MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Revolução comunista em dois tempos - Por Félix Maier

Lênin discursando para uma multidão.


Revolução comunista em dois tempos

Félix Maier


Segundo A. S. Cohan, em seu livro Teorias da Revolução, “a revolução é, por definição, mudança violenta e não-legal”. Segundo o autor, a Revolução acarreta as seguintes mudanças:

1) alteração dos valores ou mitos da sociedade; 2) alteração da estrutura social;
3) alteração das instituições;
4) mudanças na formação da liderança, seja no quadro de pessoal da elite, seja na sua composição de classe;
5) transferência não-legal ou ilegal de poder; e
6) presença ou predominância de comportamento violento tornado evidente nos acontecimentos que conduzem à queda do regime.

“O autor [Eugen Rosenstock-Huessy] também observa que todas as revoluções modernas se distinguem por sua luta contra a Igreja. Das grandes revoluções, segundo Huessy, emergiram as quatro formas de governo, conforme descritas por Aristóteles: monarquia, aristocracia, democracia e tirania. (...) A rotação (de regimes) não é mecânica, nem sem sentido, porque o impulso da primeira revolução é preservado na consciência das seguintes. As quatro divisões europeias - o príncipe Protestante, o fidalgo Puritano, o cidadão Jacobino e o proletário Bolchevique - avançam numa formação que no exército de chama ‘marcha em escalões’” (SILVA, 1985: 45). (*)

“Camus acentua que todas as revoluções modernas só vieram a reafirmar o papel do Estado: 1789 produziu Napoleão; 1848 trouxe Napoleão III; 1917, Stálin; 1920, Mussolini; A República de Weimar, Hitler. Desse modo, o profético sonho de Marx e as antecipações de Hegel ou Nietzsche terminaram por originar, depois da aniquilação da Cidade de Deus, um estado, às vezes racional, às vezes irracional, mas sempre aterrorizante” (idem, pg. 47).

Modelos históricos de tomada do poder: levante armado, guerra civil revolucionária, guerra foquista, via pacífica para o socialismo ou “etapismo” (revolução em dois tempos), rebelião parlamentar e via parlamentar.

A revolução esquerdista também age para neutralizar as “trincheiras da burguesia”, a saber: Judiciário, Congresso Nacional, Executivo, partidos políticos burgueses, Forças Armadas, aparelho policial, Igreja Católica e sistema econômico capitalista. “A fatalidade das revoluções é que sem os exaltados é impossível fazê-las e com eles é impossível governar” (Joaquim Nabuco).

A Revolução Russa, de 1917, foi exemplo de uma "revolução em dois tempos", a "via pacífica para o socialismo" ou "etapismo", como também ocorreu em Cuba.

Na Rússia, no "primeiro momento", Alexander Kerensky assume o poder, em fevereiro de 1917, com a queda do Czar Nicolau II. Esse fato histórico poderia ser chamado de "abril branco", uma expressão usada pelos historiadores para se referir às "Teses de Abril", que foram as críticas de Lênin contra o governo provisório de Kerensky.

No "segundo momento", houve o "outubro vermelho", ainda no ano de 1917, quando Vladimir Lênin e os bolcheviques tomam o poder na Rússia e instalam o comunismo. Kerensky foge do país e tem início uma guerra civil na Rússia, vencida pelo Exército Vermelho de Lênin, em 1923, com o comando decisivo de Leon Trotsky.

Em Cuba, ocorreu também uma "revolução em dois tempos".

A vitória de Fidel Castro, Che Guevara e seus kamaradas, que desceram da Sierra Maestra e entraram vitoriosos em Havana em 1 de janeiro de 1959, fechou a "primeira fase da revolução", vendida ao mundo inteiro como uma "revolução democrática", para a derrubada do ditador Fulgêncio Batista. O New York Times foi o principal marqueteiro dessa mentira do século, na pessoa do jornalista Herbert L. Matthews, que pode ser visto no livro O homem que inventou Fidel, de Anthony DePalma (cfr. reportagem em https://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-homem-que-inventou-fidel/ ) Em consequência, o governo dos EUA enviou grande quantidade de armamento a Fidel Castro, para a vitória final.

O "segundo tempo" da Revolução Cubana ocorreu em 1961, depois da desastrada invasão de anticastristas na Baía dos Porcos, em Cuba, com auxílio porco da CIA, que prometeu ajuda aos revoltosos, porém entregou de bandeja os antirrevolucionários nas garras de Fidel Castro. Nesse ano, caiu a máscara de Fidel, que se apresentou ao mundo como realmente sempre foi: um comunista convicto, realizando aliança estratégica com a Rússia comunista. Fidel Castro foi mais esperto que o russo do "abril branco": se tornou ao mesmo tempo o Kerensky e o Lênin do "outubro vermelho" da Ilha do Caribe, até sua morte.

No Chile, também haveria uma "revolução em dois tempos".

Com o recebimento de toneladas de armamento vindas de Cuba e o apoio de partidos comunistas e socialistas como Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), Unidad Popular (UP) e Frente Manuel Rodriguez (FMR), no "primeiro momento" Salvador Allende decretaria uma "revolução democrática" no Chile, após matar os oficiais do Alto Comando em um banquete programado para ocorrer no dia da independência do país - cfr. "Plano Z" em Allende e Pinochet, o mito e a realidade, de Félix Maier - https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/allende-e-pinochet-o-mito-e-realidade.html.

Não se sabe quem seria o líder revolucionário comunista que assumiria o poder no Chile num "segundo momento", já que o "Plano Z" previa um atentado contra a vida de Salvador Allende. Allende seria apenas o Kerensky da Revolução Comunista do Chile, evitada pelo general Augusto Pinochet, em 1973.

Como se sabe, Salvador Allende tinha uma guarda pretoriana composta por militares cubanos, assim como tiveram depois os ditadores da Venezuela, Hugo Chávez e Nicolas Maduro. Tudo indica que Allende não se suicidou, nem foi morto por militares chilenos, mas foi fuzilado por um agente cubano - cfr. artigo de Eduardo Mackenzie publicado em 2005 no site Mídia Sem Máscara, em
https://felixmaier1950.blogspot.com/2024/10/cuba-nostra-os-segredos-de-estado-de.html

E o Brasil atual, está ainda no "primeiro tempo" da revolução socialista/comunista pretendida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e seus genéricos (PCdoB, PSol, PSTU, PCO etc.) ou já está nos acréscimos do "segundo tempo"?

(*) 
SILVA, Nelson Lehmann da. A Religião Civil do Estado Moderno. Thesaurus, Brasília, 1985.

Adendo:

Carta de Fidel Castro para Salvador Allende

No início de agosto de 1973, um mês antes do contragolpe militar realizado pelo general Augusto Pinochet, Fidel Castro mandou ao Chile dois de seus maiores “especialistas” em organização de violência política: o 1º Ministro-substituto, Carlos Rafael Rodriguez, e o chefe da temida polícia secreta, Manuel Pineiro, o “barbarroxa”, com a seguinte carta (Tradução do Capitão do Exército, José A. da Rocha, ex-auxiliar de Adido Militar no Chile; o teor da carta original, em espanhol, pode ser conferida em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/07/a-pedra-de-roseta-do-caribe-por-felix.html):

“Havana, 29 de julho de 1973

Querido Salvador

Com o pretexto de discutir contigo questões referentes à reunião de países não-alinhados, Carlos e Piñero realizam uma viagem para aí. O objetivo real é informar-se contigo sobre a situação e oferecer-te, como sempre, nossa disposição de cooperar frente às dificuldades e perigos que obstaculizam e ameaçam o processo. A estada deles será muito breve, porquanto têm aqui muitas obrigações pendentes e, não sem sacrificar seus trabalhos, decidimos que fizessem a viagem.

Vejo que estão, agora, na delicada questão do diálogo com a D. C. (Democracia Cristã) em meio aos graves acontecimentos, como o brutal assassinato de seu Ajudante-de-Ordens Naval e a nova greve dos donos de caminhões. Imagino a grande tensão existente devido a isso e teus desejos de ganhar tempo, melhorar a correlação de forças para o caso de que comece a luta e, se possível, achar um caminho que permita seguir adiante o processo revolucionário sem guerra civil, junto com salvar tua responsabilidade histórica por aquilo que possa ocorrer.

Estes são propósitos louváveis.

Mas, no caso da oposição, cujas reais intenções não estamos em condições de avaliar daqui, empenhar-se em uma política pérfida e irresponsável exigindo um preço impossível de pagar pela Unidade Popular e a Revolução, o qual é, inclusive, bastante provável, não esqueças, por um segundo, da formidável força da classe trabalhadora chilena e do forte respaldo que te ofereceram em todos os momentos difíceis; ela pode, a teu chamado, ante a Revolução em perigo, paralisar os golpistas, manter a adesão dos vacilantes, impor suas condições e decidir de uma vez, se for preciso, o destino do Chile. O inimigo deve saber de que dispões do necessário para entrar em ação. Sua força e sua combatividade podem inclinar a balança na capital a teu favor, inclusive, quando outras circunstâncias sejam desfavoráveis.

Tua decisão de defender o processo com firmeza e com honra, mesmo com o preço da própria vida, que todos te sabem capaz de cumprir, arrastarão a teu lado todas as forças capazes de combater e todos os homens e mulheres dignos do Chile. Teu valor, tua serenidade e tua audácia nesta hora histórica de tua pátria e, sobretudo, teu comando firme, decidido e heroicamente exercido, constituem a chave da situação.

Faz Carlos e Manuel saberem em que podem cooperar teus leais amigos cubanos.

Te reitero o carinho e a ilimitada confiança de nosso povo.

Fraternalmente,

Fidel Castro”

***

A "Revolução de Outubro" foi um golpe, não uma revolução

Ryan McMaken* – Instituto Mises Brasil

Uma função fundamental da propaganda sempre foi desmoralizar a oposição. Do ponto de vista dos propagandistas, é importante sempre dar a impressão de que o lado deles é o lado da maioria e o mais popular. Testemunhamos isso em ação nos últimos anos com o aumento da censura destinada a "combater a desinformação". Ao suprimir pontos de vista dissidentes, o regime diminui o acesso a ideias "não ortodoxas", mas há uma função secundária importante: suprimir o discurso dissidente também dá a impressão de que os dissidentes são menos numerosos e mais isolados do que realmente são. Ao garantir que certas vozes dominem a praça pública, os propagandistas ajudam a criar um senso de inevitabilidade do programa do regime. Isso facilita uma maior aceitação pública da vitória inevitável dos propagandistas. Afinal, por que se preocupar em resistir se o outro lado é tão popular e o seu lado é apenas uma pequena minoria?

Os socialistas e seus aliados há muito tempo são muito hábeis em usar esses métodos, e poucos tinham um domínio maior deles do que V.I. Lenin. Durante a maior parte do século XX, os sucessores de Lenin empregaram seus métodos, retratando com sucesso a disseminação de regimes socialistas como o resultado inevitável de enormes movimentos de massa comunistas. A esquerda pós-soviética moderna ainda emprega táticas semelhantes, retratando-se como estando do "lado certo da história" e como a posição majoritária legítima.

No entanto, até que ponto muitas dessas "revoluções" do século XX foram verdadeiramente revoluções sempre esteve em questão. Muitas dessas mudanças de regime socialista poderiam ser descritas com muito mais precisão como um golpe de Estado no qual uma pequena minoria assumiu o controle do Estado sem o apoio da maioria ou quaisquer movimentos revolucionários de massa de baixo para cima.

Por exemplo, a chamada "Revolução de Outubro" na Rússia não foi uma revolução, mas um golpe realizado por uma pequena minoria. Na versão socialista da história, a Revolução de Outubro foi um "movimento popular" de baixo para cima dedicado a ajudar Lenin e os bolcheviques a derrubar o governo provisório social-democrata. Essa narrativa foi fundamental para estabelecer a legitimidade do regime de Lenin. Nessa visão, Lenin estava apenas dando ao "povo" o que ele queria. O retrato do golpe de outubro como uma revolução das massas também dá a impressão de que a virada para o comunismo foi o resultado inevitável e desejado do desdobramento das tendências históricas. Naturalmente, essa visão da história encoraja os socialistas enquanto desmoraliza seus oponentes.

No entanto, os fatos históricos nos dizem que a maior vitória política do socialismo – a criação da União Soviética – não foi inevitável nem uma resposta às demandas de uma maioria revolucionária.

Golpe ou revolução?

Durante décadas após a instalação do regime soviético de Lenin, historiadores e especialistas em geral obedientemente empregaram o termo "Revolução de Outubro" para descrever a mudança de regime. Nas décadas mais recentes, no entanto, muitos historiadores adotaram uma abordagem menos crédula em relação à terminologia escolhida.

Na década de 1970, até mesmo muitos historiadores soviéticos negaram que a Revolução Russa fosse uma manifestação legítima de um movimento de massa. Em sua historiografia do debate sobre o uso do termo "revolução", Nina Bogdan observa que vários historiadores exilados e dissidentes neste período começaram a contradizer o "mito simplista da Revolução de 1917" que era a visão geralmente aceita. Ela escreve que esses historiadores duvidaram da história oficial e, posteriormente, chegaram à conclusão de que os bolcheviques tomaram o poder por meios ilegítimos, referindo-se ao evento de outubro de 1917 como uma "tomada do poder", "golpe de Estado" ou "motim".

O historiador Orlando Figes - autor de A Tragédia do Povo: A Revolução Russa, 1891-1924 - refere-se ao evento como um "golpe". Além disso, de acordo com Figes, um golpe era a tática preferida de Lenin, pois permitia que ele fizesse uma corrida final em torno do novo Congresso Soviético. Na época, o Congresso desfrutava de algum grau de verdadeiro apoio popular, mas estava sob a influência de uma variedade de facções concorrentes não leais a Lenin.

Da mesma forma, Richard Pipes, em seu livro A Revolução Russa, emprega consistentemente os termos "golpe de outubro" ou "golpe bolchevique" para descrever o evento e observa como os quadros de Lenin trabalharam ativamente contra as coalizões mais amplas e populares para tomar o poder por meio de uma pequena, mas bem organizada e bem armada, milícia pessoal. Como diz Ralph Raico, "a chamada Revolução de Outubro - o que os comunistas por décadas chamaram de Grande Outubro ou Outubro Vermelho - foi simplesmente um golpe de estado de alguns milhares de Guardas Vermelhos".

Uma "revolução" de uma pequena minoria

Se Lenin não tinha o apoio da maioria, como ele realizou essa "revolução"? A resposta está em como Lenin usou uma combinação de propaganda, sigilo e organização política em um ambiente onde nenhum regime havia estabelecido legitimidade com segurança.

Para entender isso, precisamos ter em mente que, no final de 1917, a monarquia já havia sido derrubada durante a Revolução de Fevereiro. Isso foi seguido pela proclamação oficial de uma república em setembro. A monarquia já havia se tornado extremamente impopular ao prolongar o envolvimento da Rússia na Primeira Guerra Mundial. A população - de aproximadamente 125 milhões na época - sofreu mais de 1,2 milhão de mortes na guerra e mais de 7 milhões de vítimas no total. Infelizmente, o governo provisório - que poderia ter obtido aclamação popular ao encerrar o envolvimento russo na guerra - recusou-se a sair da guerra. Isso permitiu que os bolcheviques ganhassem mais tarde algum grau de apoio de grande parte da população, prometendo pedir a paz.

Foi nesse ambiente que Lenin e os bolcheviques projetaram seu golpe.

Há pouca evidência de que o público em geral em São Petersburgo ou Moscou estivesse clamando por uma tomada violenta do poder pelos leninistas. Em vez disso, como Pipes coloca, foi o tenente de Lenin, Leon Trotsky, que "[com] o domínio supremo das técnicas do golpe de estado moderno, do qual ele foi indiscutivelmente o inventor, ... levou os bolcheviques à vitória".

A maior dessas técnicas era a propaganda da principal fonte de poder coercitivo do regime, as guarnições militares:

os bolcheviques fizeram grandes esforços para fazer propaganda dos soldados nas guarnições de Petrogrado assim que ocorreu a Revolução de Fevereiro, e os desencorajaram de retornar ao front, de modo que, em outubro, eram os soldados que estavam na vanguarda para liderar qualquer ação militar em apoio aos bolcheviques, não os trabalhadores.

Em contraste, "os trabalhadores" e a população em geral foram mantidos no escuro quanto aos planos dos bolcheviques. Lenin até escondeu seus planos de golpe do Congresso Soviético. Simultaneamente, Lenin alegou estar trabalhando com ordens do Congresso em um esforço para obter o apoio de socialistas de todos os partidos.

Em vez disso, de acordo com Pipes, "como o golpe não foi autorizado [pelo Segundo Congresso dos Sovietes] e tão silenciosamente realizado, a população de Petrogrado não tinha motivos" para suspeitar que algo importante havia acontecido.

Ninguém, exceto um punhado de princípios, sabia o que havia acontecido: que a capital estava nas mãos de ferro dos bolcheviques armados e que nada seria o mesmo novamente. Lenin disse mais tarde que começar a revolução mundial na Rússia era tão fácil quanto "pegar uma pena".

Mesmo entre as guarnições militares propagandeadas, a participação em favor dos bolcheviques era muito limitada. Nikolai Sukhanov estima que, "da guarnição de 200.000, apenas um décimo entrou em ação, provavelmente muito menos". Por outro lado, como o governo provisório era tão impopular, muitos dentro da guarnição não estavam interessados em fazer muito para deter os bolcheviques.

A verdadeira história da "revolução" de outubro não é a de uma revolta popular, mas a aquiescência resignada de uma população desesperada pelo fim da guerra devastadora. Os bolcheviques prometeram paz tanto para os militares importantes quanto para o público em geral.

Uma vez que os bolcheviques assumiram o controle da máquina burocrática do Estado, o partido foi capaz de empregar toda a panóplia de empregos públicos e esmolas "gratuitas" para apoiadores dispostos a lutar contra os remanescentes dos antigos regimes.

A batalha de ideias

Mesmo com esse poder - e com o poder de expandir amplamente os esforços de propaganda - o novo regime de Lenin foi forçado a passar cinco anos lutando contra dissidentes na Guerra Civil russa. Isso ocorre porque, como observou Ludwig von Mises, "em uma batalha entre a força e uma ideia, esta última sempre prevalece". Assim, nem mesmo as táticas brilhantes de Lenin e Trotsky foram suficientes para anular a necessidade de vitórias bolcheviques na batalha de ideias.

Mesmo com uma vitória tática inicial por meio do golpe, os bolcheviques ainda precisavam garantir um apoio político mais amplo para reprimir definitivamente a resistência. Isso foi possível graças aos esforços agressivos de "educação" apoiados pelo regime. Essa "educação" - mais precisamente descrita como propaganda - foi financiada e promulgada por uma vasta gama de instituições governamentais, incluindo a mídia controlada pelo Estado. A propaganda serviu tanto para criar verdadeiros crentes quanto para pacificar os céticos. A propaganda reduziu as massas de oponentes ativos a números que poderiam ser mais facilmente "liquidados" no Gulag.

A propaganda leninista também foi ajudada pela natureza das inclinações ideológicas de longa data entre a própria população russa. Como a industrialização era relativamente limitada no Império Russo no início do século XX, o Império carecia de uma população considerável de liberais burgueses com os meios e a inclinação para se opor aos bolcheviques em números substanciais. Além disso, na Rússia de 1917, o público em geral havia sido treinado para simplesmente suportar o despotismo e os golpes palacianos. Com os golpes de 1907 e fevereiro de 1917 ainda frescos em suas mentes, muitos russos comuns podem ter assumido (erroneamente) que o golpe de outubro foi simplesmente mais do mesmo.

A indiferença e a ambivalência públicas, no entanto, estão muito longe do "levante popular" que a esquerda socialista há muito afirma ter impulsionado a tomada do poder pelos bolcheviques. Tal como acontece com os partidos governantes e conspiradores de nosso próprio tempo, a tomada e aplicação do poder político em outubro de 1917 foi impulsionada em grande parte pelo uso efetivo do sigilo, da propaganda e do poder coercitivo de uma pequena minoria.

Ryan McMaken: é bacharel em economia e mestre em políticas públicas e relações internacionais pela Universidade do Colorado. É editor sênior do Mises Institute. Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto Mises Brasil.

Fonte: https://mises.org.br/artigos/3476/a-revolucao-de-outubro-foi-um-golpe-nao-uma-revolucao


Cuba Nostra, os segredos de Estado de Fidel Castro - Por Eduardo Mackenzie

Cuba Nostra, os segredos de Estado de Fidel Castro


por Eduardo Mackenzie em 27 de setembro de 2005


Resumo: A revelação do ocorrido a Salvador Allende não é interessante somente para os historiadores da aventura da Unidad Popular, mas também para os novos amigos latino-americanos de Fidel Castro.


© 2005 MidiaSemMascara.org


Salvador Allende não se suicidou, nem morreu sob as balas dos militares golpistas em 11 de setembro de 1973. Durante o assalto contra o palácio La Moneda, o presidente do Chile foi covardemente assassinado por um dos agentes cubanos que eram encarregados de sua proteção. Em meio aos bombardeios da aviação militar, o pânico se havia apoderado dos colaboradores do chefe de Estado socialista e este, em vista da desesperada situação, havia pedido e obteve breve cessar fogo e estava, finalmente, decidido a cessar toda a resistência. Segundo uma testemunha dos fatos, Allende, morto de medo, corria pelos corredores do segundo andar do palácio gritando: “Há que render-se!”. Antes que pudesse fazê-lo, Patricio de la Guardia, o agente de Fidel Castro encarregado direto da segurança do mandatário chileno, esperou que este voltasse a seu escritório e lhe disparou sem mais nem menos uma rajada de metralhadora na cabeça. Em seguida, pôs sobre o corpo de Allende um fuzil para fazer crer que este havia sido ultimado pelos atacantes e voltou correndo ao primeiro andar do edifício em chamas onde o esperavam os outros cubanos. O grupo abandonou o palácio de La Moneda sem qualquer dificuldade e se refugiou minutos depois na embaixada de Cuba, situada a pouca distância dali.

Esta versão do fim dramático de Salvador Allende, que contradiz as duas anteriores quase oficiais, dadas, quer seja por Fidel Castro (a tese da heróica morte em combate), quer seja pela Junta militar chilena (a do suicídio), emana nada menos do que de dois antigos membros de organismos secretos cubanos, muito bem informados acerca desse sangrento episódio e hoje exilados na Europa.

Em um livro que as Edições Plon acabam de publicar em Paris, intitulado “Cuba Nostra, les secrets d’Etat de Fidel Castro”, Alain Ammar, um jornalista especialista em Cuba e América Latina, analisa e confronta as declarações que lhe deram Juan Vives e Daniel Alarcón Ramírez, dois ex-funcionários da inteligência cubanos.

Exilado desde 1979, Juan Vives é um ex-agente secreto da ditadura e sobrinho de Osvaldo Dorticós Torrado, o presidente cubano de opereta que reinou de 1959 a 1976, e que foi “suicidado” em obscuras circunstâncias em 1983. Vives conta que em novembro de 1973, em um bar do hotel Habana Libre, onde alguns membros dos órgãos de segurança do Estado costumavam reunir-se aos sábados para beber cerveja e trocar de maneira informal fofocas e informações de todo tipo, escutou do mesmo Patricio de la Guardia, chefe das tropas especiais cubanas presentes em La Moneda no fatídico 11 de setembro de 1973, essa arrepiante confissão.

Durante anos, Vives não quis dar a conhecer essa informação pois, como diz, “era perigoso fazê-lo” e porque não havia até esse momento nenhum outro responsável cubano no exílio que pudesse confirmar o caráter fidedigno desses fatos. Quando soube que Daniel Alarcón Ramírez, codinome “Benigno”, um dos três sobreviventes da guerrilha de Ernesto Guavara na Bolívia, encontrava-se também exilado na Europa, a idéia de dar a conhecer esses graves fatos voltou a ganhar força.

No livro de Alain Ammar, “Beingno” confirma plenamente a narração de Vives. Ambos conheceram Salvador Allende e sua família. Ambos viveram no Chile durante o governo de Allende. Ambos escutaram, em momentos diferentes, a confissão de Patricio de la Guardia em seu regresso à Havana.

O livro de Ammar descreve com precisão os últimos meses do governo da Unidad Popular e, sobretudo, mostra o avançado grau de controle direto que Fidel Castro havia conseguido instalar – mediante suas centenas de espiões da DGI (um serviço cubano de Inteligência), operadores e agentes de influência implantados em Santiago –, sobre o presidente Salvador Allende, sobre seus ministros e até sobre seus amigos e colaboradores mais íntimos. De fato, a chamada “via chilena ao socialismo” havia sido desviada pelo castrismo até o ponto em que dentro do governo de Allende houve vozes que criticavam essa brutal ingerência. Meses antes de sua morte, Salvador Allende já havia sido “instrumentalizado por Castro”, explica Juan Vives. “Porém Allende não era o homem que Havana queria ter no poder em Santiago. Os que Castro e Piñeiro [braço direito de Castro em operações de espionagem na América Latina, morto recentemente em Cuba de um enfarte] preparavam para a substituição, às costas do mesmo presidente Allende, eram Miguel Henriquez, principal dirigente do MIR e Pascal Allende, número dois do MIR, do mesmo modo que Beatriz Allende, a filha mais velha do presidente, que também pertencia ao MIR”. Beatriz morreria em Cuba, em 1974.

Esse controle sobre o chefe de Estado chileno se havia agudizado notavelmente após a primeira tentativa de golpe militar, em 29 de junho de 1973, mais conhecido como o “tancaço”. Quando Havana soube que os chilenos que cercavam o presidente estavam assustados, Fidel Castro fez saber que Allende não podia em nenhuma circunstância reder-se nem pedir asilo político em uma embaixada. “Se ele devia morrer, devia morrer como um herói. Qualquer outra atitude, covarde e pouco valente, teria repercuções graves para a luta na América Latina”, lembra Juan Vives. Por isso, Fidel Castro deu a ordem a Patricio de la Guardia de “eliminar Allende se no último momento este cedesse ante o medo”.

Pouco depois dos primeiros ataques à La Moneda, Allende mesmo havia dito a Patricio de la Guardia que tinha que pedir asilo político a embaixada da Suécia. O mandatário havia, inclusive, designado Augusto Olivares, seu secretário de imprensa, para fazê-lo. Provavelmente por isso, Olivares, codinome “el perro”, foi também eliminado pelos cubanos antes que estes enfileirassem baterias contra o presidente do Chile. “Recrutado pela DGI cubana, Olivares transmitia até os mais mínimos pensamentos de Allende a Piñeiro, que, por sua vez, informava a Fidel”, declara Juan Vives.

Outro guarda-costas chileno de Allende, um tal Agustín, foi também “fuzilado” pelos cubanos nesses momentos dramáticos, segundo a declaração feita por “Benigno”, ao autor do livro. Semanas depois do golpe de Estado, Patricio de la Guardia havia revelado a “Benigno” o fim de Agustín, irmão de um amigo seu que vive ainda em Cuba, e lhe havia dado outro detalhe importante sobre o ocorrido durante essa trágica manhã no palácio La Moneda: antes de metralhá-lo, o agente cubano havia agarrado Salvador Allende com força, que queria sair do palácio, e o havia sentado em sua cadeira presidencial gritando: “Um presidente morre em seu lugar!”

A versão do assassinato de Allende à queima-roupa não era de todo desconhecida. Em 12 de setembro de 1973 várias agências, entre elas a AFP, resumiram em quatro linhas esse fato. Publicado no dia seguinte por Le Monde, o cabo dizia: “Segundo fontes da direita chilena, o presidente Allende foi morto por seu guarda pessoal no momento em que pedia cinco minutos de cessar fogo para render-se aos militares que estavam a ponto de entrar no palácio La Moneda”. Ammar indica que essa hipótese “foi enterrada imediatamente”, pois ela não convinha a ninguém: “nem aos colaboradores de Allende, nem à esquerda chilena, nem a seus amigos no estrangeiro, nem aos militares nem, sobretudo, a Fidel Castro...”.

A confirmação que essa, até há pouco “hipótese”, acaba de receber da parte de Juan Vives e Daniel Alarcón Ramírez, poderia ser reforçada no futuro pelos testemunhos de outros funcionários cubanos silenciados até agora e pelos documentos que se encontram fora de Cuba. Com efeito, em um banco do Panamá repousaria a peça mestra deste magnicídio. Segundo os autores do livro, Patricio de la Guardia, condenado a trinta anos de cárcere durante o processo-farsa contra o general de divisão Arnaldo Ochoa Sánchez, e hoje em residência vigiada, haveria depositado no cofre de um banco panamenho um documento comprometedor no qual descreve, dentre outras coisas, o assassinato de Allende por ordem de Castro, texto que deveria ser revelado em caso de morte de Patricio de la Guardia. Fidel Castro, segundo os autores do livro, teria levado muito a sério essa ameaça e teria feito com que este escapasse ao fuzilamento, à diferença de Tony, irmão de Patricio, que junto com o general Ochoa e outros dois funcionários do Ministério do Interior, foi passado pelas armas em 13 de julho de 1989.

A revelação do ocorrido a Salvador Allende não é interessante somente para os historiadores da calamitosa aventura da Unidad Popular no Chile. É, igualmente, e de quê maneira, para os novos amigos latino-americanos de Fidel Castro, especialmente para o presidente Hugo Chávez da Venezuela. Hugo Chávez e os outros, por mais chefes de Estado confiáveis que possam ser para Havana, como pode ter sido em sua ocasião, ao menos nos papéis, o presidente Allende, poderiam estar sendo agora objeto de idênticas tramas sinistras de controle e de dominação física e política direta, por parte dos mesmos serviços que fizeram tão bestialmente contra o presidente do Chile. O livro de Alain Ammar aborda, em suas 425 páginas, muitos outros temas e episódios relacionados com as complicadas e nem sempre exitosas operações secretas de Havana, em Cuba e em vários países. Esperamos que uma tradução para o espanhol desse livro seja posta rapidamente nas livrarias.


Fonte: http://www.canf.org (Cortesia da lista “ABAJO CADENAS”)


Tradução: Graça Salgueiro

terça-feira, 22 de outubro de 2024

As 10 faces diferentes da censura - Por Luan Sperandio

As 10 faces diferentes da censura


Luan Sperandio - Instituto Liberal


A liberdade de expressão, um dos pilares mais preciosos das sociedades democráticas, está constantemente ameaçada por diversas formas de censura que corroem a diversidade de pensamento e tolhem o progresso. Em um mundo onde a troca livre de ideias é fundamental para o crescimento e a evolução, é imperativo compreender os dez tipos distintos de censura que minam a “mãe de todas as liberdades”, nas palavras de um dos pais fundadores dos Estados Unidos, Benjamin Franklin. Abaixo, estão 10 faces diferentes da censura.

1. Censura governamental: Em muitos cantos do globo, governos autoritários manipulam informações para controlar as narrativas e inibir o questionamento. É a forma de censura mais clássica, e geralmente, quando utilizada, contribui para o crescimento de abusos de poder por parte dos governantes.

2. Autocensura: O receio de consequências adversas pode levar indivíduos a silenciar suas próprias opiniões. A partir de 2006 na Venezuela, por exemplo, o regime de Hugo Chávez tornou-se mais repressivo. O governo iniciou os ataques a veículos de comunicação críticos ao governo. Algumas das mídias, acuadas, praticaram a autocensura. A Venevisión, anteriormente considerada como pró-oposição, mal cobriu a oposição durante a eleição de 2006, dando ao presidente Chávez 84% do tempo de cobertura — quase cinco vezes mais do que aos seus rivais —, o que contribuiu para sua vitória. Posteriormente, a emissora decidiu interromper as coberturas políticas e optou por programações de entretenimento. Entender esse fenômeno ajuda a criar ambientes seguros onde todos possam contribuir com suas perspectivas únicas e enriquecer o diálogo público.

3. Censura de mídia: Uma imprensa livre é essencial para manter os governos responsáveis e informar o público e cumpre seu papel de ser “o quarto poder”. Governos autocráticos buscam justamente mitigar a liberdade da imprensa. Também na Venezuela, a Globovisión era um dos veículos mais contrários ao governo de Chávez. O governo acusou Guillermo Zuloaga de irregularidades financeiras e este foi obrigado a fugir do país para não ser preso. Sob intensa pressão, vendeu o veículo a valores descontados para um simpatizante do governo, que alterou o editorial jornalístico que tornou-se favorável ao regime. Compreender como a censura de mídia ocorre é necessário para melhor defender a integridade jornalística e garantir a circulação de informações verdadeiras.

4. Censura religiosa: A maior pauta de quem apreciava liberdade no século XVII, que tem como grande expoente o filósofo inglês John Locke, era a separação entre Estado e igreja para possibilitar liberdade de pensamento e crença, além de tolerância religiosa. Desde então, a liberdade de crença se consolidou gradativamente no Ocidente, mas atualmente ainda há dezenas de países em que preconceitos e discriminações religiosas se transformam em políticas de Estado graças à força e ao aparato estatal. Segundo o relatório anual do World Watch List, cerca de 3 mil praticantes do cristianismo foram mortos e mais de 700 igrejas são depredadas por ano em países cujos governantes buscam censurar a religião de opositores políticos.

5. Censura corporativa: A censura nem sempre parte do Estado. É comum empresas exercerem controle sobre informações, opiniões ou conteúdos de diversas formas, a fim de promover seus próprios interesses, proteger sua imagem ou evitar críticas negativas. Isso pode ocorrer em várias situações, como na mídia, nas redes sociais, em publicações, em filmes ou em outras formas de comunicação. Em geral, são utilizadas técnicas de controle de informações, censura de funcionários, patrocínios e financiamentos condicionais a projetos e filtragem de conteúdo on-line. A censura corporativa levanta preocupações sobre a liberdade de expressão, a transparência e a integridade das informações disponíveis ao público, pois pode impactar a diversidade de vozes e perspectivas no discurso público e influenciar a forma como as pessoas compreendem o mundo ao seu redor.

6. Censura de livros e literatura: A proibição de livros limita o acesso a ideias desafiadoras e restringe o potencial de aprendizado. Um exemplo clássico se deu pelo “Index Librorum Prohibitorum”, que consistiu em uma relação de publicações consideradas como heresias, anticlericais ou que colidiram com os dogmas da Igreja Católica. Ele surgiu em 1559, pelo Papa Paulo IV, e teve fim somente em 1966, pelo Papa Paulo VI. Conhecer essa forma de censura é essencial para salvaguardar a liberdade intelectual e a busca por conhecimento.

7. Censura na Internet:
O bloqueio e a filtragem na internet prejudicam o acesso à informação global. O país com mais censuras à Internet é a Coreia do Norte. No regime, somente uma pequena minoria é autorizada a acessar uma rede de intranet administrada e monitorada pelo governo, e uma parcela ainda menor, composta somente de autoridades e seus familiares, possui acesso à internet, tornando o país com o menor número de usuários do planeta. O controle é tão restrito que a maioria da população norte-coreana sequer sabe da existência da internet.

8. Censura Artística: A supressão da expressão artística limita a liberdade criativa e restringe o diálogo sobre questões sociais e políticas, sendo uma das formas mais clássicas de censura em regimes ditatoriais.

9. Censura política:
A repressão à dissidência política silencia a voz dos cidadãos e prejudica a participação ativa na vida política. O AI-5, ao longo da ditadura militar no Brasil, inaugurou a fase mais repressiva dos 21 anos do regime. Somente em seus primeiros dois dias de vigência, presos políticos processados nas auditorias da Justiça Militar denunciaram mais de 2.200 casos de tortura. Foram punidas, com perda de direitos políticos, cassação de mandato, aposentadoria e demissão, 4.841 pessoas —513 deputados, senadores e vereadores perderam os mandatos. Entender essa forma de censura é essencial para defender a democracia, Estado de Direito e assegurar que todos tenham a oportunidade de se envolver no processo político.

10. Censura Cultural:
A censura de elementos culturais limita a diversidade cultural e impede a compreensão intercultural. Conhecer essa forma de censura permite celebrar e respeitar a riqueza de diferentes tradições e identidades. Um exemplo histórico significativo de censura cultural é a “Queima de Livros” que ocorreu na China durante a dinastia Qin (221-206 a.C.). O primeiro imperador da China unificada, Qin Shi Huang, ordenou a supressão de obras literárias e filosóficas que ele considerava ameaçadoras ao seu regime e à sua visão de governo centralizado. Nessa campanha de censura, muitos textos clássicos foram destruídos e inúmeros estudiosos e intelectuais foram perseguidos. O objetivo era eliminar ideias que pudessem questionar ou desafiar a autoridade do imperador, bem como promover uma forma de pensamento que apoiasse o governo centralizado e a unificação do império. Essa censura cultural teve um impacto profundo no desenvolvimento intelectual da China na época, influenciando a direção da filosofia, da literatura e do pensamento político.

Considerações finais

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, dizia que “A verdade poderá ser temporariamente ocultada, nunca destruída. O futuro e a história são incensuráveis”. Porém, ainda que temporariamente, a censura não é aceitável em um Estado de Direito. Ao identificar e compreender as diferentes faces da censura, a sociedade se prepara melhor para enfrentar tentativas de censura, ainda que temporariamente, e defender a liberdade de expressão.


Fonte: https://www.institutoliberal.org.br/blog/teoria-economica/as-10-faces-da-censura/

Os buracos negros monstruosos que cientistas estão descobrindo no universo - Por Jonathan O'Callaghan

Será que poderia haver algo ainda mais monstruoso do que os buracos negros 
supermassivos à espreita na escuridão do espaço?

Os buracos negros monstruosos que cientistas estão descobrindo no universo

Jonathan O'Callaghan

BBC Future

20 outubro 2024

No centro de nossa galáxia, existe um buraco negro gigantesco. Ele é tão grande quanto o nosso Sol, mas milhões de vezes mais pesado. Sua imensa força gravitacional agita a poeira e o gás interestelar ao seu redor.

Este buraco negro supermassivo é o coração pulsante da Via Láctea, tendo impulsionado a formação e evolução da nossa galáxia ao longo de toda a sua história de 13 bilhões de anos, ajudando a dar origem a sistemas solares como o nosso.

De vez em quando, uma estrela é aniquilada ao se aproximar demais dele, se apagando sem deixar vestígios de sua existência. É uma fera assustadora, com o poder de criar e destruir em uma escala épica.

Quase todas as grandes galáxias possuem um buraco negro supermassivo em seu centro, mas na grande escala do Universo, o nosso — chamado Sagittarius A* — é um verdadeiro peso-pena.

Na última década, os astrônomos descobriram buracos negros muito maiores, conhecidos como buracos negros ultramassivos. Alguns são 1.000 vezes mais massivos que Sagittarius A* — e grandes o suficiente para abranger toda a vastidão do nosso Sistema Solar.

A visão incomparável proporcionada pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) também nos oferece uma nova perspectiva sobre como esses gigantes cresceram no início dos tempos. No entanto, há muitos mistérios — de onde eles vieram e qual o tamanho que eles realmente podem atingir?

Medir o tamanho de objetos tão grandes e distantes (que, por sua própria definição, não podem ser observados diretamente) é complicado, mas sabemos que alguns dos maiores são surpreendentemente enormes.

Um dos maiores a ser descoberto até hoje, conhecido como Ton 618, encontra-se escondido no meio de um quasar a cerca de 18 bilhões de anos-luz da Terra. Estima-se que tenha 66 bilhões de vezes a massa do Sol — e seja até 40 vezes maior que a distância entre Netuno e o nosso Sol.

O buraco negro no centro de um aglomerado de galáxias chamado Holm 15A também seria cerca de 44 bilhões de vezes mais pesado que o Sol, e mediria 30 vezes a distância entre Netuno e o Sol, de acordo com estimativas recentes.

Eles são inegavelmente enormes. Mas alguns cientistas acreditam que pode haver monstros ainda maiores à espreita por aí.

"De uma perspectiva teórica, não há limite", diz James Nightingale, cosmólogo observacional da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, que em março de 2024 descobriu um buraco negro ultramassivo que pesava 33 bilhões de vezes a massa do Sol.

Os buracos negros que conhecemos possuem vários tamanhos. Em sua menor dimensão, os microburacos negros podem ter o tamanho de um átomo.

Talvez os mais conhecidos sejam os buracos negros de massa estelar, resultado do colapso de estrelas muito grandes. Eles variam entre três e 50 vezes a massa do nosso Sol, mas são condensados num objeto "aproximadamente do tamanho de Londres", explica Julie Hlavacek-Larrondo, astrofísica da Universidade de Montreal, no Canadá.

Os buracos negros de massa intermediária formam o próximo grupo — eles possuem cerca de 50 mil vezes a massa do nosso Sol, abrangendo uma região do espaço aproximadamente do tamanho do planeta Júpiter.

Já os buracos negros supermassivos chegam a ter milhões ou bilhões de vezes a massa do nosso Sol.

Apesar de ainda não haver uma definição precisa de buraco negro ultramassivo, é consenso geral que eles têm a partir de "10 bilhões de vezes a massa do Sol", diz Hlavacek-Larrondo.

Embora, em princípio, não haja razão para que um buraco negro não possa crescer até chegar a este tamanho, sua existência é inesperada, dada a forma como atualmente entendemos o crescimento dos buracos negros e a idade relativamente jovem do Universo, de apenas 13,7 bilhões de anos.

"É difícil gerar um buraco negro tão massivo usando os métodos tradicionais de alimentação", diz Hlavacek-Larrondo, se referindo à forma como os buracos negros "ingerem" matéria ao seu redor devido à sua atração gravitacional.

"Acho que as pessoas não esperavam que eles [existissem]."

Se você continuar alimentando um buraco negro, em princípio ele deve continuar crescendo indefinidamente — qualquer objeto ou matéria que cruze o chamado horizonte de eventos faz com que o buraco negro aumente sua massa.

Na prática, a idade do Universo e a taxa estimada de crescimento dos buracos negros devem limitar seu tamanho, provavelmente não mais do que 270 bilhões de massas solares no momento atual.

Alguns cientistas, no entanto, acreditam que é possível que alguns buracos negros podem ter crescido muito mais, atingindo trilhões de massas solares no Universo moderno, caso tenham conseguido consumir matéria mais rápido do que o esperado.

Estes objetos, chamados de buracos negros estupendamente grandes, teriam um raio de aproximadamente um ano-luz de diâmetro. Ainda não foram encontrados tais objetos, mas não podemos descartar a possibilidade de estarem escondidos no centro de algumas galáxias.

Os astrônomos detectaram os primeiros buracos negros ultramassivos no início de 2010. Desde então, cerca de 100 foram encontrados.

Em março de 2023, Nightingale e seus colegas anunciaram que haviam avistado um novo buraco negro ultramassivo que pesava aproximadamente 33 mil milhões de massas solares. Eles só conseguiram vê-lo devido à forma como a luz de uma galáxia mais distante se curvava em torno do buraco negro.

"Foi uma descoberta por acaso", diz Nightingale.

Não podemos ver os buracos negros diretamente devido à sua própria natureza — na sua borda, conhecida como horizonte de eventos, a gravidade se torna tão intensa que nada consegue escapar, nem sequer a luz.

Portanto, só podemos vê-los se projetarem uma sombra sobre a matéria brilhante circundante que está sendo consumida pelo buraco negro. Podemos inferir sua existência mais facilmente, no entanto, olhando para uma galáxia e observando os efeitos do buraco negro central. Uma maneira é procurar jatos potentes disparados dos polos do buraco negro.

"Ainda não entendemos exatamente como eles podem formar estas estruturas, mas eles formam", diz Hlavacek-Larrondo. Estes jatos de rádio podem se estender por milhões de anos-luz.

Os buracos negros também podem produzir anéis quentes de matéria que giram em torno deles, chamados discos de acreção, à medida que consomem matéria. A matéria gira rapidamente em torno do buraco negro, com a forte gravidade fazendo com que ele entre em espiral "aproximadamente à velocidade da luz", explica Hlavacek-Larrondo.

À medida que cai em direção ao buraco negro, o disco de matéria também emite raios-X brilhantes. Quanto maior o buraco negro, mais raios-X e ondas de rádio são produzidos pelo disco de acreção e pelo jato, respectivamente.

A física dos buracos negros ultramassivos e dos menores é basicamente a mesma — passe do horizonte de eventos, e não há escapatória. Uma massa maior leva a um raio maior para o horizonte de eventos. Mas os buracos negros ultramassivos têm uma propriedade interessante devido ao seu tamanho.

Se você tivesse a infelicidade de cair em um buraco negro de massa estelar, sofreria algo conhecido como "espaguetização" — seu corpo seria esticado até o infinito —, devido à diferença de gravidade entre seus pés e sua cabeça.

Num buraco negro ultramassivo, no entanto, o gradiente gravitacional é muito menos acentuado porque se estende muito mais longe no espaço, a ponto de você mal perceber que está passando do horizonte de eventos.

"A 'espaguetização' não ocorreria", diz Nightingale. A única coisa que selaria seu destino seria a distorção da luz das estrelas ao seu redor devido à gravidade do buraco negro.

Graças ao poder do telescópio James Webb, os astrônomos estão observando agora cada vez mais longe e, assim, mais atrás no tempo, devido ao tempo que a luz leva para chegar até nós, vinda de recantos distantes do Universo.

Isso permite que eles vejam galáxias nas primeiras centenas de milhões de anos de existência do Universo.

Para que buracos negros tão distantes tenham se tornado tão grandes, eles devem ter nascido relativamente cedo na história do Universo — e depois devorado matéria ferozmente, algo que desafia muito do que sabemos sobre como os buracos negros se formam.

No entanto, os astrônomos estão começando a ver evidências exatamente disso.

Bem longe, em alguns dos pontos mais antigos do Universo que podemos observar, tipos de galáxias nunca antes vistos estão sendo revelados pelo James Webb.

Os cientistas descobriram centenas de galáxias estranhas e compactas, que brilham muito mais do que se poderia esperar, que existiam cerca de 600 milhões de anos a um bilhão de anos após o Big Bang.

Estas galáxias ficaram conhecidas como pequenos pontos vermelhos devido à sua cor e tamanho. O que é particularmente surpreendente nelas é a luz que emitem, o que parece indicar que buracos negros supermassivos já estão à espreita dentro delas.

Estas observações sugerem que os buracos negros de fato cresceram rapidamente. Em nosso Universo local, os grandes buracos negros nos centros das galáxias tendem a ser cerca de 1.000 vezes menores do que a galáxia que os hospeda.

Mas o telescópio James Webb está descobrindo buracos negros do mesmo tamanho da sua própria galáxia nos primórdios do Universo, sugerindo que os buracos negros podem ter se formado primeiro, antes de as galáxias crescerem ao seu redor.

Em comparação com o Universo local, estas massas são "de dezenas a algumas centenas" de vezes maiores do que esperaríamos, diz Hannah Übler, cosmóloga da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Os astrônomos se referem a estes primeiros titãs como "buracos negros excessivamente massivos".

É "realmente surpreendente e desafia os modelos teóricos a explicar como estes buracos negros conseguiram se tornar tão massivos e tão rapidamente", diz Übler, que usou o James Webb para observar estes primeiros buracos negros.

A forma como estes buracos negros cresceram tão rápido é um mistério — e provavelmente está relacionada com a maneira como os buracos negros se formaram predominantemente nos primórdios do Universo.

Uma ideia é que eles se formaram a partir da morte das primeiras estrelas do Universo, conhecidas como População 3 — monstros que tinham entre 100 e 1.000 vezes a massa do nosso Sol e eram feitos quase inteiramente de hélio e hidrogênio.

As supernovas — uma explosão estelar colossal — destas estrelas no fim da sua vida liberaram elementos mais pesados no Universo. Mais tarde, eles dariam origem a outras estrelas e, por fim, a planetas, incluindo o nosso Sol e a Terra.

Mas suas mortes também poderiam ter produzido grandes buracos negros à medida que a matéria entrava em colapso sob a ação da gravidade.

"Os buracos negros destas estrelas são mais massivos do que os buracos negros de massa estelar", diz Mar Mezcua, astrofísica do Instituto de Ciências Espaciais da Espanha.

"A partir disso, você pode crescer e ter mais chances de se tornar supermassivo em um curto espaço de tempo."

Outra possibilidade é que os primeiros buracos negros se formaram predominantemente não a partir de estrelas, mas de nuvens de gás — conhecidos como buracos negros de colapso direto.

Normalmente, estas nuvens teriam formado estrelas ao se condensarem sob a ação da gravidade, mas, se a temperatura fosse alta o suficiente, algumas nuvens poderiam não ter formado estrelas — e colapsado, em vez disso, diretamente em buracos negros.

"Estas são condições que não encontramos no Universo atual", explica Mezcua. Mas, segundo ela, nas condições quentes e turbulentas do Universo primitivo, isso pode ter sido possível.

Definitivamente, nenhuma estrela da População 3 ou buraco negro de colapso direto foi avistado ainda, então não está claro qual mecanismo — se é que algum deles — dominou a formação de buracos negros nos primórdios do Universo.

Independentemente da forma como estes buracos negros se formaram, eles devem ter desenvolvido uma maneira de atingir um tamanho grande com bastante rapidez.

Uma possibilidade é que eles tenham sido criados em abundância e se fundiram para formar buracos negros cada vez maiores, primeiro de massa intermediária, depois supermassivos e, em seguida, para alguns, ultramassivos.

Isso reforçaria a ideia de que eles se originaram de estrelas da População 3, porque haveria mais destes do que buracos negros de colapso direto.

"Se encontrarmos hoje muitos buracos negros intermediários, isso significaria que se formaram por meio de mecanismos da População 3", diz Mezcua.

De acordo com ela, se os astrônomos encontrarem poucos buracos negros de massa intermédia, em locais como galáxias anãs menores, onde se espera que eles surjam, isso pode reforçar a ideia do buraco negro de colapso direto.

Os buracos negros ultramassivos também podem ter crescido rapidamente ao consumir matéria em rajadas, algo que o James Webb já viu evidência.

Os astrônomos observaram algumas galáxias primitivas que são brilhantes e ativas, mas outras com um grande buraco negro que parece estar adormecido, sugerindo que este último já devia ter consumido muita matéria antes de pegar no sono.

"Não sabemos quanto tempo duraria o ciclo", diz Hlavacek-Larrondo.

Mas, segundo ele, os períodos de consumo rápido provavelmente são raros.

"Talvez 1% da vida útil do buraco negro."

O que ainda não está claro é qual o tamanho exato dos buracos negros no cosmos moderno.

"Temos uma estimativa aproximada baseada na idade do Universo", explica Hlavacek-Larrondo, de cerca de 270 bilhões de massas solares.

"Mas talvez o Universo nos surpreenda."


*Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future - https://www.bbc.com/future/article/20241004-ultramassive-black-holes-the-biggest-black-holes-in-the-universe

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cvgd8v7z929o#:~:text=Os%20astr%C3%B4nomos%20detectaram%20os%20primeiros,mil%20milh%C3%B5es%20de%20massas%20solares



Poeira estelar - Por Félix Maier

Imagem de uma galáxia.

poeira estelar

Félix Maier

No mundo brana das supercordas sou trovador,
Cantando versos pela vastidão, para minha amada.
Quero vibrar em cada dimensão oculta, ser calor,
Poesia que ecoa na eternidade entrelaçada.

Na mecânica quântica, viro incerteza e ilusão,
Subpartícula que dança entre o ser e o talvez.
Viajo como onda, como partícula em colisão,
Sou paradoxal amor, sou inconstância e altivez.


Nos seis sabores dos quarks, nos bárions te encontro,
Confinados na força nuclear que jamais se esvai,
Entrelaçados nos mésons, unidos nesse ponto,
Que nenhuma energia dispersa ou desfaz.

No choque da matéria com antimatéria, enfim,
Quero me aniquilar contigo, luz pura a emergir,
Ser um fóton brilhante, a luz que se faz sem fim,
Transcender o limite, renascer, reluzir.

Nos buracos negros quero mergulhar ao teu lado,
Eternizar nosso amor no enigma do espaço-tempo,
Singularidade onde o infinito é alcançado,
Entre horizontes onde cada segundo é um evento.

Na matéria escura, brinco de esconde-esconde,
Junto a ti, invisíveis, dançamos pelo universo,
Ocultos, mas tão reais quanto a paixão que responde,
Ao pulsar gravitacional, nosso laço submerso.

Na relatividade, curvo a luz para te iluminar,
Faço os astros reverenciarem tua beleza infinita.
Distorço galáxias para teu rosto destacar,
E tudo que vejo torna-se tua essência bendita.

Na Teoria M, nas dimensões do amor profundo,
Onze universos distintos no abraço de um segundo,
Ali concluo meu arcabouço romântico sem fundo,
Um amor que conecta, atravessa, recria um novo mundo.

Em noite clara, uma supernova explode,
Teu sorriso brilha, um instante que não pode.
Luz tão intensa, ofusca a imensidão,
No cosmos dançante, pulsa o coração.

Mas no ocaso, a estrela se despede,
Transforma-se anã, na solidão que cede.
Um lamento ecoa, entre sombras a vagar,
Na agonia do tempo, tudo a se apagar.

E na dança da entropia, o universo em desordem,
Cada átomo se dissolve, em poeira se absorvem.
Mas em meio à finitude, teimo em sonhar,
Que mesmo em poeira, vou sempre te amar.

Num buraco de minhoca, quero furar o infinito,
Percorrer o espaço, renascer num abraço bonito,
Observar o Big Bang, rever o nascimento das galáxias,
E recriar o universo, contigo, em eternas sinapses.


Buraco negro supermassivo.


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Réquiem por Israel - Por Félix Maier


Félix Maier

07/10/2024

Há 1 ano, Israel sofreu covarde massacre por parte do grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, com mais de 1.200 mortos e 251 pessoas sequestradas e levadas para Gaza, as quais a mídia antifas trata como "reféns de guerra", um absurdo sem tamanho.

O ataque do Hamas foi para "comemorar" os 50 anos da Guerra do Ramadã (ou Yom Kippur, como é conhecida em Israel), ataque promovido pelo Egito contra o Estado Judeu, em 6 de outubro de 1973.

O genocídio mostrou a crueldade extrema dos terroristas, que mataram o maior número de israelenses possível, com degola de crianças, estupro e esquartejamento de mulheres e inúmeras famílias queimadas vivas dentro de suas próprias casas, em vários kibutzim. Uma multidão foi também atacada num festival de música rave no Deserto do Negev, ao Sul de Israel, com 260 mortes, sequestros e queima de inúmeros carros - cfr. em https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/veja-como-ficou-local-de-festival-atingido-por-ataques-do-hamas-em-israel/

Mulheres sequestradas foram e ainda são sistematicamente violadas pelos terroristas do Hamas em Gaza.

Tendo que se defender do Irã e seus grupos terroristas terceirizados (Hamas e Estado Islâmico em Gaza, Hezbollah no Líbano e Houthis no Iêmen), para que o Estado Judeu tenha o direito de existir, Israel promove ataques fortes em diversas frentes, o que é um direito natural, custe o que custar.

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) divulgou hoje (07/10) o número de lançamentos de foguetes em direção ao Estado de Israel desde o início da guerra:

• 13.200 lançamentos da Faixa de Gaza
• 12.400 lançamentos do Líbano
• 400 lançamentos do Irã
• 180 lançamentos do Iêmen
• 60 lançamentos da Síria

Infelizmente, a ONU e a União Europeia pedem um cessar-fogo imediato, como se isso fosse estabelecer a paz na região. Na mesma toada estão as falas de Lula, acusando Israel de "genocídio", especialmente de mulheres e crianças, tornando-se persona non grata naquele país. O mesmo disparate Lula repetiu em Guarulhos, ao receber refugiados do Líbano, no dia 6/10. Nenhum carinho e consideração Lula mostrou pelo povo israelense, especialmente do Norte do país, que teve que fugir da região, agora transformada em vilas-fantasmas devido à saturação de foguetes do Hezbollah.

A situação de Israel é muito crítica, sem solução à vista em curto prazo. Se já morreram mais de 41.000 palestinos, como o Ogro de Nove Dedos gosta de repetir, é porque os terroristas usam o próprio povo como escudo de proteção - além de utilizar hospitais, escolas, mesquitas e até órgãos da ONU em Gaza como quartéis-generais e bases de lançamento de foguetes.

Israel faz ataques violentos, sim, mas direcionados de modo o mais cirúrgico possível, para destruir o inimigo com o menor número de vítimas civis. São quase 42.000 mortes de palestinos até hoje, o que é uma lástima. Mas, quantas mortes seriam, se Israel usasse o modo criminoso de destruição total do Hamas e de seus comparsas?

Israel mostrou que tem capacidade para matar os chefes dessas organizações terroristas onde estiverem, no Líbano, na Síria, no Irã, seja colocando explosivos em seus pagers e walkie-talkies, ou os abatendo com bombas de 1 tonelada no estilo arrasa quarteirão, com prédio vindo abaixo.

Fico imaginando o que teria sobrado de Israel se o país não tivesse um sistema eficiente de defesa, o Domo de Ferro e o Estilingue de Davi, de custo bilionário, com ataques maciços vindos de Gaza, do Líbano, do Iêmen e até do Irã. Já teria sido varrido do mapa. Contando, ainda, com a ajuda antiaérea dos EUA, Reino Unido e França, os quais têm navios de guerra no Oriente Médio, Israel tem sido defendido a contento.

Se o Hamas e parceiros do terrorismo tivessem o poder bélico de Israel, quantas seriam as vítimas de judeus até agora, sem a preocupação humanitária de "ataques cirúrgicos" para preservar ao máximo os civis? 200.000 mortes? 500.000? 1.000.000? Afinal, o objetivo estratégico do Hamas e de seus genéricos do terror é destruir o Estado de Israel e matar todos os judeus do mundo.

O Irã dos aiatolás é hoje o mais poderoso inimigo de Israel. Assim, não causará surpresa se Israel atacar refinarias de petróleo, e até instalações nucleares daquele país, como prevenção, como já fez com o Iraque anos atrás. O Irã com bomba nuclear poderia levar o Armagedon a todo o Estado de Israel.

E a ONU? Para que serve a ONU? Para nada. É melhor fechar aquela baiuca bilionária e perdulária, que só serve como cabide de emprego para pagar ótimos salários a nababos, além de querer impor ao mundo todo como as pessoas devem viver, dentro da estratégia woke do politicamente correto.

Dessa forma, só resta a Israel levar essa guerra até a derrota final de seus inimigos, por mais que apoiadores do Hamas e de outras forças antissemitas façam passeatas ao redor do mundo, nas ruas e nas universidades, inclusive no Brasil. E o Ogro de Nove Dedos fique cada vez mais nervosinho com as mortes de palestinos, só palestinos, não israelenses, não se importando com as mais de 45.000 mortes violentas que ocorrem todos os anos no Brasil.

Obs.:

1. Terroristas do Hamas detalham assassinatos em Israel -

2. O kibutz onde o Hamas massacrou mais de cem civis israelenses - 
https://www.youtube.com/watch?v=rCdesdxaSNk

3. Embaixada de Israel exibe vídeos chocantes e afirma: “Hamas e Estado Islâmico são iguais” -

4. Vídeo mostra casal israelense sendo sequestrado e feito de refém pelo Hamas durante rave - https://www.youtube.com/watch?v=qH1DlBGA76A



quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Entrevista com Joseíta, viúva do Coronel Ustra - Por BBC Brasil

Bolsonaro tem direito de homenagear quem quiser, diz viúva de Ustra

Montagem Agência Câmara/Agência Brasil

Crédito,Ag Camara ABr

Legenda da foto,Deputado justificou voto a favor de impeachment de Dilma pela 'memória do coronel Brilhante Ustra', acusado de tortura durante ditadura militar
  • Author,Luís Barrucho - @luisbarrucho
  • Role,Da BBC Brasil em Londres

Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra tem 79 anos e muitas memórias. Professora aposentada, ela conta dedicar o tempo livre à pesquisa sobre a história do Brasil, em especial sobre a ditadura militar, período durante o qual seu marido foi um dos personagens principais ─ e também uma das figuras mais controversas.

Maria Joseíta foi casada com o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Chefe do DOI-Codi de São Paulo, ele foi acusado pelo desaparecimento e morte de pelo menos 60 pessoas. Outras 500 teriam sido torturadas nas dependências do órgão durante seu comando. Único militar considerado torturador pelo MPF (Ministério Público Federal), Ustra morreu de câncer aos 83 anos, em outubro do ano passado.

No último domingo, Ustra voltou ao debate nacional após ter sido homenageado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) durante votação pela aprovação da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

"Fiquei profundamente emocionada", disse Maria Joseíta em entrevista à BBC Brasil. "Ele foi de uma felicidade muito grande", acrescentou.

Maria Joseíta: Natalini passou uma única noite lá no DOI-Codi. Ele foi detido para averiguação. Quando declarou ter sido torturado, meu marido enviou-lhe uma carta aberta pedindo informações sobre essa suposta tortura. Nunca obteve resposta.

O problema é que muita gente usou isso, e continua usando, para se eleger, para conseguir cargos públicos e ganhar indenizações do governo. Não estou dizendo que a ditadura militar foi um mar de rosas. Não foi.

Sofro pelas famílias que perderam seus entes queridos do outro lado. Vejo com tristeza uma mãe que não sabe onde o filho está. Jovens que tinham a vida pela frente e que podiam lutar pelo Brasil de outra maneira, mas que foram iludidos por alguns grupos mais antigos de raposas velhas que tentavam implantar o comunismo no país.

BBC Brasil: A senhora diz que a ditadura não foi um "mar de rosas". O coronel Ustra cometeu erros?

Maria Joseíta: Não sei se ele cometeu erros. A mídia retrata meu marido como se ele fosse onipresente, onipotente e onisciente. Parece que ele foi um super-homem.

Quem começou isso tudo não foram as Forças Armadas. Houve apenas uma reação ao caos que já estava sendo implantando no Brasil. O grupo de militantes que estava se organizando já ia para China, para Cuba, para a União Soviética para fazer treinamento de guerrilha.

Era preciso tomar uma providência. Agora, por que o meu marido é um símbolo de tudo de ruim que aconteceu no regime militar?

BBC Brasil: Porque relatos documentados indicam que o seu marido torturou pelo menos 60 pessoas...

Maria Joseíta: Não posso jurar que o meu marido não cometeu nenhum deslize. Deslize na vida todo mundo comete. Eu presenciei muita coisa. Certa vez acompanhei seis presas lá dentro (DOI-Codi). Uma delas estava grávida e não sabia. Fiquei tocada pela situação.

Tanto insisti que meu marido me permitiu um contato com ela para ver se eu podia ajudar em alguma coisa. Ela fez questão de ficar lá com as companheiras porque tinha assistência, era atendida no Hospital das Clínicas, fazia pré-natal e tinha toda a atenção possível.

Chegamos inclusive a fazer enxoval para o bebê. Minha empregada fazia tortas para elas lancharem. Coisas gostosas. No entanto, quando ela teve o bebê e saiu de lá ─ até porque já não podia ficar mais, pois se tratava de uma concessão por pedido dela própria, passou a dizer que foi torturada todos os dias.

Já o filho de um outro preso me acusava de ir ao DOI-Codi para curar as feridas delas. Além disso, segundo ele, eu atuava como interrogadora.

Vejam como supervalorizavam a família Ustra. Há muita fantasia nessa história. Acredito que nem todo mundo tenha sido tratado como "pão de ló" como eu fazia.

BBC Brasil: A senhora sempre defendeu publicamente seu marido. Por quê?

Maria Joseíta: Eu não fui defensora do meu marido. Ele não precisava de defesa. Fui uma defensora da verdadeira história e não da história que está sendo contada. Decidi me manifestar publicamente porque eu sou uma cidadã brasileira. Passei minha juventude e minha maturidade durante o período do regime militar. Vi, vivi e tenho conhecimento de muitas coisas que aconteceram naquela época. Aquela época era semelhante ao que estava acontecendo agora.

Maria Joseíta: Porque era um caos. Um grupo de jovens ─ alguns idealistas outros iludidos ─ queria tomar o poder. A maioria desse grupo está no governo agora e pertencia àquelas organizações. E deu no que deu. Uma das maiores empresas do mundo (Petrobras) foi sucateada, o dinheiro desapareceu de tudo o que foi maneira. O desejo deles é permanecer no poder.

Maria Joseíta: Acho que vamos passar um momento difícil. Não vejo outra solução melhor. Ela poderia renunciar. Haveria uma solução melhor?

Fontehttps://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160420_viuva_ustra_entrevista_lgb