sábado, 29 de março de 2014
1964: um outro depoimento sobre como as coisas se passaram, realmente
A crise de 31/3/64 foi resolvida em Porto Alegre
Luiz Ernani Caminha Giorgis (*)
Em 13/03/1964, no Comício da Central do Brasil, Goulart promete “revisar a Constituição”, com claro objetivo esquerdizante. A 19 ocorre em S. Paulo a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, contra Jango. A 22 os militares da reserva se manifestam contra as ações ilegais do Executivo. Em 25 ocorre o motim dos marinheiros e fuzileiros navais, apoiando Jango. Punidos, são anistiados pelo governo.
A 30, em reunião no Automóvel Clube, Goulart promete “reformas na lei ou na marra”. Fica claro o objetivo golpista (fechamento do Congresso). No mesmo dia, em Minas Gerais, o governador Magalhães Pinto decide-se pela contrarrevolução, apoiado pelos generais da área, e lança o “Manifesto de Minas”.
A 31, o General Olympio Mourão Filho decide movimentar suas tropas em direção ao Rio a partir de 1230 h. Por ordens de Jango, o General Âncora (I Exército) lança suas forças pela Via Dutra contra as tropas do General Amaury Kruel (II Exército), que já havia conferenciado e rompido com Jango, e optado pela contrarrevolução. À noite, o General Benjamin Galhardo é exonerado do III Exército, substituído pelo janguista Gen Ladário Telles. A 1º de abril, os comandantes do I Exército e do II Exército reúnem-se com o General Médici na AMAN, em Resende, e concordam pela união das tropas. O único apoio que restava a Jango era o do III Exército. Ele foi para Brasília e depois Porto Alegre.
Na capital gaúcha, Ladário havia exigido que a BMRS passasse ao seu comando, recebendo a negativa do governador Meneghetti. À 1 h de 2/4, com Goulart em pleno voo para Porto Alegre, Auro de Moura Andrade declara vago o cargo de Presidente e assume Ranieri Mazzilli. Goulart foi deposto pelo Congresso antes que os militares o fizessem.
Para que o Legislativo usasse um subterfúgio desses era necessário que a situação estivesse muito grave. Não foram as Reformas de Base que derrubaram Jango, e sim a sanha golpista. Chegando às 03:58hs, Jango vai para a residência oficial do Comandante do III Exército, na Av. Cristóvão Colombo, e vai dormir. Às 7 h, reúne-se com Brizola e com os Generais Ladário, Ottomar e Floriano da Silva Machado, Comandante da 3ª Região Militar. Ouve deste que não há condições de contar com a tropa a favor de um governo “desmoralizado” e mais o seguinte: “Presidente, por favor! Isso é uma loucura! Loucura, Ladário! O que vocês estão propondo é uma loucura! Militarmente a situação é muito grave. Faço um apelo a ti, Ladário, não podemos pensar de maneira nenhuma em guerra!”
Possesso, Brizola quase se atraca com Floriano e pede a Jango que o nomeie Ministro da Guerra. Queria incendiar Porto Alegre. Jango conversa a sós com Floriano. Depois desta conversa vai para o aeroporto. Antes, teria repreendido e rompido com Brizola. Este sai enraivecido e é vaiado por populares na rua, tendo investido contra uma pessoa mas contido pela guarda da residência.
Goulart decola para São Borja às 1130 h onde fica até o dia 4, seguindo para o Uruguai. Dias depois é seguido por Brizola, fardado de brigadiano. Luiz Carlos Prestes já tinha fugido. Estava resolvida a crise e o Brasil ficou livre do trio do mal comuno-socialista.
Deus é grande!
(*) Coronel reformado do Exército
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