O CMI e o portal Comunismo pregaram a morte de Olavo de Carvalho em 2003
Por Olavo de Carvalho
"CMI convoca ao assassinato de Olavo de Carvalho e
ainda diz fazer campanha "contra a intolerância"
Leiam o plano homicida em
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/03/251552.shtml.
O site que com exemplar cinismo se denomina
"Centro de Mídia Independente" perdeu os últimos escrúpulos e partiu
para a criminalidade pura e simples.
O CMI é uma ONG milionária, com escritórios em
mais de uma centena de países, empenhada em fazer propaganda contra os EUA e
Israel, exatamente na linha de milhares de sites nazistas e comunistas, e que
ainda tem o desplante de chamar de "fascista" quem tome posição
contrária à sua.
Desesperada de não poder responder às denúncias
que apresento nos meus artigos e no Mídia Sem Máscara, sobretudo no concernente
à aliança dos pretensos "pacifistas" com os movimentos neonazistas,
está apelando ao método da "ação direta", o mesmo propugnado por
Mussolini, para cortar o mal pela raiz, eliminando-me fisicamente.
Não me sinto de maneira alguma inclinado a confiar
minha segurança às autoridades esquerdistas que nos governam, as quais já
demonstraram estar mais interessadas em proteger as Farc contra os Estados
Unidos do que o povo brasileiro contra as Farc e outras organizações criminosas
associadas a seus partidos no Foro de São Paulo, coordenação estratégica do
movimento comunista no continente.
Não tenho portanto garantias mínimas nem para
minha vida nem para meu trabalho, estou fora dos direitos constitucionais e
excluído da tal "cidadania".
A mim pouco me importa o que me aconteça. Morrer
não é doença nem motivo de vergonha. Vergonha é viver num país em que só os
assassinos têm proteção das autoridades. Vergonha é ser membro de uma classe
profissional em que a pregação do homicídio ostenta o rótulo de "luta
contra a intolerância".
Tenho vergonha de pertencer a um povo que elege
presidente um amigo das Farc, tenho vergonha de ser colega de profissão dos
canalhas do CMI.
Se vergonha matasse, eles não precisariam nem dos
coquetéis molotov que querem jogar em mim: eu já estaria morto só de ler o que
escrevem.
Olavo de Carvalho
2 de abril de 2003
Vejam o plano magnífico que traçaram e as razões
que alegam para colocá-lo em prática.
Livraria Cultura anuncia em site fascista
Por Rede de Combate ao Racismo 31/03/2003 Às 17:29
A conceituada rede de livrarias Cultura está
anunciando no site mídia sem máscara.
A conceituada rede de livarias Cultura, de São
Paulo, está anunciando no site de extrema-direita "mídia sem
máscara". O site adota uma posição totalmente pró-Bush e pró-guerra, e vem
publicando ultimamente uma série de artigos ofensivos e incitando ao ódio
contra árabes e muçulmanos.
O responsável pelo site, o astrólogo e professor
de filosofia Olavo de Carvalho, também é acusado de receber dinheiro do
empresário Ronald Levinsohn, que foi processado pela falência fraudulenta da
caderneta de poupança Delfin, e do jornalista Roberto Marinho.
BOICOTE
NAO TOLERE INTOLERANTES 31/03/2003 18:15
Vamos boicotar e fazer a Livraria Leitura saber
disto: que esta perdendo clientes por patrocinar um site de extrema-direita,
que apoia a guerra, a
intolerancia
e a hegemonia estadunidense sobre os povos.
Um pouco mais além do boicote
31/03/2003 18:34
Um boicote da nossa parte, pessoas realmente
progressistas, que realmente combatem o imperialismo, a intolerância, o
fascismo, seria bom, mas infelizmente insuficiente.
Ora, se levantarmos o perfil do comprador habitual
da Livraria Cultura, veremos que se trata de um membro da alta burguesia
institucional. Afinal, o preço dos livros nessa livraria é um acinte
(principalmente dos importados).
Pois muito bem, com boicote nosso ou sem boicote,
o impacto seria irrisório.
Entretanto, uma ação um pouco mais direta surtiria
efeito. Refiro-me à invasão e à destruição das duas lojas dessa nefanda
livraria, situadas respectivamente no Conjunto Nacional e no Shopping
Villa-Lobos. Imaginem arregimentar cerca de 200, 300 pessoas, cada uma armada
de paus, pedras e coquetéis-molotov? O mais importante é fazer isso e deixar
claro o motivo da invasão.
Ação direta é isso.
Outra coisa: Será que não está mais do que na hora
de dar um fim físico a esse câncer chamado Olavo de Carvalho?
Não sei se os leitores sabem, mas esse canalha
mantém um "curso de filosofia" mensalmente, cobrando 100 reais por
aula de cada aluno. E esse curso é ministrado sempre no mesmo local.
Por que não convocar uma manifestação em frente ao
local desse curso (ou melhor, "lavagem cerebral") e, se possível,
eliminar fisicamente esse fascista, racista, canalha e miserável?
Vamos pensar nisso..."
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Obs.:
O aiatolá Khomeini, considerando blasfemo o livro
de Salman Rushdie, “Versos satânicos”, emitiu uma “fatwa” (decreto religioso),
condenando o escritor à morte. Passou a oferecer US$ 3 milhões de dólares de
recompensa para o muçulmano que o eliminasse fisicamente, e US$ 1 milhão de
dólares para o não-muçulmano que fizesse o “trabalho”. A diferença do preço?
Ora, é a tal intolerância islâmica fundamentalista, que julga os “infiéis”, os
não muçulmanos, seres de última categoria, condenadas a arder eternamente no
fogo do inferno. Recentemente, a “fatwa” foi novamente lançada no Irã pelo
aiatolá do momento, lembrando que a condenação à morte de Rushdie não foi
revogada.
Quanto ao incentivo para assassinar Olavo de
Carvalho, não sei ainda quanto o Centro de Mídia Independente (CMI) oferece de
prêmio. Mas, pelo que tenho lido ultimamente, muitos fariam o trabalho de
graça. Só aqui, em Usina de Letras, há umas duas dúzias de tipos com esse
perfil.
Quem dos fundamentalistas esquerdistas de Usina se
candidata à “justa causa” de eliminar Olavo?
Ah! Os bravos talibãs de Mídia Independente irão
dizer que é tudo brincadeirinha, que hoje é “April Fool’s Day”. Seria, mesmo,
apenas o dia primeiro de abril? Será? (F.Maier)
Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=19567&cat=Artigos&vinda=S
***
Do Jornal da Tarde (SP) - O filósofo e jornalista Olavo de Carvalho vai entrar hoje com uma queixa formal no Ministério Público do Rio de Janeiro para que sejam investigadas ameaças de morte contra ele, contidas em textos dos sites brasileiros midiaindependente.org.br e comunismo.com.br.
No domingo, um texto anônimo da ONG Centro de Mídia
Independente (CMI) propôs, o fim das discussões com o filósofo para
arranjar-lhe um fim físico".
"Por que não convocar uma manifestação na
frente do local desse curso (onde o filósofo dá aulas), ou melhor,
"lavagem cerebral" e, se possível, eliminar fisicamente esse
fascista, racista, canalha e miserável?", diz a mensagem.
Olavo dá aulas em quatro capitais brasileiras e no
exterior.
O Intitulado "Um pouco mais além do
boicote", o texto sugere o boicote e a destruição das duas lojas da
Livraria Cultura em São Paulo, que estaria patrocinado o site de artigos de
Olavo de Carvalho, o Mídia Sem Máscara .
"Imaginem arregimentar cerca de 200, 300
pessoas armadas de paus, pedras e coquetéis-molotov?"
Outras ameaças, segundo Olavo de Carvalho, foram
assinadas pelo pseudônimo Diego Rivera, na página comunismo.com.br. Saber a
identidade do autor destas mensagens é o principal objetivo do filósofo, já
que, segundo ele, a ONG CMI tem a responsabilidade pelos textos anônimos que
publica.
Apontado nos sites como racista e intolerante com
os árabes, por apoiar a guerra no Iraque, Olavo de Carvalho já foi casado com
uma mulher negra e premiado na Arábia Saudita por um de seus livros.
Autor de O Imbecil Coletivo: Atualidades
Inculturais Brasileiras e O Jardim das Aflições , ele é conhecido por defender
a interioridade humana contra tiranias coletivas.
Aos 52 anos, ele afirma não estar seguro com as
autoridades federais que, segundo ele, foram eleitas com ajuda econômica das
Farc. "Morrer não é vergonhoso. Vergonha é viver num país em que só os
assassinos têm proteção."
A reportagem tentou falar com os membros da CMI,
mas não obteve resposta.
Outros comentários do site da ONG sugerem que a
incitação ao fim físico do filósofo foi feita pelo próprio, como sabotagem ao
"boicote legítimo" à Livraria Cultura. A livraria informou que não
patrocina o site do filósofo, mas não quis tecer comentários. Sandro Guidalli,
jornalista que edita com Olavo a página Mídia Sem Máscara disse que, de fato,
não há contratos de publicidade com a livraria. "O banner da livraria está
no site por um acordo informal".
http://www.jt.estadao.com.br/editorias/2003/04/03/ger020.html"
Fonte: https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=19646&cat=Artigos&vinda=S
Salto qualitativo
Olavo de Carvalho
“L’intéressant c’est de dire
justement ce qu’il est convenu de ne pas dire.” (André Gide)
Gide
tinha razão: o interessante, para um escritor, é dizer justamente aquilo que
todo mundo combinou não dizer. Mas o interessante pode ser também perigoso.
No
artigo da semana passada, por exemplo, dei duas dicas tão interessantes quanto
proibidas. Primeira: o deputado Federal Alberto Fraga (PMDB-DF) diz ter provas
cabais da ajuda financeira dada ao PT, nas últimas eleições, pela guerrilha
colombiana (agora ele já tem 88 assinaturas no seu requerimento para a
instauração de uma CPI a respeito). Segunda: todos os movimentos neonazistas,
neofascistas e anti-semitas do mundo estão alinhados com a causa saddamista ou
antibushista, cujos apóstolos, ao chamar por aqueles nomes justamente os
adversários dela, não fazem senão imitar o exemplo de Stálin, que camuflava sua
aliança com Hitler por trás de um antinazismo de fachada, tanto mais
grandiloqüente e histriônico quanto mais conscientemente fingido.
Dadas essas notícias, o troco não se fez esperar:
minha condenação à morte, que antes me chegava discretamente por e-mail, passou a ser publicada, sem
a menor inibição, em sites da internet. São convocações abertas à militância
esquerdista para que dê cabo da minha pessoa o mais rápido possível, de
preferência por métodos cruéis e dolorosos:
“Sim, companheiros, — escreve um de meus executores
virtuais no site www.comunismo.com.br — é exatamente disso que
estou falando: linchamento, julgamento e
execução sumários, sem direito a defesa. Essa escória humana não faz
parte da solução, faz parte do problema. E quem faz parte do problema deve ser
fisicamente eliminado. Fascista não tem direito a vez nem a voz. Para calar sua
voz, devemos identificá-los e, se não matá-los tout court, cortar suas mãos para que não possam mais
expor suas idéias por escrito, e cortar suas línguas para que não possam se
expressar verbalmente.”
Mais meticuloso, o site http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/03/251552.shtml informa
aos interessados o local onde dou aulas a intervalos regulares e, repetindo
centenas de vezes o refrão “Morte ao Olavo de Carvalho”, sugere:
“Será
que não está mais do que na hora de dar um fim físico a esse câncer chamado
Olavo de Carvalho? Por que não convocar uma manifestação em frente ao local
desse curso e, se possível, eliminar fisicamente esse fascista, racista,
canalha e miserável?”
Como é lindo ouvir esses adjetivos da boca daqueles
que marcham ao lado dos skinheads pela destruição do Estado de Israel! Como é
tocante ler o apelo à minha eliminação cruenta e, linhas adiante, descobrir que
ela é, no entender de seus propugnadores, parte de uma “campanha contra a
intolerância” (sic).
Se,
quando criança, me avisassem que viveria para presenciar uma coisa dessas, eu
não teria acreditado.
Mas
deve ser o progresso. Cansados de me enviar ameaças que eu respondia com
palavrões, bem como de espalhar mensagens falsas em meu nome, que qualquer
leitor sensato identificava à primeira vista como contrafações pueris, os
rapazes acharam que estava na hora de um upgrade, ou, como diria Mao Tsé-Tung,
de um salto qualitativo na luta do proletariado. Passaram dos sussuros aos
berros, dos avisos à preparação do ataque.
Mais maravilhoso ainda é saber que esses alucinados
não estão fazendo senão levar à prática os ensinamentos recebidos de
intelectuais e educadores que, longe da cena truculenta, elegantes e
empoadinhos nas suas cátedras e nas suas colunas de jornal, encarnam a
personificação viva da convivência civilizada e dos bons sentimentos. O
inefável dr. Antônio Cândido, por exemplo (cito-o a esmo, como um entre
milhares), dizia não haver mal algum em suspender por algum tempo direitos e
garantias, se fosse para construir o socialismo. Pois aí está, dr. Antônio, o
senhor não esperou em vão: os meninos do “mídia independente” já suspenderam
pelo menos os meus direitos
e garantias. Ainda não é o socialismo, mas já é alguma coisa. Claro, o dr.
Antônio, ou qualquer outro no lugar dele, dirá que não quis chegar a tanto.
Intelectuais de esquerda jamais querem chegar aonde chegam. Jamais quiseram o
Gulag, o Laogai, a extinção dos ucranianos pela fome, o milhão de tibetanos
mortos. Jamais quiseram nada do que produziram: foi tudo culpa das malditas
coincidências. Eles, os donos das boas intenções, saem sempre limpos, façam o
que fizerem.
Agora
por exemplo, fazem campanha contra a intervenção americana, mas dizem que não
são a favor de Saddam Hussein. Não, não são. São apenas contra tirá-lo do
poder. São contra impedi-lo, pela força ou por qualquer outro meio (pois também
abominavam as sanções econômicas), de continuar matando iraquianos em paz, à
base de 110 por dia — muito mais que a guerra –, como vem fazendo há 24 anos.
Não defendem Saddam Hussein, mas a soberania iraquiana — isto é, a soberania de
Saddam Hussein. Quem pode cobrar dessas criaturas as conseqüências de suas
palavras, se essas palavras já são a inconseqüencia mesma? Quem pode cobrar
responsabilidades de criaturas que se dão o direito de sonhar um mundo novo à
sua imagem e semelhança e jamais reconhecer como obra sua o vulto hediondo do
sonho realizado?
A quem devo então recorrer em busca de proteção? Às
autoridades de um governo ao qual, justamente, os Cândidos confiaram a
realização de suas mais belas esperanças? Àqueles que o deputado Fraga acusa de
receber dinheiro da mais vasta organização homicida da América Latina? Loco sí, pero no tonto, prefiro
admitir que já não tenho direito nenhum, garantia nenhuma. De que valem
direitos e garantias colocados sob a guarda de pessoas mais interessadas em
proteger as Farc contra o governo colombiano do que os cidadãos brasileiros
contra as Farc?
Fonte: https://olavodecarvalho.org/salto-qualitativo/
***
Honra temível
Olavo de Carvalho
O Globo, 30 de agosto de 2003
A entrevista do comandante das Farc à Folha de S. Paulo do dia 27 comprova: cabe a mim a temível honra de ter sido, por ocasião das eleições de 2002, o único jornalista brasileiro que disse a verdade sobre as relações íntimas entre o PT e a guerrilha colombiana. Todo o restante da mídia preferiu ocultá-las para não trazer dano à candidatura de seu querido Lula, o qual decerto não teria a votação que teve se esses fatos chegassem maciçamente ao conhecimento do eleitorado.
Reyes admitiu que foi sucessor de Lula na presidência do Foro de São Paulo — coordenação do movimento comunista no continente — e que no Brasil as Farc têm contatos regulares “com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais”, destacando os nomes de — adivinhem quem? — Emir Sader e Frei Betto. Mas nada do que ele disse é propriamente novidade. Em novembro de 2002, tudo isso, e mais a assinatura de Lula num manifesto que em defesa das Farc acusava o governo colombiano de “terrorismo de Estado”, já constava de documentos publicados no site do próprio Foro, os quais, não podendo ser negados, foram cobertos de silêncio. Sua divulgação teria, com efeito, pegado muito mal, sobretudo porque ainda estava viva na memória do eleitorado a confissão do traficante Fernandinho Beira-Mar ao exército colombiano, de que havia trocado armamentos trazidos do Oriente Médio por 200 toneladas de cocaína das Farc para revenda no mercado nacional.
Mais tarde, a recusa geral de dar divulgação às denúncias do deputado Alberto Fraga, sobre possíveis contribuições em dinheiro das Farc para a campanha de Lula, não foi senão a extensão lógica da omissão consensual que já durava meses.
A simples existência do Foro de São Paulo continua, até hoje, praticamente desconhecida do público, malgrado o reconhecimento explícito, da parte de Lula, de que deveu sua eleição aos esforços “não somente de brasileiros mas de outros latino-americanos”, como ele disse logo no seu discurso de posse. Que país é este, que, informado oficialmente de que estrangeiros influenciaram o curso de uma eleição no seu território, não tem nem a curiosidade de perguntar quem são eles? Nem no tempo da censura militar foi possível ocultar por tanto tempo informações tão relevantes. Por ter furado esse bloqueio, tornei-me objeto de ódio de muitos colegas de profissão, recebi uma enxurrada de insultos e ameaças de morte, e ainda houve quem achasse muito antidemocrático que eu protestasse contra essas efusões de gentileza. Mais ainda: pelo meu esforço quixotesco de contrabalançar neste modesto espaço a omissão da mídia inteira, fui até acusado de ser “repetitivo” em vez de variar digestivamente os assuntos da coluna…
Tudo isso é extravagante, é louco, é assustador, mas no fundo não me espanta, pois está tudo coerente com o espírito insano da época e do lugar, tal como retratado, com realismo implacável, no livro recém-publicado do comentarista econômico Luís Nassif, “O Jornalismo dos Anos 90” (São Paulo, Editor Futura, 2003). O autor atém-se mais aos fatos da sua área especializada, com uma ou outra excursão a outros domínios, mas os episódios que ele coleta e expõe com grande coragem e honestidade são suficientes para justificar uma conclusão geral: a mídia brasileira é, com assombrosa freqüência, menos voltada para a informação correta do que para a destruição, a todo preço, das pessoas e instituições que caiam no desagrado da classe jornalística. Sua ânsia de revirar esgotos para sujar por igual as reputações de culpados e inocentes contrasta brutalmente com sua olímpica falta de curiosidade no caso Farc-PT.
***
Com poucas horas de intervalo, nosso governo condenou os terroristas de Bagdá e premiou com sólida indenização mais um terrorista nacional dos anos 70, depois de tantos já beneficiados pela generosidade estatal. Deve-se concluir dessa atitude que, segundo nossas autoridades, o terrorismo só é mau quando praticado longe do nosso país? Para os que jogam bombas no Iraque, vergonha e ignomínia. Para os que as jogam no Aeroporto de Guararapes ou no QG do II Exército, honra e glória. Melhor: honra, glória e dinheiro.
Mas, se o tratamento dado aos criminosos é tão paradoxal, ainda mais surpreendente é aquele reservado às vítimas. Se você ficou trinta dias em cana por incitar greve ilegal, sem que na cadeia nenhum sargento, praça ou oficial tocasse num único fio de seu cabelo ou de sua barba, você tem direito a indenização substantiva e a uma bela aposentadoria como a do sr. presidente da República. Mas, se você teve seu corpo dilacerado em tantos pedaços pela explosão de uma bomba que nunca mais você foi visto inteiro ou mesmo em partes no mundo dos vivos, como aconteceu com o sargento Mário Kozel Filho, você tem o direito de ser desprezado pela mídia como inexistente, enquanto seus familiares esperam, envelhecem e sofrem em humilhante silêncio durante três décadas e meia, vendo seus assassinos serem homenageados e premiados, e obtendo no fim uma pensão mensal de R$ 300,00, o equivalente, pelos meus cálculos, a outras tantas cuspidas mensais na cara.
Sei que, graças a essa simples e irrecusável comparação, serei chamado de fanático, de nazista, de genocida, de assassino de índios, negros, mulheres, gays e inumeráveis criancinhas daquelas que aparecem nas fotos do Sebastião Salgado.
Mas — querem saber? — pouco me importa. Se pararem de me xingar é que vou começar a me perguntar onde foi que errei.
***
A Unicamp vai realizar, em novembro, mais um “Colóquio Marx-Engels” do seu “Centro de Estudos Marxistas”, o qual, como se vê pelo nome e pela lista de membros, não é uma instituição acadêmica supra-ideológica mas um think tank revolucionário (mais um!). Caberia a Unicamp inteira nessa classificação? Não sei. Só há um meio de testar. Vou encaminhar oficialmente à sua reitoria a proposta de um “Colóquio Antimarxista”, com a participação dos mais eminentes intelectuais anticomunistas do mundo (David Horowitz, Ronald Radosh, Harvey Klehr e tutti quanti), e veremos como a entidade reage. Pode examinar o caso com isenção e seriedade ou pode tomá-lo, a priori, como insulto e provocação intolerável. Que é que vocês acham? Juro que vou fazer o teste.
Fonte:
https://olavodecarvalho.org/2003/08/
***
Zero Hora , 30 de dezembro de 2001
Há
anos umas dezenas de esquerdistas espalham na internet fofocas escabrosas a meu
respeito, remetem falsas mensagens em meu nome a fóruns de debates e me enviam,
com regularidade, insultos seguidos de ameaças de morte, que invariavelmente
respondo com os palavrões mais cabeludos que me ocorrem no momento.
Mas a
esquerda não suporta provar, nem mesmo em diluição homeopática, o veneno que em
doses cavalares ela serve a seus adversários. Tendo recebido exatamente um e
não mais de um e-mail com ameaça de morte — uma fração insignificante da quota
a mim concedida nos últimos tempos –, o deputado Aluizio Mercacante armou um
forrobodó dos diabos, alertando a Polícia Federal e a imprensa.
Instantaneamente, veio em seu socorro a fiel milícia jornalística, desencadeando
uma onda de vociferações pejorativas contra a “extrema direita”, numa gama que
ia do alarmismo apocalíptico até a ostentação de desprezo soberano, de modo
que, no conjunto, se anulavam umas às outras.
O fato
de que esses comentários incluíssem na militância de “extrema direita” o grupo
carioca Ternuma, que não tem nenhuma atividade política e se dedica
exclusivamente à reconstituição histórica do período militar segundo a ótica —
como direi? — “do outro lado”, mostra que, para seus autores, a simples tentativa
de questionar sua visão do passado já é, virtualmente, crime. Ninguém tem o
direito de insinuar que os fatos não se passaram como a esquerda diz que se
passaram.
É
crime, por exemplo, dizer que a guerrilha comunista, tendo começado em 1961,
não pode ser apresentada retroativamente como uma resposta desesperada ao golpe
de 1964.
É
crime dizer que João Goulart, tendo ocultado e repassado secretamente a Fidel
Castro as provas da intervenção armada de Cuba no território nacional em 1961,
se tornou culpado de alta traição e portanto, ao ser derrubado, já não era um
presidente no legítimo exercício de suas prerrogativas constitucionais.
É
crime dizer que o AI-5 não foi uma reação tirânica contra uma oposição pacífica
e democrática e sim uma medida de emergência contra agressores armados que,
àquela altura, já haviam realizado 84 atentados a bomba, ferindo e matando
militares e civis.
É
crime dizer que, num país que tinha então 90 milhões de habitantes, não mais de
2 mil deles foram atingidos pela repressão ao longo de vinte anos — decerto a
mais branda reação que um governo de direita já opôs a uma revolução comunista
armada — e que em vista disso é um grotesco exagero descrever o período militar
como uma época de terror generalizado.
É
crime dizer — mesmo fazendo coro a tantos esquerdistas que o confessam hoje
abertamente — que nossos guerrilheiros e terroristas não lutavam pela
democracia e sim pelo comunismo, modelo cubano.
É
crime dizer que, ao aceitar postos nas Forças Armadas e no Serviço Secreto de
Cuba, eles se tornaram funcionários e cúmplices de um regime genocida,
assassino de 17 mil cidadãos cubanos.
É
crime dizer que o Brigadeiro Burnier, acusado pela imprensa esquerdista de
conspirar para explodir o Gasômetro do Rio de Janeiro, nunca fez nem pensou em
fazer isso, quando mais não fosse porque morava ao lado do Gasômetro, e que o
próprio capitão Sérgio “Macaco”, que inventou a calúnia absurda e ganhou o
estatuto de herói das esquerdas por isso, terminou por desmenti-la num inquérito
oficial que ninguém neste país quer divulgar.
É
crime dizer que as mais altas figuras da inteligência brasileira — um Manuel
Bandeira, um Gilberto Freyre, um Miguel Reale, um Augusto Frederico Schmidt,
uma Raquel de Queirós, um Júlio de Mesquita Filho e até mesmo um Otto Maria
Carpeaux, que depois se voltaria contra o novo regime — aplaudiram a queda do
governo Goulart.
É
crime desmentir, com isso, a lenda idiota que, prevalecendo-se do estereótipo
fácil da pena contra a espada, apresenta o conflito de esquerda e direita, na
época, como um confronto da inteligência com a força, de poetas e filósofos
contra sargentões incultos.
É
crime lembrar que a direita civil armada, pronta e ansiosa para matar
comunistas desde 1963, foi pêga de surpresa pelo golpe militar e inteiramente
desmantelada pelo novo governo, de modo que, se algum comunista chegou vivo ao
fim do ano de 1964, ele deveu isso exclusivamente às Forças Armadas que agora
amaldiçoa.
É
crime dizer que um golpe apoiado na maior manifestação popular de toda a nossa
história, não igualada nem pelas posteriores e tão celebradas passeatas em prol
das “Diretas Já”, não pode, sem grave erro histórico, ser catalogado como uma
conspiração da elite contra as massas populares.
É
crime dizer qualquer dessas coisas, embora cada uma delas possa ser provada com
testemunhos e documentos em profusão e embora não contenham nenhuma proposta
política para o futuro e sim apenas descrições do passado.
É
crime dizer qualquer dessas coisas, embora os esquerdistas não sejam capazes de
refutá-las e se limitem a difamar e caluniar quem as diga.
É crime, em suma, tentar conhecer a História por um
lado que não seja o da versão oficial. Recomendo, pois, aos leitores, que se
abstenham do vício nefando da curiosidade histórica, que não façam perguntas e,
sobretudo, que no decorrer do Ano Novo não visitem jamais o site http://www.ternuma.com.br.
Assim não correrão o risco de chegar ao fim de 2002 com um rótulo de “extrema
direita” na testa.
Fonte: https://olavodecarvalho.org/a-historia-essa-criminosa/
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