Apresentação
Você está prestes a abrir um livro que não promete mudar sua vida, mas certamente promete cutucá-la. Contos Risonhos – Entre risos e sonhos (e alguns pesadelos) é uma coletânea que mistura humor com filosofia de buteco, poesia com traumas cotidianos, lucidez com maluquice, e salpica tudo com uma ironia que faz o leitor pedir antiácido. São crônicas para ler com um sorriso no canto da boca, um sobrolho arqueado, ou ambas as reações ao mesmo tempo, dependendo do seu nível de resiliência literária.
Aqui desfilam personagens que poderiam muito bem ser nossos parentes
ou vizinhos, ou nossas versões alternativas no multiverso da vida adulta. Tem
marido aposentado que vira estorvo dentro de casa, árvore de personalidade
forte que dá depoimento, velhinho que planeja a própria morte como quem
organiza buffet de casamento, e Dona Encrenca, que é exatamente o que o nome
indica. Tem também o improvável encontro de Machado e Eça no Purgatório, onde
certamente cruzam penas como espadachins do verbo, discutindo quem acerta a
estocada mais elegante no texto alheio, e um veterano do Exército chamado
Jaque, que não perde a pose nem quando o mundo desanda.
Mas, não espere apenas risadas soltas: há sonhos, memórias,
surtos, abduções por Nefertiti, políticos com dedos a mais (ou a menos), discussões
teológicas, a menina que colhia lírios no campo e foi levada pela Covid-19,
fios egípcios milagrosos, ogros, Grenal com quero-queros expulsos por falta de fair
play, e até uma COP da Maniçoba, com o Ogro de Nove Dedos
bebericando uma branquinha no deck de um iate de três andares. O Brasil aparece
aqui com todas as suas camadas, inclusive as que a gente preferia fingir que
não existem, como O Sistema Toga Petralha e Restos de Brasil. Com
inveja do Hamas, criamos a Faixa de Gaza no Rio de Janeiro.
E, entre uma risada e outra, o livro ainda arruma tempo para
homenagear Luzerna (berço do autor), discutir moda socialista (Rolex incluso),
brindar com Martini antes e Sonho de Valsa depois, revisitar um sótão cheio de
dinheiro inútil e tratar de um tema seríssimo: a solidão a dois, mal
moderno que afeta casais, celulares e gatos como testemunhas.
No fim das contas, este é um convite para caminhar por um
terreno onde o cotidiano vira fábula, o absurdo vira regra, e o riso — riso
verdadeiro, aquele que faz a alma estalar os dedos — é o melhor guia possível.
Abra o livro. Ele já está rindo de você. Ria com ele.
Félix Maier
Brasília, DF, dezembro de 2025.
Baixe o e-book em:
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