MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

DOSSIÊ QUILOMBOLA - Por Félix Maier

 

Quilombolas de Barrerinha, Amazonas


DOSSIÊ QUILOMBOLA


Félix Maier

16/04/2021

 

Preâmbulo

O presente trabalho apresenta alguns verbetes de meu e-book “A LÍNGUA DE PAU - Uma história da intolerância e da desinformação”, no que se refere aos quilombolas em especial e aos negros em geral, além de citar também os indígenas e o MST, por analogia ao assunto tratado, os “bantustões”.

O texto não deixa de ser também uma resposta ao “DOSSIÊ ANTI-QUILOMBOLA”, produzido pelo Observatório Quilombola – cfr. em https://kn.org.br/oq/2019/02/11/imprensa-anti-quilombola/, onde foram transcritos dois textos de minha autoria. Que poderia ter também tratado de "Reconhecimento e Desconsideração: a regularização fundiária dos territórios quilombolas sob suspeita", tese de doutorado de Cíndia Brustolin - cfr. em https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26194/000753416.pdf?sequence=1.

O foco de minha argumentação está voltado para a defesa de um País que tem rica diversidade cultural e étnica, de modo que toda a população seja integrada à civilização e aos direitos fundamentais, sejam cidadãos de fato, sem guetos, como os vistos na criação de reservas indígenas, quilombolas e do MST. Minha defesa é a integração e miscigenação total da população brasileira, sem guetos brancos, negros, indígenas ou de inspiração soviética, como são os kholkozi (fazendas coletivas) existentes nos acampamentos do MST.

Assim, minha crítica está voltada a esse sistema equivocado, que tenta “enjaular” índios e quilombolas, além do MST, em guetos que lembram os que existiam na África do Sul na época do Apartheid, os tais “bantustões”. Nunca fiz crítica nenhuma aos negros ou aos indígenas em si, que merecem o máximo respeito, que tanta riqueza cultural trouxeram ao Brasil de todos os brasileiros.

Queiram ou não, falar em “país bicolor” é embuste puro, uma mentira que só atende a inocentes e aproveitadores. O Brasil do futuro não será negro, nem branco, nem vermelho, nem amarelo, mas mestiço. Comemorar o "Dia da Consciência Negra" é um equívoco, como afirmo em "A longa noite negra da consciência", disponível em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/11/a-longa-noite-negra-da-consciencia-por.html.

Viva a mestiçagem brasileira!

F. Maier

 

Ação afirmativa - É a affirmative action dos americanos do norte, tropicalizada na Terra dos Papagaios, bichinhos que se destacam por repetir tudo o que outros falam. Segundo seus defensores, trata-se de promover a “inclusão social”, como, por exemplo, conceder vagas para negros e índios em universidades públicas. O argumento principal de seus defensores é que essa ação promove a diversidade étnica no ensino superior, além de reparar danos do passado, como a escravidão. O argumento dos que são contra a ação é que ela é inconstitucional, por favorecer pessoas unicamente por sua cor, e que, hoje, ninguém é obrigado a pedir desculpas por erros de outras pessoas no passado ou sofrer injustiça (como não conseguir entrar na universidade) por conta do pagamento de um crime que não cometeu. E a “ação negativa”, seria a criação de cotas para brancos na Bahia?

500 ANOS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA, NEGRA E POPULAR - Movimento pauleira criado durante as comemorações dos 500 anos do Descobrimento da América, que visava “rediscutir” (revisionismo) a história da colonização do continente sob a ótica marxista, ao mesmo tempo em que tinha por objetivo varrer das Américas todos os traços da civilização cristã. Dentro da prática da “lenda negra”, a ideia era diabolizar as “sangrentas” conquistas espanhola e portuguesa das Américas, ao mesmo tempo em que os indígenas eram apresentados como seres angelicais. Durante a conquista espanhola, relatos, como os de Bartolomé de las Casas, destacavam o “genocídio” promovido contra os índios. “As denúncias do frade dominicano foram reproduzidas com gosto pelos maiores adversários do reino espanhol - os protestantes. Com a conquista da América e a unificação a Portugal, em 1580, a Espanha teve em mãos um dos maiores impérios da história - um império católico. (...) Protestantes holandeses, ingleses, franceses e germânicos trataram de invalidar o direito dos espanhóis sobre os territórios americanos” (NARLOCH, 2011: 83). Sociólogos e historiadores de linha marxista, incluindo padres da “teologia da libertação”, acusam os espanhóis e os portugueses de terem imposto sua cultura e sua religião aos índios, além de escravizá-los. Era exatamente isso o que faziam os incas com seus inimigos. “Entre aqueles que haviam sido dominados por Atahualpa ou que tinham se aliado ao irmão dele, Huáscar, na disputa pela soberania do império, a morte de Atahualpa os salvou de anos de trabalhos forçados, de punições e até mesmo a morte. (...) Talvez metade das pessoas dos Andes estivesse disposta a se aliar aos espanhóis para se salvar da sangrenta vingança que as forças de Atahualpa já vinham promovendo com muitos partidários de Huáscar” (idem, pg. 89). Muito antes da “política de liquidificador” de Stálin e Pol Pot, o exército inca promovia migrações forçadas. “Os arqueólogos estimam que as migrações atingiram entre 20% e 30% da população - por conta dessa política, um quarto de todos os povos andinos morava em terras estrangeiras” (idem, pg. 92). E os sacrifícios humanos dos astecas, no México? “Relatos espanhóis do século 16, com base em histórias contadas pelos índios, falam em 80.400 mortes em 1487, durante a inauguração do Templo Maior de Tenochtitlán” (idem, pg. 98). O Códice Telleriano-Remensis, baseado em pinturas narrativas dos astecas, diz que foram “apenas” 4.000 pessoas que tiveram o coração arrancado e jogado para rolar pirâmide abaixo (Cfr. pg. 99). A mesma barbárie era feita pelos maias: “Um garoto de cinco anos, cujos restos mortais foram encontrados em 2005 numa base da parte sul do Templo Maior de Tenochtitlán, teve os braços colados às asas de um gavião. Baseados nas diversas marcas na parte interna das costelas, arqueólogos concluíram que o elemento cortante, provavelmente uma faca de sílex, ‘entrou na cavidade torácica a partir do abdômen’, rasgando os músculos para chegar ao coração” (idem, pg. 101). O filme Apocalypto (2006), de Mel Gibson, retrata perfeitamente esses fatos escabrosos. A mesma anticomemoração ocorreu durante os 500 anos do Descobrimento do Brasil, em que a História nacional foi execrada e renegada, deixando de se discutir a fundo temas como a formação da sociedade brasileira, a arquitetura barroca, a imigração italiana, alemã e japonesa, a Semana da Arte Moderna, os grandes músicos e escritores etc. Um relógio da Rede Globo, que fazia a contagem regressiva dos 500 anos, foi depredado em Porto Alegre, RS. Foram lembrados apenas o “genocídio indígena”, a Inquisição católica, a escravidão negra e fatos pitorescos, como o de um padre tarado, que, em visita religiosa a mulheres doentes, possuía sexualmente as mulheres da casa, além da própria doente, para uma mais rápida “recuperação” física. Ponto alto da anticomemoração foi a marcha dos índios pataxós avançando sobre bispos na missa realizada em Santa Cruz Cabrália, só não ocorrendo o pior devido à pronta ação da PM baiana. O MST dedicou uma canção para a anticomemoração dos 500 anos do descobrimento da América, os “500 anos de resistência índia-negra-popular”. “O refrão afirma: A invasão chegou de barco nesta América Latina/Veio riscado da Europa este plano de chacina/Vinham em nome da civilização/Empunhando a espada e uma cruz na outra mão. E os versos finais prometem: (...) Pra ter mais força é preciso unificar/Marchando firme contra toda escravidão/E o farol de Colombo vai se apagar” (Cit. in CARRASCO, 2013: 41). Leia “Pra não dizer que não pedi perdão”, de minha autoria, em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/pra-nao-dizer-que-nao-pedi-perdao-por.html.

Antropólogos da ação - São compostos por setores populares de sindicatos, camponeses, indígenas, quilombolas etc. O nome originou-se durante a Declaração de Barbados e foi cunhado pelo antropólogo dos EUA, Sol Tax, da Universidade de Chicago, editor da revista Current Anthropology. A Declaração de Barbados destinou as “ações para a consolidação de conceitos como o isolacionismo das populações indígenas, a sua posterior autonomia e a insidiosa ideia do ‘etnonacionalismo’. No Brasil, o impulso daí proveniente foi instrumental para as propostas de criação de gigantescas reservas que mantivessem as populações indígenas isoladas do restante da sociedade, independentemente do seu nível cultural e de integração com o restante da sociedade brasileira” (CARRASCO, 2013: 102). “As sofisticadas redes de ‘antropologia da ação’ desempenharam um papel fundamental na emergência de movimentos insurgentes, alegadamente de caráter indígena, como Sendero Luminoso e o MRTA, no Peru, e o EZLN, no México, criado e nutrido pelas redes da Teologia da Libertação reunidas em torno do então bispo de San Cristóbal de las Casas, Samuel Ruiz” (idem, pg. 103-104).

Bantustões - O Apartheid criou, na África do Sul, 10 nações tribais independentes (bantustões), instaladas em área correspondente a 13% do país, onde os negros foram confinados durante os governos dos Primeiros-Ministros Hendrik Verwoerd (1958-1966) e B. J. Voster (1966-1978). ONGs e ditos “movimentos populares” pretendem instalar bantustões de negros (quilombolas) e bantustões indígenas em todo o Brasil, que poderá levar à “africanização” ou à “balcanização” de nosso País - o “Brasilistão”. Também proliferam no Brasil os bantustões do MST, extensas propriedades rurais onde o Poder Público está proibido de entrar, nos quais se ensina a ideologia marxista e se praticam táticas de guerrilha rural, comprovada pelas violentas invasões de terras. Leia “Bantustões Brasileiros”, de minha autoria, em http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/bantustoes-brasileiros-por-felix-maier.html.

Brasilistão - Neologismo que criei para designar o Brasil dos bantustões indígenas e quilombolas (guetos étnico-socialistas) e dos sem-terra (guetos socialistas), transformando nosso País no triste Apartheid que havia na África do Sul. Os latifúndios improdutivos, transformados em “reservas indígenas” e “acampamentos do MST”, bloqueiam o desenvolvimento do Brasil: “Isso acontece porque sem a bandeira comunista para se opor ao desenvolvimento do capitalismo, restou o ambientalismo e o indigenismo, que ao final do século XX, uniram-se formando um movimento misógino, absolutamente contrário a qualquer projeto desenvolvimentista. No Brasil esse processo é tão forte a ponto de seguir freando por mais de três décadas o processo de desenvolvimento do país” (entrevista com o antropólogo Edward M. Luz - cfr. http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/entrevista-edward-m-luz-reservas-e.html).

CIMI - Fundado em 1972, “o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) é outro produto da Conferência de Barbados” (CARRASCO, 2013: 105). “A pastoral do CIMI visa transformações estruturais do sistema e da sociedade e se situa na contramão do sistema. Por isso, está sempre envolvida em conflitos com a ordem vigente. A presença missionária nas lutas indígenas torna-se relevante a partir da capacidade de romper com o sistema que oprime e exclui. O evangelho, na leitura do CIMI, é areia na máquina do sistema, não óleo” (Teólogo alemão Paulo Suess, secretário-geral do CIMI, entre 1979 e 1987 - Cit. por CARRASCO, 2013: 109). “O CIMI aderiu de pleno à chamada ‘Lenda Negra’, concebida e promovida pelos poderes coloniais anglo-protestantes, a partir do século XVI, para denegrir a colonização ibérica da América, acusando-a de promover o genocídio indiscriminado dos povos indígenas do continente. Recorde-se brevemente que as navegações ibéricas foram um fator determinante para minar o controle econômico exercido pela oligarquia de Veneza, por meio de rotas comerciais mediterrâneas com o Oriente. Herdeiros do poderio e das aspirações hegemônicas de Veneza, as oligarquias britânica e holandesa elaboraram novas bases filosóficas para a defesa do ‘livre comércio’ da época: a ‘livre navegação’ e a pirataria, em particular, contra o predomínio ibérico nas rotas marítimas atlânticas. Mais tarde, a ‘Lenda Negra’ foi adotada pela nascente oligarquia estadunidense, como um sutil instrumento de guerra cultural voltado para reduzir a autoestima dos povos ibero-americanos. Ela estava contida na política colonialista do ‘porretão’ (big stick), do presidente Theodore Roosevelt (1901-1909) e nas atividades latino-americanas da família Rockefeller, promotores da expansão protestante na região, apoiando e financiando a investida missionária de que tanto se orgulha o CIMI” (CARRASCO, 2013: 111).

Cultura da reclamação - Denominação dada por Robert Hughes aos “excluídos”, que rejeitam a civilização (valores universais da igualdade e Estado de Direito) e “querem que suas demandas particularistas sejam tratadas como reparação histórica” (AZEVEDO, 2008: 100). Nesse balaio de gatos se inserem os movimentos feministas, gays, indígenas, negros, sem-terra, quilombolas, os quais não desejam igualdade, como apregoam, mas privilégios. “Ninguém se torna um ‘espoliado’ pelo simples fato de estar sem dinheiro. Para ser um espoliado é preciso produzir primeiro alguma coisa e depois ser despojado dela injustamente” (CARVALHO, 2013: 85). “Esse é o Brasil tolerante, bonachão, que prefere o desleixo moral ao risco da severidade injusta. Mas há no fundo dele um Brasil temível, o Brasil do caos obrigatório, que rejeita a ordem, a clareza e a verdade como se fossem pecados capitais. O Brasil onde ser normal não é só desnecessário: é proibido” (idem, pg. 95). “Boa parte do nosso subdesenvolvimento se explica em termos culturais; ao contrário dos anglo-saxões, que prezam a racionalidade e a competição, nossos componentes culturais são a cultura ibérica do privilégio, a cultura indígena da indolência e a cultura negra da magia” (Roberto Campos, no prefácio ao livro “Manual do perfeito idiota latino-americano”).

Cultura negra - “Cultura negra? Cultura negra para mim é Aleijadinho, é Gonçalves Dias, é Machado de Assis, é Capistrano de Abreu, é Cruz e Souza, é Lima Barreto. Quer Vossa Senhoria me explicar como esses negros e mulatos puderam subir tão alto, numa sociedade escravocrata, enquanto seus netos e bisnetos, desfrutando das liberdades republicanas, paparicados pela intelligentzia universitária, não conseguem hoje produzir senão samba, funk e macumba, e ainda se gabam de suas desprezíveis criações como se fossem elevadíssima cultura?” (Wilson Martins, em “História da inteligência brasileira” - Cit. in CARVALHO, 2013: 301).

Escravidão - No Brasil, teriam sido introduzidos mais de 4 milhões de negros cativos, desde a chegada dos primeiros escravos, em 1531, com a expedição de Martim Afonso de Souza, até a chegada do último navio negreiro, em 1856, no Rio de Janeiro. Foram 357 anos de escravidão, que acabou com a Lei Áurea, no dia 13/05/1888. “O café é negro e o negro é o café” (escravocratas, antes da Abolição). Por um prato de comida e uma cama na senzala, cada escravo negro cuidava de 6.000 pés-de-café. Os primeiros imigrantes italianos, por algo semelhante, cuidavam de 7.000 pés-de-café. “Em 2007, completaram-se duzentos anos da proibição do tráfico de escravos, a primeira vitória da campanha abolicionista da Inglaterra. Nenhum país da África ou movimento negro da América prestou homenagem ou agradecimento aos ingleses” (NARLOCH, 2009: 106). Desde a antiguidade, o comércio de escravos foi comum no continente africano. Muitos príncipes negros viviam no luxo vendendo seu próprio povo. No Mediterrâneo, os islâmicos sequestravam milhares de europeus, fazendo escravos os homens e concubinas (escravas sexuais) as mulheres; era “quando os escravos tinham olhos azuis”. Os EUA acabaram com essa farra, que consta no Hino dos Marines: From the Halls of Montezuma to the Shores of Tripoli - cfr. “EUA e Islã - Pequena aula de História” em http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/01/os-eua-e-o-isla.html. Muitos ex-escravos brasileiros voltaram à África para iniciar rendoso comércio de carne humana. Aliás, como muito bem disse Narloch (op. cit, pg. 88), “o sonho dos escravos era ter escravos”. Zumbi aprovaria esta afirmação. O profeta Maomé teve, ao longo de sua vida, 10 esposas e 2 concubinas: a judia Raihana Bint Zaid e a cristã copta Maria, que lhe deu um filho, Ibrahim, que morreu com tenra idade (Cfr. BALTA, 2010). Laurentino Gomes fala sobre “Escravidão”, sua nova trilogia, em https://www.youtube.com/watch?v=gN5GYfc1iI8.

Gueto - Local de segregação racial, a exemplo de judeus, negros, ciganos etc. No Brasil, Terras Indígenas, comunidades quilombolas e assentamentos do MST estão se transformando em guetos, para não dizer pogroms, à semelhança dos bantustões da África do Sul do Apartheid.

Lenda Negra - O mesmo que Legenda Negra, expressão cunhada pelo escritor espanhol Julián Juderías, em 1914. Movimento de diabolização dos conquistadores da América, centra seus ataques principalmente contra a Igreja Católica na América Latina. A Lenda Negra promove o retorno ao pelagianismo e ao paganismo religioso indígena e africano. Personagens influentes do movimento: Frei Beto, diretor da revista America Libre, órgão oficial do Foro de São Paulo (FSP), e Leonardo Boff. Este último empenha-se na implantação de “um cristianismo indo-afro-americano inculturado nos povos, nas peles, nas danças, nos sofrimentos, nas alegrias e nas línguas de nossos povos, como resposta a Deus” (na carta em que renuncia ao sacerdócio, em 29/06/1992). Ou seja, é a pregação do fim da Civilização Ocidental cristã, com a volta do ser humano a seu estado primitivo (canibalismo, magia negra, sacrifício de seres humanos etc.).

Mito palingenético - Idealização de uma comunidade humana primitiva de interação social que deverá retornar, sob uma forma superior, num estágio final da história humana. A esquerda latino-americana vê esse mito nas faces dos sandinistas, zapatistas, montoneros, do Sendero Luminoso, do Tupac Amaru e do MST, além dos indígenas.

Movimento Reparações Já! - Idealizado pelo Núcleo de Consciência Negra (NCN), o movimento pauleira surgiu em 1993, na Bahia, e pleiteia que o Estado brasileiro indenize a cada descendente de escravo africano pelo trabalho gratuito de seus ancestrais, ou seja, “todos os negros e mestiços do país”. Não tenho dúvida de que esses senhores, caso tivessem vivido no tempo da escravidão, também teriam seus escravos, como ocorreu com Zumbi dos Palmares. A indenização pretendida pelo movimento é de US$ 102 mil para cada descendente de escravo. Nelson Ramos Barretto lembra como o movimento negro substituiu a bondosa Princesa Isabel por Zumbi, um escravocrata que espalhava o terror nas populações vizinhas a partir do Quilombo dos Palmares. Barretto apresenta uma prova de que “Zumbi mantinha escravos de tribos inimigas para os trabalhos do quilombo”, tirada do livro Divisões Perigosas, de José de Souza Martins (Ed. Civilização Brasileira, Rio, 2007, pg. 99): “Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo linguístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões” (BARRETTO, 2007: 20). “Nos anos 70, os historiadores marxistas projetaram no Quilombo de Palmares tudo o que imaginavam de sagrado para uma sociedade comunista: igualdade, relações de trabalho pacíficas e comida para todos. Sabe-se hoje que o quilombo do século 17 estava mais para um reino africano daquela época que para uma sociedade de moldes que surgiram mais de um século depois. Zumbi provavelmente descendia de imbangalas, os ‘senhores da guerra’ da África Centro-Ocidental. Guerreiros temidos, eles habitavam vilarejos fortificados, de onde partiam para saques e sequestros dos camponeses de regiões próximas. Durante o ataque a comunidades vizinhas, recrutavam garotos, que depois transformariam em guerreiros, e adultos para trocar por ferramentas e armas. Esse modo de vida é bem parecido ao descrito por quem conheceu o Quilombo dos Palmares. ‘Quando alguns negros fugiam, mandava-lhes crioulos no encalço e uma vez pegados, eram mortos, de sorte que entre eles reinava o temor’, afirma o capitão holandês João Blaer” (Leandro Narloch, in “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” - http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/10631-guia-politicamente-incorreto-da-historia-do-brasil.html, acesso em 10/06/2011). Darcy Ribeiro afirmou: “No Brasil, a mestiçagem sempre se fez com muita alegria”.

MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Antes de tudo, convém ressaltar que o MST é filho bastardo de dois pais (Comissão Pastoral da Terra - CPT e Conselho Indigenista Missionário - CIMI) e de uma mãe social (Comunidades Eclesiais de Base - CEBs) - com as bênçãos da CNBdoB. O MST foi fundado em 1984 em Cascavel, PR, com a realização do I Encontro Nacional dos Sem-Terra, depois das ocupações de terras no RS, SC, PR, SP e MS (durante os anos de 1979 a 1983). O trabalho pastoral da CPT foi decisivo para o seu nascimento - apoio principalmente da “Igreja progressista”, católica e luterana. O movimento, em sua origem, tinha inegável apelo social, por querer terra para quem quer produzir. O antigo lema “ocupar, resistir, produzir” foi substituído posteriormente por um contínuo enfrentamento da ordem pública, pois seus líderes desejam assumir o poder para lançar uma revolução socialista no país. Che Guevara, Mao Tsé-Tung, Marighella, Marx têm seus nomes ou retratos em todos os acampamentos, incluindo escolas - aliás, Che Guevara é o patrono do MST, há até uma canção famosa, Companheiros de Guevara, de Ademar Bogo. Seus principais líderes, na atualidade, são João Pedro Stedile, João Paulo Rodrigues e Joba Alves. José Rainha Júnior foi um importante líder do MST, mas foi afastado em 2007 por discordância política com a cúpula da entidade, tornando-se militante da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL). Acusado de participar do assassinato do proprietário José Machado Neto e do policial Sergio Narciso, em 1989, Rainha foi defendido pelo criminalista Evandro Lins e Silva, a pedido do escritor português e Nobel de Literatura, José Saramago, sendo absolvido. Rainha chegou a ser condenado por porte ilegal de arma em 2006 e, atualmente, apela em liberdade de uma sentença que o condenou, em 2015, a 31 anos e 5 meses de prisão, pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e extorsão. O MST é um estado à parte, dentro do Estado brasileiro, promovendo atos de vandalismo (como o ocorrido na Fazenda Rio Verde, em Itararé, SP, em 1998) e de banditismo, com saques de caminhões com alimentos nas estradas, especialmente no Nordeste, ocupação de prédios públicos e bancos, onde tomam pessoas como reféns. O governo Federal, durante os mandatos tucano e petista, mostrava-se alheio a esse solapamento da ordem econômica e social, e as Polícias Militares tinha medo de executar mandados judiciais de reintegração de posse, para evitar a ocorrência de novos “Eldorados do Carajás”, já que o MST se utiliza de táticas de guerrilha para defesa das terras ocupadas, colocando crianças e mulheres (às vezes grávidas) na “frente de batalha”. Com essa tática de “guerrilha desarmada” - às vezes nem tão desarmada assim -, promovendo a “pedagogia do gueto”, com cartilhas que pregam a desobediência às leis e incitam à revolução, o MST forma os “balillas” da atualidade (Leia “A pedagogia do gueto”, de O Estado de S. Paulo, 11/06/1998). “De acordo com os ideais socialistas e coletivos, calcados no princípio da solidariedade, o projeto educacional do MST tem como base teórica Paulo Freire, Florestan Fernandes, Che Guevara, o cubano José Martí, o russo A. Makarenko e clássicos como Marx, Engels, Mao Tsé-Tung e Gramsci” (revista Sem Terra, Out-Nov-Dez 1997, pg. 27). A mesma revista do MST afirma, na pg. 28, que existem 50.000 crianças distribuídas em 1.000 escolas primárias e 1.800 professores em acampamentos e assentamentos. “A maioria das freiras que foi morar nos assentamentos acabou arranjando namorado” (João Pedro Stédile, cit. in LOPES, 2004: 15). Ou seja, viraram escravas sexuais. Segundo o mesmo autor, bispos identificados com o MST são os seguintes: D. Hélder Câmara (patrono), D. José Maria Libório Caminho Saracho (Presidente Prudente; uma vez lavou e beijou os pés de 7 agricultores - O Globo, 07/04/2004; “A terra não tem dono, é de Deus. Ninguém no mundo é dono de nada” - O Globo, 07/04/2004 - D. José Gomes (Chapecó); D. Tomás Balduíno (CPT, disse que o o agronegócio “é uma das maldições que atingem o País” - LOPES, 2004: 38); D. Teodardo Leitz (Dourados), D. Orlando Dotti (Pastoral da Terra), D. Paulo Lopes de Faria (Itabuna); D. Demétrio Valentini (Jales, SP); D. Jaime Chemello (foi presidente interino da CNBB); D. Luciano Mendes de Almeida; D. Claudio Hummes (São Paulo); D. Irineu Danelon (Lins); D. Pedro Casaldáliga (São Félix do Araguaia); D. Geraldo Majella Agnelo (Salvador); D. Angélico Sândalo Bernardino (Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo); D. Mauro Morelli (Duque de Caxias); D. Antonio Possamai (Rondônia); religiosos comprometidos com a “esquerda católica”: Padre Luiz Bassegio, velho conhecido do Fórum Social Mundial e do “Grito dos Excluídos” (organizou um Kolkhoz em Manaus: “Um grupo de 15 pessoas está fazendo uma experiência comunitária (...) tudo o que for ganho no trabalho comunitário será repartido segundo as necessidades (...) as decisões são tomadas em comum” (jornal O São Paulo, 28/09 a 04/10/1984), pg. 31); Frei Betto; ex-padre Leonardo Boff; Irmã Dorothy (assassinada por grileiros, incentivava invasões de terras); Frei Sergio Antonio Grogen (OFM, da CPT, escreveu livro em parceria com João Pedro Stédile); Padre Narciso (Itararé), Padre José Domingos Braghetto (coordenador da CPT em São Paulo); Irmão Antônio Cechin: “Nós, católicos, não temos nada a ensinar aos índios. Eles é que são os nossos mestres” - LOPES, 2004: 24; “Um locutor, inflamado, dizia em nome de todos: ‘Queremos pedir perdão aos índios e seus descendentes (...) por lhes termos trazido uma outra religião’. Note-se que ‘a outra religião’ execrada nesse espantoso ato é pura e simplesmente o Cristianismo” (idem, pg. 24); Frei Dilson Santiago (deputado estadual da Bahia pelo PT); Padre Luiz Fachini (em Santa Catarina, celebrou missa para os sem-terra com foices e martelos no altar). O MST está na contramão da produção agrícola: os EUA, um dos maiores produtores de gêneros alimentícios do mundo, devido à sua alta tecnologia, têm menos de 2% de sua força de trabalho ocupada na agricultura. O MST está para o Partido dos Trabalhadores (PT) assim como o ETA está para o Partido Nacionalista Basco (PNB). O MST recebeu o prêmio Rei Balduíno, em Bruxelas, no dia 19/03/1997 (aniversário do “massacre” de Eldorado do Carajás). Frei Betto, antigo integrante da ALN terrorista de Marighella, é consultor do MST. Um dos ideólogos do MST, Dom Pedro Casaldáliga, foi um dos signatários de um documento do megaespeculador, George Soros, que pediu à Assembleia-Geral das Nações Unidas, através do seu Centro Lindesmith (ONG pró-legalização das drogas), o fim da guerra às drogas (Cfr. MSIA, 2ª quinzena de 1998, Vol VI, nº 1). O MST recebia recursos do governo Federal, através do INCRA (nos oito anos do governo FHC, o programa de assentamento rural consumiu em torno de R$ 20 bilhões; o equivalente à área do Paraná foi distribuído ao movimento), das Cooperativas de Produção Agrícola (CPA), dos assentamentos (famílias assentadas contribuem, compulsoriamente, em dinheiro e em produtos - cerca de 3%), ONGs (Brot für die Welt, Misereor - Alemanha; Vaslenktie-Cebeno - Holanda). Publicações do MST: Revista Sem Terra e Jornal dos Trabalhadores Rurais Sem Terra“A luta pela terra passou do plano da conquista econômica para a luta política contra o Estado e não simplesmente contra o latifundiário” (Cartilha do MST - cfr. Veja 10/05/2000, pg. 46). “O proprietário da Fazenda Amoni... está convencido de que a invasão de sua propriedade foi uma operação de guerrilha, no mesmo estilo adotado pelo governo de Cuba em vários países da América Latina. Ele acusou políticos e sindicalistas do PCB, PCdoB e do PT e citou nominalmente o presidente do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, de terem doutrinado agricultores sem-terra com ensinamentos recebidos em cursos que são ministrados em Havana” (Jornal Zero Hora - 7/01/1985). O MST deveria mudar sua denominação para Movimento Socialista Terrorista. Leia Revolução na Escola (revista Istoé, de 17/06/1998, pg. 63 a 67) e acesse https://mst.org.br/“Porque se nós tínhamos naquela época o ‘grupo dos onze’ e as ‘Ligas Camponesas’ - que eram meia dúzia - nós, hoje, temos o MST com mais de 350 mil filiados. Recebendo instrução - temos informações - de instrutores de Cuba, do Peru, do México e da Colômbia. No momento, se compararmos o que é o MST e o que foram as ‘Ligas Camponesas’, chegaremos à conclusão de que as Ligas eram ‘jardim de infância’ em relação ao que se tem hoje” (Ten Cel Av Juarez Gomes - História Oral do Exército/1964, Tomo 10, pg. 408-409).

País dividido - País que sofre conflito étnico ou religioso, conhecido como “Choque de civilizações”. Esses conflitos de “linha de fratura” ocorrem entre civilizações distintas, dividem um país e são especialmente frequentes entre muçulmanos e não muçulmanos. Como exemplo, podemos citar a Turquia, que tentou se modernizar e se “europeizar” com o Kemalismo, porém hoje caminha rapidamente para uma teocracia; a Bósnia-Herzegovina (conflito entre muçulmanos, ortodoxos sérvios e católicos croatas); o Kosovo (muçulmanos albaneses contra ortodoxos sérvios); a Irlanda do Norte (protestantes contra católicos); a Caxemira, na Índia (muçulmanos contra hindus). No Brasilistão, está em marcha acelerada a criação dos bantustões indígenas, quilombolas e sem-terra, configurando autêntico Apartheid. Essa “linha de fratura” também se observa nas redes sociais, em todo o Ocidente, em que milícias virtuais à esquerda e à direita digladiam-se em lutas ideológicas sem fim. O auge dessa fake fight virtual se deu depois que direitistas outsiders foram eleitos presidentes dos EUA (Donald Trump) e do Brasil (Jair Messias Bolsonaro).

Quilombos - Durante o Brasil colonial, os escravos negros se rebelavam contra a opressão dos brancos e formavam comunidades chamadas quilombos. O Quilombo de Palmares, fundado em 1639, no atual Estado de Alagoas, chegou a reunir mais de 30.000 habitantes, sob a direção de Zumbi. O Quilombo de Palmares sobreviveu por 65 anos e tinha sua subsistência baseada na agricultura e na criação de aves e suínos. Os quilombolas inauguraram a guerrilha no Brasil. Em 1687, o Governo contratou o sertanista paulista Domingos Jorge Velho para destruir os quilombos e resgatar os negros fugidos. Cercado e traído por Antônio Soares, seu homem de confiança, Zumbi foi assassinado no dia 20/11/1695 e sua cabeça enviada ao Recife, onde ficou exposta para servir de exemplo aos escravos que quisessem fugir. Os palmarinos que foram feitos prisioneiros foram vendidos para a Bahia ou deportados para Portugal; nenhum palmarino pôde continuar na capitania, conforme decreto do Governador. Hoje, Zumbi dos Palmares é considerado herói nacional e lembrado com um dia de feriado no Rio de Janeiro. O Observatório Quilombola criou o “Dossiê Anti-Quilombola”, onde há dois textos de minha autoria - cfr. em https://kn.org.br/oq/2019/02/11/imprensa-anti-quilombola/ ou http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/dossie-anti-quilombola-por-observatorio.html.

Racismo - “Segundo o geneticista Craig Venter, o primeiro a descrever o genoma humano, ‘raça é um conceito social, não um conceito científico’ ” (KAMEL, 2009: 45). A Teoria popular das raças foi desenvolvida pelo filósofo Johann Gottfried Herder (1744-1803), que mais tarde foi transformada em várias teorias raciais e no conceito ariano de superioridade racial alemã de Hitler. O diplomata francês Joseph-Arthur, Conde de Gobineau, escreveu o Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (1853-1855). Suas teorias sobre o ariano como raça pura levou ao antissemitismo nazista. Para Gobineau, a raça humana branca é superior à negra e à amarela, e na raça branca haveria ainda seres superiores, como os de sangue ariano, "raça pura descendente dos deuses", entre os quais não houve jamais mestiçagem. Gobineau “via a degeneração ocorrendo quando as pessoas se cansam e as sociedades não mais sustentam os valores outrora sustentados. Misturar sangue é uma fonte de degeneração, muito embora, paradoxalmente, Gobineau admitisse que isso também pode ser uma fonte de vigor” (BODANSKY, 2002: 134). Alfred Rosenberg foi o “filósofo” racial do movimento nazista. O sequenciamento do genoma humano provou que essa "ciência" da raça superior não tem fundamento genético, pois a análise do DNA mostra que negros, brancos, índios e asiáticos partilham 99,99% dos menos de 40.000 genes humanos (antes dos estudos do projeto genoma humano, o número de genes do homem era estimado entre 60 mil e 100 mil). Ou seja, não há raças humanas, pois não somos cães. O próprio “racismo” já não faz mais sentido, assim como “raça”, e deveriam ser sempre escritos entre aspas - cfr. textos no link http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/biologos-alemaes-defendem-fim-do-termo.html“O dia em que pararmos de nos preocupar com a consciência negra, amarela ou branca, e nos preocuparmos com a consciência humana, o racismo desaparecerá” (frase atribuída a Morgan Freeman, ator negro norte-americano). A Constituição brasileira preceitua que constitui objetivo fundamental “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (Art. 3º, IV). O Brasil faz parte da Convenção Internacional para Eliminação de Toda Forma de Discriminação Racial, de 07/03/1966, pelo qual se compromete a tomar “medidas diretas e positivas para eliminar todo estímulo à discriminação racial e eliminar toda ação racialmente discriminador” (Art. 4º da Convenção). Além disso, lei brasileira de 1989 estabelece de um a três anos de prisão e multa nos casos de “preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Há medicamentos do coração que são mais apropriados a negros do que a brancos, assim como perfumes, tendo em vista o pH do corpo, mais ácido do que alcalino em relação aos brancos, o que tem a ver com diferenças étnicas, jamais com “raças”.

Racismo negro - O “racismo negro” - se racismo houvesse - teve grande impulso com FHC, que na deliberação do Programa Nacional dos Direitos Humanos, criado em 1996, deu início à divisão do Brasil em um país bicolor: "Determinar ao IBGE a adoção do critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente de população negra"“O que a sociologia que dividiu o Brasil entre negros e brancos não percebe é que, ao fazer isso, chancelou a construção racista americana segundo a qual todo mundo que não é branco é negro. É usar de uma metodologia racista para analisar o racismo” (KAMEL, 2009: 23-24). Assim, os negros mestiços, ainda que tenham 50% de sangue europeu, passam a ser tratados como africanos puros. Com uma penada, FHC pretendeu acabar com uma instituição nacional, a “mulata”. “Com este jogo de conceitos, o censo, que apresentava 51,4% da população brasileira como sendo branca, 5,9% como negra e 42% como parda, com o advento da nova expressão fez com que a população negra passasse a constituir 47,9% dos brasileiros. Diante dos números acima, foi criado o slogan: ‘No Brasil a pobreza tem cor, e ela é negra’. A causa da pobreza dos negros seria um ‘racismo escondido’. O governo, em vez de combater a pobreza com os instrumentos clássicos de educação de qualidade, geração de emprego, fortalecimento da família e de valores morais, com amor ao trabalho e à poupança, vem criando uma série de programas de incitamento à revolta, resultando em invasões de propriedades e desrespeito às decisões judiciais” (BARRETTO, 2007: 11-12). O baiano Francisco Félix de Souza nasceu em 1771, filho de um português com uma escrava. Alforriado aos 17 anos, mudou-se para a terra dos seus ancestrais, na África. “Assim, em 1788, Francisco Félix de Souza desembarcou em Benin e, por ironia do destino, tornou-se um próspero traficante de escravos. Morreu aos 94 anos, teve 53 mulheres, oitenta filhos e 12.000 escravos, deixando aos herdeiros um fabuloso império de 120 milhões de dólares, em dinheiro de hoje” (Alexandre Oltramari, in “Pelas lentes da história”, revista Veja, 10/12/2003, pg. 115).

Revisionismo - A revisão histórica é benéfica, desde que os críticos se atenham a critérios científicos tão ou até mais rigorosos do que aqueles que nortearam a história original. “Em nossa infância... a história era um monte de informações. Você aprendia de uma maneira organizada, em série - muitas vezes ao longo de uma linha cronológica do tempo. O objetivo desse exercício era fornecer às crianças um mapa mental - estendido para trás ao longo do tempo - do mundo em que habitavam. Aqueles que insistiam em que essa abordagem era acrítica não estavam errados. Mas revelou-se um grave erro substituir a história carregada de dados pela intuição de que o passado foi um conjunto de mentiras e preconceitos que precisam ser corrigidos: preconceitos em favor de povos e homens brancos, mentiras sobre o capitalismo ou o colonialismo, ou o que quer que seja” (JUDT, 2014: 284). “História e memória são filhas diferentes, mas do mesmo pai - portanto, se odeiam e ao mesmo tempo têm em comum apenas o suficiente para ser inseparáveis. Além disso, são obrigadas a disputar uma herança que não podem abandonar, nem dividir. A memória é mais jovem e mais atraente, muito mais disposta a ser seduzida - e portanto faz muito mais amigos. A história é a irmã mais velha: um pouco emaciada, simples e séria, disposta a se retirar em vez de  se envolver em conversa fiada. Desta forma, ela é uma solitária política - um livro deixado na prateleira” (idem, pg. 295). Como exemplos de revisionismo, temos: revisionismo soviético (em que antigos heróis, caídos em desgraça, eram riscados de enciclopédias, ou que tinham suas imagens “apagadas” em fotos oficiais); revisionismo do Holocausto (em que escritores colocam em dúvida o número de vítimas do Holocausto judeu promovido pelos nazistas - a exemplo de S. E. Castan em seu livro "Holocausto Judeu ou Alemão?", pelo qual foi condenado pelo STF); revisionismo da esquerda brasileira: a história recente do Brasil é descrita sob a ótica da dialética comunista, em que prevalece a aplicação do materialismo histórico marxista, hegemônico no atual ensino brasileiro, em que não há nenhum estudo sério sobre o assunto, apenas panfletagem e pura molecagem, a exemplo da obra Outros 500, escrita por “intelectuais orgânicos” do PT e “libélulas” satélites. O objetivo é um só: solapar os fundamentos morais do país, ao mesmo tempo em que prega as excelências da Revolução Cubana e o valor das FARC. Assim, não causa estranheza que o Dia da Pátria seja substituído pelo “dia dos excluídos”, que Lamarca seja apresentado como herói e o Duque de Caxias seja revisto como genocida dos paraguaios. A verdade histórica, porém, é cristalina: Lamarca foi um desertor do Exército, ladrão de armamentos e terrorista assassino. A Guerra do Paraguai só tem uma história: o Brasil, com 15.000 homens armados às pressas, teve que se defender da agressão de Solano López, à frente de um exército de 64.000 homens, que aprisionou um navio brasileiro (em que viajava o Presidente da Província de Mato Grosso), invadiu Mato Grosso, ocupando parte desse território por três anos, violou o território da Argentina e chegou a conquistar Uruguaiana. É comum entre esquerdistas realizar o revisionismo da História, de modo que ela fique igual à sua cara, a cara da mentira. O "historiador" José Chiavenato, com seu livro "Genocídio americano: a guerra do Paraguai", tenta classificar Caxias e o Conde D'Eu como combatentes monstruosos. “Historiadores militares de gabarito assinalaram, nessa obra de Chiavenato, mais de 30 erros históricos comprovados e outras tantas distorções da verdade comprovando o relativismo e o absolutismo com que o autor manipulou a história” (PEDROSA: 2008, 69). O Brasil, no início de Guerra do Paraguai, era um "império desarmado". “A proposta liberal de Adam Smith em A Riqueza das Nações, em moda durante a segunda metade do século XIX, induzira no Brasil um certo descuido com o exército profissional, embora o famoso pensador sempre propugnasse por uma força militar organizada para fundamentar e garantir o progresso e a segurança da nação” (PEDROSA, 2004: 209 - capítulo “Império Desarmado”). O revisionismo atual, de professores marxistas nas escolas brasileiras, afirma que o Brasil e a Argentina estiveram a serviço do imperialismo inglês, invadindo o Paraguai e esmagando o país mais “progressista” da América do Sul: “Interessava à Inglaterra a formação de um amplo mercado consumidor, principalmente de produtos manufaturados’, pontifica o livro História e Vida, de Nelson Piletti e Claudino Piletti” (NARLOCH, 2010: 104). O livro Nova História Crítica, para a 7ª. série, de Mário Schmidt, afirma que os ingleses foram contra a escravidão, não por questões humanitárias, mas por interesses econômicos. Na verdade, “o movimento abolicionista inglês teve uma origem muito mais ideológica que econômica. Organizado em 1787 por 22 religiosos ingleses, foi um dos primeiros movimentos populares bem-sucedidos da história moderna, um molde para as lutas sociais do século 19” (idem, pg. 104) Segundo Schmidt, “a princesa Isabel é uma mulher feia como a peste e estúpida como uma leguminosa” (idem, pg. 104). Para o linguista de pau, bonito talvez seja Zumbi dos Palmares, que tinha uma penca de escravos. A Princesa Isabel foi substituída, em sua importância histórica, por Zumbi dos Palmares. Outro importante inimigo da Princesa foram as lojas maçônicas, como a “Vigilância e Fé”, de São Borja, RS: “A Maçonaria que se levante, opondo-se firmemente, no caso fatal da morte do imperador, embora violentos, a coroação da princesa. O povo que se governe e a Maçonaria que intervenha para a fundação de um governo livre e moralizado” (Cit. por GOMES, 2013: 232). Porém, o maior inimigo de Isabel foram os barões do café, que perderam a mão-de-obra escrava e se tornaram defensores da república. Isabel era acusada de carola e foi acusada de se subordinar ao Papa Leão XIII depois de receber a honraria Rosa de Ouro, em reconhecimento à assinatura da Lei Áurea. Diziam os republicanos – que queriam a separação da Igreja Católica do Estado - que o futuro monarca, de fato, seria o Conde d’Eu, marido de Isabel, “um príncipe estrangeiro” (idem, pg. 235). E havia um problema insolúvel para um país de machos: Isabel era uma mulher numa época em que a mulher não podia votar, não podia estudar e a principal função era gerar e educar os filhos. A mulher passaria a ter direito ao voto somente em 1932, durante o Governo Getúlio Vargas - mas com restrições, como ser casada e ter a autorização do marido. O historiador Francisco Fernando Monteoliva Doratioto, em seu livro “O Conflito com o Paraguai - A guerra do Brasil”, contesta tais revisionistas e afirma que “a formação dos Estados nacionais da região foi a causa do sangrento conflito” (Jornal de Brasília, 12/07/1999). Os cambás (pretos, em guarani) foram decisivos para a vitória brasileira: “Muitas vezes as deserções eram tantas que batalhões inteiros dissolviam-se quando em marcha para o front. Na verdade, como temos notícia em cartas de Osório a Caxias, muitos brancos rio-grandenses também desertavam. Porém, negros da Corte ou de todo o vasto Império lutavam bravamente e eram raríssimos os casos de deserção. O bom, forte e sacrificado sangue africano foi decisivo e insubstituível nas conquistas da guerra e, portanto, para o seu desfecho, com a vitória triunfal do Império” (PERNIDJI, 2010: 55-56). Vale lembrar que Caxias levou uma novidade ao campo de batalha contra o Paraguai: o balão aerostático, para reconhecimento do número de canhões do inimigo. Para tanto, trouxe o coronel polonês-americano Roberto Adolfo Chodasiewicz, perito no assunto - leia mais sobre o uso de balões em https://www2.fab.mil.br/incaer/images/eventgallery/instituto/Opusculos/Textos/opusculo_os_baloes.pdf“Dizem que os paraguaios, quando viram o balão subir, caíram de joelhos e rezaram à Virgem e a Tupã, dizendo que o marquês tinha parte com o demônio e que, com os negros, levaria todos os homens para trabalhar nos saladeiros no Rio Grande, enquanto as mulheres, como escravas, iriam para a luxúria dos soldados, todos dentro do balão” (idem, pg. 94-95). Outro tipo de revisionismo - na verdade, propaganda da desinformação e da difamação - liga o Papa Pio XII aos nazistas. Por exemplo, o livro de John Cornwell, “O Papa de Hitler”: “A capa do livro de John Cornwell mostra o arcebispo Pacelli saindo de um edifício do governo alemão, escoltado por dois soldados. Essa visita oficial do então Núncio Apostólico na Alemanha, teve lugar em 1929, quatro anos antes que Hitler chegasse ao poder (em 30/01/1933). Como Pacelli saiu da Alemanha em 1929 e nunca mais voltou, é enganoso e tendencioso o uso dessa fotografia” (Texto do jesuíta Peter Gumpel, historiador convidado pelo Vaticano para coordenar o processo de beatificação do Papa Pio XII, in Pio XII, Hitler e os judeus, publicado em PODER - Revista Brasileira de Questões Estratégicas, Ano I, nº 05, pg. 58, Brasília, Maio/Junho 2000). Enfoques revisionistas marxistas têm o mesmo valor histórico de “O Quinto dos Infernos”, minissérie da TV Globo que trata com desrespeito a História de D. João VI e D. Pedro I, com baixaria de toda ordem. Ou a novela chapa-branca do SBT, Amor e Revolução. O mesmo maniqueísmo foi visto nos Planos do governo Dilma Rousseff, em que uma famigerada Comissão Nacional da Verdade - o Pravda tupiniquim - tentou reescrever a recente história do Brasil dentro da ótica dos antigos terroristas de esquerda. Um exemplo simples do revisionismo fascistoide brasileiro foi a proscrição da música Eu te amo, meu Brasil, de Dom e Ravel, porque foi feita durante o governo miliar - ouça a bela música em https://www.youtube.com/watch?v=crZ5aZ_bx6c. O livro “1889”, de Laurentino Gomes, pode ser baixado em https://gataborralheira34.files.wordpress.com/2015/05/1889-laurentino-gomes.pdf.

Sou 100% negro! - Lê-se tal frase pauleira em camisetas de negros, que a ostentam com orgulho. Prova apenas que o alienado é 150% racista, se racismo houvesse, já que não há raças humanas. Estudos do genoma humano comprovaram que um negro pode ser mais próximo, geneticamente, de um loiro escandinavo de olhos azuis do que de outro negro. Outra frase de pau exemplifica também esse tipo de “racismo invertido”, o “racismo” de cor negra: “Tenho orgulho de ser negro!” Biólogos alemães defendem o fim do termo “raça” para humanos - cfr. em http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/biologos-alemaes-defendem-fim-do-termo.html.

 

BIBLIOGRAFIA:

AZEVEDO, Reinaldo. O País dos Petralhas. Record, São Paulo e Rio, 2008.

BALTA, Paul. Islã. L&PM Editores, Porto Alegre, 2010.

CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Record, Rio, 2013.

CARRASCO, Lorenzo; PALACIOS, Silvia. Quem Manipula os Povos Indígenas contra o Desenvolvimento do Brasil. Capax Dei Editora, Rio de Janeiro, 2013.

COURTOIS, Stéphane; WERTH, Nicolas; PANNÉE, Jean-Louis; PACZKOWSKI, Andrzej; BARTOSEK, Karel; e MARGOLIN, Jean-Louis. O livro negro do comunismo - Crimes, terror e repressão. Bibliex e Bertrand Brasil, Rio, 2000. Com a colaboração de Rémi Kauffer, Pierre Rigoulot, Pascal Fontaine, Yves Santamaria e Sylvain Boulouque (Tradução de Caio Meira).

KAMEL, Ali. Não somos racistas - Uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor. Bibliex, Rio de Janeiro, 2009.

MOTTA, Aricildes de Moraes (Coordenador Geral). História Oral do Exército - 1964 - 31 de Março - O Movimento Revolucionário e sua História. Tomos 1 a 15. Bibliex, Rio, 2003.

NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da História do Brasil. Leya, São Paulo, 2009.

NARLOCH, Leandro; TEIXEIRA, Duda. Guia politicamente incorreto da América Latina. Leya, São Paulo, 2011.

PERNIDJI, Joseph Eskenazi; PERNIDJI, Mauricio Eskenazi. Homens e Mulheres na Guerra do Paraguai. Bibliex, Rio, 2010.

 

LEITURA RECOMENDADA:

BARRETTO, Nelson Ramos. Reforma Agrária - O Mito e a Realidade (2ª edição). Artpress, São Paulo, 2003.

BARRETTO, Nelson Ramos. A Revolução Quilombola - Guerra racial, confisco agrário e urbano, coletivismo. Editora Artpress, São Paulo, 2007.

BARRETO, Carlos Alberto Lima Menna. A Farsa Ianomâmi. Bibliex, Rio, 1995.

GOMES, Laurentino. ESCRAVIDÃO - Vol 1: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Globo Livros, Rio de Janeiro, 2019.

OLIVEIRA, Plinio Corrêa de; BARRETTO, Nelson Ramos; CHAVES, Paulo Henrique. Tribalismo Indígena - Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI - 30 anos depois: Ofensiva radical para levar à fragmentação social e política da nação (2ª. edição). Editora Artpress, São Paulo, 2008.

PEDRO, Joana Maria; CZESNAT, Ligia de Oliveira; FALCÃO, Luiz Felipe; SILVA, Orivalda Lima e; CARDOSO, Paulino Francisco de Jesus; CHEREM, Rosângela Miranda. Negro em terra de branco - Escravidão e preconceito em Santa Catarina no Século XIX. Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1988.


Nenhum comentário:

Postar um comentário