MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Assassinato da Memória - Por Félix Maier

Para Stalin, Trotsky não podia aparecer junto a Lênin / Crédito: Domínio Público

Assassinato da Memória

Por Félix Maier

O fanatismo religioso e a censura ideológica criaram o “bibliocasta”, o destruidor de livros. 

O livro História Universal da Destruição dos Livros, do ensaísta venezuelano Fernando Baéz (tradução de Léo Schlafman, Ediouro, 438 pg., 2006), descreve cinco milênios de “memoricídio”. Em entrevista a Veja (31/05/2006), disse Baéz: “Os maiores inimigos dos livros são intelectuais” (pg. 114). 

A Biblioteca de Alexandria, a mais célebre da Antiguidade, chegou a ter 700.000 rolos de papiro. Foi destruída parcialmente por um incêndio quando Júlio César invadiu a cidade, em 47 a. C. A destruição final foi atribuída aos árabes, quando conquistaram o país no século VII. 

A Santa Inquisição queimou livros contrários à doutrina da Igreja. “Até Bíblias em línguas vernáculas foram queimadas, pois a Igreja só admitia o livro sagrado em latim” (idem, pg. 114). 

O nazismo promovia cerimônias públicas para queima de livros de autores judeus, comunistas, pacifistas ou considerados contrários ao nacionalismo alemão. 

O comunismo na União Soviética, além de destruir igrejas, também promovia a queima de livros “burgueses”. Enciclopédias e livros tiveram verbetes e biografias apagados em novas publicações, assim como fotos de líderes da Revolução Russa que caíram no ostracismo, como Trotsky, cuja foto não podia aparecer ao lado de Lênin. O mesmo ocorreu na China comunista, especialmente durante a Revolução Cultural, quando livros "burgueses" eram queimados e professores eram humilhados e mortos em público por jovens enfurecidos, com o Livrinho Vermelho de Mao Tsé-Tung nas mãos.

O "hagiógrafo" de Che Guevara, Jorge Castañeda, escreveu que “o menino asmático passou longas horas ... desenvolvendo um intenso amor pelos livros” (FONTOVA, 2009: 179). “Não obstante, um dos primeiros atos do bibliófilo depois de entrar em Havana em janeiro de 1959 foi promover maciça queima de livros” (idem, pg. 179). “Jules Dubois, do Chicago Tribune, e Hal Hendricks, do Miami News estavam no meio das ruínas de minha biblioteca em cinzas. Nenhum deles atribuiu qualquer importância ao episódio” (Salvador Díaz-Verson - cit. FONTOVA, 2009: 180). No Senado americano, Díaz-Verson afirmou: “Eu tinha 250.000 fichas de comunistas latino-americanos e 943 registros pessoais... Por toda parte os comunistas agem em duas frentes: uma pública, outra secreta - isto é, uma visível, outra ‘invisível’. Em Cuba, a frente ‘secreta’ é a que opera na prisão de La Cabaña, cujo chefe é Che Guevara” (idem, pg. 186). Como se sabe, mito comunista não tem biógrafo, mas hagiógrafo, que é o biógrafo de santos...

Em 1960, Cuba já estava infestada de russos e quase 2.000 cubanos haviam sido fuzilados no paredón

Na Guerra do Iraque, depois da invasão americana de 2003, foram destruídos museus, bibliotecas e sítios arqueológicos. Peças roubadas foram contrabandeadas pelo mercado negro internacional. “Livros sumérios de 5000 anos foram roubados do Museu Arqueológico de Bagdá” (Revista Veja, 31/05/2006, pg. 115). 

O mesmo ocorreu com o Estado Islâmico, no Iraque, que vendeu obras arqueológicas para fazer caixa e, o que não era possível carregar e vender, foi destruído. 

No Brasil, com o Projeto Memórias Reveladas e a Comissão Nacional da Verdade, o “fascismo alegre” do governo petista tinha exatamente este objetivo: assassinar a História do Brasil. “O ‘revanchismo’ grassa à solta, oriundo do próprio Governo; a mídia, primordialmente ‘revanchista’, reflete a história recontada e não a história verdadeira. É essa história recontada que os estudantes aprendem até mesmo, pasmem, na AMAN, cujos professores do QCO e os contratados tiveram formação universitária com essa distorção” (Gen Ex Carlos Tinoco Ribeiro Gomes - HOE/1964, Tomo 10, pg. 39). 

“Mas a história, ela própria, acontece duas vezes. Uma no instantâneo eclodir dos fatos. Outra nas obras literárias, históricas, memorialísticas e, hoje, no audiovisual, na TV, no cinema, em CD-ROM. Se na primeira perdemos fragorosamente, na segunda não nos saímos de todo mal” (Alfredo Sirkis, no prefácio da 14ª. edição de sua obra Os Carbonários - cit. por Gen Negrão Torres - HOE/1964, Tomo 14, pg. 49). 

Um oficial me confidenciou que um professor de uma faculdade de Brasília ensina que o Exército Brasileiro, durante o governo dos militares, era racista. A argumentação tosca do sujeito era essa: nos EUA, os Panteras Negras eram perseguidos pela polícia porque eram negros (na verdade, eram terroristas). E, no Brasil dos malvados militares - que copiaram tudo de ruim dos EUA -, os trabalhadores das indústrias, os quais, segundo o falso educador, eram de maioria negra (onde era isso? na Bahia?) e perseguidos simplesmente porque eram negros. Na verdade, havia uma lei de greve que valia para todos os trabalhadores, tanto negros, como brancos ou pardos - o Nove Dedos incluso.

Atualmente, ganha espaço a "cultura do cancelamento", que pode ser tanto de pessoas, que são “canceladas” nas redes sociais como Twitter e Facebook, tech giants sabidamente controlados por pessoas de esquerda, por não sintonizarem, p. ex., a mesma ideologia de um influenciador digital ou de um cidadão comum, quanto de empresas perseguidas por milícias digitais, como o Sleeping Giants Brasil, que promovem campanhas contra órgãos jornalísticos considerados como sendo de direita, de modo que sejam fechadas (“canceladas”). O Twitter “cancelou” definitivamente a conta do ex-presidente Donald Trump, fanfarrão inveterado, o que configura um ato totalitário, enquanto mantém a conta do ditador e assassino Nicolás Maduro. Rodrigo Constantino e Olavo de Carvalho falam sobre a cultura do cancelamento em https://www.youtube.com/watch?v=1jJbuMOznpw.

A mesma "cultura do cancelamento" pode ser vista na internet, onde textos e vídeos antigos não são mais encontrados, especialmente os que denunciam os crimes comunistas, porque foram apagados de propósito por hackers. Eu pessoalmente tive o desprazer de ver muitos textos postados por mim no site Usina de Letras que simplesmente desapareceram e apresentam a irônica mensagem "TEXTO NÃO ENCONTRADO EM NOSSO BANCO DE DADOS - o autor apagou".

Vale lembrar que o próprio STF, ao mandar bloquear perfis de políticos, jornalistas e blogueiros que fazem críticas à Alta Corte e defendem o governo de Jair Bolsonaro, qualificando-os como "fascistas" e "antidemocráticos", também contribui com o assassinato da memória.

Outra forma de contribuir com o assassinato da memória é a tese do "direito do esquecimento". Trata-se de um direito que alguém teria, de não permitir que um fato ocorrido em sua vida seja exposto ao público, causando-lhe “sofrimento”. Levado ao extremo, não teríamos mais biografias ou hagiografias de famosos, notícias que envolvessem pessoas, a própria História seria sonegada em muitas particularidades. Seria uma censura prévia, um ataque escandaloso ao direito de expressão e de conhecimento. Por sorte, em 11/02/2021, o STF negou o princípio do “direito do esquecimento” por 9 votos a 1. 

Saiba como salvar a Memória da História Humana para transmiti-la a seus filhos e netos. Evite que eles sejam doutrinados pela fake history do politicamente correto, ensinada com sucesso pela esquerda nas últimas décadas na mídia, na TV, nos sindicatos, nas associações profissionais, nos meios culturais e universitários e até dentro das igrejas. Algumas dicas podem ser encontradas em https://www.facebook.com/felixmaier1950/posts/3056327984596962.

Mãos à obra!


BIBLIOGRAFIA:

FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che Guevara - E os idiotas úteis que o idolatram. Editora É Realizações, São Paulo, 2009

MOTTA, Aricildes de Moraes (Coordenador Geral). História Oral do Exército - 1964 - 31 de Março - O Movimento Revolucionário e sua História. Tomos 1 a 15. Bibliex, Rio, 2003

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