O
Sistema Toga Petralha
Félix
Maier
Coitado,
não, feliz Tio Pedro! por não ter vivido o bastante para ser testemunha de um
golpe vergonhoso do Supremo Togastão Festivo (STF), aplicado no Paraíso do
Vira Bosta. Um STF feito de festas, lagostas, vinhos e
orçamento bilionário.
Pinar
del Río, em Cuba, havia virado a Disneylândia dos charutos, vendendo Cohiba Esplêndido
por 70 dólares a unidade, que o Imperador Dom Barba I, conhecido como Ogro
de Nove Dedos, fuma como quem saboreia 18 cm de vitória revolucionária.
O STF, aparelhado pelo Ogro com juízes esquerdistas (alguns haviam trabalhado
como causídicos para ele e o PT), havia se transformado num Togastão (ou, como dizem
alguns escribas, no Sistema Toga Petralha), à frente de um novo país, o Brasilistão,
país que não pretende ser uno na multiplicidade cultural de seu povo, mas enjaulado
em distintos bantustões, como ocorria no Apartheid de triste memória, na
África do Sul.
Um
criminoso havia sido condenado por unanimidade em três instâncias, por 9 votos
a 0, e depois descondenado em 15 de abril de 2021 por togados petistas
indicados ao Togastão por... ele mesmo, o Ogro, para voltar à Presidência do Brasilistão
pela terceira vez. Com grande chance de voltar à cena do crime pela
quarta vez, em 2026, com a força bruta do Togastão que ninguém ousa contestar.
Se
tivesse sobrevivido, por certo Tio Pedro teria dito em 2022:
—
Pobre do País que tem que escolher entre o Cavalão e o Ladrão!
Se
vivo fosse, Tio Pedro estaria mancando por ter levado alguns coices reais ou
virtuais do Presidente Cavalão — que levou uma facada na barriga durante a
campanha presidencial, em 2018, e foi perseguido trinta horas por dia durante
seu mandato. Que coices o Cavalão deu? Primeiro, foi sua ignorância frente à
pandemia da Covid-19, se portando como um palerma, tripudiando sobre vacinas
que transformariam pessoas em jacarés. Ridículo foi também o Cavalão
criticar as urnas eletrônicas, que o elegeram para deputado federal por sete
vezes e até Presidente da República. Por fim, houve ainda uma folclórica minuta
do golpe, existente em pastas de ministros, aspones, grupos de WhatsApp,
pendrives, e-mails, agendas e nuvem do Google, além de uma reunião secreta
sobre o assunto, que foi filmada e vazada — uma comédia pastelão à moda antiga,
sem ensaio nem roteiro, mas com muitas bravatas. E que condenou o Cavalão e sua
entourage estrelada à cadeia, por um golpe de Estado que nunca ocorreu —
para gáudio de seus inimigos políticos.
Se o Cavalão tivesse que ser condenado, deveria ser pelo
crime de prevaricação, por não ter tomado providências após o funesto golpe do
Togastão, em 15 de abril de 2021, para garantia da lei e da ordem — crime de
prevaricação também cometido pelo Presidente do Senado.
Por
tudo isso, é certo que Tio Pedro teria ficado muito triste com o Cavalão,
poderia até ter votado em branco, mas jamais votaria no Ladrão. Se vivo, com
certeza teria também perguntado:
—
Será que esses idiotas registraram a minuta do golpe em cartório?
No Brasilistão,
o Togastão ostenta com orgulho seu mais refinado invento institucional: o Poder
Moderador de Toga. Criado não por assembleia constituinte, nem pelo Congresso
Nacional, mas por inspiração dos próprios togados, ele se reserva o direito de
interpretar, reinterpretar e, quando necessário, reinventar as leis e a
Constituição Federal. Seu lema, bordado em ouro nas cortinas do plenário, é
simples e reconfortante: Nós decidimos, vocês acatam. Entre canetadas
providenciais e interpretações criativas de uma Constituição cada vez
mais elástica, esse poder garante que nenhuma decisão do povo, do
parlamento ou do executivo permaneça de pé se não passar pelo crivo sagrado da
Suprema Caneta. Afinal, no Brasilistão, a democracia é plena,
reconhecida por Cuba, Venezuela, Irã e até a ONU — desde que tudo seja aprovado
pelo Togastão.
Muita
coisa ainda acaba em samba, funk e pizza no Brasilistão, especialmente
nos palácios atapetados de Brasília. Porém, nestes tempos de governança
fascista-populista que aparelhou a Suprema Corte, os memes — por enquanto! —
são tudo o que restam a um povo perseguido, censurado, bloqueado e desmonetizado
nas redes sociais, com contas bancárias bloqueadas, exilado ou até preso — além
de aplicação de multas milionárias para deixar os condenados e suas famílias na
miséria. O que a dupla Jango-Brizola não conseguiu, o Ogro provou como é fácil
subjugar um povo inteiro.
Na
atualidade, não importa quem seja eleito Presidente do Brasil, de direita ou de
esquerda, porque quem de fato governa é o Sistema Toga Petralha. O deboche do
Togastão é tão escancarado e cruel que aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao
Partido Liberal (PL), por litigância de má fé. O PL, por pura
coincidência, é o Partido de Jair Messias Bolsonaro e tem o número... 22. E o
Ogro ficou muito feliz
ao indicar o comunista Flávio Dino para o Togastão, justo no dia 27 de novembro
de 2023, data que lembra a malfadada Intentona Comunista de 1935.
Assim,
para o atual sistema fascista matar política, social e financeiramente um
adversário no Brasilistão de hoje, não é preciso paredón, como
foi em Cuba, nem envenenamento, como ocorre na Rússia de Vladimir Putin, ou matar
sob tortura, como ocorre na Venezuela de Nicolás Maduro, mas apenas tirar do
páreo o inimigo do povo via Tribunal Eleitoral ou Corte Suprema. Em vez
de se ater aos autos, só aos autos, os vaidosos togados são mariposas sempre em
busca de holofotes. Com as Forças Armadas domesticadas pelo Sistema Toga
Petralha, onde o Togastão põe um olho, tem um culpado para ser massacrado. Uma
variante das máximas de Lênin e de Beria, já visto neste livro.
Nesse
sentido, o Presidente Jair Messias Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de
prisão, foi morto e enterrado no dia 11 de setembro de 2025, pois ninguém mais
verá sua imagem ou suas falas na mídia, nem seus posts nas redes sociais. Sem
direito a auxílio-reclusão, como ocorre a bandidos de estimação deste atual
sistema fascistoide em expansão.
Tarcísio
Gomes de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior, Romeu Zema, Jorginho Mello,
Cláudio Castro, Ricardo Nunes, Michelle Bolsonaro, os irmãos Bolsonaro (Flávio,
Eduardo, Carlos e Renan), Luciano Hang, Sóstenes Cavalcante, Sérgio Moro, Magno
Malta, Damares Alves, Rogério Marinho, Gustavo Gayer, Delegado Zucco, Ricardo
Salles, Bia Kicis, Luiz Philippe de Orléans e Bragança, Marcos Pollon,
Carlos Jordy, Zé Trovão, Capitão Derrite, Kim Kataguiri, Marcel Van Hattem,
Caroline de Toni, Nikolas Ferreira, Tomé Abduch, Marco Feliciano, Lucas
Pavanato, Zoe Martinez, Adrilles Reis Jorge, Kim Paim, Janaína Paschoal,
Modesto Carvalhosa, Demóstenes Torres, Marco Angeli, Ives Gandra Martins,
Karina Kufa, André Marsiglia, Leandro Ruschel, Fernão Lara Mesquita, Luciano
Pires, Allan dos Santos, Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, Paulo Figueiredo
Filho, Sara Winter, Jorge Moreira, Lobão, Digão, Oswaldo Eustáquio Filho,
Antônia Fontenelle, Bruno Musa, Alexandre Garcia, Mário Sabino, Paulo Polzonoff,
Luís Ernesto Lacombe, Martim Vasques da Cunha, Francisco Razzo, Danilo Gentili,
Diogo Mainardi, Caio Copolla, Luiz Felipe d’Ávila, Felipe Moura Brasil, Marcelo
Madureira, Jorge Serrão, Tiago Pavinatto, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza,
Paula Schmitt, Jeffrey Chiquini, Cristina Graeml, Alan Ghani, Emílio
Surita, Rogério Morgado, Daniel Zukerman, Bruna Torlay, Roberto Motta, Padre
Paulo Ricardo, Padre Gílson, Bernardo Kuster, Gusttavo Lima, Eduardo Costa,
Sérgio Reis, Amado Batista, Zezé di Camargo, Fernando & Sorocaba, Edson (da
dupla Edson & Hudson), Leonardo, Chitãozinho (da dupla Chitãozinho &
Xororó), Rick (da dupla Rick & Renner), Bruno (da dupla Bruno &
Marrone), Zé Neto (da dupla Zé Neto & Cristiano), Nivaldo Cordeiro,
Percival Puggina, Políbio Braga, Leandro Narloch, Luiz Felipe Pondé, Flávio
Morgenstern, Bruno Garschagen, Joaquim Teixeira, Pastor Silas Malafaia e quem
mais se apresentar como conservador que se cuidem...
Que
se cuidem também Revista Oeste, Revista Crusoé, Brasil Paralelo, Jornal da
Cidade Online, O Antagonista, Canal Hipócritas (o Porta dos Fundos
conservador), Gazeta do Povo, Jovem Pan News. Terça Livre, de
Allan dos Santos, e Alerta Total, de Jorge Serrão, estão fora do ar,
censurados pura e simplesmente. O jornalista José Roberto Guzzo, o JR Guzzo,
crítico mordaz do Togastão festivo, não precisa mais temer represálias: faleceu
no dia 2 de agosto de 2025.
Com
as instituições federais totalmente aparelhadas pelo PT durante os últimos
vinte anos, incluindo a Polícia Federal e o Petistério Público, e observando as
inúmeras maracutaias petistas como Mensalão e Petrolão, até o extraordinário chansonnier
Moacyr Franco perdeu a paciência, compondo uma canção-protesto: República Federativa do
Bandido.
Vivemos,
portanto, um momento revolucionário histórico do direito penal brasileiro: a
inauguração de mais uma jabuticaba, a cogitação criminosa. Não é mais
necessário executar o ato, nem tentar executá-lo. Basta rascunhar, conversar,
pensar em voz alta. O Brasil finalmente se alinha à ficção científica,
criminalizando não as ações, mas os pensamentos. George Orwell ficaria
orgulhoso: estamos aperfeiçoando o Ministério da Verdade, que ganhou toga para
impor respeito e imagens na TV Justiça para transformar uma farsa em
espetáculo pedagógico.
Um
dia, talvez descubramos que a verdadeira abolição do Estado Democrático de
Direito não foi aquela atribuída a um punhado de políticos ingênuos e
deslumbrados, mas a que se pratica sorrateiramente em nome da sua defesa. O
povo do Brasilistão sonha com a volta de algum resquício de normalidade
democrática, não esse fudevu fascista, parido no berçário do Togastão,
para implantação de um governo social-populista.
Com
o Ogro desfilando como imperador tropical Dom Barba I, está provado que 1964 —
o ano que se recusa a virar pó — foi apenas mal coado pelos militares: em vez
de expurgar o vírus, deixaram a praga incubada, pronta para florescer em hipocrisia,
autoritarismo e deboche.
Assim, o Gárgula de Nove Dedos garguleja do alto do frontispício de sua catedral populista, despejando promessas podres sobre os súditos do Brasilistão. Entorpecidos pelo incenso da mentira, os fiéis seguem dançando sob os vitrais rachados, sem perceber que as portas já foram trancadas por fora. As máscaras agora não caem mais: grudaram à pele como cicatrizes. As luzes ardem até o último estalo, como tochas num funeral coletivo, e as paredes do templo começam a ceder sob o peso da ilusão.
Quando o teto ruir, não haverá mais fuga, apenas o silêncio de um país sepultado sob os escombros de sua própria orgia, ao som do último riso de pedra do Gárgula.
Mesmo entre os escombros, sempre há quem procure um novo altar. Da poeira das ruínas há de erguer-se, um dia, uma nova catedral — não feita de pedra, mas de consciência, erguida com o suor dos justos e o pranto dos que aprenderam, enfim, o preço da ilusão. Porque, por mais longa que seja a noite, Luzerna e o Brasil ainda guardam, em algum recanto da alma, a chama teimosa de um amanhecer que não se deixa apagar.
Obs.: Trecho final do livro MEMORIAL DE LUZERNA, A PÉROLA DO RIO DO PEIXE – Uma saga teuto-brasileira, de minha autoria, finalizado em 10/10/2025, que pode ser baixado em https://felixmaier1950.blogspot.com/2025/10/memorial-de-luzerna-perola-do-rio-do.html.
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