para a América do Norte.

***

Quando Charles Conrad Jr. pisou no solo lunar em 19 de novembro de 1969, no dia seguinte os repórteres Moraes Neto e Agenor Santos já estavam em Porto União para levantar informações e documentos para uma série de reportagens para o jornal O Estado do Paraná, que teve o seu início na edição n.º 5.537, uma sexta-feira 28 de novembro, com a seguinte manchete no alto da primeira página:

"Conrad, herói da Lua, é catarinense".

Veja mais reportagens sobre o assunto:

O catarinauta (2) - http://www.parana-online.com.br/colunistas/dante-mendonca/35139/O+CATARINAUTA+2 

O catarinauta (3) - http://www.parana-online.com.br/colunistas/dante-mendonca/35222/O+CATARINAUTA+3

 

Fonte: Usina de Letras - https://www.usinadeletras.com.br/

Artigos-->O 1º brasileiro no espaço foi o catarinense Charles Conrad -- 19/10/2015 - 09:08 (Félix Maier)


Ainda:

O "astronauta de Maratá"

Marcos Pontes não foi o primeiro astronauta brasileiro?

Charles Conrad, terceiro homem a pisar no solo da Lua, teria nascido em Maratá-Porto União?

https://portouniao.webnode.com.br/curiosidades/o-astronauta-de-marata/

 

O catarinauta (2)

https://www.tribunapr.com.br/blogs/dante-mendonca/o-catarinauta-2/

 

Um brasileiro entre os astronautas da Apollo XII

O TEMPO Brasil
Publicado em 18 de julho de 2009 | 19:22

https://www.otempo.com.br/brasil/um-brasileiro-entre-os-astronautas-da-apollo-xii-1.622712

 

Um brasileiro na Lua

https://zenite.nu/um-brasileiro-na-lua

 

País viveu mito de astronauta brasileiro na Apollo 12

Por Ricardo Gozzi e da Agência Estado

20/07/2009 | 13h38 

Era novembro de 1969 e o Brasil ainda estava eufórico com o milésimo gol de Pelé, mas uma pequena comunidade rural do centro-norte de Santa Catarina tinha outro motivo para ficar agitada: a viagem da Apollo 12 à Lua.

https://www.estadao.com.br/ciencia/pais-viveu-mito-de-astronauta-brasileiro-na-apollo-12/



terça-feira, 27 de maio de 2025

Oh! flor do céu! Oh! flor cândida e pura! - Por Machado de Assis e Félix Maier


Oh! flor do céu! 

Oh! flor cândida e pura!


Machado de Assis e Félix Maier


Oh! flor do céu! Oh flor cândida e pura!
Teu perfume etéreo o ar todo abraça,
Brilha em silêncio a luz que em ti fulgura,
No campo bruto onde a refrega grassa.

Ergue-se altiva, mesmo em noite escura,
Na espessa treva que tudo disfarça.
Guarda em teus seios a fé que perdura,
Se o vento fere, tua essência não passa.

Se em ti repousa a dor da ventania,
Flor da esperança, que jamais retalha.
E quando a aurora, no fim, principia,

Tua alma ascende em virtuosa mortalha:
Desfalece a flor em suma agonia.
Perde-se a vida, ganha-se a batalha.

Obs.: O 1º e o último verso (Oh! flor do céu! Oh flor cândida e pura e Perde-se a vida, ganha-se a batalha) são de autoria de Machado de Assis, que iniciou um soneto jamais acabado no livro Dom Casmurro. Assim, me meti a concluir a brincadeira iniciada pelo Bruxo do Cosme Velho, na personagem de Bentinho.