DOSSIÊ QUILOMBOLA
Félix Maier
16/04/2021
Preâmbulo
O presente trabalho apresenta alguns verbetes de meu e-book “A
LÍNGUA DE PAU - Uma história da intolerância e da desinformação”, no que se
refere aos quilombolas em especial e aos negros em geral, além de citar também
os indígenas e o MST, por analogia ao assunto tratado, os “bantustões”.
O texto não deixa de ser também uma resposta ao “DOSSIÊ
ANTI-QUILOMBOLA”, produzido pelo Observatório Quilombola – cfr. em https://kn.org.br/oq/2019/02/11/imprensa-anti-quilombola/, onde foram transcritos dois textos de minha autoria.
O foco de minha argumentação está voltado para a defesa de um País
que tem rica diversidade cultural e étnica, de modo que toda a população seja
integrada à civilização e aos direitos fundamentais, sejam cidadãos de fato,
sem guetos, como os vistos na criação de reservas indígenas, quilombolas e do
MST. Minha defesa é a integração e miscigenação total da população brasileira,
sem guetos brancos, negros, indígenas ou de inspiração soviética, como são os kholkozi (fazendas
coletivas) existentes nos acampamentos do MST.
Assim, minha crítica está voltada a esse sistema equivocado, que
tenta “enjaular” índios e quilombolas, além do MST, em guetos que lembram os
que existiam na África do Sul na época do Apartheid, os tais
“bantustões”. Nunca fiz crítica nenhuma aos negros ou aos indígenas em si, que merecem o máximo respeito, que tanta riqueza cultural trouxeram ao Brasil de todos os brasileiros.
Queiram ou não, falar em “país bicolor” é embuste puro, uma
mentira que só atende a inocentes e aproveitadores. O Brasil do futuro não será
negro, nem branco, nem vermelho, nem amarelo, mas mestiço. Comemorar o
"Dia da Consciência Negra" é um equívoco, como afirmo em "A
longa noite negra da consciência", disponível em
F. Maier
Ação afirmativa - É
a affirmative action dos americanos do norte, tropicalizada na
Terra dos Papagaios, bichinhos que se destacam por repetir tudo o que outros
falam. Segundo seus defensores, trata-se de promover a “inclusão social”, como,
por exemplo, conceder vagas para negros e índios em universidades públicas. O
argumento principal de seus defensores é que essa ação promove a diversidade
étnica no ensino superior, além de reparar danos do passado, como a escravidão.
O argumento dos que são contra a ação é que ela é inconstitucional, por
favorecer pessoas unicamente por sua cor, e que, hoje, ninguém é obrigado a
pedir desculpas por erros de outras pessoas no passado ou sofrer injustiça
(como não conseguir entrar na universidade) por conta do pagamento de um crime
que não cometeu. E a “ação negativa”, seria a criação de cotas para brancos na
Bahia?
500 ANOS DE RESISTÊNCIA INDÍGENA, NEGRA E POPULAR - Movimento pauleira criado durante as comemorações dos 500
anos do Descobrimento da América, que visava “rediscutir” (revisionismo) a
história da colonização do continente sob a ótica marxista, ao mesmo tempo em
que tinha por objetivo varrer das Américas todos os traços da civilização
cristã. Dentro da prática da “lenda negra”, a ideia era diabolizar as
“sangrentas” conquistas espanhola e portuguesa das Américas, ao mesmo tempo em
que os indígenas eram apresentados como seres angelicais. Durante a conquista
espanhola, relatos, como os de Bartolomé de las Casas, destacavam o “genocídio”
promovido contra os índios. “As denúncias do frade dominicano foram
reproduzidas com gosto pelos maiores adversários do reino espanhol - os
protestantes. Com a conquista da América e a unificação a Portugal, em
Antropólogos da ação - São
compostos por setores populares de sindicatos, camponeses, indígenas,
quilombolas etc. O nome originou-se durante a Declaração de Barbados e foi
cunhado pelo antropólogo dos EUA, Sol Tax, da Universidade de Chicago, editor
da revista Current Anthropology. A Declaração de Barbados destinou
as “ações para a consolidação de conceitos como o isolacionismo das
populações indígenas, a sua posterior autonomia e a insidiosa ideia do
‘etnonacionalismo’. No Brasil, o impulso daí proveniente foi instrumental para
as propostas de criação de gigantescas reservas que mantivessem as populações
indígenas isoladas do restante da sociedade, independentemente do seu nível
cultural e de integração com o restante da sociedade brasileira” (CARRASCO,
2013: 102). “As sofisticadas redes de ‘antropologia da ação’
desempenharam um papel fundamental na emergência de movimentos insurgentes,
alegadamente de caráter indígena, como Sendero Luminoso e o MRTA, no Peru, e o
EZLN, no México, criado e nutrido pelas redes da Teologia da Libertação
reunidas em torno do então bispo de San Cristóbal de las Casas, Samuel Ruiz” (idem,
pg. 103-104).
Bantustões - O Apartheid criou,
na África do Sul, 10 nações tribais independentes (bantustões), instaladas em
área correspondente a 13% do país, onde os negros foram confinados durante os
governos dos Primeiros-Ministros Hendrik Verwoerd (1958-1966) e B. J. Voster
(1966-1978). ONGs e ditos “movimentos populares” pretendem instalar bantustões
de negros (quilombolas) e bantustões indígenas em todo o Brasil, que poderá
levar à “africanização” ou à “balcanização” de nosso País - o “Brasilistão”.
Também proliferam no Brasil os bantustões do MST, extensas propriedades rurais
onde o Poder Público está proibido de entrar, nos quais se ensina a ideologia
marxista e se praticam táticas de guerrilha rural, comprovada pelas violentas
invasões de terras. Leia “Bantustões Brasileiros”, de minha autoria, em http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/bantustoes-brasileiros-por-felix-maier.html.
Brasilistão - Neologismo que criei
para designar o Brasil dos bantustões indígenas e quilombolas (guetos
étnico-socialistas) e dos sem-terra (guetos socialistas), transformando nosso
País no triste Apartheid que havia na África do Sul. Os
latifúndios improdutivos, transformados em “reservas indígenas” e “acampamentos
do MST”, bloqueiam o desenvolvimento do Brasil: “Isso acontece porque sem a
bandeira comunista para se opor ao desenvolvimento do capitalismo, restou o
ambientalismo e o indigenismo, que ao final do século XX, uniram-se formando um
movimento misógino, absolutamente contrário a qualquer projeto
desenvolvimentista. No Brasil esse processo é tão forte a ponto de seguir
freando por mais de três décadas o processo de desenvolvimento do país” (entrevista
com o antropólogo Edward M. Luz - cfr. http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/entrevista-edward-m-luz-reservas-e.html).
CIMI - Fundado em 1972, “o
Conselho Indigenista Missionário (CIMI) é outro produto da Conferência de
Barbados” (CARRASCO, 2013: 105). “A pastoral do CIMI visa
transformações estruturais do sistema e da sociedade e se situa na contramão do
sistema. Por isso, está sempre envolvida em conflitos com a ordem vigente. A
presença missionária nas lutas indígenas torna-se relevante a partir da
capacidade de romper com o sistema que oprime e exclui. O evangelho, na leitura
do CIMI, é areia na máquina do sistema, não óleo” (Teólogo alemão
Paulo Suess, secretário-geral do CIMI, entre 1979 e 1987 - Cit. por CARRASCO,
2013: 109). “O CIMI aderiu de pleno à chamada ‘Lenda Negra’, concebida
e promovida pelos poderes coloniais anglo-protestantes, a partir do século XVI,
para denegrir a colonização ibérica da América, acusando-a de promover o
genocídio indiscriminado dos povos indígenas do continente. Recorde-se
brevemente que as navegações ibéricas foram um fator determinante para minar o
controle econômico exercido pela oligarquia de Veneza, por meio de rotas
comerciais mediterrâneas com o Oriente. Herdeiros do poderio e das aspirações
hegemônicas de Veneza, as oligarquias britânica e holandesa elaboraram novas
bases filosóficas para a defesa do ‘livre comércio’ da época: a ‘livre
navegação’ e a pirataria, em particular, contra o predomínio ibérico nas rotas
marítimas atlânticas. Mais tarde, a ‘Lenda Negra’ foi adotada pela nascente
oligarquia estadunidense, como um sutil instrumento de guerra cultural voltado
para reduzir a autoestima dos povos ibero-americanos. Ela estava contida na
política colonialista do ‘porretão’ (big stick), do presidente Theodore
Roosevelt (1901-1909) e nas atividades latino-americanas da família
Rockefeller, promotores da expansão protestante na região, apoiando e
financiando a investida missionária de que tanto se orgulha o CIMI” (CARRASCO,
2013: 111).
Cultura da reclamação -
Denominação dada por Robert Hughes aos “excluídos”, que rejeitam a civilização
(valores universais da igualdade e Estado de Direito) e “querem que
suas demandas particularistas sejam tratadas como reparação histórica” (AZEVEDO,
2008: 100). Nesse balaio de gatos se inserem os movimentos feministas, gays,
indígenas, negros, sem-terra, quilombolas, os quais não desejam igualdade, como
apregoam, mas privilégios. “Ninguém se torna um ‘espoliado’ pelo
simples fato de estar sem dinheiro. Para ser um espoliado é preciso produzir
primeiro alguma coisa e depois ser despojado dela injustamente” (CARVALHO,
2013: 85). “Esse é o Brasil tolerante, bonachão, que prefere o desleixo
moral ao risco da severidade injusta. Mas há no fundo dele um Brasil temível, o
Brasil do caos obrigatório, que rejeita a ordem, a clareza e a verdade como se
fossem pecados capitais. O Brasil onde ser normal não é só desnecessário: é
proibido” (idem, pg. 95). “Boa parte do nosso
subdesenvolvimento se explica em termos culturais; ao contrário dos
anglo-saxões, que prezam a racionalidade e a competição, nossos componentes
culturais são a cultura ibérica do privilégio, a cultura indígena da indolência
e a cultura negra da magia” (Roberto Campos, no prefácio ao livro
“Manual do perfeito idiota latino-americano”).
Cultura negra - “Cultura
negra? Cultura negra para mim é Aleijadinho, é Gonçalves Dias, é Machado de
Assis, é Capistrano de Abreu, é Cruz e Souza, é Lima Barreto. Quer Vossa
Senhoria me explicar como esses negros e mulatos puderam subir tão alto, numa
sociedade escravocrata, enquanto seus netos e bisnetos, desfrutando das
liberdades republicanas, paparicados pela intelligentzia universitária, não
conseguem hoje produzir senão samba, funk e macumba, e ainda se gabam de suas
desprezíveis criações como se fossem elevadíssima cultura?” (Wilson
Martins, em “História da inteligência brasileira” - Cit. in CARVALHO,
2013: 301).
Escravidão - No Brasil, teriam
sido introduzidos mais de 4 milhões de negros cativos, desde a chegada dos
primeiros escravos, em 1531, com a expedição de Martim Afonso de Souza, até a
chegada do último navio negreiro, em 1856, no Rio de Janeiro. Foram 357 anos de
escravidão, que acabou com a Lei Áurea, no dia 13/05/1888. “O café é
negro e o negro é o café” (escravocratas, antes da Abolição). Por um
prato de comida e uma cama na senzala, cada escravo negro cuidava de 6.000
pés-de-café. Os primeiros imigrantes italianos, por algo semelhante, cuidavam
de 7.000 pés-de-café. “Em 2007, completaram-se duzentos anos da
proibição do tráfico de escravos, a primeira vitória da campanha abolicionista
da Inglaterra. Nenhum país da África ou movimento negro da América prestou
homenagem ou agradecimento aos ingleses” (NARLOCH, 2009: 106). Desde a
antiguidade, o comércio de escravos foi comum no continente africano. Muitos
príncipes negros viviam no luxo vendendo seu próprio povo. No Mediterrâneo, os
islâmicos sequestravam milhares de europeus, fazendo escravos os homens e
concubinas (escravas sexuais) as mulheres; era “quando os escravos tinham olhos
azuis”. Os EUA acabaram com essa farra, que consta no Hino dos Marines: From
the Halls of Montezuma to the Shores of Tripoli - cfr. “EUA e Islã -
Pequena aula de História” em http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/01/os-eua-e-o-isla.html. Muitos ex-escravos brasileiros voltaram à África para iniciar
rendoso comércio de carne humana. Aliás, como muito bem disse Narloch (op. cit,
pg. 88), “o sonho dos escravos era ter escravos”. Zumbi aprovaria
esta afirmação. O profeta Maomé teve, ao longo de sua vida, 10 esposas e 2
concubinas: a judia Raihana Bint Zaid e a cristã copta Maria, que lhe deu um
filho, Ibrahim, que morreu com tenra idade (Cfr. BALTA, 2010). Laurentino Gomes
fala sobre “Escravidão”, sua nova trilogia, em https://www.youtube.com/watch?v=gN5GYfc1iI8.
Gueto - Local de segregação
racial, a exemplo de judeus, negros, ciganos etc. No Brasil, Terras Indígenas,
comunidades quilombolas e assentamentos do MST estão se transformando em
guetos, para não dizer pogroms, à semelhança dos bantustões da
África do Sul do Apartheid.
Lenda Negra - O mesmo que Legenda Negra, expressão cunhada pelo escritor espanhol Julián Juderías, em 1914. Movimento de diabolização dos conquistadores da América, centra seus ataques principalmente contra a Igreja Católica na América Latina. A Lenda Negra promove o retorno ao pelagianismo e ao paganismo religioso indígena e africano. Personagens influentes do movimento: Frei Beto, diretor da revista America Libre, órgão oficial do Foro de São Paulo (FSP), e Leonardo Boff. Este último empenha-se na implantação de “um cristianismo indo-afro-americano inculturado nos povos, nas peles, nas danças, nos sofrimentos, nas alegrias e nas línguas de nossos povos, como resposta a Deus” (na carta em que renuncia ao sacerdócio, em 29/06/1992). Ou seja, é a pregação do fim da Civilização Ocidental cristã, com a volta do ser humano a seu estado primitivo (canibalismo, magia negra, sacrifício de seres humanos etc.).
Mito palingenético - Idealização de uma comunidade humana primitiva de interação social que deverá retornar, sob uma forma superior, num estágio final da história humana. A esquerda latino-americana vê esse mito nas faces dos sandinistas, zapatistas, montoneros, do Sendero Luminoso, do Tupac Amaru e do MST, além dos indígenas.
Movimento Reparações Já! -
Idealizado pelo Núcleo de Consciência Negra (NCN), o movimento pauleira surgiu
em 1993, na Bahia, e pleiteia que o Estado brasileiro indenize a cada
descendente de escravo africano pelo trabalho gratuito de seus ancestrais, ou
seja, “todos os negros e mestiços do país”. Não tenho dúvida de que esses
senhores, caso tivessem vivido no tempo da escravidão, também teriam seus
escravos, como ocorreu com Zumbi dos Palmares. A indenização pretendida pelo
movimento é de US$ 102 mil para cada descendente de escravo. Nelson Ramos
Barretto lembra como o movimento negro substituiu a bondosa Princesa Isabel por
Zumbi, um escravocrata que espalhava o terror nas populações vizinhas a partir
do Quilombo dos Palmares. Barretto apresenta uma prova de que “Zumbi
mantinha escravos de tribos inimigas para os trabalhos do quilombo”, tirada
do livro Divisões Perigosas, de José de Souza Martins (Ed.
Civilização Brasileira, Rio, 2007, pg. 99): “Os escravos que se
recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e
convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a
iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão
própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos
negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não
raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não
faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo linguístico de que procede Zumbi,
foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões” (BARRETTO,
2007: 20). “Nos anos 70, os historiadores marxistas projetaram no Quilombo
de Palmares tudo o que imaginavam de sagrado para uma sociedade comunista:
igualdade, relações de trabalho pacíficas e comida para todos. Sabe-se hoje que
o quilombo do século 17 estava mais para um reino africano daquela época que
para uma sociedade de moldes que surgiram mais de um século depois. Zumbi
provavelmente descendia de imbangalas, os ‘senhores da guerra’ da África
Centro-Ocidental. Guerreiros temidos, eles habitavam vilarejos fortificados, de
onde partiam para saques e sequestros dos camponeses de regiões próximas.
Durante o ataque a comunidades vizinhas, recrutavam garotos, que depois
transformariam em guerreiros, e adultos para trocar por ferramentas e armas.
Esse modo de vida é bem parecido ao descrito por quem conheceu o Quilombo dos Palmares.
‘Quando alguns negros fugiam, mandava-lhes crioulos no encalço e uma vez
pegados, eram mortos, de sorte que entre eles reinava o temor’, afirma o
capitão holandês João Blaer” (Leandro Narloch, in “Guia
Politicamente Incorreto da História do Brasil” - http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/10631-guia-politicamente-incorreto-da-historia-do-brasil.html, acesso em 10/06/2011). Darcy Ribeiro afirmou: “No
Brasil, a mestiçagem sempre se fez com muita alegria”.
MST - Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Antes de tudo, convém ressaltar que o MST é
filho bastardo de dois pais (Comissão Pastoral da Terra - CPT e Conselho
Indigenista Missionário - CIMI) e de uma mãe social (Comunidades Eclesiais de
Base - CEBs) - com as bênçãos da CNBdoB. O MST foi fundado em 1984 em Cascavel,
PR, com a realização do I Encontro Nacional dos Sem-Terra, depois das ocupações
de terras no RS, SC, PR, SP e MS (durante os anos de
País dividido - País que sofre
conflito étnico ou religioso, conhecido como “Choque de civilizações”. Esses
conflitos de “linha de fratura” ocorrem entre civilizações distintas, dividem
um país e são especialmente frequentes entre muçulmanos e não muçulmanos. Como
exemplo, podemos citar a Turquia, que tentou se modernizar e se “europeizar”
com o Kemalismo, porém hoje caminha rapidamente para uma teocracia; a
Bósnia-Herzegovina (conflito entre muçulmanos, ortodoxos sérvios e católicos
croatas); o Kosovo (muçulmanos albaneses contra ortodoxos sérvios); a Irlanda
do Norte (protestantes contra católicos); a Caxemira, na Índia (muçulmanos
contra hindus). No Brasilistão, está em marcha acelerada a criação dos
bantustões indígenas, quilombolas e sem-terra, configurando autêntico Apartheid.
Essa “linha de fratura” também se observa nas redes sociais, em todo o
Ocidente, em que milícias virtuais à esquerda e à direita digladiam-se em lutas
ideológicas sem fim. O auge dessa fake fight virtual se deu
depois que direitistas outsiders foram eleitos presidentes dos
EUA (Donald Trump) e do Brasil (Jair Messias Bolsonaro).
Quilombos - Durante o Brasil
colonial, os escravos negros se rebelavam contra a opressão dos brancos e
formavam comunidades chamadas quilombos. O Quilombo de Palmares, fundado em
1639, no atual Estado de Alagoas, chegou a reunir mais de 30.000 habitantes,
sob a direção de Zumbi. O Quilombo de Palmares sobreviveu por 65 anos e tinha
sua subsistência baseada na agricultura e na criação de aves e suínos. Os
quilombolas inauguraram a guerrilha no Brasil. Em 1687, o Governo contratou o
sertanista paulista Domingos Jorge Velho para destruir os quilombos e resgatar
os negros fugidos. Cercado e traído por Antônio Soares, seu homem de confiança,
Zumbi foi assassinado no dia 20/11/1695 e sua cabeça enviada ao Recife, onde
ficou exposta para servir de exemplo aos escravos que quisessem fugir. Os
palmarinos que foram feitos prisioneiros foram vendidos para a Bahia ou
deportados para Portugal; nenhum palmarino pôde continuar na capitania,
conforme decreto do Governador. Hoje, Zumbi dos Palmares é considerado herói
nacional e lembrado com um dia de feriado no Rio de Janeiro. O Observatório
Quilombola criou o “Dossiê Anti-Quilombola”, onde há dois textos de minha
autoria - cfr. em https://kn.org.br/oq/2019/02/11/imprensa-anti-quilombola/ ou http://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/dossie-anti-quilombola-por-observatorio.html.
Racismo - “Segundo o
geneticista Craig Venter, o primeiro a descrever o genoma humano, ‘raça é um
conceito social, não um conceito científico’ ” (KAMEL, 2009: 45).
A Teoria popular das raças foi desenvolvida pelo filósofo
Johann Gottfried Herder (1744-1803), que mais tarde foi transformada em várias
teorias raciais e no conceito ariano de superioridade racial alemã de Hitler. O
diplomata francês Joseph-Arthur, Conde de Gobineau, escreveu o Ensaio
sobre a desigualdade das raças humanas (1853-1855). Suas teorias sobre
o ariano como raça pura levou ao antissemitismo nazista. Para Gobineau, a raça
humana branca é superior à negra e à amarela, e na raça branca haveria ainda seres
superiores, como os de sangue ariano, "raça pura descendente dos
deuses", entre os quais não houve jamais mestiçagem.
Gobineau “via a degeneração ocorrendo quando as pessoas se cansam e as
sociedades não mais sustentam os valores outrora sustentados. Misturar sangue é
uma fonte de degeneração, muito embora, paradoxalmente, Gobineau admitisse que
isso também pode ser uma fonte de vigor” (BODANSKY, 2002: 134).
Alfred Rosenberg foi o “filósofo” racial do movimento nazista. O sequenciamento
do genoma humano provou que essa "ciência" da raça superior não tem
fundamento genético, pois a análise do DNA mostra que negros, brancos, índios e
asiáticos partilham 99,99% dos menos de 40.000 genes humanos (antes dos estudos
do projeto genoma humano, o número de genes do homem era estimado entre 60 mil
e 100 mil). Ou seja, não há raças humanas, pois não somos cães. O próprio
“racismo” já não faz mais sentido, assim como “raça”, e deveriam ser sempre
escritos entre aspas - cfr. textos no link http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/biologos-alemaes-defendem-fim-do-termo.html. “O dia em que pararmos de nos preocupar com a
consciência negra, amarela ou branca, e nos preocuparmos com a consciência
humana, o racismo desaparecerá” (frase atribuída a Morgan Freeman,
ator negro norte-americano). A Constituição brasileira preceitua que constitui
objetivo fundamental “promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (Art.
3º, IV). O Brasil faz parte da Convenção Internacional para Eliminação de Toda
Forma de Discriminação Racial, de 07/03/1966, pelo qual se compromete a
tomar “medidas diretas e positivas para eliminar todo estímulo à
discriminação racial e eliminar toda ação racialmente discriminador” (Art.
4º da Convenção). Além disso, lei brasileira de 1989 estabelece de um a três
anos de prisão e multa nos casos de “preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional”. Há medicamentos do coração que são mais
apropriados a negros do que a brancos, assim como perfumes, tendo em vista o pH
do corpo, mais ácido do que alcalino em relação aos brancos, o que tem a ver
com diferenças étnicas, jamais com “raças”.
Racismo negro - O “racismo
negro” - se racismo houvesse - teve grande impulso com FHC, que na deliberação
do Programa Nacional dos Direitos Humanos, criado em 1996, deu início à divisão
do Brasil em um país bicolor: "Determinar ao IBGE a adoção do
critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do
contingente de população negra". “O que a sociologia que
dividiu o Brasil entre negros e brancos não percebe é que, ao fazer isso,
chancelou a construção racista americana segundo a qual todo mundo que não é
branco é negro. É usar de uma metodologia racista para analisar o
racismo” (KAMEL, 2009: 23-24). Assim, os negros mestiços, ainda que
tenham 50% de sangue europeu, passam a ser tratados como africanos puros. Com
uma penada, FHC pretendeu acabar com uma instituição nacional, a
“mulata”. “Com este jogo de conceitos, o censo, que apresentava 51,4%
da população brasileira como sendo branca, 5,9% como negra e 42% como parda,
com o advento da nova expressão fez com que a população negra passasse a
constituir 47,9% dos brasileiros. Diante dos números acima, foi criado o
slogan: ‘No Brasil a pobreza tem cor, e ela é negra’. A causa da pobreza dos
negros seria um ‘racismo escondido’. O governo, em vez de combater a pobreza
com os instrumentos clássicos de educação de qualidade, geração de emprego,
fortalecimento da família e de valores morais, com amor ao trabalho e à
poupança, vem criando uma série de programas de incitamento à revolta,
resultando em invasões de propriedades e desrespeito às decisões judiciais” (BARRETTO,
2007: 11-12). O baiano Francisco Félix de Souza nasceu em 1771, filho de um
português com uma escrava. Alforriado aos 17 anos, mudou-se para a terra dos
seus ancestrais, na África. “Assim, em 1788, Francisco Félix de Souza
desembarcou em Benin e, por ironia do destino, tornou-se um próspero traficante
de escravos. Morreu aos 94 anos, teve 53 mulheres, oitenta filhos e 12.000
escravos, deixando aos herdeiros um fabuloso império de 120 milhões de dólares,
em dinheiro de hoje” (Alexandre Oltramari, in “Pelas
lentes da história”, revista Veja, 10/12/2003, pg. 115).
Revisionismo - A revisão histórica
é benéfica, desde que os críticos se atenham a critérios científicos tão ou até
mais rigorosos do que aqueles que nortearam a história original. “Em
nossa infância... a história era um monte de informações. Você aprendia de uma
maneira organizada, em série - muitas vezes ao longo de uma linha cronológica
do tempo. O objetivo desse exercício era fornecer às crianças um mapa mental -
estendido para trás ao longo do tempo - do mundo em que habitavam. Aqueles que
insistiam em que essa abordagem era acrítica não estavam errados. Mas
revelou-se um grave erro substituir a história carregada de dados pela intuição
de que o passado foi um conjunto de mentiras e preconceitos que precisam ser
corrigidos: preconceitos em favor de povos e homens brancos, mentiras sobre o
capitalismo ou o colonialismo, ou o que quer que seja” (JUDT, 2014:
284). “História e memória são filhas diferentes, mas do mesmo pai -
portanto, se odeiam e ao mesmo tempo têm em comum apenas o suficiente para ser
inseparáveis. Além disso, são obrigadas a disputar uma herança que não podem
abandonar, nem dividir. A memória é mais jovem e mais atraente, muito mais
disposta a ser seduzida - e portanto faz muito mais amigos. A história é a irmã
mais velha: um pouco emaciada, simples e séria, disposta a se retirar em vez
de se envolver em conversa fiada. Desta forma, ela é uma solitária
política - um livro deixado na prateleira” (idem, pg. 295). Como
exemplos de revisionismo, temos: revisionismo soviético (em que antigos heróis,
caídos em desgraça, eram riscados de enciclopédias, ou que tinham suas imagens
“apagadas” em fotos oficiais); revisionismo do Holocausto (em que escritores
colocam em dúvida o número de vítimas do Holocausto judeu promovido pelos
nazistas - a exemplo de S. E. Castan em seu livro "Holocausto Judeu ou
Alemão?", pelo qual foi condenado pelo STF); revisionismo da esquerda
brasileira: a história recente do Brasil é descrita sob a ótica da dialética
comunista, em que prevalece a aplicação do materialismo histórico marxista,
hegemônico no atual ensino brasileiro, em que não há nenhum estudo sério sobre
o assunto, apenas panfletagem e pura molecagem, a exemplo da obra Outros
500, escrita por “intelectuais orgânicos” do PT e “libélulas” satélites. O
objetivo é um só: solapar os fundamentos morais do país, ao mesmo tempo em que
prega as excelências da Revolução Cubana e o valor das FARC. Assim, não causa
estranheza que o Dia da Pátria seja substituído pelo “dia dos excluídos”, que
Lamarca seja apresentado como herói e o Duque de Caxias seja revisto como
genocida dos paraguaios. A verdade histórica, porém, é cristalina: Lamarca foi
um desertor do Exército, ladrão de armamentos e terrorista assassino. A Guerra
do Paraguai só tem uma história: o Brasil, com 15.000 homens armados às
pressas, teve que se defender da agressão de Solano López, à frente de um
exército de 64.000 homens, que aprisionou um navio brasileiro (em que viajava o
Presidente da Província de Mato Grosso), invadiu Mato Grosso, ocupando parte
desse território por três anos, violou o território da Argentina e chegou a
conquistar Uruguaiana. É comum entre esquerdistas realizar o revisionismo da
História, de modo que ela fique igual à sua cara, a cara da mentira. O
"historiador" José Chiavenato, com seu livro "Genocídio
americano: a guerra do Paraguai", tenta classificar Caxias e o Conde D'Eu
como combatentes monstruosos. “Historiadores militares de gabarito assinalaram,
nessa obra de Chiavenato, mais de 30 erros históricos comprovados e outras
tantas distorções da verdade comprovando o relativismo e o absolutismo com que
o autor manipulou a história” (PEDROSA: 2008, 69). O
Brasil, no início de Guerra do Paraguai, era um "império desarmado". “A
proposta liberal de Adam Smith em A Riqueza das Nações, em moda durante a
segunda metade do século XIX, induzira no Brasil um certo descuido com o
exército profissional, embora o famoso pensador sempre propugnasse por uma força
militar organizada para fundamentar e garantir o progresso e a segurança da
nação” (PEDROSA, 2004: 209 - capítulo “Império Desarmado”). O
revisionismo atual, de professores marxistas nas escolas brasileiras, afirma
que o Brasil e a Argentina estiveram a serviço do imperialismo inglês,
invadindo o Paraguai e esmagando o país mais “progressista” da América do
Sul: “Interessava à Inglaterra a formação de um amplo mercado
consumidor, principalmente de produtos manufaturados’, pontifica o livro
História e Vida, de Nelson Piletti e Claudino Piletti” (NARLOCH, 2010:
104). O livro Nova História Crítica, para a 7ª. série, de Mário
Schmidt, afirma que os ingleses foram contra a escravidão, não por questões
humanitárias, mas por interesses econômicos. Na verdade, “o movimento
abolicionista inglês teve uma origem muito mais ideológica que econômica.
Organizado em 1787 por 22 religiosos ingleses, foi um dos primeiros movimentos
populares bem-sucedidos da história moderna, um molde para as lutas sociais do
século
Sou 100% negro! - Lê-se
tal frase pauleira em camisetas de negros, que a ostentam com orgulho. Prova
apenas que o alienado é 150% racista, se racismo houvesse, já que não há raças
humanas. Estudos do genoma humano comprovaram que um negro pode ser mais
próximo, geneticamente, de um loiro escandinavo de olhos azuis do que de outro
negro. Outra frase de pau exemplifica também esse tipo de “racismo invertido”,
o “racismo” de cor negra: “Tenho orgulho de ser negro!” Biólogos
alemães defendem o fim do termo “raça” para humanos - cfr. em http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/10/biologos-alemaes-defendem-fim-do-termo.html.
BIBLIOGRAFIA:
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Paulo e Rio, 2008.
BALTA, Paul. Islã. L&PM Editores, Porto Alegre,
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não ser um idiota. Record, Rio, 2013.
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Povos Indígenas contra o Desenvolvimento do Brasil. Capax Dei Editora, Rio
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COURTOIS, Stéphane; WERTH, Nicolas; PANNÉE, Jean-Louis;
PACZKOWSKI, Andrzej; BARTOSEK, Karel; e MARGOLIN, Jean-Louis. O livro
negro do comunismo - Crimes, terror e repressão. Bibliex e Bertrand
Brasil, Rio, 2000. Com a colaboração de Rémi Kauffer, Pierre Rigoulot, Pascal
Fontaine, Yves Santamaria e Sylvain Boulouque (Tradução de Caio Meira).
KAMEL, Ali. Não somos racistas - Uma reação aos que querem
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MOTTA, Aricildes de Moraes
(Coordenador Geral). História Oral do Exército - 1964 - 31 de Março - O
Movimento Revolucionário e sua História. Tomos
NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da História
do Brasil. Leya, São Paulo, 2009.
NARLOCH, Leandro; TEIXEIRA, Duda. Guia politicamente
incorreto da América Latina. Leya, São Paulo, 2011.
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e Mulheres na Guerra do Paraguai. Bibliex, Rio, 2010.
LEITURA RECOMENDADA:
BARRETTO, Nelson Ramos. Reforma Agrária - O Mito e a
Realidade (2ª edição). Artpress, São Paulo, 2003.
BARRETTO, Nelson Ramos. A Revolução Quilombola - Guerra
racial, confisco agrário e urbano, coletivismo. Editora Artpress, São
Paulo, 2007.
BARRETO, Carlos Alberto Lima Menna. A Farsa Ianomâmi.
Bibliex, Rio, 1995.
GOMES, Laurentino. ESCRAVIDÃO - Vol 1: Do primeiro leilão
de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. Globo Livros, Rio
de Janeiro, 2019.
OLIVEIRA, Plinio Corrêa de; BARRETTO, Nelson Ramos; CHAVES, Paulo
Henrique. Tribalismo Indígena - Ideal comuno-missionário para o Brasil
no século XXI - 30 anos depois: Ofensiva radical para levar à fragmentação
social e política da nação (2ª. edição). Editora Artpress, São Paulo,
2008.
PEDRO, Joana Maria; CZESNAT, Ligia de Oliveira; FALCÃO, Luiz Felipe; SILVA, Orivalda Lima e; CARDOSO, Paulino Francisco de Jesus; CHEREM, Rosângela Miranda. Negro em terra de branco - Escravidão e preconceito em Santa Catarina no Século XIX. Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1988.
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