MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Revolução Democrática de 31 de março de 1964 - AMAN

Capítulo III
ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS
ACADEMIA REAL MILITAR (1810)
DIVISÃO DE ENSINO – SEC ENS "A"
CADEIRA DE HISTÓRIA MILITAR 
  
       Brizola e João Goulart
d. O governo João Goulart (07 Set 61 – 30 Mar 64)  
Por ocasião da renúncia de Jânio Quadros, João Goulart encontrava-se na China comunista em viagem oficial.
Os ministros militares receosos de que "Jango" tentasse estabelecer no Brasil uma república sindicalista, ou pior ainda, um governo comunista, vetaram a volta de João Goulart ao Brasil, alegando razões de segurança nacional.
A situação tornou-se mais tensa quando o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, partidário e cunhado de "Jango", deflagrou a campanha pela legalidade, utilizando uma cadeia de rádio para insuflar a população contra a decisão de vetar a posse de João Goulart
Conseguindo o apoio do Cmt do então III Exército ( atual CMS), comandado na época pelo Gen Machado Lopes, criou-se um impasse que poderia levar o Brasil a uma situação de guerra civil.
Graças a proposta apresentada pelo Congresso Nacional, que previa a instauração do parlamentarismo, houve o acordo com os ministros militares, evitando-se o perigo de uma confrontação armada (guerra civil). 

1) A antecipação do plebiscito
Tão logo assumiu a presidência, João Goulart começou a articular a antecipação do plebiscito popular sobre a permanência do regime parlamentarista, prevista para 1965.
Conseguindo o fim do parlamentarismo em plebiscito popular em 6 de janeiro de 1961, Jango assumiu plenos poderes como presidente da república, porém os problemas político-econômicos continuaram :
-inflação e eclosão de conflitos políticos;
-reforma agrária sem nenhum acordo;
-influência de Brizola que organiza o "Grupo dos Onze", verdadeiras células comunistas para a difusão da luta armada. 
2) Expansão comunista no governo Goularta) Janeiro de 1962

-Comunistas dominam a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Petrobrás e os sindicatos de transportes, agora unidos em comando único através do Pacto União e Ação (PUA);
-Dominam a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Indústrias e outros sindicatos;
-Realizam a publicação diária da "Voz Operária", jornal do PCB.

b) Fevereiro de 1962

-Leonel Brizola encampa empresa telefônica no RS (início da campanha de naionalização/estatização);
-exército constantemente atacado pela imprensa infiltrada por comunistas;
-pregação comunista torna-se aberta, sendo que Luís Carlos Prestes, com apoio oficial, traz exposição soviética para o Rio de Janeiro.

c) Maio-Junho de 1962

-Partido Comunista, mesmo na ilegalidade, realiza comícios ostensivos e campanhas populares;
-Movimento de Cultura Popular do Min da Educação, com o pretexto de combater o analfabetismo realiza doutrinação comunista;
-intensifica-se a tensão social com a ameaça de greve geral da CGT;
-saqueados aproximadamente 300 estabelecimentos comerciais em Caxias, com um saldo de 25 mortos e 1000 feridos.
 
d) Setembro de 1962

-Movimento grevista paralisa quase toda a nação;
-PCB estabelece seu programam de 11 pontos, um dos quais previa um expurgo nas Forças Armadas.

e) Outubro de 1962

-Eleições levam vários comunistas infiltrados nos partidos legais ao poder (Miguel Arraes – PE);
-CGT passa a assessorar o ministro do trabalho tendo livre trânsito no palácio do governo;
-eleição de sargentos, contrariando a lei eleitoral, provoca a passeata de 6000 Sgt,Cb e Sd em favor da posse dos eleitos ilegalmente;
-alguns militares aliaram-se à subversão e procuraram levá-la aos quartéis.

f) Setembro de 1963

-Sargentos da aeronáutica e da marinha revoltam-se em Brasília contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que denegara a elegibilidade dos sargentos, assumindo o controle de instalações militares, fazendo reféns oficiais e seus familiares;
-chegam a prender o Presidente da Câmara dos Deputados e um Miniistro do STF;
-o Presidente da República se ausentara da capital federal, retornando somente após a rebelião ter sido controlada.

g) As Ligas Camponesas  
h) O envolvimento de João Goulart
 
1) Ações do PCB
-Lança forte campanha pela encampação das refinarias particulares, pela moratória da dívida externa e pela anistia aos sargentos de Brasília.

2) Ações do Presidente 
-Participa de comício comunista na Cinelândia (Set 63);
-solicita ao Congresso a decretação de Estado de Sítio (retirado por pressões recebidas da esquerda e da direita – Out 63);
-negocia diretamente com o PC;
-concorda com a formação de uma Frente Popular (unificação das esquerdas);
-envia projetos radicais ao Congresso – reforma constitucional, encampação de refinarias, reforma agrária radical e outros...;
-vislumbrava Goulart que o poder legislativo em decadência não teria como reagir.
-o Presidente julgava as Forças Armadas sem condição de oposição devido aos seguintes fatores:

-Gdes comandos estariam afinados com ele
-a oficialidade estava seria neutralizada pelos sargentos, já submetidos à doutrinação e aliciamento;
-tudo indicava a instalação de uma "República Sindicalista". 

3) Causas imediatas da Rev Mar 64

a) O Comício da Central (13 Mar 64)
b) A Marcha da Famíla Com Deus Pela Liberdade

c) A Revolta dos Marinheiros (26 Mar 64)

-Liderados pelo Cabo José Anselmo dos Santos (comunista), um grupo de marinheiros reuniram-se no sindicato dos metalúrgicos, contrariando ordens do Ministro da Marinha, Almirante Sílvio Mota;
-o contingente de fuzileiros navais enviado para prendê-los aderiu ao movimento;
-tropas do exército cercaram o prédio e os insurretos se renderam.
-Goulart ordena a libertação dos revoltosos, em 28 Mar 64, e os marinheiros comemoram em passeata carregando dois almirantes nos ombros;
-o Presidente demite o Ministro da Marinha e a cúpula militar não se conforma com a conivência à quebra da hierarquia e da disciplina do mais alto mandatário do país.
 
d) A Assembléia do Automóvel Clube (30 Mar 64)
 
4) Dias decisivos para a democracia
 
-PCB declarava o Brasil comunizado a partir de 1º de maio (controlava os principais meios de comunicação de massa;
-Goulart procurava associar-se ao movimento comunista visando garantir, dentre outros motivos, sua sobrevivência política;
-vários políticos aderiram à causa socialista na busca de um "salvo conduto" futuro;
-fazia-se claramente a propaganda comunista em quartéis, igrejas,universidades,sindicatos e repartições públicas.
 
5) As forças de reação
 
-A marcha comunista parecia avassaladora. No Exército notava-se um divisionismo que enfraquecia a força;
-pequenas reações no Congresso, nos meios militares e alguns governos estaduais;
-grupos de militares e civis acompanhavam a situação e planejavam a reação.

4. A Revolução de 31 Mar 64

a. Movimentos preliminares

-No dia 31 de março, levantaram-se as tropas de Minas Gerais, comandadas pelos Gen Olímpio Mourão Filho, Carlos Luís Guedes e Antônio Carlos Muricy, que contavam com total apoio do governo estadual mineiro, na pessoa de seu governador Magalhães Pinto;
-inicia-se o deslocamento do grosso para o Rio de Janeiro e de um Btl para Brasília;
-imediatamente, criou-se um poder revolucionário sendo que os generais Castelo Branco e Costa e Silva assumiram a liderança do movimento. A ECEME e a ESG converteram-se em centros de ação revolucionária.

b. A Academia Militar na Rev Mar 64
a BR-2, entre Barra Mansa e Itatiaia, em conexão com o 1º BIB;
- Para tanto , o Cmdo da AMAN empregou o Corpo de Cadetes (CC) a fim de impedir o acesso do I Ex à região de Resende (fig 09)
-o CC também foi encarregado de guarnecer as instalações da AMAN, provendo sua segurança;
-o Batalhão de Comando e Serviço (BCSv) cumpriu missões de vigilância na BR-2 e ocupou pontos sensíveis em Resende;
-os oficiais professores cumpriram missões de busca e apreensão e de "estouro de aparelhos", além da neutralização de rádiotransmissores e da emissora de rádio local;
-tropas revolucionárias do II Exército ( atual CMSE), sob comando do Gen Amauri Kruel, em deslocamento para o Rio de Janeiro , encontraram-se com as tropas legalistas do I Exército (atual CML), cujo comandante era o Gen Âncora, na região de Resende.
O encontro teve a importante mediação do Cmt da AMAN, Gen Médici, sendo que um conflito armado foi evitado, graças à participação dos jovens cadetes que, com seu idealismo, demoveram a vanguarda do I Exército de qualquer ação armada contra as posições defendidas pelo Corpo de Cadetes, preferindo a negociação ao confronto.
 
c. A Revolução prossegue vitoriosa

-Tropas do IV Exército (atual CMNE) prendem o governador Miguel Arraes em Pernambuco;
-inúmeras unidades aderiram ao movimento, contrárias à quebra da disciplina e da hierarquia;
No Rio de Janeiro, acreditava-se na contenção das tropas de Minas e São Paulo;
-a fuga de João Goulart criou pânico entre seus seguidores, ocorrendo o abandono desordenado do Palácio das Laranjeiras;
-a "República Socialista" falhara integralmente, ocorrendo a fuga e prisões de "líderes" comunistas.
A Revolução estava vitoriosa!!!

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