O Crente e o Ateu
Félix Maier
Num canto escuro, sob a luz da vela,
O crente e o ateu, num forte embate,
Discutem fé, razão, que é céu, xeque-mate,
E o mundo assiste à sua amarga querela.
Disse convicto o ateu: “A lógica revela
Que a fé não passa de ilusório emplastro,
Um véu que esconde o medo, o frágil lastro
Do homem à morte, sua maior mazela.”
Retruca o crente: “E o que te move então,
Senão o nada, o vácuo que é infinito?
Eu tenho Deus, a fé, a luz, o coração!”
E assim prosseguem, num eterno rito,
Dois lados do mistério em discussão,
Enquanto o tempo escorre, irrestrito.
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